BACTÉRIAS MULTIRESISTENTES: COMO EU CONTROLO? Silvia Nunes Szente Fonseca SCIH Hospital São Francisco, Maternidade Sinhá Junqueira e Mater Ribeirão Preto, SP Análise do problema • “Medline” de 1997-2003 com as palavras “outbreak” e “NICU” • 51 artigos com epidemias em UTI neonatais do mundo todo (EUA, Bélgica, Índia, Turquia, Alemanha, Holanda, Brasil, México, Japão, Malásia, Israel, China, Paquistão, Dinamarca, Arábia Saudita, Grécia, Suíça, Noruega, Itália, Espanha, Coréia) • Brasil: Rio de Janeiro, Campinas, Uberlândia DISTRIBUIÇÃO DOS PATÓGENOS ASSOCIADOS A EPIDEMIAS NA UTI NEONATAL 1997-2003 8% 6% GRAM NEGATIVOS 18% GRAM POSITIVOS VIRUS FUNGOS 68% DISTRIBUIÇÃO DOS GRAM-NEGATIVOS EM SURTOS 1997-2003 12% SERRATIA MARCESCENS 6% 29% ENTEROBACTER SP KLEBSIELLA SP ESBL + 12% PSEUDOMONAS AERUGINOSA ACINETOBACTER BAUMANNII 15% OUTROS 26% Nos surtos... • • • • • • • • • Curativos Soluções parenterais Frascos de medicação Leite materno sabão Termômetro retal Heparina contaminada Unhas artificiais Petrolatum Fatores de risco • • • • • • • Muito baixo peso Gemelaridade Prematuridade Uso prévio de antibióticos (mãe e RN) Ventilação mecânica Cateter central Duração de hospitalização “OVERCROWDING” “UNDERSTAFFING” Controle de surtos • “Reforço das medidas de controle de infecção” • Cohorting • Educação da equipe • Luvas, aventais, Retirada do contaminante • Desinfecção apropriada • Fechamento da unidade Por que será? • Mais pacientes imunodeprimidos que nunca • Tecnologias de suporte mais disponíveis Outro problema particular da UTI Neonatal • Modo de apresentação da infecção : SUTIL • Para cada 10 a 20 suspeitas de sepsis neonatal investigada: UMA SÓ CONFIRMADA • Uso empírico de antibióticos: INTENSO em qualquer UTI neonatal. • Medo de infecções = uso precoce de antibióticos empíricos de grande espectro. • Estratégia leva à seleção de bactérias resistentes. Se você usa muitos antibióticos.... Você não está sozinho.... USO DE ANTIMICROBIANOS EM UTI NEONATAL • UTI Neonatal do Hospital Yale-New Haven, Estados Unidos: • Seguido cohort de RNs do nascimento até a alta. • 75% dos RN receberam antibióticos; 92% dos abaixo de 1.500 g ao nascimento receberam antibióticos. • Em 5 estudos de prevalência: de 27 a 43% dos RNs estavam recebendo antibióticos. Fonseca SNS et al. Infect Control Hosp Epidemiol 1994 Mar;15(3):156-62 USO DE ANTIMICROBIANOS EM UTI NEONATAL • • • • • • • Estudo multicêntrico canadense: 17 UTIs neonatais, 20.488 RNs seguidos. Média de admissão anual: 657 20% abaixo de 1.500 g ao nascimento 96% de sobrevivência 7% tiveram pelo menos 1 infecção 22% dos abaixo de 1.500 g tiveram uma infecção hospitalar • 75% receberam antibióticos Lee SK et al, Pediatrics 2000 Nov;106(5):1070-9 USO DE ANTIMICROBIANOS EM UTI NEONATAL • RN vem direto da sala de parto • Colonização : geralmente com cepas hospitalares • Dificuldade de alimentação • Uso de antibióticos • Nos últimos anos: emergência de produtores de beta-lactamases, associado ao uso de beta-lactâmicos de grande espectro ANTIBIÓTICOS E RESISTÊNCIA • Hospital holandês, 2 UTI neonatais (8 e 9 leitos) alternando esquemas empíricos de antibiótico para sepsis precoce e tardia por 6 meses. • Durante 6 meses esquemas diferentes para sepsis precoce e tardia: • Esquema 1 : sepsis precoce: penicilina+tobramicina sepsis tardia: oxacilina + tobramicina • Esquema 2 : sepsis precoce: amoxacilina + cefotaxime; sepsis tardia: oxacilina + cefotaxime P de Man e cols . Lancet 2000 Mar18 ANTIBIÓTICOS E RESISTÊNCIA • Principal resultado a ser medido: colonização por cepas resistentes, culturas (retais e traqueais) à admissão e semanais até à alta. • Taxa de colonização por cepas resistentes: 18 vezes maior no protocolo de cefotaxime . • 4 casos de sepsis causadas por bactérias resistentes a cefotaxime quando este era o antibiótico padronizado, com 1 morte. Conclusões 1 • Alguns antibióticos (cefalosporinas de 3a geração) podem levar à seleção de cepas resistentes mais rapidamente • “Emergentes” refletem provavelmente mudança da população assistida que não tem oportunidade de colonizar com flora normal CONCLUSÕES 2 • Práticas de controle de infecção são muito importantes para controle de epidemias por bactérias resistentes. • “Inventa-se” primeiramente a tecnologia e depois lida-se com as infecções relacionadas com esta tecnologia. Um patógeno emergente: Klebsiella pneumoniae produtora de beta-lactamase Epidemias causadas por Klebsiella pneumoniae multiresistentes em UTI neonatais ANO LOCAL CASOS PUBLICAÇÃO 1992 África do Sul 9 J Hosp Inf 1992 1992 Itália 60 New Microbiol 1996 1992 Israel 13 Am J Perinatol 1996 1995 Inglaterra 14 J Clin Microb 1996 1998 Hungria 15 J Clin Microb 1999 de z/ 00 no v/ 00 ou t/ 00 se t/ 00 ag o/ 00 ju l/ 00 ju n/ 00 m ai /0 0 ab r/ 00 m ar /0 0 fe v/ 00 ja n/ 00 CASOS DE INFECÇÃO POR K+ EM 2000 4 3 2 1 0 CASOS DE INFECÇÃO E COLONIZAÇÃO POR K+ EM 2000 9 8 7 6 5 colonização 4 infecção 3 2 1 no v/ 00 de z/ 00 ou t/ 00 se t/ 00 ag o/ 00 00 ju l/ ju n/ 00 m ai /0 0 fe v/ 00 m ar /0 0 ab r/ 00 ja n/ 00 0 MEDIDAS DE CONTROLE • • • • • Álcool gel Higiene das mãos Treinamento Cohorting casos (colonização e infecção) Culturas de vigilância (descontinuadas em 2001) • Mudança protocolo antibióticos (sem cefalosporina 3a geração) no v/ 0 2 ju l/ 0 2 se t/ 02 m ar /0 2 m ai /0 2 no v/ 01 ja n/ 02 se t/ 01 ju l/ 01 no v/ 00 ja n/ 01 m ar /0 1 m ai /0 1 se t/ 00 ju l/ 00 ja n/ 00 m ar /0 0 m ai /0 0 CASOS DE K+ (INFECÇÃO) JANEIRO 2000-NOVEMBRO 2002 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 CASOS DE KLEBSIELLA SP MULTIRESISTENTE JANEIRO 2000-NOVEMBRO 2002 9 8 7 6 5 colonização 4 infecção 3 2 1 ou t/ 0 2 ju l/ 0 2 ab r/ 0 2 ja n/ 0 2 ou t/ 0 1 ju l/ 0 1 ab r/ 0 1 ja n/ 0 1 ou t/ 0 0 ju l/ 0 0 ab r/ 0 0 ja n/ 0 0 0 se t/ 02 no v/ 02 ju l/ 02 ju l/ 0 1 se t/ 0 1 no v/ 0 1 ja n/ 0 2 m ar /0 2 m ai /0 2 se t/ 0 0 no v/ 00 ja n/ 01 m ar /0 1 m ai /0 1 ju l/ 00 ja n/ 0 0 m ar /0 0 m ai /0 0 CASOS DE K+ (COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO) JANEIRO 2000-NOVEMBRO 2002 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Mas..... Mas... • 2 casos de infecção por K+ em dezembro 2002 • 13 RN colonizados!!!!! Medidas de controle • As de sempre! • Instituída cultura de vigilância semanal • Cohorting de colonizados e infectados precocemente CONTROLE DE K+ • Swabs retais semanais de todas as crianças internadas procurando por K+ • A partir de janeiro de 2005: meio seletivo com cefalosporina de terceira geração para identificar gram-negativos resistentes e produção de beta-lactamase MEIO SELETIVO • JANEIRO 2005: 11 SWABS POSITIVOS P/ ENTEROBACTER SP E 2 P/ KLEBSIELLA OXYTOCA • FEVEREIRO 2005 : 2 SWABS POSITIVOS ( E. coli ; Klebsiella sp ) • MARÇO 2005: 1 SWAB POSITIVO • ABRIL 2005 : 5 SWABS POSITIVOS (E. coli ;Enterobac.) • MAIO 2005 : 2 SWABS POSITIVOS • JUNHO 2005 : 1 SWAB POSITIVO ( Enterobacter sp) r/ 03 ju n/ 03 ag o/ 03 ou t/ 03 de z/ 03 fe v/ 04 ab r/ 04 ju n/ 04 ag o/ 04 ou t/ 04 de z/ 04 fe v/ 05 ab r/ 05 ju n/ 05 ab /0 3 /0 2 fe v de z INFECÇÃO POR K+ DEZ 2002-JUNHO 2005 6 5 4 3 2 1 0 m ai /0 5 ja n/ 05 A m ai /0 4 se t/ 04 CEFALOSPORINA DE 3 ja n/ 04 ja n/ 03 m ai /0 3 se t/ 03 ja n/ 02 m ai /0 2 se t/ 02 ja n/ 01 m ai /0 1 se t/ 01 ja n/ 00 m ai /0 0 se t/ 00 INFECÇÃO POR KLEBSIELLA SP RESISTENTE A GERAÇÃO JAN 2000-JUNHO 2005 6 5 4 3 2 1 0 ju l/ 00 ou t/ 00 ja n/ 01 ab r/ 01 ju l/ 01 ou t/ 01 ja n/ 02 ab r/ 02 ju l/ 02 ou t/ 02 ja n/ 03 ab r/ 03 ju l/ 03 ou t/ 03 ja n/ 04 ab r/ 04 ju l/ 04 ou t/ 04 ja n/ 05 ab r/ 05 ja n/ 00 ab r/ 00 COLONIZAÇÃO POR K+ E POR GRAM-NEGATIVOS RESISTENTES A CEFALOSPORINA DE 3A GERAÇÃO JAN 2000-JULHO 2005 14 12 10 8 6 4 2 0 Panorama das colonizações e sepses por bactérias resistentes a cefalosporinas de 3ª geração em 2005 - MSJ - UTI NEONATAL 14 12 10 8 6 4 swabs positivos sepse dez/05 nov/05 out/05 set/05 ago/05 jul/05 jun/05 mai/05 abr/05 mar/05 fev/05 0 jan/05 2 n/ 00 m ai /0 0 se t/ 00 ja n/ 01 m ai /0 1 se t/ 01 ja n/ 02 m ai /0 2 se t/ 02 ja n/ 03 m ai /0 3 se t/ 03 ja n/ 04 m ai /0 4 se t/ 04 ja n/ 05 m ai /0 5 ja COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO POR K+ 2000-JUNHO 2005 14 12 10 8 6 4 2 0 infecção colonização K+ E GRAM-NEGATIVOS RESISTENTES A CEFALOSPORINA DE 3A GERAÇÃO JAN 2000-JULHO 2005 14 12 10 8 infecção 6 colonização 4 2 ju l/ 04 ja n/ 05 ju l/ 03 ja n/ 04 ju l/ 02 ja n/ 03 ju l/ 01 ja n/ 02 ja n/ 00 ju l/ 00 ja n/ 01 0 COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO POR K+ POR MIL PACIENTES-DIA 2003-2005 6 5 4,9 4 COLONIZAÇÃO 3 2,6 INFECÇÃO 2,5 2,1 2 1 0,24 0,42 0 2003 2004 2005 VENHA CONHECER NOSSA UTI!!!! ÁLCOOL GEL ÍNDICE GERAL DE INFECÇÃO POR MIL PACIENTES-DIA E MÉDIA DE 1998-2005 30 25 20 15 10 5 0 ano 1998 ano 1999 ano 2000 ano 2001 tig ano 2002 média 1998-2005 ano 2003 ano 2004 ano 2005 CONCLUSÕES • Controle de infecção em UIT neonatal: complexo • Controle de bactérias multiresistentes: ainda mais complexo. • Uso de tudo que é conhecido é fundamental! QUEIDO PAPAI DO CÉU, PÉDI PÁ ESSES MOÇOS E MOÇAS DAQUI LAVAEM MAIS AS MÃOZINHAS! Amen!!!!!!