REFERENCIAIS TEÓRICOS PARA A EXPLICAÇÃO DA ABORDAGEM
TEMÁTICA TRABALHO X LAZER: MODO DE PRODUÇÃO COMO
EIXO.
Andrei Panhan Manconi (PIBIC/CNPq-UEL)
Elza Margarida de Mendonça Peixoto (Orientador), e-mail:
[email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Grupo de Estudos e Pesquisas
Marxismo, História, Tempo Livre e Educação MHTLE - EMH - CEFE/UEL PR.
7.Ciências Humanas – 7.08.00.00-6 Educação.
Palavras-chave: Modo de produção, trabalho, tempo livre e lazer.
Resumo
O levantamento da produção do conhecimento referente aos estudos do
lazer no Brasil demonstra expansão vertiginosa da produção do
conhecimento sobre esta temática durante o século XX e início do século
XXI. No contexto desta produção, encontramos estudos que tratam da
problemática trabalho x lazer identificando profundas fragilidades teóricas no
que toca à explicação ontológica dos fundamentos desta relação: o que são
trabalho, lazer e como se produzem. Este trabalho de Iniciação Científica
promoveu uma revisão bibliográfica introdutória sobre as noções de modo
de produção, trabalho, jornada de trabalho e tempo livre do trabalho na obra
de Marx e Engels, com vistas à apreensão das possibilidades explicativas
para o lazer na obra destes autores. São apresentadas as categorias
centrais de sustentação de uma teoria marxista para a problemática do lazer.
Introdução
Durante o século XX e início do século XXI ocorre uma grande expansão no
que diz respeito à produção de conhecimentos que visam estudar a
problemática trabalho e lazer no Brasil. Entretanto, sobre uma análise mais
complexa encontra-se no contexto desta produção profundas fragilidades
teóricas no que toca à explicação ontológica dos fundamentos da relação
trabalho e lazer, como está é produzida e o que estes são. Pretende-se com
este estudo apresentar incursões introdutórias sobre as noções de modo de
produção, trabalho, jornada de trabalho e tempo livre do trabalho na obra de
Marx e Engels, com vistas à apreensão das possibilidades explicativas para
o lazer enquanto práticas e políticas que visam o preenchimento do tempo
livre. Para tanto, apresentamos (1) revisão da obra de Marx e Engels com a
finalidade de encontrar nexos e contradições explicativas para a
problemática lazer x trabalho; (2) explicação da relação trabalho x lazer a
partir da apreensão das categorias modo de produção, trabalho, tempo livre
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e lazer; e (3) superação das fragilidades teóricas no âmbito dos estudos do
lazer no que toca à apreensão da noção de trabalho, viabilizando a
explicação radical e rigorosa da problemática do lazer.
Materiais e métodos
Este estudo realizou-se a partir das obras A ideologia alemã (MARX E
ENGELS, 1845-1846), O capital (MARX, 1867, Capítulos: A mercadoria,
Processo de trabalho e processo de produzir mais valia; A jornada de
trabalho; Divisão do trabalho e manufatura; A maquinaria e a indústria
moderna). O papel do trabalho na transformação do macaco em homem
(ENGELS, 1876); O trabalho estranhado (MARX, 1844). O processo de
estudo norteou-se pelas questões: como Marx e Engels explicam o
trabalho? O que é e como se produz o trabalho? A partir das respostas a
estas questões estruturaram-se explicações para a pergunta “qual a relação
entre modo de produção capitalista, trabalho, tempo livre e lazer”? Realizouse leitura cronológica das obras, com transcrição das passagens nas quais
foram identificadas respostas para as questões que nortearam o estudo.
Estes registros foram organizados conforme (1) cada uma das perguntas de
pesquisa; (2) a ordem cronológica de seu aparecimento nas obras dos
autores.
Resultados e Discussão
Através dos estudos das obras de Marx e Engels entendemos o trabalho
como condição essencial para a produção e a reprodução de toda vida
humana. Na obra de Marx e Engels o trabalho aparece como a atividade
vital, atividade sem a qual não há vida. O homem realiza o trabalho contínuo
de produção de sua existência, agindo sobre a natureza (a terra) e
transformando-a conforme suas necessidades. A partir desta ação, no ato
contínuo de apropriar (experimentar, conhecer e transformar) a natureza,
desenvolve os meios de produção (as ferramentas e as técnicas)
necessários ao aprimoramento desta apropriação. Marx e Engels destacam
que o trabalho do homem supera o trabalho dos animais por estar
orientando segundo um plano e produzir continuamente o que Dermeval
Saviani chamará de segunda natureza. Este ato contínuo de produção da
existência pelo trabalho sobre a natureza produz toda a sociedade e a
história em constante movimento de transformação. Na produção de sua
existência os homens estabelecem relações com outros homens formando
estruturas sociais diferenciadas, de acordo com as condições naturais e
históricas (legadas pelo passado) com as quais se deparam e o grau de
desenvolvimento de suas forças produtivas. Desenvolvem-se neste processo
modos de produção da existência baseados no estágio de desenvolvimento
das forças produtivas e das relações de produção em cada conjuntura: o
comunitarismo, o escravagismo, o feudalismo, o capitalismo. Em cada um
destes modos de produção, o estágio de desenvolvimento das forças
produtivas vai determinar as relações de produção, e os conflitos nesta
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esfera o desenvolvimento de novas forças produtivas. Engels vai dedicar-se
a explicar este movimento na obra Oriem da família, da propriedade privada
e do Estado. Vemos ali como a necessidade de manutenção da existência
de todos determina, por exemplo, com a escassez de alimentos em um dado
território, a necessidade de invasão de outros territórios e a incorporação de
mão de obra na forma escrava. O estágio primitivo de desenvolvimento das
forças produtivas (machados etc.) pedia maior contingente de homens para
realizar o trabalho de produção da existência social. Neste processo, o
tempo livre para si está sempre determinado pelo estágio de
desenvolvimento das forças produtivas e pelas relações de produção. As
relações de produção escravocratas determinam a inexistência de tempo
livre para si entre os escravos, entretanto, libera os cidadãos livres para o
usufruto do tempo social que o escravagismo libera da produção da
existência, possibilitando as condições para a produção da filosofia e das
artes.
No capitalismo, modo de produção no qual vivemos, podemos observar o
mesmo movimento: o desenvolvimento histórico das forças produtivas (das
ferramentas primitivas à maquinaria, à indústria, à robótica e à eletrônica,
das técnicas etc.) e o aprimoramento da divisão social do trabalho, permitem
que o homem vá reduzindo o tempo socialmente necessário à produção da
existência, viabilizando a expansão do tempo socialmente liberado da
produção. Neste tempo os homens dedicam-se à satisfação de outras
necessidades que envolvem, por exemplo, o descanso, o divertimento, o
desenvolvimento das artes. Entretanto, tal como no escravagismo, esta
liberação de tempo está subordinada aos conflitos de interesse próprios às
relações de produção capitalistas, nas quais as forças produtivas estão
controladas por uma classe, e a classe trabalhadora, enquanto uma força
produtiva, está subordinada aos desejos desta classe predominante. O
capitalismo desenvolve as forças produtivas a um nível que demanda cada
vez menos trabalho social (gerando o desemprego, por exemplo), mas as
relações de produção atrasadas, baseadas na apropriação privada dos
meios de produção e dos bens socialmente produzidos, impedem que este
tempo liberado da produção da existência seja igualmente distribuído entre
os homens. Cunha dirá que o grau de organização e poder da classe
trabalhadora determinará o tempo para si que esta conseguirá liberar da
produção da existência. Faleiros explicará que este tempo é determinado
pelas relações de produção e circulação próprias do capitalismo, possuindo
papel central na produção das condições para o consumo das mercadorias,
para a produção de novas necessidades que levam a novo consumo e para
a produção do repouso para o trabalhador.
Conclusões
Concluímos que a crítica da economia política produzida por Marx e Engels
possibilita referencial teórico e categorias que contribuem para a superação
das fragilidades teóricas presentes nos estudos do lazer brasileiros,
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configurando-se em um referencial essencial a ser apropriado pelos
pesquisadores para promover o avanço da produção do conhecimento.
Referências
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ENGELS, Federico. Origem da família, da propriedade privada e do Estado.
Completar referências
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texto completo
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