FRENTE IV Professora: Laís Ribeira LISTA DE EXERCICIOS II – RELAÇÕES DE SIGNIFICADO, AMBIGUIDADE E IMPLÍCITOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. (FUVEST-2013) Leia o texto: (Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado). Ditadura / Democracia A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: ―Não posso me queixar‖. (Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos) a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta. b) Reescreva a segunda parte do texto (de ―Mas‖ até ―queixar‖), pondo no plural a palavra ―cidadão‖ e fazendo as modificações necessárias. TEXTO PARA A QUESTÃO 2: Buscando a excelência - Lya Luft Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina, assustadora, implacável e persistentemente. Autoridades, altos cargos, líderes, em boa parte desinformados, desinteressados, incultos, lamentáveis. Alunos que saem do ensino médio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos – refiro-me às públicas – vão se tornando reduto de pobreza intelectual. As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me oponho desde sempre, servem magnificamente para alcançarmos este objetivo: a mediocrização também do ensino superior. Alunos que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. [...] E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito [...] Meu conceito serve para cotas raciais também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que um jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e capacidade. [...] Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los com e para o trabalho, zelo, esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até à saúde, mas que a escola é também preparação para uma vida profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás deveriam existir em casa, ainda que amorosos. Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para ser agradável, mas para partilhar com meus leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas mazelas, num momento fundamental em que, em meio a greves, justas ou desatinadas, [...] se delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o CASD Vestibulares país, mas corroeram sua moral, e a dignidade de milhões de brasileiros. Está sendo um momento de excelência que nos devolve ânimo e esperança. 2. (IFSP-2013) Sabe-se que o adjetivo é uma palavra que modifica o substantivo e que sua posição mais comum no português é a de suceder esse substantivo. Assinale o efeito de sentido que a autora consegue com o emprego do adjetivo antecedendo o substantivo em ―as infelizes cotas‖ (2º parágrafo). a) produz uma sonoridade mais adequada ao trecho. b) provoca o estranhamento do leitor, pois algumas cotas são felizes. c) antecipa que nem todas as cotas são infelizes, como se poderia esperar. d) oferece pistas ao leitor de seu posicionamento crítico sobre o assunto das cotas. e) exemplifica a situação da educação do país, empregando inadequadamente o termo. TEXTO PARA A QUESTÃO 3: PREFÁCIO São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor. É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias. São as páginas despedaçadas de um livro não lido... E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus. (AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120) 3. (UFG-2013) Se ao invés de usar períodos compostos como em ―É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.‖, o autor tivesse escolhido períodos simples: ―É uma lira sem cordas. É uma primavera sem flores. É uma coroa de folhas sem viço.‖, a imagem construída a respeito de sua obra não seria a mesma, porque: a) o pressuposto produzido pelo uso do termo sem indica a impossibilidade de os poemas retratarem a completude das coisas do mundo. b) a oposição entre os objetos naturais e os produzidos pelo homem autoriza a interpretação de que a natureza seja a musa inspiradora dos poemas. c) o subentendido produzido pelo uso do mas leva o leitor ao entendimento de que a obra é comparada a produções rudimentares. FRENTE IV – Interpretação de Textos 1 d) a contradição marcada pelo uso do mas permite a compreensão de que a essência das coisas se mantém mesmo quando lhes falta o atributo principal. e) a antítese instaurada na comparação entre realidade e ficção produz a ideia de que a poesia deva realçar a aparência das coisas. 4. (INSPER-2012) Considerando-se os elementos verbais e visuais da charge, conclui-se que o humor decorre do(a) a) crítica despropositada feita a um livro considerado um clássico da literatura universal. b) duplo sentido que a palavra ―barata‖ adquire no contexto do último quadrinho da tirinha. c) ambiguidade do substantivo ―impressão‖, presente no segundo quadrinho. d) explícita referência intertextual que ocorre no primeiro quadrinho da tira. e) traço caricatural das personagens que as aproxima do conteúdo do livro mencionado. 5. (ENEM-2012) TEXTO PARA A QUESTÃO 6: A última romântica Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe os fãs acrescentaram em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de participar do universo de excessos da cantora. É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura trans e onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia. Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de certos prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente para durar, Winehouse fez o roteiro oposto intenso, autodestrutivo, suicida. Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas canções mais famosas trata exatamente disso. Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à escandalização da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em 1959, ambas por overdose. Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico - do artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura atormentada e em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco existencial, contra o qual era preciso se resguardar. Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio Lautréamont, Rimbaud e outros poetas do inferno humano, que tinham plena consciência da vergonha de dar certo. (SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011) O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão ―rede social‖ para transmitir a ideia que pretende veicular. b) ironia para conferir um novo significado ao termo ―outra coisa‖. c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica. d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico. e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família. 2 6. (INSPER-2012) Considere esta definição: ―Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.‖ (Adaptado de FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37.) A passagem do texto "A última romântica" em que a palavra sublinhada instaura um pressuposto é a) ―... esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde.‖ b) ―... era uma forma de participar do universo de excessos da cantora.‖ c) ―... onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.‖ d) ―Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave...‖ e) ―Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico...‖ TEXTO PARA A QUESTÃO 7: Não passa de asneira a recorrente ideia de que a corrupção é monopólio do governo, e a sociedade, sua vítima. A FRENTE IV – Interpretação de Textos CASD Vestibulares corrupção é, em larga medida, resultado de uma sociedade que não fiscaliza e, pior, em que alguns setores de elite são coniventes com as mais diferentes modalidades de mazelas, que vão de sonegar impostos até subornar o guarda. Estamos inventando até mesmo a fraude com doutorado. A Folha divulgou detalhes do mercado da venda de dissertações de mestrado e de doutorado, por valores altos. Podem-se encontrar os vendedores abertamente na internet, todos eles, claro, titulados. Mas a verdade é que, junto com seus clientes, eles participam de uma fraude. b) os termos ―água‖, ―ar‖ e ―combustíveis‖ mantêm uma relação de sinonímia com a expressão ―recursos naturais‖. c) os termos ―estudos‖ e ―desafios‖ mantêm uma relação de oposição com o conteúdo probabilístico da matéria. d) o emprego dos verbos nascer e ser, no tempo futuro, estabelece uma relação de contradição com a afirmativa ―Somos 7 bilhões‖. (Gilberto Dimenstein. Folha Online, 08/11/2005. Adaptado) 7. (UFPE-2012) Incoerências, em um texto, podem ser causadas por diversos fatores, como transgressões de natureza sintática, relações semânticas impróprias entre orações, escolhas lexicais inadequadas, dentre vários outros. A tentativa de compreensão do texto de Dimenstein levou certo leitor a formular a seguinte conclusão: “Segundo Dimenstein, a prática da corrupção implica a não fiscalização da sociedade e a conivência de alguns setores de elite.” 9. (UFMG-2011) Uma frase é considerada ambígua quando possibilita mais de uma leitura e interpretação. Identifique, em cada um dos textos que se seguem, o elemento causador de ambiguidade e explicite duas leituras propiciadas em cada caso. Texto 1 a) Essa conclusão é coerente? Justifique seu ponto de vista. b) Como você formularia sua própria conclusão? TEXTO PARA A QUESTÃO 8: Elemento causador da ambiguidade: Leitura 1: Leitura 2: Texto 2 É muito comum o contribuinte incluir na sua declaração dependentes que já têm renda. Essa inclusão pode não ser vantajosa. Para um dependente que estuda, não é vantagem o contribuinte incluí-lo se sua renda for superior a R$ 4.439, 34. (Folha de S. Paulo, São Paulo, 20 abril 2010, Caderno Dinheiro, p. B4. Adaptado) Elemento causador da ambiguidade: Leitura 1: Leitura 2: TEXTO PARA A QUESTÃO 10: 8. (UFRN-2012) A figura é uma capa da revista Planeta. Em sua chamada principal, cujo tema é o crescimento populacional, a) o emprego dos tempos verbais presente e futuro estabelece uma relação de projeção entre a realidade atual e os desafios a serem enfrentados. CASD Vestibulares Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras que atravanca nossos passos, lanço à queima-roupa: — Você conhece alguma cidade mais feia do que São Paulo? — Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as pessoas têm uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. Acordar cedo em São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo que me toca. Acho emocionante ver a garra dessa gente. (R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma caminhada pela selva urbana de São Paulo. National Geographic Brasil. Adaptado) 10. (FUVEST-2011) Os interlocutores do diálogo contido no texto compartilham o pressuposto de que FRENTE IV – Interpretação de Textos 3 a) cidades são geralmente feias, mas interessantes. b) o empreendedorismo faz de São Paulo uma bonita cidade. c) La Paz é tão feia quanto São Paulo. d) São Paulo é uma cidade feia. e) São Paulo e Bogotá são as cidades mais feias do mundo. TEXTO PARA A QUESTÃO 11: O gosto da surpresa - Betty Milan Nada é melhor do que se surpreender, olhar o mundo com olhos de criança. Por isso as pessoas gostam de viajar. Nem o trânsito, nem a fila no aeroporto, nem o eventual desconforto do hotel são empecilhos neste caso. Só viajar importa, ir de um para outro lugar e se entregar à cena que se descortina. Como, aliás, no teatro. O turista compra a viagem baseado nas garantias que a agência de turismo oferece, mas se transporta em busca de surpresa. Porque é dela que nós precisamos mais. Isso explica a célebre frase ―navegar é preciso, viver não‖, erroneamente atribuída a Fernando Pessoa, já que data da Idade Média. Agora, não é necessário se deslocar no espaço para se surpreender e se renovar. Olhar atentamente uma flor, acompanhar o seu desenvolvimento, do botão à pétala caída, pode ser tão enriquecedor quanto visitar um monumento histórico. Tudo depende do olhar. A gente tanto pode olhar sem ver nada quanto se maravilhar, uma capacidade natural na criança e que o adulto precisa conquistar, suspendendo a agitação da vida cotidiana e não se deixando absorver por preocupações egocêntricas. Como diz um provérbio chinês, a lua só se reflete perfeitamente numa água tranquila. O que nós vemos e ouvimos depende de nós. A meditação nos afasta do clamor do cotidiano e nos permite, por exemplo, ouvir a nossa respiração. Quem escuta com o espírito e não com o ouvido, percebe os sons mais sutis. Ouve o silêncio, que é o mais profundo de todos os sons, como bem sabem os músicos. Numa de suas músicas, Caetano Veloso diz que ―só o João (Gilberto) é melhor do que o silêncio‖. Porque o silêncio permite entrar em contato com um outro eu, que só existe quando nos voltamos para nós mesmos. Há milênios, os asiáticos, que valorizam a longevidade, se exercitam na meditação, enquanto nós, ocidentais, evitamos o desligamento que ela implica. Por imaginarmos que sem estar ligado não é possível existir, ignoramos que o afastamento do circuito habitual propicia uma experiência única de nós mesmos, uma experiência sempre nova. Desde a Idade Média, muitos séculos se passaram. Mas o lema dos navegadores continua atual. Surpreender-se é preciso. A surpresa é a verdadeira fonte da juventude, promessa de renovação e de vida. (Veja, Editora Abril, edição 2184 – ano 43 – nº 39, 29/09/2010, p. 116) 11. (IFAL-2011) No trecho: ―...suspendendo a agitação da vida cotidiana e não se deixando absorver por preocupações egocêntricas‖, as palavras grifadas mantêm, com os vocábulos ―absolver‖ e ―personalistas‖, uma relação de: a) homonímia e sinonímia, respectivamente. b) sinonímia e homonínia, respectivamente. c) antonímia e paronímia, respectivamente. d) antonímia e sinonímia, respectivamente. e) paronímia e sinonímia, respectivamente. 4 TEXTO PARA A QUESTÃO 12: AI, QUE CALO-Ô-Ô-Ô-Ô-Ô-OR. A importância da comunhão global parece um caso de ideologia de cabeça para baixo. A ideologia faz o que é de fato particular parecer universal ("todos são iguais perante a lei", mas alguns são mais iguais que os outros). A crise do clima é, sim, uma tragédia (punição desmesurada de um erro do qual ignorava a dimensão, castigo ruinoso da inadvertida arrogância humana de sua falta de limites, como dizia o filósofo grego). Sim, há gente honrada e séria preocupada com o clima. Por que a farsa, então? Qual grupo, classe ou país, com poder e influência, preocupa-se de fato? Considere-se um tema que até interessa ao poder global: comércio. Negocia-se há anos um modo de acabar com a proteção que governos ricos dão a 2% de sua população, a que vive de vacas gordas, de agricultura, barrando produtos de bilhões de crioulos agrícolas do mundo pobre. Nem isso se resolve, questão mais simples que o caos climático. O que virá? Uma ONU do clima, a ser avacalhada pelos EUA? (FREIRE, Vinicius Torres. Folha de S. Paulo. São Paulo, 4 fev. 2007, p. B6. Dinheiro. Adaptado) 12. (UEG-2008) No último parágrafo do texto, está subentendido que os EUA: a) vetariam a criação de uma ONU do clima. b) só lucrariam com a criação de uma ONU do clima. c) já desrespeitaram a ONU quanto ao tema "comércio". d) só respeitam a ONU quanto ao tema comércio. TEXTO PARA A QUESTÂO 13: O HOMEM DAS PALAVRAS De Aurélio Buarque de Holanda, que nos deixou esta semana, guardo algumas lembranças. Todas alegres. Uma vez, por exemplo, estávamos num congresso de escritores em Brasília. Assentados no auditório ouvíamos as doutas palavras que eram ditas no palco onde alguém 2 proclamava as virtudes de um texto literário. A rigor, o texto em questão era a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que até dez anos atrás todos os brasileiros sabiam de cor, não exatamente por causa da ditadura mais recente, mas porque era texto que aparecia em todas as antologias escolares. Quem tem mais de trinta anos e estudou português e não a famigerada comunicação e expressão se lembra dos primeiros versos: Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Pois bem. Lá ia o expositor à mesa ressaltando que a grande força deste poema estava no fato de que era um texto sem qualquer adjetivo. Disse isto, conferindo tal observação ao grande Ayres da Matta Machado. Mal se pronunciou esta frase, ouviu-se do fundo do auditório um vozeirão contestando e reclamando: - Perdão, mas esta ideia é minha. A plateia voltou-se estupefata. Era Mestre Aurélio, que levantando-se da poltrona e encaminhando-se desassombradamente para o palco continuou falando: - Sim, esta ideia é minha. Tive poucas, não sei se terei outras e tenho que defendê-las. Isto posto assumiu seu imprevisto lugar à cabeceira das ideias e fez um brilhante aparte que virou uma conferência. Outra estorinha sobre Aurélio já é clássica. Tendo FRENTE IV – Interpretação de Textos CASD Vestibulares que ir à Academia, uniformizado com espada e chapéu, ficou ali na Glória aguardando táxi, até que um parou. O motorista fascinado com a sua indumentária, olhando pelo retrovisor, de repente indagou: - Ainda que mal pergunte: sois algum reis? A construção da frase era estranha, mas o motorista estava jogando até com a possibilidade de "folia-de-reis" tendo em vista a semelhança entre a fantasia dos acadêmicos e a do folclore. Aurélio explicou que não, falou da Academia. O chofer não entendeu muito bem. Mas quando Aurélio lhe pediu para se apressar, porque estava atrasado, o outro atalhou confiante: 1 - Pode deixar, doutor, que do jeito que o senhor está vestido, nada começa antes do senhor chegar. (SANT'ANNA, Affonso Romano de. Porta de colégio e outras crônicas. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 53-56. Coleção Para Gostar de Ler. 16 Vol.) 13. (UFRRJ-2007) A sinonímia e o emprego de pronomes são alguns dos recursos possíveis para estabelecer a coesão textual evitando, inclusive, a repetição de palavras em um texto. Atualmente, um termo bastante empregado para codificar o conceito "profissional que dirige táxi" é "taxista". Aponte os três vocábulos usados pelo autor do texto "O homem das palavras" para se referir a essa acepção. GABARITO 1) a) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos de uma ditadura o que acham do seu país, eles respondem sem hesitação: ―Não podemos nos queixar‖. b) A frase ―Não posso me queixar‖ permite duas interpretações: o cidadão não reclama da situação porque está contente com o sistema ou, então, porque ele está sujeito a um regime totalitarista em que a censura o impede de manifestar a sua insatisfação. 2) D 3) D 4) B 5) A 6) C 7) a) Segundo Dimenstein, a corrupção é resultado de uma sociedade que não exerce vigilância suficiente e é muitas vezes conivente com atitudes que revertem para benefício próprio, em prejuízo do Estado ou do bem público. b) A conclusão do leitor é incoerente com a posição defendida por Gilberto Dimenstein. Na oração destacada afirma-se que é a corrupção que provoca a falta de fiscalização e a conivência de alguns setores da elite com esse tipo de infração, ou seja, o leitor inverteu os fatores de causa e consequência mencionados pelo jornalista. 8) A OBS: São incorretas as opções [B], [C] e [D], pois: [B] os termos ―água‖, ―ar‖ e ―combustíveis‖ não são sinônimos, pois cada um apresenta significação própria; [C] os termos ―estudos‖ e ―desafios‖ confirmam o conteúdo da matéria, que se serve da pesquisa para prever o que possivelmente ocorrerá no futuro; [D] o presente do indicativo do termo ―somos‖ foi usado para indicar fato futuro bastante próximo e confirmar a certeza de que ele ocorrerá. 9) Texto 1: Elemento causador da ambiguidade: polissemia da palavra ―depressão‖. Leitura 1: abaixamento de nível Leitura 2: melancolia profunda. Texto 2: Elemento causador da ambiguidade: pronome possessivo ―sua‖. Leitura 1: o contribuinte que possui renda superior a R$ 4.439,34 não tem vantagem em declarar um dependente que estuda. Leitura 2: não é vantajoso para o contribuinte declarar um dependente que estuda se este possui uma renda superior de R$ 4.439,34. OBS: No texto I, a placa de trânsito adverte o motorista sobre o rebaixamento de terreno que vai encontrar dali a 3 m. No entanto, a postura desalentada e triste do segundo personagem permite inferir que a palavra também pode ser associada ao seu estado de espírito. No texto II, o pronome possessivo ―sua‖ instaura a ambiguidade, pois o leitor não sabe se o autor se refere à renda do dependente ou à do contribuinte. 10) D 11) E 12) C 13) Os três vocábulos usados pelo autor para se referir a "taxista" são: "motorista", "chofer" e "outro". CASD Vestibulares FRENTE IV – Interpretação de Textos 5