CONDENSAÇÃO A AR X CONDENSAÇÃO A ÁGUA: QUEBRANDO PARADIGMAS Engº Marcos Santamaria Alves Corrêa Um dos grandes dilemas nos projetos de sistemas de ar condicionado sempre foi a decisão sobre adoção de sistemas de condensação a ar ou sistemas de condensação a água. Usualmente, adotavam-se sistemas de condensação a ar para instalações de pequeno porte e sistemas de condensação a água para instalações de grande porte, com os dois sistemas dividindo o mercado em instalações de médio porte. Apesar de chillers com condensação a água terem custos inferiores a chillers com condensação a ar de mesma capacidade, a instalação completa do sistema normalmente tem custo superior, por conta dos custos adicionais de infraestrutura de água de condensação, bombas de água de condensação e torres de arrefecimento. Por outro lado, o consumo de energia elétrica em sistemas de ar condicionado sempre foi muito menor em sistemas de condensação a água do que em sistemas com condensação a ar. O que acabou caindo no esquecimento, é que a grande vantagem no consumo de energia de sistemas de condensação a água em relação a sistemas de condensação a ar era, boa parte, oriunda da diferença de tecnologia utilizada na compressão do gás dos chillers mais antigos, quando os de condensação a ar ainda se utilizavam de compressores alternativos de baixa eficiência, enquanto que os de condensação a água, nos sistemas de grande porte, já utilizavam compressores centrífugos, muito mais eficientes. O estudo de caso a seguir mostra a quebra do paradigma de custos operacionais mais baixos em sistemas de condensação a água de grande porte em relação a sistemas de condensação a ar. A principal razão para esta quebra de paradigma está no fato de hoje já dispormos de chillers com condensação a ar com compressores centrífugos de alta eficiência, de tal forma que se faz possível a comparação destes dois sistemas ora baseados na mesma tecnologia de compressão do gás (a centrífuga, mais eficiente de todas). Notaremos que o consumo de energia dos chillers continuará sendo bem mais alto na condensação a ar do que na condensação a água – em média, 50% –, como era de se esperar em função das temperaturas de condensação mais altas. Contudo, esta diferença já começa a diminuir a partir da adição dos consumos das bombas de água de condensação e dos ventiladores das torres de arrefecimento, especialmente quando operando em cargas parciais, visto que, normalmente, as bombas de água de condensação operam com vazões constantes. Se mantivermos o “set point” dos ventiladores das torres de arrefecimento em torno de 18,5ºC para máxima eficiência dos chillers, também estes ventiladores operarão a 100% de capacidade na maior parte do tempo. Premissas do estudo de caso: Localização - São Paulo Operação de segunda a sexta-feira das 8:00h às 20:00h Carga térmica de pico de 1.000 TR Variação anual da carga de 200 TR à 1.000 TR, com carga média anual de 67% (670 TR). Temperatura de saída da água gelada dos chillers de 7,0ºC Temperatura de retorno da água gelada de 12,5ºC Custo do kWh de energia elétrica de R$ 0,325 Custo do m³ da água de reposição das torres de R$ 9,78 conforme tabela Sabesp para contrato de demanda firme (fidelidade) em vazões de 1.001 m³/mês a 2.999 m³/mês. Distribuição de temperaturas anuais de bulbo seco e de bulbo úmido conforme tabelas BIN abaixo; Temperatura de saída da água das torres de arrefecimento igual a temperatura de bulbo úmido local no horário + 5,5ºC de “aproach” das torres; 90% do calor a ser rejeitado pelas torres feito através de troca latente (evaporação de água). 25% da água a ser consumida pelas torres de arrefecimento reposta pela água de condensação dos fancoils do empreendimento. Opção com condensação a água: 2 chillers de 500 TR com compressores centrífugos de alta eficiência (COP = 0,585 kW/TR e IPLV = 0,330 kW/TR); 3 (2 operantes + 1 reserva) bombas de água de condensação cada uma com vazão de 325 m³/h e com motores de 50 Cv. 2 Torres de arrefecimento com ventiladores com motores de 30 Cv Opção com condensação a ar: 5 chillers de 220 TR com compressores centrífugos de alta eficiência (COP = 1,066 kW/TR e IPLV = 0,560 kW/TR); TABELA DE CUSTO DE ÁGUA DA SABESP, EM CONTRATO DE DEMANDA FIRME, PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO Fonte: www.sabesp.com.br TABELA BIN DE TEMPERATURA DE BULBO SECO EM SÃO PAULO: DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURAS DE BULBO SECO SÃO PAULO DAS 8h ÀS 20h - ANO 400 350 HORAS POR ANO 300 250 200 150 100 50 TEMPERATURA DE BULBO SECO ( TBS ) TABELA BIN DE TEMPERATURA DE BULBO ÚMIDO EM SÃO PAULO: HORAS POR ANO DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURAS DE BULBO ÚMIDO SÃO PAULO DAS 8h ÀS 20h - ANO 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 TEMPERATURA DE BULBO ÚMIDO ( TBU ) 35,0ºC 34,0ºC 33,0ºC 32,0ºC 31,0ºC 30,0ºC 29,0ºC 28,0ºC 27,0ºC 26,0ºC 25,0ºC 24,0ºC 23,0ºC 22,0ºC 21,0ºC 20,0ºC 19,0ºC 18,0ºC 17,0ºC 16,0ºC 15,0ºC 14,0ºC 13,0ºC 12,0ºC 11,0ºC 10,0ºC 9,0ºC 8,0ºC 0 MATRIZES DE CONSUMOS ESPECÍFICOS ( kW / TR ) DE CHILLERS COM COMPRESSORES CENTRÍFUGOS DE ALTA EFICIÊNCIA CHILLER COM CONDENSAÇÃO A AR: TEMPERATURA DE SAÍDA 7,0ºC = DA ÁGUA GELADA: 44.6ºF TBS NA ENTRADA DA SERPENTINA DE 40% CONDENSAÇÃO 14,0ºC = 57.2ºF 0,403 15,0ºC = 59.0ºF 0,420 16,0ºC = 60.8ºF 0,437 17,0ºC = 62.6ºF 0,455 18,0ºC = 64.4ºF 0,474 19,0ºC = 66.2ºF 0,493 20,0ºC = 68.0ºF 0,514 21,0ºC = 69.8ºF 0,534 22,0ºC = 71.6ºF 0,556 23,0ºC = 73.4ºF 0,578 24,0ºC = 75.2ºF 0,601 25,0ºC = 77.0ºF 0,625 26,0ºC = 78.8ºF 0,648 27,0ºC = 80.6ºF 0,674 28,0ºC = 82.4ºF 0,699 29,0ºC = 84.2ºF 0,726 30,0ºC = 86.0ºF 0,754 31,0ºC = 87.8ºF 0,782 32,0ºC = 89.6ºF 0,811 33,0ºC = 91.4ºF 0,840 34,0ºC = 93.2ºF 0,872 35,0ºC = 95.0ºF 0,904 36,0ºC = 96.8ºF 0,940 RENDIMENTO MÉDIO ANUAL: 0,5453 % DE UTILIZAÇÃO DAS CARGAS PARCIAIS 10,0% VAZÃO DE ÁGUA GELADA: 50% 0,379 0,399 0,418 0,438 0,459 0,481 0,504 0,528 0,553 0,578 0,604 0,631 0,654 0,677 0,700 0,726 0,752 0,779 0,808 0,836 0,873 0,906 0,952 0,5379 14,0% 0,55 m³ / h PORCENTAGEM DE CARGA 60% 70% 75% 80% CONSUMO ESPECÍFICO ( KW / TR ) 0,402 0,431 0,457 0,468 0,420 0,449 0,475 0,486 0,439 0,468 0,493 0,504 0,459 0,488 0,513 0,523 0,480 0,509 0,533 0,543 0,502 0,530 0,554 0,563 0,524 0,552 0,575 0,584 0,547 0,575 0,598 0,606 0,571 0,598 0,621 0,628 0,596 0,623 0,645 0,652 0,621 0,648 0,669 0,675 0,648 0,673 0,693 0,698 0,675 0,698 0,717 0,721 0,704 0,725 0,743 0,747 0,733 0,752 0,770 0,774 0,763 0,782 0,798 0,802 0,792 0,811 0,827 0,829 0,825 0,842 0,857 0,859 0,857 0,872 0,886 0,888 0,890 0,903 0,916 0,918 0,925 0,940 0,952 0,953 0,963 0,976 0,987 0,987 1,003 1,014 1,024 1,024 0,5598 0,5863 0,6086 0,6163 20,0% 20,0% 13,0% 10,0% por TR HORAS POR ANO % 301 6,8721% 6,8721% 195 4,4521% 11,3242% 253 5,7763% 17,1005% 295 6,7352% 23,8356% 319 7,2831% 31,1187% 329 7,5114% 38,6301% 342 7,8082% 46,4384% 353 8,0594% 54,4977% 343 7,8311% 62,3288% 315 7,1918% 69,5205% 278 6,3470% 75,8676% 241 5,5023% 81,3699% 217 4,9543% 86,3242% 176 4,0183% 90,3425% 130 2,9680% 93,3105% 111 2,5342% 95,8447% 83 1,8950% 97,7397% 59 1,3470% 99,0868% 25 0,5708% 99,6575% 11 0,2511% 99,9087% 3 0,0685% 99,9772% % ACUMULADA 90% 100% 0,500 0,517 0,534 0,552 0,571 0,590 0,610 0,631 0,653 0,675 0,697 0,719 0,742 0,767 0,793 0,821 0,848 0,877 0,907 0,936 0,977 1,013 1,062 0,6415 0,544 0,561 0,577 0,594 0,612 0,630 0,650 0,669 0,690 0,711 0,732 0,754 0,777 0,802 0,829 0,857 0,885 0,920 0,952 0,992 1,033 1,069 1,112 0,6805 1 0,0228% 100,0000% 0,0000% 100,0000% 4380 100,0000% 5,0% 100,0% 8,0% CONSUMO ESPECÍFICO MÉDIO ANUAL CONSIDERADO ( NPLV ): 0,5852 Porcentagem de carga anual média: 67,0% Fonte: “Print-outs” Software da empresa Multistack ( AHRI Certified ) CHILLER COM CONDENSAÇÃO A ÁGUA: TEMPERATURA DE SAÍDA DA ÁGUA GELADA: TEMPERATURA DE ÁGUA DE CONDENSAÇÃO 7,0ºC = 44,6ºF 18,5ºC = 65,3ºF 19,5ºC = 67,1ºF 20,5ºC = 68,9ºF 21,5ºC = 70,7ºF 22,5ºC = 72,5ºF 23,5ºC = 74,3ºF 24,5ºC = 76,1ºF 25,5ºC = 77,9ºF 26,5ºC = 79,7ºF 27,5ºC = 81,5ºF 28,5ºC = 83,3ºF 29,5ºC = 85,1ºF 30,5ºC = 86,9ºF 31,5ºC = 88,7ºF 32,5ºC = 90,5ºF RENDIMENTO MÉDIO ANUAL: 0,274 0,293 0,313 0,332 0,351 0,369 0,386 0,404 0,423 0,442 0,461 0,482 0,503 0,524 0,546 0,3472 % DE UTILIZAÇÃO DAS CARGAS PARCIAIS 10,0% 40% VAZÃO DE ÁGUA GELADA: 0,55 m³ / h VAZÃO DE ÁGUA DE CONDENSAÇÃO: 0,68 m³ / h PORCENTAGEM DE CARGA 50% 60% 70% 75% 80% 90% CONSUMO ESPECÍFICO ( KW / TR ) 0,286 0,297 0,310 0,319 0,329 0,352 0,303 0,316 0,328 0,336 0,345 0,368 0,321 0,335 0,346 0,354 0,362 0,384 0,340 0,355 0,365 0,372 0,380 0,401 0,358 0,374 0,383 0,390 0,398 0,418 0,378 0,391 0,402 0,408 0,416 0,436 0,387 0,410 0,422 0,428 0,435 0,454 0,417 0,428 0,443 0,448 0,455 0,473 0,437 0,448 0,464 0,468 0,475 0,493 0,459 0,468 0,485 0,490 0,496 0,513 0,481 0,489 0,508 0,511 0,517 0,534 0,503 0,510 0,530 0,533 0,539 0,556 0,526 0,531 0,552 0,556 0,561 0,578 0,549 0,553 0,574 0,580 0,584 0,601 0,573 0,576 0,596 0,603 0,608 0,625 0,3563 0,3704 0,3824 0,3892 0,3972 0,4177 14,0% 20,0% 20,0% 13,0% 10,0% 8,0% CONSUMO ESPECÍFICO MÉDIO ANUAL CONSIDERADO ( NPLV ): por TR por TR 100% % % ACUMULADA 531 12,1233% 12,1233% 408 9,3151% 21,4384% 618 14,1096% 35,5479% 560 12,7854% 48,3333% 501 11,4384% 59,7717% 476 10,8676% 70,6393% 453 10,3425% 80,9817% 410 9,3607% 90,3425% 241 5,5023% 95,8447% 108 2,4658% 98,3105% 57 1,3014% 99,6119% 13 0,2968% 99,9087% 3 0,0685% 99,9772% 0,382 0,396 0,412 0,428 0,445 0,462 0,480 0,499 0,518 0,539 0,561 0,583 0,605 0,629 0,653 0,4449 1 0,0228% 100,0000% 0,0000% 100,0000% 4380 100,0000% 5,0% 100,0% 0,3812 Porcentagem de carga anual média: Fonte: “Print-outs” Software da empresa Multistack (AHRI Certified) HORAS POR ANO 67,0% Como podemos verificar nas tabelas acima, o NPLV calculado para as condições de operação em São Paulo, nas porcentagens de cargas parciais entre 40% e 100% especificadas nas mesmas, é pior (maior consumo) do que o IPLV determinado pela ASHRAE na condição AHRI 550/590 Standard, que estabelece operação a 100% de carga somente durante 1% do tempo, 75% de carga durante 42% do tempo, 50% de carga durante 45% do tempo e 25% de carga durante 12% do tempo, com respectivas reduções nas temperaturas externas para chillers a ar e temperaturas de água de condensação para chillers a água conforme a redução das cargas. Isso mostra que este é um cálculo mais conservador e realista para as condições operacionais da respectiva localidade – no caso, São Paulo –, e instalação (carga variando de 200 TR a 1000 TR com mais de um equipamento, o que permite operar com variação por equipamento de 40% a 100%). Como estamos considerando que o calor rejeitado pelas torres de arrefecimento é feito 90% por troca latente (evaporação de água) e 10% por troca sensível, e que a carga térmica média anual é de 670 TR (67% da carga térmica de pico), na tabela abaixo apresentamos o cálculo do consumo médio de água para a rejeição da carga térmica de 670 TR, valor este de apenas 603 TR (90%) a ser feito por troca latente. CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA DE REPOSIÇÃO EM TORRES DA ARREFECIMENTO DEMANDA TÉRMICA TR KW 603 2.119 CONSUMO DOS CHILLER + BACs CALOR TOTAL REJEITADO Eficiência ( KW / TR ) KW KW KJ / s 0,3812 290 2.408 2.408 CALOR LATENTE DE EVAPORAÇÃO DA ÁGUA ( KJ/Kg ): 2501 VAZÃO MÁSSICA DA ÁGUA EVAPORADA PARA REJEIÇÃO DO CALOR ( Kg / s ): 0,96 PESO ESPECÍFICO DA ÁGUA ( Kg / m³ ) 1.000 VAZÃO DA ÁGUA EVAPORADA PARA REJEIÇÃO DO CALOR ( m³ / h ): 3,47 PERDA DE ÁGUA POR ARRASTE ( 0,01% da vazão de circulação ): PERDA DE ÁGUA POR PURGA PARA DISSOLUÇÃO DE SÓLIDOS ( CONCENTRAÇÃO = 7,5X ): 0,05 0,58 CONSUMO TOTAL DE ÁGUA DE REPOSIÇÃO ( m³/h ): 4,09 ÁGUA REUTILIZADA DE DRENAGEM DOS FANCOILS ( 25% ): 1,02 CONSUMO TOTAL DE ÁGUA DA CONCESSIONÁRIA ( m³/h ): 3,07 Como podemos verificar na tabela acima, consideremos que não pagaríamos por 25% da vazão de água consumida pelas torres, pois esta vazão seria oriunda de reuso da água condensada nos fancoils. Com base nos números acima, podemos agora calcular as despesas operacionais anuais médias para os dois sistemas (condensação a ar e condensação a água). No caso de São Paulo, por mais absurdo que seja, a grande maioria dos empreendimentos com sistemas de ar condicionado com condensação a água está pagando a tarifa de esgoto pela água evaporada nas torres de arrefecimento, de tal forma que é desta forma que apresentaremos os cálculos a seguir. CHILLER A AR: NPLV - Consumo específico médio anual: Carga térmica média anual: Consumo horário médio Horas de operação por ano: Consumo médio anual: Tarifa média de energia: 0,5852 670 391,76 3.129 1.225.664 0,3250 R$ Despesa média anual com energia: R$ kW / TR TR kWh horas kWh / kwh 398.340,77 CHILLER A ÁGUA: NPLV - Consumo específico médio anual: Carga térmica média anual: Consumo horário médio Consumo bombas de água de condensação: Consumo ventiladores torres de arrefecimento Consumo total C.A.G. Horas de operação por ano: Consumo médio anual: Tarifa média de energia: R$ Despesa média anual com energia: R$ Consumo médio horário de água da concessionária Horas de operação por ano: Consumo médio anual de água de reposição Tarifa de água Sabesp ( contrato demanda Firme ) Tarifa de esgoto Sabesp ( contrato demanda Firme ) R$ R$ Despesa média anual com água: R$ Despesa anual com tratamento de água Despesa operacional total anual: R$ R$ 0,3812 670 255,18 60,00 35,00 350,18 3.129 1.095.564 0,3250 kW / TR TR kWh kWh kWh kWh horas kWh / kwh 356.058,24 3,07 3.129 9.604 9,78 9,78 m³ horas m³ / m³ / m³ 187.858,13 18.000 561.916,37 Segue abaixo a representação gráfica do comparativo. DESPESAS ANUAIS COM ENERGIA DESPESAS ANUAIS COM ÁGUA E TRATAMENTO R$ 600.000,00 R$ 500.000,00 R$ 400.000,00 R$ 300.000,00 R$ 200.000,00 R$ 100.000,00 R$ Chiller a água com compressores centrífugos Chiller a ar com compressores centrífugos Considerações finais: Como podemos verificar nas tabelas e gráficos acima, em termos anuais médios (considerando-se as cargas parciais ao longo do ano em São Paulo), a economia de energia com sistema de condensação a água é mínima em relação ao sistema de condensação a ar, e não paga os custos relativos ao pagamento à concessionária pela água de reposição das torres de arrefecimento. Portanto, o paradigma de que sistemas de condensação a água apresentam custos operacionais mais baixos do que sistemas de condensação a ar em instalações de grande porte já não é mais uma certeza absoluta, devendo ser analisado caso a caso, local por local. A água é um recurso natural precioso, cada dia mais escasso e importante. Seu custo no Brasil vem aumentando significativamente, e de forma mais acentuada do que o custo da própria energia elétrica. Acredita-se que as próximas guerras serão por acesso a água. O The Green Grid, consórcio global de companhias, agências governamentais e instituições educacionais dedicado ao avanço da eficiência energética em data centers, desenvolveu uma nova métrica que complementa a série de métricas introduzidas nos últimos anos e avalia a evolução da eficiência energética e sustentabilidade de data centers, que incluem o PUE TM (Power Usage Effectiveness) e o CUETM (Carbon Usage Effectiveness), denominada WUETM (Water Usage Effectivess), que é a razão entre o uso anual de água medida em litros e o consumo de energia anual dos equipamentos de TI, medido em kWh. Mais informações através do link: http://www.thegreengrid.org/~/media/WhitePapers/WUE. Não por acaso que novos Data Centers, como do BBVA (Espanha) e do Santander (Espanha e Brasil) optaram por sistemas de condensação a ar. Por conta do mencionado acima, faz-se necessário que analisemos melhor o uso que estamos fazendo da água tratada fornecida pelas concessionárias. Não faz sentido utilizá-la para abastecimento de torres de arrefecimento de sistemas de ar condicionado para gerarem uma pequena economia de energia, que não faz jus a preciosidade deste recurso. Não podemos esquecer que em cidades litorâneas, mesmo com os menores custos operacionais ora demonstrados para sistemas de condensação a ar, estes sistemas podem não ser apropriados, por conta da degradação dos equipamentos pela maresia. Contudo, considero que em locais onde não tenhamos o problema de degradação dos chillers a ar pela maresia, os sistemas de condensação a ar são mais adequados, e podem, na maioria dos casos, apresentar custos operacionais totais (energia elétrica + água + tratamento de água) inferiores aos sistemas de condensação a água. Lembrando que estudos devem ser feitos para cada localidade, pois as tarifas de água no Brasil têm diferenças maiores de preço por localidade do que as tarifas de energia elétrica, que variam mais em função da tensão de fornecimento e tipo de contrato. Por analogia, apesar de não dispor de dados detalhados por temperatura, como os utilizados para a comparação dos sistemas de expansão indireta (água gelada), acredito que estes resultados possam ser extrapolados para comparação de sistemas VRF de condensação a ar e condensação a água, onde, em ambos os casos, a tecnologia de compressão será a mesma (compressores scroll inverter). Portanto, considero que sistemas de ar condicionado de condensação a água devam necessariamente vir acompanhados de projetos para reaproveitamento de águas (pluviais, condensação, entre outras), que possam garantir, se não a totalidade da água a ser consumida pelas torres de arrefecimento, pelo menos uma parcela significativa ( acima de 50% ). Desta forma, serão não só reduzidos os custos operacionais, como também contribuiremos para soluções mais sustentáveis.