Paraná, 21 de agosto de 2013 Trabalho invade o tempo livre de quase metade dos brasileiros Segundo levantamento do Ipea, 45% das pessoas têm dificuldade para se “desconectar” depois do fim da jornada Faz pouco mais de um mês que a consultora Michelle Thomé, de 38 anos, deixou o cargo de gerente de comunicação em uma multinacional para se dedicar a um projeto pessoal. Desde então sua rotina desacelerou, mas ela ainda não conseguiu se livrar de um hábito adquirido no mercado corporativo: todos os dias, ao acordar e antes de dormir, ela passa cerca de 30 minutos lendo e respondendo e-mails. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito com 3.769 pessoas mostra que, assim como Michelle, quase metade dos entrevistados (45,4%) têm dificuldades para se desligar totalmente do trabalho após o fim da jornada diária. E cerca de 40% sentem que o seu tempo livre encurtou, especialmente por causa do excesso de tarefas e da necessidade de levar atividades para casa. Michelle: “Permiti que o trabalho tomasse uma proporção bem grande do meu tempo” Curiosamente, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostram que a permanência no ambiente de trabalho diminuiu nos últimos anos, principalmente por causa da limitação da jornada legal. Ou seja, embora a jornada “oficial” esteja mais curta, estamos cada vez mais envolvidos e conectados ao trabalho. De 1992 para 2009, o porcentual de pessoas que trabalham mais de 45 horas por semana caiu dez pontos percentuais, mas as exigências e o acumulo de funções cresceram. Quase 42% dos profissionais admitem ser responsáveis por atividades que antes eram exercidas por mais de uma pessoa e 47% afirmam que são cobrados para fazer essas tarefas com grande velocidade. Além disso, mais da metade dos entrevistados considera alta a exigência para se comunicar bem – escrita e oralmente – e atender bem aos clientes e fornecedores. Não é à toa que 40% das pessoas acham que o tempo dedicado ao trabalho compromete a sua qualidade de vida, na medida em que gera cansaço e estresse (13,8%) e afeta as relações amorosas e familiares (9,8%). Na prática, a dedicação ao trabalho além da jornada estabelecida faz com que 70% das pessoas não consigam manter outros compromissos regulares, como atividades educacionais, esportivas ou até mesmo outro emprego remunerado. A disseminação de smartphones, tablets e computadores portáteis parece dificultar a separação entre trabalho e vida pessoal. “A hiperconectividade trouxe a empresa e o trabalho para dentro da casa das pessoas, e vice-versa”, avalia a psicóloga Rita Passos, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. As empresas estão mais enxutas, competitivas e exigentes, e os profissionais são muito mais demandados. Por outro lado, existem dezenas de pequenas distrações que nos fazem perder o foco no trabalho e minam a nossa produtividade. “Passamos 20% do nosso tempo fazendo atividades realmente importantes, e os outros 80% gastamos em coisas bem menos relevantes. Em algum momento o tempo mal aproveitado no trabalho vai fazer falta”, alerta a psicóloga. Engrenagens - Pular o almoço era quase rotina Pular o almoço para “render mais” era praticamente uma rotina da consultora Michelle Thomé antes de deixar o emprego em uma multinacional, há cerca de um mês. Para ela, o ambiente corporativo é como uma grande engrenagem que funciona na base da interdependência, com cada profissional desempenhando um papel fundamental. “No meu caso, como gosto muito do que faço, queria dar o meu melhor o tempo todo e não deixar ninguém sem resposta, mas o volume de atividades era muito grande e eu fui permitindo que o trabalho tomasse uma proporção bem grande do meu tempo”, conta ela, que deixou a empresa para tocar um negócio próprio. Um mês depois, Michelle comemora os prazeres proporcionados por mais tempo livre. “Tenho feito todas as refeições tranquilamente; me dedicado mais à prática de atividades físicas; além de ter mais disponibilidade para os meus amigos”, diz. Longo Expediente - Primeiro a chegar e último a sair A conta diária das horas de trabalho e tempo livre do empresário Gilles Grimberg, de 42 anos, anda bastante desequilibrada. Diretor de uma empresa com escritórios em Cingapura, Israel, Canadá e Suíça, ele chega a fazer jornadas de 16 horas por dia para dar conta do volume de atividades que a posição exige. “Quando se atinge um nível gerencial, é preciso ter consciência de que o trabalho não termina às 18 horas. O comprometimento precisa ser constante”, diz. O smartphone é companhia inseparável – não sai das mãos de Grimberg nem mesmo na hora de preparar o café da manhã. A raquete de tênis, por sua vez, está abandonada no porta-malas do carro por falta de tempo para outras atividades. Mas, se tudo ocorrer como planeja Grimberg, essa rotina tem data para acabar. “Mais três anos. Depois quero tirar o pé do acelerador e aprender a delegar funções. Estou na minha fase mais produtiva e encaro isso como um investimento em mim e na minha empresa”, diz Grimberg, que passou o Dia dos Pais viajando para atender um cliente no Norte do país. Mundo corporativo - Companhias valorizam quem se dispõe a trabalhar fora do horário Se existe uma área em que a fronteira entre tempo de trabalho e tempo livre praticamente não existe é o mercado corporativo. Não se trata de uma exigência explícita das empresas por profissionais dispostos a abrir mão do seu tempo ocioso em função do trabalho, mas todos sabem que a disponibilidade para o negócio é bem vista pelas companhias, afirma o gerente do escritório de Curitiba da Michael Page, Leandro Muniz. “O período de férias, por exemplo, era um dos últimos refúgios sagrados para os profissionais, mas a maioria já não consegue se desconectar para desfrutar do descanso com a família ou amigos. Além disso, quanto mais o profissional sobe na hierarquia da empresa, mais concessões ele precisa fazer”, afirma Muniz. Segundo ele, essa invasão do trabalho no tempo ocioso das pessoas gera falta de foco e compromete e a produtividade. De acordo com a pesquisa do Ipea, quase metade das pessoas (48,8%) não gosta de dedicar o tempo livre ao trabalho, mas a maioria dessas (36,7%) já se conformou com a situação por medo de perder o emprego. (CÍNTIA JUNGES – GAZETA DO POVO) INFOGRÁFICO: Cerca de 40% das pessoas acham que o tempo dedicado ao trabalho prejudica a qualidade de vida Goji berry é o superalimento da vez Cada 100 gramas, ou uma xícara de chá da versão seca, contém 2500 miligramas de vitamina C O goji berry vem do sul da Ásia e até pouco tempo era desconhecido no Brasil. Porém, pouco a pouco, o alimento vem atraindo o interesse dos adeptos da alimentação saudável. Não é para menos: esta superfruta é rica em vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos graxos insaturados e, além de tudo isso, como as demais frutas vermelhas, é antioxidante. Sem contar que é pouco calórica, ajuda a dar energia e melhora o metabolismo. Cada 100 gramas, ou uma xícara de chá, da versão seca do goji berry contém 2500 miligramas de vitamina C, quantidade 50 vezes maior que a de uma laranja. Além disso, a fruta também possui grande quantidade das vitaminas B1, B2 e B6. Graças às suas propriedades antioxidantes, a fruta atua como agente na prevenção de doenças cardiovasculares e inflamatórias, distúrbios da visão, do sistema neurológico e imunológico, além de possuir propriedade anticancerígena e antienvelhecimento. "Goji berry faz parte da alimentação dos povos asiáticos que a consideram uma planta medicinal, em função da sua composição riquíssima em antioxidantes", afirma a nutricionista esportiva e ortomolecular Luciana Harfenist. Torta rústica de maçã com goji berry e nozes - Ingredientes: 2 copos de nozes picadas sem esfarelar, 3 maçãs grandes picadas sem casca, meia xícara de goji berry picadas ao meio e hidratadas com água por 30 minutos, 1 copo de farinha de trigo ou sem glúten, 1 copo quase cheio de adoçante para forno e fogão (Diabético) ou a mesma quantidade de açúcar mascavo ou orgânico, 1 colher de chá de bicarbonato de sódio, 4 ovos orgânicos inteiros, 2 dedos de 1 copo de requeijão de óleo de avelã extravirgem, 1 colher de chá de canela em pó. Modo de preparo: misture com uma colher de pau os ovos, a farinha, o adoçante ou açúcar, depois de bem misturados acrescente o bicarbonato e, por último, as maçãs picadas, as nozes e o goji berry. Envolva-os delicadamente com o restante da mistura. Unte uma forma com óleo e farinha, leve para assar até perceber que o bolo cresceu e o palito sair seco. Rende: 12 porções ? Calorias 250 a 280, conforme a safra das frutas. Receita rica em ácido graxos poli-insaturados, Omega 3, selênio, carotenoides e antioxidantes. Uma ótima opção pare o lanche da tarde.Receita: nutricionista Luciana Harfenist Thinkstock O nutricionista clínico e funcional, Fábio Bicalho conta que o alimento tem aparência de um pequeno tomate-morango, de cor vermelha viva. "Segundo a tradição tibetana é extremamente sensível e delicado". Uma pesquisa publicada no Journal of Alternative and Complementary Medicine, em 2008, comprovou que o consumo regular da fruta asiática resulta no aumento no nível de energia, desempenho atlético, qualidade do sono, facilidade de despertar e a capacidade de se concentrar em atividades. Além disso, pode ajudar na redução da fadiga e do estresse. Bicalho acrescenta outros benefícios: "A fruta fortifica e mantém o sistema imune saudável, combate a inflamação e a artrite, reduz e modula o colesterol, regula a pressão arterial, reduz os níveis de glicose no plasma. Além disso, acelera o metabolismo ajudando na perda de peso e,assim, evitando a formação de celulite". Já Harfenist lembra que a frutinha também combate o câncer de pele em função dos carotenóides e contém nutrientes importantes que produzem uma desintoxicação hepática. A fruta pode ser achada in natura, seca e em forma de cápsulas. Porém, há dois inconvenientes: ela não é muito fácil de ser encontrada ainda por aqui e seu preço é um pouco salgado. (CÁRMEN GUARESEMIN - DO UOL, EM SÃO PAULO)