XXIII ENANGRAD Gestão de Operações e Logística (GOL) ESTUDOS LOGÍSTICOS DA CARGA INDIVISÍVEL NO PORTO DE SANTOS Getulio Akabane Bento Gonçalves, 2012 ESTUDOS LOGÍSTICOS DA CARGA INDIVISÍVEL NO PORTO DE SANTOS INTRODUÇÃO A área de logística e transporte vem crescendo de forma significativa desde a década de 1990, o que requer maior atenção, especialmente no tocante a gestão e competências nas atividades de logística e transportes. Neste contexto da gestão logística, fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes trabalham cada um de forma a administrar suas operações e definir uma logística compatível com as necessidades dos clientes e sua disponibilidade, entrando nesta discussão o custo envolvido em cada uma das atividades. Na logística de transporte, o custo é um fator que vem determinando a escolha de um modal ou outro nas operações, sendo considerada a relação custo/ tempo para determinar a melhor escolha modal. Sendo assim, observa-se que alguns tipos de modais são mais utilizados conforme o tipo de carga/ produto que transporta. “Para uma nação ser economicamente competitiva, é imperativo que a sua infraestrutura de transporte proveja a questão da segurança aliada a rápida e eficiente movimentação de mercadorias e de pessoas. Esta visão convergente dos especialistas é compartilhada também junto à academia” (ABBOTT, 2011). Por definição, "a infraestrutura" refere-se a uma estrutura básica, subjacente – uma camada fundamental que fornece a garantia de prosperidade de longo prazo e qualidade de vida. Sem infraestrutura suficiente, uma nação literalmente se fragmenta e se isola do processo de desenvolvimento global”. A discussão nacional sobre a infraestrutura logística de transporte envolve suas restrições e seus impactos em relação à eficiência operacional, que atualmente é bastante limitada, uma vez que é conduzida de forma genérica e desconsidera as eventuais especificidades dos diferentes modais como complementares no sistema logístico de transporte. Existem alguns tipos de carga, as indivisíveis sendo o foco desta pesquisa, que requerem maior cuidado com a escolha modal e as opções são reduzidas para o transporte de algumas cargas. O modal rodoviário tem sido utilizado com maior freqüência no transporte de cargas especiais por apresentar melhores condições para a carga. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo identificar os aspectos que devem ser analisados para o estabelecimento da logística de carga de projeto, tomando-se como base a realização de um estudo de caso no Porto de Santos. CONCEITO DE LOGÍSTICA E INTERMODALIDADE Bowersox e Closs (2001) conceituam a logística de uma empresa como todo o esforço integrado com o intuito de criar valor a partir do menor custo total possível e existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing. No âmbito estratégico, os profissionais de logística procuram alcançar qualidade pré-definida de serviço ao cliente por meio de um esforço operacional que agreguem valor à empresa, por meio de diferenciais competitivos na prestação de serviços de logística. A logística envolve o planejamento, a organização, o controle e a automatização do fluxo do material e da informação na cadeia de valor, a partir da combinação de máquinas, tecnologia de informação e a organização da produção e os seus aspectos econômicos associados para a eficácia nas atividades de movimentação e armazenamento. A operação logística atual precisa incorporar a tecnologia de informação, como sugere a definição de Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.21): “A logística é o processo que gera valor a partir da configuração do tempo e do posicionamento do inventário, do transporte, do armazenamento, do manuseio e embalagens de matérias enquanto procedimentos integrados em uma rede de instalações”. Para Branch (2008), a Logística pode ser definida como: “o posicionamento relacionado ao tempo para assegurar que os recursos como o material, as pessoas, a capacidade operacional e as informações estão no lugar certo, no momento certo, na quantidade certa e na qualidade e custo, certos” Este conceito abrange o objetivo final da gestão da cadeia de suprimentos, que é ligar o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação/de processamento/montagem e atividade aquisição na qual os clientes são atendidos num nível elevado e no menor custo. Logística, portanto, contribui para a posição relativa dos custos da empresa e criar uma base de diferenciação proporcionando uma atividade de 'valor agregado' e vantagem competitiva no mercado. A tecnologia de informação está envolvida neste processo pela importância atribuição ao inventário, pedidos e documentos, sem os quais é impossível um trabalho integrado. Desta forma, a integração de todas as atividades da logística se dá diretamente a partir do planejamento estratégico da empresa, como forma de alcançar e manter eficazmente sua vantagem competitiva. A logística é conceituada por alguns teóricos, porém a definição adotada pelos profissionais de logística é a do Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP): Logística é o processo de planejar, executar e controlar o fluxo e armazenagem, de forma eficaz e eficiente em termos de tempo, qualidade e custos, de matériasprimas, materiais em elaboração, produtos acabados e serviços, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com objetivo de atender aos requisitos do consumidor (CSCMP, 2010, p.2). Assim, a logística constitui o conjunto de atividades de movimentação e armazenagem, de modo a facilitar o fluxo de produtos do ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, o que inclui também dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, obtendo níveis de serviço adequados aos clientes, a um custo justo para ambas as partes. Inicialmente, a logística foi utilizada na área militar, para definir as regiões e estratégias de guerra, de modo a combinar da forma mais eficiente, quanto a tempo e custo, e com os recursos disponíveis realizar o deslocamento das tropas e supri-las com armamentos, munição e alimentação durante o trajeto, expondo-as o mínimo possível ao inimigo (BOWERSOX; CLOSS, 1996). À medida que a economia mundial foi se adaptando à globalização da economia, e o Brasil ampliou continuamente o seu comércio exterior, a logística passou a desenvolver uma função cada vez mais importante, pois comércio e indústria adotam o mercado mundial como os seus fornecedores e clientes, indicando a necessidade de investimentos em sistemas e canais de distribuição e de prestação de serviços. Tendo em vista que, habitualmente, são utilizadas diferentes modalidades de transporte, moedas, sistemas cambiais, políticas de incentivo ou contenção pelos países, quer na importação ou exportação, a logística internacional requer alguns cuidados dispensáveis quando se opera unicamente com o mercado doméstico. De acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.21): A logística é o processo que gera valor a partir da configuração do tempo e do posicionamento do inventário, do transporte, do armazenamento, do manuseio e embalagens de matérias enquanto procedimentos integrados em uma rede de instalações Observa-se que muitas são as definições propostas para logística, sendo que cada aspecto considerado como parte integrante do conceito, historicamente, já representou sua definição, sendo propostos os seguintes sinônimos para o termo logística: distribuição física, distribuição, engenharia de distribuição, logística empresarial, logística de marketing, logística de distribuição, administração de materiais; administração logística de materiais, logística, sistema de resposta rápida, administração da cadeia de abastecimento, logística industrial. Todos estes termos referiam-se à mesma definição da administração do fluxo de produtos do ponto de origem ao ponto de consumo. O produto certo, ao preço certo e na hora certa, para o consumidor, não é apenas o núcleo de competitividade, mas a chave para a sobrevivência. Assim, a satisfação dos clientes e de mercado são elementos essenciais que devem ser levados em consideração ao se tentar estabelecer uma nova estratégia da cadeia de suprimento. Somente após as exigências e limitações do mercado serem esclarecidas e supridas, a empresa pode desenvolver uma estratégia que irá satisfazer as necessidades tanto da cadeia de suprimento quanto do cliente. Como forma de melhorar o desempenho da cadeia de suprimento, são criadas iniciativas para equilibrar a oferta à procura, simultaneamente com melhoria dos custos de transporte e a satisfação do cliente. A incerteza exige que os elos e processos devem ser reduzidos ao máximo, a fim de facilitar a disponibilidade do produto ao cliente. Às vezes, porém, tal incerteza é impossível de contornar, conforme o tipo de produto envolvido. As especificidades da cadeia de valor são confrontadas com a situação em que eles têm para aceitar a incerteza, mas precisam desenvolver uma estratégia que lhes permita ainda ajuste da oferta e da demanda. Outra definição alternativa da logística foi apresentada pela SOLE (International Society of Logistics) como: “a arte e ciência da administração, engenharia e demais atividades técnicas que envolvem os requisitos, as exigências, os projetos, suprimentos e a manutenção dos recursos para apoiar os objetivos, planos e operações dos negócios.” Estas condições são proporcionadas pela parceria em forma de terceirização dos produtos e /ou serviços num ambiente apoiado pela tecnologia da Informação e de comunicação em que as corporações e os prestadores de serviços concentram sua atenção no desenvolvimento da estratégia global na busca do menor custo, menor impacto ambiental, maior satisfação dos clientes e assegurar a sustentabilidade dos negócios. Cada vez mais, os gestores precisam entender como as condições do mercado e do ambiente operacional mais amplo vão exigir não só uma solução atípica, mas que estratégias híbridas podem ser aplicadas em contexto específico. Desta forma, a gestão da logística em uma empresa está atrelada ao planejamento, ao controle e às operações que requerem atenção. Um grande número de contribuições para as áreas de logística estão centrados na forma como as empresas devem integrar suas atividades com clientes e fornecedores, bem como práticas de manejo da cadeia de suprimento devem ser alinhadas com a estratégia global da empresa. No entanto, as empresas ainda estão colocando um grande esforço para melhorar as suas operações internas, adotando avançadas práticas de produção e logística que vão evoluindo a cada dia. Como parte do esforço mercadológico, a logística tem um papel essencial na busca pela satisfação dos clientes e na lucratividade da empresa como um todo, podendo levar a uma vantagem competitiva no mercado. Assim, a logística tem como função primordial o agrupamento conjunto das atividades relativas ao fluxo de produtos e serviços para realizar sua gestão integrada visando a uma evolução do pensamento administrativo. As atividades de transporte, estoques e informação iniciaram-se antes mesmo da existência de um comércio ativo entre regiões. Conforme propõe Novaes (2007), a logística busca agregar ao processo logístico os valores de ambiente (disponível no lugar certo), de tempo (atender o prazo estabelecido), de qualidade (condições adequadas) e de informação (transmissão de dados pertinentes) aos produtos e serviços. Com esta proposição, observa-se que a logística precisa manter um bom nível de serviço ao cliente a partir da atenção constante em relação a todas as atividades que são incluídas no planejamento logístico. Analisando o que as empresas estão investindo para melhorar as suas operações e sua adoção de logística, pode-se reconhecer, para além das habituais esforços para manter o nível de serviço até o momento, duas outras grandes áreas de investimento: um investimento conjunto de práticas para rastrear uma produção enxuta e gestão da qualidade total (TQM), além da introdução de investimento em sistemas de informação integrados na empresa, ou seja, Enterprise Resource Planning (ERP), embora a sua aplicação à produção e logística processo seja bastante difundido. A proposição é que o investimento global da cadeia de suprimento deve adotar estratégias interligadas e selecionadas. A partir deste conceito, é importante fazer referência à sua aplicabilidade nas empresas e mercado como um todo, analisando-se quais as atividades estão diretamente e indiretamente relacionadas ao funcionamento da logística dentro de uma organização. No Brasil, a operação de transporte intermodal é a que deriva de uma combinação de dois ou mais modais, desde a origem até o destino do produto, usando-se um ou vários contratos de transporte com seu respectivo e específico documento para cada trecho percorrido. Para identificar os agentes intervenientes e compreender o sistema urbano de cargas é necessário entender os problemas do atual sistema viário de transporte portuário. Para a compreensão da complexidade associada ao desenvolvimento do sistema urbano de cargas, devem ser observados três tópicos (SANTOS E AGUIAR, 2001): • Processo de distribuição física das cargas urbanas, que enfoca várias atividades internas de transporte e as várias fases de manuseio e transporte entre um remetente (embarcador ou origem da remessa em particular) e um destinatário (recebedor ou destino da remessa em particular), como também o gerenciamento logístico do processo; • Participantes do processo urbano de cargas (embarcadores, recebedores, expedidores [agenciadores], empresas transportadoras, motoristas de caminhão, operadores e empresas de terminais e operadores de diversos modos de transporte, concessionárias [rodoviárias, ferroviárias, hidroviárias], autoridades viárias e de tráfego, governo); • Papel e natureza das cargas urbanas (características principais das cargas urbanas), as cargas como atividade econômica, a demanda urbana por cargas, relação entre oferta e demanda. CARGA INDIVISÍVEL De acordo com a Secretaria de Transportes (2011): “Carga Indivisível é a carga constituída por uma única peça, máquina, equipamento ou conjunto estrutural, ou ainda parte pré-montada destes elementos”. Para Campos e Rissardo (2011), a carga indivisível é representada por uma única peça estrutural ou conjunto de peças fixadas por rebitagem, solda ou qualquer outro processo, com a finalidade de ser utilizada como peça acabada ou parte integrante de um conjunto de montagem, máquinas ou equipamentos, que pela sua complexidade possa somente ser montada em instalações apropriadas. Os transportes de cargas indivisíveis precisam de regras especiais, pois podem causar problemas de segurança e fluidez ao sistema viário quando da sua circulação em horário e local impróprios. De acordo com Silva (2010) é necessário um planejamento específico deste tipo de carga contemplando os principais problemas que podem ocorrer. Por este motivo, a legislação foi analisada nos âmbitos federal, estadual e municipal, após o que foi estabelecida uma portaria no município de São Paulo, pelo DSV, abrangendo todo o sistema operacional. Com o intuito de minimizar os transtornos ao tráfego, efetuou-se uma análise dos itinerários mais utilizados por estes transportes e foram viabilizadas 18 rotas para sua circulação. Transporte de quatro pás eólicas Transporte complica o trânsito trânsito O transporte de carga indivisível precisa ser efetuado a partir da adoção de veículos adequados, sendo utilizado o modal rodoviário com maior freqüência devido a especificidades da carga que precisam ser atendidas. Sendo assim, o veículo geralmente é o caminhão, cuja estrutura, estado de conservação e potência motora sejam compatíveis com a força de tração a ser desenvolvida. São considerados transportes especiais, todos os veículos de carga que ultrapassem as dimensões e/ou pesos máximos fixados por lei ou que tenham características físico/operacionais que prejudiquem a segurança e a fluidez do tráfego. São diversos os tipos de transportes de carga que transitam (CAMPOS E RISSARDO, 2011). De acordo com Campos e Rissardo (2011, p.1): Os transportes especiais de cargas (caminhões e carretas) têm colaborado significativamente para o crescimento da economia brasileira transportando equipamentos necessários para o desenvolvimento e implantação de projetos nacionais, usando suas vias e rodovias. Contribuindo para este progresso, a região metropolitana de São Paulo tornou-se um dos principais pólos geradores e consumidores destes transportes, além de efetuar a ligação entre o norte e o sul do País, através de suas rodovias estaduais e federais. Por este motivo há necessidade de adoção de uma norma, que contemple as especificações do fabricante e/ou de órgão certificador competente, reconhecido pelo Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO e conforme segue: • O(s) caminhão(ões) trator(es) deverá(ão) possuir Capacidade Máxima de Tração – CMT igual ou superior ao Peso Bruto Total Combinado – PBTC, podendo o DER: • Exigir a comprovação da Capacidade Máxima de Tração – CMT do(s) veículo(s) que irá (ão) tracionar o conjunto transportador; • Exigir o diagrama da carga fornecido pelo fabricante; • Efetuar vistoria prévia no(s) veículo(s) a ser (em) utilizado(s) no transporte para o qual foi solicitada a Autorização Especial de Trânsito – AET. • No dimensionamento do conjunto transportador para o transporte de carga indivisível deve ser considerado o veículo, ou combinação de veículos que apresente dimensões finais (largura, altura e comprimento) e distribuição de peso por eixo, as mais próximas dos limites legais estabelecidos pelas Resoluções do CONTRAN pertinentes, bem como, que ofereça as melhores condições para acomodação da carga, apoio e fixação garantindo a segurança na operação do transporte. A partir das especificações técnicas, define-se a logística da carga indivisível a partir de uma autorização especial para o transporte da carga específica, conforme necessidade de trânsito, local de origem e destino, etc., pois requer o estabelecimento de parâmetros únicos para aquela operação, que devem ser exclusivos mesmo quando se trata do mesmo tipo de carga em momentos distintos. O sistema que cuida da gestão da carga indivisível é o Sistema de Gerenciamento e Autorização Especial de Trânsito - SIAET. Este é um sistema informatizado de prestação de serviços que ocorre por meio de Internet, desenvolvido para solicitação, análise e expedição de Autorização Especial de Trânsito - AET, fornecendo-as diretamente pela Internet ou agilizando o processo de cargas especiais que necessitam de estudo de viabilidade para a logística de transporte. Este sistema foi implantado em 2005 e está disponível para todo Território Nacional desde 2006 (http://www1.dnit.gov.br/aplweb/sis_siaet/index.asp). O SIAET possui uma sistemática de operação que oferece aos usuários: • Assistência técnica e suporte operacional na manutenção dos cadastros de restrições físicas e operacionais; • Assistência técnica e suporte operacional na aplicação da sistemática informatizada para avaliação e emissão de Autorização Especial de Trânsito - AET; • Ajustamento nas rotinas e procedimentos; • Elaboração de relatórios gerenciais. O SIAET também oferece suporte de operação e gerenciamento ao processo de liberação de Autorização Especial de Trânsito - AET bem como orientação aos usuários, envolvendo o levantamento e cadastramento de dimensões de obras-de-arte especiais e elementos relacionados às limitações de largura e peso de veículos em trechos de rodovias federais. Os técnicos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT serão auxiliados pelo sistema, entre outras, nas seguintes tarefas: • Análise e liberação de AETs; • Controle do cadastro das restrições temporárias e definitivas; • Cadastramento dos técnicos do DNIT; • Emissão de relatórios gerenciais. • No sistema foi estabelecido uma classificação para cada resolução do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN que estipulam critérios para aprovação das Autorizações Especiais de Trânsito - AET. A Autorização Especial de Trânsito - AET é o documento expedido pela autoridade com circunscrição sobre a via, para veículo ou combinação de veículos utilizados no transporte de carga especial ou indivisível, que não se enquadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, com prazo certo e válido para cada viagem, conforme artigo 101 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB. Em auxílio a este tipo de operação, os órgãos públicos se estruturaram com o objetivo de dar apoio e atendimento aos transportadores, além de conscientizá-los da necessidade de regularização destes junto aos órgãos de trânsito para garantir condições de segurança e fluidez ao tráfego – é usual haver acidentes com danos a equipamentos, instalações públicas e à própria carga, além desta circular em locais e horários incompatíveis, gerando congestionamentos com conseqüências imprevisíveis. METODOLOGIA A metodologia adotada foi a pesquisa exploratória e qualitativa. De acordo com Marconi e Lakatos (2001) é um tipo de pesquisa cujo principal objetivo é o fornecimento de critérios para contextualizar a situação-problema enfrentada pelo pesquisador e gerar embasamento para sua compreensão. A escolha deste método justifica-se pela falta de informações claras sobre a logística de transporte de carga de projeto. Para a coleta de dados foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que constitui-se do pensamento de diversos autores sobre os assuntos relacionados aos conceitos e tipologias de transporte de cargas, a partir da procura em livros, periódicos e artigos de eventos acadêmicos, para identificação de aspectos que sugerissem um debate sobre o tema. Posteriormente foram realizadas entrevistas em transportadoras que cuidam somente do transporte de cargas indivisíveis como as pás eólicas. Para o estudo de caso foi realizada observação direta das operações no Porto de Santos. TRANSPORTE DE PÁS EÓLICAS O transporte de cargas especiais indivisíveis permite a locomoção de peças que não cabem em caminhões regulares e conjuntos estruturais, consideradas cargas especiais: estas apresentam dimensões e peso acima do estabelecido pelo código de trânsito brasileiro, como por exemplo: carros, pás eólicas, geradores e etc. Carga e descarga de pás eólicas Transporte rodoviário de pás eólicas O transporte de cargas (caminhões e carretas) movimenta significativamente o crescimento da economia brasileira, usando suas rodovias para o transporte de equipamentos necessários para o desenvolvimento de projetos nacionais. Os órgãos públicos devem dar atendimento aos transportadores, conscientizando-os que deve ser seguida a legislação imposta pelo governo, o que garante a segurança no trânsito. Cargas indivisíveis devem ser transportadas mediante a AET, pois as mesmas podem tirar a fluidez do transito, mexendo com o sistema de trafego de uma cidade inteira. Devido a isso, o transporte das mesmas muitas vezes deve ser feitos em horários alternativos, o que possibilita fluidez e rapidez no transporte, sem influenciar no trafego da cidade. Segundo entrevistas realizadas, um dos problemas da carga de projeto é o impacto em trânsito urbano pela adoção do modal rodoviário, tendo a necessidade de realização de operações especiais em horários especiais. Para Santos e Aguiar (2001), como forma de identificar os agentes que influenciam e compreender o sistema urbano de cargas é necessário entender os problemas do atual sistema viário de transporte portuário. Para o entendimento da complexidade associada ao desenvolvimento do sistema urbano de cargas, devem ser observados três aspectos principais: • Processo de distribuição física das cargas urbanas: tem foco em várias atividades internas de transporte e as várias fases de manuseio e transporte entre um remetente (embarcador ou origem da remessa em particular) e um destinatário (recebedor ou destino da remessa em particular), como também o gerenciamento logístico do processo; • Participantes do processo urbano de cargas (embarcadores, recebedores, expedidores [agenciadores], empresas transportadoras, motoristas de caminhão, operadores e empresas de terminais e operadores de diversos modos de transporte, concessionárias [rodoviárias, ferroviárias, hidroviárias], autoridades viárias e de tráfego, governo); • Papel e natureza das cargas urbanas (características principais das cargas urbanas), as cargas como atividade econômica, a demanda urbana por cargas, relação entre oferta e demanda. Porém, observou-se outro aspecto, sendo este de maior relevância, que é relacionado com a operação como um todo da carga de projeto, sendo este por natureza uma operação multimodal. Componentes fixos envolvem a infraestrutura física, ou seja, em sentido amplo, os modais de transporte pelos quais são escoados os carregamentos. A exportação é uma operação multimodal por natureza, com os carregamentos sendo transportados por rodovias, ferrovias e hidrovias até os pontos de saída, ou seja, portos e aeroportos. Os modais por sua vez estão fortemente associados à formação dos custos de transporte e ao uso racional de uma alternativa em detrimento de outra (WANKE E HIIJAR, 2009, p.146). Assim entende-se a necessidade de planejar e adotar os modais concomitantemente às necessidades das inovações seja em ambiente urbano ou não. As políticas urbanas de transporte por si só são inovações adotadas a partir de necessidades e interesses comuns, cuja busca por recursos e investimentos é motivada com alternativas que variam de acordo com a infra-estrutura, produtividade, custos operacionais de cada operação, particularmente, diferentes em caso de cargas de projeto e ainda mais desafiantes. Quanto aos parâmetros para definir as especificidades da logística de transporte de carga, os principais elementos são, conforme Ribeiro e Ferreira (2002): “peso e volume, densidade média; dimensão da carga; dimensão do veículo; grau de fragilidade da carga; grau de perecibilidade; estado físico; assimetria; e compatibilidade entre cargas diversas”. Dadas as definições, os parâmetros também precisam ser atendidos com um nível de serviço e segurança da carga, para que ela chegue ao destino final com as características de uso. No caso das pás eólicas, estes requisitos precisam ser atendidos como forma de viabilizar a adoção desta fonte de energia e assim gerar ganhos sustentáveis na matriz energética nacional, contudo, observa-se que somente o modal rodoviário não será suficiente para atender a demanda que se apresenta com o crescimento do uso desta fonte na matriz energética nacional. A operação de pás eólicas é registrada por um documento denominado Discharge Notes, que constitui o documento do navio no ato da carga, para a descarga da mercadoria, que sigam instruções específicas, considerando as condições locais e portuárias. As pás eólicas deste estudo são fabricadas no Brasil, na cidade de Sorocaba e exportadas para Houston (EUA), Costa Rica e Índia principalmente. Devido a proximidade da cidade de Sorocaba ao Porto de Santos, o transporte é feito pelo modal rodoviário inicialmente e a maior preocupação consiste na estrada Anchieta, cuja operação deverá ser agendada pois existe a limitação de apenas 12 carretas, cada uma contendo uma pá eólica, para cada operação e a estrada é fechada a outros veículos, por este trâmite, a operação de transporte nesta estrada deverá ser realizada entre os horários de 00:00 e 5:00 horas, que constitui o horário de menor movimento nesta estrada. Após chegar em Santos, as carretas seguem para o porto, aonde é feita a descarga e carregamento em navio, modal aquaviário. Transporte maritimo de pás eólicas Logística de pás eólicas Para esta operação, é necessária a contratação de empresa especializada em cargas indivisíveis, que possui carreta especial e a partir disto esta é levada até o cliente final em horários pré-definidos, pois esta movimentação requer que sejam feitos comboios da guardaportuária na Av. Perimetral, no Porto de Santos. A guarda portuária deve ser avisada previamente da movimentação. CONSIDERAÇÕES FINAIS A logística de transportes inclui mais do que simplesmente escolher um modal ou mais de um para executar uma operação de transporte de carga, pois envolve a definição de equipamentos, trajetos, cuidados com cada tipo de carga e inclusive a construção de modais adequados. Observa-se que, no caso das cargas indivisíveis, a logística precisa considerar o posicionamento de recursos como um conjunto integrado de elementos que constituem a logística de uma carga específica, controlando tempo e custo, porém há uma preocupação maior com a segurança e qualidade da carga, o que requer maior controle dos recursos para a operação, porém estes estão embasados pelas informações minuciosas a respeito do produto que se pretende transportar. Neste artigo foram adotadas as teorias pertinentes de logística, logística de transporte, cargas indivisíveis, cargas de projeto, mas também abordou-se a sustentabilidade e uma introdução sobre a fonte de energia eólica como aspectos relevantes para propiciar o estudo de caso de operações realizadas com cargas de projeto. Mostrou-se que é de extrema importância a análise da gestão logística no transporte de cargas indivisíveis com o transporte de pás eólicas e que há influência da logística de transporte de carga de projeto na eficiência de recursos no Brasil. Além disto, a logística deve minimizar os impactos causados em trânsito urbano e requer cuidados especiais com a carga, sendo o tempo de transporte das pás também um fator que influencia negativamente, atrelado ao custo. São relevantes no processo logístico de cargas especiais o SIAET, e os equipamentos de movimentação, tais como guindastes, transporte como caminhões. A importância do SIAET é pela emissão do AET para que possam ser viabilizadas as operações em conformidade com a legislação e, desta forma, a logística possa ser estabelecida em relação às necessidades especiais do transporte de cargas e com isso, também possa evoluir para ser ampliada, dada a demanda por alguns produtos, a exemplo as pás eólicas que estão em evidência no contexto mundial. Deve ser repensado o transporte de cargas deste tipo para que conduza a uma logística sustentável de transporte, podendo ser adotada uma operação multimodal neste caso, viabilizando o equipamento certo conforme as exigências locais, o que envolve planejamento, seleção de equipamentos adequados no transporte e movimentação de embarque, navios e outros modais de transporte apropriados e documentação. 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