XI Salão de Iniciação Científica PUCRS A prática de atividade física correlacionada com o tempo livre, socialização e percepção de saúde dos idosos de Porto Alegre. Fernanda Letícia Alves, Maya Schmidt Waldemar, Ângelo José Gonçalves Bós, Alessandra Maria Scarton (orientadora). Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto, PUCRS. Introdução O envelhecimento é um processo inquestionável que nos remete à abordagem dos diferentes aspectos envolvidos nesta fase de vida, já que não é somente o envelhecimento físico e cronológico que determina este período, mas também os fatores biopsicossociais e o meio em que o indivíduo está inserido. Desta forma as pessoas envelhecem de diferentes formas e percebem este processo de diferentes maneiras, mesmo que ele seja um processo contínuo e gradativo (CUNHA, 2002). Ao longo dos últimos anos, percebe-se um aumento significativo do número de idosos na sociedade, da sua expectativa e qualidade de vida o que leva a uma preocupação com a saúde desses sujeitos. A informação de que a prática de exercícios físicos regulares é um fator de prevenção de doenças e que colabora para um envelhecimento saudável, evidenciou a área da saúde aumentando a participação de idosos em atividades físicas. Dentro desta realidade, cabe ressaltar a importância de estudos e discussões a fim de promover a saúde e a qualidade de vida da população idosa. De modo geral, quem atinge a velhice está sujeito a uma nova perspectiva social, já que para a sociedade a terceira idade é considerada uma fase de perdas e limitações. Socialmente o envelhecimento acarreta modificações no status do idoso e nos relacionamentos interpessoais do mesmo; e psicologicamente, percebemos mudanças no que diz respeito a como o indivíduo age perante si mesmo e as pessoas (ZIMERMAN, 2000). A pressão social e psicológica exercida pela sociedade é tão grande que resulta na perda de iniciativa e motivação, insegurança e isolamento social do idoso. Segundo Cunha 342 (2002, p. 162): “As pessoas que praticam exercícios físicos possuem comportamento psicossocial diferente das que são sedentárias, apresentando atitudes positivas perante a vida e um sentimento de elevado auto-estima”. Ainda analisando aspectos importantes da terceira idade, o tempo livre é um fator em destaque, pois pode trazer uma melhora na vida social e na prática de exercícios físicos beneficiando o idoso tanto no aspecto biológico quanto psicológico e social. Isto também pode gerar uma melhora na percepção de saúde, entre outros aspectos. Diante deste contexto o presente estudo tem como objetivo analisar a prática de atividades físicas correlacionando com o tempo livre, com a socialização e a percepção de saúde em idosos de Porto Alegre. A escolha do tema foi baseada no fato de que a Educação Física é um ramo da saúde que previne doenças e promove bem-estar, conduzindo ao envelhecimento saudável e uma melhor qualidade de vida, beneficiando, principalmente, a população idosa. As contribuições deste estudo estão relacionadas à informação como base estimulante para o idoso no que se refere à diminuição das suas debilidades e a integração à sociedade. Além disso, até o momento dispomos de pouca informação de caráter oficial contemplando a problemática específica dos idosos de Porto Alegre, o que fomenta ainda mais as pesquisas relacionadas ao envelhecimento nesta região. Metodologia A pesquisa foi de abordagem histórico estrutural visto que englobou a velhice em seu desenvolvimento histórico e contextualizado em POA havendo dois momentos de coleta, um em 1995 e outro em 2006. A coleta de 1995 foi realizada no RS e em 2006 em POA. A população foi composta por idosos, com idade superior a 60 anos, urbanos, de ambos os sexos, não institucionalizadas e residentes no RS em 1995. Como amostra participaram 1938 idosos, 860 no estudo de 1995 e 1078 no estudo de 2006. Os dados foram coletados através de entrevista estruturada composta por questões fechadas e abertas agrupadas em blocos temáticos. Para esta pesquisa foram utilizados dados do Bloco I – Saúde. Os dados foram digitados e tabulados para posterior análise estatística sendo utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a significância da distribuição das freqüências nas tabelas. Resultados e Discussão 343 O estudo demonstrou um aumento no nível de informação dos idosos no seu tempo livre, do ano de 1995 para o ano de 2006. Este dado remete ao estudo realizado por Moraes (2004), que aponta que ouvir música, assistir TV ou ir ao cinema, leitura e outros entretenimentos são pontos destacados pelos idosos com envelhecimento bem-sucedido. Este dado pode ter contribuído para a promoção de saúde no envelhecimento, visto que os idosos passaram a praticar atividades físicas com maior freqüência e intensidade, o que pode estar relacionado à melhor informação e consciência dos mesmos sobre a importância dos exercícios físicos, como afirma Deslandes (2009) sobre a importância do exercício na contribuição e manutenção da saúde global do indivíduo. Associado a esse aumento da atividade física os idosos de 2006 mencionaram melhora da percepção de saúde e socialização, o que sustenta a idéia de que o idoso ativo percebe sua saúde mais satisfatoriamente, beneficiando sua auto-estima e auto-imagem. Considerações Finais Conclui-se assim, que o envelhecimento populacional pode estar sendo acompanhado pela melhora das condições de vida e saúde do brasileiro, principalmente pelo maior engajamento em atividades físicas regulares. Referências CUNHA, Rosângela Symanski da. Atividade Física e envelhecimento. In: TERRA, Newton Luiz (Org). Envelhecendo com qualidade de vida: programa Geron da PUCRS. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2002. 161 – 167 p. ZIMERMAN, Guite I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed, 2000. 229 p.: il. MORAES, João Feliz Duarte de. Lazer e qualidade de vida do idoso. In: COSTA, Gilberto José Corrêa da; DORNELLES, Beatriz. (Orgs). Lazer, realização do ser humano: uma abordagem para além dos 60 anos. 1. ed. Porto Alegre: Editora Dora Luzzatto, 2005. 55 – 65 p. DESLANDES, Andréa Camaz. Exercício físico na prevenção e no tratamento de doenças mentais mais prevalentes no idoso (Depressão, Alzheirmer e Parkinson). In: JÚNIOR, Edmundo de Drummond Alves (Org). Envelhecimento e vida saudável. Rio de Janeiro: Apicuri, 2009. 141 – 160 p. 344