População, amostra, variável, coleta de dados, apuração de dados e apresentação tabular. A palavra estatística vem do latim status e significa estado. Inicialmente, era utilizada para compilar dados que descreviam características de países (Estados). Em 1662, John Graunt publicou estatísticas de nascimentos e mortes. A partir de então, o estudo dos eventos vitais e da ocorrência de doenças e óbitos impulsionou o desenvolvimento da Estatística nos campos teórico e aplicado (Triola, 1999). Atualmente, índices e indicadores estatísticos fazem parte do dia a dia, tais como taxa de inflação, índice de desemprego, taxa de natalidade, taxa de crescimento populacional, índice de poluição atmosférica, índice de massa corporal, entre outros. Estatística: é uma coleção de métodos para planejar experimentos, obter e organizar dados, resumilos, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões (Triola, 1999). Bioestatística – Estatística aplicada às ciências da vida. Níveis de mensuração Escala nominal Os indivíduos são classificados em categorias segundo uma característica. Ex: sexo (masculino, feminino), hábito de fumar (fumante, não fumante), sobrepeso (sim, não). Não existe ordem entre as categorias e suas representações, se numéricas, são destituídas de significado numérico. Ex: sexo masculino=1, sexo feminino = 2. Os valores 1 e 2 são apenas rótulos. Escala ordinal Os indivíduos são classificados em categorias que possuem algum tipo inerente de ordem. Neste caso, uma categoria pode ser "maior" ou "menor" do que outra. Ex: nível sócio-econômico (A, B, C e D; onde A representa maior poder aquisitivo); nível de retinol sérico (alto, aceitável, baixo, deficiente) onde alto: maior ou igual a 50,0 µg/dl; aceitável: 20,0 a 49,9 µg/dl; baixo: 10,0 a 19,9 µg/dl; deficiente: menor ou igual a 10,0 µg/dl. Estes critérios são do Commitee on Nutrition for National Defense ICNND/USA, 1963 (in Prado MS et al, 1995). Embora exista ordem entre as categorias, a diferença entre categorias adjacentes não tem o mesmo significado em toda a escala. Escala numérica intervalar Este nível de mensuração possui um valor zero arbitrário. Ex: temperatura em graus Celsius. Escala numérica de razões – possui zero inerente á natureza da característica sendo aferida. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 1 Escala de razões discreta: o resultado numérico da mensuração é um valor inteiro. Ex: número de refeições em um dia (nenhuma, uma, duas, três, quatro, ...), frequência de consumo semanal de determinado alimento (1 vez, 2 vezes, 3 vezes, 4 vezes, 5 vezes, 6 vezes, 7 vezes) . Escala de razões contínua: o resultado numérico é um valor pertencente ao conjunto dos números reais R ={-∞; ...; 0; 0,2; 0,73; 1; 2,48;...; +∞}. Ex: idade (anos), peso (g), altura (cm),nível de retinol sérico (µg/dl), circunferência da cintura (cm). Comparando-se as escalas intervalar e de razões contínua material A B C 0 C 20 40 60 comprimento A B C 0 F 68 104 140 cm 20 35 40 |dif0C| |A-B|=20 |B-C|=20 |A-C|=40 polegada 50,8 88,9 101,6 |dif 0F| |A-B|=36 |B-C|=36 |A-C|=72 |difcm| |A-B|=15 |B-C|=5 |A-C|=20 dif0C/dif0F 0,56 0,56 0,56 |dif pol| |A-B|=38,1 |B-C|=12,7 |A-C|=50,8 razão0C A/B=0,50 B/C=0,67 A/C=0,33 Difcm/difpol 0,394 0,394 0,394 razão0F A/B=0,65 B/C=0,74 A/C=0,49 Razãocm A/B=0,571 B/C=0,875 A/C=0,5 Razão0C/razão0F 0,77 0,91 0,67 Razãopol A/B=0,571 B/C=0,875 A/C=0,5 Razãocm/razãopol 1 1 1 De acordo com os níveis de mensuração, pode-se classificar a natureza das variáveis segundo a escala de mensuração em: VARIÁVEL: qualitativa quantitativa nominal ordinal discreta contínua O tipo da variável irá indicar a melhor forma para o dado ser apresentado em tabelas e gráficos, em medidas de resumo e, a análise estatística mais adequada. Exemplo 1 -Classificar quanto a natureza, as seguintes variáveis Variável Condição de saúde (doente, não doente) Tipo de parto (normal, cesáreo) Nível de colesterol sérico (mg/100cc) Tempo de um procedimento cirúrgico (minutos) Número de praias consideradas poluídas Custo do procedimento (reais) Peso (g) Estado nutricional (desnutrição, eutrofia, sobrepeso, obesidade) Consumo de energia (Kcal) Realização da refeição café da manhã (sim/não) Número de escolares por série Realização de atividade física diária (sim/não) Tempo assistindo TV/dia (< 2h, 2 a 4h, >4h) Porções consumidas por grupo de alimentos Percentual de gordura corporal (%) Tipo (natureza) FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 2 Coleta de dados É a observação e registro da categoria ou medida de variáveis relacionadas ao objeto de estudo que ocorrem em unidades (indivíduos) de uma amostra ou população. Tópicos iniciais de amostragem População: totalidade de elementos sob estudo. Apresentam uma ou mais características em comum. Supor o estudo sobre a ocorrência de sobrepeso em crianças de 7 a 12 anos no Município de São Paulo. População alvo – todas as crianças nesta faixa etária deste município. População de estudo – crianças matriculadas em escolas. Elementos: são unidades de análise; podem ser pessoas, domicílios, escolas, creches, células ou qualquer outra unidade. Amostra: é uma parte da população de estudo. Amostragem: processo para obtenção de uma amostra. Tem como objetivo estimar parâmetros populacionais. Parâmetro: Quantidade fixa de uma população. Ex: peso médio ao nascer de crianças que nascem no município de São Paulo (µ = 3100 g); Proporção de crianças de 7 a 12 anos classificadas como obesas, no município de São Paulo (π = 12%). Estimador: é uma fórmula matemática que permite calcular um valor (estimador por ponto) ou com um conjunto de valores (estimador por intervalo) para um parâmetro. N ∑X Ex: Média aritmética: X = N onde ∑X i i =1 N i , = X 1 + X 2 + ... + X N e N = número de observações. i =1 Estimativa: Valor do estimador calculado em uma amostra. Estima o valor do parâmetro. Ex: Peso médio ao nascer, calculado em uma amostra de 120.000 crianças nascidas no Município de São Paulo no ano de 2000: média amostral = x = 3000 g . Indicações para utilizar uma amostra População muito grande Processo destrutivo de investigação Novas terapias Vantagens de realizar um estudo com amostragem: Menor custo Menor tempo para obtenção dos resultados Possibilidade de objetivos mais amplos Dados possivelmente mais fidedignos Desvantagens Resultados sujeitos à variabilidade FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 3 Tipos de Amostragem Probabilística: cada unidade amostral tem probabilidade conhecida e diferente de zero de pertencer à amostra. É usada alguma forma de sorteio para a obtenção da amostra. Não probabilística: não se conhece a probabilidade de cada unidade amostral pertencer à amostra. Algumas unidades terão probabilidade zero de pertencer à amostra. Ex: amostragem intencional; por voluntários; acesso mais fácil; por quotas. Tipos de amostragem probabilística: - aleatória simples (com e sem reposição); - sistemática; - com partilha proporcional ao tamanho do estrato; - por conglomerado. Amostragem aleatória simples (AAS) É o processo de amostragem onde qualquer subconjunto de n elementos diferentes de uma população de N elementos tem mesma probabilidade de ser sorteado (NN, 1998). Tamanho da população: N; tamanho da amostra: n; fração global de amostragem ou probabilidade de sortear um indivíduo = n . N • • • É necessário ter um sistema de referência que contenha todos os elementos da população da qual será retirada a amostra; Utilização da tabela de números aleatórios – mecânica; Utilização de programas computacionais. Exemplo 2 -Os dados a seguir são de peso (kg) de 80 mulheres identificadas pela variável id (identificação). Id Peso Id peso Id Peso Id Peso Id Peso Id Peso 1 65 16 71 31 70 46 75 61 68 76 75 2 65 17 84 32 72 47 79 62 69 77 79 3 58 18 63 33 75 48 79 63 76 78 73 4 59 19 64 34 76 49 82 64 77 79 82 5 67 20 65 35 77 50 83 65 80 80 76 6 68 21 74 36 78 51 65 66 81 7 74 22 81 37 80 52 68 67 59 8 81 23 66 38 82 53 75 68 64 9 66 24 69 39 63 54 76 69 70 10 61 25 71 40 66 55 78 70 80 11 64 26 71 41 72 56 78 71 85 12 65 27 72 42 72 57 81 72 70 13 67 28 73 43 72 58 85 73 71 14 68 29 75 44 73 59 66 74 72 15 70 30 77 45 73 60 68 75 72 Fonte: Osborn JF. Statistical Exercises in Medical Research. John Wiley & Sons Inc., 1979. (adaptado). a) b) c) d) Sorteie uma amostra aleatória de tamanho 20 utilizando a tabela dos números equiprováveis. Apresente os valores do peso dos indivíduos sorteados. Some os valores e divida pelo tamanho da amostra (número de valores). Este valor é o parâmetro, o estimador ou a estimativa do peso médio? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 4 Amostragem sistemática Utiliza-se a ordenação natural dos elementos da população (prontuários, casa, ordem de nascimento). • • • Intervalo de amostragem k= N n , onde N= tamanho da população e n = tamanho da amos- tra Início casual i, sorteado entre 1 e k, inclusive Amostra sorteada é composta pelos elementos: i, i+k, i+2k, ...., i+(n-1)k OBS: É necessário ter cuidado com a periodicidade dos dados, por exemplo se for feito sorteio de dia no mês, pode cair sempre em um domingo onde o padrão de ocorrência do evento pode ser diferente. Exemplo: N=80; n=10; k= N 80 = = 8 ; início casual: 1 ≤ i ≤ 8 n 10 Começo casual sorteado: i=4 Amostra composta dos elementos: i .............. i+k ……….. i+2k ………. i+3k ………. i+4k ………. i+5k ………. i+6k ………. i+7k ………. i+8k .…….. i+(n-1)k …. 4 12 20 28 36 44 52 60 68 76 Se o intervalo de amostragem não for inteiro proceder da seguinte forma: N= 321 ; n=154; K = N 321 = = 2,084 n 154 i deve ser um número sorteado entre 1 e 2,084 Sortear um número entre 1000 e 2084 e dividir o resultado por 1000 Número sorteado = 1941, portanto i=1,941 Indivíduos: I i+k i+2k i+3k . . . i+(n-1)k 1,941 1,941+2,084 = 4,025 1,941+4,1680 = 6,109 1,941+6,252 = 8,193 . . . 1,941+318,852 = 320,793 elemento 1 4 6 8 . . . 320 Exemplo 3 – Utilize os dados do Exemplo 2. a) Sorteie uma amostra sistemática de tamanho 20. Indique o intervalo de amostragem e o começo casual sorteado. Indique o número de identificação de cada elemento da amostra. b) Some os valores e divida pelo tamanho da amostra (número de valores). c) Compare com o peso médio obtido no exemplo 2. Você esperaria o mesmo resultado? Justifique. d) Qual dos dois valores você diria que representa melhor o conjunto de dados? Justifique. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 5 Amostragem casual simples estratificada com partilha proporcional A população possui estratos com tamanhos: N1; N2; N3, onde a soma dos estratos é o tamanho da população, ou seja ∑N i =N A amostra deve conter os elementos da população nas mesmas proporções dos estratos. Tem-se que os tamanhos dos estratos amostrais são n1, n2 e n3 tal que ∑n i =n Aplicando-se a proporção: ni N i N = ⇒ ni = n i n N N Exemplo: N=500; N1=50; N2=150; N3=300 e n=40 Estrato i 1 2 3 Total n1 = 40 Tamanho do estrato na população na amostra Ni ni 50 4 150 12 300 24 500 40 ni N i = n N 0,1 0,3 0,6 50 150 300 = 4 ; n2 = 40 = 12 ; n3 = 40 = 24 500 500 500 Amostragem por conglomerado: O conglomerado é um conjunto de elementos formando uma unidade amostral. Se a unidade amostral for indivíduo e forem sorteados domicílios, então a amostragem é por conglomerado. Exemplo 4 Cite dois exemplos de amostragens por conglomerado. Apuração de dados Processo no qual conta-se o número de vezes que a variável assumiu um determinado valor (frequência de ocorrência). Pode ser manual, mecânica ou eletrônica (programas estatísticos: Epi info, Stata, Excel, SPSS, SAS, R, S-Plus). Distribuição de frequências - correspondência entre categorias (valores) e frequência de ocorrência. Distribuição de frequências com dados pontuais e em intervalos de classe Notação: X : variável xi : valor observado para o indivíduo i FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 6 Apresentação pontual Ex: 9 indivíduos X: número de refeições diárias x: 2, 3, 3, 1, 5, 2, 3, 2, 3 Apuração: número de refeições 1 2 3 5 frequência absoluta 1 3 4 1 X: idade (anos inteiros) x: 5, 5, 15, 20, 20, 20, 21, 21, 22, 22 frequência idade 5 2 15 1 20 3 21 2 22 2 X: peso ao nascer em gramas X: 2250, 3025, 1600, 2725, 3750, 3950, 2400, 2180, 2520 peso frequência 1600 1 2180 1 2250 1 2400 1 2520 1 2725 1 3025 1 3750 1 3950 1 Altura em metros X: 1,63; 1,60; 1,59; 1,60; 1,45; 1,73; 2,05; 1,85 altura frequência 1,45 1 1,59 1 1,60 2 1,63 1 1,73 1 1,85 1 2,05 1 Apresentação tabular Elementos essenciais: título, corpo, cabeçalho e coluna indicadora. Tabela 1 - Título: o que (natureza do fato estudado)?como (variáveis)?onde? quando? Variável % n° Total Fonte notas, chamadas FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 7 OBS: nenhuma casela (intersecção entre linha e coluna) deve ficar em branco. A tabela deve ser uniforme quanto ao número de casas decimais e conter os símbolos – ou 0 quando o valor numérico é nulo e ... quando não se dispõe do dado. Exemplo: Distribuição de crianças(1) segundo níveis séricos de retinol. Cansação – Bahia, 1992 Nível de retinol sérico(2) n % Aceitável 89 55,3 Baixo 65 40,4 Deficiente 7 4,3 Total 161 100 (1) 24 –72 meses (2) aceitável: 20,0 – 49,9 µg/dl; baixo: 10,0 – 19,9 µg/dl; deficiente: <10,0 µg/dl Fonte: Prado MS et al., 1995. Apresentação tabular de variável quantitativa contínua Como idade é variável quantitativa contínua, a melhor forma intervalos de valores denominados intervalos de classe. Ex: x: 5, 5, 15, 20, 20, 20, 21, 21, 22, 22 idade frequência 5 |-- 10 2 10 |-- 15 0 15 |-- 20 1 20 |-- 25 7 Total 10 de apresentá-la em tabelas é utilizando % 20 10 70 100 Intervalos de classe: conjunto de observações contidas entre dois valores limite (limite inferior e limite superior). Representação: 5 | -- 10 5 -- 10 5 |-- | 10 intervalo fechado no limite inferior e aberto no limite superior (contém o valor 5 mas não contém o valor 10) intervalo aberto nos limites inferior e superior (não contém os valores 5 e 10) intervalo fechado nos limites inferior e superior (contém os valores 5 e 10) OBS: Representar o intervalo 0 |-- | 11 meses é equivalente a representá-lo como 0 |-- 12 meses. X: peso (g) X: 2250, 3025, 1600, 2725, 3750, 3950, 2400, 2180, 2520, 2530 Peso (g) 1500|--2000 2000|--2500 2500|--3000 3000|--3500 3500|--4000 Total frequência 1 3 3 1 2 10 % 10 30 30 10 20 100 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 8 X: Altura (cm) X: 1,63; 1,60; 1,59; 1,60; 1,45; 1,73; 2,05; 1,85 Altura (cm) 1,45|--1,55 1,55|--1,65 1,65|--1,75 1,75|--1,85 1,85|--1,95 1,95|--2,05 2,05|--2,15 Total n 1 4 1 0 1 0 1 8 % 12,5 50,0 12,5 12,5 12,5 100 Os intervalos de classe devem ser mutuamente exclusivos (um indivíduo não pode ser classificado em dois intervalos ao mesmo tempo) e exaustivos (nenhum indivíduo pode ficar sem classificação). A amplitude do intervalo é o tamanho do intervalo de classe. A amplitude do intervalo e o número de intervalos dependem basicamente do problema específico e da literatura existente sobre o assunto. O ponto médio do intervalo é calculado somando-se o limite inferior e limite superior, dividindo-se o resultado por dois. Exemplo 5 – Os dados a seguir são de altura de uma amostra de 351 mulheres idosas selecionadas aleatoriamente de uma comunidade para um estudo de osteoporose. 142 152 154 145 152 154 145 152 154 145 152 154 146 152 155 147 152 155 147 153 155 147 153 155 147 153 155 148 153 155 148 153 155 149 153 155 150 153 155 150 153 155 150 153 155 150 153 155 150 153 155 150 153 155 151 153 155 151 153 155 151 153 155 151 153 155 151 153 155 151 154 155 152 154 155 152 154 156 152 154 156 152 154 156 152 154 156 152 154 156 Fonte: Hand DJ et alli. A 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 156 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 157 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 159 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 161 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 162 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 163 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 164 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 165 166 166 166 166 166 166 166 166 166 166 166 167 167 167 167 167 167 167 168 168 168 168 168 168 169 169 169 169 169 169 169 169 170 170 170 170 170 170 170 170 170 170 170 171 171 171 173 173 173 174 176 177 178 178 handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 9 a) Faça uma apuração dos dados e represente-os em uma tabela. b) Interprete os resultados. c) Se entre as 351 mulheres não fossem conhecidas as alturas de 15 delas, como você representaria esses valores? d) Ao apresentar os dados em uma tabela você iria incluir estes valores? e) Estas 15 mulheres tinham, na verdade, altura maior que 180 e o investigador, por achar que eram “valores esquisitos” resolveu excluí-los. Você concorda com esta decisão? Justifique. Tabela de dupla entrada Distribuição de crianças(1) segundo níveis séricos de retinol e idade. Cansação – Bahia, 1992. Faixa etária (meses) Aceitável Inadequado Total n % n % n % <12 5 45,5 6 54,5 11 100 12|--24 10 43,5 13 56,5 23 100 24|--36 19 54,3 16 45,7 35 100 36|--48 21 65,6 11 34,5 32 100 48|--60 16 43,2 21 56,8 37 100 60|--73 18 78,3 5 21,7 23 100 Total 89 55,3 72 44,7 161 100 (1) 24 –72 meses. (2) aceitável: 20,0 – 49,9 µg/dl; baixo: 10,0 – 19,9 µg/dl; deficiente: <10,0 µg/dl. Fonte: Prado MS et al., 1995. Exemplo 6 Os dados a seguir são de um estudo que investiga a relação entre níveis de β-caroteno (mg/L) e hábito de fumar em gestantes. a) Calcule as frequências relativas. Fixando o 100% no total de fumantes e não fumantes. b) Calcule as frequências relativas. Fixando o 100% no total do nível de B-caroteno (MG/L). c) Interprete os resultados. Existe alguma indicação de existência de associação entre as variáveis? Justifique. a) Distribuição de gestantes segundo níveis de β -caroteno (mg/L) e hábito de fumar. Fumante Não Fumante Total β-caroteno (mg/L) n % n % n % Baixo (0 – 0,213) 46 74 120 Normal (0,214 – 1,00) 12 58 70 Total 58 132 190 Fonte: Silmara Silva. Tese de Mestrado/FSP/USP. b) Distribuição de gestantes segundo níveis de β -caroteno (mg/L) e hábito de fumar. Fumante Não Fumante Total β-caroteno (mg/L) n % n % n % Baixo (0 – 0,213) 46 74 120 Normal (0,214 – 1,00) 12 58 70 Total 58 132 190 Fonte: Silmara Silva. Tese de Mestrado/FSP/USP. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 10 Exercícios suplementares Exercício S1 Os dados a seguir são relativos ao número de refeições diária de 50 indivíduos. 2 3 2 1 2 6 5 1 2 2 1 2 5 6 2 2 3 2 3 4 2 3 2 3 3 3 4 3 3 1 4 3 4 4 3 3 1 6 4 4 2 4 Fonte X. a) Apresente os dados em uma tabela. b) Interprete a dispersão dos dados. 4 4 3 4 3 3 2 5 Exercício S2 Os dados a seguir são provenientes do grupo Western Collaborative Group Study, criado na Califórnia em 1960-61. Foram estudados 3154 homens de meia idade para investigar a relação entre padrões de comportamento e risco de doença coronariana. Os dados apresentados são de 40 homens para os quais foram medidos os níveis de colesterol (mg/100ml) e realizada uma categorização segundo comportamento. O comportamento de tipo A é caracterizado pela urgência, agressividade e ambição. O de tipo B é relaxado, não competitivo e menos preocupado. Tipo A: nível de colesterol 233 254 291 276 312 234 Tipo B: nível de colesterol 344 185 263 226 175 242 250 181 246 248 246 252 224 153 197 252 212 183 268 202 224 218 188 137 250 202 239 212 148 194 239 325 169 213 a) Quais variáveis que estão sendo estudadas? Identifique a natureza de cada variável. b) Apure os dados e apresente a variável nível de colesterol em uma tabela bidimensional, considerando os níveis A e B. c) Classifique a variável nível de colesterol em duas categorias: nível normal (abaixo de 160 mg/100ml) e nível elevado (160 mg/100ml e mais) e faça uma tabela bidimensional cruzando as variáveis: nível de colesterol (normal e alto) e tipo de comportamento (A e B). Interprete os resultados. Exercício S3 Os dados a seguir são provenientes de um estudo realizado com escolares de 7 a 10 anos que participaram de um treinamento para melhorar a habilidade dos mesmos em especificar os alimentos consumidos através de um preenchimento de um Diário Alimentar. Foram atribuídos escores antes e após o treinamento para cada criança participante da pesquisa. Apresente os dados dos escores em três tabelas separadas e compare os dados da tabela antes e após o treinamento. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 11 Tabela 1. Valores das médias do escore obtido por aluno antes e após o treinamento, segundo as categorias identificação do alimento, detalhamento e quantificação. São Paulo, SP, 2007. Escolar Identificação de aliDetalhamento do Quantificação mento alimento Antes Depois Antes Depois Antes Depois 1 4,67 5,00 2,50 1,88 3,17 2 4,89 5,00 3,33 2,50 4,33 3 5,00 5,00 1,25 2,67 5,00 4 4,44 5,00 0,83 1,25 4,50 5 5,00 4,92 2,50 0,63 5,00 6 3,11 5,00 3,33 3,00 4,87 7 3,83 5,00 2,50 3,33 5,00 8 4,17 5,00 2,50 3,75 2,33 4,58 9 3,33 4,58 2,50 3,13 1,00 4,58 10 5,00 5,00 5,00 5,00 11 2,50 4,67 2,50 4,33 12 4,17 4,44 1,25 2,67 0,50 4,89 13 4,50 5,00 1,25 2,50 3,22 14 3,33 5,00 2,50 1,67 3,17 5,00 15 5,00 5,00 3,13 0,67 4,50 16 3,33 5,00 2,50 0,42 3,39 17 3,33 5,00 2,50 4,17 18 3,83 5,00 3,67 19 1,67 5,00 0,63 0,83 20 3,17 5,00 1,25 2,50 4,42 21 3,89 5,00 2,50 2,33 22 3,89 5,00 2,50 4,28 1,33 23 5,00 5,00 5,00 24 5,00 5,00 2,50 4,17 3,78 25 4,50 5,00 0,63 0,83 3,00 26 1,67 5,00 0,83 27 5,00 5,00 0,50 2,17 5,00 28 3,33 5,00 0,50 0,67 1,00 29 4,53 4,53 1,50 2,50 30 3,33 5,00 0,63 1,88 3,58 31 3,75 5,00 1,67 4,50 32 1,67 5,00 1,00 1,17 33 4,17 3,75 0,21 0,25 - escore = zero. Fonte: Consolmagno DC, 2009. Exercício S4 Os dados a seguir são relativos ao peso ao nascer (g) de recém nascidos com síndrome de desconforto idiopático grave. Algumas crianças foram a óbito (*) e outras sobrevieram. 1050* 2500* 1890* 1760 2830 1175* 1030* 1940* 1930 1410 1230* 1100* 2200* 2015 1715 1310* 1185* 2270* 2090 1720 1500* 1225* 2440* 2600 2040 1600* 1262* 2560* 2700 2200 1720* 1295* 2730* 2950 2400 1750* 1300* 1130 2550 3160 1770* 1550* 1575 2570 3400 2275* 1820* 1680 3005 3640 Fonte: Hand DJ et al., 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 12 a) Classifique a variável peso ao nascer em duas categorias: baixo peso (abaixo de 2500 g) e não baixo peso (2500 g e mais) e faça uma tabela bidimensional cruzando as variáveis: condição do recém-nascido (sobrevivente ou não sobrevivente) e peso ao nascer (baixo peso e não baixo peso). b) Interprete os resultados. Exercício S5 A tabela abaixo foi extraída do artigo Tendência secular do peso ao nascer na cidade de São Paulo (1976-1998) de MONTEIRO CA et al. (Rev. Saúde Pública; 2000:34 (6, supl): 26-40). Comente os resultados apresentados. Apresentação gráfica: diagrama de barras, diagramas de setores circulares, diagrama linear, histograma, polígono de frequência, ogiva de frequências acumuladas. Diagrama de barras Utilizado para representar as variáveis qualitativa nominal, ordinal e quantitativa discreta. Características: figuras geométricas (barras) separadas e bases de mesmo tamanho. A altura das barras é proporcional às frequências. Variável qualitativa O Inquérito Brasileiro de Nutrição (IBRANUTRI) foi um estudo de pacientes maiores de 18 anos, internados em hospitais da rede pública, conveniados, filantrópicos e universitários de 12 estados do Brasil e do Distrito Federal, realizado de maio a novembro de 1996 (in Soares JF, Siqueira AL. Introdução à Estatística Médica, COOPMED,Belo Horizonte, MG 2002). Os dados da tabela são retirados deste estudo. Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. Estado nutricional n % Nutrido 2061 51,5 Desnutrido 1905 47,6 Sem diagnóstico 34 0,9 Total 4000 100,0 Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 13 2500 Número 2000 1500 1000 500 0 Nutrido Desnutrido Sem diagnóstico Estado nutricional Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. Esta representação gráfica está correta? 2100 Número 2050 2000 1950 1900 1850 1800 Nutrido Desnutrido Estado nutricional Atenção: cuidado com a origem! Diagrama de barras da tabela anterior, excluindo-se os registros da categoria sem diagnóstico 2500 Número 2000 1500 1000 500 0 Nutrido Desnutrido Estado nutricional Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 14 Variável qualitativa nominal Distribuição do consumo médio per capita de carne vermelha (kg/ano) segundo país. País Consumo anual Albânia 10,1 Alemanha Oriental 11,4 Áustria 8,9 Bélgica 13,5 Bulgária 7,8 Checoslováquia 9,7 Dinamarca 10,6 Alemanha Ocidental 8,4 Finlândia 9,5 França 18,0 Grécia 10,2 Itália 9,0 Holanda 9,5 Fonte: Hand DJ et al., 1994 (adaptado). País Noruega Polônia Portugal Romênia Espanha Suécia Suíça Reino Unido União Soviética Iugoslávia Hungria Irlanda Consumo anual 9,4 6,9 6,2 6,2 7,1 9,9 13,1 17,4 9,3 4,4 5,3 13,9 País Iugoslávia Hungria Rom ênia País Portugal Irlanda Polônia Hungria Espanha Iugoslávia União Soviética Bulgária Reino Unido Alem anha Ocidental Suíça Áustria Suécia Itália Espanha Romênia União Soviética Portugal Noruega Polônia Holanda Noruega Finlândia Holanda Checoslováquia Itália Grécia Suécia França Albânia Finlândia Grécia Alemanha Ocidental Dinam arca Dinamarca Alem anha Oriental Checoslováquia Suíça Bulgária Bélgica Bélgica Áustria Irlanda Alemanha Oriental Reino Unido Albânia França 0 2 4 6 8 10 12 14 Consum o médio per capita (Kg/ano) 16 18 20 0 5 10 15 Consum o m édio per capita (kg/ano) Fonte: Hand DJ et al., 1994 (adaptado). Distribuição do consumo médio (kg/ano) per capita de carne vermelha, segundo país. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 15 20 Variável qualitativa ordinal Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. Estado nutricionala n % Nutrido 2061 52,0 Desnutrido moderado 1407 35,4 Desnutrido grave 498 12,6 Total 3966 100 a excluindo-se 34 (0,9%) de pacientes sem diagnóstico. Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. % 60 50 40 30 20 10 0 Nutrido Des nutrido m oderado Des nutrido grave Estado nutriciona l a excluindo-se 34 (0,9%) de pacientes sem diagnóstico. Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. Variável quantitativa discreta: número de bens Foi realizada, no período de outubro de 1998 a outubro 1999, a pesquisa “Alimentação no primeiro ano de vida”, onde se estudou uma coorte de recém-nascidos da maternidade do Hospital Universitário (HU). Os dados a seguir são parte da caracterização sócio-econômica da amostra estudada. Distribuição de famílias segundo número de bens* que possuem. Hospital Universitário/USP, São Paulo 1999. Número de bens n % 0 146 40,6 1 97 26,9 2 87 24,2 3 26 7,2 4 4 1,1 Total 360 100 * automóvel, telefone, TV a cabo e computador 50 % 40 30 20 10 0 0 1 2 3 Número de bens 4 *automóvel, telefone, TV a cabo e computador Distribuição de famílias segundo número de bens*. Hospital Universitário/USP, São Paulo 1999. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 16 Exemplo 7 Os dados a seguir são relativos ao número de refeições diárias de 50 indivíduos, utilizados no exercício S1. 2 3 2 1 1 2 2 1 2 2 3 2 3 2 3 3 3 1 4 3 3 1 6 4 c) Apresente os dados em um gráfico. d) Interprete o gráfico. 2 2 3 3 4 4 6 5 4 4 4 2 5 6 2 3 3 4 4 4 3 4 3 3 2 5 Diagrama de setores circulares Variáveis: qualitativa nominal e qualitativa ordinal Distribuição de pacientes segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. n % Estado nutricionala Nutrido 2061 52,0 Desnutrido moderado 1407 35,4 Desnutrido grave 498 12,6 Total 3966 100 a excluindo-se 34 (0,9%) de pacientes sem diagnóstico. Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. 12,6% 52,0% 35,4% Nutrido Desnutrido moderado Desnutrido grave a excluindo-se 34 (0,9%) de pacientes sem diagnóstico. Fonte: adaptado de Soares JF, Siqueira AL, 2002. Distribuição de pacientes(a) segundo estado nutricional. IBRANUTRI, maio a novembro, 1996. Diagrama linear Produção de leite (milhões de toneladas). Índia e Estados Unidos, 1966 – 2000. Ano Índia Estados Unidos 1966 20 58 1970 23 56 1980 29 60 1990 50 70 2000 80 75 Fonte: State of the World, 2001. Milhoes de toneladas Produção de leite (milhões de toneladas). Índia e Estados Unidos, 1966 – 2000 90 Índia 80 Estados Unidos 70 60 50 40 30 20 10 0 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 Ano Fonte: State of the World, 2001. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 17 Exemplo 8 Os dados são referentes a produção (kg) de carne de peixes e de carne vermelha e de carneiro por pessoa, no mundo, no período de 1950 a 2000. Ano Pesca oceânica Carne vermelha e (kg) de carneiro (kg) 1950 7,9 9,0 1960 12,0 10,0 1970 16,1 12,0 1980 15,5 11,9 1990 16,3 12,0 2000 15,0 11,7 Fonte: State of the World, 2001. The Worldwatch Institute. a) Apresente os dados em um gráfico. b) Interprete os resultados. Histograma Adequado para representar variável quantitativa contínua Intervalos de classe com mesma amplitude Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) Peso(g) No % 1000 |-- 1500 13 26 1500 |-- 2000 15 30 2000 |-- 2500 9 18 2500 |-- 3000 9 18 3000 |-- 3500 3 6 3500 |-- 4000 1 2 Total 50 100 Fonte: van Vliet PKJ, Gupta JM. (1973). 35 % 30 25 20 15 10 5 0 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Peso ao nascer (g) Fonte: van Vliet PKJ, Gupta JM. (1973) Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 18 Notar que o gráfico pode ser construído considerando-se pessoas por unidade de medida (densidade) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 No 13 15 9 9 3 1 50 número/g Peso(g) 1000 |-1500 |-2000 |-2500 |-3000 |-3500 |-Total Amplitude 500 500 500 500 500 500 No/amplitude 0,026 0,030 0,018 0,018 0,006 0,002 (No/amplitude)x10000 26 30 18 18 6 2 0,030 0,025 0,020 0,015 0,010 0,005 0 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 peso ao nascer (g) Fonte: van Vliet PKJ, Gupta JM. (1973). Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g). OBS: notar que com intervalos iguais, não é necessário fazer ajuste na altura dos retângulos dado que as bases são de mesmo tamanho (mesma amplitude) e, portanto, com proporcionalidade assegurada. Exemplo 9 Os dados são referentes à distribuição de pacientes segundo taxa de albumina no sangue (g/dL). Taxa de albumina (g/dL) No % 4,40|-4,60 6 10,0 4,60|-4,80 11 18,3 4,80|-5,00 14 23,3 5,00|-5,20 18 30,0 5,20|-5,40 8 13,3 5,40|-5,60 2 3,3 5,60|-5,80 0 5,80|-6,00 1 1,7 Total 60 100 Fonte: Soares JF, Siqueira AL. COOPMED, 2002. a) Apresente os dados em um histograma. b) Interprete os resultados. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 19 Intervalos de classe com amplitudes diferentes Distribuição de mulheres idosas segundo a altura. Altura (cm) No % 140|--150 12 3,4 150|--155 52 14,8 155|--160 109 31,1 160|--170 156 44,4 170|--180 22 6,3 Total 351 100 Fonte: Hand DJ et al., 1994. Ajuste Altura (cm) No Amplitude No/amplitude 140|--150 12 10 1,2 150|--155 52 5 10,4 155|--160 109 5 21,8 160|--170 156 10 15,6 170|--180 22 10 2,2 Total 351 Fonte: Hand DJ et al., 1994. Distribuição de mulheres idosas segundo a altura. Cuidado: Sem fazer o ajuste, o gráfico fica errado e pode levar a conclusões incorretas. 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 % 140 150 160 170 180 Altura (cm) Gráfico correto, com o ajuste para intervalos de classe com amplitudes diferentes. 25 Mulheres/cm 20 15 10 5 0 140 145 150 155 160 165 170 175 180 altura (cm) Fonte: Hand DJ et al., 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 20 Exemplo 10 Os dados a seguir são da altura (cm) de uma amostra de mulheres de Bangladesh. Altura (cm) número 137,0 |--140,0 71 140,0 |--143,0 137 143,0 |--145,0 154 145,0 |--147,0 199 147,0 |--150,0 279 150,0 |--153,0 221 153,0 |--155,0 94 155,0 |--157,0 51 157,0 |--160,0 37 Total 1243 Fonte: Hand DJ et al, 1994 (adaptado). a) Represente os dados acima, graficamente em um histograma. b) Interprete os resultados. Polígono de frequência simples Intervalos de classe com mesma amplitude Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g). Peso(g) No % 1000 |-- 1500 13 26 1500 |-- 2000 15 30 2000 |-- 2500 9 18 2500 |-- 3000 9 18 3000 |-- 3500 3 6 3500 |-- 4000 1 2 Total 50 100 Fonte: Hand DJ et al., 1994. 16 Número 14 12 10 8 6 4 2 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 peso (g) Fonte: Hand DJ et al., 1994. Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 21 Exemplo 11 Os dados a seguir são referentes à distribuição de usuárias do Serviço de Saúde X segundo idade (anos). Município de São Paulo, 2009. Idade (anos) n % 15|-- 20 14 19,5 20|-- 25 24 33,3 25|-- 30 16 22,2 30|-- 35 9 12,5 35|-- 40 8 11,1 40|--45 1 1,4 Total 72 100 Fonte: Dados hipotéticos. a) Apresente a variável em um polígono de frequências simples. b) Interprete os resultados. Intervalos de classe com amplitudes diferentes Distribuição de mulheres Altura (cm) 140|--150 150|--155 155|--160 160|--170 170|--180 Total Fonte: Hand DJ et al., 1994. idosas segundo a altura. % No 12 3,4 52 14,8 109 31,1 156 44,4 22 6,3 351 100 Ajuste No 12 52 109 156 22 351 Altura (cm) 140|--150 150|--155 155|--160 160|--170 170|--180 Total No/amplitude 1,2 10,4 21,8 15,6 2,2 Amplitude 10 5 5 10 10 núm er o de p ess oa s/cm 25 20 15 10 5 0 1 30 1 35 140 14 5 1 50 1 55 160 16 5 1 70 175 180 18 5 1 90 Altu ra (c m) Fonte: Hand DJ et al., 1994. Distribuição de mulheres idosas segundo a altura (cm). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 22 Exemplo 12 Distribuição de homens segundo nível de glicose no sangue (mg%). Nível de glicose no sangue n (mg%) 50|-- 100 13 100|-- 150 45 150|-- 200 28 200|-- 250 10 250|-- 300 3 300|-- 450 1 Fonte: X. a) Apresente os dados acima graficamente utilizando o polígono de frequências simples. b) Interprete os resultados. Polígono (ogiva) de frequências acumuladas Distribuição de mulheres idosas segundo a altura. % Altura (cm) No 140|-145 1 0,29 145|-150 11 3,13 150|-155 52 14,81 155|-160 109 31,05 160|-165 106 30,20 165|-170 50 14,25 170|-175 18 5,13 175|-180 4 1,14 Total 351 100 Fonte: Hand DJ et al., 1994. 100 % acumulado 0,29 3,42 18,23 49,28 79,48 93,73 98,86 100 % acumulado 80 60 40 20 0 140 145 150 155 160 165 170 175 180 altura (cm) Fonte: Hand DJ et al., 1994. Distribuição acumulada de mulheres idosas segundo a altura. Percentil 25% 50% 75% Valor da variável 156 cm 160 cm 164 cm Medidas estatísticas Q1 – primeiro quartil Q2 - segundo quartil ou mediana Q3 – terceiro quartil FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 23 Exemplo 13 Os dados a seguir são medidas de circunferência do tórax (polegadas) de 5732 soldados escoceses apresentados pelo matemático belga Adolphe Quetelet (1796–1874). Medida (polegada) número % % acumulada 33,0 |– 34,0 3 34,0 |– 35,0 19 35,0 |– 36,0 81 36,0 |– 37,0 189 37,0 |– 38,0 409 38,0 |– 39,0 753 39,0 |– 40,0 1062 40,0 |– 41,0 1082 41,0 |– 42,0 935 42,0 |– 43,0 646 43,0 |– 44,0 313 44,0 |– 45,0 168 45,0 |– 46,0 50 46,0 |– 47,0 18 47,0 |– 48,0 3 48,0 |– 49,0 1 Total 5732 Fonte: Daly F et al. Elements of Statistics, 1999. a) Represente os dados em um polígono de frequências acumuladas. b) Utilizando o gráfico, identifique o valor da circunferência de tórax que deixa 25% dos indivíduos abaixo. c) Qual o valor de circunferência do tórax que divide a distribuição em 2 partes iguais, isto é, qual é o valor da variável que deixa 50% das observações abaixo dele? d) Qual a proporção de soldados com circunferência do tórax entre 40 a 42 polegadas? e) Qual é o valor de circunferência do tórax que deixa 95% dos soldados abaixo dele? Representação gráfica de duas variáveis qualitativas Os dados são de um estudo de obesidade em mulheres da zona urbana de Trinidade e Tobago, realizado em 1985, que estuda a relação entre idade da menarca e a medida do tríceps. Distribuição de mulheres segundo idade da menarca e medida do tríceps. Trinidade e Tobago,1985. Idade da menarca Medida do tríceps Intermediária Grande < 12 anos 29 36 12 anos e mais 197 150 Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Pequena 15 156 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 24 Investigando-se a distribuição da idade segundo medida do tríceps tem-se: 250 <12 número 200 12 e + 150 100 50 0 Pequena Intermediária Grande medida do tríceps Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Distribuição de mulheres segundo idade da menarca e medida do tríceps. Trinidade e Tobago,1985. Calculando-se as porcentagens, tomando-se as categorias da medida do tríceps como 100%, tem-se: Distribuição de mulheres segundo idade da menarca e medida do tríceps. Trinidade e Tobago, 1985. Idade (anos) <12 12 e + Total Fonte: Medida do tríceps Pequena Intermediária Grande Total n % n % n % n % 15 8,8 29 12,8 36 19,4 80 13,7 156 91,2 197 87,2 150 80,6 503 86,3 171 100 226 100 186 100 583 100 Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. % 100 <12 80 12 e + 60 40 20 0 Pequena Intermediária Grande Medida do tríceps Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Distribuição de mulheres segundo idade da menarca e medida do tríceps. Trinidade e Tobago, 1985. Investigando-se a distribuição da medida do tríceps segundo a idade: 250 200 150 número Pequena Intermediária Grande 100 50 0 <12 12 e + idade Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Distribuição de mulheres segundo idade da menarca e medida do tríceps. Trinidade e Tobago, 1985. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 25 Calculando-se as porcentagens tem-se: Idade (anos) <12 12 e + Total Medida do tríceps Intermediária n % 29 36,2 197 39,2 226 38,8 Pequena N % 15 18,8 156 31,0 171 29,3 50 n 36 150 186 Grande % 45,0 29,8 31,9 Total n 80 503 583 % 100 100 100 % Pequena 45 Intermediária Grande 40 35 30 25 20 15 10 5 0 <12 12 e + Idade da menarca Exemplo 14 A tabela apresenta dados de classificação de pessoas segundo doença coronariana (CHD) segundo hábito de consumo de café para uma coorte de 1718 homens com idade 40-55 anos. Distribuição de homens segundo presença de doença coronariana (CHD) e consumo de café. Moderado consumo de Total condição Alto consumo de café café (<100 xícaras/mês) ( ≥ 100xícaras/mês) n % n % n % Com CHD 38 4,8 39 4,2 77 4,5 Sem CHD 752 95,2 889 95,8 1641 95,5 Total 790 100 928 100 1718 100 a) Apresente os dados graficamente. b) Interprete os resultados. Representação gráfica de duas variáveis quantitativas Histograma Fixando-se os percentuais na condição do recém-nascido: Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascido. Peso(g) Sobrevivente Não sobrevivente Total no % no % no % 1000 |-- 1500 2 9 11 41 13 26 1500 |-- 2000 6 26 9 33 15 30 2000 |-- 2500 5 22 4 15 9 18 2500 |-- 3000 6 26 3 11 9 18 3000 |-- 3500 3 13 0 3 6 3500 |-- 4000 1 4 0 1 2 Total 23 100 27 100 50 100 Fonte: Hand DJ et al., 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 26 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 % 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Sobrevivente 1000 1500 2000 2500 3000 Não sobrevivente Condição do recém nascido Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascidos. Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Polígono de frequências 45 % 40 Sobrevivente 35 Não sobrev. 30 25 20 15 10 5 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 peso ao nascer (g) 3500 4000 4500 Fonte: Hand DJ et al., 1994. Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascido. Fixando-se os percentuais no peso ao nascer: Diagrama de barras Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascido. Peso(g) Sobrevivente Não sobrevivente Total no % no % no % 1000 |-- 1500 2 15 11 85 13 100 1500 |-- 2000 6 40 9 60 15 100 2000 |-- 2500 5 56 4 44 9 100 2500 |-- 3000 6 67 3 33 9 100 3000 |-- 3500 3 100 0 3 100 3500 |-- 4000 1 100 0 1 100 Total 23 46 27 54 50 100 Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 27 120 % Sobrevivente 100 Não sobrevivente 80 60 40 20 0 1000 |--1500 1500 |--2000 2000 |--2500 2500 |--3000 3000 |--3500 3500 |--4000 peso (g) Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascido. 100 não sobreviviente % sobrevivente 80 60 40 20 0 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 peso (g) Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g) e condição do recém-nascido. Exemplo 15 Utilize os dados da tabela e apresente-os graficamente. Distribuição de escolares de 7 a 10 anos segundo peso e sexo. Duas escolas do Município de São Paulo, 2005. Peso (kg) Sexo Masculino Feminino 15,0 |-- 25,0 52 68 25,0 |-- 35,0 146 132 35,0 |-- 45,0 59 53 45,0 |-- 55,0 11 18 55,0 |-- 65,0 10 2 65,0 |-- 75,0 3 1 75,0 |-- 85,0 0 0 85,0 |-- 95,0 0 1 Total 281 275 Fonte: Koga CR. Estado nutricional de escolares de 7 a 10 anos de idade: diagnóstico e comparação de métodos. São Paulo; 2005. [Dissertação de Mestrado-Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/USP]. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 28 Exemplo 16 Utilize os dados da tabela e apresente-os graficamente. Distribuição de percentual (%) de escolares segundo estatura (cm), sexo e idade. Estatura (cm) Sexo Masculino Feminino 105,0 – 119,9 3 16 120,0 – 124,9 36 31 125,0 – 129,9 61 74 130,0 – 134,9 57 41 135,0 – 139,9 52 43 140,0 – 144,9 38 30 145,0 – 149,9 22 26 150,0 – 159,9 12 14 Total 281 275 Fonte: Koga CR. Estado nutricional de escolares de 7 a 10 anos de idade: diagnóstico e comparação de métodos. São Paulo; 2005. [Dissertação de Mestrado-Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/USP]. Escala aritmética e escala logarítmica Número de crianças segundo massa corporal. Escola X, 2000 e 2002. Ano Sobrepeso Obesas 2000 300 100 2002 150 50 Fonte: dados hipotéticos. Gráfico em escala aritmética 350 Sobrepeso 300 Obeso Número 250 200 150 100 50 0 2000 2002 Ano Fonte: dados hipotéticos Número de crianças segundo massa corporal. Escola X, 2000 e 2002. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 29 Gráfico em escala logarítmica Sobrepeso Número 1000 Obeso 100 10 1 2000 2002 Ano Fonte: dados hipotéticos. Número de crianças segundo massa corporal. Escola X, 2000 e 2002. Gráfico em escala aritmética Coeficiente de mortalidade pela doença X e Y (100.000 hab.). Determinada localidade, 1990- 1995. Ano Doença X Doença Y 1990 123,5 28,7 1991 121,4 22,4 1992 111,9 17,7 1993 85,9 13,9 1994 77,1 14,8 1995 62,2 10,5 Fonte: dados hipotéticos. 150 Doença X Coeficiente Doença Y 100 50 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 Ano Fonte: dados hipotéticos. Coeficiente de mortalidade pela doença X e Y (100.000 hab.). Determinada localidade, 1990- 1995. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 30 Gráfico em escala logarítmica 1000 Doença X Coeficiente Doença Y 100 10 1 1990 1991 1992 1993 1994 1995 Ano Fonte: dados hipotéticos. Coeficiente de mortalidade pela doença X e Y (100.000 hab.). Determinada localidade, 1990 - 1995. Exemplo 17 Os dados a seguir são referentes à mortalidade por câncer de esôfago, segundo sexo, no município de São Paulo no período de 1968-1998. Coeficientes de mortalidade por câncer de esôfago (por 100.000 hab.). Município de São Paulo, 1968-1998. Ano Masculino Feminino 1968 8,81 2,00 1973 12,38 2,61 1978 10,93 1,98 1983 9,41 2,00 1988 8,60 1,67 1993 8,33 1,27 1998 8,37 1,12 Fonte: Incidência de câncer no Município de São Paulo, 1997-1998. Registro de Câncer de São Paulo. FSP/USP. a) Represente os coeficientes de mortalidade por câncer de esôfago para o sexo masculino e feminino em um único gráfico, utilizando escala aritmética. b) Represente os coeficientes de mortalidade por câncer de esôfago para o sexo masculino e feminino em um único gráfico utilizando escala logarítmica. c) Comente os gráficos dos itens a e b. Qual a melhor representação para os dados? Exercícios suplementares Exercício S6 Apresente a variável peso ao nascer graficamente utilizando a variável definida em duas categorias, conforme tabela abaixo. Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo peso ao nascer (g). Austrália, 1993. % Peso(g) No Baixo peso (<2500 g) 37 74,0 Não baixo peso (2500 g e mais) 13 26,0 Total 50 100 Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 31 Exercício S7 Apresentar a variável comprimento ao nascer em um histograma. Distribuição de recém-nascidos segundo comprimento ao nascer (cm). Hospital X, 2009. Comprimento (cm) n % 40|--43 1 1,2 43|--46 45 55,6 46|--49 25 30,9 49|--52 4 5 52|--55 3 3,7 55|--58 1 1,2 58|--61 2 2,5 Total 81 100 Fonte: dados hipotéticos. Exercício S8 Apresentar a variável idade da mãe em um polígono de frequências. Distribuição de mães segundo idade (anos). Centro de Saúde X, 2009. Idade (anos) n % 15|-- 20 14 19,5 20|-- 25 24 33,3 25|-- 30 16 22,2 30|-- 35 9 12,5 35|-- 40 8 11,1 40|--45 1 1,4 Total 72 100 Fonte: dados hipotéticos. Exercício S9 Defeitos do tubo neural são má formações congênitas que surgem durante o desenvolvimento fetal. É conhecida como spina bífida. Estes dados são de um estudo realizado no país de Gales – Reino Unido, para investigar possível associação entre defeito do tubo neural e dieta materna. O estudo é do tipo caso-controle: mães que tinham tido bebês com spina bífida (casos) e suas irmãs que não tinham tido (controles) foram avaliadas segundo suas dietas e classificadas em boa, razoável e ruim. Distribuição de recém-nascidos casos (acometidos de spina bífida) e controles segundo dieta da mãe. Dieta Casos Controles Total n % n % n % Boa 34 43 77 Razoável 110 48 158 Pobre 100 32 132 Total 244 123 367 Fonte: Hand DJ ET al., 1994. a) Calcular percentuais tomando-se como 100% o grupo (caso, controle) e interprete os resultados. b) Apresentar os dados em um gráfico. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 32 Exercício S10 Represente os dados da tabela em um polígono de frequências e interprete os resultados. Trata-se de condenados por embriaguez em Londres, 1970. Idade Homens Mulheres Número % Número % 0 |--30 185 20,5 4 9,1 30 |-- 40 207 22,9 13 29,5 40 |-- 50 260 28,8 10 22,7 50 |--60 180 19,9 7 15,9 60 |--80 71 7,9 10 22,7 total 903 100 44 100 Fonte: Hand DJ et alli. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Medidas de tendência central e de dispersão Medidas de tendência central Média aritmética Notação: X → variável N → tamanho da população n → tamanho da amostra → Média populacional (parâmetro, geralmente desconhecido) X → Estatística (fórmula) x → Média amostral (estimativa, valor calculado na amostra) Média aritmética é o valor que indica o centro de equilíbrio de uma distribuição de frequências de uma variável quantitativa. Definição: é a soma dos valores de uma variável, dividida pelo número de valores. Em uma amostra aleatória simples de tamanho n, composta das observações x1, x2, ..., xn, a média aritmética ( x ) é igual a: n x + x 2 + ... + x n x= 1 = n ∑x i i =1 n OBS: • só existe para variáveis quantitativas e seu valor é único; • é da mesma natureza da variável considerada; e • sofre influência dos valores aberrantes (outlier). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 33 Exemplo: Os dados a seguir são provenientes do grupo Western Collaborative Group Study. Grupo tipo A: pessoas caracterizadas pela urgência, agressividade e ambição. Os participantes de tipo B são mais relaxados, não competitivos e menos preocupados. Tipo A: nível de colesterol 233 291 312 254 276 234 250 181 246 248 197 252 268 202 224 218 239 212 239 325 188 137 250 202 148 194 169 213 Colesterol médio: xA = 233 + 291 + ... + 212 + 325 = 245,05mg / 100ml 20 Tipo B: nível de colesterol 344 185 263 226 175 242 246 252 224 153 212 183 xB = O nível médio de colesterol dos homens do grupo A é 245,1 mg/100ml e do tipo B _____________. Exemplo 18 Os dados a seguir são provenientes de um estudo que avaliou o consumo alimentar de crianças de 7 a 10 anos de uma escola pública do município de São Paulo no ano de 2008. Os dados apresentados são de 15 meninos e 10 meninas para os quais foram investigados o consumo em energia (Kcal) de um dia alimentar. Calcule a média aritmética do consumo de energia para cada sexo: Meninos 1976 1412 3234 1635 1405 2230 1410 1241 1782 1866 2167 1917 2622 1824 3912 2964 2203 1478 1151 1083 1362 1392 1637 1628 x Meninos = Meninas 2002 x Meninas = Mediana É o valor que ocupa a posição central de uma série de n observações, quando estas estão ordenadas de forma crescente ou decrescente. Quando número de observações (n) for ímpar: a mediana é o valor da variável que ocupa o posto n+1 2 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 34 Quando o número de observações (n) for par: a mediana é a média aritmética dos valores da variável que ocupam os postos n 2 e n+2 2 OBS: • existe para variável quantitativa e qualitativa ordinal; • é da mesma natureza da variável considerada; • torna-se inadequada quando há muitos valores repetidos; • não sofre influência de valores aberrantes. Ex: Tipo A: nível de colesterol 233 291 312 254 276 234 250 181 246 248 197 252 268 202 224 218 239 212 239 325 Ordenando-se os valores: Tipo A: nível de colesterol 181 202 218 197 212 224 233 234 239 239 246 248 250 252 254 268 276 291 312 325 224 153 212 183 188 137 250 202 148 194 169 213 Mediana: (239+246)/2=242,5 mg/100ml Tipo B: nível de colesterol 344 185 263 226 175 242 246 252 Ordenando-se os valores: Mediana: Exemplo 19 Com os dados do exemplo 18, calcule a quantidade mediana de energia para os meninos e para as meninas: Meninos Mediana= Meninas FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 35 Mediana= Medidas de dispersão Valores mínimo e máximo: valores extremos da distribuição. Amplitude de variação: é a diferença entre os 2 valores extremos da distribuição. Variância: indica o quanto, em média, os quadrados dos desvios de cada observação em relação à média aritmética estão afastados desta média. N ∑(X Populacional Parâmetro σ S (2N ) = 2 i − X )2 i =1 estimador : N ∑(X S (2N −1) = Desvio padrão: é a raiz quadrada da variância , ou seja ou N i − X )2 i =1 N −1 σ = σ2 S = S2 Coeficiente de Variação de Pearson (CV): é o quociente entre o desvio padrão e a média, ou seja CV = S x100 X Ex e m pl o : Tipo A: nível de colesterol 233 291 312 254 276 234 Variância: s2 = Desvio padrão 250 181 246 248 197 252 268 202 224 218 239 212 239 325 148 194 169 213 (233 − 245,05) 2 + ... + (325 − 245,05) 2 = 1342,37(mg / 100ml ) 2 19 s = 1342,37 = 36,64mg / 100ml Coeficiente de Variação de Pearson Tipo B: nível de colesterol 344 185 263 226 175 242 CV = 246 252 36,64 x100 = 15% 245,05 224 153 212 183 188 137 250 202 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 36 Variância: s2 = Desvio padrão s= Coeficiente de Variação de Pearson CV= Exemplo 20 Com os dados do exemplo 18, calcule a variância, o desvio-padrão e o coeficiente de variação de Pearson. Meninos Meninas FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 37 Quartil Valores da variável que dividem a distribuição em quatro partes iguais. ¼ 25% ½ ¾ 25% 25% 25% Q1: deixa abaixo 25% das observações 25% 75% Q2: deixa abaixo 50% das observações 50% 50% 75% Q3: deixa abaixo 75% das observações 25% Q1 = x 1 ( ( n +1)) 4 onde x é o valor da variável e e Q3 = x 1 ( (n + 1)) 4 e 3 ( ( n +1)) 4 3 ( ( n + 1)) são índices que representam as posições 4 ocupadas por x. Os dados abaixo são referentes ao peso ao nascer desconforto respiratório idiopático grave. 23 crianças sobreviveram e 27 foram a óbito (*). 1.050* 2.500* 1.175* 1.030* 1.230* 1.100* 1.310* 1.185* 1.500* 1.225* 1.600* 1.262* 1.720* 1.295* 1.750* 1.300* 1.770* 1.550* 2.275* 1.820* de 50 recém-nascidos que tiveram síndrome de 1.890* 1.940* 2.200* 2.270* 2.440* 2.560* 2.730* 1.130 1.575 1.680 Ordenando-se os dados, em cada grupo, obtém-se: 1.030* 1.310* 2.200* 1.050* 1.500* 2.270* 1.100* 1.550* 2.275* 1.175* 1.600* 2.440* 1.185* 1.720* 2.500* 1.225* 1.750* 2.560* 1.230* 1.770* 2.730* 1.262* 1.820* 1.130 1.295* 1.890* 1.410 1.300* 1.940* 1.575 1.760 1.930 2.015 2.090 2.600 2.700 2.950 2.550 2.570 3.005 1.680 1.715 1.720 1.760 1.930 2.015 2.040 2.090 2.200 2.400 2.830 1.410 1.715 1.720 2.040 2.200 2.400 3.160 3.400 3.640 2.550 2.570 2.600 2.700 2.830 2.950 3.005 3.160 3.400 3.640 Fonte: van Vliet PK; Gupta JM. Sodium bicabornate in idiopatic respiratory distress syndrome. Arch. Diseases in Childhood,1973:48, 249-255. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 38 Entre os recém-nascidos que sobreviveram: Q1 = x = x 6 = 1720 g ; Q3 = x 1 ( ( 23+1)) 4 Q2 = x 1 ( ( 23+1)) 2 3 ( ( 23+1)) 4 = x18 = 2830 g = x12 = 2200g Entre os recém-nascidos que foram a óbito Q1 = x 1 = x7 = 1230g ; Q3 = x 3 Q2 = x 1 = x14 = 1600 g ( ( 27+1)) 4 ( ( 27 +1)) 2 ( ( 27 +1)) 4 = x21 = 2200g Se o resultado for um valor fracionário: Por exemplo, para n=22 Q1 = x 1 ( ( 22+1)) 4 = x 23 = x ( 4 3 (5 ) 4 ) que é ¾ do caminho entre x5=1715 e x6=1720 Q1 = 1715 + Q3 = x 3 3 (1720 − 1715) = 1718,8 g 4 ( ( 22+1)) 4 =x 1 (17 ) 4 que é ¼ do caminho entre x17=2700 e x18=2830 1 Q3 = 2700 + ( 2830 − 2700) = 2732,5 g 4 Decil Valores da variável que dividem a distribuição em dez partes iguais. Percentil Valores da variável que dividem a distribuição em cem partes iguais. Entre os recém-nascidos que sobreviveram Percentil 5: P5 = x ( 5 ( 23+1)) 100 = x 120 = x ( 100 ) 1 (1 ) 5 que é 1/5 do caminho entre x1=1130 e x2=1410 1 P5 = 1130 + (1410 − 1130) = 1186 g 5 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 39 Percentil 10: P10 = x 10 ( ( 23+1)) 100 = x 240 = x ( 100 2 ; (2 ) 5 ) P10 = 1410 + 2 (1575 − 1410 ) = 1476 g 5 Percentil 50: P50 = x ( = x 1200 = x(12) ; P50 = 2200 g ( ) 50 ( 23+1)) 100 100 Percentil 75: P75 = x ( 75 ( 23+1)) 100 = x 1800 = x(18) ; P75 = 2830g ( ) 100 Percentil 90: P90 = x ( = x 2160 = x 90 ( 23+1)) 100 ( 100 ) 3 ; ( 21 ) 5 P90 = 3160 + 3 (3400 − 3160) = 3304 g 5 Percentil 95: P95 = x ( = x 2280 = x 95 ( 23+1)) 100 ( 100 ) 4 ; ( 22 ) 5 P95 = 3400 + 4 (3640 − 3400 ) = 3592 g 5 Box plot e identificação de valores aberrantes (outliers) O Box plot representa graficamente dados de forma resumida em um retângulo onde as linhas da base e do topo são o primeiro e o terceiro quartis, respectivamente. A linha entre estas é a mediana. Linhas verticais que iniciam no meio da base e do topo do retângulo, terminam em valores denominados adjacentes inferior e superior (Chambers et al., 1983, pag 60). O valor adjacente superior é o maior valor das observações que é menor ou igual a Q3+1,5(Q3-Q1). O valor adjacente inferior é definido como o menor valor que é maior ou igual a Q1-1,5(Q3-Q1), sendo a diferença Q3-Q1 denominada intervalo inter-quartil (IIQ). Valores outliers (discrepantes ou aberrantes) são valores que “fogem” da distribuição dos dados. O box plot além de apresentar a dispersão dos dados torna-se útil também para identificar a ocorrência destes valores como sendo os que caem fora dos limites estabelecidos pelos valores adjacentes superior e inferior. Exemplo: Tipo A: nível de colesterol 181 202 218 197 212 224 233 234 239 239 246 248 250 252 254 268 276 291 312 325 Tipo B: nível de colesterol 137 153 175 148 169 183 185 188 194 202 212 213 224 226 242 246 250 252 263 344 Tipo A: n=20; Q1 = x 1 4 Q3 = x 3 4 ( n +1) ( n +1) = x 21 = x 5 4 = x3 4 ( 21) =x 1 4 3 15 4 = 218 + 1 (224 − 218) = 218 + 1,5 = 219,5 4 = 254 + 3 (268 − 254) = 254 + 10,5 = 264,5 4 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 40 Intervalo Inter-Quartil (IIQ): Q3-Q1 = 45. 325 é o valor adjacente superior. Este é o maior valor da distribuição, igual ou abaixo de 332, onde 332 é dado por: 264,5 + 1,5 x 45 = 332 . 181 é o valor adjacente inferior. É o menor valor da distribuição, igual ou acima de 152, onde 152 é dado por: 219,5 − 1,5 x 45 = 152 . Tipo B n=20 Q1 = x 1 4 ( n +1) Q3 = x 3 4 ( n +1) = x 21 = x 4 = x3 4 ( 21) 5 1 = 175 + (183 − 175) = 175 + 2 = 177 4 1 4 =x 15 3 4 3 = 242 + (246 − 242) = 242 + 3 = 245 4 Intervalo Inter-Quartil (IIQ): Q3-Q1 = 68 344 é o valor adjacente superior. Este é o maior valor da distribuição, igual ou abaixo de 347, onde 347 é dado por: 245 + 1,5 x 68 = 347 . 137 é o valor adjacente inferior. É o menor valor da distribuição, igual ou acima de 75, onde 75 é dado por: 177 − 1,5 x68 = 75 . 380 360 340 320 300 280 260 240 220 200 180 160 140 120 A B Fonte: Fonte: Hand DJ et alli. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Gráfico - Box plot da variável nível de colesterol segundo tipo de personalidade. Exemplo 21 Os dados a seguir são de uma pesquisa que investigou as concentrações de minerais no leite materno, no período de 1984 a 1985. Foram coletadas amostras de leite materno de 55 mulheres que tiveram seus filhos no Hospital Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte. As mães foram divididas em período de lactação: colostro e leite maduro. cálcio (µg/mL de leite) – grupo colostro 113 181 254 311 334 145 221 256 312 344 163 225 275 313 372 163 231 296 323 375 167 241 303 325 375 437 cálcio (µg/mL de leite) – grupo maduro 159 175 181 188 200 206 213 214 217 231 238 238 242 244 256 259 260 263 264 275 277 279 281 293 302 303 314 344 394 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 41 a) Calcule a quantidade média de cálcio (µg/mL de leite) em cada grupo. b) Calcule a quantidade mediana de cálcio (µg/mL de leite) em cada grupo. c) Desenhe o box plot da concentração de cálcio (µg/mL de leite) representando os dois grupos em um só gráfico. d) Comente o gráfico box plot quanto a dispersão dos dados, existência de valores aberrantes e igualdade de medianas. Exercícios suplementares Exercício S11 Os dados a seguir são provenientes de um estudo que avalia o crescimento de crianças de 7 a 10 anos de uma escola pública do município de São Paulo no ano de 2008. Os dados apresentados são de 16 meninos e 16 meninas para os quais foram aferidos a circunferência do braço (CB) (cm): Meninos 18,3 19,3 20,9 19,0 20,5 16,3 21,0 17,8 21,6 22,6 27,3 26,7 29,0 22,0 25,2 19,5 Meninas 21,5 16,1 18,6 19,9 17,9 23,7 20,0 19,4 23,5 18,0 23,0 17,9 20,3 23,1 17,8 18,2 a) Calcule a circunferência braquial (cm) média e mediana para cada sexo. b) Calcule a variância, o desvio-padrão e o coeficiente de variação de Pearson da circunferência braquial (cm) para cada sexo. c) Meninos e meninas são parecidos quanto a circunferência braquial (cm)? d) E quanto à variabilidade? Exercício S12 Os dados a seguir são provenientes de um estudo que avaliou o nível de colesterol sanguíneo (mg/dl) de 100 homens. id colesterol id colesterol id colesterol id colesterol 1 134 26 189 51 216 76 239 2 147 27 189 52 217 77 239 3 157 28 190 53 217 78 240 4 161 29 190 54 218 79 240 5 162 30 192 55 218 80 240 6 164 31 194 56 219 81 243 7 165 32 195 57 219 82 246 8 166 33 196 58 219 83 248 9 171 34 198 59 221 84 251 10 173 35 199 60 221 85 255 11 176 36 199 61 223 86 255 12 176 37 199 62 223 87 256 13 178 38 201 63 224 88 259 14 179 39 203 64 225 89 261 15 179 40 204 65 228 90 267 16 180 41 205 66 230 91 268 17 181 42 206 67 230 92 272 18 181 43 209 68 231 93 279 19 183 44 210 69 231 94 286 20 184 45 211 70 231 95 287 21 185 46 211 71 232 96 289 22 186 47 212 72 234 97 290 23 186 48 213 73 234 98 296 24 186 49 215 74 238 99 298 25 187 50 216 75 238 100 382 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 42 a) Desenhe o box plot do colesterol (mg/dl). b) Comente o gráfico box plot quanto a dispersão dos dados, existência de valores aberrantes e igualdade de medianas. Correlação e regressão linear simples Análise simultânea entre duas variáveis quantitativas (associação entre duas variáveis quantitativas). Gráfico de dispersão: deve ser feito antes da análise numérica dos dados. É construído com conjuntos de pontos formados por pares de valores (x,y). Pode indicar correlação linear positiva, negativa ou inexistência de correlação. Também é útil para identificar existência de valores aberrantes. Ex: X: coeficiente de mortalidade por câncer gástrico Y: consumo médio de sal Y correlação positiva X FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 43 Ex: X: Esperança de vida ao nascer Y: Coeficiente de mortalidade infantil (por 1000 nascidos vivos) Y correlação negativa X 45 CMI (por 1000 nv) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 66 68 70 72 74 76 Esperança de vida ao nascer X: coeficiente de mortalidade por câncer de colo de útero Y: consumo de sal Y correlação inexistente X Distinção entre associação e causação: duas variáveis podem estar associadas mas uma não será necessariamente a causa da outra. Na correlação é comum investigar se mudanças na magnitude de uma variável são acompanhadas de mudanças na magnitude da outra sem significar que uma variável causa a outra. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 44 Coeficiente de correlação de Pearson ( ρ ), lê-se rhô Mede o grau de associação entre 2 variáveis X e Y. ρ= Definição: σ XY σ X σY , onde σ XY é a covariância de X e Y (dispersão conjunta) σX é o desvio padrão de X (dispersão de X) σY é o desvio padrão de Y (dispersão de X) Covariância: É o valor médio do produto dos desvios de X e Y, em relação às suas respectivas médias. σ XY = estimador (r) Propriedades a) − 1 ≤ ∑ X r= i _ _ − X Yi − Y N _ _ − − x x y y ∑ i i _ 2 _ 2 ∑ x i − x ∑ y i − y ρ ≤ +1 ; b) ρ não possui dimensão, isto é, não depende da unidade de medida das variáveis X e Y ; c) ρ XY = ρYX . FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 45 Gráficos de dispersão para diferentes valores do coeficiente de correlação ρ (rho). Exemplo: Os dados a seguir são provenientes de um estudo que investiga a composição corporal e fornece o percentual de gordura corporal (%), idade e sexo para 18 adultos com idades entre 23 e 61 anos. a) Qual a relação entre a idade e o % de gordura? Existe alguma evidência de que a relação é diferente entre pessoas do sexo masculino e feminino? Explore os dados graficamente. b) Calcule o coeficiente de correlação de Pearson entre a idade e o % de gordura para homens e mulheres. Interprete os resultados. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 46 Idade 23 23 27 27 39 41 45 49 50 % Gordura 9,5 27,9 7,8 17,8 31,4 25,9 27,4 25,2 31,1 Sexo M F M M F F M F F Idade 53 53 54 56 57 58 58 60 61 % Gordura 34,7 42,0 29,1 32,5 30,3 33,0 33,8 41,1 34,5 Sexo F F F F F F F F F M=masculino ; F= feminino Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Dispersão entre % de gordura e idade 70 f ff f 60 f f idade 50 f 40 30 m f f f m m m f f f f 20 5 10 15 20 25 gordura 30 35 40 45 Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Cálculo do coeficiente de correlação de Pearson Sexo: masculino Idade % gordura (x − x) ( y − y) (X) (Y) 23 9,5 -7,5 -6,13 27 7,8 -3,5 -7,83 27 17,8 -3,5 2,18 45 27,4 14,5 11,78 30,5 15,625 Coeficiente de correlação (idade,%gordura) masculino: r= ( x − x )( y − y ) (x − x)2 ( y − y)2 45,94 27,39 -7,61 170,74 236,45 56,25 12,25 12,25 210,25 291,00 37,52 61,23 4,73 138,65 242,13 236,45 291x 242,13 = 0,89 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 47 Sexo: feminino Idade (X) 23 39 41 49 50 53 53 54 56 57 58 58 60 61 50,86 % gordura (Y) 27,9 31,4 25,9 25,2 31,1 34,7 42 29,1 32,5 30,3 33 33,8 41,1 34,5 32,32 Coeficiente de correlação ( x − x ) ( y − y ) ( x − x )( y − y ) (x − x)2 ( y − y)2 -27,86 -11,86 -9,86 -1,86 -0,86 2,14 2,14 3,14 5,14 6,14 7,14 7,14 9,14 10,14 776,02 140,59 97,16 3,45 0,73 4,59 4,59 9,88 26,45 37,73 51,02 51,02 83,59 102,88 1389,71 19,55 0,85 41,23 50,71 1,49 5,66 93,67 10,38 0,03 4,09 0,46 2,19 77,06 4,75 312,12 -4,42 -0,92 -6,42 -7,12 -1,22 2,38 9,68 -3,22 0,18 -2,02 0,68 1,48 8,78 2,18 (idade,%gordura) feminino: r= 123,17 10,93 63,30 13,23 1,05 5,10 20,74 -10,12 0,92 -12,42 4,85 10,56 80,26 22,10 333,64 333,64 1389,71x312,12 = 0,51 ; Coeficiente de correlação considerando o grupo todo (homens e mulheres) Idade (X) 23 27 27 45 23 39 41 49 50 53 53 54 56 57 58 58 60 61 % gordura (Y) 9,5 7,8 17,8 27,4 27,9 31,4 25,9 25,2 31,1 34,7 42 29,1 32,5 30,3 33 33,8 41,1 34,5 x = 46,33 ; y = 28,61 ; (x − x) ( y − y) ( x − x )( y − y ) (x − x)2 ( y − y)2 -23,33 -19,33 -19,33 -1,33 -23,33 -7,33 -5,33 2,67 3,67 6,67 6,67 7,67 9,67 10,67 11,67 11,67 13,67 14,67 -19,11 -20,81 -10,81 -1,21 -0,71 2,79 -2,71 -3,41 2,49 6,09 13,39 0,49 3,89 1,69 4,39 5,19 12,49 5,89 Soma 445,93 402,35 209,01 1,61 16,59 -20,45 14,46 -9,10 9,13 40,59 89,26 3,75 37,59 18,01 51,20 60,54 170,68 86,37 1627,53 544,44 373,78 373,78 1,78 544,44 53,78 28,44 7,11 13,44 44,44 44,44 58,78 93,44 113,78 136,11 136,11 186,78 215,11 2970,00 365,23 433,10 116,88 1,47 0,51 7,78 7,35 11,64 6,19 37,07 179,26 0,24 15,12 2,85 19,26 26,92 155,97 34,68 1421,54 Sy = ∑ ( y − y) n −1 2 = 1421,54 = 9,14% ; S X = 17 ∑(x − x) n −1 2 = FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 2970,0 = 13,22anos 17 48 r= 1627,53 = 0,79 2970,0 x1421,54 Análise simultânea de duas variáveis quantitativas. REGRESSÃO LINEAR ADMITINDO-SE Y COMO FUNÇÃO LINEAR DE X, AJUSTA-SE A “MELHOR RETA” AO CONJUNTO DE DADOS. EQUAÇÃO DE RETA: ŷ x yˆ = a + bx , onde = valor ajustado (valor médio predito). = valor escolhido de X. a = y − bx ; a é denominado intercepto; é o valor predito para x=0. b = rxy sy sx ; b é denominado coeficiente angular (slope). Indica quantas unidades de Y mudam para a mudança de uma unidade de X. Utilizando-se os dados do exemplo considerando-se o grupo como um todo: a = 28,61 – b 46,33 ; b = 0,79 x 9,14 = 0,548 13,22 Para aumento de 1 ano, o percentual de gordura aumenta 0,55%. Substituindo-se o valor b em a, obtém-se a=3,221. Equação ajustada % gordura= 3,22 + 0,55 (idade) Com base nesta equação é possível traçar a reta que passa pelos pontos. Para x = 30; y = 19,7; para x = 50, y = 30,7 50 y = 0,55x + 3,22 % gordura 40 30 20 10 0 0 20 40 60 idade (anos) FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 49 OBS: o coeficiente angular depende das unidades de medida de X e Y. Isto deve ser considerado na decisão da importância do coeficiente angular. O coeficiente angular da equação de Y=f(X) é diferente do coeficiente angular de X=f(Y), a menos que os desvios padrão de X e Y sejam iguais. Usos da reta de regressão: - Predição - utilizar X para predizer Y; quando a correlação for forte, melhor é a predição; Correlação – mede o grau de relacionamento linear entre X e Y; Resumir os dados – cada valor de X tem um valor médio de Y. Exemplo: Em um estudo sobre o efeito dos componentes de uma dieta (X) sobre a composição lipídica (Y) foram obtidos os seguintes dados em uma amostra de 15 animais. Componente da dieta (X) Composição lipídica (Y) 18 30 21 35 28 43 35 60 47 50 33 28 40 40 41 60 28 43 21 30 30 33 46 65 44 68 38 62 19 25 Fonte:X. a) Apresente os dados em um diagrama de dispersão. b) Calcule o coeficiente de correlação de Pearson entre X e Y. c) Calcule a reta de regressão da composição lipídica como função do componente da dieta. d) Desenhe a reta de regressão. e) Interprete os coeficientes da reta de regressão. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 50 Exercício suplementar Exercício S13 São apresentados valores da massa do corpo sem gordura (kg) e da taxa de metabolismo (calorias) de 10 pessoas de ambos os sexos Pessoa Sexo Massa 1 M 62,0 2 M 62,9 3 F 36,1 4 F 54,6 5 F 48,5 6 F 42,0 7 M 47,4 8 F 50,6 9 F 42,0 10 M 48,7 Fonte: Moore et al., 2004 (adaptado) Taxa 1792 1666 995 1425 1396 1418 1362 1502 1256 1614 a) Apresente os dados em um diagrama de dispersão com pontos identificando os sexos. Apresente a variável Y, taxa de metabolismo, como variável resposta (dependente) e a variável X, massa do corpo sem gordura, como explicativa (independente). b) Calcule o coeficiente de correlação entre as variáveis taxa e massa. c) Calcule os coeficientes da reta de regressão e desenhe a reta. d) Interprete os coeficientes da reta. e) Com base no gráfico de dispersão, você diria que o coeficiente de correlação de Pearson para o sexo feminino é maior, menor ou igual ao do sexo masculino? Justifique. Medidas de Associação ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS ESTUDO DE PREVALÊNCIA São apresentados dados sobre o estado nutricional de 1226 crianças brasileiras de 2 anos de idade, segundo sexo. Local X, Ano Y. Estado nutricional Masculino Feminino Total Desnutridas 29 20 49 Normais 574 603 1177 Total 603 623 1226 Fonte: dados hipotéticos. Prevalência de desnutrição: 49 = 0,040 1226 ou 4%. Prevalência de desnutrição segundo sexo: Masculino: 29 = 0,05 603 ou 5,0%; Feminino: 20 = 0,032 ou 3,2%. 623 29 Razão de prevalências: 603 = 1,5 20 623 Diferença de prevalências: 0,05-0,032=0,018 ou 1,8%. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 51 A prevalência de desnutrição parece ser maior entre as crianças do sexo masculino. Os meninos apresentam uma prevalência 50% maior do que as meninas. A prevalência de desnutrição entre meninos é 1,5 vezes (uma vez e meia) a prevalência de desnutrição entre meninas. Também é possível dizer que a prevalência de desnutrição entre meninos é 50% maior que a prevalência entre meninas, calculado como (1,5-1)x100. Para a diferença de prevalências diz que a prevalência entre meninos excede a de meninas em 1,8% ou que a diferença entre as prevalências é de 1,8%. Se a razão de prevalências for igual a 1 ou a diferenças de prevalências for igual a 0 então diz-se que as variáveis não estão associadas. De forma geral Y: variável resposta (Ex: desnutrição) X: variável explicativa ou de confusão (Ex: sexo) Variável Y Variável X Y1 X1 a X0 c Total m1 p= prevalência de Y1= m1/n p1= prevalência de Y1|x1= a/n1 p0= prevalência de Y1|x0= c/n0 rp= razão de prevalências= p1/p0; Y0 B D m2 Total (%) n1 (100 n0 (100 n (100) dp=diferença de prevalências= p1-p0 Exemplo 22 Distribuição de indivíduos segundo presença de obesidade e consumo de chocolate. colmo, Suécia. Ano 2009. Consumo de chocolate Obesidade (> 30Kg/m2) Esto- Sim Não Total Mais de 1 vez por semana 128 625 753 Até 1 vez por mês 68 353 421 Total 196 978 1174 Fonte: dados adaptados de Janszky I, Mukamal KJ, Ljung R, et al. Chocolate consuption and mortality following a first acute myocardial infarction: The Stockholm Heart Epidemiology Program. Journal of Internal Medicine 2009; 266: 248-257. a) Calcule a prevalência de obesidade entre pessoas que consomem chocolate até 1 vez por mês. b) Calcule a prevalência de obesidade entre pessoas que consomem chocolate mais de uma vez por semana. c) Calcule a razão de prevalências. d) Interprete a razão de prevalências. Você diria que a obesidade está associada ao consumo de chocolate? Justifique. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 52 ESTUDO DE INCIDÊNCIA Distribuição de pessoas segundo hábito de fumar e morte em Morte em 5 anos por DIC Fumar Sim Sim 208 Não 264 Total 472 Fonte: dados hipotéticos. 5 anos por DIC. Local X. Ano Y Não 850 1467 2317 Total 1058 1731 2789 r= 472/2789= 0,17 = 17% r1=208/1058= 0,20= 20% r0=264/1731= 0,15=15% rr=0,20/0,15= 1,33 ra= 0,20- 0,15= 0,05= 5% A incidência de mortes parece ser maior entre as pessoas que fumam. Os fumantes apresentam uma incidência 33% maior do que os não fumantes. Os óbitos são 1,33 vezes mais incidentes entre fumantes do que entre não fumantes. Também é possível dizer que os óbitos são 33% maiores entre fumantes. Pela diferença diz-se que 5% dos óbitos excedentes são devidos ao fumo. De forma geral Y: variável resposta X: variável explicativa ou de confusão Variável Y Variável X X1 X0 Total Y1 A C M1 Y0 B D m2 Total (%) n1 (100 n0 (100 n (100) r= incidência de Y1= m1/n r1= incidência de Y1|x1= a/n1 r0= incidência de Y1|x0= c/n0 ri= razão de incidências= r1/r0 di= diferença de incidências= r1-r0 incidência r1 r0 risco r1/r0 r1-r0 ri=rr=razão de riscos=risco relativo=r1/r0 di= ra= risco atribuível= r1-r0 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 53 Exemplo 23 Padrão de amamentação de crianças segundo episódios de doenças respiratórias. Padrão Um ou mais episódios Nenhum episódio Total Mamadeira e peito 207 238 445 Somente peito 34 72 106 Total 241 310 551 Fonte: Abramson JH e Abramson ZH. a) Calcule a incidência de um ou mais episódios de doenças respiratórias, dado que a criança se alimenta de mamadeira e peito. b) Calcule a incidência de um ou mais episódios de doenças respiratórias, dado que a criança se alimenta somente ao seio. c) Calcule a razão de incidências. d) Calcule a diferença de incidências. e) Discuta os resultados. Exemplo Investigação de toxinfecção alimentar Tomou sorvete de baunilha Sim Não Total Toxiinfecção Sim 43 3 46 Não 11 18 29 Total (%) 54 (100) 21 (100) 75 (100) Fonte:Epi Info, 2000. r= incidência global = taxa de ataque global= 46/75= 0,61 r1= incidência entre quem tomou sorvete= taxa de ataque1= 43/54= 0,80 r0= incidência entre quem não tomou sorvete= taxa de ataque0= 3/21= 0,14 rr= risco relativo= 43 3 43x 21 : = = 5,6 54 21 3x54 Odds ratio Odds e probabilidade Supor que durante um jogo de basquete um jogador acerta a cesta 2 vezes em 5 tentativas. Chamando p̂ ( p chapéu) de probabilidade de acerto tem-se que pˆ = dade de erro, qˆ = 2 = 0,4 ou 40% e a probabili5 3 = 0,6 ou 60%. 5 Considerando-se que a probabilidade de acerto ou de erro = p+q= 1; então qˆ = 1 − pˆ . Odds ratio FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 54 Define-se odds como a razão entre a probabilidade de acerto e a probabilidade de erro, ou seja, p . 1− p 2 p 2 x5 2 = 5 = = = 0,67 ou 0,67:1 (0,67 acertos No exemplo acima, o odds a favor de acerto é 1 − p 3 3 x5 3 5 para 1 erro). Estudo do tipo caso-controle Os dados a seguir são de um estudo sobre câncer de esôfago e consumo de álcool. Local X. Ano Y. Condição Consumo médio de álcool (g/dia) Total 80 e + 0-79 Casos 96 104 200 Controles 109 666 775 Total 205 770 975 Fonte: Tuyns et al.,1977. (entre expostos) odds a favor de casos entre consumidores de 80 e + g/dia: 96 109 96 : = = 0,88 205 205 109 (entre não expostos) odds a favor de casos entre consumidores de 0-79g/dia: 104 : 666 = 104 = 0,16 770 770 666 odds ratio: 96 104 96 x 666 : = = 5,6 109 666 109 x104 A força de morbidade de câncer de esôfago entre consumidores de 80 e + g/dias de bebida alcoólica é 5,6 a força de morbidade entre os que consomem de 0 a 79g/dia. Em casos especiais, o odds ratio pode ser um bom estimador do risco (quando a doença de estudo é rara). Odds ratio utilizando-se os dados de DIC. or=(208x1467)/850x265)=1,36. De forma geral Y: variável resposta X: variável explicativa ou de confusão Variável Y Variável X X1 X0 Total odds a favor de Y1: na categoria X1= na categoria X0= Y1 a c m1 Y0 B D m2 Total (%) n1 (100 n0 (100 n (100) (a/n1)÷(b/n1) (c/n0)÷(d/n0) a ad odds ratio: [(a/n1)÷(b/n1)]÷[(c/n0)÷(d/n0)]= b = c d bc FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 55 Exemplo 24 Distribuição de recém-nascidos segundo condição caso - com defeitos do tubo neural; controle – recém-nascidos que não tinham defeitos do tubo neural e dieta materna. Local X. Ano Y. Dieta Casos Controles Total N % n % n % Boa 34 13,9 43 35,0 77 21,0 Razoável 110 45,1 48 39,0 158 43,0 Pobre 100 41,0 32 26,0 132 36,0 Total 244 100 123 100 367 100 Fonte: X Considere a dieta boa como categoria de referência (basal) e calcule: a) O odds ratio de dieta razoável em relação a dieta boa. b) O odds ratio de dieta pobre em relação a boa. c) Interprete os resultados. QUI-QUADRADO DE PEARSON DUAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS Os exemplos são retirados de BUSSAB, Wilson de O; MORETTIN, Pedro A. Estatística básica. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004. X - curso universitário e Y – sexo do aluno Questão: sexo do indivíduo influi na escolha do curso? Situação 1 Curso Masculino n 24 16 40 Economia Administração Total Curso Economia Administração Total N 24 16 40 Masculino proporção 0,6 0,4 1 n 36 24 60 Feminino n 36 24 60 Feminino proporção 0,6 0,4 1 Total n 60 40 100 n 60 40 100 Total proporção 0,6 0,4 1 As proporções de escolha dos cursos não diferem segundo sexo do estudante Definição de independência: A – Ser do sexo masculino; B – Estar cursando economia. A e B são independentes se P(A e B) = P(A) x P(B). P(A e B) = Probabilidade (ser homem e estar cursando Economia) P(A e B) = 24 = 0,24 100 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 56 P(A) = Como 40 = 0,4 100 P(B) = 60 = 0,6 100 24 40 60 = x , então A e B são independentes e portanto não existe associação. 100 100 100 Situação 2 Curso Masculino n 100 (a) 40 (c) 140 Física Ciências Sociais Total Curso Física Ciências Sociais Total n 100 40 140 Masculino proporção 0,7 0,3 1 n 20 40 60 Feminino n 20 (b) 40 (d) 60 Feminino proporção 0,3 0,7 1 Total n 120 80 200 n 120 80 200 Total proporção 0,6 0,4 1 A distribuição de alunos em cada curso, segundo sexo não é a mesma, sexo e curso podem estar associados. Se a variável sexo não fosse associada à escolha do curso, quantos indivíduos espera-se em Física, entre os homens? Aplicar a proporção marginal utilizando o raciocínio da regra de três: 120 está para 200 assim como x estará para 140; ou seja: 120 x 120 x140 = e x= 200 140 200 Para os demais valores esperados observar os cálculos abaixo. Curso Sexo Física Masculino (a) Física Feminino (b) Ciências Sociais Masculino (c) Ciências Sociais Feminino (d) Valor Esperado sob a condição de independência 120 x140 = 84 200 120 x60 = 36 200 80 x140 = 56 200 80 x60 = 24 200 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 57 Tabela de frequências esperadas, sob a condição de independência. Curso Masculino n 84 56 140 Física Ciências Sociais Total Valores observados O Valores esperados E (O-E) 100 40 20 40 84 56 36 24 16 -16 -16 16 = Feminino n 36 24 60 (O-E)2 Total n 120 80 200 (O − E ) 2 E 256 3,048 256 4,571 256 7,11 256 10,667 Qui-quadrado=25,397 O Qui-quadrado é obtido somando-se a diferença ao quadrado entre as frequências observadas e as esperadas, dividido pelas frequências esperadas. (O − E ) 2 χ =∑ E 2 Se o Qui-quadrado for igual a zero, então não existe associação entre as variáveis. Exemplo: Distribuição de recém-nascidos acometidos de síndrome de desconforto idiopático grave segundo condição de sobrevivência e peso ao nascer (g). Peso ao nascer Baixo peso (<2500) Não baixo peso (2500 e mais) Total Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small Cálculo do qui-quadrado de Pearson Valores observados Valores esperados O E 24 3 13 10 19,98 7,02 17,02 5,98 Óbito 24 3 27 data sets. Sobrevida Total 13 37 10 13 23 50 Chapman&Hall, 1994. (O-E) (O-E)2 4,02 -4,02 -4,02 4,02 16,16 16,16 16,16 16,16 (O − E ) 2 E 0,809 2,302 0,949 2,702 Qui-quadrado=6,762 Tem-se ainda que: A incidência de óbitos entre crianças com baixo peso é 24 = 0,65 ou 65%; 37 a incidência de óbitos entre crianças sem baixo peso é 3 = 0,23 ou 23%; 13 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 58 24 e a razão de incidências é igual a 37 24 x13 . = = 2,81 3 13 3 x37 Portanto pode-se dizer que a incidência de óbitos parece maior entre as crianças que tiveram baixo peso ao nascer. O risco de óbito entre as crianças com baixo peso ao nascer é 2,8 o risco das crianças com peso ao nascer maior ou igual a 2.500g. O qui-quadrado é diferente de zero. Pode-se suspeitar da existência de associação entre as variáveis. Exemplo 25 A tabela abaixo apresenta dados de classificação de pessoas segundo doença isquêmica coronariana (DIC) e hábito de consumo de café, para uma coorte de 1718 homens com idade 40-55 anos. Distribuição de homens segundo presença de doença isquêmica coronariana (DIC) e consumo de café. Local X. Ano y. Condição Consumo médio de café Total Alto ( ≥ 100 xícaras/mês) Moderado (<100 xícaras/mês) Com DIC 38 39 77 Sem DIC 752 889 1641 Total 790 928 1718 Fonte: X. a) calcule a incidência de doença isquêmica coronariana entre as pessoas com alto consumo de café. b) calcule a incidência de doença isquêmica coronariana entre as pessoas com consumo moderado de café. c) calcule a razão de incidências. d) calcule a diferença de incidências. e) Interprete os resultados. f) Calcule o qui-quadrado de Pearson. EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S14 Com base nos dados da tabela calcule: a) a incidência de toxinfecção, dado que o indivíduo consumiu presunto cozido. b) a incidência de toiinfecção, dado que o indivíduo não consumiu presunto cozido. c) a razão de incidências. d) a diferença de incidências. e) discuta os resultados. Distribuição de indivíduos segundo ocorrência de toxiinfecção e consumo de presunto cozido. Local X. Ano Y Toxiinfecção Presunto cozido sim (taxa de ataque %) não Total Sim 29 (0,63) 17 46 Não 17 (0,59) 12 29 Total 46 (0,61) 29 75 RR 1,1 Fonte: Epi-Info 2000. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 59 Exercício S15 Os dados são de um estudo sobre consumo de pimenta e câncer gástrico, realizado Consumo de pimenta Casos Controles Sim 211 607 Não 9 145 Total 220 752 Fonte: X. a) calcule o odds a favor de casos entre pessoas que consomem pimenta. b) calcule o odds a favor de casos entre pessoas que não consomem pimenta. c) calcule a razão dos odds (odds ratio). d) calcule o qui-quadrado de Pearson. e) Discuta os resultados sobre possível associação entre as variáveis. no México. Ano Y. Total 818 154 972 Exercício S16 A tabela abaixo apresenta o número de crianças classificados segundo nível de retinol sérico e sexo. Calcule a prevalência de nível inadequado de retinol para crianças de cada um dos sexos. Calcule a razão de prevalências. Calcule o qui-quadrado. Interprete os resultados. Distribuição de crianças segundo sexo e nível de retinol sérico. Cansação, Bahia, 1992 Sexo Nível de retinol Aceitável Inadequado Total Masculino 50 40 90 Feminino 39 32 71 Total 89 72 161 Fonte: Prado MS et al. ,Revista de Saúde Pública, 29(4)295 – 300, 1995. Exercício S17 Os dados a seguir são de pesquisa que estuda a associação entre amamentação ao seio e Diabetes Mellitus tipo I . Local X. Ano Y. Amamentação ao Casos Controles Total seio Não 35 17 52 Sim 311 329 640 Total 346 346 692 Fonte: Gimeno SGA. Consumo de leite e o Diabetes Mellitus insulino-dependente:um estudo caso-controle. Tese de doutorado, 1996. Com base nos dados apresentados a) Calcule o odds ratio de casos entre expostos e não expostos. b) Calcule e apresente o qui-quadrado de Pearson. c) Os dados sugerem existência de associação entre as variáveis? Justifique. Noções de probabilidade e distribuição Bernoulli e distribuição binomial PROBABILIDADE (probability, chance, likelihood) • É uma afirmação numérica sobre a possibilidade de que algum evento ocorra. • Quantifica o grau de incerteza de eventos, variando de 0 (0%) a 1 (100%). • Um evento impossível de ocorrer tem probabilidade 0 (zero). • Um evento certo tem probabilidade 1 (um). • Quando se joga uma moeda, não se sabe se vai sair cara. Mas sabe-se que a probabilidade de sair cara é 0,5 = 50% = 1/2. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 60 • Dizer que a eficácia de uma vacina é de 70% corresponde a dizer que cada indivíduo vacinado tem probabilidade 0,7 de ficar imune. Probabilidade em espaços finitos contáveis Espaço amostral (S) • É o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento. • Supor o experimento lançar uma moeda: S= {cara, coroa} Há dois pontos neste espaço amostral, sendo um favorável ao evento A={cara}. Definição clássica de probabilidade P( A) = numero de elementos de A 1 = = 0,5 numero de elementos de S 2 Exemplo: probabilidade de (ouros) = 13 1 = 52 4 Probabilidade de eventos mutuamente excludentes • Diz-se que dois eventos são mutuamente excludentes (ou mutuamente exclusivos) quando não podem ocorrer simultaneamente. Exemplo: A = {cara} ; B= {coroa}, no lançamento de uma moeda; A = {carta com naipe vermelho}; B={carta com naipe preto}, na retirada de uma carta de baralho. Exemplo de eventos não mutuamente exclusivos A= {naipe vermelho} ; B = {ás} . • A probabilidade da ocorrência de um evento A ou de um evento B é: P(A ou B) = P(A υ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) Exemplo: P(naipe vermelho ou ás) = P(naipe vermelho) + P(ás) – P(naipe vermelho e ás) = (26/52) + (4/52) – (2/52) = 28/52 = 0,538. • A probabilidade da ocorrência simultânea de eventos mutuamente exclusivos é zero. P(cara e coroa) = P(cara ∩ coroa) = 0, no lançamento de uma moeda. • Se A e B forem mutuamente excludentes, P(A ∩ B) = 0 e P(A ou B) = P(A υ B) = P(A) + P(B) Exemplo: P(Face 2 ou Face 3) no lançamento de um dado P(2 ou 3)= P(2)+P(3)= 1/6 + 1/6 = 2/6 = 1/3. P(Resultado ímpar)= P(1 ou 3 ou 5)= P(1)+P(3)+P(5)= 3/6 = 1/2. Regra da adição: P(A ou B) = P(A υ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) Probabilidade de eventos independentes FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 61 • Os eventos A e B são independentes quando o resultado de um não influi no resultado do outro. Exemplo: no lançamento simultâneo de duas moedas, o resultado de uma não interfere no resultado da outra. • A probabilidade da ocorrência de eventos independentes é o produto das probabilidades de cada evento. P(A e B)= P(A ∩ B) = P(A) x P(B) • P(face 2 no primeiro dado e face 3 no segundo dado), no lançamento sequencial de dois dados = P(2 e 3) = P(2)xP(3)= 1/6 x 1/6= 1/36= 0,0278= 2,78%. Probabilidade condicional A probabilidade condicional do evento A dado que ocorreu o evento B é P( A | B ) = P ( A ∩ B) , para P( B) ≠ 0 P( B) Lê-se P(A|B) como probabilidade de A dado B. Exemplo: Probabilidade de rei dado que ocorreu figura: P(r|figura)= P(r e figura)/P(figura)= 4/52 ÷ 12/52= 4/12= 1/3 • Probabilidade de rei, dado que ocorreu copas: P(r|♥)= P(r e ♥)/P(♥)= 1/52÷13/52= 1/13 Regra da multiplicação P( A ∩ B) = P( A | B) xP( B) se A e B forem independentes, P(A|B) = P(A) e como consequência, P( A ∩ B) = P( A) xP( B) Exemplo Considerar uma população de homens que foram classificados segundo o hábito de fumar e doença respiratória crônica. Nesta população sabe-se que 5% dos homens têm doença respiratória e são não fumantes, 15% têm doença e são fumantes, 50% não têm doença e são não fumantes e 30% não têm a doença e são fumantes. Problema respiratório Não fumante S Não ( R ) Sim (R) Fumante S 0,5 = P( S R ) 0,05 = P( S R ) 0,30 = P( R S ) 0,15 = P(SR) 0,55 = P( S ) 0,45 = P(S) 0,80 = P( R ) 0,20 = P(R) Escolhe-se um homem ao acaso, qual a probabilidade dele ter doença respiratória dado que era fumante? P( R | S ) = P( R ∩ S ) = 0,15/0,45 = 0,33 P(S ) Os eventos não são independentes porque P ( S R ) ≠ P ( S ) xP ( R ) FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 62 Relação entre eventos mutuamente exclusivos e independentes: Os eventos mutuamente exclusivos A e B satisfazem a condição que P(A e B) = 0, então dois eventos mutuamente exclusivos A e B são não independentes a menos que P(A)=0 ou P(B)=0. Caso contrário, eles são claramente dependentes pois P(A)P(B)>0 se ambos P(A)>0 e P(B)>0, portanto P ( A ∩ B ) ≠ P ( A) P ( B ) porque P ( A ∩ B ) = 0 . Assim, dois eventos mutuamente exclusivos A e B são dependentes exceto nos casos onde P(A)=0 ou P(B)=0. Definição frequentista de probabilidade: n repetições do evento A; A ocorre m vezes, então a frequência relativa de Para n suficientemente grande, Quando n cresce, A= m n m m ≅ P ( A) ou seja, lim n →∞ = P( A) n n m tende a se estabilizar em torno de uma constante, P(A) n Variável aleatória discreta Variável aleatória é qualquer função de número real, definida no espaço amostral e existe associado a este número uma probabilidade de ocorrência. Exemplo: No lançamento de 1 moeda, o número de caras é uma variável aleatória. Se esta variável for denominada X, tem-se que os valores possíveis para X são 0 e 1. Assim escreve-se X:0,1. A probabilidade de cara é 0,5: P(cara)= 0,5= 1/2. No lançamento de 10 moedas, X:0, 1, 2,....,10; e a probabilidade de cara = 0,5. Sair cara é mutuamente exclusivo de sair coroa e um particular resultado de cada lançamento independe dos demais. É possível calcular a probabilidade da variável assumir cada valor x, ou seja, P(X=x). O conjunto de valores da variável aleatória e das probabilidades obtidas define uma distribuição de probabilidades. Se X assume valores inteiros, a variável é denominada discreta. Se X assume valores no conjunto dos números reais, a variável é denominada contínua. Distribuição de probabilidades Modelo de probabilidade Bernoulli Estrutura básica: duas possibilidades de resultado (sucesso e fracasso). Exemplo: Joga-se uma moeda uma vez. A moeda é equilibrada, ou seja, os lados possuem peso igual, não favorecendo nenhum dos lados, ao ser lançada. Define-se como sucesso sair cara. Define-se a variável aleatória X que assume valor 1 se ocorrer sucesso e 0 se ocorrer fracasso. X: 0,1 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 63 Parâmetro: probabilidade da variável assumir valor 1. Notação: π ou p. Se probabilidade de sucesso = p, a probabilidade de fracasso será igual a q=(1-p), porque p+q=1. Probabilidade de sair cara = P(X=1) = p(1) = p = 0,5. Probabilidade de sair coroa = P(X=0) = p(0) = q = 1-p = 0,5 Graficamente: 1 p(x) 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 1 x p=0,5 Exemplo: Uma droga cura 15% dos pacientes. Administra-se a droga a um paciente. Qual a probabilidade do paciente ficar curado? Qual a probabilidade do paciente não ficar curado? X: 0,1 (X será 0 se o paciente não se curar e 1 se houver cura) P(X=1) =p(1)=p= 0,15 ; P(X=0) =p(0)= q=0,85 1 p(x) 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 1 p=0,15 x Os exemplos pertencem a mesma família de distribuições, mas têm parâmetros diferentes. A distribuição de Bernoulli pode ser escrita como P(X=1) = p(1)=p e P(X=0) =p(0) =1-p; ou, de forma mais genérica: FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 64 Isto significa que p( x ) = p x (1 − p) 1− x , x=0,1 para x=0, p(0) = P(X = 0) = p 0 (1 − p)1−0 = 1 − p para x=1, p(1) = P(X = 1) = p1 (1 − p)1−1 = p Média de uma variável aleatória discreta: , µ = E (X) = ∑ xp( x ) x Na distribuição de Bernoulli: µ = E(X) = ∑ xp( x ) = 1p( x = 1) + 0p( x = 0) = p x Média da distribuição Bernoulli é p (probabilidade de ocorrer o sucesso) Variância de uma variável aleatória discreta: σ 2 = V(X ) = E[(X − µ) 2 ] = ∑ ( x − µ) 2 p( x ) x Desvio padrão: SD(X) = V (X) = σ Desvio padrão da distribuição Bernoulli é (0 − p) 2 .p( x = 0) + (1 − p) 2 .p( x = 1) = ( − p ) 2 .(1 − p ) + (1 − p ) 2 p = p (1 − p )[ p + (1 − p )] = pq Resumindo, Modelo de probabilidade Bernoulli Uma variável aleatória discreta X que pode assumir valores 0 e 1, com função de probabilidade dada x 1− x p ( x ) = p ( 1 − p ) por com x=0,1 segue uma distribuição Bernoulli com parâmetro p , 0<p<1. p é a probabilidade de obter o resultado X=1. Isto pode ser escrito como X~Bernoulli(p) com média p e desvio padrão p(1 − p) . O símbolo ~ lê-se “tem distribuição” ou se “distribui segundo”. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 65 Distribuição binomial: Soma de n distribuições Bernoulli População: 2 categorias Ex: sexo (masculino, feminino), faces de uma moeda (cara, coroa), desfecho de um tratamento (cura, não cura) Lançamento de uma moeda Cara (K) → probabilidade(K) = p Coroa (C) → probabilidade (C) = q p + q = 1⇒ q = 1 - p p = probabilidade de sucesso; q= probabilidade de fracasso. Realiza-se o experimento n vezes, onde cada ensaio é independente do outro e os resultados são mutuamente exclusivos. X: Número de vezes que sai cara. A moeda é lançada uma vez (n=1) → X: 0,1 X resultado P(X=x) 0 C P(X=0) = q 1 K P(X=1) = p X~Bernoulli(p) A moeda é lançada duas vezes (n=2) → X: 0,1,2 X resultado P(X=x) 0 C,C P(X=0) = q.q = 1 K,C ou C,K P(X=1) = p.q+q.p= 2 K,K P(X=2) = p.p= X~B(n=2, p) → A moeda é lançada três vezes (n=3) X: 0,1,2,3 X resultado P(X=x) 0 C,C,C P(X=0) = q.q.q = 1 2 3 K,C,C ou C,K,C ou C,C,K P(X=1) = p.q.q+q.p.q +q.q.p = K,K,C ou K,C,K ou C,K,K P(X=2) = p.p.q +p.q.p +q.p.p = K,K,K P(X=3) = p.p.p = q2 2.p.q p2 X~B(n=3, p) q3 3 p.q2 3 p2.q p3 Probabilidade (X=x) é calculada pelo produto de 3 fatores: 1o - número (combinação de n elementos combinados x a x); 2o - probabilidade de sucesso elevado a um expoente (valor de x); 3o - probabilidade de fracasso elevado a um expoente (valor de n-x). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 66 n n! P( X = x) = p x q n− x = p x q n− x x! (n − x)! x Resumindo Modelo de probabilidade Binomial Seja E um experimento com 2 resultados (mutuamente exclusivos): S (sucesso) e F (fracasso) p = probabilidade de ocorrência de S e q= probabilidade de ocorrência de F sendo que p+q=1. Se E for repetido n vezes, de forma independente, mantendo-se p e q, a probabilidade da variável aleatória X= número de vezes que S ocorre é dada por P( X = x ) = n! p x q n− x x !(n − x )! X~B(n,p) onde n e p são os parâmetros da npq distribuição; a média = m = n.p, a variância = n.p.q e o desvio padrão = Exemplo Lançamento de moedas. • n= número de ensaios (nº de lançamentos)= 10; • X= variável aleatória (nº de caras); • x= resultado particular de X (0, 1, 2, ...,10); • p= probabilidade de ocorrer cara (sucesso); p=P(cara)= 0,5. n P( X = x) = p x (1 − p ) n − x x Distribuição de probabilidade B(n=10; p=0,5) X= nº de caras 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P(X=x) 0,0010 0,0098 0,0439 0,1172 0,2051 0,2461 0,2051 0,1172 0,0439 0,0098 0,0010 1 0,30 p(X=x) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0 1 2 3 5 4 5 6 7 8 9 X Média = np = 10x0,5 = 5. Variância = npq = 2,5. Desvio padrão = npq = 10 x 0,5 x 0,5 = 2,5 = 1,58 . FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 67 10 Se estivermos trabalhando com a proporção de sucessos, Média = n Variância = X n : p = p = 0,5 n n p q pq x = n n n npq Desvio padrão = n = 0,025 npq = n2 = pq n = 0,158 Exemplo 26 Um programa de incentivo à amamentação exclusiva ao seio nos primeiros 3 meses está sendo executado em um hospital universitário. Verificou-se que a eficácia do programa era de π= 60%. Para uma amostra de 20 mães que deram à luz neste hospital, a distribuição de probabilidade da variável aleatória número de mães amamentando exclusivamente ao seio é a seguinte: X= nº de mães amamentando 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 P(X=x|p=0,6) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,005 0,015 0,035 0,071 0,117 0,160 0,180 0,166 0,124 0,075 0,035 0,012 0,003 0,000 0,000 0,20 p(X=x) 0,18 0,16 0,14 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 X Calcule a média, a variância e o desvio-padrão. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 68 Exemplo 27 Uma suspensão contendo organismos de Leishmania é preparada e quando uma determinada quantidade é inoculada em ratos, 30% deles se tornam infectados. Se 3 ratos forem inoculados independentemente, qual a probabilidade de: a) Nenhum rato ficar infectado? 3 0 3! 3 3 P(X=0) = (0,3) (0,7) = (0,7) = 1x0,343 = 0,343 = 34,3% 0!(3 − 0)! 0 b) Um rato ficar infectado? 3 1 P(X=1) = (0,3) (0,7) 1 3 −1 = 3! 3 x 2 x1 (0,3) 1 (0,7) 3−1 = 0,3 x0,49 = 0,441 = 44,1% 1! (3 − 1)! 1x 2 x1 c) Dois ratos ficarem infectado? 3 3! 3 x 2 x1 P(X=2) = (0,3) 2 (0,7) 3− 2 = (0,3) 2 (0,7) 3− 2 = 0,09 x0,7 = 0,189 = 18,9% 2 2 ! ( 3 − 2 )! 2 x1x1 d) Todos os ratos ficarem infectados? 3 3 P(X=3) = (0,3) (0,7) 3 3− 3 = 3! 3 x 2 x1 (0,3) 3 (0,7) 0 = 0,027 x1 = 0,027 = 2,7% 3! (3 − 3)! 3 x 2 x1x1 e) Pelo menos 2 fiquem infectados? f) No máximo 1 fique infectado? Exemplo 28 Uma indústria de alimentos está realizando testes com um bolo que será comercializado. Durante a prova do bolo, 20% das pessoas selecionadas para tal tarefa acharam o sabor muito doce. Supondo que 5 pessoas provarão o bolo novamente, qual a probabilidade de: a) Nenhuma pessoa achar o bolo muito doce? b) Todos acharem o bolo muito doce ? c) Pelo menos 4 pessoas acharem o bolo muito doce? d) No máximo 2 pessoas acharem o bolo muito doce? EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S18 Supor um teste com questões com 5 respostas de múltipla escolha com somente uma alternativa correta. a) Se o aluno escolher uma ao acaso ("chute"), qual a probabilidade dele escolher a resposta certa? b) Supondo que o teste tenha 20 questões; definindo-se a variável aleatória T: número de questões certas, qual é a distribuição de probabilidade da variável T? c) Calcular a probabilidade de um aluno acertar, no chute, 3 questões. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 69 d) Se o escore mínimo para passar é 10, qual a probabilidade de um aluno passar no teste, somente chutando? e) Qual o número médio de acertos esperado se o aluno somente chutar as respostas? Exercício S19 Certa doença tem letalidade de 70%. Supondo-se que existam 20 pacientes com esta doença, calcular: a) a probabilidade de que todos morram da doença. b) a probabilidade de que nenhum paciente morra da doença. c) a probabilidade de que 7 pacientes morram da doença. d) a probabilidade de que, no máximo, 10 pacientes morram da doença. e) a probabilidade de que, no mínimo, 5 pacientes sobrevivam. f) o número esperado de óbitos e o respectivo desvio padrão. Exercício S20 Em uma grande população, 20% das pessoas são canhotas. Assumindo que a variável X: número de pessoas canhotas segue uma distribuição Binomial, e sorteando-se uma amostra aleatória de 10 pessoas, encontre a probabilidade de: a) b) c) d) encontrar encontrar encontrar encontrar 2 pessoas canhotas . pelo menos 2 pessoas canhotas. no máximo 1 pessoa canhota. de 1 a 4 pessoas canhotas. Exercício S21 Um caso de esquistossomíase é identificado pela detecção de ovo de xistossoma em amostra de fezes. Em pacientes com infecção baixa, uma técnica de exame de fezes tem probabilidade de 0,4 de detectar ovo. Se 5 amostras são examinadas para cada paciente, qual a probabilidade de um paciente com baixa infecção não ser identificado? Exercício S22 Supor que 20% de certa população tem sangue tipo B. Para uma amostra de tamanho 18, retirada desta população, calcule a probabilidade de que sejam encontradas: a) 3 pessoas com sangue tipo B. b) 3 ou mais pessoas com sangue tipo B. c) no máximo 3 pessoas com sangue tipo B. Exercício S23 A probabilidade que uma pessoa que sofre de enxaqueca obter alívio utilizando certo medicamento é de 0,9. São selecionados 5 pacientes que sofrem de enxaqueca e recebem o medicamento. Quanto ao número de pessoas que vai ter alívio, encontre a probabilidade de: a) nenhuma pessoa ter alívio. b) mais do que uma pessoa tenha alívio. c) três ou mais pessoas tenha alívio. d) no máximo duas pessoas tenham alívio. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 70 Distribuição normal ou de Gauss; distribuição amostral da média Os dados abaixo são medidas do tórax (polegadas) de 5732 soldados escoceses, tomadas pelo matemático belga, Adolphe Quetelet (1796-1874). medidas | Freq, Percent Cum, ------------+----------------------------------33 | 3 0,05 0,05 34 | 19 0,33 0,38 35 | 81 1,41 1,80 36 | 189 3,30 5,09 37 | 409 7,14 12,23 38 | 753 13,14 25,37 39 | 1062 18,53 43,89 40 | 1082 18,88 62,77 41 | 935 16,31 79,08 42 | 646 11,27 90,35 43 | 313 5,46 95,81 44 | 168 2,93 98,74 45 | 50 0,87 99,62 46 | 18 0,31 99,93 47 | 3 0,05 99,98 48 | 1 0,02 100,00 ------------+----------------------------------Total | 5732 100,00 Distribuição de medidas do tórax (polegadas) de soldados escoceses. 1000 Frequency 800 600 400 200 0 33 34 35 36 37 38 39 40 41 medidas 42 43 44 45 46 47 48 Fonte: Daly F et al. Elements of Statistics, 1999. Função densidade de probabilidade da distribuição normal: Se a variável aleatória X é normalmente distribuída com média µ e desvio padrão σ (variância σ 2 ), a função densidade de probabilidade de FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 71 f ( x) = X é dada por 1 σ 2π [− e ( x − µ )2 2σ 2 ] , − ∞ < x < +∞ ; onde π : constante ≅ 3,1416; e: constante ≅ 2,718 µ : constante (média aritmética da população) σ : constante (desvio padrão populacional) Propriedades: • − ∞ < X < +∞ ; é simétrica em torno da média m (ou µ ); • a média e a mediana são coincidentes; • • • campo de variação : a área total sob a curva é igual a 1 ou 100%; a área sob a curva pode ser entendida como medida de probabilidade. µ ± 1σ inclui 68,2% das observações µ ± 1,96σ inclui 95,0% das observações µ ± 2,58σ inclui 99,0% das observações Exemplo: Depois de tomarmos várias amostras, decidiu-se adotar um modelo para as medidas de perímetro do tórax de uma população de homens adultos com os parâmetros: média ( vio padrão ( µ ) = 40 polegadas e des- σ ) = 2 polegadas. 40 43 X Qual a probabilidade de um indivíduo, sorteado desta população, ter um perímetro de tórax entre 40 e 43 polegadas? 43 P ( 40 ≤ X ≤ 43) = 1 ∫40 2 2π e [− ( x − 40 ) 2 ] 2x4 dx Quantos desvio padrão 43 está em torno da média? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 72 Normal reduzida: Z ~ N (0;1) onde Z = P ( 40 ≤ X ≤ 43) = P ( x-µ σ 40 − 40 X − µ 43 − 40 ≤ ≤ ) = P (0 ≤ Z ≤ 1,5) 2 σ 2 0 1,5 Z Utilizando a tabela da curva normal reduzida, P(0 ≤ Z ≤ 1,5) = 0,43319 =43,3% Exemplo 29: Com base na distribuição de X~N( µ =40, σ =2), calcular: a) a probabilidade de um indivíduo, sorteado desta população, ter um perímetro de tórax maior ou igual a 43 polegadas. 40 43 P ( X ≥ 43 ) = P ( X − µ σ ≥ 0 43 1,5 X − 40 ) = P (Z 2 ≥ 1 ,5 ) Z Utilizando a tabela da curva normal reduzida, P( Z ≥ 1,5) = 0,5-0,43319=0,06681= 6,7%. b) a probabilidade de um indivíduo, sorteado desta população, ter um perímetro de tórax entre 35 e 40 polegadas. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 73 c) a probabilidade de um indivíduo, sorteado desta população, ter um perímetro de tórax menor que 35. d) Qual o valor do perímetro do tórax, que seria ultrapassado por 25% da população? Exemplo 30 Considerar a altura de 351 mulheres idosas como seguindo uma distribuição normal com média 160cm e desvio padrão 6 cm. Sorteia-se uma mulher; qual a probabilidade de que ela tenha: a) altura entre 160 cm e 165 cm? b) altura menor do que 145 cm? c) Altura maior do que 170 cm? Distribuição amostral da média Supor a situação onde uma população é composta por 6 elementos, para os quais observou-se a característica X, cujos valores estão apresentados abaixo. elementos A B C D E F Fonte: Dixon WJ e Massey FJ. Introduction to Statistical Analysis. York, 1957. Xi 11 16 12 15 16 14 2nd edit. The Maple Press Company, Média populacional ( µ ) = 14; Variância populacional ( σ 2 ) = 3,667; Desvio padrão populacional ( Parâmetros População Média ( µ ) Variância ( σ Desvio padrão ( 2 ) σ) σ ) = 1,9149. valor Estimador amostra 14 x Valor (estimativa) Par(A,D)=(11,15) 13 3,67 S2 8 1,91 S 2,828 Todas as possíveis amostras de tamanho 2, determinadas pelo processo de amostragem aleatório, com reposição (N=6, n=2): Amostra Elementos que compõem a amostra valores Média( 1 2 3 4 5 6 A,A A,B A,C A,D A,E A,F (11,11) (11,16) (11,12) (11,15) (11,16) (11,14) FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig xi ) 11 13,5 11,5 13 13,5 12,5 74 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 B,A B,B B,C B,D B,E B,F C,A CB CC C,D C,E C,F D,A D,B D,C D,D D,E D,F E,A E,B E,C E,D E,E E,F F,A F,B F,C F,D F,E F,F (16,11) (16,16) (16,12) (16,15) (16,16) (16,14) (12,11) (12,16) (12,12) (12,15) (12,16) (12,14) (15,11) (15,16) (15,12) (15,15) (15,16) (15,14) (16,11) (16,16) (16,12) (16,15) (16,16) (16,14) (14,11) (14,16) (14,12) (14,15) (14,16) (14,14) 13,5 16 14 15,5 16 15 11,5 14 12 13,5 14 13 13 15,5 13,5 15 15,5 14,5 13,5 16 14 15,5 16 15 12,5 15 13 14,5 15 14 Distribuição de frequência de todas as possíveis médias: Distribuição amostral da média xi frequência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total 11 11,5 12 12,5 13 13,5 14 14,5 15 15,5 16 1 2 1 2 4 6 5 2 5 4 4 36 8 6 Frequency i 4 2 0 10 10.65 11.3 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 11.95 12.6 13.25 medias 13.9 14.55 15.2 15.85 75 11 ∑x Média das médias (x ) = i fi i =1 = 14 n 11 ∑ (x Variância das médias σ x2 = i − x)2 fi i =1 n = 1,833 ; Desvio padrão das médias = erro padrão da média = Erro padrão da média = σ x = σ x2 1,833 = 1,354 . Teorema central do limite: X é variável aleatória com média X ~ N (µ , σ ; µ e variância σ2, então ) n No exemplo, X ~ N ( µ = 14, σ = 1,915 ) , portanto X ~ N ( µ x = 14, σ x = 1,915 2 = 1,354) . Exemplo: Os valores de ácido úrico em homens adultos sadios seguem distribuição aproximadamente Normal com média 5,7mg% e desvio padrão 1mg%. Encontre a probabilidade de que uma amostra aleatória de tamanho 9, sorteada desta população, tenha média a) maior do que 6 mg%. b) menor do que 5,2 mg%. X~N( µ =5,7; σ = 1) a) P( X ≥ 6) = P ( Z X ≥ b) P( X ≤ 5,2) = P(Z X ≤ 6 − 5,7 ) = P( Z X ≥ 0,91) = 0,5 − 0,31859 = 0,18141. 1 9 5,2 − 5,7 ) = P(Z X ≤ −1,52) = 0,5 − 0,43574 = 0,064 . 1 9 Exemplo 31 Suponha que o peso em gramas do conteúdo de pacotes de salgadinho siga uma distribuição normal com média 500g e desvio padrão 85g. Sorteia-se uma amostra de 50 pacotes. Calcule: a) a probabilidade de obter peso médio entre 500 e 530 gramas. b) a probabilidade de obter peso médio entre 450 e 500 gramas. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 76 Aproximação da distribuição Binomial pela Normal Representação gráfica da distribuição Binomial(n=10;p=0,5). 0,30 P(X=x) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X Aproximação da Binomial(n=10,p=0,5) pela distribuição normal. 0,30 P(x1 <X<x2) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X Supor X~B(n,p), onde X:número de sucessos; Parâmetros da distribuição: p (probabilidade de sucessos); n (número de realizações); Binomial possui média=np; variância =npq e desvio padrão = npq . Para n suficientemente grande (np ≥ 5 e nq ≥ 5), a variável X pode ser aproximada para uma distribui- npq ) ção Normal(média=np, e desvio padrão= Supor a proporção de sucessos dada por Média de X n X =p n e desvio padrão de X pq = n n porque: média de X X 1 1 = E( ) = E(X) = np = p ; n n n n FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 77 variância de X X 1 1 pq = V( ) = 2 V(X) = 2 npq = n n n n n desvio padrão de X X pq = V( ) = n n n ; . Para n suficientemente grande (np ≥ 5 e nq ≥ 5), a distribuição de distribuição Normal(média=p, e desvio padrão= pq n X n pode ser aproximada para a ). Exemplo: Y: número de sucessos; Y~B(n=10; p=0,5) P(3 ≤ Y < 6) =P(Y=3)+P(Y=4)+P(Y=5)=0,11719+0,20508+0,24609=0,5684. Pela distribuição normal: Y~N(np=5; dp= P(3 ≤ Y < 6) =P( 10 x 0,5 x 0,5 = 1,581 ) 2,5 − 5 Y − 5 5,5 − 5 ≤ < )= 1,581 npq 1,581 P( −1,581 ≤ Z Y < 0,316) =0,44295+0,12552=0,5685. Trabalhando-se com a proporção de sucessos: Y : proporção de sucessos n Pela distribuição Binomial: P(0,3 ≤ Y < 0,6) = P(3 ≤ Y < 6) = 0,11719 + 0,20508 + 0,24609 = 0,5684 n Pela distribuição normal: pq 0,5x 0,5 Y ~N(p=0,5; dp= = = 0,1581 ) n 10 n P(3 ≤ Y < 6) =P( 0,25 − 0,5 ≤ 0,1581 Y − 0,5 0,55 − 0,5 )= n < 0,1581 pq n P( −1,581 ≤ Z Y < 0,316) =0,44295+0,12552 = 0,5685 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 78 EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S24 Suponha que o peso de açúcar em pacotes seja anunciado como sendo 2Kg (2000g). Suponha que o peso (X) segue uma distribuição normal com média e desvio padrão em gramas dado por N( µ = 2003; σ = 1 ). Qual a probabilidade de sortear um pacote com peso abaixo do anunciado? Exercício S25 Suponha que o tempo médio de permanência em um hospital para pacientes com determinada doença é de 60 dias com desvio padrão de 15 dias. Supor que o tempo de permanência segue uma distribuição aproximadamente normal. Se for sorteado 1 paciente desta população, calcule a probabilidade de que seu tempo de permanência será a) maior que 50 dias. b) menor que 30 dias. c) entre 40 e 70 dias. d) maior do que 75 dias. Exercício S26 Supor que a idade para o aparecimento de certa doença possui distribuição aproximadamente normal com média 11,5 anos e desvio padrão 3 anos. Uma criança apresentou esta doença. Calcule a probabilidade de que a criança tenha idade entre 8,5 e 14,5 anos. a) b) acima de 10 anos. c) abaixo de 12 anos. Exercício S27 Supor que a pressão média diastólica de certa população em certo grupo de idade é igual a 78mmHg com desvio padrão 9mmHg. Calcule a probabilidade de que em uma amostra de tamanho 16, a média seja maior que 81mmgHg. Exercício S28 Seja X a variável estatura de homens adultos, assuma que X segue uma distribuição normal com média µ = 172 cm e desvio padrão σ = 7,6 cm. Supor que uma amostra de tamanho n= 25 é retirada desta população. a) Qual é a distribuição da média amostral X e qual é a média e o desvio padrão desta distribuição? b) Calcule a probabilidade que a média amostral seja menor que a média populacional em 2,5 cm. A família de distribuições t de Student Student é o pseudônimo de W. S. Gosset que, em 1908, propôs a distribuição t. Esta distribuição é muito parecida com a distribuição normal. A família de distribuições t é centrada no zero e possui formato em sino. A curva não é tão alta quanto a curva da distribuição normal e as caudas da distribuição t são mais altas que as da distribuição normal. O parâmetro que determina a altura e largura da distribuição t depende do tamanho da amostra (n) e é denominado graus de liberdade (gl), denotado pela letra grega ( ν ) (lê-se ni). A notação da distribuição t é tν . Curvas t para graus de liberdade (tamanhos de amostra) diferentes. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 79 Quando o número de graus de liberdade da distribuição t aumenta, a distribuição se aproxima de uma distribuição normal. Esta família t não descreve o que acontece na natureza mas sim o que aconteceria se selecionássemos milhares de amostras aleatórias de uma população normal com média t= X −µ s µ e fosse calculado para cada amostra. n Calculando o valor de t para 500 amostras de tamanho 6 de uma população com distribuição normal, obtém-se o gráfico a seguir: FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 80 Estimação de parâmetros populacionais Estimação por ponto X é uma característica que na população possui distribuição normal com média (desvio padrão µ e variância σ2 σ ). Seja X1, X2, X3, ...Xn uma amostra aleatória de tamanho n extraída desta população. Os parâmetros µ eσ2 podem ser estimados com base na amostra. Se o estimador for um único valor, a estimação é chamada de estimação por ponto. Se o estimador for um conjunto de valores, a estimação é chamada de estimação por intervalo. Estimação por ponto Média aritmética N Populacional Parâmetro µ estimador : X = ∑ Xi i =1 N Variância N ∑(X Populacional Parâmetro σ 2 S (2N ) = i − X )2 i =1 estimador : N ∑(X S (2N −1) = ou N i − X )2 i =1 N −1 Atenção: Antes dos dados serem coletados, os estimadores são variáveis aleatórias. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 81 Estimação por intervalo Intervalo de confiança: É um conjunto de valores calculados com base na amostra. Pressupõe-se que cubra o parâmetro de interesse com um certo grau (nível) de confiança. O grau de confiança tem origem na probabilidade associada ao processo de construção do intervalo antes de se obter o resultado amostral. O grau de confiança mais comumente utilizado é o de 95%. Seria impossível construir um intervalo de 100% de confiança a menos que se medisse toda a população. Na maioria das aplicações não sabemos se um intervalo de confiança específico cobre o verdadeiro valor. Só podemos aplicar o conceito frequentista de probabilidade e dizer que se realizarmos a amostragem infinitas vezes e construirmos intervalos de confiança de 95%, em 95% das vezes os intervalos de confiança estarão corretos (cobrirão o parâmetro) e 5% das vezes estarão errados. Exemplos de intervalo de confiança: IMC médio, desvio padrão (dp) e IC de 95% segundo sexo e idade (anos). Duas escolas públicas de São Paulo, 2004. Sexo(1) Idade (anos)(2) 7 8 9 10 IMC (kg/m2) médio e desvio padrão (dp) (IC 95%) Masculino 16,8 (2,5) 17,9 (4,0) 17,3 (3,1) 18,9 (4,0) (16,2 – 17,4) (17,0 – 18,9) (16,5 – 18,1) (17,9 – 19,8) Feminino 16,4 (2,30) 16,9 (2,9) 17,4 (3,3) 18,7 (3,1) (15,9 – 17,0) (16,2 – 17,6) (16,6 – 18,2) (17,9 – 19,5) Total 16,6 (2,4) 17,4 (3,5) 18,7 (3,2) (16,2 – 17,0) (16,8 – 18,0) (17,9 – 19,5) (1) Masculino (n=281), Feminino (n=275); (2) 7 anos (n=151); 8 anos (n=138); 9 anos (n=126); 10 anos (n=141) Fonte: Claudia Regina Koga. Dissertação de Mestrado (dados preliminares) 18,8 (3,7) (18,2 – 19,4) IC para a proporção populacional “Os dados de composição corporal obtidos pela utilização da BIA, classificados em duas categorias: sem risco de doença cardiovascular e com risco de DCV, resultaram em prevalência de risco de DCV igual a 42,3% (IC95%: 38,1 - 46,5%).” FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 82 R ep r es en t a çã o g rá f i ca A linha vertical representa o parâmetro populacional. O gráfico foi gerado via programa de computador. São apresentados 50 intervalos de confiança para amostras de tamanho n=20. As linhas horizontais representam os intervalos de confiança. Se o intervalo de confiança não contiver o parâmetro, a linha horizontal não cruzará a linha vertical. A linha vertical é o parâmetro. No exemplo, 3 intervalos não cobrem ("capturam") o parâmetro. Apresentação gráfica do efeito do tamanho da amostra: Para amostras menores (n=5), as larguras dos intervalos são maiores a proporção de intervalos que "capturam" o parâmetro é parecida com a anterior (para n=20). Portanto, o tamanho da amostra não interfere na proporção de “captura” do parâmetro mas sim na precisão do estimador. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 83 Efeito do grau de confiança Para n=20 e α =0,25, obtém-se intervalos com os apresentados a seguir: α Os intervalos são mais estreitos do que para n=20 e =0,05. Uma porcentagem bem maior não contém o parâmetro. Isto é o que 75% de confiança significa. Do total de todas as possíveis amostras, 75% delas resultará em intervalos de confiança que contêm o verdadeiro valor do parâmetro. Interpretando Intervalos de Confiança (IC) Um intervalo de confiança para um parâmetro é um intervalo de valores no qual pode-se depositar uma confiança que o intervalo cobre (contém) o valor do parâmetro. Por exemplo, se com base em uma amostra encontrarmos que o intervalo (3200 ; 3550) é um intervalo de 95% de confiança para a média ( µ ) da população de valores do peso médio ao nascer de recém-nascidos no Município de São Paulo, então podemos estar 95% confiantes que o conjunto de valores 3220 – 3500 gramas cobre (contém) o verdadeiro peso médio ao nascer da população. Pode-se também pensar no IC a partir da seleção de milhares de amostras de uma população. Para cada amostra calcula-se um intervalo de confiança com grau de confiança 100(1- α )%, para um parâmetro da população. A porcentagem de intervalos que contém o verdadeiro valor do parâmetro é 100(1- α ). Para α =0,05, o grau de confiança será igual a 100(1-0,05)% = 100(0,95)% = 95%. Na prática, tomamos somente uma amostra e obtemos somente um intervalo. Mas sabemos que 100(1- α )% de todas as amostras tem um intervalo de confiança contendo o verdadeiro valor do parâmetro, portanto depositamos uma confiança 100(1- α )% que o particular intervalo contém o verdadeiro valor do parâmetro. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 84 Amplitude do intervalo Para um grau de confiança especificado (por exemplo, 95%), desejamos o intervalo tão pequeno quanto possível. Ex: o intervalo de confiança de 95% para o peso médio ao nascer (gramas) de recém-nascidos no Município de São Paulo de (2500, 4000) traz pouca informação prática porque sabe-se, da experiência, que a média populacional está neste intervalo. Deseja-se um intervalo com amplitude de poucas gramas. É o tamanho da amostra que determina a amplitude do intervalo. Quanto maior a amostra, menor será o intervalo. Fórmulas para construção dos intervalos de confiança: As fórmulas dos intervalos de confiança são derivadas da distribuição amostral da estatística; Construção do intervalo de confiança para a média populacional µ; Pressuposição: A amostra deve ser obtida de forma aleatória; É necessário utilizar as propriedades do teorema central do limite : X ~ N (µ, σ) ; X ~ N ( µ , Padronizando-se a média σ n ) , obtém-se Z = X − µ ~ N (0,1) , que permite calcular X σ n P(− z ≤ X −µ σ ≤ z) = 1 − α . n Para α = 5% , P(−1,96 ≤ X −µ σ ≤ +1,96) = 0,95 n P(−1,96 σ n P(− X − 1,96 ≤ X − µ ≤ +1,96 σ n σ n ≤ − µ ≤ − X + 1,96 ) = 0,95 σ n ) = 0,95 Multiplicando tudo por -1 P( X + 1,96 σ n ≥ µ ≥ X − 1,96 σ n ) = 0,95 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 85 Reescrevendo a equação tem-se P( X − 1,96 σ n ≤ µ ≤ X + 1,96 σ n ) = 0,95 Obtém-se um intervalo aleatório centrado na média amostral o qual possui 95% de probabilidade de conter a verdadeira média populacional. O parâmetro será estimado por um conjunto de valores provenientes de uma amostra. Quando isto é feito, a x − 1,96 média σ n é estimada ≤ µ ≤ x + 1,96 por um determinado valor ( Xˆ = x ), e o intervalo σ n deixa de ser uma variável aleatória. Este intervalo cobre (contém) ou não cobre (não contém) a verdadeira média (parâmetro). Diz-se então que a confiança que se deposita neste intervalo é de 95% porque antes de coletar a amostra de tamanho n, existia, associada a ele, uma probabilidade de 95% de que contivesse a média populacional. Por isso chama-se intervalo de confiança para a média populacional. IC(95%) : ( x − 1,96 σ σ ; x + 1,96 ) n n Intervalo de confiança para a média populacional com variância populacional conhecida Pressuposição: A amostra deve ser obtida de forma aleatória. Estatística: média populacional - µ. IC(µ) = x − zα / 2. σx n ; x +zα / 2. σx n Exemplo: Construa um intervalo de 95% de confiança para estimar a pressão diastólica média populacional ( µ ), sabendo que em uma amostra de 36 adultos a pressão média amostral ( x ) foi igual a 85mmHg e o desvio padrão populacional ( σ ) foi 9 mm de Hg. Interprete o significado desse intervalo Solução: 85 − 1,96 9 9 ;85 + 1,96 , ou seja, (82,06; 87,94mmHg) 36 36 Exemplo 32 Em uma amostra de 16 gestantes com diagnóstico clínico de pré-eclâmpsia, a taxa média de ácido úrico no plasma foi de 5,3 mg sabendo que a variabilidade na população é igual a 0,6 mg. Estime, com 95% de confiança, a taxa média de ácido úrico no plasma da população de gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 86 Intervalo de confiança para a média populacional com variância populacional desconhecida IC(µ) : x −tn−1,α 2. Sx S ; x +tn−1,α 2. x n n Exemplo: Construa um intervalo de 95% de confiança para estimar a pressão diastólica média populacional ( µ ), sabendo que em uma amostra de 36 adultos a pressão média amostral ( x ) foi igual a 85mmHg e o desvio padrão amostral (s) foi 12 mm Hg. Interprete o significado desse intervalo. 85 − 2,03 12 36 ;85 + 2,03 12 36 , ou seja, (80,94; 89,06 mmHg) Exemplo 33 Uma amostra de 25 adolescentes meninos apresenta peso médio de 56 kg e desvio padrão 8 kg. a) encontre o intervalo de confiança de 95% para o peso médio da população da qual esta amostra foi sorteada. b) interprete o intervalo de confiança encontrado. Intervalo de confiança aproximado pela Normal para a proporção populacional ( π ) Pressuposições: 1- np e nq≥5 2- a amostra deve ser obtida de forma aleatória Seja X uma variável aleatória que segue uma distribuição binomial, X~ B(n,p). A proporção de sucessos populacional π é desconhecido. Seu estimador por ponto é Para n grande, p ~ N ( µ = p, σ = Com intervalo de confiança para IC(π ) : pˆ − zα / 2 . π p= X n pq ). n dado por pˆ qˆ pˆ qˆ ; pˆ +zα / 2 . n n , com p̂ e q̂ estimados na amostra onde pˆ = x e n qˆ = 1 − pˆ e x é o número de sucessos observado na amostra de tamanho n. Exemplo: Supor que em uma amostra de 200 casais encontrou-se 10 casais onde a esposa era mais alta que o marido. Construir o intervalo de confiança de 95% para a proporção de casais na população ( π ) onde as esposas são mais altas que seus maridos. pˆ = 10 = 0,05 ; qˆ = 1 − pˆ = 0,95 200 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 87 IC(95%,π ) : 0,05−1,96 0,05x0,95 0,05x0,95 ;0,05+1,96 200 200 IC(95%, p): (2,0% ; 8,0% casais) Se for de interesse estimar por intervalo o número esperado de sucessos na população ( Xˆ = pˆ N onde N é tamanho da população) pode-se utilizar os valores obtidos no IC para a proporção populacional. IC95% para o número esperado de sucessos na população: (N x p̂ i ; N x p̂ s ) onde p̂ i é a proporção p̂ s é a proporção de sucessos estimada pelo limite de sucessos estimada pelo limite inferior do IC e superior do IC. Para uma população de 1000 casais, obtém-se: (1000 x 0,02 ; 1000 x 0,08), ou seja, (20 ; 80 casais) Exemplo 34 Em uma pesquisa sobre saúde bucal na Inglaterra observou-se que de uma amostra de 262 mulheres com idade entre 25 e 34 anos, 7,6% não tinham dentes. Calcule o intervalo de confiança de 95% para a proporção de mulheres inglesas naquela faixa etária, que não possuem dentes. Resumo: Intervalo de Confiança Média populacional: µ Com variância conhecida Com variância σ2: σ2 x − Zα / 2 n ; x + Zα / 2 σ 2 desconhecida: x − t α / 2 ,ν σ2 n s s , x + tα / 2,ν ;ν = n − 1 n n Proporção populacional (p) Intervalo aproximado: pˆ − Zα / 2 onde p̂ npˆ , npˆ (1 − pˆ ) ≥ 5 pˆ (1 − pˆ ) n ; pˆ + Zα / 2 pˆ (1 − pˆ ) n é a proporção de sucessos na amostra. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 88 EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S29 São apresentadas medidas de pressão arterial sistólica de uma amostra de 20 pacientes. a) Construa o intervalo de confiança de 90% para a pressão sistólica média populacional. b) Interprete o intervalo de confiança encontrado. 98 160 136 125 128 129 130 132 114 154 123 115 134 126 128 132 107 136 123 130 Valores de média e desvio padrão das observações: Média ( x ) 128 Desvio padrão (Sn-1) 13,91 Exercício S30 Em uma pesquisa sobre propriedades teratogênicas de uma droga, 85 camundongos fêmeas grávidas que não foram expostas a droga foram observadas. Do total de 85 ninhadas, 12 tiveram pelo menos 1 filhote com malformação. a) Apresente o intervalo de confiança de 95% para a verdadeira proporção de malformação na população de camundongos de onde os 85 que participaram do estudo foram provenientes. b) Interprete o intervalo de confiança encontrado. Exercício S31 Os dados a seguir são provenientes do grupo Western Collaborative Group Study, criado na Califórnia em 1960-61. Tipo A: nível de colesterol 233 291 312 254 276 234 Tipo B: nível de colesterol 344 185 263 226 175 242 Medidas(mg/100ml) Média Variância (n-1) Desvio padrão (n-1) 250 181 246 252 246 248 224 153 Tipo A 245,05 1342,37 36,64 197 252 212 183 268 202 188 137 224 218 250 202 239 212 148 194 239 325 169 213 Tipo B 210,3 2336,747 48,33991 Com base nos valores fornecidos, a) Calcule o intervalo de confiança de 95% para o nível médio populacional de colesterol para cada um dos tipos. b) Interprete os intervalos. Explique o que eles significam. c) Compare os resultados. Exercício S32 São apresentados dados sobre o estado nutricional de 1226 crianças brasileiras de 2 anos de idade, segundo sexo. Estado nutricional Masculino Feminino total Desnutridas 29 20 49 Normais 574 603 1177 Total 603 623 1226 Fonte: retirado de material de aula da Profa M. R. Cardoso FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 89 Com base nos dados calcule a proporção de crianças desnutridas e respectivos intervalos de confiança de 90% segundo sexo. Discuta os resultados. Exercício S33 No artigo “Hipovitaminose A em crianças de áreas rurais do semi-árido baiano” a idade média das crianças com nível aceitável e inadequado de retinol e seus respectivos desvios-padrão são apresentados a seguir. Encontre o intervalo de confiança de 90% para as verdadeiras idades médias. Compare os resultados. Pode-se dizer que as crianças provêm de uma mesma população? Estatísticas Número de observações (n) Média ( x ) Desvio padrão (Sn-1) Nível aceitável 89 41,9 17,4 Nível inadequado 72 37,4 17,1 Exercício S34 O nível médio de protrombina em populações normais é 20 mg/100ml de sangue. Uma amostra de 40 pacientes que tinham deficiência de vitamina K tiveram nível médio observado de protrombina de 18,5mg/100ml e desvio padrão 4mg/100ml. Seria razoável concluir que a verdadeira média de pacientes com deficiência de vitamina K é a mesma que a da população normal? Exercício S35 Uma companhia de produtos alimentícios solicitou pela mídia que os consumidores entrassem em contato dizendo se tinham aprovado o sabor de um novo produto. Quem telefonasse receberia um exemplar de um livro de receitas. 320 consumidores telefonaram sendo que 75% destes aprovaram o produto. a) Poderia ser construído o intervalo de confiança de 95% para a proporção de consumidores que aprovaram o produto na população? b) Se sim, calcule o intervalo; se não, explique porque não. Teste de hipóteses, teste de hipóteses de uma proporção populacional Estatística descritiva Descreve eventos por meio de: tabelas gráficos razões e índices parâmetros típicos (medidas de posição e dispersão) FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 90 Estatística analítica Nível I - Teórico (conceitos, hipóteses científicas) Nível II - operacional (hipótese estatística) Situação Quanto mais bem educada uma pessoa, menor o seu preconceito em aceitar certa campanha sanitária Nível I Conceitos Nível II Definições Definições Científicas/ operacionais Hipótese operacional teóricas educação Visão global Anos de escolaridade do mundo Quanto maior o número de anos de escolaridade, menor o escore em uma escala de preconceito preconceito Pré-julgamento Conceitos gerais Hipótese científica Preconceito (escore em uma escala) Hipótese estatística em termos operacionais relativos a população (inferência dedutiva) Estimador (Populacional) Veracidade/ falsidade científica Regras de decisão: fixação de α - nível de significância Delineamento: normas de coleta e análise dos dados Inferência indutiva Coleta de dados (observação e mensuração) (teoria probabilística) Verificação da veracidade da hipótese Inferência estatística: É qualquer procedimento que se utiliza para se generalizar afirmações sobre determinada população, baseadas em dados retirados de uma amostra. Parâmetro: É a medida usada para se descrever uma característica de uma população. Estatística: É uma função dos valores amostrais. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 91 Estimação: É o processo através do qual estima-se o valor de um parâmetro de uma população com base no valor obtido em uma amostra. Hipótese: É uma forma de especulação relativa a um fenômeno estudado (qualquer que seja). É qualquer afirmação sobre a distribuição de probabilidade de uma variável aleatória (afirmação sobre um parâmetro). Hipótese estatística: É uma especulação feita em relação a uma proposição, porém relativa a uma população definida. Teste de Hipóteses Abordagem de Neyman e Pearson Neyman e Pearson propuseram uma abordagem, para a tomada de decisão, que envolve a fixação, antes da realização do experimento, das hipóteses nula e alternativa, e fixação de valores de probabilidade de ocorrência de erros de decisão. Considerar a situação na qual se deseja comparar a eficácia de uma nova droga (DN) com a eficácia de uma droga padrão (DA), que vem sendo atualmente utilizada. Para a • • • • • • • • • tomada de decisão sobre a eficácia de DN, torna-se necessário seguir os seguintes passos: Formular as hipóteses; Identificar a distribuição de probabilidade da estatística do teste; Fixar o nível de significância do teste (α ); Calcular o tamanho da amostra; Determinar a região de rejeição/aceitação de H0; Realizar o estudo, observar os resultados, calcular a estatística do teste; Confrontar o valor observado da estatística do teste com a região de rejeição/aceitação de H0; Tomar a decisão; Apresentar a conclusão. Cada passo será apresentado detalhadamente a seguir. Fixação das hipóteses para o exemplo da eficácia de DN Para o estudo proposto, onde uma nova droga é desenvolvida para apresentar maior eficácia que a droga em uso, as hipóteses apropriadas seriam: H0 : DN = DA Ha : DN > DA Teste monocaudal à direita Se o estudo envolvesse a comparação de duas drogas, uma nova e outra que é atualmente utilizada, e a nova droga se propõe a reduzir os efeitos colaterais, as hipóteses seriam: FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 92 H0 : DN = DA Ha : DN < DA Teste monocaudal à esquerda Se ambas os lados forem possíveis, deve-se optar pela hipótese alternativa que explicita a diferença como na situação onde uma nova droga para depressão está em teste e deseja-se investigar se a droga inibe ou provoca o apetite, como efeito colateral. Assim, antes do estudo não se conhece o efeito da droga sobre o apetite dos pacientes. H0 : DN = DA Ha : DN ≠ DA Teste bicaudal Fixação de valores de probabilidade de ocorrência de erros de decisão Considerar o estudo que tem por objetivo comparar a eficácia de uma nova droga (DN) com a eficácia de uma droga padrão, que vem sendo utilizada (DA), cuja eficácia é de 50%. Eficácia (E) pode ser medida pelo número de curas. Supor que a nova droga será utilizada em 10 pacientes (n=10) e, considerando-se a eficácia conhecida da droga antiga (DA), de 50%, tem-se que a probabilidade de cura (p) é igual a 0,5. H 0 : D N = 0,5 Hipóteses: H a : D N > 0,5 H 0 : E N = 0,5 ou H a : E N > 0,5 Estatística do teste: número de curas pela nova droga X: número de curas, X~B(n=10; p=0,50), se H0 for verdade X: 0, 1, 2, 3,...,10 Valor esperado de curas = n.p= 10x0,5 = 5 curas. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 93 Distribuição de probabilidade Binomial para n=10 e p=0,5 (sob H0, ou seja, se H0 for verdade) X (número de curas) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P(X=x) 0,001 0,010 0,044 0,117 0,205 0,246 0,205 0,117 0,044 0,010 0,001 Utiliza-se o teste de hipóteses para testar H0. O teste de hipóteses fornece elementos para a tomada de decisão com base em H0 É possível tomar somente uma decisão – Rejeita-se H0 ou Não rejeita-se H0 (Aceita-se H0) Possíveis erros na tomada da decisão: Decisão Verdade H0 H0 não cometeu erro Ha erro tipo I Ha erro tipo II não cometeu erro α = Pr obabilidade(erro tipoI ) = Probabilidade (Rejeitar H0 e H0 é verdade) β = Pr obabilidad e(erro tipoII ) = Probabilidade (Aceitar H0 e H0 é falsa) (1 − β) = poder do teste = Probabilidade (Rejeitar H 0 e H0 é falsa) Poder de revelar a falsidade de H0 quando a verdade é Ha Conduta: Antes do experimento, fixa-se α e trabalha-se com o menor β possível. Exemplo 35 Em um julgamento jurídico o júri tem que decidir sobre a culpa ou inocência de um réu. Considere dois fatos: 1) o sistema jurídico admite que toda pessoa é inocente até que se prove o contrário. 2) só vai a julgamento pessoas sobre as quais existe dúvida de sua inocência. Fazendo uma analogia com teste de hipóteses, responda: FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 94 a) Apresente as hipóteses nula e alternativa sobre a culpa ou inocência do réu. b) O júri pode errar se decidir que o réu é culpado quando na verdade ele é inocente. Qual é o outro erro de decisão que o júri pode cometer? c) Qual dos dois erros é o mais sério? d) Na terminologia de teste de hipótese, qual tipo de erro (I ou II) pode-se vincular a cada uma das decisões do item b? Exemplo 36 Supor duas situações: 1- a pessoa está fazendo parte de um levantamento para diagnóstico de para câncer de mama (screening); 2- a pessoa realiza o teste para detectar anticorpos anti-HIV. É fornecido um diagnóstico com base no resultado do teste. a) Qual dos erros é geralmente mais sério: um resultado falso positivo que diz que a pessoa tem a doença quando na verdade ela não tem ou um resultado falso negativo, que diz que a pessoa não tem a doença quando na verdade ela tem? b) Apresente as hipóteses nula e alternativa sobre a situação de saúde do paciente; fazendo uma analogia com teste de hipóteses, que tipo de erro (I ou II) seria cometido se o resultado do teste fosse falso positivo? Que tipo de erro (I ou II) seria cometido se o resultado do teste fosse falso negativo? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 95 Definição de critérios de aceitação ou rejeição de H0: estabelecimento das regiões de rejeição e de aceitação de H0. Distribuição de probabilidade do número de curas sob H0: B(n=10, p=0,5) X (número de curas) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Após a definição da área de rejeição de H0, P(X=x) Região 0,001 0,010 0,044 Região de aceitação de H0 0,117 1-α 0,205 0,246 0,205 0,117 0,044 Região de rejeição de H0 0,010 α = 5,5% 0,001 pode-se realizar o experimento. Por exemplo, supor que entre 10 pessoas que tomaram a nova droga, 9 se curaram. Como 9 cai na região de rejeição de H0, decide-se por rejeitar H0. Se tivessem sido observadas 6 curas ou qualquer valor da área de aceitação de H0, a decisão seria não rejeitar H0 ou seja, aceitar H0. Onde está β ? Lembrar que as hipóteses de teste são: H 0 : D N = 0,5 H a : D N > 0,5 e que a probabilidade do erro tipo II é a pro- babilidade de aceitar H0 quando H0 é falsa e que (1 − β) é o poder do teste, ou seja, a probabilidade de rejeitar H0 quando H0 é falsa. Supor que não se rejeita H0, portanto, decide-se por H0. Entretanto, se estiver sendo cometido algum erro de decisão, este será do tipo II. Assim, a verdade seria uma eficácia da nova droga maior que 0,5. Supor que uma diferença de no mínimo 10% seja suficiente. Assim, supondo-se p=0,6, a distribuição do número de curas sob Ha, ou seja, sob uma B(n=10, p=0,6) seria: X (número de curas) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 p=0,5 P(X=x) 0,001 0,010 0,044 0,117 0,205 0,246 0,205 0,117 0,044 0,010 0,001 Região 1− α aceitação de H0 rejeição de H0 α = 0,055 p=0,6 0,000 0,002 0,011 0,042 0,111 0,201 0,251 0,215 0,121 0,040 0,006 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig Região aceitação de H0 β = 0,833 rejeição de H0 (1- β ) = 0,167 96 Notar que para n fixo, uma alteração no nível de significância, altera o poder do teste. São apresentadas a seguir as relações entre o tamanho da amostra, o nível de significância, β e 1− β Valores de β e de 1 − β para o teste de H0:EN=EP=50% contra H1: EN>50%, quando n=10, α ≅ 5% (a rigor, 5,47%) segundo diferentes valores de EN . EN β (%) 1 − β (%) 60% 70% 80% 90% 16,73 38,28 67,78 92,98 Valores de β e de 83,27 61,72 32,22 7,02 1 − β para o teste de H0: EN =EP=50% contra H1: EN >50%, quando n=10, α ≅ 1% (a rigor, 1,08%) segundo diferentes valores de EN. EN β (%) 60% 70% 80% 90% Valores de β e de 1 − β (%) 95,36 85,07 62,42 26,39 4,64 14,93 37,58 73,61 1 − β para o teste de H0: EN =EP=50% contra H1: EN = 60%, quando α ≅ 5% para diferentes valores de n. Tamanho da amostra (n) Valor de α mais próximo de 5% 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 100 150 160 175 200 5,5 5,9 5,7 5,4 4,9 4,5 4,0 6,8 5,9 5,2 4,6 4,1 6,0 5,3 4,6 4,4 4,3 4,8 4,8 5,2 Valor de (%) 83,3 78,3 75,0 72,6 70,9 69,4 68,3 67,3 55,4 54,1 54,9 54,7 48,8 45,0 45,2 37,7 22,6 18,7 15,8 11,0 β Valor de 1 − β (%) 16,7 21,7 25,0 27,4 29,1 30,6 31,7 32,7 44,6 44,9 45,1 45,3 51,2 55,0 54,8 62,3 77,4 81,3 84,2 89,0 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 97 Valores de β e de 1 − β para o teste de H0: EN =EP=50% contra H1: EN = 55%, quando α ≅ 5% para diferentes valores de n. Tamanho da amostra (n) Valor de α mais próximo de 5% 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 100 150 160 175 200 300 400 600 5,5 5,9 5,7 5,4 4,9 4,5 4,0 6,8 5,9 5,2 4,6 4,1 3,6 5,3 4,6 4,4 4,3 4,8 4,8 5,2 5,9 4,9 5,6 Valor de β Valor de (%) 90,0 87,0 87,0 86,6 86,5 86,6 86,7 87,0 80,3 81,0 81,8 82,5 83,2 77,4 78,4 75,9 68,8 65,4 63,3 58,3 43,0 36,2 19,4 1− β (%) 10,0 12,0 13,0 13,4 13,5 13,4 13,3 13,0 19,7 19,0 18,2 17,5 16,8 22,6 21,6 24,1 31,2 34,6 36,7 41,7 57,0 63,8 80,6 Para um teste bicaudal Valores de β e de 1 − β para o teste de H0: EN = EP=50% contra H1: EN ≠ 50%, quando α ≅ 5% para diferentes valores de n e E1 = 60% ou E1 = 40% Tamanho da amostra (n) 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 100 150 160 175 200 Valor de α mais próximo de 5% 2,1 3,5 4,1 4,3 4,3 4,1 3,8 7,2 6,5 5,8 5,2 4,6 4,1 6,4 5,7 5,7 6,0 6,9 6,9 7,7 Valor de Valor de β 1− β (%) (%) 95,2 90,8 87,3 84,5 82,3 80,4 78,8 67,2 66,4 65,7 65,1 64,5 64,0 54,4 54,2 45,7 27,9 23,3 19,8 14,0 4,8 9,2 12,7 15,5 17,7 19,6 21,1 32,8 33,6 34,3 34,9 35,5 36,0 45,6 45,8 54,3 72,1 76,7 80,2 86,0 Poder do teste para tamanhos de amostra fixos em testes mono e bicaudal, com distribuições de probabilidade B(n, p=0,5) para H0 e B(n, p=0,6) para Ha 1,000 bicaudal monocaudal 0,900 0,800 0,700 0,600 0,500 0,400 0,300 0,200 0,100 0,000 0 50 100 150 200 250 T a m a nho da a m o s t ra FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 98 Teste de hipóteses segundo a abordagem de Fisher (Ronald Aylmer Fisher) Inicia-se a abordagem de Fisher com a especificação de uma proposição inicial (equivalente à H0 de Neynman e Pearson). Considerando o estudo que tem por objetivo comparar a eficácia de uma nova droga (DN) com a eficácia de uma droga padrão, que vem sendo utilizada (DA), cuja eficácia é de 50%, tem-se: Proposição inicial: DN=0,5 Para tomada de decisão deve-se realizar o experimento e calcular a probabilidade de ocorrência do valor observado ou de um valor mais extremo da estatística do teste, em uma curva de probabilidade especificada na proposição inicial. Se na amostra de 10 pacientes, 9 evoluíssem para a cura (90%), Fisher recomendava que se calculasse a probabilidade de 9 ou mais pacientes se curarem (P(X≥9)), tendo como base, a distribuição de probabilidade conhecida, especificada na proposição inicial, onde a probabilidade de cura é igual a 50%. Pelo exemplo, esta probabilidade seria igual a P(X≥9) = P(X=9) + P(X=10) = 0,011 = 1,1% Se na amostra de 10 pacientes, fossem observadas 6 curas (60%), P(X≥6) = P(X=6) + P(X=7) + P(X=8) + P(X=9) + P(X=10) = 0,205 + 0,117 + 0,044 + 0,010 + 0,001 = 0,377 = 37,7% A probabilidade calculada é conhecida como valor de p (p-value) e a decisão estatística será tomada com base no valor desta probabilidade. Se o valor de p for considerado pequeno, conclui-se que os dados não mostram evidência de pertencer a uma população com proporção de cura igual a 50% e, portanto, a droga cura mais do que 50%. Se o valor de p for considerado grande, então se pode dizer que os dados provavelmente vêm de uma população que possui como parâmetro 50% de curas. Definição: Valor de p é a probabilidade de ocorrência do valor observado ou de um valor mais extremo de uma estatística, em uma curva de probabilidade especificada (conhecida, verdadeira). Fisher dizia que antes de dar uma forma matemática a um problema, propondo hipóteses a serem testadas, era necessário um amplo conhecimento dos dados, o que poderia ser realizado com base no valor de p. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 99 Passos necessários para a realização de um teste de hipóteses segundo a abordagem de Fisher. • Formular a proposição inicial (“hipótese”) que será testada; • Identificar a distribuição de probabilidade; • Realizar o estudo e observar o resultado da estatística de interesse; • Calcular o valor de p, ou seja, a probabilidade de ocorrer o valor observado ou um valor mais extremo, sob a curva especificada na proposição inicial; • Tomar a decisão com base no valor de p; • Apresentar as conclusões. Teste de hipóteses para uma proporção populacional (Distribuição Binomial) Considerar a seguinte situação: Segundo dados de rotina dos serviços de saúde tem-se que, em determinada comunidade, a proporção de mães que amamentam até o 3° mês de idade da criança é de 60%. Desejando-se aumentar esta proporção, realizou-se o estudo que consistiu em desenvolver um programa educativo. Desejase, portanto, avaliar a eficácia do programa. Após o programa observou-se que, em uma amostra de 10 mães que foram submetidas ao programa e acompanhadas durante quatro meses, 9 mães amamentaram pelo menos até o 30 mês. Utilizando-se teste de hipóteses para decidir sobre a eficácia da intervenção: Pela abordagem de Neyman e Pearson 1) Elaboração das hipóteses : H 0 : E P = 0,6 H a : E p > 0,6 2) Fixação de α = Prob(rejeitar H0 e H0 é V); fixando-se α=0,05 3) Estabelecimento da região de rejeição/aceitação de H0: Estatística do teste: número de mães que amamentaram até o 3° mês. X: 0,1,2,...,10 Eventos independentes e mutuamente exclusivos; portanto, a distribuição de probabilidade de X segue um modelo B(n=10; p=0,6). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 100 Região de rejeição e aceitação de H0, se H0 for verdade X P(X = x) ; so b H 0 , p = 0, 6 0 0, 0 0 0 1 0 1 0, 0 0 1 5 7 2 0, 0 1 0 6 2 3 0, 0 4 2 4 7 4 0, 1 1 1 4 8 5 0, 2 0 0 6 6 6 0, 2 5 0 8 2 7 0, 2 1 4 9 9 8 0, 1 2 0 9 3 9 0, 0 4 0 3 1 10 0, 0 0 6 0 5 R e giã o 1− α Ace ita çã o de H 0 R e je iç ã o de H 0 ; α = 0,04636 ≅ 0,05 4) Decisão: Como 9 mães amamentaram pelo menos três meses, e 9 cai na área de rejeição de H0, decide-se por rejeitar H0. 5) Conclusão: Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre as proporções populacionais de mães que amamentam antes e após o programa, para nível de significância de 5%. O programa educativo, portanto, foi eficaz, pois as mães submetidas ao programa provêm de uma população de mães onde mais do que 60% amamentam pelo menos até o 3º mês. Ab o rd a g e m de Fi s h e r Proposição: mães que são submetidas ao programa provêm de uma população onde 60% delas amamentam pelo menos até o 3º mês. Calculando-se a probabilidade de observar 9 ou mais mães amamentando pelo menos até o 3º mês, utilizando uma curva onde 60% de mães amamentam até o 3º mês: considerando-se a distribuição de probabilidade: B(n=10; p=0,6), tem-se p= P ( X ≥ 9) = P ( X = 9) + P ( X = 10) = 0,040 + 0,006 = 0,046 ou 4,6%. Interpretação do valor de p: 4,6% é a probabilidade de observar 9 ou mais mães amamentando pelo menos até o 3º mês, se estas tivessem vindo de uma população de mães na qual 60% amamenta pelo menos até o 3º mês de idade da criança. Para decidir com base no valor de p é necessário perguntar-se se os resultados observados são compatíveis com a proposição de que as mães vêm de população na qual 60% das mães amamentam pelo menos até o até o 3º mês. Em outras palavras, com base nos resultados, você diria que existe evidência favorável ou contrária à proposição inicial? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 101 Se p for considerado, pelo investigador, pequeno então se conclui que os dados observados mostram evidência contrária à proposição inicial sendo que a proporção de mães que amamentaram, depois da campanha é mais compatível com uma população de mães na qual mais de 60% amamentam pelo menos até o 3º mês. Neste caso, o programa foi eficaz. Se p for considerado, pelo investigador, grande, então se conclui que os dados não mostram evidência contrária à proposição e, portanto, as mães, após a intervenção, devem ser de uma população na qual 60% amamentam pelo menos até o 3º mês. Neste caso, a intervenção não surtiu efeito. • Considerações finais O valor de p é a força de evidência contrária à proposição inicial. Para existir forte evidência contrária à proposição inicial, o valor de p deve ser bem pequeno; • O julgamento sobre o valor de p, se é grande ou pequeno, é arbitrário e quem decide é o investigador. Exemplo Considerar a situação, comum na área de análise sensorial, denominada “comparação de par, direcionada”: A situação envolve um fabricante que quer lançar um bolo mais doce do que o produto que está no mercado (código 15). Para tanto é desenvolvido um novo produto (código 23). O experimento consiste em oferecer uma fatia de cada produto a 20 degustadores, de modo independente, e registrar (contar) quantos acham o produto novo mais doce. No teste “comparação de par, direcionada”, o número K de degustadores que achou o bolo com código 23 mais doce foi k= 8. Pode-se admitir que os bolos diferem quanto à doçura? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 102 Abordagem de Neyman e Pearson O investigador fixa o nível de significância em 5% (α=0,05). Se os bolos não forem diferentes quanto ao sabor, metade dos degustadores vai escolher um produto e a outra metade vai escolher o outro. Assim, a probabilidade de escolher o código 15 = 0,5. H 0 : π = 0,5 H A : π > 0,5 Hipóteses: (onde π representa a proporção populacional que escolhe o produto 23) Estatística do teste: número de pessoas que escolhem o novo produto Distribuição de probabilidade: X: número de degustadores que escolhem o produto novo. X:0, 1, 2,...,18, 19, 20 Cada degustador escolhe o produto independente do outro degustador e se for feita a escolha por um produto (eventos independentes), o outro produto fica eliminado (mutuamente exclusivos). X ~B( n = 2 0 ; p = 0 , 5) X 0 . . . 13 14 15 16 17 18 19 20 P(X = x) R e giã o d o te s te Ace ita çã o de H 0 0, 0 3 6 9 6 0, 0 1 4 7 9 0, 0 0 4 6 2 0, 0 0 1 0 9 0, 0 0 0 1 8 0, 0 0 0 0 2 0, 0 0 0 0 0 R e je iç ã o de H 0 α = 0,058 Decisão: como k=8, decide-se não rejeitar H0. Conclusão: Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre a proporção de escolha dos produtos, podendo-se dizer que os produtos não diferem quanto ao sabor adocicado, para um nível de significância de 5%. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 103 Abordagem de Fisher Proposição: Proporção de degustadores que escolhem código 23 = 0,5 n=20 K: número de degustadores que escolhem código 23; K: 0, 1, 2, ..., 20 K~B(n=20; p=0,5) Observou-se que 8 degustadores escolheram o produto de código 23 (k=8). Valor de p=probabilidade de ocorrer 8 ou mais, se os dados vierem de uma população que escolhe os produtos em proporções iguais. Valor de p= P(K≥8) = P(k=8)+P(k=9)+...+P(k=20)= 0,868 ou 86,8%. Conclui-se que os dados não mostram evidência contrária à proposição inicial (p=0,868). Os dados são compatíveis com uma população que escolhe igualmente os produtos com códigos 15 e 23. O novo produto não foi considerado mais doce que o antigo. OBS: Como np=10 e nq=10, para o cálculo de p poderia ter sido utilizada a distribuição normal. K ~ N (µ = np = 20x0,5 = 10; σ = npq = 20 x0,5x0,5 = 2,24 P( K ≥ 8) = P( Z ≥ 7,5 − 10 ) = P( Z ≥ −1,12) = 2,24 0,5+0,36864=0,86764 ou 86,8% Exemplo 37 Supor o experimento onde existe interesse em investigar se o odor de determinado alimento atrai camundongos. O experimento consiste em colocar um animal em um corredor que no final é dividido para a direita e para a esquerda. Um alimento é colocado no final do corredor da esquerda, fora da visão do animal. Entretanto, antes da realização do experimento, decide-se eliminar a possibilidade de incluir no estudo camundongos que têm predileção por um lado, independentemente do odor do alimento. Neste caso, decide-se investigar inicialmente se os camundongos escolhem os lados em proporções iguais. Para tanto, realiza-se o experimento com 12 camundongos sem a colocação do alimento e verifica-se que 7 viram para a esquerda. Realize um teste de hipóteses seguindo as propostas de Neyman e Pearson, com nível de significância de 5%, e a de Fisher, para verificar se os camundongos vêm de uma população que escolhe mais um lado do que o outro. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 104 Exemplo 38 Supor agora, o experimento para investigar se o odor de determinado alimento atrai camundongos. Realiza-se o experimento colocando-se o alimento no final do corredor do lado esquerdo, fora da visão dos camundongos. Observa-se que de 12 camundongos, 10 viram para a esquerda. Realize um teste de hipóteses seguindo as propostas de Neyman e Pearson e de Fisher, com cálculo do valor descritivo do teste, para verificar se os camundongos vêm de uma população que escolhe mais o lado onde está o alimento. Utilize nível de significância de 5%. EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S36 Um estudo foi desenvolvido para investigar se aleitamento materno é um fator que protege a criança contra diabetes, em idades maiores. Considerando H0: aleitamento materno não protege contra diabetes e Ha: aleitamento materno protege contra diabetes, responda: a) Tomando qual decisão (aceitar ou rejeitar) sobre H0 você poderia estar cometendo o erro tipo I? b) Tomando qual decisão (aceitar ou rejeitar) sobre H0 você poderia estar cometendo o erro tipo II? c) Como é denominada a probabilidade de ocorrer o erro tipo I? d) Como é denominada a probabilidade de ocorrer o erro tipo II? e) O que é o poder do teste? f) Se você fosse fixar valores de probabilidades associadas à ocorrência dos erros tipo I e II para este estudo, qual deles seria menor? Justifique. Exercício S37 Será realizado um estudo para investigar a relação entre consumo de produtos derivados de soja e presença de osteoporose em mulheres com mais de 50 anos. Para a tomada de decisão, será utilizado teste de hipóteses, no modelo clássico, proposto por Neyman e Pearson. Apresente os passos necessários para a realização do teste de hipóteses, listados a seguir, em uma sequência correta: tomada de decisão, cálculo do tamanho da amostra, elaboração das hipóteses, determinação da região de rejeição do teste, coleta dos dados e cálculo da estatística do teste, fixação do nível de significância, conclusão, verificação se o valor observado da estatística cai na região de aceitação ou rejeição, identificação da distribuição de probabilidade da estatística do teste. Exercício S38 Considere a seguinte situação hipotética: A incidência de resfriados durante o inverno, em uma creche é 60%. Durante o ano de 2001, a direção da creche resolveu servir suco de acerola durante todo o inverno com o objetivo de prevenir resfriados. Após o inverno observou-se que de 20 crianças que FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 105 foram acompanhadas, 13 ficaram resfriadas e deseja-se saber se o suco de acerola teve efeito sobre a ocorrência de resfriados. Segundo a abordagem de Fisher, responda: a) Qual seria a proposição ou hipótese nula? b) Se for definida a variável X: ficar resfriado, e considerando-se que foram acompanhadas 20 crianças, qual a distribuição de probabilidade de X? Especifique os parâmetros da distribuição. c) Fisher recomendava calcular o valor de p e decidir com base nele. O que é o valor de p? d) Calcule o valor de p e decida se os dados mostram evidência favorável ou desfavorável ao que for especificado na proposição ou hipótese H0. e) Calcule o valor de p se 7 crianças tivessem ficado resfriadas e decida sobre a propriedade preventiva do suco. Exercício S39 Considere a situação onde 40% de mulheres idosas apresentam condição esquelética do tipo A. Suspeita-se que mulheres magras apresentam menor predisposição a esta condição. Realizou-se um estudo e observou-se que entre 28 mulheres idosas magras, 6 apresentaram a condição. a) Realize um teste de hipóteses para investigar se os resultados do estudo são compatíveis com uma população onde 40% apresentam a condição. Utilize a abordagem clássica de Neyman e Pearson, com nível de significância de 10%. b) Realize um teste de hipóteses para investigar se os resultados do estudo são compatíveis com uma população onde 40% apresentam a condição, utilizando a abordagem de Fisher. Exercício S40 A prevalência de infecção por hepatite B na população geral é de 30%. A literatura sugere que a infecção por hepatite B é maior entre pessoas com infectadas pelo vírus HIV. Em uma amostra de 20 pessoas que apresentaram teste HIV +, 8 apresentaram positividade para hepatite B. Teste a hipótese de que as pessoas HIV + possuem mesma prevalência de Hepatite B que a população geral. Utilize a estratégia clássica de Neyman e Pearson, com nível de significância de 5% e a abordagem de Fisher, com tomada de decisão a partir do valor descritivo do teste (valor de p). Exercício S41 Suponha que uma pesquisa de grande abrangência encontrou que 60% de crianças entre 7 e 10 anos consomem determinada marca de cereal. Com o objetivo de verificar possível queda no consumo, a indústria sorteou 15 crianças nesta faixa etária e observou 6 crianças consomem o produto. Teste a hipótese de que o consumo do produto não foi alterado. Utilize a estratégia clássica de Neyman e FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 106 Pearson, com nível de significância de 5% e a abordagem de Fisher, com tomada de decisão a partir do valor descritivo do teste (valor de p). Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida e desconhecida Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida Tomando-se como exemplo os dados de recém-nascidos com Síndrome de Desconforto Idiopático Grave (SDIG) é possível elaborar a hipótese de que crianças que nascem com esta síndrome possuem peso médio ao nascer menor do que o peso médio ao nascer de crianças sadias. A variável de estudo X é peso ao nascer (quantitativa contínua). Com base em conhecimento prévio (da literatura) sabe-se que a distribuição do peso ao nascer em crianças sadias segue uma distribuição normal com média 3000 gramas e desvio padrão 500 gramas, ou seja X ~ N (µ X = 3000; σ X = 500) . Recordando-se, para a realização do teste de hipóteses segundo Neyman e Pearson é necessário: • • • • • • • • • Formular as hipóteses estatísticas; Fixar a probabilidade do erro tipo I; Calcular o tamanho da amostra necessária para detectar uma diferença que se suspeita existente o que é equivalente a fixar a probabilidade do erro tipo II; Apresentar a distribuição de probabilidade da estatística do teste; Estabelecer a(s) região(ões) de rejeição e aceitação (regiões críticas) do teste; Realizar o estudo, ou seja, coletar os dados e calcular a estatística do teste; Confrontar a estatística do teste observada com a região crítica; Tomar a decisão; Elaborar a conclusão. Formulação das hipóteses H 0 : µ SDIG = 3000 H 0 : µ SDIG = µ Sadia H a : µ SDIG < µ Sadia ou H a : µ SDIG < 3000 Fixando-se o nível de significância α = 0,05 Supor um tamanho de amostra n=50 recém-nascidos com SDIG Distribuição de probabilidade Como as hipóteses envolvem a média populacional, é necessário utilizar a distribuição de probabilidade da média. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 107 Pelo Teorema Central do Limite tem-se que X ~ N (µ = µ X ; σ = σ X ) portanto, se H0 for verdade, e X X n admitindo-se que as crianças com SDIG possuem distribuição do peso ao nascer com mesma dispersão que as crianças sadias, tem-se X ~ N (µ = 3000; σ = 500 X X 50 ) Pode-se utilizar ZX ou x obs para a tomada de decisão. Região de rejeição e aceitação da hipótese H0. µ X = 3000 X σ X = 70,71 H0 Rejeição de H0 Aceitação de H0 α=0,05 -4 -3 -2 -1 0 Zcrítico=-1,64 1 2 3 4 z Cálculo do peso médio na amostra de crianças com SDIG Supor que na amostra de 50 crianças, foi observado peso médio ao nascer igual a 2800 gramas ( x obs = 2800) . Cálculo Z Xobs do peso médio observado xobs − µ X 2800 − 3000 = = = −2,83 σX 70,71 em número FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig de desvios padrão: 108 Confrontar o valor da estatística do teste com a região de rejeição e aceitação de H0 Como Zobs está à esquerda de Zcrítico (região de rejeição), decide-se por rejeitar H0. Decisão: Rejeita-se H0. Conclusão Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os pesos ao nascer de crianças sadias e com SDIG para nível de significância α = 0,05. Crianças com SDIG nascem com peso menor do que crianças sadias. É possível realizar o teste comparando a média observada na amostra ( x obs = 2800) e o valor de peso médio ao nascer que deixa, no caso deste exemplo, uma área α=0,05 à sua esquerda. O valor de peso médio que limita esta área é denominado Cálculo de De x critico . x critico Z critico = xcritico − µ x tem-se σX x critico = Z criticoσ X + µ X xcritico = −1,64 x70,71 + 3000 = 2884,04 g Rejeita-se H0 Aceita-se H0 xcritico = 2884,04 g µ X = 3000 σ X = 70,71 Como xobs = 2800 é menor que X x critico (fica à esquerda), opta-se por rejeitar H0. Regra geral: Rejeita-se H0 se Zobs>Zcrítico para H a : µ SDIG > µ Sadias Zobs<-Zcrítico para H a : µ SDIG < µ Sadias Zobs>Zcrítico ou Zobs<-Zcrítico para H a : µ SDIG ≠ µ Sadias FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 109 ou Rejeita-se H0 se x obs > x critico xobs < xcritico x obs > x critico ou xobs < xcritico para H a : µ SDIG > µ Sadias para H a : µ SDIG < µ Sadias para H a : µ SDIG ≠ µ Sadias Exemplo 39 O nível médio de protrombina em populações normais é 20 mg/100ml de sangue. Uma amostra de 40 pacientes que tinham deficiência de vitamina K tiveram nível médio observado de protrombina de 18,5mg/100ml e desvio padrão 4mg/100ml. Seria razoável concluir que a verdadeira média de pacientes com deficiência de vitamina K é a mesma que a da população normal? Realize um teste de hipóteses. Teste de hipóteses para uma média populacional com variância desconhecida Supor a situação anterior, só que a variância (desvio padrão) populacional do peso ao nascer de crianças sadias é desconhecida sendo conhecido somente o peso médio populacional de crianças sadias ( µ Sadias =3000 gramas). Formulação das hipóteses: H 0 : µ SDIG = 3000 H a : µ SDIG < 3000 Fixando-se o nível de significância: α = 0,05 Cálculo do tamanho da amostra: supor um tamanho de amostra n=50 recém-nascidos com SDIG Distribuição de probabilidade: Como as hipóteses envolvem a média populacional, é necessário utilizar a distribuição de probabilidade da média. Pelo Teorema Central do Limite tem-se que X ~ N (µ X = µ X ; σ X = σX n ). Admitindo-se que H0 é verdade, resta um problema que é o fato de não se conhecer o valor da dispersão do peso ao nascer das crianças sadias. Neste caso não é possível utilizar a estatística Z. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 110 Utiliza-se, então, a estatística T onde T = X − µ X = X − µ X sendo SX o desvio padrão da população SX SX n de estudo, estimado com os dados da amostra de crianças com SDIG. T segue uma distribuição t de Student, com (n-1) graus de liberdade. Quando o tamanho da amostra é grande, a estatística T tende para uma distribuição normal com média 0 e desvio padrão 1 (n → ∞ ⇒ T ~ N (0 ;1) ). H0 Região de rejeição e aceitação da hipótese H0. Rejeição de H0 Aceitação de H0 α=0,05 µ X = 3000 X tcrítico= -1,676 0 t Obs: utilização da tabela t de Student A tabela da distribuição de Student apresenta um valor de probabilidade dividido em duas partes iguais. Para n=50, o número de graus de liberdade (gl) é 49; como não existe este valor na tabela, deve-se trabalhar com o número de gl mais próximo e dependendo se o teste é mono ou bicaudal, utiliza-se respectivamente o valor de p/2 ou p, apresentados na primeira linha da tabela. Exemplo de utilização da tabela t de Student: n=10; teste bicaudal, α=0,05; tcrítico=-2,262 e tcrítico= 2,262 (p da tabela =0,05) n=10; teste monocaudal a esquerda, α=0,05; tcrítico=-1,833 (p da tabela = 0,10) n=10; teste monocaudal a direita, α=0,05; tcrítico= 1,833 (p da tabela = 0,10) Cálculo do peso médio na amostra de crianças com SDIG Supor que na amostra de 50 crianças, foi observado peso médio ao nascer igual a 2800 gramas e desvio padrão igual a 610g ( xobs = 2800; s X = 610) . Cálculo do peso médio observado em número de desvios: tobs = xobs − µ X 2800 − 3000 = = −2,318 610 SX 50 Confronto do valor da estatística do teste com a região de rejeição e aceitação de H0 Como tobs está à esquerda de tcrítico (região de rejeição), decide-se por rejeitar H0. Decisão Rejeita-se H0. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 111 Conclusão Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os pesos ao nascer de crianças sadias e com SDIG para nível de significância α = 0,05. Crianças com SDIG nascem com peso menor do que crianças sadias. Exemplo 40 Uma companhia de produtos alimentícios utiliza uma máquina para embalar salgadinhos cujas embalagens especificam 454 gramas. Com o propósito de verificar se a máquina está trabalhando corretamente, selecionou-se 50 pacotes de salgadinhos, obtendo-se os seguintes valores de peso: 464 442 448 463 468 450 438 450 449 447 média da 450 456 452 433 446 446 450 452 447 460 450 453 456 446 439 452 459 454 456 454 452 447 466 446 447 450 449 457 433 464 469 457 454 451 453 amostra, x =451,22 gramas e desvio padrão amostral (s) 447 433 449 464 443 =8,40 gramas Testar a hipótese de que a máquina está trabalhando corretamente, para α = 0,05. Teste de hipóteses de uma média populacional (µ ) (com variância conhecida e desconhecida) – Abordagem de Fisher Revisão de conceitos básicos Distribuição Normal Medindo-se a altura de muitas mulheres (população), obtém-se o gráfico a seguir. proporção .35 .3 .25 .2 .15 .1 .05 0 140 145 150 155 160 Altura(cm) 165 170 175 180 Aos dados pode ser ajustada uma curva teórica proporção .35 .3 .25 .2 .15 .1 .05 0 140 145 150 155 160 Altura (cm) 165 170 175 180 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 112 A curva ajustada aos dados é uma curva teórica (curva de Gauss) que representa a altura de mulheres idosas. Notação: X: altura, X ~ N ( µ = 160, σ = 10) . A curva tem propriedades conhecidas: • Soma da área sob a curva é igual a 1 ou 100%; • Pode-se calcular probabilidade trabalhando-se com a área sob a curva. Sorteia-se uma mulher ao acaso; P(desta mulher ter mais de 160) = 50%; P(esta mulher tenha mais de 180)= P( X > 180) = P( Z > 180 − 160 ) = P ( Z > 2) =0,5-0,47725=0,02275 10 ou 2,3% Sortear uma mulher com altura 180 ou mais desta população é uma coisa comum? P(esta mulher tenha mais de 170)= P( X > 170) = P( Z > 170 − 160 ) = P (Z > 1) = 0,5-0,34134=0,15866 ou 10 15,9% Sortear uma mulher com altura 170 ou mais desta população é uma coisa comum? O limite para decidir o que é comum é arbitrário. O investigador é que decide, com base no problema que está sendo estudado. S up or a go ra um a o ut ra d ist rib u içã o de a lt ura , por e xe m p lo , e n tre ho m e n s. proporção .35 .3 .25 .2 .15 .1 .05 0 160 X: altura, 165 170 175 180 Altura (cm) 185 190 195 200 X ~ N (m = 180, σ = 10) P(homem tenha mais de 180)= P(X>180)=0,5 ou 50% Supor que as pessoas da primeira curva tenham uma marca vermelha e as pessoas da segunda curva tenham uma marca azul. Misturam-se todas as pessoas e sorteia-se uma pessoa ao acaso e ela tem altura 180. De qual população seria este indivíduo? FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 113 Agora não estamos mais interessados em um indivíduo e sim em vários indivíduos portanto, vamos trabalhar com a altura média. Supor X: altura, X ~ N (m = 160, σ = 20) . Toma-se uma amostra de tamanho n=30 desta população e calcula-se a altura média ( x = 170 ). Deseja-se saber a probabilidade desta amostra vir de população com altura média maior ou igual a 170. µ=160 170 X Pelo Teorema Central do Limite P( X ≥ 170) = P( X −m σX ≥ 170 − 160 170 − 160 ) = P( Z X ≥ ) = P( Z ≥ 2,74) 20 3,6515 30 Na curva da Normal reduzida tem-se µ=0 2,74 ZX P(Z ≥ 2,74) = 0,5- 0,49693 = 0,0031 ou 0,31% Sortear uma amostra que apresenta altura média igual a 170 cm ou mais da população que tem altura média 160 cm é uma coisa comum? Para decidir se a amostra representa uma população com altura média maior e que o resultado não é devido ao acaso, realiza-se o teste de hipóteses. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 114 Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida - Abordagem de Fisher Situação: Estudos mostram que crianças sadias possuem peso médio (m) ao nascer igual a 3100 gramas e desvio padrão σ = 610 gramas . Suspeita-se que crianças que nascem com síndrome de desconforto idiopático grave possuem peso ao nascer abaixo do peso ao nascer da população de crianças sadias. Proposição (equivalente à H0): Crianças com síndrome vêm de uma população com peso médio =3100 gramas. Realiza-se um estudo em uma amostra de n=50 crianças que nasceram com esta síndrome, onde observou-se peso médio ( x ) igual a 2800 gramas. Supondo-se que as crianças da amostra (com síndrome) vêm de uma população com mesma dispersão do peso ao nascer de crianças sadias, teste a hipótese de que crianças com síndrome idiopática grave possuem peso médio ao nascer igual ao peso médio ao nascer de crianças sadias. Distribuição de probabilidade: Distribuição do peso médio: segue uma distribuição normal com média m=3100 gramas e desvio padrão σ n = 610 = 86,27 gramas 50 2800 µ=3100 X Cálculo da probabilidade de observar um peso médio ao nascer igual ou menor que 2800 se H0 for verdade. P( X ≤ 2800) = P( X −m σX ≤ 2800 − 3100 − 300 ) = P( Z X ≤ ) = P( Z X ≤ −3,48) 610 86,27 50 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 115 -3,48 µ=0 ZX Pela distribuição Normal reduzida tem-se que P ( Z ≤ 3,48) = 0,5 − 0,49975 = 0,00025 ou 0,025% Os resultados não são compatíveis com uma distribuição que tem peso médio igual a 3100. Possivelmente a amostra vem de uma população com média menor que 3100. Pode-se dizer que crianças com síndrome de desconforto idiopático grave possivelmente possuem peso ao nascer menor do que o peso médio de crianças sadias. Exemplo 41 O nível médio de protrombina em populações normais é 20 mg/100ml de sangue. Uma amostra de 40 pacientes que tinham deficiência de vitamina K tiveram nível médio observado de protrombina de 18,5mg/100ml e desvio padrão 4mg/100ml. Seria razoável concluir que a verdadeira média de pacientes com deficiência de vitamina K é a mesma que a da população normal? Realize um teste de hipóteses pela abordagem de Fisher. Teste de hipóteses para uma média populacional com variância desconhecida - Abordagem de Fisher Supor a mesma situação anterior, só que neste caso somente a média populacional é conhecida. O peso médio de crianças sadias (µ) é igual a 3100 gramas. H0: Crianças com síndrome de desconforto idiopático grave vêm de uma população com peso médio = 3100 gramas Seleciona-se uma amostra de 50 crianças com a síndrome e calcula-se o peso médio e o desvio padrão do peso, obtendo-se n=50; x = 2800 e s=510 Distribuição de probabilidade: Distribuição do peso médio ao nascer de crianças sadias: como não se sabe o desvio padrão populacional, este é estimado utilizando-se os dados da amostra. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 116 Neste caso a variável a variável segue uma distribuição t de Student com n-1=50-1=49 graus de liberdade. P( X ≤ 2800) = P( X − m 2800 − 3100 − 300 ≤ ) = P (t X ≤ ) = P (t X ≤ −4,159) 510 SX 72,12 50 -4,16 µ=0 Pela distribuição t de Student com 49 graus de liberdade, tem-se t P(t X ≤ −4,159) < 0,05% Os resultados não são compatíveis com uma distribuição que tem peso médio igual a 3100. Pode-se dizer que crianças com desconforto idiopático grave provavelmente vêm de uma população com peso médio ao nascer menor do que o peso médio ao nascer de crianças sadias. Exemplo 42 Uma companhia de produtos alimentícios utiliza uma máquina para embalar salgadinhos cujas embalagens especificam 454 gramas. Com o propósito de verificar se a máquina está trabalhando corretamente, selecionou-se 50 pacotes de salgadinhos, obtendo-se os seguintes valores de peso: 464 442 448 463 468 450 438 450 449 447 média da 450 456 452 433 446 446 452 447 460 450 453 456 439 452 459 454 456 454 447 466 446 447 450 449 433 464 469 457 454 451 amostra, x =451,22 gramas e s=8,40 gramas 450 446 452 457 453 447 433 449 464 443 Testar a hipótese, pela abordagem de Fisher, de que a máquina está trabalhando corretamente. EXERCÍCIOS SUPLEMENTARES Exercício S42 Deseja-se saber se o consumo calórico médio de determinada população adulta de zona rural é menor que 2000 kcal. Uma amostra de 500 pessoas apresentou consumo médio igual a 1985 kcal e desvio padrão igual a 210. Faça um teste de hipóteses pela abordagem de Neyman e Pearson e de Fisher para tomar a decisão; considere o nível de significância igual a 5%. Exercício S43 O conteúdo de iodo em pacotes de sal é recomendado que seja igual a 590 µg . Determinada indús- tria, tendo recebido reclamações de que estava vendendo seu produto com teor de iodo abaixo do FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 117 recomendado, realizou um estudo com dosagem de iodo em 15 amostras de sal. Os resultados das quantidades de iodo são apresentados a seguir. Realize um teste de hipóteses pela abordagem de Neyman e Pearson e de Fisher para verificar se a reclamação procedia. Utilize nível de significância de 5%. 555 570 610 590 610 600 500 530 580 550 530 533 620 600 575 Exercício S44 Vacas da raça Jersey (J) produzem porcentagem média de gordura para manteiga igual a 5,25%. Suspeita-se que vacas Holstein-Fresian (HF), se não forem criadas de um modo especial, produzem quantidades menores deste tipo de gordura. É fornecida a porcentagem média de gordura de manteiga de uma amostra de 10 vacas da raça Holstein-Fresian. Os dados sugerem que as que as vacas Holstein-Fresian produzem a mesma quantidade de gordura do que as vacas Jersey? Conduza um teste de hipóteses pela abordagem de Neyman e Pearson e de Fisher. Utilize nível de significância de 5%. Percentuais de gordura de uma amostra de 10 vacas Holstein-Fresian: 3,4 3,55 3,83 3,95 4,43 3,7 3,3 3,93 3,58 3,54 Exercício S45 Em uma pesquisa realizada entre os cadetes da Força Aérea sobre a relação entre saúde em geral e patologias orais, o escore médio de CPO (número de superfícies de dentes cariados, obturados ou extraídos em um indivíduo) foi 27,2. Em 121 cadetes que procuraram os serviços médicos 5 ou mais vezes durante um ano, o CPO médio foi 31,1 com desvio padrão 15,5. Se for assumido que estes 121 cadetes representam a população de cadetes com pior saúde, existe evidência que pior nível de saúde está associado a escore de CPO mais elevado? Tome a decisão utilizando as duas estratégias: a clássica de Neyman e Pearson, com nível de significância de 5% e a abordagem de Fisher, com tomada de decisão a partir do valor descritivo do teste (valor de p). Exercício S46 O nível médio de ganho de peso entre 42 homens submetidos a exercícios físicos durante 3 meses foi igual a 0,5 kg com desvio padrão de 2,2 kg. Entre homens que não fazem exercícios físicos mas que possuem uma dieta balanceada, o ganho médio de peso é de 1,3 kg. Seria razoável concluir que a verdadeira média de ganho de peso entre homens que praticam exercícios é a mesma que a de homens que não praticam exercícios mas que possuem dieta balanceada? Tome a decisão utilizando as duas estratégias: a clássica de Neyman e Pearson, com nível de significância de 5% e a abordagem de Fisher, com tomada de decisão a partir do valor descritivo do teste (valor de p). FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 118 Teste de hipóteses de associação pelo qui-quadrado de Pearson (χ2) O qui-quadrado é obtido somando-se razões dadas pelos quadrados das diferenças entre frequências observadas e as esperadas, divididos pelas frequências esperadas. (O − E ) 2 χ =∑ E 2 Quando as variáveis são independentes, é equivalente a dizer que não existe associação, e neste caso, o valor do qui-quadrado será zero. O qui-quadrado não mede força de associação e não é suficiente para estabelecer relação de causa e efeito. Distribuição qui-quadrado ( χ (2n −1) ) com (n-1) graus de liberdade Seja uma população com distribuição normal N ( µ , σ ) . Se desta população se obtiver um número x infinito de amostras de tamanho n, calculando-se as quantidades e S2 em cada amostra, a variável 2 2 aleatória (n − 1) S ~ χ (2n −1) , onde ( n −1) se lê "qui-quadrado com n-1 graus de liberdade" Berquó 2 χ σ (1981). A distribuição qui-quadrado é assimétrica e se torna menos assimétrica a medida que os graus de liberdade aumentam. Os valores da distribuição são sempre positivos (maior ou igual a zero). Existe uma família de distribuições qui-quadrado, dependendo do número de graus de liberdade. Para grandes amostras, a distribuição qui-quadrado tende para uma distribuição normal. Teste de hipóteses de associação pelo Qui-quadrado de Pearson (χ2) Abordagem de Neyman e Pearson Estabelecimento das hipóteses: H0: Não existe associação Ha: Existe associação Fixando-se a probabilidade de erro tipo I: Nível de significância (α) = 0,05 Área de rejeição do teste: densidade .6 .5 .4 .3 Área de rejeição de H0 α=0,05 .2 .1 0 0 5 10 Qui-quadrado crítico = 3,841 X2 15 20 Para a tomada de decisão, utiliza-se a regra: rejeita-se H0 se o valor calculado do qui-quadrado for maior do que o valor crítico para um nível de significância pré definido. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 119 Estatística do teste: Qui − quadrado = ∑ (O − E ) 2 ~ χ (2r −1)( c−1) E onde r e c representam o número de linhas e de colunas, respectivamente. Exemplo: na tabela abaixo, número de linhas =2 (masculino, feminino) e número de colunas = 2 (aceitável, não aceitável). Assim, o número de graus de liberdade (gl) seria (2-1)x(2-1) = 1 Distribuição de crianças segundo sexo e nível de retinol sérico. Cansação, Bahia, 1992 Sexo Nível de retinol Aceitável Inadequado Masculino 50 40 Feminino 39 32 Total 89 72 Prado MS et al. ,Revista de Saúde Pública, 29(4)295 – 300, 1995. Total 90 71 161 Na tabela abaixo, gl = 2 Distribuição de recém-nascidos segundo condição caso - com defeitos do tubo neural; controle – recém-nascidos que não tinham defeitos do tubo neural e dieta materna. Dieta Casos Controles Total n % n % n % Boa 34 13,9 43 35,0 77 21,0 Razoável 110 45,1 48 39,0 158 43,0 Pobre 100 41,0 32 26,0 132 36,0 Total 244 100 123 100 367 100 Fonte: Hand DJ et al. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. Correção de continuidade: Qui − quadradocorrecao de Yates = ∑ (| O − E | −0,5) 2 ~ χ (2r −1)( c−1) E L im i ta ç õ es : Para n<20, utilizar o teste exato de Fisher Para 20 ≤ n ≤ 40 , utilizar o qui-quadrado somente se os valores esperados forem maiores ou iguais a 5. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 120 Exemplo: Com o objetivo de investigar a associação entre história de bronquite na infância e presença de tosse diurna ou noturna em idades mais velhas, foram estudados 1319 adolescentes com 14 anos. Destes, 273 apresentaram história de bronquite até os 5 anos de idade sendo que 26 apresentaram tosse diurna ou noturna aos 14 anos. Número de adolescentes segundo história de bronquite aos 5 anos e tosse diurna ou noturna aos 14 anos de idade. Local X, ano Y. Tosse Bronquite Total Sim Não Sim 26 44 70 Não 247 1002 1249 Total 273 1046 1319 Fonte: Holland, WW et al.. Long-term consequences of respiratory disease in infancy. Journal of Epidemiology and Community Health 1978; 32: 256-9. Valores observados (O) Valores esperados (E) (O-E) (O-E)2 (O − E ) 2 E 26 247 44 1002 14,488 258,512 55,512 990,488 11,512 -11,512 -11,512 11,512 132,526 132,526 132,526 132,526 9,147 0,513 2,387 0,134 12,181 2 Qui-quadrado ( χ )= (| O − E | −0,5) 2 E 2 χ corrigido = Decisão: O valor do qui-quadrado calculado é maior do que o valor do qui-quadrado crítico para 1 grau de liberdade e nível de significância de 5%, portanto, rejeita-se H0. Conclusão: Pode-se dizer que na população existe associação entre bronquite na infância e tosse na adolescência. Abordagem de Fisher Pela tabela da distribuição qui-quadrado, com 1 gl, p<0,001 (na tabela, menor que 0,1%) Calculando-se o valor de p pelo Excel, para 1 gl, o valor de p não corrigido = 0,0004829 No Excel utilizar a função DIST.QUI tendo como argumentos o valor calculado do qui-quadrado e o número de graus de liberdade: = DIST.QUI(12,181;1)) Conclusão: Existe forte evidência contrária à independência portanto a associação observada ocorre não devido ao acaso. Pode-se dizer que os dados são compatíveis com existência de associação entre bronquite na infância e tosse na adolescência, na população. Exercício Considere os dados apresentados a seguir. Investigue a existência de associação entre níveis de β caroteno (mg/L) e hábito de fumar, em puérperas. Utilize as abordagens de Neyman e Pearson (nível de significância de 5%) e de Fisher. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 121 Distribuição de mulheres no período pós parto, segundo hábito de fumar e nível de β -caroteno sérico Fumante Não Fumante β-caroteno (mg/L) Baixo (0 – 0,213) 56 84 Normal (0,214 – 1,00) 22 68 Total 78 152 Fonte: Silmara Salete de Barros Silva, tese de Doutorado [2003]. Total 140 90 230 Teste de hipóteses de duas médias Comparação de duas médias de populações com distribuição normal – amostras independentes. São apresentadas duas situações nas quais as amostras são coletadas de modo independente. Situação 1 São coletados os pesos ao nascer de 50 recém nascidos (RN) com síndrome de desconforto respiratório idiopático grave (SDIG) sendo que 54% dos RN vão a óbito. Pode existir uma diferença entre o peso ao nascer de crianças que sobrevivem e as que morrem. É possível realizar um teste de hipótese para confirmar a aparente diferença. 1.050* 2.500* 1.890* 1.760 2.830 1.175* 1.030* 1.940* 1.930 1.410 1.230* 1.100* 2.200* 2.015 1.715 1.310* 1.185* 2.270* 2.090 1.720 1.500* 1.225* 2.440* 2.600 2.040 1.600* 1.262* 2.560* 2.700 2.200 1.720* 1.295* 2.730* 2.950 2.400 1.750* 1.300* 1.130 2.550 3.160 1.770* 1.550* 1.575 2.570 3.400 2.275* 1.820* 1.680 3.005 3.640 Fonte: Hand DJ et alli. A handbook of small data sets. Chapman&Hall, 1994. (*) crianças que foram a óbito. Situação 2 Quantifica-se uma enzima (ornithine carbonyl transferase) do fígado de dois grupos de pessoas que sofrem de hepatite. Um grupo tem a forma viral, aguda e o outro, a crônica. Existe interesse em verificar se existe diferença entre pessoas com cada tipo de doença, com base na medida da enzima. Hepatite viral aguda (log das medidas) 2,66 2,38 2,37 2,31 2,50 1,96 2,85 2,67 2,37 2,40 2,79 1,82 2,51 2,51 2,80 2,50 2,57 2,54 2,45 2,75 2,56 2,50 3,00 2,94 2,93 2,78 2,57 2,62 2,71 2,18 Hepatite crônica (log das medidas) 3,01 2,99 2,60 2,47 3,04 1,92 3,32 2,21 1,71 2,60 2,79 2,71 3,18 2,84 2,84 2,31 2,71 2,47 2,28 2,84 2,80 3,02 Fonte: Daly et al.. Elements of Statistics. The open 2,85 3,00 2,53 2,46 3,21 2,68 2,50 2,78 2,83 2,86 1,76 2,36 2,07 3,61 2,51 2,36 2,48 2,35 2,99 2,56 2,60 2,98 2,78 2,09 2,42 2,31 3,02 2,17 2,64 2,72 2,33 2,52 3,71 2,07 2,21 2,73 2,30 2,58 3,69 2,56 2,40 3,40 2,11 2,45 2,77 University, 1995. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 122 forma crônica 1.5 forma aguda 57 2,587 0,107 Density 1 Hepatite crônica (log medidas) 40 2,651 0,194 0 n Média Variância Hepatite viral aguda (log medidas) .5 Estatísticas 1.5 (n-1) 2 2.5 3 3.5 4 1.5 2 2.5 3 3.5 4 enzima Density normal enzima Razão entre variâncias =1,8 Graphs by grupo Distribuição de pessoas segundo determinada enzima produzida no fígado e tipo de hepatite. Teste t para duas amostras independentes Sob certas circunstâncias (pressuposições), o teste t permite testar a hipótese nula Com as seguintes possíveis hipóteses altenativas: H 0 : µ1 = µ 2 H a : µ1 > µ2 ; H a : µ1 < µ2 ; H a : µ1 ≠ µ2 , de- pendendo do problema que está sendo proposto. A hipótese nula é equivalente à: H 0 : µ1 − µ 2 = 0 , onde µ1 e µ 2 são médias de populações distintas. Pressuposições: A variável sob estudo segue as seguintes distribuições nas populações de origem: na população 1 na população 2 ~ N ( µ1 , σ ) ~ N (µ 2 , σ ) Observe que prossupõem-se amostras provenientes de populações normais, com médias distintas e mesma dispersão. Verificando-se as pressuposições (de modo informal): 1- Normalidade – histograma 2- Igualdade de variâncias (de desvios padrão) uma variância não pode ser 3 ou mais vezes a outra. Estatística do teste: Os estimadores das médias populacionais Utilizando-se a estatística X1 − X 2 µ1 e µ 2 são X1 e X2. pode-se estimar a diferença entre as médias populacionais. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 123 Esta estatística tem uma propriedade importante: é a melhor estatística quando as pressuposições de normalidade e de igualdade de variâncias estão satisfeitas. Para duas amostras n1 e n2, como consequência da distribuição amostral da média e Teorema Central X 1 ~ N (media = µ1 , d . p = do Limite, tem-se X 2 ~ N (media = µ 2 , d . p. = σ ) n1 σ n2 e ) Assumindo que as amostras são independentes, tem-se a distribuição de X 1 − X 2 ~ N ( µ1 − µ 2 , σ2 n1 + σ2 n2 ) ou X1 − X 2 : X 1 − X 2 ~ N (µ1 − µ 2 , σ ( 1 1 + )) n1 n 2 σ pode ser estimado tanto por S1 como por S2. Existe uma combinação de S1 e S2 que fornece um estimador melhor: Estimador ponderado (agregado): S p = Onde S12 e S 22 (n1 − 1)S12 + (n 2 − 1) S 22 (n1 + n 2 − 2) são as variâncias amostrais, Calcula-se T, o número de desvios padrão da estatística X 1 − X 2 , em torno da diferença populacional , ( µ1 − µ2 ) : T= ( X 1 − X 2 ) − ( µ1 − µ 2 ) , que sob H0 torna-se T = ( X 1 − X 2 ) ~ t ( n + n −2) Sp 1 1 + n1 n 2 Sp 1 1 + n1 n 2 1 2 onde (n1+n2-2) é o número de graus de liberdade necessário para o cálculo de T, utilizando-se a distribuição t de “Student” . Esta estatística pode ser utilizada para a realização do teste de hipótese e para o intervalo de confiança da diferença de duas médias para amostras independentes. Se o teste for segundo Neyman e Pearson, deve-se confrontar o valor observado (tobs) de T, com a área de rejeição de H0, para um nível de significância pré-fixado. Se tobs cair na área de rejeição de H0, opta-se pela rejeição da hipótese nula. Se o teste for segundo Fisher, deve-se calcular a probabilidade de observar o valor observado (tobs) de T ou um valor mais extremo, na curva especificada em H0. Decide-se com base no valor de p. Se a probabilidade for pequena, concluí-se que os dados mostram evidência contrária à proposição de igualdade de médias. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 124 Aplicação: Situação 1: Pesos ao nascer proveem de mesma população? Abordagem de Neyman e Pearson H 0 : µ sobrev = µnão sobrevivente H a : µ sobrev ≠ µnão sobreviviente Considerar nível de significância pré-fixado em 5% Olhando-se os dados e investigando-se as pressuposições do teste: ≅ 1,6 0 razão entre as variâncias Density Peso ao nascer segue distribuição normal? Variâncias são iguais? nao sobrev 5.0e-04 .001 sobrev 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 peso Density normal peso Graphs by condicao Cálculo da estatística do teste n1=27, x1 = 1692 ; s12 = 267958,7 n2=23, x2 = 2307 ; s22 = 441856,5 Sp = tobs = (n1 − 1) S12 + (n2 − 1) S 22 = (n1 + n2 − 2) (27 − 1)267958,7 + (23 − 1)441856,5 = 347661,86 = 589,63 (27 + 23 − 2) (X1 − X 2 ) (1692 − 2307) = = −3,68 1 1 1 1 Sp + 589,63 + n1 n2 27 23 H0 Graus de liberdade = 27+23 – 2 = 48 Comparação com a área de rejeição de H0: Área de aceitação de H0 Como o valor calculado caiu na área de rejeição, Área de rejeição Área de rejeição de de H0; α = 0,025 2 H0; α = 0,025 2 decide-se por rejeitar H0. Conclui-se que foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os pesos -3,68 -2,009 µ=0 2,009 t médios ao naser de RN com SDIG, que FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 125 vão a óbito e que sobrevivem, para nível de significância de 5%. Os RN sobreviventes apresentam maior peso médio ao nascer. Neste caso, os RN são provenientes de duas populações distintas, com relação ao peso ao nascer. Abordagem de Fisher Proposição inicial: µ sobrev = µ não sobrevivente Valor calculado da estatística do teste = -3,68 Cálculo do valor de p: pela tabela da Distribuiçaõ t de “Student”, e 48 graus de liberdade (27+23-2), obtém-se p<0,1% ou p<0,001. Pode-se obter o valor exato de p, utilizando-se a função =DISTT(3,68;48;2), no Excel, obtendo-se o valor p = 0,0006, para um teste bi-caudal. Pelo valor de p pode-se concluir que os dados mostram evidência contrária à proposição inicial. Os RN sobreviventes apresentam maior peso médio ao nascer. Teste t para duas amostras dependentes Existem situações onde os dados da primeira amostra estão, de alguma forma, relacionados aos dados da segunda amostra. São apresentadas duas situações com amostras dependentes. Situação 1 Uma certa droga está sendo testada quanto a seu efeito na pressão sanguínea. 12 pacientes tiveram sua pressão arterial diastólica (PAD) medida antes e após o tratamento. Os resultados são mostrados a seguir. Os resultados são compatíveis com uma droga que produz efeito na pressão sanguínea diastólica? Paciente 1 2 3 4 5 6 PAD antes 120 124 130 118 140 128 PAD após 125 126 138 117 143 128 paciente 7 8 9 10 11 12 PAD antes 140 135 126 130 126 127 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig PAD após 146 133 127 135 126 131 126 Situação 2 São apresentados dados de um estudo biomédico do peso de rins em uma série de autópsias realizadas no departamento de patologia de um hospital na África. A diferença das médias amostrais pode ser razoavelmente explicada como sendo devida ao acaso? Peso do rim esquerdo (gramas) 170 155 140 115 235 125 130 145 105 145 155 110 140 145 120 130 105 95 100 125 Peso do rim direito (gramas) 150 145 105 100 222 115 120 105 125 135 150 125 150 140 90 120 100 100 90 125 Abordagem de Neyman e Pearson Hipóteses H 0 : µ1 = µ2 H a : µ1 ≠ µ2 A hipótese nula é equivalente à H 0 : µ1 − µ 2 = 0 , como o teste é emparelhado (pareado), deve-se escrever H 0 : µ d = 0 , onde d vem de uma população composta pela diferença entre as observações X1 e X2, para cada indivíduo. Pressuposição: d segue uma distribuição normal; d ~ N (µ d , σ d ) Estatística do teste: T= (d ) − ( µ d ) (d ) − ( µ d ) d = , que sob H0 torna-se T = ~ t ( n−1) Sd Sd Sd n n Onde n é o número de pares de valores. Se o teste for segundo Neyman e Pearson, deve-se comparar o valor observado (tobs) de T, com a área de rejeição de H0, para um nível de significância pré-fixado. Se tobs cair na área de rejeição de H0, opta-se por esta decisão. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 127 Se o teste for segundo Fisher, deve-se calcular a probabilidade de observar o valor observado (tobs) de T ou um valor mais extremo, na curva especificada em H0. Decide-se com base no valor de p. Se a probabilidade for pequena, concluí-se que os dados mostram evidência contrária à proposição de igualdade de médias. Aplicação: Considerando-se os dados de pressão arterial diastólica antes e após um tratamento Paciente Pressão arterial diastó- Pressão arterial diasDiferença lica antes tólica após (d) 1 120 125 -5 2 124 126 -2 3 130 138 -8 4 118 117 1 5 140 143 -3 6 128 128 0 7 140 146 -6 8 135 133 2 9 126 127 -1 10 130 135 -5 11 126 126 0 12 127 131 -4 Abordagem de neyman e Pearson Hipóteses: H 0 : µd = 0 H a : µd ≠ 0 Nivel de significância = 5%;n=12; Graus de liberdade = n-1 = 11; d= sd2 = − 31 = −2,58 ; 12 ( −5 − ( −2,58) 2 + ...( −4 − ( −2,58) 2 ) 104,51 = = 9,501 11 11 sd = 9,501 = 3,082 , tobs = d 2,58 = = −2,90 sd 3,082 n 12 FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 128 Área de rejeição de H0 para 11 graus de liberdade: H0 Área de aceitação de H0 Área de rejeição Área de rejeição de de H0; α = 0,025 2 H0; α = 0,025 2 -2,9 -2,201 µ=0 2,201 t Como o valor calculado caiu na área de rejeição, decide-se por rejeitar H0. Conclui-se que foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os níveis médios de pressão arterial diastólica antes e após o tratamento, para nível de significância de 5%. O tratamento provoca aumento da pressão arterial diastólica. Abordagem de Fisher Proposição inicial: µantes = µapós Valor calculado da estatística do teste = -2,90 Cálculo do valor de p: pela tabela da Distribuição t de “Student”, e 11 graus de liberdade (12-1), obtém-se 1%<p<2% ou p ≅ 1,5% (p ≅ 0,015). Os dados mostram evidência contrária à proposição inicial. O tratamento produz efeito, os valores médios antes e após o tratamento são diferentes, sendo que após o tratamento o nível médio é maior. Pode-se obter o valor exato de p, utilizando-se a função =DISTT(2,9;11;2), no Excel, obtendo-se o valor p = 0,014445, para um teste bi-caudal. FSP/USP. HEP 103-Bioestatística aplicada a Nutrição - 2010 Denise Pimentel Bergamaschi, José Maria Pacheco de Souza, Patrícia de Fragas Hinnig 129