A incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina, que pode ocorrer de várias maneiras. Os dois principais tipos são a IU de esforço, caracterizada pela perda urinária durante esforço abdominal como tosse e espirro e a IU por urgência, caracterizada pela perda urinária associada a desejo miccional intenso e incontido. Outros tipos menos comuns de incontinência urinária são a incontinência mista (associação dos fatores acima mencionados), incontinência paradoxal (transbordamento urinário em pacientes que não conseguem esvaziar a bexiga), fístulas urinárias e perdas urinárias transitórias. A IU é muito comum. Estima-se que mais de 8 milhões de brasileiros apresentem algum grau de incontinência urinária. Pode acometer homens e mulheres de todas as idades, raças e níveis sócio-econômicos. Entretanto, a IU é significativamente mais comum em mulheres. A IU não é uma doença, e sim um sintoma que pode estar associado a diversas causas. Algumas são transitórias e facilmente tratáveis, como infecções urinárias, infecções vaginais e efeitos colaterais de medicamentos, outras permanentes e de tratamento mais específico, como doenças degenerativas, fraqueza da musculatura pélvica, bexiga hiperativa, lesões medulares e doenças congênitas, entre outras. O diagnóstico da IU é clínico. Todo paciente que procura auxílio médico por perda urinária é normalmente avaliado através de história clínica e urológica completa. Alguns aspectos devem ser ativamente relatados ao urologista, como medicamentos em uso, cirurgias prévias, hábito intestinal e características do padrão miccional, como tempo entre as micções, volume urinado, tempo entre a micção e a perda urinária, perda noturna, etc. Outros exames podem ser pedidos com o objetivo de caracterizar a causa, quantificar as perdas e avaliar o prognóstico dos possíveis tratamentos. Entre eles: • urina tipo I e urocultura – avalia a presença de sangue, infecções e cristais na urina • ultrassonografia – avalia a integridade dos órgãos urinários pélvicos e abdominais, além de medir o resíduo pós miccional • cistoscopia – avalia a integridade da bexiga através de visualização direta de seu interior • exame urodinâmico – avalia a função fisiológica da bexiga (de armazenamento e esvaziamento), do esfíncter urinário (músculo que controla a micção) e procura reproduzir as queixas do/a paciente, com o objetivo de dimensionar a gravidade do problema e predizer qual melhor tratamento para cada caso O tratamento da incontinência urinaria pode ser feito de várias maneiras, dependendo da causa do problema. Cada um dos métodos tem suas indicações e resultados. De forma geral, a IU pode ser tratada clinicamente ou cirurgicamente. O tratamento clínico envolve desde alterações de comportamento, como redução do consumo de alimentos irritantes da bexiga, até exercícios pélvicos e medicamentos. As drogas mais utilizadas no tratamento da IU atuam na melhora da função de reservatório da bexiga e na melhora do seu esvaziamento. É importante que seu médico faça a indicação e o acompanhamento do tratamento, uma vez que cada um dos medicamentos tem indicações, índices de sucesso e efeitos colaterais específicos, que podem ser severos. O tratamento cirúrgico da IU depende da causa da incontinência e da severidade dos sintomas. Vários métodos são empregados, sendo que os mais comuns são cirurgias desobstrutivas (para pacientes com obstrução prostática) e procedimentos para incontinência urinária de esforço em mulheres. Vários tipos de cirurgia podem ser empregados, dependendo da severidade da causa, da presença de doenças associadas e na existência de prolapso genital associado. Da mesma forma, cirurgias minimamente invasivas são atualmente empregadas com sucesso e com as vantagens características de métodos pouco invasivos, isto é, alta hospitalar precoce e ausência de incisões externas.