O USO DA BIODIVERSIDADE DA CAATINGA:
UMA LEITURA DE PROGRAMAS DE
COMUNIDADES RURAIS DE JUAZEIRO (BAHIA )
Luzineide Dourado Carvalho
Doutoranda NPGEO-UFS
&
Profa. Dra. Maria Geralda de Almeida
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Resumo
O trabalho ora apresentado tem a proposição de analisar os programas de
Convivência com o SemiCaatinga e as mudanças que se procedem nas representações e percepções das
comunidades rurais sobre sua territorialidade. A discussão sobre biodiversidade é
recente, sendo uma resposta a uma situação concreta de uma crescente destruição da
natureza. A mesma seria uma
colocando em risco a sobrevivência. A biodiversidade é, sem dúvida, o suporte para
um discurso que articula uma nova relação entre natureza e sociedade em contextos
globais da ciência, das culturas e economia. A visão que as populações tradicionais
possuem da biodiversidade é resultante de uma cultura particular, da apropriação do
seu território e do conhecimento local, no caso, da Caatinga.
A intenção é analisar como os conceitos de natureza e território ganham um
novo significado pelos catingueiros, a partir dos programas, ações formas de se
relacionar com a terra e com a natureza nos processos produtivos conduzidos pela
apontam medidas sócio-econômicas e educativas para
a mitigação dos efeitos das secas através de práticas e técnicas com o contexto do
Semi-árido e o uso dos recursos naturais com bases sustentáveis.
Palavras-chaves: Convivência, Biodiversidade, Semi-árido, Comunidades Rurais.
Abstract
The presented work however has the proposal to analyze the programs of
Acquaintance with Halfof the Caatinga and the changes that if proceed in the representations and perceptions
from the agricultural communities on its territoriality. The quarrel on biodiversity is
recent, being a reply to a concrete situation of an increasing destruction of the nature.
The same one would be a reply
the survival. Biodiversity is, without a doubt, the support for a speech that articulates a
new relation between nature and society in global contexts of science, of the cultures
and economy. The vision that the traditional populations possess of biodiversity is
resultant of a particular culture, of the appropriation of its territory and the local
knowledge, in the case, of the Caatinga. The intention is to analyze as the nature
concepts and territory gains a new meant by the caatingueiros, from the programs,
1
action forms of if relating with the land and the nature in the productive processes lead
-economic and
educative with respect to the mitigation of the effect of the droughts through practical
and techniques with the context of Half-barren and the use of the natural resources
with sustainable bases.
Word-keys: Acquaintance, Biodiversity, Half-barren, Agricultural Communities.
Introdução
objetivando identificar e analisar seus programas sócio-produtivos por intermédio de
práticas apropriadas e tecnologias sociais com as condições ambientais do Semiárido.
O pressuposto teóricoperspectiva cultural que ressignifica os conceitos de natureza e de território (Semiárido) pela geração de saberes pelo contexto, ou seja, uma escala tempo-espaço de
onde o sujeito se situa como natureza e cultura.
A base ideológicorelação
dos sujeitos com os elementos da natureza semi-árida, atuando nas percepções e
sentidos pela contextualização do saber, ou seja, um processo de produção do
conhecimento do sujeito sobre si, sobre seu lugar, sobre o mundo a partir de sua
realidade complexa.
O enfoque do trabalho é sobre a Conservação e Utilização Sustentável da
Biodiversidade e da Agrobiodiversidade da Caatinga, uma das diretrizes da
posta em prática por um conjunto de comunidades
rurais nos municípios do Território de Juazeiro, norte da Bahia. A análise abordou
questões para as formas organizativas dos agricultores familiares, associações e
cooperativas, a busca da sustentabilidade socioeconômica com o processo de
beneficiamento das frutas nativas da Caatinga e a apicultura.
O referencial teórico argumenta sobre a biodiversidade enquanto discurso da
valorativa do natural, sendo a busca das coisas naturais parte e produto
da sociedade contemporânea diante da crise ambiental. Avalia-se que o discurso
sobre a biodiversidade vai se construindo entre as formas pósmodernas do capital
com ressignificações das florestas tropicais sendo a Caatinga um exemplo, suas
populações tradicionais e seus conhecimentos da natureza (ALMEIDA, 2008).
Entretanto, a manutenção e existência da biodiversidade deve-se à preservação das
identidades e dos valores culturais, das populações consideradas tradicionais no seu o
enraizamento à terra.
Considera-se a partir da proposição de Vandana (2001) que a biodiversidade é
um legado das comunidades onde se tem ainda presente os sistemas sociais,
segundo os princípios de justiça e de sustentabilidade combinando direitos e
responsabilidade entre os usuários, a utilização e conservação, coprodução com a
natureza e de dádiva entre os membros da comunidade, portanto, um sistema vivo de
manutenção da vida. O procedimento metodológico nesse trabalho contou com
observação participante e de entrevistas realizadas com os protagonistas gestores e
executores dos programas de
familiares associados/cooperativados.
2
A Construção do Discurso da Biodiversidade
A noção ocidental de natureza estruturada no imaginário do mundo moderno é
presentemente interrogada pela sociedade, cujas relações dessa com o meio natural
estão sendo reconsideradas. A reafirmação das coisas naturais e estas como partes e
produtos da
(1996) faz essa reflexão e aponta essa corrente da
históricas atuais, uma reinvenção e neste contexto, torna-se importante o papel
desempenhado pela cultura, sua transversalidade nos processos de ressignificação e
. A crise ambiental abriu o interesse teórico e político em
valorizar a natureza com o propósito de desenvolvimento cujas estratégias para
manter o aproveitamento das potencialidades dos ecossistemas passaram a se
orientar pelo manejo prudente dos recursos associados à sustentabilidade (SACHS,
2004).
A noção de sustentabilidade dominante que prevaleceu foi de política de
desenvolvimento cujo reconhecimento da natureza é sua função enquanto suporte no
processo de produção capitalista (LEFF, 2006). Se por um lado, há uma apropriação
discursiva da sustentabilidade por parte daqueles que mantém o poder político e
econômico, por outro lado, há em conformação o processo de reapropriação social da
natureza e do território por parte dos povos tradicionais que, segundo Porto-Gonçalves
(2006), estabelecem com seu espaço, com seu tempo, com sua natureza uma
manifestação específica de se relacionar com a dimensão tempo-espaço e relacionarse enquanto grupo social.
Conforme Almeida (2008) a preservação das identidades e dos valores
culturais, o enraizamento e a terra aparecem como suportes da biodiversidade, da
resiliência e da complexidade do ecossistema. Por exemplo, nas populações que
habitam os Cerrados e a Caatinga, identifica-se uma cultura ecológica, um modo
particular de manter a base de recursos dos seus patrimônios histórico e cultural. Essa
cultura ecológica, da qual nos fala Almeida, tem no entendimento de Leff (2000), como
sendo o suporte comunicacional entre povos e natureza, cujos significados e usos
atribuídos aos ambientes naturais são particulares por meio da construção de um
conjunto de práticas coerentes para pensar, relacionar e utilizar o biológico. Os
interesses do capital se camuflam no discurso da biodiversidade, mas os recursos
naturais são também de interesse das comunidades, considerados por Vandana
Shilva como legados
de direitos e responsabilidade entre os usuários, a combinação de utilização e
conservação, um sentido de co-produção com a natureza e de dádiva entre os
A manutenção da biodiversidade é um campo crescente de conflito e de
disputa, pois dela surgem novos produtos essenciais para as biotecnologias; abre-se
também a questão das patentes sobre as sementes modificadas, derivados dos frutos
e folhas manipulados. Também há a sistematização e apropriação do conhecimento
tradicional por parte dos centros de pesquisa etc. Ou seja, pela biodiversidade abriu-se
um mercado novo, o da biopirataria. Como aponta Vandana (2001) a biodiversidade foi
de vida aparentemente menos
biodiversidade é a
expressão da autorenovação e do autoreparo dos sistemas vivos como forma de
manter sua complexidade e a auto-organização (ib.).
3
A Ressignificação dos Conceitos de Natureza e de Território a partir da Geração
de Saberes pelo Contexto do Semi-Árido Brasileiro
O contexto é uma escala tempo-espaço de onde o sujeito se situa como
natureza e cultura e deste ponto de referência ele pode tecer seus saberes sobre si e
sobre o mundo, portanto, contexto é composto de tramas entre o local e global, num
sentido de ação/reflexão/ação. Em Martins (2004) a concepção de contexto guarda
essa dimensão física e imaterial, pois considera que o contexto mais do que uma
forma de habitat, um meio que define uma ecologia, é também atravessado pelas
interações da natureza com a cultura, desse modo, a linguagem, as formas de
comunicação humanas e os regimes de signos regem essa comunicação natureza
cultura, então contexto não é apenas as coisas físicas e palpáveis de um
, o próprio dilema das identidades e os
materiais
Pensar a complexidade da realidade e recuperar o sujeito pensante a partir do
contexto é uma tarefa que a racionalidade atual não pode dar conta, uma vez que a
mesma justamente desenvolveu o distanciamento do sujeito em relação às suas
circunstâncias, as suas próprias determinações (ZEMELMAN, 2006). E, a
contextualização exige ampliar o horizonte do sujeito, colocando-o perante uma
constelação de possibilidades, em vez de reduzí-lo a alguns objetos particulares, ou
seja, é uma condição válida para estimular no sujeito a necessidade de realidade e a
sua vontade de conhecer. Como afirma Zemelman, a realidade quando encarada a
partir do sujeito em seu sentido, em seu contexto, torna-se um conjunto de espaços de
construção, e o papel histórico atual tem a tarefa de situar o lugar da intervenção e da
prática.
Em concordância com os autores apontados, incluir os sentidos do sujeito a
partir de suas condições específicas cada vez mais é uma condição para que este
compreenda as necessidades do seu território, de sua existência. É possibilitar que o
sujeito aprenda a lidar com as especificidades de seu ambiente, identificando as
oportunidades e alternativas que a própria natureza oferece, nas condições que
permitam melhorar a existência, correlacionando o natural com o social, de forma que
apreenda as circunstâncias da temporalidade e da territorialidade e consiga
encontrar/estabelecer novas ordens, uma nova forma de se ver e se conceber, de ver
e conceber o mundo.
E, nessa direção, que a pesquisa trilha na questão da ressignificação dos
conceitos natureza e território para analisar os processos que se desenvolvem no
Semi-árido Brasileiro, tomado como contexto, cuja realidade marcada pelos discursos
universalistas e hegemônicos sobre sua natureza e seu território vem sendo
As percepções e sentidos no trato com os elementos da natureza
semi-árida vêm sendo possibilitados por algumas práticas, programas e ações, cuja
metodologia é a contextualização do saber para que os sujeitos/grupos ressignifiquem
a leitura que tem de si, de sua natureza, de seu lugar, ou seja, passem a pensar e
produzir conhecimento a partir do contexto Semi-árido.
O discurso sobre essa natureza fundamentou-se por uma forma estereotipada,
qualificando-a como uma natureza pobre, feia, hostil, adversa. Significados
apresentados em romances, livros didáticos, imagens televisivas e cinematográficas,
como também se fazem presentes em discursos parlamentares. A seca está no cerne
dessas representações sociais, uma vez que o sentido dado às mesmas foi de
anomalia, portanto, uma natureza a ser combatida, corrigida, dominada. Esta leitura
justificou desde o final do século XIX e todo século XX intervenções estatais
denominadas
4
Afirma Albuquerque Jr. (1999) que a seca passou a ser uma grande metáfora
de todo e qualquer problema e carência da região e a partir das suas representações
elaboraram-se uma visibilidade calcada no estereótipo do atraso e uma dizibilidade
marcada no discurso da vitimização.
regionalismo nordestino, apontado por Castro (1992) como uma ação ideológica do
uso do poder simbólico sobre a região Nordeste, utilizandobarganha política das elites
dominantes com o Governo Central a favor da aquisição de verbas públicas e
escamotear as estruturas sociais e econômicas desiguais e rígidas da região, na qual
o período de secas apenas acirrava essa situação.
O próprio Estado procurou atuar na base territorial cartografando
institucionalmente às secas pela figura do Polígono das Secas1. E nesse território
deu-se todo um conjunto de ações e
secas, implementou-se vários programas
e projetos de correção hídrica por construção de açudes, irrigação etc, sendo os
carros-chefes da política de desenvolvimento rural. Nessa leitura técnica de território
Semi-árido entendido como uma unidade fito-climática marcada pelas secas, não se
permitia ver o território a partir de suas múltiplas dimensões, pois a seca tomada como
realidade única limitava as ações dos programas, especialmente para conceber que os
grupos humanos convivem com a seca há vários séculos e a partir dessa realidade as
imaterialidades, subjetividades, simbolismo etc., com o tempo das secas e o tempo
das chuvas compuseram a existência nesse território. Então, a seca faz parte da
natureza e da cultura no Semi-árido, regulando a vida, a produção, o cotidiano.
Aspectos que
dimensionar, especialmente melhorar a vida das populações rurais mais afetadas.
Aqui cabe mencionar Claval (2002), para quem a interação entre as dimensões
materiais e imateriais do território é uma leitura na qual evidencia que nele estão
inscritas as existências humanas, as ações técnicas e os discursos elaborados.
Portanto, o autor analisa que as práticas culturais e as representações interferem nos
processos de produção do espaço geográfico, sendo o território a escala na qual se
atravessa histórias individuais e coletivas. E, e aponta como a leitura de uma dada
realidade necessita considerar o espaço, a cultura e a sociedade como realidades
sociais. A matéria, natureza, cultura e vida social são realidades apreendidas ao
mesmo tempo por cada um. Ao contrário desse entendimento, a política de
desenvolvimento regional/rural implementada no Semi-árido não deu possibilidades
dos sujeitos expressarem o poder simbólico de seu
atribuir coesão e força (simbólica) ao seu lugar, e nem se reconhecer como natureza e
cultura. Como abordaram Bonnemaison e Cambrézy (apud HAESBAERT, 2007), isso
identidade, talvez o mais
convivência, ou em a falência da lógica técnico-economicista para a emergência da
lógica ambientalapontada por Carvalho (2004, p.:22), uma nova concepção
de desenvolvimento emergiu-se através de todo um conjunto de técnicas inovadoras
de convivência com a seca, uso de tecnologias sociais com a água da chuva, práticas
produtivas apropriadas, mexendo na relação homem natureza território, cujo eixo
biodiversidade participa intrinsecamente desse trinômio e se faz percurso para uma
nova racionalidade.
5
-
no Território de Juazeiro e o Uso da
Biodiversidade da Caatinga
mobilização e articulação da sociedade civil e movimentos sociais, com o objetivo de
criar formas apropriadas e contextualizadas de tratar o uso dos recursos naturais do
Semi-árido; a concepção central era de uma adequação técnica dos processos
produtivos, uma vez que são considerados tecnicamente baixos os limites da
capacidade de suporte (solo, água, vegetação, etc.).
De acordo com a proposta, diante dos limites dessa capacidade de suporte, há
muitas possibilidades que podem ser agenciadas para o uso sustentável do Semiárido. Tal proposição veio por parte das recomendações mundiais feitas pelas
Convenções de Combate à Desertificação (UNCCD), que passaram a ser realizadas
desde os anos de 1970, discutindo formas de desenvolver as áreas áridas, semiáridas e sub-úmidas do mundo, cujo processo de Desertificação2 foi constatado em
nível avançado. A UNCCD definiu as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) no
mundo, sendo no Brasil denominada de Semi-Árido Brasileiro3.
-se uma
perspectiva cultural de reapropriação social da natureza pelos agricultores familiares.
Essa matriz cultural é incorporada dentro das ações de um conjunto de instituições (na
maioria, não-governamentais) que politicamente assumem a proposta.
com o Semi-árido é uma proposta de desenvolvimento que se pauta na lógica de um
sistema de vida e de produção eficientes e sustentáveis, onde se busca, através da
formação de uma consciência coletiva, constituir um equilíbrio ambiental e social,
capaz de garantir melhor as condições de vida para as populações dessa
(IRPAA, 2002).
SemiDesenvolvimento Sustentável do Semino Semi-árido Brasileiro (ASA), uma rede de forte mobilização e articulação da
sociedade civil e dos movimentos sociais. Por sua vez, ela se articula com outras
redes importantes que comungam dos objetivos, como exemplos, a Rede de
Educação do Semi-árido Brasileiro (RESAB) 5, Mutirão Nordeste e outras.Um conjunto
desenvolvimento
voltado para a prudência ambiental, acesso aos direitos humanos, valorização local e
territorial e fortalecimento das instâncias de controle social no SemiÁrido como: o
programa de acesso e democratização da água e da terra, de reforma agrária,
fortalecimento e manutenção das identidades culturais; políticas públicas
contextualizadas (com ênfase na educação), conservação e utilização sustentável da
biodiversidade da Caatinga e da agrobiodiversidade, recuperação de áreas
degradadas e em desertificação etc.
As metodologias aplicadas se fundamentam no protagonismo social pela
participação de toda comunidade, especialmente destacar o papel das mulheres e
jovens no processo de decisão, no resgate/valorização do saber popular etc.,
incentivando e apoiando as comunidades a se organizarem e construírem seus
projetos auto-gestionários. Consideraracionalidade no uso da natureza semiárida,
Essa noção é trazida por Larrère (1997) ao apontar que mesmo sendo uma idéia
antiga, presente nos escritos bíblicos, a concepção de natureza da modernidade
técnica e instrumental não conseguiu eliminar e que cada vez mais vem sendo
incorporada na preocupação ética das práticas ambientais atuais.
6
Parte-se da idéia de que o homem seja responsável pela maneira como usa a
natureza. O
comprometimento com
as gerações futuras e que obriga a sociedade a ter em conta à forma de seus atos
presentes e como estes comprometem o futuro. Considerar toda a complexidade que
envolve os ecossistemas e para
defende os critérios de uso da natureza. A citada autora expõe que a visão da
sociedade sobre a natureza é que regula seu comportamento e suas atitudes diante
dela. Para tanto, mudar os comportamentos de degradação não depende unicamente
de uma reflexão ética, mas obriga o homem a precisar qual é sua concepção da
natureza. Desta forma, a procura de instituir uma outra concepção de natureza
respaldada no processo cultural-educativo promovido nos programas e ações da
-se como possibilidade de se estabelecer a prudência, a
natureza semi-árida.
para o Território de Juazeiro, no norte da Bahia, marcado pelos projetos de irrigação
que em conjunto com o vizinho município de Petrolina (PE), formam um grande pólo
de fruticultura irrigada do Nordeste. Este pólo recebeu um aparato técnicoinformacional e infra-estrutural tanto pelo Estado quanto pelo capital privado,
possibilitado sua inserção ao mercado nacional e internacional de frutas,
especialmente a uva e a manga. Deste modo, os dez municípios que compõem o que
neste estudo denomino de Território de Juazeiro (Campo Alegre de Lourdes, Canudos,
Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Sento-Sé, Sobradinho, Remanso e Uauá)
tiveram sua organização geoeconômica marcada pela forte influência do setor
agropecuário tradicional alterada a partir da década de 1970.
No entanto, toda a eficiência produtiva, tecnificada e globalizada que marca
este território não incorporou de forma igual e justa sua população rural,
especialmente de agricultores familiares, sua maior parcela, apesar da forte
urbanização que passaram alguns municípios, como exemplo Juazeiro, seu centro
regional. As p
Diocese de Juazeiro e o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
(IRPAA). Essas instituições nos anos de 1980 passaram a atuar com a difusão de
tecnologias tanto com a dimensão de serem apropriadas no sentido de adequadas ao
clima semi-árido quanto a serem apropriadas no sentido social pelos agricultores. O
movimento passou a mobilizar e articular os agricultores familiares, fortalecer a
organização comunitária estimulando a criação de associações de produtores rurais,
cooperativas agropecuárias, técnicas de captação de água da chuva (que já vinham
sendo difundidas em várias partes do Semi-árido), ensinar o cultivo de plantas
resistentes às secas e criações de pequeno porte, especialmente a caprinovinocultura,
beneficiar frutos nativos entre outros.
por conta do engajamento e participação de setores não governamentais e alguns
governamentais, tais como a Universidade do Estado da Bahia (campus local) e a
Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (unidade Semi-árido). A proposta
atualmente está ramificada por todo Semiárido formatando arranjos institucionais cuja
maior materialização é a ASA _ congrega atualmente cerca de 800 instituições da
sociedade civil_, a RESAB, uma rede educativa entre outras redes.
Nos anos de 1990, outras instituições surgem no Território como exemplos o
Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP), Associação de
Desenvolvimento e Ação Comunitária (ADAC), Fundação Velho Chico, Associação
Regional de Convivência Apropriada à Seca (ARCAS) entre outras. Algumas
7
prefeituras
passaram
a
introduzir
a
proposta
da
Educação
Convivência/Contextualizada, os municípios de Curaçá, Juazeiro e mais recentemente
Uauá. E, com a introdução do Programa P1MC6 ampliou-se o trabalho das instituições
com uma maior inclusão de agricultores familiares. O aprendizado das especificidades,
fragilidades e potencialidades do Semi-árido priorizado nas metodologias da proposta
passou a reorientar o uso dos recursos naturais no Território, que no contexto atual
destaca-se um conjunto de práticas, projetos e programas. Eles tomam como
prioridade o uso social da água (cisternas para uso doméstico, uso produtivo, bomba
agroecologia, educação contextualizada, etc., demonstrando uma série de ações
voltadas para
Importante ressaltar que todas as ações têm
grande guarda-chuva que abriga não
apenas uma dinâmica, mas duas, três ou várias em um mesmo município ou mesma
comunidade. Portanto, são ações interdependentes e articuladas cujo uso da água da
chuva e da mobilização social iniciam qualquer processo de
Deste conjunto de práticas, neste estudo visou destacar o uso sustentável da
biodiversidade. Seu uso vem sendo desenvolvido em várias comunidades rurais dos
municípios do Território. Deste uso duas práticas e projetos serão analisados por
conta do maior volume de agricultores familiares envolvidos, abrangência geográfica
seja da produção quanto da comercialização dos produtos e a gestão social envolvida.
Trata-se do beneficiamento dos frutos nativos da Caatinga e da apicultura.
- Beneficiamento de Frutas:
Diagnósticos e prognósticos já demonstraram a ampla possibilidade de uso da
biodiversidade da Caatinga. Um bioma, muito especial, predominante em todo o
território Semi-árido. Mas, apesar de riquíssimo em espécies, ele tem atualmente
menos de 1% de áreas protegidas em unidades de conservação (ADITAL, 2008).Entre
os potenciais de uso destacam-se o potencial forrageiro, o potencial das plantas
frutíferas para o aproveitamento em doces, sucos e geléias, o potencial medicinal; e, o
potencial faunístico (BIODIVERSITAS, 2008). Deste modo, a conservação e utilização
sustentável da biodiversidade da Caatinga são muito importantes para o equilíbrio das
condições edafoclimáticas do ambiente. Os frutos que vem sendo beneficiados são o
umbu (do umbuzeiro, Spondias tuberosa) e maracujá-do-mato (Passiflora
serratodigitata L.), nativos da Caatinga, com forte potencial econômico, mas até então,
pouco valorizado. Atualmente, são carros-chefe da produção de geléias, doces, sucos
e polpas em conjunto com outras frutas não nativas, a manga e goiaba.
Destacam-se nessa atividade a Cooperativa Agropecuária Familiar de
Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC); Associação Agropecuária e de Apicultores
de Marcos, em Remanso; a Associação de Pequenos Produtores de Melancia e
Associação de Fundo de Pasto e Pequenos Produtores e Apicultores de Ladeira
Grande em Casa Nova, entre outras. Essas organizações atuam com o
beneficiamento dos frutos desenvolvidas no meio rural, geralmente em comunidades
sem energia elétrica. Algumas organizações buscaram na descentralização da
produção uma saída para ampliar sua produção, como é o caso da COOPERCUC,
que dividiu sua gestão entre a fabrica central, com sede no centro urbano de Uauá e
as mini-fábricas distribuídas por algumas comunidades rurais dos municípios de
Curaçá, Uauá e Canudos. Essa descentralização da gestão possibilitou receber
maiores demandas dos compradores, repassando para as comunidades a
responsabilidade da produção, bem controlada a fim de não se gerar uma super oferta
dos produtos.
8
Essa metodologia de ação é um diferencial entre a COOPERCUC e as outras
organizações, pois a organização e divisão do trabalho no processo de produção
dentro da organização ampliam a participação, tornando-a compartilhada, cujos
grupos comunitários se sentem responsabilizados e também valorizados, fortalecendo
sua autonomia e gerenciamento. A infra-estrutura das unidades de produção é
simples, geralmente um galpão de dois a três cômodos, ou pequenas unidades de um
a três cômodos, dispondo de uma pequena cozinha. Nesses espaços manipulam-se
os produtos, guardam os equipamentos e os frutos coletados ou comprados durante a
semana. Em geral, os grupos são formados de doze a quinze pessoas, que se dividem
em turmas de três ou quatro pessoas. Cada grupo se responsabiliza pela coleta dos
frutos seja na sua própria propriedade ou na área coletiva de fundo de pasto; também
podem recorrer à compra dos frutos, no caso da COOPERCUC só se permite a
compra de frutos derivados de propriedade já certificada pelo selo orgânico.
O calendário agrícola de cada fruta determina o funcionamento das unidades,
sendo o maior pique de janeiro a abril período da safra do umbu, que corresponde
com cerca de 70% a 80% da produção. O umbuzeiro começa a dar frutos só aos 15
anos, e pode dar até três floradas numa safra desde que se tenha o cuidado de não
agredir os galhos. A coleta dos frutos inchados, com as mãos, foi uma metodologia
desenvolvida pela EMBRAPA - Semi-árido e aplicada pelas organizações; deste
modo, foi possível ampliar a produtividade do umbuzeiro para criar uma consciência
de conservação. Antes, coletava-se batendo nos galhos onde se caiam frutos
maduros, inchados ou verdes, sendo que se aproveitavam apenas os inchados e havia
uma grande perda e se constituía uma forma predatória de coleta.
Os agricultores (as) envolvidos (as) aprendem além do método da coleta do
umbu, a manusear os equipamentos, produzir e controlar a qualidade desde a
fabricação à conservação dos produtos. Todas as etapas da produção seguem um
rígido controle do ambiente, desde a chegada dos frutos na unidade de produção à
colocação dos rótulos nas embalagens, encaixamento, esterilização dos vidros e
vasilhas plásticas etc. Nas unidades se utiliza lenha da algaroba (Prosopis juliflora),
uma árvore exótica e adaptada ao Semi-árido que é plantada para esse fim, ou se
utiliza galhos já caídos da Caatinga como forma de não se fazer o desmatamento. E,
destaca-se, também, a água utilizada na preparação dos produtos, antes de barreiros
ou de carros-pipa, e que após a chegada das cisternas pelo Programa P1+2 7 voltado
para produção usa-se uma água de qualidade.
Algumas organizações contam com a parceria de instituições internacionais,
como é o caso da COOPERCUC, que tem a parceria com a Slow Food, de origem
italiana, a Horizon 3000, de origem austríaca e a AUTERECO, uma rede de
supermercado francesa que apóiam a comercialização dos produtos para União
Européia. A CONAB tem sido um importante comprador através do Programa de
Aquisição de Alimentos para a Merenda Escolar. Essa venda à CONAB é feita
diretamente entre a organização e a escola ou creche. O projeto é feito para um
período anual, mas ao não se renovar causa uma quebra no ritmo das organizações,
uma vez que se faz o único mercado garantido para elas. A ampliação das condições
de produção e comercialização dessas associações e cooperativas depende muito
ainda do incentivo e apoio financeiro dos parceiros, um ponto fraco, pois na saída de
uma instituição de peso a organização se fragiliza, demonstrando que a
sustentabilidade financeira e comercial necessita ser ampliada.
Uma busca nesse sentido tem sido atuar na aprendizagem dos associados e
cooperados, capacitando-os para a gestão social, ampliar o conhecimento técnico,
fortalecer a participação da comunidade nas reuniões, encontros, cursos e seminários
9
e incentivar o intercâmbio para trocas de experiência e conhecimento das
potencialidades e fragilidades dos projetos.
- A apicultura:
A apicultura tem maior destaque na parte noroeste do Território de Juazeiro,
composta pelos municípios de Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Remanso e
Casa Nova, localizados à margem do Lago de Sobradinho. Destacam-se a
Cooperativa dos Pequenos Apicultores de Campo Alegre de Lourdes (COAPICAL);
Cooperativa Agropecuária do Pólo de Remanso (COAPRE); Associação Rede de
Mulheres de Remanso e Associação de Produtores Rurais de Riacho Grande. A
atividade tem início nos anos de 1980 com a ação do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Campo Alegre de Lourdes, mas é no ano de 1996, com a fundação da
COAPICAL, que a apicultura ganha um maior impulso e incentiva a criação das outras
organizações.
As dificuldades que os agricultores familiares encontravam para produzir e
vender por conta própria gerou o interesse coletivo de realizar um trabalho de
fortalecimento dos apicultores e fomentar uma gestão empreendedora como forma de
ter condições de competir com os produtos provindos de outras regiões para o
comercio local. Umas das instituições presentes no apoio técnico é o Serviço de
Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP), uma ONG com sede em
Salvador e escritório regional em Remanso, extensivo ao longo do tempo,
acompanhando-as desde o inicio dos trabalhos. As associações são pouco providas
de recursos financeiros; algumas disponibilizam equipamentos para os cooperados
para o beneficiamento do mel, outras são por conta de cada sócio/cooperado. A
criação de abelhas é feita na Caatinga, à coleta dos favos e do mel, o processamento
e engarrafamento dentro das unidades produtivas, às vezes feitos na própria casa do
apicultor. Isso demonstra que o processamento ainda necessita de cuidados na
questão sanitária, pouco fiscalizados ou nem fiscalizados pelos órgãos competentes.
O perfil dos apicultores é de pequenos proprietários trabalhando no geral com
os recursos próprios, sem financiamento institucional. Desse modo, o fortalecimento
das organizações comunitárias ainda é uma fragilidade, algumas investem em cursos
de aperfeiçoamento, formando monitores, cuja função é de acompanhar o apicultor na
produção, também ampliarem as unidades de processamento do mel e adquirir mais
equipamentos. Alguns depoimentos demonstram que a inserção na apicultura tem
propiciado uma maior consciência de conservação da Caatinga, revertendo práticas de
caça predatória e desmatamento por parte da comunidade.
Conclusões Extensivas de Resultados e Discussões
Os projetos e programas apresentados em torno do uso da biodiversidade da
Caatinga têm muitos pontos positivos, Entretanto, eles esbarram em dificuldades e
limitações para gerar uma efetiva sustentabilidade econômica e sócio-ambiental.
Alguns fatores se destacam como: a infra-estrutura das unidades de produção, pois
ainda são pequenas e não comportam ampliar o número de famílias dentro do projeto;
um mercado consumidor reduzido, que limita formar um capital de giro; uma
dependência das instituições parceiras, mantenedoras muitas vezes de investimento e
de compra dos produtos; um quadro técnico qualificado limitado e às vezes inexistente
que possa atuar na coordenação dos grupos e das unidades produtivas, atividades
educativas e de gestão.
10
O alcance dos resultados em termos de contribuição dessas organizações para
os beneficiários mostra os esforços das instituições parceiras e da própria comunidade
para gerar mudanças sociais, econômicas e representativas sobre o sentido de rural,
de natureza semi-árida etc. A conservação da Caatinga é incentivada como bem
coletivo e recurso para desenvolver uma produção pelas condições específicas desse
ecossistema. A partir do processo de aprendizagem, intercâmbio e aquisição de
conhecimento sobre o contexto semi-árido os agricultores já referem-se que a
natureza do lugar é boa, tem viabilidades, muito rica e que
As mudanças sócio-econômicas refletem-se no aumento da renda,
em media de 20 a 25% às atividades principais; ou seja, ainda se caracterizam como
uma renda complementar. Mas, a aquisição do conhecimento sobre a dinâmica da
natureza semi-árida, o interesse em saber lidar com as águas das cisternas, o regime
das chuvas, etc., processarem o mel, beneficiarem os frutos etc., é mais do que uma
concepção econômica, e sim uma vivência dessas famílias com o sentido de
convivência que se faz no processo de trabalho e de vida cotidiana.
As atividades mesmo consideradas como complementares tem permitido
reduzir um grave problema social que é a escassez de oferta de emprego e renda na
área rural, Entretanto, ainda abrange um número pequeno diante da demanda de uma
comunidade rural. As tecnologias utilizadas são de baixo custo e fácil aplicabilidade,
geram um impacto social positivo e são consideradas como tecnologias sociais, pois
tem como princípio seu uso de forma eficiente, multiplicando-se por todo território e
propiciando a melhoria da qualidade de vida das populações beneficiárias (DAGNINO,
2008).
A conservação do umbuzeiro tem sido uma das mudanças mais significativas,
bem como a criação das redes de comercialização, como exemplos a Rede Sabor
Natural do Sertão. Esta engloba as associações e cooperativas tanto dos municípios
do Território de Juazeiro quanto os circunvizinhos (Irecê e Senhor do Bonfim); a Rede
Abelha, que engloba os apicultores de Remanso, Casa Nova e Campo Alegre de
Lourdes; e a Rede de Mulheres de Remanso. Essas redes atuam na articulação da
formação de uma economia solidária, apoiando, divulgando e comercializando os
doces, polpas, geléias, mel,
carnes de caprinos e também hortaliças orgânicas provindas da agroecologia e
quintais produtivos de outras organizações. A produção do conhecimento a partir do
contexto faz-se pela ação/reflexão/ação articulando o saber popular das comunidades
rurais, quilombolas e de fundo de pasto, consideradas tradicionais, com o saber
sistematizado e técnico proveniente das instituições parceiras.
A organização da comunidade é um ponto positivo dentro dos programas
apresentados, os sujeitos debatem suas demandas e potencialidades, aprendem no
processo de fazer-aprender-fazer; redescobrem o sentido dos elementos físicos,
culturais, simbólicos de sua cultura local. Por fim, considera-se que está em curso no
Território de Juazeiro um significativo percurso para tornar a biodiversidade um
elemento importante na consolidação da Convivência nesse território. Como visto a
nova
racionalidade de desenvolvimento. Seus programas e práticas mobilizam os sujeitos
sociais às relações mais interativas entre natureza e cultura inserindo de forma
metodológica
-árida.
Esta nova racionalidade expressa algo que Almeida (2008) apontou sobre o
importante papel que a biodiversidade pode desempenhar ao se fazer presente na
formulação de estratégias de desenvolvimento, pois possibilita articular ciência, cultura
e economia.
11
Notas
1 Polígono das Secas é instituído em 1936 através da Lei Federal número 175 de
06/01/1936. Foi até 1989 a Área Oficial de Ocorrências de Secas no Nordeste, de
1936 a 1989 a superfície do Polígono ampliou-se de 672.281,98 km² para 1.085.187
km². Substituída pela Região Semi-árida do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE, pela Lei nº 7.827 de 29.09.1989. Em 2000 a Região Semi-árida do
FNE correspondia à 895.254,40 km² (BRASIL, 2004, p.32,34).
-áridas e sub-úmidas
resultantes de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades
3 O Semi-Árido Brasileiro foi normatizado pela UNCCD, sendo sua área total de
1.338.076 km² (15,72% do território brasileiro), inserindo 1.492 municípios que
correspondem a zona Semi-árida dos estados nordestinos de Alagoas, Bahia, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte e o norte de Minas Gerais
que corresponde a um estado do Sudeste; insere-se também a zonas Sub-Úmida
Seca que corresponde o leste do Maranhão (NE) e noroeste do Espírito Santo (SE)
(BRASIL, 2004).
4 A Declaração do Semi-árido: Propostas da Articulação no Semi-árido Brasileiro para
a Convivência com o Semi-árido e Combate à Desertificação foi elaborado no Fórum
Paralelo das ONGs que ocorreu concomitantemente com a 3ª Conferência das Partes
da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação- COP- 3, em
Recife/PE, 1999, momento que também é criada a ASA Articulação no Semi-árido
Brasileiro.
5 Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro, fundada em 2000, é um espaço de
articulação política regional da sociedade organizada, congregando educadores/as e
instituições Governamentais e Não-Governamentais, que atuam na área de Educação
no Semi-árido Brasileiro (RESAB, 2006a).
6 P1MC- Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o
Semi-árido: Um Milhão de Cisternas Rurais. Esse programa baseia-se na construção
de cisternas de placas nas moradias rurais para captação de águas das chuvas, cujos
objetivos é criar alternativas para a população desse meio se manter no período das
secas e de ter acesso à água potável (ASA, 2003).
7 P1+2 - Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o SemiÁrido: Uma Terra e Duas Águas. Encontra-se em uma fase inicial e visa uma maior
interação entre as experiências de manejo produtivo e sustentável da terra e dos
recursos hídricos (ASA, 2008).
8 Citação de uma das coordenadoras de grupo da COOPERCUC, mini-fábrica de
Serra Grande, município de Curaçá.
12
Referências Bibliográficas
ADITAL. Articulação afirma que preservação da caatinga é urgente. Disponível
em <http://www.adital.com.br/site/noticia.asp> . Acesso em 29/10/08
ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz. A Invenção do Nordeste e outras Artes.
Recife/PE: FNJ, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 1999.
ALMEIDA, Maria Geralda de. A Reinvenção da Natureza. In: Revista Espaço e
Cultura. UERJ. Rio de Janeiro, Nº 3, p.41-53, dez. de 1996.
________. Fronteiras, Territórios e Territorialidades. In:Revista da ANPEGE.
Ano 2, n. 2. Fortaleza: 2005. p. 103-114.
________. Projeto Biotecnologias e a Gestão Participativa da Biodiversidade na
Caatinga e no Cerrado - Estudos de Caso de Instituições e de Saberes Locais na
Caatinga e no Cerrado Brasileiro. Goiânia, GO: UFG/Instituto de Estudos SocioAmbientais e Institut de Recherche et Développement, 2008.
ASABRASIL - ARTICULAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO: Conhecendo o
Semi-Árido e Aspectos da Proposta Política de Convivência Com o Semi-Árido.
Trabalho não Publicado, ASABRASIL, 2005.
_____. Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o
Semi-Árido: Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Disponível em
<http://www.asabrasil.org.br>. Acesso em:10/10/2008
______Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o
Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC). Disponível em
<http://www.asabrasil.org.br>. Acesso em:10/10/2008
_______. Carta do Piauí Carta da Terra. Disponível em
<http://www.asabrasil.org.br>. Acesso em:10/10/2008
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Relatório
da Oficina: Estratégia de Elaboração do Plano Nacional de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-LCD). Recife: MMA/SRH,
divulgação digital, 2003.
_______. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. PANBrasil:
Programa de ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos
da Seca_ edição comemorativa 10 anos da CCD - Brasília: MMA/SRH, 2004.
________Ministério do Meio Ambiente- Secretaria de Recursos Hídricos Coordenação Técnica de Combate à Desertificação: Convenção das Nações Unidas
de Combate à Desertificação/Programa Nacional de Combate à Desertificação. 3ª
edição. Brasília:MMA/SRH/CTC, 2006.
BEZERRA, Nizomar Falcão. Fragmentando o Território Bases para o
Desenvolvimento do Semi-árido do Ceará. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer,
2004.
BIODIVERSITAS. Estratégias para o Uso Sustentável da Biodiversidade da
13
Caatinga.Disponível em
<www.biodiversitas.org.br/caatinga/relatorios/uso_sustentavel.pdf>. Acesso em
29/10/08
CARVALHO, Luzineide Dourado.
o Semi. In: RESAB,
Secretaria Executiva. Educação Para a Convivência com o Semi-Árido: Reflexões
Teórico-Práticas. 1ª Ed. Juazeiro: Secretaria Executiva da RESAB, 2004
CASTRO, Iná Elias de. Mito da Necessidade: Discurso e Prática do Regionalismo
Nordestino. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.
________.O Sertão nordestino e a questão do regionalismo. Regionalismo hoje.
Do que se trata no Nordeste? In: Anais do ENCONTRO OS SERTÕES: Espaços,
Tempos, Movimentos (Mesa Redonda), Recife, PE:Universidade Federal de
Pernambuco, novembro de 2006
CLAVAL, P. El enfoque cultural y las concepciones geográficas del espacio.
Boletín de la Asociación de Geógrafos Españoles, n. 34, 2002.Disponível em
http://age.ieg.csic.es/boletin.htm#34. Acesso em 20 de março de 2007.
DAGNINO, Renato. A Adequação Sócio-Técnica na agenda do Complexo de
C&T e dos Empreendimentos autogestionários: Economía solidaria e innovación
tecnológica.UNICAMP. Disponível em:<http://www.oei.es/salactsi.pdf.>. Acesso em
27/10/2008
HAESBAERT, Rogério. Concepções de Território para entender
Desterritorialização. In: SANTOS, Milton e BECKER, Bertha K. (org.). Território,
Territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial.. Lamparina, 2007. 3ª ed.
a
IRPAA INSTITUTO DA PEQUENA AGROPECUÁRIA APROPRIADA:
Educação para a Convivência com o semi-árido. Juazeiro- BA:IRPAA, 2002
LARRÈRE, Catherine e Raphael. Do Bom Uso da Natureza: para uma filosofia do
meio ambiente. Lisboa
Portugal: Instituto Piaget, 1997. Coleção Perspectivas
Ecológicas, nº 30.
LEFF, Enrique. Ecologia, Capital e Cultura. Racionalidade Ambiental, Democracia
Participativa e Desenvolvimento Sustentável. Blumenau: Editora da FURB, 2000.
_______.Racionalidade Ambiental: a Reapropriação Social da Natureza. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
MARTINS, Josemar da Silva. Anotações em Torno do Conceito de Educação para
a Convivência com o Semi-Árido. In: RESAB, Secretaria Executiva. Educação Para
a Convivência com O Semi-Árido: Reflexões Teórico-Praticas. 1ª Ed. Juazeiro-BA:
Secretaria Executiva da RESAB, 2004, 29-52.
MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998
PELIZZOLI, Marcelo Luis. A Emergência do Paradigma Ecológico: Reflexões
Ético-filosóficas para o Século XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1999
__________Correntes da Ética Ambiental, Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 2003.
14
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A Globalização da Natureza e a Natureza
da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006
RESAB. REDE DE EDUCAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO. Carta de
Fundação e Princípios da RESAB. In: CADERNO MULTIDISCIPLINAR DO
SEMIÁRIDO BRASILEIRO: Educação e Contexto do Semi-árido Brasileiro. Juazeiro
BA: Selo Editorial RESAB, ano 01, maio de 2006ª
________. REDE DE EDUCAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO. Diretrizes da
Educação para a Convivência com o Semi-Árido Brasileiro. Juazeiro BA: Selo
Editorial RESAB, 2006b
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: Includente, Sustentável, Sustentado. Rio de
Janeiro: Garamond, 2004.
SILVA, Roberto Alves da. Entre o Combate à Seca e a Convivência com o
Semiárido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento.
Brasília, DF:UNB, 2006. Tese (Doutorado). Universidade de Brasília. Centro
deDesenvolvimento Sustentável. Brasília Brasília, DF, 2006
VANDANA, Shilva. Biopirataria: a Pilhagem da Natureza e do Conhecimento.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
ZEMELMAN, Hugo. Sujeito e sentido: considerações sobre a vinculação do
sujeito ao conhecimento que constrói. In: Conhecimento prudente para uma vida
decente: Um discurso sobre as ciências revisitado. SANTOS, Boaventura de Souza
(org). 2ª edição São Paulo: Cortez, 2006.
15
Download

comunidades rurais de juazeiro (bahia )