UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ XANA RAQUEL ORTOLAN AVALIAÇÃO DO POTENCIAL OSTEOGÊNICO DE CHALCONAS Itajaí 2013 0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS XANA RAQUEL ORTOLAN AVALIAÇÃO DO POTENCIAL OSTEOGÊNICO DE CHALCONAS Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Fátima de Campos Buzzi Co-orientador: Rogério Corrêa Itajaí, Dezembro de 2013 1 DEDICATÓRIA Ao amigo professor Telmo José Mezadri, Estivemos lado a lado por todos esses anos. Ensinou-me a aprender, a refletir, a pesquisar, a decidir e a interrogar... Mostrou-me um caminho que não tem fim. Presenteou-me com o que ninguém jamais poderá me roubar: o conhecimento. 2 AGRADECIMENTOS A minha orientadora, Fátima de Campos Buzzi, por ser uma grande guia, responsável pela missão que agora se cumpre. As indicações, dicas e correções compõem uma somatória fundamental não só para a construção do pensamento, mas como para a maturidade de toda uma vida a seguir. Aos professores da banca, Rogério Corrêa, Sérgio Faloni de Andrade, Clóvis Antonio Rodrigues e Ricardo José Nunes, sempre disponíveis e dispostos a ajudar. Ao professor David Rivero Tames. Aquele que, quando simplesmente deveria ser professor, foi mestre, transmitindo seus conhecimentos e experiências. E que, quando mestre, foi amigo, apoiando, compreendendo, inspirando, provocando e incentivando-me a trilhar outros caminhos. As minhas amigas, dentro e fora dos laboratórios, Maria, Bia, Vanessa, Bruna e Jú, pelos momentos que dividimos juntas, tornando minha caminhada mais leve. Aos meus irmãos, Katiane Ortolan e Matheus Grigol Ortolan que com muita sabedoria, discernimento, bom senso e dedicação estiveram sempre ao meu lado, encorajando nas horas difíceis e aplaudindo nos momentos de glória. Obrigada por serem pessoas corretas e competentes, fontes de inspiração, apoio e ensino diário. Aos meus pais, Arildo Jorge Ortolan e Ivanete Grigol Ortolan, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade. Que iluminaram meus caminhos com afeto e dedicação para que os trilhasse sem medo e cheia de esperanças. Que se entregaram por inteiro e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, eu pudesse realizar os meus. Por serem exemplos de integridade e serenidade. À Willian Braz Hannecker, não tenho palavras para agradecer. Procuro arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais seria traduzida por palavras. 3 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL OSTEOGÊNICO DE CHALCONAS Xana Raquel Ortolan Dezembro/2013 Orientador: Fátima de Campos-Buzzi, Doutora em Química (UFSC) Co-Orientador: Rogério Corrêa, Doutor em Química Orgânica (UFSC) Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas Número de Páginas: 82 Introdução. As chalconas são compostos da via de biossíntese dos flavonóides e apresentam atividades biológicas e farmacológicas como: anti-inflamatórias, antioxidantes e moduladoras de vias de sinalização celular. Muitas investigações com substâncias encontradas em plantas têm sido relatadas quanto à atividades de reparo em tecidos não mineralizados, entretanto ainda são incipientes os estudos sobre a utilização de moléculas bioativas na estimulação do reparo ósseo. Objetivos. Avaliar o potencial osteogênico de chalconas, analisando a relação estrutura-atividade, o comportamento celular, a qualidade do tecido ósseo formado em microscopia de luz e o grau de fechamento das feridas provocadas. Métodos. As chalconas foram sintetizadas seguindo a condensação aldólica de Claisen-Schmidt a partir da acetofenona variandose os benzaldeídos substituídos (H; 4-CH3; 4-OCH3; 4-Cl; 3,4-Cl2); conforme o princípio de Topliss verificando-se uma possível relação estrutura-atividade. Para os testes in vivo foram utilizados 170 ratos Wistar, fêmeas com 45 dias de idade, divididos em 17 grupos (n=10). O primeiro grupo não recebeu tratamento (controle); o segundo foi tratado somente com veículo (vaselina); em outros 5 grupos aplicou-se as moléculas de chalcona na concentração de 1%. Outros 5 grupos receberam aplicação das mesmas moléculas na dose de 5%; e os demais 5 grupos foram tratados da mesma forma na concentração de 10%. No procedimento cirúrgico, os animais foram anestesiados e tricotomizados na linha média da calota craniana, seguindo-se a incisão dos tecidos moles. Com uma trefina cirúrgica de 5 mm de diâmetro, removeu-se um disco de tecido ósseo, correspondendo a ferida crítica, local de aplicação do tratamento. Após 30 dias da cirurgia, os animais foram eutanasiados, removendo-se para análise a área da ferida crítica e o tecido adjacente. Após descalcificação das amostras com EDTA, realizaramse fotografias para mensurar a área remanescente das feridas com ajuda do programa Image J. Os dados quantitativos foram tratados estatisticamente através do método de ANOVA seguido pelo teste Student - Newman - Keuls e as lâminas analisadas qualitativamente em microscopia de luz transmitida. O projeto pesquisa recebeu aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais da UNIVALI, sob parecer 0402011. Resultados. Os dados mostram que os grupos controle e veículo apresentaram neoformação óssea limitada, sem resultados significativos entre si quanto ao fechamento da ferida óssea. As superfícies de reparo apresentaram-se revestidas por células inativas, demonstrando baixa atividade em relação à osteogênese. Ainda, no grupo veículo notou-se a presença de infiltrado inflamatório. Nos grupos tratados com as moléculas de chalcona a 1%, as células presentes nas bordas ósseas mostram-se com características de atividade, indicando continuidade do reparo. Nessa concentração, somente os grupos tratados com as moléculas C3, C4 e C5 apresentaram resultados significativos quanto ao fechamento da ferida quando comparadas ao grupo controle. A 5%, as moléculas C3, C4 e C5 mostraram resultados estatisticamente significativos quanto a área das feridas remanescentes em relação aos grupos controle e veículo, embora o resultado de todas as moléculas mostraram 4 osteoblastos ativos nas superfícies ósseas, indicativo de atividade secretora dessas células. A concentração de 10% foi a mais efetiva para todas as moléculas analisadas. Nessa dose, todas mostraram resultados significativos em relação aos grupos controle, veiculo e ao grupo tratado a 1%, demonstrando uma relação dose-dependente em todas as moléculas. A análise histológica mostrou osteoblastos ativos nas bordas do defeito crítico em todos os grupos tratados nessa concentração, sendo que, os grupos C4 e C5 mostraram características de osso secundário. Não houve diferenças significativas entre as moléculas em uma mesma concentração. A molécula não substituída mostrou-se mais efetiva quanto a osteogênese, demonstrando que o efeito estéreo é mais significativo que os efeitos hidrofóbicos e eletrônicos de acordo com a relação proposta por Topliss. Conclusão. As chalconas estudadas apresentam potencial osteogênico, algumas, entretanto, mostram que o reparo ósseo acontece mais rapidamente. Dessa maneira, estas moléculas podem representar uma perspectiva farmacológica na aceleração do processo de osteogênese. Palavras-Chave: Chalconas, Osteogênese, Síntese Orgânica. 5 EVALUATION OF THE OSTEOGENIC POTENTIAL OF CHALCONES Xana Raquel Ortolan December/2013 Supervisor: Fatima Campos Buzzi, PhD in Chemistry (UFSC) Co-Supervisor: Rogério Correa, PhD in Organic Chemistry (UFSC) Area of Concentration: Natural Products and Synthetic Bioactive Substances Number of Pages: 82 Introduction. Chalcones are compounds of the flavonoid biosynthetic pathway and exhibit biological and pharmacological activities such as anti-inflammatory and antioxidant activities and modulation of the cell signaling pathways. Many investigations have been reported using substances found in plants, in terms of the activities of nonmineralized tissue repair’ However studies on the use of bioactive molecules in the stimulation of bone repair are still in their infancy. Objectives. To evaluate the osteogenic potential of chalcones, analyzing the structure-activity relationships, cell behavior, and quality of bone tissue by light microscopy and the degree of closure of wounds. Material and Methods. The chalcones were synthesized by Claisen-Schmidt aldol condensation from acetophenone, varying the substituted benzaldehydes (H, 4CH3, 4 -OCH3, 4-Cl, 3,4-Cl2), according to the Topliss principle, to verify a possible structure-activity relationship. For the in vivo tests, 170 female Wistar rats were used, 45 days old, divided into 17 groups (n = 10). The first group received no treatment (control), the second group was treated only with vehicle (Vaseline), and five other groups received the chalcone molecules at a concentration of 1%. Another group received the same 5 molecules at a dose of 5%, and the remaining 5 groups were treated in the same manner, at a concentration of 10%. During the surgical procedure, the animals were anesthetized and shaved on the midline of the skull, followed by an incision of the soft tissue. Using a surgical trephine 5 mm in diameter, a disc of hard bone tissue was removed corresponding to a critical wound at the site of application of the treatment. Thirty days after surgery, the animals were euthanized, removing for analysis the critical wound area and surrounding tissue. After decalcification of the samples with EDTA, photographs were taken to measure the remaining area of the wounds, using the software program Image J. Quantitative data were statistically analyzed by the ANOVA test followed by the Student-Newman-Keuls test, and the slides were qualitatively analyzed under transmitted light microscopy. The research project was approved by the Ethics Committee on the Use of Animals of UNIVALI, under opinion no. 040-2011. Results. The data show that the control and vehicle groups showed limited formation of new bone, without significant differences between them as to the closure of the bone wound. The repair surfaces presented inactive cells, showing low activity in terms of osteogenesis. Furthermore, in the vehicle group, the presence of inflammatory infiltrate was noted. In the groups treated with the 1% chalcone molecules, the cells present at the bone borders showed features of activity, indicating continuity of the repair. At this concentration, only the groups treated with molecules C3, C4 and C5 showed significant results in relation to wound closure, compared with the control group. At 5%, molecules C3, C4 and C5 showed statistically significant results in relation to the remaining wound area, compared with the control and vehicle groups, although all the molecules showed active osteoblasts on the bone surfaces, indicative of secretory activity of these cells. The 10% concentration was the most effective for all the analyzed molecules. At this dose, all the molecules showed significant results compared with the control and vehicle 6 groups and the group treated at 1%, demonstrating a dose-dependent relationship in all the molecules. Histological analysis showed active osteoblasts at the borders of the critical defect in all the treated groups at this concentration, whereas the C4 and C5 groups showed characteristics of secondary bone. There were no significant differences between the molecules at the same concentration. The unsubstituted molecule was more effective in regard to osteogenesis, demonstrating that the stereo effect is more significant than the hydrophobic and electronic effects, according to the relationship proposed by Topliss. Conclusion. The chalcones studied showed osteogenic potential, however, some showed faster bone healing. These molecules may, therefore, represent a pharmacological prospect for accelerating the process of osteogenesis. Keywords: Chalcones, Osteogenesis, Organic Synthesis 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrura geral das chalconas. .............................................................. 16 Figura 2. Mecanismo de reação de Claisen-Schmidt ........................................ 17 Figura 3. Síntese das chalconas ....................................................................... 32 Figura 4. Incisão dos tecidos moles. ................................................................. 36 Figura 5. Anatomia de calota craniana de uma amostra de um crânio de rato Wistar indicando a região de confecção da ferida crítica. .................................. 37 Figura 6. Realização da ferida crítica com uma broca trefina sob irrigação com soro fisiológico.................................................................................................... 37 Figura 7. Remoção do fragmento ósseo de 5mm compreendendo a ferida crítica. ................................................................................................................. 37 Figura 8. Aplicação dos tratamentos com uma espátula. .................................. 38 Figura 9. Programa Image J utilizado para mensuração da área da ferida na calota craniana do animal................................................................................... 39 Figura 10. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C1 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento.. 44 Figura 11. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C2 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. ......................................................................................................... 45 Figura 12. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C3 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. ......................................................................................................... 46 Figura 13. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C4 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento.. ........................................................................................................ 47 Figura 14. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C5 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. ......................................................................................................... 48 Figura 15. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 1%. .................................................................... 49 8 Figura 16. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 5%. .................................................................... 49 Figura 17. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 10%. .................................................................. 50 Figura 18. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo controle, 30 dias após o experimento. ................................................. 51 Figura 19. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo veículo, 30 dias após o experimento. .................................................. 52 Figura 20. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo veiculo, 30 dias após o experimento. .................................................. 52 Figura 21. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 1% 30 dias após o experimento........................... 53 Figura 22. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 5% 30 dias após o experimento........................... 53 Figura 23. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 10% 30 dias após o experimento. ........................ 54 Figura 24. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 1% 30 dias após o experimento........................... 55 Figura 25. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 5% 30 dias após o experimento........................... 55 Figura 26. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 10% 30 dias após o experimento. ........................ 56 Figura 27. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 1% 30 dias após o experimento........................... 57 Figura 28. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 5% 30 dias após o experimento........................... 57 Figura 29. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 10% 30 dias após o experimento......................... 58 Figura 30. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 1% 30 dias após o experimento........................... 59 Figura 31. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 5% 30 dias após o experimento........................... 59 Figura 32. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 10% 30 dias após o experimento. ........................ 60 9 Figura 33. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 1% 30 dias após o experimento........................... 61 Figura 34. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 5% 30 dias após o experimento........................... 61 Figura 35. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 10% 30 dias após o experimento. ........................ 62 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Valores dos parâmetros físico-químicos π e e ambos relacionados. ...................................................................................................... 21 Tabela 2. Ordem de potência para diversos parâmetros físico-quimicos proposta por Topliss ........................................................................................... 22 Tabela 3. Proposta de Topliss para a seleção de novos substituintes em função dos prováveis parâmetros mais ativos. ................................................... 23 Tabela 4. Tratamentos aplicados em cada um dos grupos experimentais. ....... 35 Tabela 5. Mostra a média±erro padrão das áreas das feridas 30 dias após os tratamentos. ................................................................................................... 43 11 LISTA DE ABREVIATURAS UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí BMPs Proteína(s) morfogenética(s) óssea(a) rhBMP-2 Proteína morfogenética óssea recombinante humana FGF Fator de crescimento de fibroblastos HE Hematoxina e Eosina PDGF Fator de crescimento derivado das plaquetas SF Solução fisiológica TGF Fator de transformação do crescimento TGF-β Fator de crescimento de transformação beta QSAR Formulação quantitativa da relação estrutura atividade EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético OCC Osteocalcina OPN Osteopontina OCN Osteonectina ALP Fosfatase alcalina pH Potencial de Hidrogênio CCD Cromatografia de coluna delgada UV Ultravioleta KBr Brometo de potássio Hz Hertz MHz Megahertz TMS Tetrametilsilano 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 16 2.1 Chalconas ................................................................................................. 16 2.2 Relação estrutura-atividade ...................................................................... 19 2.3 Reparo ósseo ........................................................................................... 24 3 OBJETIVOS .................................................................................................... 31 3.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 31 3.2 Objetivos Específicos................................................................................ 31 4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 32 4.1 Síntese de Chalconas (1,3-difenilprop-2-em-1-onas) ............................... 32 4.1.1. Caracterização estrutural dos compostos ......................................... 33 4.2 Animais ..................................................................................................... 35 4.3 Procedimento cirúrgico e tratamento das feridas críticas ......................... 36 4.4 Procedimento macroscópico e técnica histológica.................................... 38 4.5 Análise macro e microscópica e tratamento estatístico ............................ 39 5 RESULTADOS ................................................................................................ 40 5.1 Chalconas ................................................................................................. 40 5.2 Análise macroscópica ............................................................................... 42 5.3 Análise Microscópica ................................................................................ 51 5 DISCUSSÃO ................................................................................................... 63 6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 71 ANEXO ............................................................................................................... 79 13 1 INTRODUÇÃO Os ossos são estruturas resistentes e rígidas que apesar do aspecto inerte, crescem, remodelam-se e mantêm-se ativos durante toda a vida do organismo. Quando lesados, como ocorre nas fraturas, são capazes de reparação, fenômeno que demonstra sua permanente vitalidade. Em condições normais a maioria das fraturas não apresenta problemas de consolidação, porém existem situações em que o processo de reparo pode ser acelerado, assegurando rápido retorno da função músculo-esquelética (RISO et al., 2010). Doenças como a osteoporose, injúrias traumáticas, cirurgias ortopédicas, ressecção de tumores primários, podem formar defeitos ósseos, constituindo-se em uma ferida crítica quando não ocorre reparo espontâneo, necessitando de materiais substitutos para preencher o tecido lesado. Diante da perspectiva de acelerar o reparo ósseo, várias intervenções têm sido estudadas com a finalidade de estimular o reparo de fraturas, acelerando a osteindução, osteocondução e a osteointegração. Alguns mecanismos correspondem ao utilizados transplante no autólogo, tratamento alogênico músculo-esqueletais ou xenotransplantes, entretanto esses métodos exigem controle rigoroso relacionado com a transmissão de agentes infecciosos (PUTZIER et al., 2009; ZWITSER et al., 2012). Por outro lado, a engenharia tecidual tem proposto o uso de matrizes extracelulares como suporte de órgãos possibilitando a função celular de proliferação, migração e diferenciação no processo de regeneração óssea e também o desenvolvimento de uma matriz inteligente, ou seja, sem adição de moléculas componentes da superfamília TGF-β, que possa iniciar a cascata de diferenciação celular para produzir tecido ósseo (RIPAMONTI, 2010). Atualmente os principais medicamentos utilizados na prática clínica, quando se trata de tecido ósseo, tem seu mecanismo de ação baseada na reabsorção óssea ou na reposição de minerais que compõe o osso. Entretanto, ainda não existe, um medicamento eficaz que promova a indução da formação óssea (DIMITRIOU et al., 2011). Desta maneira, a síntese orgânica através do desenvolvimento de moléculas bioativas mostra-se necessária para atender uma 14 demanda cada vez maior de desordens ósseas. Muitas classes de compostos orgânicos tem apresentado efeitos biológicos promissores e a literatura cientifica relata um crescimento significativo de novas moléculas com potencial similar ou superior àquele de um fármaco (CECHINEL FILHO, et al. 2003). Nesse sentido, as chalconas representam um grupo de compostos intermediários ou produtos finais na biossíntese de flavonóides e são extensivamente investigadas em virtude da alta aplicabilidade já encontrada. Estudos farmacológicos de várias chalconas sintéticas, mostram potencial antioxidante, antiinflamatório, citotóxico e quimiopreventivo em relação à células cancerosas, antibacteriano, antifúngico antiviral, antiparasitário, analgésico e osteogênico (BATOVSKA; TODOROVA, 2010; HAN; et al., 2010; VOGEL; et al., 2010; ORTOLAN et al., 2013). Diversos tipos de biomateriais e suas associações experimentais com diversas substâncias vêm sendo estudados no processo de cicatrização. Um dos modelos mais utilizados para estudar o potencial indutor de reparo ósseo é o da ferida crítica que consiste em promover uma ferida cujas dimensões não permitem seu reparo espontâneo e completo, assim, o modelo permite estudar, com relativa segurança, a capacidade de substâncias orgânicas e/ou inorgânicas de induzir o reparo ósseo quando implantadas dentro delas. Muitas investigações com substancias isoladas de plantas tem sido relatadas quanto à atividades de reparo em tecidos não mineralizados (SASIDHARAN et al., 2011; MEZADRI et al., 2012; MANOJ, MURUGAN, 2012 ), entretanto pouco se conhece sobre o uso no reparo de feridas ósseas. Recentemente, Kim et al (2012), ao avaliar o potencial osteogênico da licochalcona A demonstraram, em estudos in vitro e in vivo, que essa chalcona apresenta atividade quanto a osteogênese, aumentando os níveis de fosfatase alcalina e cálcio e interferindo na diferenciação celular, com uma possível indução dos níveis da expressão de BMPs (Proteínas Morfogenéticas Ósseas). Já, Tames et al. (2010) sugeriram indução de reparo ósseo da chalcona 1-fenil-3-(4-clorofenil)-2-propen-1-ona no modelo de ferida crítica em calota craniana de ratos, uma vez que as feridas tratadas com essa molécula apresentaram uma cicatrização significativamente maior do que as feridas controle (sem tratamento). 15 Em continuidade aos estudos de Tames et al. (2010), este estudo objetivou sintetizar e avaliar o potencial osteogênico de chalconas em modelo “in vivo”, analisando o grau de fechamento das feridas, a morfologia celular, qualidade do tecido recém formado e a possível relação estrutura-atividade. 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Chalconas As chalconas são substâncias químicas abundantemente encontradas em plantas, tendo por característica a pigmentação amarela. Possuem importante papel em sistemas ecológicos em função das cores que produzem nos vegetais, auxiliando na polinização como atraentes de insetos e/ou pássaros (ZUANAZZI, 2001). A estrutura química (Figura 1) das chalconas (1,3 difenil-2-propen-1-onas) consiste de uma porção olefínica e a carbonila conjugadas, ligadas á grupamentos aromáticos. Esses anéis são identificados como anel A (advindo da cetona) e anel B (advindo do aldeído). Quimicamente são conhecidas como cetonas α-β-insaturadas e contrariamente à maioria outros flavonóides, o núcleo A das chalconas é numerado com números ordinários seguidos de uma linha ( ‘ ) e o núcleo B somente com números ordinários (CHIARADIA, 2008; RAHMAN, 2011). Figura 1. Estrura geral das chalconas. Teoricamente, essas moléculas podem existir nas conformações Z e E. Entretanto, estudos demonstraram que em extratos vegetais, o produto majoritário isolado é o isômero trans, uma vez que estes são considerados mais estáveis termodinamicamente (CAMPOS-BUZZI et al., 2007; CORRÊA et al., 2001). As chalconas podem também, facilmente, ser obtidas de forma sintética através da síntese orgânica, pela condensação de cetonas e aldeídos 17 aromáticos num processo conhecido como Claisen-Schmidt (EDDARIR et al., 2003; LI et al., 2002). A reação de condensação aldólica é uma reação geral para todas as cetonas e aldeídos com átomos de hidrogênio alfa (α). A reação ocorre quando uma base remove um hidrogênio alfa ácido de uma molécula de aldeído ou cetona para formar o enolato, que se estabiliza por ressonância. O enolato ataca uma outra molécula de aldeído ou cetona (na posição alfa ao grupo carbonila eletrofílico) por adição nucleofílica e forma um íon alcóxido (intermediário tetraédrico). A protonação do íon alcóxido gera o produto de condensação e regenera o catalisador básico. A formação da enona conjugada ocorre por desidratação, que pode ser catalisada por base ou por ácido. Em condições básicas, um hidrogênio ácido é abstraído da posição α para dar um íon enolato que elimina o grupo de saída –OH. Em condições ácidas, forma-se o enol, o grupo –OH é protonado e a água, eliminada (Figura 2). Figura 2. Mecanismo de reação de Claisen-Schmidt Conforme Avila (2008), substâncias, muitas vezes de difícil produção sintética, podem servir como protótipos para o desenvolvimento de novas biomoléculas possibilitando a análise da relação estrutura atividade, assim como permitem modificações em seu esqueleto com o intuito de torná-los mais eficazes. 18 Desta maneira, as chalconas mostram-se uma fonte riquíssima e interessante para a obtenção de novos princípios ativos, uma vez que além de apresentar um amplo espectro de atividades biológicas possuem vantagens sobre outros compostos naturais como a versatilidade sintética. Campos-Buzzi et al. (2007) verificaram que a introdução de diferentes grupos substituintes nos anéis aromáticos da chalcona causam drásticas mudanças nas atividades biológicas. Chiaradia et al (2008) descrevem que reações de substituição no anel A e B de um hidrogênio por qualquer outro substituinte pode resultar em compostos com propriedades farmacológicas totalmente distintas, é por isso que o alvo principal dos pesquisadores está na variedade de substituintes que se pode adicionar a estes anéis. Diversos estudos tem revelado que algumas chalconas sintéticas simples incluindo aquelas derivadas de produtos naturais, como a xantoxilina exibiram um pronunciado efeito antinociceptivo em camundongos no teste de contrações abdominais (BOECK et al., 2006). Ainda, Corrêa et al., (2008) investigando a ação de três séries de chalconas, usando diferentes aldeídos e acetofenonas substituídas, mostraram no mesmo modelo, um significativo efeito antinociceptivo quando comparado aos fármacos não esteroidais como aspirina, paracetamol e diclofenaco. Outro estudo conduzido por Lin et al. (2001) avaliou uma série de flavonóides, chalconas e derivados em sua ação inibitória contra Mycobacterium tuberculosis H37RV. Seis substâncias, nas séries sintetizadas, apresentaram inibição do crescimento bacteriano maior que 90%. A presença de um substituinte hidrofóbico em um dos anéis aromáticos e um grupo doador/aceptor de hidrogênio no outro anel resultou no aumento da atividade antituberculose das chalconas e derivados. Dimmock et al. (1999) demonstraram que algumas chalconas apresentam ação antimicrobiana, frente a bactérias e fungos. A introdução de grupos metóxi ou 2-dietilaminoetoxi no anel A produziu substâncias que possuem atividade bactericida e fungicida. Ainda, uma variedade de chalconas e seus derivados apresentam importante atividade citotóxica, com relação a diferentes linhas de células 19 tumorais (DIMMOCK et al., 1998; EDENHARDER et al., 1997 apud DIMMOCK et al, 1999). Por conseqüência das diversas atividades biológicas apresentadas pelas chalconas, as quais variam conforme os diferentes substituintes, estas moléculas são de grande interesse químico e farmacológico. As chalconas são referenciados por efeitos analgésico, antiulcerogênico, antioxidante, imunomodulatório, antileucêmico, anti-inflamatório e osteogênico (KIM et al., 2012, TAMES et al 2010, HAN et al., 2010; LIN et al., 2001; LUNARDI et al., 2003; MOHAMAD et al, 2010; RAHMAN, 2011; VIANA; BANDEIRA;MATOS, 2003). De acordo com a natureza dos substituintes, podemos classificar as interações estruturais das chalconas quanto aos efeitos estéricos causados por substituintes volumosos; aos efeitos eletrônicos decorrentes da diferença da eletronegatividade entre átomos ou grupos subtituintes e aos efeitos hidrofóbicos (CESARIN-SOBRINHO; NETTO-FERREIRA; BRAZ FILHO, 2001). 2.2 Relação estrutura-atividade A relação estrutura atividade é o objeto de estudo da química medicinal, que se configura como uma disciplina baseada na química, também envolvendo aspectos biológicos, ciência médica e farmacêutica. Essa área de estudo preocupa-se com a invenção, descobrimento, projeção, identificação e preparação de novas entidades químicas biologicamente ativas (BARREIRO; FRAGA, 2008). Nesse contexto, a multi e a interdisciplinaridade são conceitos fundamentais em relação a capacidade de produção de novos medicamentos. Os químicos medicinais, depois de estabelecerem relações qualitativas e quantitativas entre certas características estruturais (físico-químicas), podem otimizar a produção de compostos bioativos com características farmacológicas determinadas (TEUTSH, 1997). A grande maioria dos fármacos deve sua atividade à sua ligação específica a uma biomacromolécula ou alvo molecular, geralmente uma enzima ou um receptor. As interações dos fármacos com estes sistemas biológicos é 20 dependente de fatores relacionados com sua estrutura química e, consequentemente, de suas propriedades físico-químicas (TAVARES, 2004). A modificação estrutural é um método muito utilizado para a obtenção de estruturas farmacologicamente ativas ou para a otimização da ação destas moléculas. Dependendo da estrutura protótipo, podem ser introduzidas mudanças como a simplificação da estrutura, a conservação da mesma ou o aumento desta pela incorporação de novos grupamentos (CECHINEL-FILHO, YUNES, 2001). Assim, dois fármacos com estrutura química semelhantes, diferenciandose apenas por um átomo ou posição que este ocupa na molécula, podem apresentar diferenças quanto às suas propriedades físico-químicas e, conseqüentemente, quanto à atividade biológica (TAVARES, 2004). Sabe-se que a substituição de um átomo de hidrogênio por um determinado substituinte (grupo alquila, nitro, metil, metóxi, entre outros) pode modificar profundamente a potência, duração e ainda o efeito farmacológico de uma molécula. Os estudos de correlação estrutura-atividade, fundamentados no efeito do susbtituinte em um determinado anel aromático, são muito comuns na química medicinal, uma vez que mais de 50% dos fármacos ou compostos bioativos possuem esse tipo de anel. As modificações produzidas pela introdução de um substituinte podem atingir várias propriedades físico-químicas da molécula, tais como a hidrofobicidade, a densidade eletrônica, a conformação estrutural, as propriedades farmacocinéticas, entre outros (CECHINEL-FILHO, YUNES, 2001). Na química medicinal, um bom planejamento de fármacos permite conseguir um grupo de substâncias-teste importante para realizar um tratamento quantitativo da relação estrutura-atividade. A formulação quantitativa da relação estrutura atividade (QSAR) foi originalmente proposta por Hansch e Fujita em 1960, e desde então, a análise QSAR evoluiu como ciência devido aos avanços que ocorreram nas últimas décadas na área molecular (SANTOS-FILHO et al., 2009). As pesquisas na área de QSAR têm como principal objetivo a construção de modelos matemáticos que relacionem a estrutura química e a atividade biológica de uma série de substâncias análogas. A construção dos modelos requer a elaboração de conjunto ou matriz de dados contendo a medida 21 quantitativa da atividade biológica e os parâmetros físico-químicos e estruturais capazes de descrever suas propriedades (POLANSKI, 2009). O estudo de QSAR propõe que a ação de um fármaco pode ser dividido em dois estágios: o transporte para seu sítio de ação e a ligação ao mesmo. Assim, a atividade biológica está associada às mudanças de energia livre que ocorrem nos processos de absorção, distribuição e biotransformação ou à própria interação fármaco-receptor, sendo esse o paradigma que fundamenta o estudo de QSAR. Este fenômeno poderia ser explicado por modelos matemáticos simples ou multiparamétricos, em que a atividade biológica pode ser determinada por parâmetros que medem a influência de cada uma das propriedades (LIMA NETO, et al., 2006). Já Topliss (1977), sugere um método não estatístico baseado no fato de que alguma correlação quantitativa deve existir entre atividade biológica, a hidrofobicidade e a descrição molecular eletrônica dos substituintes aromáticos (YUNES et al., 2002). O método manual consiste na análise dos resultados da atividade farmacológica de cinco compostos que possuam anel aromático na sua estrutura e que estejam presentes os seguintes substituintes: H, 4-Cl, 3,4-Cl2, 4-CH3 e 4 – OCH3 (CECHINEL-FILHO; NUNES; YUNES, 1993). A avaliação da atividade biológica está relacionada aos parâmetros hidrofóbicos (), eletrônicos () e estéricos (Es) conforme demonstrados na tabela 1. Tabela 1. Valores dos parâmetros físico-químicos π e e ambos relacionados. Substituinte π σ π-σ 2 π - σ π -2 σ π -3 σ -σ π+ σ H 0 0 0 0 0 0 0 0 4-Cl 0.71 0.23 0.48 1.19 0.25 0.02 -0.23 0.94 3,4-Cl2 1.25 0.52 0.73 1.98 0.21 -0.31 -0.52 1.77 4-CH3 0.56 -0.17 0.73 1.29 0.90 1.07 0.17 0.39 4-OCH3 0.02 -0.27 0.25 0.23 0.52 0.79 0.27 -0.29 3-CF3,4-Cl 1.59 0.66 0.93 2.52 2.91 -0.39 -0.66 2.25 3-CF3,4-NO2 0.60 1.21 -0.61 -0.01 -1.82 -2.97 -1.21 1.81 4-CF3 0.88 0.54 0.34 1.22 -0.20 -0.74 -0.54 1.42 2,4-Cl2 1.42 0.46 0.96 2.38 0.50 0.04 -0.46 1.88 c-C5H9 2.14 0.02 2.16 4.30 2.18 2.20 0.02 2.12 c-C6H11 2.51 -0.22 2.73 5.24 2.95 3.17 0.22 2.29 4-CH(CH3)2 1.53 -0.05 1.58 3.11 1.63 1.68 0.05 1.48 4-C(CH3)3 1.98 -0.20 2.18 4.16 2.38 2.58 0.20 1.78 3,4-(CH3)2 0.99 -0.30 1.29 2.28 1.59 1.89 0.30 0.69 2π-π² 0 0.92 0.94 0.81 0.04 0.65 0.84 0.99 0.82 -0.30 -1.28 0.72 0.04 1.00 22 4-O(CH2)3CH3 4-N(C3H5)2 4-N(CH3)2 4-NH2 4-NHC4H9 4-OCH(CH3)2 3-CH3, 4-OCH3 4-Br 4-CF3 4-C2H5 4-O(CH2)2CH3 3-CH3, 4-Cl 3-Cl 3-CH3 3-OCH3 3-N(CH3)2 3,5-Cl2 2-Cl 2-CH3 2-OCH3 2-F 4-F 4-NHCOCH3 4-NHSO2CH3 4-NO2 4-COCH3 4-SO2CH3 4-CONH2 4-SO2NH2 1.55 1.18 0.18 -1.23 1.45 1.03 0.54 0.86 0.88 1.02 1.05 1.29 0.71 0.56 -0.02 0.18 1.25 0.71 0.56 -0.02 0.14 0.14 -0.97 -1.18 0.28 -0.55 -1.63 -1.49 -1.82 -0.32 -0.83 -0.83 -0.66 -0.51 -0.45 -0.26 0.23 0.43 -0.15 -0.25 0.17 0.37 -0.07 0.12 -0.15 0.75 0.23 -0.17 -0.27 0.06 0.06 0.00 0.03 0.78 0.50 0.72 0.36 0.57 1.87 2.01 1.01 -0.57 1.96 1.48 0.80 0.57 0.45 1.17 1.30 1.12 0.34 0.63 0.14 0.33 0.50 0.48 0.73 0.25 0.08 0.08 -0.97 -1.21 -1.16 -1.5 -2.32 -1.85 -2.39 3.42 3.19 1.19 -1.80 2.39 2.51 1.34 1.49 1.43 2.19 2.35 2.41 1.05 1.19 -0.16 0.51 1.75 1.19 1.29 0.23 0.22 0.22 -1.94 -2.39 -1.34 -1.60 -3.98 -3.34 -4.21 2.19 3.84 1.84 0.09 2.47 1.93 1.06 0.40 0.02 1.32 1.55 0.95 -0.03 0.70 -0.26 0.48 -0.25 0.25 0.90 0.52 0.02 0.02 -0.97 -1.24 -1.84 -1.55 -3.07 -2.21 -3.01 5.21 4.67 2.67 0.75 2.98 2.38 1.32 1.55 2.17 1.47 1.80 0.78 -0.30 0.77 -0.38 0.63 1.00 0.02 1.07 0.79 -0.04 -0.04 -0.97 -1.27 -2.62 -2.05 -3.79 -2.57 -3.53 0.32 0.83 0.83 0.66 0.51 0.45 0.26 -0.23 -0.43 0.15 0.25 -0.17 -0.37 0.07 -0.12 0.15 -0.75 -0.23 0.17 0.27 -0.06 -0.06 0.00 -0.03 -0.78 -0.50 -0.72 -0.36 -0.57 1.23 0.35 -0.65 -1.89 0.94 0.58 0.28 1.09 1.31 0.87 0.80 1.46 1.08 0.49 0.10 0.03 2.20 0.94 0.39 -0.29 0.20 0.20 -0.97 -1.15 0.50 -0.05 -0.72 -1.13 -1.25 0.70 0.97 0.33 -3.97 0.80 1.00 0.79 0.98 0.99 1.00 1.00 0.92 0.92 0.81 -0.04 0.33 0.94 0.92 0.81 -0.04 0.28 0.28 -2.88 -3.75 -0.64 -1.40 -5.92 -5.20 -6.95 A ordem de potência para estes parâmetros relacionados aos 5 substituintes encontra-se na tabela 2. A partir do resultado da atividade biológica avaliada utiliza-se esta tabela a fim de se encontrar qual parâmetro ou combinação dos parâmetros estão envolvidos nas moléculas mais ativas (TOPLISS; 1976). Tabela 2. Ordem de potência para diversos parâmetros físico-quimicos proposta por Topliss Substituintes Parâmetros físico-quimicos de Topliss π + 2π - π - π - 2π - 3Es π 2π– π2 3,4-Cl2 1 1-2 1 1 1 1-2 3-4 5 2-5 4-Cl 2 1-2 2 2 2-3 3 3-4 3-4 2-5 4-CH3 3 3 4 3 2-3 1-2 1 1 2-5 4-OCH3 4-5 4-5 5 5 4 4 2 2 2-5 H 4-5 4-5 3 4 5 5 5 3-4 1 23 A tabela 3 indica a proposta de seleção de novos substituintes que podem otimizar a atividade farmacológica dos compostos em estudo. Aos parâmetros relacionados π e σ, baseados nos estudos de correlação de Hansch, Topliss incluiu também os efeitos estéricos (Es), que muitas vezes exercem influência dominante. Este método visa uma síntese mais racional e objetiva, visto que, fazendo primeiramente a análise e comparação dos resultados da atividade biológica com a estrutura química dos compostos pode-se determinar futuras modificações estruturais com o objetivo de obter um composto ainda mais potente que os iniciais. Tabela 3. Proposta de Topliss para a seleção de novos substituintes em função dos prováveis parâmetros mais ativos. Prováveis parâmetros mais ativos π, π + , Seleção de novos substituintes 3-CF3, 4-Cl; 3-CF3, 4-NO2; 4-CF3; 2,4-Cl2; 4-C-C5H9 π, 2π – , π – 4-CH(CH3)2; 4-C(CH3)3; 3,4(CH3)2; 4O(CH2)3CH3; 4-OCH2Ph; 4-NEt2 π - 2, π – 3, 4-N(C2H5)2; 4-N(CH3)2; 4-NH2; 4-NHC4H9; 4-OH; 4-OCH(CH3)2; 3-CH3; 4-OCH3 2π – π2 4-Br, 3CF3; 3,4(CH3)2; 4-C2H5; 3Cl; 3CH3; 3-OCH3; 3-N(CH3)2; 3-CF3; 3,5-Cl Na aplicação de estratégias de planejamento de fármacos, os estudos dos processos evolutivos de reconhecimento molecular em sistemas biológicos assumem grande importância, pois constituem as bases fundamentais para o entendimento de propriedades como potência, afinidade e seletividade. Diante desse complexo paradigma, as ferramentas biotecnológicas associadas aos métodos de química medicinal ganham papel destacado no desenvolvimento de novas moléculas com atividade biológica (GUIDO; ANDRICOPULO, OLIVA, 2010). Esse processo de descoberta e desenvolvimento de fármacos é muitas vezes complexo, longo e de alto custo, tendo suas raízes profundamente ligadas às inovações científicas e tecnológicas. Os avanços expressivos da ciência 24 tornaram possível a descoberta de inovações terapêuticas notáveis, proporcionando melhorias significativas na qualidade de vida das diversas populações no mundo (GUIDO et al., 2008). 2.3 Reparo ósseo O sistema esquelético é tão essencial à vida quanto qualquer outro sistema orgânico, pois desempenha papel fundamental na homeostase mineral. O tecido ósseo serve de suporte para os tecidos não mineralizados e protege órgãos vitais, como os contidos nas caixas craniana e torácica. Aloja e protege a medula óssea, formadora das células sanguíneas, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O tecido ósseo compreende um tecido conjuntivo altamente rígido e resistente. Suas propriedades dependem das características da matriz extracelular, composta por porção orgânica (formada por proteínas colagenosas – das quais 90% são representadas por colágeno tipo I e aproximadamente 10% por proteoglicanos, e proteínas não colagenosas como osteocalcina (OCC), osteopontina (OPN), osteonectina (OCN) e fosfatase alcalina (ALP) sintetizadas por osteoblastos com propriedades específicas na mineralização do tecido ósseo. O componente protéico da matriz é responsável pela resistência a fratura, compressão e tensão, conferindo certa maleabilidade ao tecido sem que o mesmo perca morfologicamente sua dureza (KLEIN et al., 2003; MOTA et al., 2008). Os componentes inorgânicos, responsáveis pela resistência à deformação, apresentam fosfato de cálcio organizados em forma de cristais de hidroxiapatita, além de magnésio, bicarbonato, sódio e potássio, em menor quantidade. Estes se associam a proteínas estruturais e se encontram distribuídos entre as fibras de colágeno formando, assim, feixes impregnados por partículas iônicas (MOTA et al., 2008). 25 Apesar do aspecto aparentemente inerte, o tecido ósseo é um tecido metabolicamente ativo que sofre remodelação contínua ao longo da vida. Tal remodelação envolve a remoção de osso mineralizado pelos osteoclastos, seguida pela formação da matriz óssea pelos osteoblastos, que posteriormente se torna mineralizada (HADJIDAKIS; ANDROULAKIS, 2006). Quando lesados, como em fraturas, são capazes de reparação, fenômeno que demonstra sua permanente vitalidade. No entanto, esta capacidade regenerativa tem limites e pode falhar em certas condições. As condições que influenciam para que o reparo ósseo se consolide são a presença de uma adequada vascularização e de um arcabouço tridimensional (GONDIM, 2007; SALGADO, 2002) além do tamanho e local do sítio lesionado, a preservação ou não do periósteo, a interposição de tecido mole ou a presença de osso necrótico entre os fragmentos ósseos, a infecção local e a inadequada imobilização do material implantado com o seu consequente deslocamento (BARRIAS et al., 2005). Quando se trata de reparo ósseo, pode se designar tal processo como o restabelecimento da continuidade de tecidos defeituosos por outros tecidos que não tem capacidade de substituir funcionalmente e estruturalmente o tecido lesado, enquanto a regeneração óssea pode ser definida como um processo biológico complexo, de renovação da arquitetura e função do tecido ósseo perdido (COSTA, 2009; MELCHER, 1969). A regeneração óssea guiada, por sua vez, é definida como uma renovação óssea controlada em áreas onde existe um defeito ósseo, através da osteoindução ou osteocondução restabelecendo as características funcionais e estruturais dos tecidos lesado (BOSCH; MELSEN; VARGERVIK, 1998; FRANCO et al., 2001; GAROFALO, 2007). A osteoindução estimula a osteogênese, ou seja, é o processo pelo qual substâncias induzem a diferenciação de células progenitoras do leito receptor em osteoblastos, com posterior formação do tecido ósseo (LINDHE; KARRING; LANG, 2005). O termo refere-se ao processo pelo qual as células tronco mesenquimais, presentes no tecido circunjacente ao local da aplicação da substância, são induzidas à diferenciação em células de linhagem osteogênica (ALEXANDER, 1987). Na osteoindução, as células mesenquimais são estimuladas a se transformarem em osteoblastos que produzem a matriz óssea 26 mineralizada. A osteoindução é ativa e representa a propriedade do material em estimular a produção óssea pelo tecido receptor. A osteocondução ocorre quando uma matriz física serve de arcabouço para formação de um novo osso através da proliferação e migração de células progenitoras do leito receptor, que se diferenciam em osteoblastos (TEIXEIRA, 2009). A osteocondução é passiva, sendo representada pela capacidade do enxerto em permitir a invasão vascular e celular proveniente da área receptora. A osteocondução é o processo tridimensional de intracrescimento de capilares em processo de brotamento do tecido perivascular e de células osteoprogenitoras do leito recipiente em direção a estrutura de um implante ou enxerto (BAUER; MUSCHLER, 2000; CARVALHO; BASSI; VIOLIN, 2004; STEVENSON, 1998). Apesar do alto potencial de regeneração do tecido ósseo, esta função pode não se desencadear em defeitos de grandes dimensões, uma vez que a regeneração óssea é um processo complexo e contínuo que objetiva uma restauração anatômica e funcional. Lee; Shin (2009) descrevem que a formação de osso é um processo que envolve um grande número de hormônios, citocinas e fatores de crescimento. Durante o estágio embrionário do desenvolvimento ósseo e no processo de regeneração, vários eventos biológicos são regulados por essas moléculas bioativas em um determinado espaço de tempo. Atualmente o desenvolvimento de biomateriais para a substituição do tecido ósseo é uma grande área da ciência. Funcionalmente os biomateriais podem ser divididos em dois grandes grupos: aqueles para substituir funções puramente mecânicas (próteses metálicas) e aqueles destinados ao preenchimento de cavidades ósseas com o intuito de reconstrução e estimulação da neoformação de tecido mineralizado (PAGAN, 2003). O biomaterial é definido como uma substância ou combinação de duas ou mais substâncias, sintéticas ou naturais, que pode ser utilizado por um período de tempo para melhorar, aumentar ou substituir, parcial ou inteiramente um tecido ou órgão (PAGAN, 2003); provocando resposta biológica específica na interface do material com o tecido. Sabe-se que nenhum material implantado em tecido vivo é inerte, todos provocam alguma resposta tecidual (CARLO et al., 2007; ELBATAL et al., 2003). 27 Inúmeros eventos ocorrem quando um determinado biomaterial entra em contato com o ambiente biológico; interações moleculares e celulares influenciam as características teciduais ao redor dos biomateriais. Na presença destes, fatores de crescimento são adsorvidos ou umedecem a superfície dos substitutos ósseos, promovendo uma adequada integração com o osso do hospedeiro. A função dos biomateriais é promover rápida formação óssea, assim quando se estabelece uma total integração, ocorrerá uma gradual substituição por novo osso (GAROFALO, 2007). As propriedades físico-químicas de cada biomaterial, somadas ao ambiente fisiológico, influenciam diretamente na neoformação óssea e como e quando ocorrerá de forma equilibrada a sua biodegradação. As propriedades físicas dos biomateriais são específicas à área de superfície ou formato (bloco, partícula) a porosidade (denso, macro ou microporoso) e a cristalinidade (cristalino ou amorfo) (KARAGEORGIU, KAPLAN, 2005; MISCH, 2000; YANG, DENNISON, ONG, 2005). O principal objetivo da pesquisa com substitutos ósseos tem sido o desenvolvimento de materiais para implantação que favoreçam um reparo ósseo rápido e controlado e que resulte em regeneração tecidual (BRUNSKI; PULEO; NANCI, 2000). Por estar em íntimo contato com tecidos biológicos no sítio de implantação, a superfície do material se constitui em fator crítico na determinação de sua biocompatibilidade e no processo de integração (NANCI et al., 1998; NETO 2006) Desta forma, espera-se que o material seja o mais parecido possível com o tecido vivo, além de ser capaz de interagir sem ativar o sistema de defesa do hospedeiro e que não apresente toxicidade, não causando destruição de células e não liberando radicais nocivos que possam afetar o tecido (HOLLINGER; LEONG, 1996; PRETEL, 2005) . Por outro lado, a engenharia tecidual oferece perspectivas promissoras para tratar defeitos ósseos causados por trauma, neoplasias, malformações congênitas, infecções e resultantes do tratamento cirúrgico. Essa área de estudo utiliza células, carreadores e fatores de indução para criar um novo tecido, sendo as proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs), os fatores mais utilizados para a regeneração óssea, devido sua atividade osteoindutiva da matriz óssea orgânica. 28 Há muitos anos, as BPMs vem sendo isoladas, clonadas e identificadas como membros da família das TGF-β (fator de crescimento de transformação beta). Acredita-se que as BMPs são glicoproteínas responsáveis pelo recrutamento de células osteoprogenitoras para os locais de formação óssea. Aparentemente, através da quimiotaxia promovem a migração de células mesenquimais indiferenciadas e monócitos para o local da lesão, atuando na proliferação celular, maturação, mineralização e remodelação da matriz óssea com consequente neoformação de osso (SCHMIDT, 2006). O uso de BMPs na regeneração óssea é considerado um potente substituto aos enxertos ósseos autógenos e aloimplantes, diminuindo o risco de complicações associadas a cirurgias e limitações do doador. Atualmente mais de 20 tipos de BPMs foram identificadas, sendo responsáveis pela formação de cartilagem e osso e por exercerem papel na formação de outros órgãos. A BPM2 nativa, por exemplo, esta presente na cortical óssea e induz a ossificação endocondral localizada e a formação óssea intermembranosa, possuindo grande eficácia na formação de osso (SCHMIDT, 2006). As BMPs podem ser obtidas através de diferentes espécies de animais, uma vez que apresentam uma homologia estrutural e funcional. Entretanto, para se obter essa proteína é necessário cerca de um quilograma de osso para poucos microgramas de BPM, restringindo o uso em quantidade dessa proteína (SCHMIDT, 2006). Comercialmente, as proteínas morfogenéticas ósseas recombinante humanas (rhBMP-2) estão disponíveis apresentando boa capacidade osteoindutiva. Estudos in vivo e in vitro encontraram que a rhBMP-2 rapidamente se difunde do sitio de aplicação, diminuindo o efeito osteocondutivo. Ainda, outros autores descrevem que a aplicação de grandes quantidades de rhBMP-2 diretamente nos tecidos não é efetivo para a indução de osteogênese porque acelera o metabolismo de proteínas, sustentando que quantidades menores parecem produzir melhores resultados (ISSA et al., 2010). Existe um longo caminho entre o desenvolvimento de um novo biomaterial ou técnica até a utilização em seres humanos. Para utilização na clínica, é necessário que os materiais e técnicas sejam testados in vitro e in vivo (LUIZ; COSTA; NADANOVSKY, 2005). 29 Dessa forma, nos últimos anos, uma grande variedade de biomateriais tem sido avaliada in vivo em diferentes modelos animais, como ratos coelhos, cães e macacos (ACCORSI MENDONÇA et al, 2008, SILVA et al., 2005; SCHLEGEL et al., 2003, THALLER, 1994). A escolha do modelo animal para avaliar o reparo de defeitos ósseos utilizando biomateriais geralmente envolve animais jovens com alto potencial para osteogênese (SCHIMITZ, HOLLINGER, 1986). Vários modelos animais de defeitos ósseos têm sido estudados para avaliar o potencial de materiais e candidatos biológicos para promoção de regeneração do tecido ósseo. Esses modelos tem ajudado a elucidar os mecanismos de integração endósseos (fenômeno de osteocondução), bem como os mecanismos de remodelação óssea (fenômeno de osteindução) (COSTA, 2009; MANKANI, et al., 2006). No estudo do processo de regeneração de defeitos ósseos criados em modelos animais, um fator importante a ser considerado é o tamanho do defeito. Se este for muito amplo, o reparo resultará, em parte, em um tecido conjuntivo muito fibroso, ao invés de tecido ósseo. Assim, existe o conceito de tamanho crítico, que é o menor tamanho do defeito que não irá regenerar espontaneamente. Além disso, existe um tamanho crítico do defeito para cada modelo animal e também para cada tipo de osso em particular. Esses defeitos críticos em animais são usados como padrão na análise experimental de diversas substâncias que possam aumentar a regeneração do tecido ósseo (HOLLINGER; KLEINSCHMIDT, 1990). Atualmente, para o estudo de regeneração óssea in vivo, o modelo mais utilizado de acordo com a literatura é a reconstrução de defeitos críticos criados na calota craniana de ratos e esses defeitos são considerados críticos, uma vez que não se regeneram espontaneamente durante a vida do animal. Kneser et al. (2006) estudaram feridas críticas de calota craniana de ratos tratadas com enxerto de discos de osso esponjoso bovino e recobertos com gel de fibrina contendo osteoblastos, um segundo grupo sem osteoblastos e um terceiro com controle negativo. Os espécimes obtidos no dia 0, 2 e 4 meses de período experimental, analisados histológica e morfometricamente, mostraram em um mês, neoformação óssea limitada a pequenas áreas periféricas de todas as feridas tratadas. Dois a 4 meses depois, nessas feridas, ocorreu uma 30 neoformação óssea significativa, áreas de reabsorção do enxerto, bem como a integração a osso neoformado e nas feridas controle não houve formação significante de osso. Nyan et al. (2007) mostraram a ação de moléculas bioativas e biomateriais na melhora do reparo ósseo, utilizando 45 ratos com feridas críticas de 8mm de diâmetro, observando radiografias e tomografias computadorizadas, 2, 4 e 8 semanas após as cirurgias, verificaram que a sinvastatina em combinação com o sulfato de cálcio, promove uma inflamação intensa nos períodos iniciais do reparo e osteogênese mais acentuada nos períodos tardios. Kramer et al. (2008) trataram defeitos críticos na calota de quatro carneiros com distração bifocal, colocando segmentos transportadores osteogênicos constituídos de osso autógeno ou de biomaterial de tecido ósseo esponjoso bovino desproteinizado. Após um período de latência de 5 dias a distração (1mm/dia) foi realizada durante 28 dias. Através de exames radiográficos e microscópico, observaram que em ambos os grupos, o transporte osteogênico resultou em formação óssea; indicando que o biomaterial pode contribuir para a regeneração óssea no transporte bifocal osteogênico, evitandose uma segunda intervenção para obter osso autólogo. Kim et al. (2012) ao estudarem o potencial osteogênico da licochalcona A em modelos in vitro demonstraram que em baixas concentrações, essa molécula estimulou a diferenciação celular e induziu a expressão de BMPs. Em testes in vivo, a licochalcona A acelerou o desenvolvimento do esqueleto no método de zebrafish e melhorou consideravelmente a formação do tecido ósseo no modelo de ferida crítica, podendo ser benéfica no tratamento de desordens ósseas. Assim, a avaliação de diferentes chalconas no modelo de calota craniana em ratos possibilitou avaliar o potencial osteogênico destas moléculas em um modelo in vivo. 31 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Sintetizar e avaliar o potencial osteogênico de chalconas em modelo “in vivo”. 3.2 Objetivos Específicos: - Sintetizar e caracterizar uma série de chalconas segundo as substituições propostas por Topliss; - Mensurar macroscopicamente o fechamento das feridas ósseas através do programa Image J; - Verificar a atividade de osteoblastos na formação de matriz óssea; - Comparar a matriz óssea entre os grupos; - Analisar a relação estrutura-atividade da série de chalconas sintetizadas. 32 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Síntese de Chalconas (1,3-difenilprop-2-em-1-onas) As 1,3-difenilprop-2-en-1-onas (C1 á C5) foram obtidas pelo método de Claisen Schmidt (CORREA et al., 2008). O método consistiu em dissolver uma mistura equimolar de benzaldeído substituído (0,05 mol) e acetofenona (0,05 mol), em 25 mL de etanol, em meio básico (5g de hidróxido de sódio) (Figura 3). A solução permaneceu sob agitação magnética a temperatura ambiente por 24 horas, ou até o ponto que a agitação não fosse mais possível (devido à formação de precipitados). A fim de confirmar o término da reação, a formação do produto reacional foi acompanhada por cromatografia de camada delgada em silicagel, utilizando como eluentes gradientes hexano/acetato de etila. Os produtos reacionais foram filtrados à pressão reduzida e vertidas em gelo e água gelada, filtrada e lavada sucessivas vezes com água gelada, até que as águas de lavagens se apresentassem neutras ao teste com papel de tornassol. O produto foi então lavado com 20 mL de etanol gelado e submetido à secagem em dessecador na presença de pentóxido de fósforo. Para a purificação dos compostos, a recristalização foi realizada sob aquecimento, utilizando-se etanol e carvão ativo. Após, os compostos foram novamente filtrados e secos, obtendo-se o produto puro. Figura 3. Síntese das chalconas O O CH3 O H + R EtOH R NaOH R= H, 4-CH3, 4-OCH3, 4-Cl, 3,4-Cl2 33 4.1.1. Caracterização estrutural dos compostos O andamento das reações durante os procedimentos reacionais, bem como a pureza preliminar dos compostos utilizando-se como comparação os padrões dos reagentes, foram monitorados por cromatografia de camada delgada. Os procedimentos de purificação foram os usuais, por recristalização com etanol. A caracterização de todos os compostos sintetizados foi realizada através de ponto de fusão, espectroscopia no infravermelho e espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono (NIQFAR/UNIVALI). Na técnica de cromatografia em camada delgada (CCD) foram utilizadas placas pré-revestidas de sílica gel com indicador de fluorescência - F254, em folhas com base de alumínio, Merck. cromatográficos foram utilizados gradientes hexano/acetato de etila. Os solventes Em todos do os sistema utilizados procedimentos de foram solventes adquiridos comercialmente das marcas Aldrich e Merck. Os compostos foram visualizados como manchas (spots) através de luz UV de ondas curtas. Para a recristalização dos compostos foram utilizados diferentes solventes. Os pontos de fusão, dos compostos obtidos, foram determinados de forma direta, com o equipamento Microquímica APF-301, não necessitando correção por curva de calibração. As análises espectrométricas no infravermelho foram realizadas em espectrômetro interfotométrico por transformada de Fourier, SHIMADZU, Prestige – 21, pelo método de reflectância difusa – DRIFTS. Os espectros foram obtidos registrando transmitância versus número de onda (cm-1) e foram corrigidos pelo algoritmo Kubelka Munk. Os espectros de RMN1H e RMN13C foram obtidos em espectrômetro de ressonância magnética nuclear Bruker Advance DPX – 300, a 300MHz e 75 MHz, respectivamente. Os deslocamentos químicos foram expressos em valores adimensionais (δ = ppm) em relação a um padrão de referência de tetrametilsilano (TMS). hexadeuterado, acetona Foram utilizados deuterada e os solventes clorofórmio dimetilsulfóxido- deuterado adquiridos comercialmente. As constantes de acoplamento (J) foram expressas em Hertz (Hz). As multiplicidades dos sinais foram indicadas como segue: s=simpleto, 34 d=dupleto, dd=duplo dupleto, t=tripleto e m=multipleto. A visualização foi realizada no programa ACDSpec Manager 10.08 (licença no: 41159) e Bruker TopSpin 5.0. (2E) 1-fenil-3-(3,4-diclorofenil)-2-propen-1-ona – C1 Utilizou-se acetofenona (5,84mL/ 0,05mol) e 3,4-clorobenzaldeído (8,75g/ 0,05mol) na presença de hidróxido de sódio dissolvidos em etanol (25mL) sendo a reação acompanhada por CCD. (2E)-1-fenil-3-(4-clorofenil)- 2-propen-1-ona – C2 Utilizou-se acetofenona (5,84mL/ 0,05mol) e 4-clorobenzaldeído (7,03g/ 0,05mol) na presença de hidróxido de sódio dissolvidos em etanol (25mL) e a reação foi acompanhada por CCD. (2E)-1-fenil-3-(4-metilfenil) 2-propen-1-ona – C3 Utilizou-se acetofenona (5,84mL/ 0,05mol) e tolualdeído (6,08mL/ 0,05mol) na presença de hidróxido de sódio dissolvidos em etanol (25mL). O produto reacional foi acompanhado por CCD. (2E)-1-fenil-3-(4-metoxifenil)-2-propen-1-ona – C4 Utilizou-se acetofenona (5,84mL/ 0,05mol) e anisaldeído (5mL/ 0,05mol) na presença de hidróxido de sódio dissolvidos em etanol (25mL) e a reação foi acompanhada por CCD. (2E) 1,3-difenil-2-propen-1-ona – C5 Utilizou-se acetofenona (5,84mL/ 0,05mol) e benzaldeído (5,10mL/ 0,05mol) na presença de hidróxido de sódio dissolvidos em etanol (25mL) sendo a reação acompanhada por CCD. 35 4.2 Animais Foram utilizados 170 ratos Wistar, fêmeas (45 dias de idade) provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do Itajaí, com peso aproximadamente de 200g, os quais foram alimentados com ração granulada Nuvital® na quantidade de 10 a 20 g/animal/dia e água a vontade, mantidos em ambiente com ciclo claro/escuro de 12/12 horas à temperatura de 22°C ±2. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNIVALI (processo 40/2011). O trabalho foi desenvolvido conforme o modelo experimental apresentado na tabela a seguir: Tabela 4. Tratamentos aplicados em cada um dos grupos experimentais. GRUPOS TRATAMENTO/DOSES NÚMERO DE ANIMAIS Controle Sem tratamento 10 Veículo Veículo 10 C1 (2E) 1-fenil-3-(3,4-diclorofenil)-2-propen-1-ona C2 C3 C4 C5 1% 10 5% 10 10% 10 (2E) 1-fenil-3-(4-clorofenil)-2-propen-1-ona 1% 10 5% 10 10% 10 (2E) 1-fenil-3-(4-metilfenil)-2-propen-1-ona 1% 10 5% 10 10% 10 (2E) 1-fenil-3-(-4metoxilfenil)-2-propen-1-ona 1% 10 5% 10 10% 10 (2E) 1,3-difenil-2-propen-1-ona 1% 10 5% 10 10% 10 36 4.3 Procedimento cirúrgico e tratamento das feridas críticas Os animais, sob condições estéreis do campo cirúrgico foram anestesiados com solução de 3,75ml de cloridrato de cetamina (10%), 2,5ml de xilazina (2%) e 3,35ml de água destilada; aplicando-se 0,1ml/kg/im e tricotomizados manualmente na região da linha média da calota craniana, onde se procedeu a incisão dos tecidos moles (Figura 4). Figura 4. Incisão dos tecidos moles. Os planos cutâneo (pele e hipoderme) e periosteal foram rebatidos e entre as suturas interparietal e interocipital ao lado direito (Figura 5), com uma trefina cirúrgica de 5 mm de diâmetro (Figura 6), adaptada em peça de mão de baixa rotação e sob constante irrigação com soro fisiológico, removeu-se um disco de tecido contendo as corticais ósseas e o osso esponjoso subjacente até a exposição da dura-máter (Figura 7). 37 Figura 5. Anatomia de calota craniana de uma amostra de um crânio de rato Wistar indicando a região de confecção da ferida crítica. Figura 6. Realização da ferida crítica com uma broca trefina sob irrigação com soro fisiológico. Figura 7. Remoção do fragmento ósseo de 5mm compreendendo a ferida crítica. 38 Nos animais controle, as feridas foram lavadas somente com soro fisiológico; nos animais experimentais, após esta irrigação, foram aplicados os tratamentos (aplicação única) com vaselina (grupo veículo) e as moléculas com veículo carreador: (2E) 1-fenil-3-(3,4-diclorofenil)-2-propen-1-ona – C1, (2E), (2E) 1-fenil-3-(4-clorofenil)-2-propen-1-ona – C2, 1-fenil-3-(4-metilfenil)-2-propen1-ona – C3, (2E) 1-fenil-3-(-4metoxilfenil)-2-propen-1-ona – C3, (2E) 1,3-difenil2-propen-1-ona – C5 nas concentrações de 1%, 5% e 10% (Figura 8). Em seguida, o periósteo foi reposicionado e suturado, utilizando-se fio absorvível Catgut 5-0 simples (Polysuture®), seguindo-se a síntese dos tecidos moles com fio não absorvível 6-0 (Polysuture®). Para analgesia, aplicou-se por via subcutânea, cetoprofeno 1% (0,25ml/100g) nas primeiras 72 horas, conforme as diretrizes da SBCAL (princípio do bem estar animal). Figura 8. Aplicação dos tratamentos com uma espátula. 4.4 Procedimento macroscópico e técnica histológica Após 30 dias da intervenção cirúrgica, os animais foram eutanasiados com sobredose anestésica seguida de perfusão intracardíaca de paraformaldeído a 4% em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4, removendo-se as calotas cranianas e mantendo as amostras na mesma solução fixadora utilizada para a perfusão intracardíaca durante 7 dias. Após este período, foram obtidas 39 fotografias das feridas para análise quantitativa, calculando-se as áreas das feridas remanescentes (em mm2) através do programa Image J. Em continuidade da técnica histológica, as amostras foram desmineralizadas em solução de EDTA a 7% em tampão fosfato, desidratadas em álcoois de concentrações crescentes (70, 90 e 100%), clareadas em xilol e incluídas em parafina. Cinco cortes semisseriados (1:10) obtidos em micrótomo rotatório, com espessura de 7µm, corados com Hematoxilina e Eosina, foram utilizados para observação, em microscopia de luz transmitida. 4.5 Análise macro e microscópica e tratamento estatístico O programa Image J (Figura 9) foi utilizado para mensurar as áreas das feridas críticas, com a finalidade de comparação com os demais resultados. Os dados quantitativos foram tratados estatisticamente através da análise de variância do método de ANOVA seguido pelo teste de múltiplas comparações Student - Newman - Keuls, utilizando o programa GraphPad Instat e as lâminas analisadas qualitativamente em microscopia de luz transmitida, avaliando-se tipos celulares e teciduais na área de reparo das feridas. Os exemplares padronizados das áreas de reparo foram documentados com fotomicroscópio (BX50, Olympus, Tokio, Japão). Figura 9. Programa Image J utilizado para mensuração da área da ferida na calota craniana do animal 40 5 RESULTADOS 5.1 Chalconas (2E)-1- fenil-3-(3,4-diclorofenil)- 2-propen-1-ona – C1 O Cl Cl O produto amorfo obtido foi recristalizado em etanol com rendimento de 68 % e tempo reacional: 3,5 horas. Características físico-químicas: p. f.: 114-115 ºC (lit. p.f.: 114-115 segundo CORRÊA et al., 2001), Rf : 0,72. Fórmula Molecular: C15H10Cl2O (279,0 g/mol). IV max/cm-1 pastilhas de KBr: 1661 (C=O); 1605 (C=C). RMN1H (DMSO/TMS) δ dado em ppm: 7,27 (d, 1H, J: 15,70 Hz, Hα); 7,39 (d, 1H, J: 15,70 Hz, Hβ); 7,50-7,93 (m, 8H, Ar). NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm): 121,3, 133,3, 132,6, 137,9, 134,7, 127,8, 130,1, 128,5, 127,1, 129,2, 134,5, 189,7, 145,1. (2E)-1-fenil-3-(4-clorofenil)-2-propen-1-ona - C2 O Cl O produto amorfo obtido foi recristalizado em etanol com rendimento de 74 %. Tempo recional: 4 horas. 41 Características físico-químicas: p. f.:113-115 ºC (lit. p.f.: 114,4-117,1 segundo CABRERA et al., 2007), Rf : 0,68. Fórmula Molecular C15H11ClO (244,5 g/mol). IV max/cm-1 pastilhas de KBr: 1658 (C=O); 1604 (C=C). RMN1H (DMSO/TMS) δ dado em ppm: 7,28 (d, 1H, J: 15,71 Hz, Hα); 7,42 (d, 1H, J: 15,71 Hz, Hβ); 7,25-7,76 (m, 9H, Ar). NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm): 122,32, 128,48, 129,13 129,54, 132,79, 133,43, 136,65, 137,98, 143,09, 189,76. (2E)-1-fenil-3-(4-metilfenil)-2-propen-1-ona – C3 O CH3 O produto amorfo obtido foi recristalizado em etanol com rendimento de 90 %; tempo reacional: 12 horas; p. f.: 95 - 99 ºC (lit. p.f.: 98 - 100 ºC segundo LOPEZ et al., 2001), Rf : 0,67. Fórmula Molecular: C16H14O (224,0 g/mol). IV max/cm-1 pastilhas de KBr 1660 (C=O); 1603 (C=C). RMN1H (DMSO/TMS) δ dado em ppm: 2,32 (s, 3H, Me); 7,54 (d, 1H, J: 15,50 Hz, Hα); 7,60 (d, 1H, J: 15,50 Hz, Hβ); 7,26-8,17 (m, 9H, Ar). NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm): 121,3, 137,9, 132,2 137,6, 128,5, 128,9, 129,2, 134,5, 189,7, 145,1, 21,3. (2E)-1-fenil-3-(4-metoxifenil)-2-propen-1-ona – C4 O O CH3 42 O produto amorfo obtido foi recristalizado em etanol com rendimento de 95 %; tempo reacional: 10horas; p. f.: 116-118 ºC (lit. p.f.: 114-116 ºC segundo IWATA et al., 1995), Rf : 0,52. Fórmula Molecular: C16H14O2 (240,0 g/mol). IV max/cm-1 pastilhas de KBr 1659 (C=O); 1598 (C=C). RMN1H (DMSO/TMS) δ dado em ppm: 3,39 (s, 3H, OMe); 7,54 (d, 1H, J: 16,00 Hz, Hα); 7,62 (d, 1H, J: 16,00 Hz, Hβ); 7,00-8,16 (m, 9H, Ar). NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm): 122,00, 128,40, 128,47, 128,89, 130,45, 132,67, 134,80, 138,17, 144,64, 190,29. NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm):121,3, 159,8, 137,9, 127,5, 114,2, 128,5, 130,2, 130,2, 129,2, 134,5, 189,7, 55,8, 145,1. (2E) 1,3-difenil-2-propen-1-ona – C5 O O produto amorfo obtido foi recristalizado em etanol com rendimento de 77 % com tempo reacional de 6 horas. Características físico-químicas: p. f.:119-122 ºC (lit. p.f.: 118-120 segundo ADEWUNMI et al.,1987), Rf : 0,67. Fórmula Molecular: C15H12O (210,0 g/mol). IV max/cm-1 pastilhas de KBr: 1661 (C=O); 1605 (C=C). RMN1H (DMSO/TMS) δ dado em ppm: 7,75 (d, 1H, J: 15,81 Hz, Hα); 7,95 (d, 1H, J: 15,81 Hz, Hβ); 7,46-8,17 (m, 10H, Ar). NMR13C (75.47 MHz, DMSO – d6, δppm): 122,00, 128,40, 128,47, 128,89, 130,45, 132,67, 134,80, 138,17, 144,64, 190,29. 5.2 Análise macroscópica A Tabela 5 mostra, 30 dias após o tratamento, os valores das médias das áreas remanescentes das feridas experimentais tendo como parâmetro a área 43 da ferida crítica inicial (5mm – 19,635mm2). Os dados foram avaliados quantitativamente em cada um dos grupos e doses testadas, utilizando a Análise de Variância (ANOVA) seguido do Teste de múltiplas comparações StudentNewman-Keuls. Tabela 5. Mostra a média±erro padrão das áreas remanescentes das feridas 30 dias após o tratamento. Grupos Média±erro padrão Controle 16,28±0,48 14,97±1,20 Veículo Concentrações 5% Moléculas 1% 10% C1 13,83±0,53 12,24±0,63 9,11±1,19 C2 14,06±0,61 11,96±0,91 7,93±1,05 C3 12,36±0,60 9,53±0,62 7,34±1,05 C4 11,59±0,95 9,18±0,64 6,25±1,05 C5 11,78±0,61 8,58±0,53 5,94±0,72 Grupo Controle Após um mês de cirurgia, constatou-se pelo método estatístico que no grupo controle, a média das áreas remanescentes nas feridas desse grupo apresentou-se em 16,28mm2; mostrando pouca capacidade de reparo espontâneo, estatisticamente não significativo em relação à área da ferida inicial. Grupo Veículo Quando somente o veículo, utilizado para carrear a molécula de chalcona, foi avaliado, os resultados mostraram uma média das áreas da ferida semelhante ao grupo controle com valor de 14,97mm2, mostrando formação óssea limitada não significativa em relação ao grupo controle e a área da ferida inicial. 44 (2E)-1- fenil-3-(3,4-diclorofenil)- 2-propen-1-ona – C1 Os resultados obtidos na mensuração das áreas de tecido ósseo neoformado evidenciaram que no tratamento com concentração de 1% e 5%, esta molécula apresentou uma média da área das feridas ósseas remanescentes de 13,82mm2 e 12,24mm2 respectivamente. Na dose de 10%, o grupo tratado apresentou uma média de 9,11mm2 da área da ferida. Em relação a esta molécula, os valores das médias de área de reparo ósseo ao utilizar a concentração de 1% mostraram associação estatística significativa somente em relação ao grupo tratado com a concentração de 10% (p<0,01). Quanto ao uso da dose de 5% os valores apresentaram-se significativos quando comparados ao grupo controle (p<0,01). Já a concentração de 10% mostrou associação significativa (p<0,001) em relação aos grupos controle e veículo (Figura 10). Observou-se ainda, que o grau de reparo envolvido na osteogênese apresentou uma relação dose-resposta, ou seja, a concentração à 10% mostrase mais efetiva em relação as demais. Figura 10. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C1 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. Os dados são apresentados como média±erro padrão. [**] = p<0,01; [***] = p<0,001. ANOVA seguido do teste Student Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 45 (2E)-1-fenil-3-(4-clorofenil)-2-propen-1-ona - C2 Quantitativamente, na concentração de 1%, aos 30 dias de experimento, esta molécula apresentou uma média de 14,06mm2 em relação a áreas das feridas remanescentes. Já nas concentrações de 5% e 10%, as feridas críticas mostraram uma média de 11,96mm2 e 7,93mm2 respectivamente. Comparando-se os dados obtidos, a concentração de 1% mostrou diferenças significativas em relação ao grupo tratado com a dose de 10% (p<0,01). A concentração de 5% mostrou associação significativa somente ao grupo controle (p<0,01). A de 10% apresentou valores significativos quando se compara aos grupos controle e veículo (p<0,001). Nota-se ainda, que o uso dessa molécula mostrou maior neoformação óssea na concentração de 10%, mostrando uma relação dose-dependente (Figura 11). Figura 11. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C2 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. Os dados são apresentados como média±erro padrão. [**] = p<0,01; [***] = p<0,001. ANOVA seguido do teste Student Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 46 (2E)-1-fenil-3-(4-metilfenil)-2-propen-1-ona – C3 Em relação a esse o composto na concentração de 1% observou-se uma média de feridas remanescentes de 12,36mm2. À 5% a média apresentada pelo grupo foi de 9,53mm2. À 10%, quanto ao reparo ósseo, o composto exibiu média de 7,34mm2. Estatisticamente, observou-se na concentração de 1% maior grau de fechamento da ferida em relação ao grupo controle (p<0,01) e ao grupo tratado com a molécula na dose de 10% (p<0,001). A concentração de 5% mostrou diferenças estatísticas somente em relação aos grupos controle e veículo (p<0,001). Já o grupo tratado com a concentração de 10% mostrou maior atividade de reparo em relação aos grupos controle; veículo (p<0,001) e ao grupo tratado à 1% (p<0,01), apresentando uma relação dose-resposta (Figura 12). Figura 12. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C3 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. Os dados são apresentados como média±erro padrão. [**] = p<0,01; [***] = p<0,001. ANOVA seguido do teste Student Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 47 (2E)-1-fenil-3-(4-metoxifenil)-2-propen-1-ona – C4 Após 4 semanas, o composto na concentração de 1% e 5% exibiu uma média de área de ferida de 11,59mm2 e 9,18mm2. Na concentração de 10%a média de área das feridas foi de 6,25mm2. A concentração de 1% mostrou resultados significativos em relação aos grupos controle (p<0,01) e ao tratado à 10% (p<0,001). Os grupos tratados com as doses de 5%, e 10% mostraram associação estatística em relação aos grupos controle e veículo (p<0,001). Comparando-se os dados, observa-se uma relação dose-efeito (Figura 13). Figura 13. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C4 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. Os dados são apresentados como média±erro padrão. [**] = p<0,01; [***] = p<0,001. ANOVA seguido do teste Student Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 48 (2E) 1,3-difenil-2-propen-1-ona – C5 A concentrações de 1% e 5% mostraram valores de médias das áreas das feridas remanescentes de 11,78mm2 e 8,58mm2 respectivamente. Na concentração de 10% a média das áreas das feridas ósseas mostrou valor de 5,94mm2. Em relação a esta molécula, a concentração de 1% mostrou associação estatística em relação ao grupo veículo (p<0,01) e ao tratado a 10% (p<0,001). Quanto as doses de 5% e 10% estas mostraram valores significativos em relação aos grupos controle e veículo (p<0,001) (Figura 14), demonstrando efeito dose-dependente. Figura 14. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com a molécula C5 à 1%, 5% e 10% e dos grupos controle e veículo após 30 dias do tratamento. Os dados são apresentados como média±erro padrão. [**] = p<0,01; [***] = p<0,001. ANOVA seguido do teste Student Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. Conforme representado nas figuras 15, 16 e 17, ressalta-se que em nenhuma das concentrações utilizadas (1%, 5% e 10%) observaram-se diferenças estatísticas significativas quando se comparam as moléculas utilizadas. 49 Figura 15. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 1%. Os dados são apresentados como média±erro padrão. ANOVA seguido do teste Student - Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. Figura 16. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 5%. Os dados são apresentados como média±erro padrão. ANOVA seguido do teste Student - Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 50 Figura 17. Áreas das feridas remanescentes dos animais tratados com as moléculas na concentração de 10%. Os dados são apresentados como média±erro padrão. ANOVA seguido do teste Student - Newman - Keuls, n=10 animais por grupo. 51 5.3 Análise Microscópica Na análise microscópica, as feridas remanescentes do grupo controle mostraram na área central do defeito, tecido conjuntivo fibroso, sem sinais de inflamação. Houve discreta neoformação óssea nas bordas da ferida critica, com superfícies ósseas revestidas principalmente por células achatadas que caracterizam osteoblastos inativos ou células ósseas de revestimento e osteócitos incluídos na matriz óssea recém-formada. A substância osteóide apresenta-se de forma discreta indicando ausência de atividade secretora (Figura 18). Figura 18. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo controle, 30 dias após o experimento. Figura 18. Coloração H.E. Aumento no original 40x. Tecido conjuntivo fibroso (TC); superfície de reparo ósseo revestida por células achatadas ou osteoblastos inativos (setas) e matriz osteóide (O). Em relação ao grupo veículo, as feridas se mostram semelhantes às do grupo controle. Entretanto, observa-se na área central do defeito infiltrado inflamatório, caracterizado por células mononucleares (linfócitos e macrófagos) e vasos sanguíneos neoformados. As bordas ósseas apresentam reduzida formação óssea com presença de células de revestimento ósseo ou osteoblastos inativos (Figura 19 e 20). 52 Figura 19. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo veículo, 30 dias após o experimento. Figura 19. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 20x. Tecido conjuntivo (TC) e infiltrado inflamatório caracterizado por linfócitos (setas), macrófagos (seta dupla) e vasogênese (V). Figura 20. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal do grupo veiculo, 30 dias após o experimento. Figura 20. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Osteoblastos inativos (setas) na superfície das feridas. (2E)-3-(3,4-diclorofenil)-1-fenilprop-2-en-1-ona - C1 Microscopicamente, após 30 dias do experimento, essa molécula na dose de 1% e 5% mostrou tecido conjuntivo em continuidade com o periósteo preenchendo toda a extensão do defeito crítico, sem sinais de inflamação. A 53 neoformação mostrou-se restrita as bordas do defeito ósseo, revestidas por células cúbicas, característica de osteoblastos ativos. O tecido ósseo neoformado osteócitos incluídos na matriz mineralizada (Figura 21 e 22). Figura 21. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 1% 30 dias após o experimento. Figura 21. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Bordas ósseas revestidas por células cúbicas ou osteoblastos ativos (setas). Figura 22. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 5% 30 dias após o experimento. Figura 22. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x Bordas ósseas revestidas por células cúbicas ou osteoblastos ativos (setas) e osteócitos na matriz do osso recém-formado (cabeça de seta). 54 Histologicamente, na concentração de 10%, foi observada na região central do defeito, formação de tecido conjuntivo sem sinais de inflamação. Não se observou neoformação óssea na região central da ferida, ou seja, a osteogênese permaneceu restrita às bordas do defeito, revestidas principalmente por células cúbicas que indicam osteoblastos ativos. A neoformação óssea mostra características de tecido primário, com distribuição irregular de osteócitos incluídos na matriz mineralizada (Figura 23). Figura 23. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C1 a 10% 30 dias após o experimento. Figura 23. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 20x Bordas ósseas revestidas por células cúbicas ou osteoblastos ativos (setas) e osteócitos na matriz do osso recém formado (cabeça de seta). (2E)-3-(4-clorofenil)-1-fenilprop-2-en-1-ona – C2 Na concentração de 1%, este grupo exibiu proliferação celular junto ao periósteo, sem indícios de inflamação. As feridas mostraram neoformação óssea limitada, partindo das bordas do defeito crítico, com osteócitos na matriz recém mineralizada. Os osteoblastos presentes nas superfícies ósseas possuem morfologia de atividade, indicando continuidade da osteogênese (Figura 24). 55 Figura 24. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 1% 30 dias após o experimento. Figura 24. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas) e osteócitos incluídos na matriz (cabeça de seta). Na dose de 5%, nota-se formação óssea restrita as bordas do defeito crítico e presença de tecido conjuntivo preenchendo a ferida. As células adjacentes as bordas do defeito mostram características de atividade. O osso recém formado apresenta osteócitos incluídos na matriz mineralizada (Figura 25). Figura 25. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 5% 30 dias após o experimento. Figura 25. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas) e osteócitos incluídos na matriz (cabeça de seta). 56 À 10%, a análise histológica demonstrou que o osso recém-formado apresenta-se revestido por osteoblastos ativos e osteócitos na matriz óssea mineralizada. A substância osteóide é mais evidente nessa concentração indicando maior atividade secretora (Figura 26). Figura 26. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C2 a 10% 30 dias após o experimento. Figura 26. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas), osteócito (cabeça de seta) e matriz osteóide (O). (2E)-3-(4-metilfenil)-1-fenilprop-2-en-1-ona – C3 Em relação a esse composto na concentração de 1% e 5% observou-se na análise microscópica, que este grupo demonstrou feridas preenchidas por tecido conjuntivo fibroso, sem sinais de inflamação, limitada neoformação óssea, com superfícies revestidas por células ativas (Figura 27 e 28). 57 Figura 27. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 1% 30 dias após o experimento. Figura 27. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas) e osteócito (cabeça de seta). Figura 28. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 5% 30 dias após o experimento. Figura 28. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Presença de osteoblastos ativos nas superfícies de reparo (setas). À 10%, essa molécula mostrou tecido conjuntivo sem sinais de inflamação; formação óssea restrita as bordas do defeito crítico; com presença 58 de matriz osteóide secretada por osteoblastos ativos dispostos por toda a extensão da superfície óssea (Figura 29). Figura 29. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C3 a 10% 30 dias após o experimento. Figura 29. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Tecido conjuntivo (TC), superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas), osteócitos incluídos na matriz mineralizada (cabeça de seta) e matriz osteóide (O). (2E)-3-(4-metoxifenil)-1-fenilprop-2-en-1-ona – C4 Após 4 semanas, o composto C4 na concentração de 1% mostrou que os sítios apresentavam osteogênese restrita as bordas do defeito em contato com o osso basal e mineralização da matriz óssea neoformada, enquanto a região central apresentava-se preenchida por tecido conjuntivo fibroso em continuidade com o periósteo sem indícios de inflamação (Figura 30). 59 Figura 30. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 1% 30 dias após o experimento. Figura 30. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Tecido conjuntivo (TC), osteoblastos ativos (setas) na superfície das feridas, osteócitos na matriz mineralizada (cabeça de seta). Já, na concentração de 5% e 10% as características apresentadas foram similares. O composto apresentou tecido conjuntivo fibroso, sem indícios de inflamação. A neoformação óssea apresenta matriz osteóide secretada pelos osteoblastos ativos nas bordas ósseas. Nota-se, na concentração de 10% indícios de remodelamento ósseo com áreas características de osso secundário. (Figura 31 e 32). Figura 31. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 5% 30 dias após o experimento. Figura 31. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Tecido conjuntivo (TC), superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas), osteócitos (cabeça de seta). 60 Figura 32. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C4 a 10% 30 dias após o experimento. Figura 32. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 20x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas), osteócitos (cabeça de seta) osso primário (OP) e osso secundário (OS). (2E)-1,3-difenilprop-2-en-1-ona - C5 Nas concentrações de 1% e 5% observa-se tecido conjuntivo na região central do defeito. A osteogênese parece estar ainda ocorrendo, uma vez que os osteoblastos nas superfícies ósseas apresentam características de atividade, com formação de matriz osteóide (Figura 33 e 34). 61 Figura 33. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 1% 30 dias após o experimento. Figura 33. Coloração H.E. Aumento no original 40x. Osteoblastos ativos (setas) na superfície das feridas, osteócitos na matriz mineralizada (cabeça de seta). Figura 34. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 5% 30 dias após o experimento. Figura 34. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 40x. Superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (setas) e osteócitos incluídos na matriz (cabeça de seta). Nas feridas tratadas com a molécula á 10% as amostras apresentavam na área central do defeito a presença de tecido conjuntivo e ausência de infiltrado inflamatório. Houve neoformação óssea nas bordas do defeito crítico, com redução significativa do diâmetro do defeito. O tecido ósseo recém-formado 62 apresenta características concêntricas, sugerindo de remodelamento maturidade do ósseo, tecido. com Ainda, estruturas caracterizando continuidade da osteogênese, há presença de osteoblastos ativos nas superfícies ósseas (Figura 35). Figura 35. Corte histológico de defeito crítico na calota craniana de um animal tratado com a molécula C5 a 10% 30 dias após o experimento. Figura 35. Coloração H.E. Aumento aproximado no original 20x. Tecido conjuntivo (TC), superfície de reparo ósseo revestida por osteoblastos ativos (seta), osteócitos (cabeça de seta), estruturas concêntricas (seta tracejada), osso primário (OP) e osso secundário (OS) 63 5 DISCUSSÃO Este trabalho objetivou estudar o potencial osteogênico em defeitos críticos na calota craniana de ratos de moléculas de chalcona com diferentes substituintes propostos por Topliss, em diferentes concentrações (1%; 5% e 10%) utilizando como veículo carreador, a vaselina. A calvária desse animal foi escolhida para simular perdas ósseas porque é composta por osso membranoso, tem um suprimento sanguíneo relativamente limitado o que lhe confere pouca capacidade para se regenerar. Além disso, é uma área anatomicamente livre de estresse mecânico, com uma estabilidade relativa das estruturas que circundam os defeitos críticos, como margens calvariais intactas, a base da dura-máter e os músculos temporais e frontais. Essas características criam uma situação na qual é possível estudar as interações entre o material implantado e o osso “in situ” (MANKANI et al., 2006; SPICER et al., 2012). O periósteo foi mantido, pois corresponde um tecido fibroso condensado e altamente celular e vascularizado, fornecendo aporte sanguíneo, bem como células osteoprogenitoras, desempenhando importante papel no crescimento dos ossos e na reparação de fraturas (GONDIN, 2007). Utilizou-se o período máximo de 30 dias, pois estudos (ORTOLAN et al., 2013) demonstram que 45 dias pós-tratamento, o uso de uma molécula bioativa como a chalcona, é capaz de promover um reparo completo da ferida crítica, limitando o estudo com o objetivo de comparar o crescimento ósseo entre os grupos experimentais. Dessa maneira, 30 dias de experimento torna-se o período de escolha para mensurar a reparação óssea, através da medida dos diâmetros das feridas ósseas remanescentes, sem que ocorra a reparo total do defeito. Assim, de acordo com a metodologia utilizada, observou-se que os grupos controle e veículo apresentaram pequena área de neoformação óssea, sem diferenças estatísticas entre si, sendo que nenhuma das amostras evoluiu para regeneração significativa nos 30 dias experimentais desse trabalho, caracterizando o modelo de ferida crítica. A análise histológica mostrou, nos grupos controle e veículo, que os osteoblastos presentes nas bordas das feridas ósseas, caracterizados como 64 células de revestimento ósseo, formam uma camada contínua de células achatadas que reveste a matriz calcificada, apresentando, em ambos os grupos, capacidade de síntese reduzida, indicativo de neoformação óssea limitada, como apresentado pelos resultados quantitativos. Oliveira et al. (2008) obteve resultados semelhantes ao avaliar o reparo de feridas críticas, promovido pelo implante de osso bovino desmineralizado, mostrando que, 21 dias após o experimento, esse biomaterial é substituído por tecido fibroso e que em períodos posteriores (90 dias) o reparo continua incompleto. Na concentração de 1%, os animais tratados com as diferentes moléculas, demonstraram formação óssea limitada. Nessa concentração, apenas as moléculas C3, C4 e C5 mostraram diferenças estatísticas em relação ao grupo controle, embora em todas as amostras encontram-se osteoblastos ativos nas superfícies do tecido ósseo recém formado. Já, as feridas tratadas com as 5 chalconas na concentração de 5% apresentam resultados quantitativos significantes em comparação ao grupo controle quanto ao fechamento da ferida óssea, confirmado pela análise histológica, que mostra osteoblastos ativos nas bordas do tecido ósseo, indicativo de atividade secretora dessas células. Quanto ao tratamento das feridas com as moléculas a 10%, novamente todas mostraram-se significativas em relação ao controle e ao veículo, sugerindo intensa atividade dos osteoblastos nas superfícies ósseas do tecido recém formado. Embora, neste estudo, não se observou a cascata de eventos vinculados à osteogênese, como relata o estudo de Ripamonte e Reddi (1992) em implantes heterotópicos de matriz óssea desmineralizada, podemos inferir a sua ocorrência “induzida” pelas moléculas de chalcona utilizadas. Além disso, neste estudo, as feridas tratadas com veículo mostraram intensa reação inflamatória, caracterizada pela presença de vasos sanguíneos ingurgitados e células mononucleares. Issa et al. (2010) mostraram que quando se usa um carreador como o colágeno, mesmo sendo considerado um material biocompatível, duas semanas após a sua aplicação, as amostras apresentam na região central da ferida crítica, um infiltrado inflamatório, com grande quantidade de células sanguíneas. 65 Entretanto, apesar de primariamente a inflamação representar um dos mecanismos de defesa do organismo, vale ressaltar que aparentemente o veículo utilizado neste estudo (vaselina) parece promover uma inflamação intensa, comprometendo o processo de regeneração óssea, uma vez que em nosso estudo, mesmo após 30 dias, essa fase do reparo (inflamatória) ainda permanece bem evidenciada. Nas feridas tratadas com as moléculas de chalcona, durante o período de estudo, não se observou sinais de inflamação em nenhuma das amostras analisadas. Nyan et al (2007) observou em feridas críticas de calota craniana de ratos, que a sinvastatina em combinação com sulfato de cálcio, durante 2, 4 e 8 semanas, promove uma inflamação intensa nos períodos iniciais seguida de reparo ósseo acentuado nos períodos tardios. Aparentemente, as chalconas utilizadas nesse estudo minimizam os efeitos do processo inflamatório (KIM et al., 2007; BANDGARD et al., 2010), contribuindo para a melhora do estímulo do reparo ósseo. Estudos de CamposBuzzi (2007) mostram que a introdução de substituintes doadores e sacadores de elétrons sugerem contribuem de forma significativa para a antinocicepção dessas substâncias, como consequência da diminuição da inflamação (CAMPOS-BUZZI, 2007). Ainda, neste estudo, os resultados mostraram que nas feridas tratadas com as chalconas em todas as concentrações (1%, 5% e 10%) observou-se predominantemente osteoblastos ativos, que contribuem para a formação de matriz óssea, indicativo de reparo da ferida em períodos maiores de estudo (45, 60 dias do experimento), como demonstrado em estudos de Ortolan et al. (2013). O fato de que os grupos tratados com as moléculas de chalcona, mesmo após 30 dias de tratamento, ainda apresentarem células ativas permite sugerir que as chalconas apresentam maior potencial osteogênico quando comparado ao FGF-1 em estudos de Gomez et al. (2006), o qual mostra que em feridas críticas de calota craniana de ratos tratadas com essa substância, houve baixa formação de osso, concluindo que o FGF-1 apresenta poucos benefícios quando se trata de reparo ósseo. Sabe-se que, como no processo de reparo ósseo geralmente ocorre o mesmo tipo de osteogênese que deu origem ao tecido lesado, tudo indica que o 66 reparo induzido pela chalcona ocorreu por mecanismo intramembranoso, que é responsável pela formação dos ossos de calota craniana (ORTOLAN et al., 2013). De acordo com Ortolan et al. (2013), inicialmente, o mecanismo de reparo do tecido ósseo apresenta uma fase de síntese e maturação de fibras colágenas, porém, acredita-se que não houve interação das chalconas com as células ectomesenquimais na diferenciação celular quanto à formação de tecido conjuntivo fibroso porque de acordo com os resultados desse trabalho, o tecido fibroso formou-se em todos os grupos, ou seja, tratados e não tratados, sem sinais de osteogênese na região central das feridas. Neste estudo, a formação de tecido ósseo a partir das bordas dos defeitos críticos evoluindo para o fechamento significativo das feridas, principalmente nos grupos tratados com as chalconas a 10%, sugere que estas substâncias podem atuar na diferenciação celular da linhagem osteogênica propriamente dita (células osteoprogenitoras e osteoblastos). Acredita-se que a estrutura das chalconas utilizadas nessa pesquisa dada por dois anéis aromáticos e substituintes propostos por Topliss conferem a essas moléculas certo grau de lipofilicidade (WON et al., 2005; JHA et al., 2007), podendo, desta maneira, interagir em alguma das fases do reparo junto a receptores de membrana ou citoplasmáticos de células ósseas, ou através de fatores de transcrição e secreção de proteínas não colágenas como as BMPs entre outros, responsáveis pela elaboração de matrizes extracelulares que mineralizam, estando de acordo com estudo de Kim et al (2012) quanto a possível indução da Licochalcona A na expressão de BMP, fator importante no mecanismo de osteogênese. Assim, o reparo promovido pelas chalconas, é semelhante ao obtido com rhBMP-2, cuja eficiência já foi demonstrada por Issa et al. (2008) relatando uma melhoria substancial em qualidade e quantidade do reparo quando comparadas com reparo espontâneo. Convém ressaltar que é necessário cerca de um quilograma de osso para se obter poucos microgramas de BPM, dificultando o uso generalizado desse material (SCHMIDT, 2006) em razão dos custos. Desta forma, as chalconas tem a vantagem de obtenção simples, economicamente viável e em quantidade desejada. 67 Atualmente, a proposta da bioengenharia quando se trata de regeneração óssea é a combinação de células tronco com matrizes artificiais, tridimencionais, porosas, biodegradáveis que oferecam condições favoráveis para a proliferacao e diferenciacao celular (TUZLAKOGLU; REIS, 2009). Kneser et al. (2006) revestiu discos de osso esponjoso bovino com uma matriz de fibrina contendo osteoblastos e observou que, após 4 meses houve neoformação óssea significativa e que a presença dos osteoblastos não modificou o potencial de reparo do disco de osso esponjoso. Ressalta-se que este estudo, limitou-se a avaliar o potencial de reparo ósseo das chalconas, sem a elaboração de uma matriz tridimensional nem a sua combinação com células tronco, em um período de 30 dias acreditando-se, entretanto, que melhores resultados poderiam ser obtidos em estudos com intervalos de tempo maiores que 4 semanas, conforme demonstrado por Issa et al. (2008) ao estudarem o potencial osteogênico das rhBMP-2. Esta proteína bovina foi capaz de induzir a regeneração óssea tendo sua ação potencializada quando combinada com elementos carreadores, sendo também, a reparação óssea dependente do tempo. Ainda, neste estudo, a osteogênese apresentada pelas 5 moléculas de chalcona, se mostrou de maneira dose dependente, ou seja, foram observadas diferenças crescentes de formação óssea quando se utilizou concentrações maiores. Estudos de Kim (2012), utilizando a licochalcona A em modelos in vivo e in vitro, demonstraram que essa molécula não apresenta um bom potencial osteogênico na dose de 10µM em comparação com as doses menores (2,5 e 5uM), embora a concentração maior não apresente nenhum tipo de citotoxicidade. Neste estudo, não se observou, no teste in vivo, alteração celular com processos de necrose, confirmando a baixa toxicidade destes compostos já descritos na literatura (Santana 2012). Ao contrário, o uso das moléculas a 10% representou em todos os grupos, a dose mais efetiva quanto ao estímulo de osteogênese, mostrando maior neoformação óssea quando comparada as demais concentrações. Além disso, a qualidade do osso formado parece ser superior nessa concentração (10%), principalmente nos grupos tratados com as moléculas C4 e C5, pois apresentaram características de osso secundário. 68 De qualquer maneira, sabe-se que uma dose adequada e que promova um reparo ósseo adequado, depende da espécie que esta sendo utilizada nos testes experimentais. Ainda, a dose parece ser dependente do local onde foi implantada a substância testada, pois, as diferenças encontradas devem-se ao aporte sanguíneo adequado, presença de células mesenquimais e de linhagem osteogênica. Além disso, a dose eficaz varia de acordo com o carreador que esta sendo utilizado (veículo) o que demonstra a importância das propriedades do biomaterial transportador na administração de substâncias que possam promover a osteogênese (BOERCKEL et al., 2011). Neste estudo, os graus diferentes de reparo ósseo observados pelo tratamento com as 5 moléculas de chalconas com os substituintes de Topliss não demonstraram grandes diferenças quando comparadas entre si, sugerindo que, independente da molécula utilizada, a osteogênese continua ocorrendo devido a presença de células ativas nas superfícies do tecido ósseo neoformado, diferente dos grupos controle e veículo que, ao contrário, demonstraram osteoblastos ativos nas bordas ósseas. Portanto, as 5 moléculas utilizadas apresentam potencialidades quanto à formação óssea, entretanto as moléculas C4 e C5 na concentração de 10% apresentaram maior neoformação óssea no período estudado e melhor qualidade óssea. Na concentração de 10%, a molécula mais efetiva foi a não substituída demonstrando que o efeito estéreo é mais significativo que os efeitos hidrofóbicos e eletrônicos observando-se a relação proposta por Topliss. O efeito das variações da forma e do tamanho de uma molécula a ser analisada é de grande importância quando se quer comprovar sua eficácia frente a uma atividade biológica. Por outro lado, deve-se considerar que ainda permanece desconhecida a estrutura e o receptor no qual as chalconas estão atuando. Portanto, há a necessidade de síntese de compostos análogos com maior variedade de substituintes para que se possa comprovar essa hipótese através da análise de outros parâmetros físico-químicos que podem também estar envolvidos nesta atividade biológica. Neste estudo, de acordo com o método utilizado, levando em conta o potencial osteogênico apresentado pelas chalconas, estas moléculas podem representar uma perspectiva farmacológica na aceleração do reparo ósseo, 69 todavia, é importante continuar os estudos avaliando outras moléculas e carreadores, em outras metodologias, a fim de determinar especificamente a função das chalconas, considerando o aspecto custo/benefício envolvido no processo de síntese dessas substâncias. 70 6 CONCLUSÃO Os resultados desse estudo, de acordo com a metodologia utilizada, permitem concluir que: Na concentração à 1%, somente as moléculas C3, C4 e C5 mostraram diferenças significativas em relação ao grupo controle, embora todas as amostras apresentam osteoblastos ativos, indicativo de continuidade da osteogênese; Nas concentrações de 5% e 10%, em todos os grupos, houve maior atividade de reparo da ferida óssea, com fechamento ósseo significativo em relação ao grupo controle; demonstrando maior atividade secretora dos osteoblastos ativos presentes nas bordas ósseas; Todas as moléculas apresentaram uma relação dose-resposta; Não se observou, com os diferentes substituintes propostos por Topliss, diferenças significativas entre as moléculas, em uma mesma concentração; A concentração a 10% foi a mais efetiva em relação a formação óssea em todas as moléculas analisadas; A inibição do infiltrado inflamatório observado nas feridas tratadas com a chalcona pode ser favorável no processo de “indução” de osteogênese; A molécula mais efetiva foi a não substituída, na concentração de 10%, apresentando maior potencial osteogênico quanto ao fechamento da ferida óssea e a qualidade de osso formado. 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCORSI-MENDONÇA, T.; et al. Physicochemical characterization of two deproteinized bovine xenografts. Brazilian Oral Research, v. 22, n.1, p. 5-10, 2008. ALEXANDER, J.W. Bone grafting. Veterinary Clinincs of North America Small Animal Practice, v. 17, n. 4, p. 811 - 819, 1987. AVILA, H. P. Atividade antibacteriana de chalconas.2008.78f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. BARRIAS, C.C. et al. Effect of calcium phosphate addition to alginate microspheres: modulation of enzyme release kinetics and improvement of cell adhesion. Key Engineering Materials, Stafa-Zurich, v.284-286, p.689-692, 2005. BATOVSKA, D. I. TODOROVA, I. T. Trends in utilization of the pharmacological potential of chalcones. Current Clinical Pharmacology, v.5, n.1, p.1-29, 2010. BAUER, T.; MUSCHLER, G. F. Bone Graft Materials. Clinical Orthopedics and Related Research, v.371, p.10-27, 2000. BOECK, P.; et al. Synthesis of chalcone analougues with increased antileishmanial activity. Bioorganic and Medicinal Chemistry, v. 14, p. 15381545, 2006. BOERCKEL, J.D.; et al. Effects of protein dose and delivery system on BMPmediated bone regeneration. Biomaterials, v. 32, n. 22, p. 5241-5245, 2011. BOSCH, C.; MELSEN, B., VARGERVIK, K. Importance of the critical-size bone defect in testing bone-regenerating materials. Journal of Craniofacial Surgery, v. 9, n. 4, p. 310-316, 1998. BRUNSKI, J.B.; PULEO, D. A.; NANCI A. Biomaterials and biomechanics of oral and maxillofacial implants: current status and future developments. International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, v.15, p.15-46, 2000. CAMPOS-BUZZI, F.; et al. Acetamidochalcone derivates antinociceptive agents. Molecules, v.12, p; 896-906, 2007. as potencial CARLO, E. C.; et al. Avaliação do efeito osteoindutor da hidroxiapatita e do biovidro implantados em tecido subcutâneo de cão. Revista Ceres, v. 54, n. 316, p. 492-500, 2007 72 CARPEGGIANI, M.H.L.A.F. et al. Avaliação do potencial indutor de uma chalcona sintética na formação de dentina terciária de reparo em polpas de molares de ratos. Brazilian Oral Research., v.24, n.1, p.162-183, 2010. CARVALHO, P. S. P.; BASSI, A. P. F.; VIOLIN, L. A. Revisão e proposta de nomenclatura para os biomateriais. Implantnews, v. 1, n.13, p. 255-259, 2004 CECHINEL-FILHO, V.; YUNES, R. A. Breve análise histórica da química das plantas medicinais: sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas ocidental e oriental. In YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais: sob a ótica da Química Medicinal Moderna, Chapecó, Argos, 2001, Cap.1, p.22-29. CECHINEL-FILHO, V.; NUNES, R.J.; YUNES, R.A. Aplicação do método de Topliss para a análise da correlação entre estrutura química e atividade farmacológica de derivados da Xantoxilina. Química Nova, São Paulo, v.16, n.3, p.189-191, 1993. CECHINEL FILHO, V.; et al . Aspectos químicos e potencial terapêutico de imidas cíclicas: uma revisão da literatura. Química Nova, São Paulo, v. 26, n. 2, p.230-241, 2003. CESARIN-SOBRINHO, D.; NETTO-FERREIRA, J. C.; BRAZ-FILHO, R. Efeito da substituição por átomos de flúor no equilíbrio conformacional de chalconas. Química Nova, v.24, p. 604-611, 2001. CHIARADIA, L.D.; et al. Synthesis and pharmacological activity of chalcones derived from 2,4,6-trimethoxyacetophenone in Raw264.7 cells stimulated by LPS: Quantitative structure-activity relationships. Bioorganic and Medicinal Chemistry, v.16. p. 658-667, 2008. CORRÊA, R ; et al. Antinociceptive Activity and preliminary structure activity relationship of chalcone-like compounds. Journal of Biosciences, v. 63, p. 830836, 2008. CORRÊA, R.; et al. Antinociceptive properties of chalcones. Structure activity relationships. Archiv der Pharmazie, v.10, p. 332-334, 2001. COSTA, A. M. Reconstrução de defeitos ósseos cranianos em ratos com células tronco de polpa dentária humana: estudo experimental da neoformação óssea. 2009. 96f. Tese (Doutorado em Ciências) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. DIMMOCK, J.R.; et al. Bioactivities of chalcones. Current Medicinal Chemistry., v.6, n.12, p.1125-1149, 1999. DIMITRIOU, R. et al. Bone regeneration: current concepts and future directions. BMC Medicine, v.11, n.3, p. 645 – 649, 2011. 73 EDDARIR, S.; et al. An Efficient synthesis of chalcones based on the Suzuki reaction. Tetrahedron Letters, v. 44, p. 5359-5363, 2003. ELBATAL, H. A.; et al. Characterization of some bioglass-ceramics. Materials Chemistry and Physics, v. 80, p. 599-609, 2003. FRANCO, K.L.; et al. Hidroxiapatita sintética pura, hidroxiapatita sintética associada ao colágeno e hidroxiapatita sintética associada ao lipossoma como substitutos ósseos em defeitos provocados na tíbia de cães: aspectos da osteointegração à microscopia de luz transmitida. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 53, n. 4, 2001. GAROFALO, G. S. Autogenous, allogenetic and xenogenetic grafts for maxillary sinus elevation: literature review, current status and prospects. Minerva Stomatologica, v, 56, p. 373-392, 2007. GOMEZ, G., et al. Effect of FGF and polylactide scaffolds on calvarial bone healing with growth factor on biodegradable polymer scaffolds. Journal of Craniofacial Surgery. v.17, n.5. p. 35-42, 2006. GONDIM, A.L.M. Efeito da laserterapia na biomodulação da osteogênese em defeitos críticos confeccionados em calota craniana de ratos. 2007. 117f. Dissertação (Mestrado em Odontologia) - Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Odontologia, Porto Alegre, 2007. GUIDO, R. V. C. et al. Virtual screening and its integration with modern drug design technologies. Current Medicinal Chemistry, v.15, n.1, p.37-46, 2008. GUIDO, R. V. C.; ANDRICOPULO, A. D.; OLIVA, G. Planejamento de fármacos, biotecnologia e química medicinal: aplicações em doenças infecciosas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 70, 2010. HADJIDAKIS, D.J.; ANDROULAKIS, I.I. Bone remodeling. Annals of the New York Academy Science, Nova York, v.1092, p.385-396, 2006. HAN, H.; et al. Cell cycle arrest and apoptosis induction by an anticancer chalcone epoxide. Archiv der Pharmazie (Weinheim). v. 343, n.8, p.429-39, 2010. HOLLINGER, J. O.; KLEINSCHMIDT, J. C. The critical size defect as an experimental model to test bone repair materials. Journal Craniofacial Surgery, v.1, p. 60-68, 1990. HOLLINGER, J. O.; LEONG, K. Poly (alpha-hidroxy acids); carries for bone morphogenetic proteins. Biomaterials, Guilford, v.17, n.2, p. 187-94, 1996. 74 ISSA, J. P.; et al. Bone healing process in critical-sized defects by rhbmp-2 using poloxamer gel and collagen sponge as carriers. Micron, v.39, n.1, p.17-24, 2008. ISSA, J.P.M.; et al. Evaluation of rhBMP-2 and Natural Latex as Potential Osteogenic Proteins in Critical Size Defects by Histomorphometric Methods. The Anatomical Record, v. 293, p.794–801, 2010. IWATA. S.; et al. Antitumorigenic activities of chalcones. I. Inhibitory effects of chalcones derivatives on 32Pi-incorporation into phospholipids of HeLa cells promoted by 12-O-tetradecanoyl-phorbol 13-acetate (TPA). Biologic and Pharmaceutical Bulletin, v. 18; n. 12; p. 1710-1713, 1995. JHA, A.; et al. “Cytostatic Activity of Novel 4‟-aminochalcone-based Imides”. Bioorganic and Medicinal Chemistry, v.17, 4545-4550, 2007. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. KARAGEORGIU, V.; KAPLAN, D. Porosity of 3D biomaterial scaffolds and osteogenesis. Biomaterials, v. 26, p. 5474-5491, 2005. KLEIN, P.; et al. The initial phase of fracture healing is specifically sensitive to mechanical conditions. Journal of Orthopaedic Research, v. 21, p.662-669, 2003. KIM, Y.H.; et al. Anti-inflammatory activity of the synthetic chalcone derivatives: inhibition of inducible nitric oxide synthase-catalyzed nitric oxide production from lipopolysaccharide-treated RAW 264.7 cells. Biological and Pharmaceutical Bulletin, v.30, n.8, p. 1450-1455, 2007. KIM, S. N.; et al.In vitro and in vivo osteogenic activity of licochalcone A. Amino Acids, v.42, n.4, p.1455-1465, 2012. KNESER, U.; et al. Evaluation of processed bovine cancellous bone matrix seeded with syngenic osteoblasts in a critical size calvarial defect rat model, Journal of Cellular and Molecular Medicine, Erlangen, v.10, n.3, p.695-707, 2006. KRAMER, F. J.; et al. Experimental application of a biomaterial in bifocal transport osteogenesis for craniofacial reconstruction. Journal of CranioMaxillofacial Surgery, v.36, n.4, p. 218-226, 2008. LEE, S.H.; SHIN, L.Matrices and scaffolds for delivery of bioactive molecules in bone and cartilage tissue engineering. Advanced Drug Delivery Reviews, v.59, p. 339–359, 2007. LI, J. T.; et al.. Improved synthesis of chalcones under ultrasond irradiation. Ultrasonics Sonochemistry, v. 9, p. 237-239, 2002. 75 LIMA NETO, Q A., et al. Estudo da relação estrutura-atividade quantitativa de dibenzoilmetanos á-substituídos quanto à atividade anticâncer da mama (linhagem celular MCF7). Revista Brasileira de Cancerologia, v.52, n.4, p.345357, 2006. LIN, Y.M., et al. Biflavonoids as novel antituberculosis agents. Bioorganic and Medicinal Chemistry Letters, v.11, n.16, p. 2101-2104, 2001. LINDHE, J.; KARRING, T.; LANG, N.P. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 4. Ed. São Paulo, Guanabara Koogan, 2005. LÓPEZ, S. N.; et al. In vitro antifungal evaluation and structure-activity relationships of a new series of chalcones derivatives and synthetic analogues, with inhibitory properties against polymers of the fungal cell wall. Bioorganic and Medicinal Chemistry, n. 9; p. 1999-2013, 2001. LUIZ, R. R.; COSTA, A. J. L. NADANOVSKY, P. Epidemiologia e bioestatística na pesquisa odontológica. São Paulo: Editora Ateneu; 2005. LUNARDI, F.; et al, Trypanocidal and leishmanicidal properties of substitutioncontaining chalcones. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v.47, n.4, p.144951, 2003. MANKANI, M. H.; et al. In vivo bone formation by human bone marrow stromal cells: reconstruction of the mouse calvarium and mandible. Steam Cells, v. 24, n. 9, p. 2140-2149, 2006. MANOJ, G.S.; MURUGAN, K. Wound healing activity of methanolic and aqueous extracts of Plagiochila beddomei Steph. thallus in rat model. Indian Journal of Experimental Biology, v. 50, n. 8, p.551-558, 2012. MELCHER, A. H. Role of the periosteum in repair of wounds of the parietal bone of the rat. Archives of Oral Biology, v.14, n.9, p. 1101-1019, 1969. MEZADRI, T.J.; et al. Morphophisiological Evaluation of a Kind of Propolis in Tissue Repair in Diabetic Rats. Latian American Journal of Pharmacy, v.31, n.5, p.777-781, 2012. MISCH, C.E. Biomateriais utilizados em implantes dentários. In: MISCH C.E. Implantes dentários contemporâneos. 2ª ed. São Paulo: Ed. Santos, 2000. MOHAMAD, A.S.; et al. Antinociceptive activity of a synthetic chalcone, flavokawin B on chemical and thermal models of nociception in mice. European Journal of Pharmacology, v. 647, n. 1-3, p. 103-109, 2010. MOTA, N. L.; et al. Embriologia e histofisiologia do tecido ósseo: revisão de literatura e bases histofisiológiaos das principais doenças ósseas metabólicas. Boletim do Centro de Biologia da Reprodução, Juiz de Fora, v. 27, n. 1/2, p. 27-32, 2008. 76 NANCI, A.; et al. Morphological and immunocytochemical characterization of primary osteogenic cell cultures derived from fetal rat cranial tissue. Anatomical Records, v. 252, p. 554-567, 1998. NETO, J. M. Osteogênese in vitro sobre uma nova vitrocerâmica bioativa 100% cristalina (Biosilicato®). 2006. 87f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial). Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. NYAN, M.; et al. Bone formation with the combination of simvastatin and calcium sulfate in critical-sized rat calvarial defect. Journal of Pharmacological Sciences, Tokio, v.104, n.4, p.384-386, 2007. OLIVEIRA, R. C.; et al. Morphometric evaluation of the repair of critical-size defects using demineralized bovine bone and autogenous bone grafts in rat calvaria. Clinical Oral Implants Research, Niterói, v.19, n.8, p.749–754, 2008. ORTOLAN X.R.; et al., Osteogenic potential of a chalcone in a critical-size defect in rat calvaria bone, Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.jcms.2013.07.020. PAGAN, A. L. Preenchimento de falhas ósseas diafisárias em ovelhas com colágeno aniônico. 2003. 75f. Dissertação (Pós Graduação em Ciências da Saúde). Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. São José do Rio Preto, 2003. POLANSKI, J. Receptor dependent multidimensional QSAR for modeling drugreceptor interactions. Current Medicinal Chemistry, v.16, n.25, p. 32433257, 2009. PRETEL, M. Ação de biomateriais e de laser de baixa intensidade na reparação do tecido ósseo: Estudo histopatológico em ratos. 2005.165f. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Odontologia. Universidade Federal Paulista. Araraquara, 2005. PUTZIER, M. Allogenic versus autologous cancellous bone in lumbar segmental spondylodesis: a randomized prospective study. European Spine Journal, v. 18, n.5, p.687-95, 2009 RAHMAN, M. A. Chalcone: A Valuable Insight into the Recent Advances and Potential. Pharmacological Activities Chemical Sciences Journal, v. 2011, 2011. RIPAMONTI U. Soluble and insoluble signals sculpt osteogenesis in angiogenesis. World Journal of Biological Chemistry., v. 1, n. 5, p. 109-132, 2010. RISO, N.D.M; et al. Laser terapêutico no reparo ósseo de ratos submetidos a ausência de carga. Veterinária e Zootecnia, v. 17, n. 2, p. 250-258, 2010. 77 SALGADO, J. F. M. Avaliação da velocidade do processo de regeneração óssea primária, conjugando, a técnica de regeneração óssea guiada com membrana de colágeno aniônico e terapia laser baixa potência. 2002. 117 f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) – Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2002. SANTANA, D. P. Ação de chalconas sobre a formação de biofilme de Candida albicans isoladas de cavidade bucal. 2012. 82f. Dissertação (Mestrado em Ciências Moleculares). Universidade Estadual de Goiás, Goiás, 2012. SANTOS-FILHO O. A., et al. The receptor-dependent QSAR paradigm: an overview of the current state of the art. Medicinal Chemistry, v. 5, n. 4, p. 359366, Jul 2009. SASIDHARAN, S., et al.Extraction, isolation and characterization of bioactive compounds from plants' extracts. Africal Journal of Traditional Complement Alternative Medicines, v. 8, n.1, p. 1-10, 2011. SCHMIDT, C. Futuro da odontologia impregnado com BMP. Innov Implant J. Biomater Esthet, v.1, n.2, p.19-24, 2006. SCHIMITZ, J.; HOLLINGER, J. O. The critical size defect as an experimental model for craniomandibulofacial nonunions. Clinical orthopaedics and related research, v. 205, p. 299-308, 1986. SCHLEGEL, K. A., et al. Histologic findings in sinus augmentation with autogenous bone chips versus a bovine bone substitute. International Journal of Oral Maxillofacial Implants, v.18, p.53-58, 2003. SPICER, P.P.; et al. Evaluation of bone regeneration using the rat critical size calvarial defect. Nature Protocols, v.7, n.10, p.1918-1929, 2012. SILVA, R. V.; et al. The use of hydroxyapatite andautogenous cancellous bone grafts to repair bone defects in rats. Journal of Oral Maxillofacial Surgery, v. 34, p. 178-184, 2005. STEVENSON, S. Enxertos Ósseos. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. ed. 2, v. 2. São Paulo: Manole, p. 2006 – 2016, 1998. TAMES, S.F.A.; et al. Estudo (in vivo) do potencial osteogênico de uma chalcona em ferida crítica de calota craniana de ratos. Brazilian Oral Research, v. 24, n.1, p.128-149, 2010. 78 TAVARES, L. C. QSAR: a abordagem de Hansch. Química Nova, São Paulo, v. 27, n. 4, p.631-639, 2004. TEIXEIRA, L. J. C. Potencial osteocondutor de grânulos de hidroxiapatita em defeitos críticos na calvária de ratos. 2009. 73f. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Universidade do Grande Rio, Duque de Caxias, 2009. THALLER, S. R. Repair of experimental calvarial defects with Bio-Oss particles and collagen sponges in a rabbit model. Journal of Craniofacial Surgery, v.5, n.4, p. 242-246, 1994. TOPLISS, J. G. A manual method for applying the Hansch approach to drug design. Journal of Medicinal Chemistry, v. 20. n. 4, p. 463-469, 1977. TUZLAKOGLU, K.; REIS, R. L. Biodegradable polymeric fiber structures in tissue engineering. Tissue engineering. Part B, Reviews, v. 15, n. 1, p. 17-27, 2009. VIANA, G. S.; BANDEIRA, M. A.; MATOS, F.J. Analgesic and antiinflammatory effects of chalcones isolated from Myracrodruon urundeuva allemão. Phytomedicine, v. 10, n.2-3, p.189-195, 2003. VOGEL, S.; BARBIC, M.; JURGENLIEMK, G.; HEILMANN, J. Synthesis, cytotoxicity, anti-oxidative and anti-inflammatory activity of chalcones and influence of A-ring modifications on the pharmacological effect. European Journal of Medicinal Chemistry, v. 45, n.6, p.2206-2213, 2010. WON, S. J.; et al. Synthetic chalcones as potential anti-inflammatory and cancer chemopreventive agents. European Journal of Medicinal Chemistry, v. 40, n.1, p.103-112, 2005 YANG, Y.; DENNISON, D.; ONG, J.L. Protein Adsorption and Osteoblast Precursor Cell Attachment to Hydroxyapatite of Different Crystallinities. International Journal of Oral and Maxillofacial Implants, v. 20, p.187-192, 2005. YUNES, R. A.; et al. From the Manual method of topliss to a modified quantitative method. Arzneimittel Forschung - Drug Research, v. 52, n. 2, p. 125-132, 2002. ZUANAZZI, J. A. S. Flavonóides. In: SIMÕES, C. M. O.; et al. (orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3 ed. Florianópolis: Editora da UFSC, Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001. Cap. 23. p. 499-526. 79 ANEXO Artigo científico “Osteogenic potential of a chalcone in a critical-size defect in rat calvaria bone” publicado no Journal of Cranio-Maxillofacial Surgery.