HSPA e WiMax Móvel II: Como comparar o desempenho na teoria e na prática Esta série de tutoriais apresenta um panorama técnico e de desempenho do HSPA e do WiMAX Móvel. Seu objetivo é comparar o desempenho dessas tecnologias de rede sem fio na teoria e na prática. Este tutorial parte II apresenta as características de desempenho, a arquitetura das redes e a conclusão final sobre o comparativo das tecnologias HSPA e do WiMax Móvel. Este tutorial foi produzido a partir do White Paper “TECHNICAL OVERVIEW AND PERFORMANCE OF HSPA AND MOBILE WIMAX - HOW THE PERFORMANCE OF HSPA AND MOBILE WIMAX COMPARE, IN THEORY AND IN PRACTICE”, de Janeiro de 2009, elaborado pela Ericsson. Categorias: Redes de Dados Wireless, Telefonia Celular Nível: Introdutório Enfoque: Técnico Duração: 20 minutos Publicado em: 27/07/2009 1 HSPA e WiMax Móvel II: Introdução Em poucos anos, a internet teve um impacto dramático nas nossas vidas particulares e profissionais. E continua a crescer em importância na nossa vida diária: para desfrutar plenamente dos benefícios da Internet, os usuários precisam de uma conexão banda larga. E nos próximos anos, milhões de pessoas vão utilizar a tecnologia sem fio para essa finalidade. Uma série de tecnologias está competindo para fornecer serviços de banda larga móvel. O mais bem sucedido desses serviços, com larga vantagem, é o High Speed Packet Access (HSPA), que foi implantado comercialmente em mais de 100 operadoras de mais de 50 países, e que adicionalmente contabiliza outras 50 operadoras (esse número continua aumentando) empenhadas em lançar o serviço em escala comercial, de acordo informações de Abril de 2007 da Global mobile Suppliers Association (GSA). O HSPA é uma tecnologia no nível de estado da arte, que pode oferecer serviços móveis e de banda larga sem fio com desempenho insuperável e com economia de escala para a grande maioria do mercado. Em 2010, espera-se que existam mais de 600 milhões de assinantes de banda larga móvel, aumentando para 900 milhões até 2012, e que a grande maioria, 70%, será servida por redes HSPA e 20% por redes CDMA EV-DO. Um bom sistema de banda larga móvel deve atender determinados critérios, que incluem alta velocidade, alta capacidade, baixo custo por bit, baixa latência, boa qualidade de serviço (QoS), e boa cobertura. Diversas técnicas podem ser utilizadas para atender a esses critérios em um sistema sem fio: Para maiores taxas de dados (e capacidade): Uso de sistemas de modulação de ordem superior, tais como o QAM16 (Quadrature Amplitude Modulation, ou modulação de amplitude em quadratura) e o QAM64; Uso sistemas avançados de antena do tipo MIMO (Multiple-Input – Multiple-Output, ou múltiplas-entradas – múltiplas-saídas) que dependem de múltiplas antenas no transmissor e no receptor, efetivamente multiplicando a taxa de pico; Uso de agendamento ou despacho dinâmico, priorizando o tráfego dos usuários finais de acordo com os respectivos contratos de prestação de serviços; Uso de intervalos de tempo de transmissão (Transmission Time Intervals – TTI) reduzidos, de forma a obter tempos de transmissão de ida e volta (round-trip) próximos dos serviços equivalentes com fio (tais como o DSL); Para maior capacidade: Transmissão em canal compartilhado para fazer uso eficiente dos recursos disponíveis de tempo, freqüência, códigos e energia; Uso de enlace adaptativo para otimizar dinamicamente os parâmetros de transmissão, dependendo das condições reais do rádio enlace; Uso de agendamento ou despacho dependente do canal para atribuir os recursos do rádio enlace para os usuários que tiverem as condições de transmissão mais favoráveis; Uso do mecanismo híbrido de requisição e repetição automática (Hybrid Automatic Repeat reQuest – H-ARQ) para permitir a retransmissão rápida dos dados faltantes, e do mecanismo de combinação suave (soft combining) para melhorar significativamente o desempenho e a robustez; Para maior cobertura: Uso de sistemas de antena avançados e de receptores avançados para reforçar o rádio enlace e melhorar o alcance das células. Tanto o HSPA como o WiMAX móvel empregam a maioria destas técnicas, e seu desempenho é muito 2 semelhante. Entretanto, essas tecnologias diferem em áreas tais como o regime duplex (Frequency Division Duplexing – FDD versus Time Division Duplexing – TDD), bandas de freqüência, tecnologia de múltiplo acesso, e projeto do controle de canal, dando origem a diferenças principalmente nas taxas de dados do uplink e na cobertura. O tutorial parte I apresentou o histórico e a principais características do HSPA e do WiMax Móvel, suas principais semelhanças e diferenças, e finaliza com uma tabela comparativa das características técnicas avaliadas. Este tutorial parte II apresenta as características de desempenho, a arquitetura das redes e a conclusão final sobre o comparativo das tecnologias HSPA e do WiMax Móvel. 3 HSPA e WiMax Móvel II: Características de Desempenho As características importantes de desempenho dos sistemas são taxas de dados, atraso, eficiência de espectro e cobertura. Para os usuários finais, essas características determinam quais serviços podem ser oferecidos. Para as Operadoras, são definidos o número de usuários e a área de cobertura da estação rádiobase, o que influencia diretamente o custo de operação do sistema. Esta seção apresenta as características de desempenho do HSPA e do WiMAX Móvel em termos de taxas de dados de pico, eficiência do espectro e cobertura. Em vez de abranger apenas uma versão (ou release) de cada família de sistema – o que poderia fornecer uma imagem errada – abrange-se um conjunto de versões do HSPA e do WiMAX Móvel, de forma a permitir uma comparação justa. Como muitas características são comuns a ambas as famílias de sistemas – incluindo os tipos de antenas (MIMO), modulação e codificação de canal – o desempenho é semelhante em muitos aspetos. Existem algumas diferenças, porém, tais como o regime duplex, as bandas de freqüência, a tecnologia de acesso múltiplo e a concepção do canal de controle, que dão origem a diferenças, por exemplo, nas taxas de bits e na cobertura do uplink. Taxas de Dados de Pico A taxa de dados de pico indica a taxa de bits que um usuário em boas condições de rádio propagação pode chegar quando o canal não é compartilhado com outros usuários. A figura 1 mostra as taxas de dados de pico de downlink e uplink, medidas acima da camada MAC, para um conjunto de conceitos dos sistemas. Versões iniciais do HSPA (Release 6) do e WiMAX Móvel Onda 1 (Wave 1) tinham taxas de dados de pico equivalentes. Figura 1: Taxas de dados de pico para um conjunto versões do HSPA e do WiMAX Observações: Para o WiMAX a simetria do TDD (Time Division Duplexing) é expressa em termos de número de slots de dados de downlink e uplink (isto é, 28:15). A utilização de MIMO multistream é indicada por um fator apresentado na frente do regime de modulação. O WiMAX Móvel usa modulação de nível superior (QAM64 no downlink e no uplink QAM16) ao HSPA Release 6 (QAM16 QPSK no downlink e no uplink). O HSPA Release 7 adotou o QAM64 e dois de fluxo 4 MIMO no downlink (mas não para uso simultâneo) e ofereceu desempenho comparável ao WiMAX Móvel Onda 2 (Wave 2). A taxa de dados de pico do HSPA Release 8 é maior que a do WiMAX Móvel Onda 2 (Wave 2). Neste caso, são utilizados os mesmos tipos de modulação (QAM64 e QAM16) e esquemas MIMO equivalentes (dois streams no downlink), mas existe sobrecarga menor no HSPA. O Release 8 também suporta a transmissão downlink utilizando 2 portadoras com QAM64, o que dá a mesma taxa de pico que a solução MIMO + QAM64. O WiMax Móvel usa as assimetrias TDD para aumentar a taxa de dados de pico do downlink através da diminuição da taxa de dados de pico do uplink. Eficiência do Espectro A eficiência do espectro mede o valor total máximo de dados que podem ser transportadas por uma célula por unidade de tempo, normalizado pela largura de banda do sistema utilizada. Para um dado valor de tráfego por usuário, a eficiência espectral pode ser utilizada para determinar o número de usuários que uma célula pode suportar (figura 2). Figura 2: Comparativo de eficiência de espectro Observação: Notar que os valores absolutos de eficiência de espectro variam de acordo com os modelos e premissas adotados, e os valores acima só devem ser utilizados para comparações não absolutas. Os valores de eficiência de espectro foram avaliados usando modelos, premissas e metodologia alinhados com as normas do 3GPP (neste caso, um sistema com 19 sites com três setores, colocados sobre uma malha regular com 500 m de distância inter-sites) [1]. Foram considerados usuários que demandam muita banda, e que estavam uniformemente distribuídas na área considerada. Os modelos de propagação selecionados, que utilizam modelos de correlação espacial entre antenas para permitir avaliações de MIMO precisas, simulavam um ambiente urbano. Modelos de sistema, tais como soluções de antenas e de potência de saída, foram alinhados com as capacidades dos sistemas estudados. Foram feitas hipóteses similares para todos os sistemas, com o objetivo de obter comparações justas. Nota: os números só devem ser utilizados para fins comparativos, e não como valores absolutos. A eficiência de espectro alcançada pelo HSPA Release 6 é dependente tipo de receptor. O WiMAX Móvel 5 Onda 1 (Wave 1) tem melhor eficiência de espectro que o HSPA Release 6 com receptores Rake básico (indicado pela linha pontilhada na figura 2). No entanto, com receptores mais avançados, tais como o G-Rake com diversidade de recepção, o HSPA tem eficiência de espectro substancialmente melhor – uma comparação do HSPA Release 6 com receptores avançados mostra que o HSPA tem eficiência de espectro maior. O HSPA Release 7 adota o modelo com MIMO com dois stream no downlink e com o QAM16 no uplink. O WiMAX Móvel Onda 2 (Wave 2) tem desempenho comparável com o HSPA Release 7. O HSPA Release 8 apresenta melhor eficiência de espectro WiMAX Móvel Onda 2 (Wave 2). Estes resultados são semelhantes aos apresentados pelo 3G Américas [2]. Os valores do WiMAX Móvel são um pouco menores do que aqueles apresentados pelo WiMAX Fórum, provavelmente devido a diferenças de modelagem [4]. O WiMAX Fórum não apresenta resultados para HSPA Releases 7 ou 8. Os seus resultados para o HSPA Release 6 são semelhantes aos apresentados aqui e assumem o uso de receptores simples. Cobertura A cobertura é uma forma de medida de desempenho essencial, uma vez que determina o número de sites necessários para implantar uma rede completa e a correspondente taxa de dados disponível para uma determinada distância. Uma forma comum de medição da cobertura é a utilização de orçamentos de potência de enlace de rádio (link budgets) que forneçam uma estimativa da perda máxima no espaço livre (path loss) entre a estação rádiobase e o terminal aceitável para todo o sistema. Orçamentos de potências (link budgets) precisos dependem de vários fatores e são simulados com maior eficiência para casos específicos. A comparação relativa de orçamentos de potência para sistema com concepções diferentes são meramente informativas e mais fáceis de realizar. O HSPA e o WiMAX Móvel têm características distintas que afetam a orçamento de potência, tais como a potência de saída, o modo duplex e as bandas de freqüências, especialmente para o enlace do uplink, que é, normalmente, o enlace limitante. A figura 3 apresenta um resumo do impacto dessas características. Figura 3: O HSPA tem cobertura de 6 a 10 dB maior que o WiMAX Móvel Usando classes típicas de potência de terminais, a potência máxima de saída dos terminais do WiMAX Móvel (23 dBm) é 1dB menor que os equivalentes para o HSPA (24 dBm). Isto constitui uma diferença de 1 dB no orçamento de potência. Uma razão para esta disparidade é a diferença na modulação no uplink e nos métodos de acessos múltiplos. 6 Com o TDD, se o enlace é usado apenas metade do tempo para uma determinada taxa média de dados, então a taxa de transmissão de dados deve ser duas vezes maior. Se o enlace é utilizado um quarto do tempo, então a taxa de transmissão de dados deve ser quatro vezes maior. Os enlaces de rádio para terminais celulares na fronteira das células são tipicamente limitados em potência. Isto significa que a taxa de bits máxima é proporcional à potência transmitida, mas não tem relação com a largura de banda do canal. Para compensar essa perda, o terminal deverá ter uma melhor perda no espaço livre (path loss) – por um fator da ordem de 2 (3 dB) ou 4 (6 dB), para fatores de atividade de 50% e 25%, respectivamente. Além destas diferenças, o soft handover no HSPA melhora a cobertura, e o menor overhead melhora a sensibilidade. Em resumo, apesar do HSPA e do WiMAX Móvel serem baseadas em técnicas semelhantes, o orçamento de potência do WiMAX Móvel pode ser 6 dB menor que o do HSPA. Em uma rede limitada pela cobertura, isto se traduz na necessidade de 2,2 vezes mais sites. Este valor é obtido com base na propagação d 3,5 (o que é típico nas zonas urbanas e suburbanas). Neste caso, um aumento de 6 dB (um fator de quatro) na perda de propagação ao ar livre (path loss) corresponde a uma perda de distância de cobertura de um fator de 41 / 3,5 = 1,5, ou a uma perda de área de cobertura de um fator de 1,5 2 = 2,2. Nas zonas rurais, que têm expoentes menores de perda de propagação ao ar livre, as diferenças são ainda maiores. Para as implantações baseadas em cobertura, o WiMAX Móvel em 2,6 GHz necessitaria aproximadamente 2,3 a 3,4 vezes mais sites do que HSPA em 2,1 GHz. Mesmo em comparação com HSPA em 2,6 GHz, o WiMAX Móvel aumenta o número de site em cerca de 1,7 a 2,5 vezes. Caso Real O HSDPA se tornou comercialmente disponível em 2005 e desde então têm sido lançadas redes em operação comercial em todo o mundo. Inicialmente, os terminais de usuários foram limitados a cinco códigos e modulação QAM16, dando uma taxa de dados teórica máxima de 3,6 Mbit/s. O feedback das redes em operação mostra que a taxas reais estão perto das simulações teóricas (figura 4). Muitos terminais de usuários suportam agora 10 códigos e têm uma taxa de dados teórica máxima de 7,2 Mbit/s (figura 5). Em redes comerciais esses terminais apresentam resultados impressionantes com taxas de dados de até 6 Mbit/s para o usuário final. Melhor ainda, os primeiros terminais que suportam 15 códigos e modulação QAM64 estão sendo disponibilizados. Testes iniciais mostram que esses terminais podem suportar taxas de dados médias de pouco mais de 10 Mbit/s. O HSPA é uma tecnologia madura, que oferece serviços móveis de banda larga cujo desempenho concorre com as redes fixas de banda larga (como ADSL e as redes de TV a cabo). Cálculos de carga em uma rede HSPA mostram que com 10 GB mensais cota de download, as Operadoras podem oferecer uma taxa flat comercialmente viável para serviço de banda larga móvel para todos os assinantes da rede. 7 Figura 4: Desempenho HSPA medido em uma rede em operação comercial Figura 5: Desempenho HSPA medido em um sistema comercial através de um terminal que suporta até 7,2 Mbit/s 8 HSPA e WiMax Móvel II: Arquitetura da Rede O 3GPP é uma colaboração entre os vários órgãos de padronização de telecomunicações. Trata da padronização do GSM e do WCDMA para um sistema de comunicação móvel completo, incluindo aspectos dos terminais, redes de acesso de rádio, redes principais, e de partes da rede de serviços. A interface aérea (de rádio), bem como a rede, estão progressivamente sendo melhorados com cada avanço da especificação 3GPP. No mesmo passo que o HSPA, o 3GPP Release 7 aperfeiçoou a arquitetura de referência (figura 6) com um túnel direto 3G que otimiza a distribuição banda larga móvel e sem fio. Comparado com 3GPP Release 6 e as arquiteturas anteriores, a arquitetura de túnel direto prevê um caminho direto de dados a partir do RNC (Radio Network Controller) ao GGSN (Gateway GPRS Support Node), aumentando a flexibilidade da topologia e melhorando a latência. Figura 6: Visão geral da arquitetura de referência do 3GPP WiMAX Fórum e IEEE O padrão IEEE 802.16 abrange a interface aérea (IEEE 802.16e) e conectividade básica até a camada de acesso ao meio (MAC). O WiMAX Fórum definiu as especificações para a arquitetura das redes WiMAX (figura 7). A primeira especificação (Release 1.0) tem como foco a entrega de serviços de Internet com mobilidade. Atualmente, a arquitetura de rede define três perfis RAN – Radio Access Network (Perfil A, B Perfil, Perfil C), cada um com uma alocação funcional diferente: Perfil A: Modelo ASN (Access Service Network) com estação radiobase e gateway ASN (ASN-GW) executados em plataformas distintas, interagindo através da interface R6. Gerenciamento separado dos recursos de rádio, com um agente de recursos de rádio na estação radiobase e um controlador de recursos de rádio no ASN-GW. Interfaces abertas para o Perfil A: R1, R6, R4, e R3. Perfil B: Solução ASN onde as funções de estação radiobase e de ASN-GW são implementadas em uma única plataforma. Interfaces abertas do Perfil B: R4 e R3. Perfil C: Similar ao perfil A, com exceção do gerenciamento dos recursos de rádio não está dividido, estando localizado inteiramente na estação radiobase. 9 Figura 7: Arquitetura de rede WiMAX Móvel Comparação de Arquiteturas A figura 8 compara a arquitetura do WiMAX Móvel com a arquitetura de serviços de banda larga móvel do 3GPP Release 7. Os requisitos sob análise são muito semelhantes em termos de atribuições funcionais e arquitetura. No entanto, a seleção de protocolos de cada órgão de padronização tem sido influenciada pela tecnologia escolhida. O 3GPP baseia-se nos protocolos GTP (Generic Tunneling Protocol) e DIAMETER, que proporcionam um interfuncionamento otimizado com os terminais GSM legados e ancoramento comum no GGSN para terminais dual-mode GSM / WCDMA / HSPA. Além disso, o GTP fornece uma forma eficiente de lidar com o QoS (Quality of Service) e de criar conexões com serviços de suporte rádio (radio bearers). O WiMAX Fórum, pelo contrário, tem se baseado nos protocolos Mobile IP e RADIUS, mas também suporta PMIP (Proxy Mobile Internet Protocol) e CMIP (Common Management Information Protocol) tanto para IPv4 e IPv6. Uma comparação do Mobile IP e do GTP revela várias semelhanças em termos de funcionalidade. Por exemplo, os protocolos resolvem os mesmos tipos de problemas em áreas como gerenciamento de sessão, a configuração de túnel no plano do usuário (user plane tunnel setup) para o payload IPv4 e IPv6, e sessões com vários pacotes. No entanto, usando protocolos de tunelamento IP para satisfazer a necessidade de mobilidade sem fios requer um conjunto grande de funcionalidades em áreas como gerenciamento de serviços (bearer management), QoS, tarifação, informações de tipo de acesso rádio, e muito mais. Desde o início, o GTP foi adaptado para suportar esta funcionalidade. Isto difere da abordagem do WiMAX Fórum, que, ao contrário, tem aumentado o conjunto de protocolos do IETF para incluir funcionalidades específicas de redes sem fios e para implantar múltiplos protocolos em paralelo sobre a mesma interface. A um nível elevado, o RADIUS e o DIAMETER são similares. Ambos foram desenvolvidos pelo IETF, e o DIAMETER é uma versão aperfeiçoada do RADIUS. O DIAMETER é amplamente utilizado nas especificações do IMS e fornece funcionalidades adicionais ao RADIUS, principalmente na área desempenho para grandes Operadoras (carrier-grade). Isto se traduz em funcionalidades, tais como pacotes padronizados de aplicações (em vez de atributos específicos do fabricante), camada de transporte confiável, 10 comunicação bidirecional, e mecanismos heartbeat. Figura 8: Arquiteturas de rede do HSPA e do WiMAX móvel Evolução da Arquitetura de Sistema (System Architecture Evolution – SAE) A arquitetura de sistema de evolução (System Architecture Evolution – SAE), especificada em conjunto com o LTE (Long Term Evolution), é o próximo passo na evolução da arquitetura 3GPP. Ela vai apresentar uma arquitetura de rede plana com QoS simplificado, para a prestação de serviços IP (figura 9). O SAE é uma evolução do 3GPP Release 7, com suporte para o LTE e para tecnologias de acesso que não fazem parte do conjunto de recomendações do 3GPP, bem como as atuais tecnologias de acesso do 2G e do 3G. A arquitetura divide o controle de pacotes do núcleo da rede e as funcionalidades do plano de usuário em nós de rede separados. Além disso, ainda otimiza a arquitetura HSPA para serviços de banda larga móvel com dois nós (eNodeB e SAE gateway – SAE-GW) no plano de usuário para os principais tipos de usos. A entidade de gerenciamento de mobilidade (Mobility Management Entity – MME), uma evolução do servidor SGSN (Serving GPRS Support Node), foi especificada para a funcionalidade de Túnel Direto 3G (3G Direct Tunnel) no 3GPP Release 7. Há uma grande probabilidade de que muitas implementações irão incluir o MME junto com o SGSN. O nó SAE-GW irá incluir funcionalidades aperfeiçoadas do GGSN, tais como interfaces de rede IP e ponto de presença IP para usuário final, inspeção pacotes (profunda e superficial), bem como a tarifação em tempo real, a política de controle, e mobilidade para acessos de tipos diferentes dos acessos 3GPP usando IP móvel. Além disso, as Operadoras que implementarem a evolução das suas redes para LTE / SAE a partir de GSM / WCDMA / HSPA poderão usufruir de compatibilidade plena com as redes legadas. 11 Figura 9: Visão geral da arquitetura SAE WiMAX Móvel Detalhes da evolução da arquitetura da rede WiMAX Móvel que serão implementadas após o Release 1.0, aprovado em Março de 2007, são descritos no Release 1.5, que inclui funcionalidades aperfeiçoadas, tais como gerenciamento de políticas e suporte IMS, suporte a serviços pré-pagos, serviços de emergência, e roaming. 12 HSPA e WiMax Móvel II: Considerações finais Considerando que o HSPA e o WiMAX Móvel empregam muitas técnicas iguais, seu desempenho é comparável em muitas áreas. Entretanto, diferenças importantes em áreas tais como modo duplex (FDD versus TDD), bandas de freqüência, tecnologia de múltiplos acessos, concepção de canal de controle dão origem a diferenças nas taxas de bits de uplink e na cobertura. Embora as taxas de dados de pico, a eficiência espectral e arquitetura de rede da Evolução do HSPA e do WiMAX Móvel sejam semelhantes, o HSPA oferece melhor cobertura. Em suma, o WiMAX Móvel não oferece qualquer vantagem tecnológica sobre o HSPA. Além disso, o HSPA é uma tecnologia comprovada de banda larga móvel implantada em mais de 250 redes comerciais. É construído sobre os alicerces fundamentados da família de recomendações do 3GPP, oferecendo aos usuários as velocidades de banda larga que eles querem e os serviços de Voz de grande porte (carrier-grade) que eles esperam. O HSPA pode ser construído com base em sites da rede de rádio GSM existente e é uma atualização de software das redes WCDMA instaladas. Quando utilizado em conjunto com os terminais dual-mode, estes fatores ajudam a garantir cobertura nacional para Voz (GSM / WCDMA) e dados (HSPA / EDGE). Graças ao seu legado, o HSPA oferece às Operadoras uma rede única para vários serviços com um business case sólido construído sobre as receitas de Voz, SMS, MMS, roaming, e banda larga móvel. O HSPA oferece um ecossistema de inigualável amplitude e profundidade, e com economias de escala sem comparação, que beneficia todos os seus participantes, e que atende atualmente mais de 2 bilhões de assinantes. A escolha de tecnologia da Operadora hoje irá influenciar suas operações durante muitos anos. A boa notícia neste contexto é que as tecnologias 3GSM são à prova de futuro em termos de investimento inicial, economias de escala, e capacidade de ampliar e melhorar continuamente a solução. Em comparação com outras alternativas, o HSPA é a clara e indiscutível escolha para serviços de banda larga móvel. O tutorial parte I apresentou o histórico e a principais características do HSPA e do WiMax Móvel, suas principais semelhanças e diferenças, e finalizou com uma tabela comparativa das características técnicas avaliadas. Este tutorial parte II procurou apresentar as características de desempenho, a arquitetura das redes e a conclusão final sobre o comparativo das tecnologias HSPA e WiMax Móvel. Referências [1] 3GPP. Outubro de 2006. TR 25.814, Physical layer aspect for evolved Universal Terrestrial Radio Access (UTRA). Disponível em: http://www.3gpp.org/ftp/Specs/html-info/25814.htm Acessado em 08/12/2008 13 [2] 3G Americas. Setembro de 2006. Mobile Broadband: EDGE, HSPA and LTE. Disponível em: http://www.3gamericas.org/English/Technology_Center/WhitePapers/ Acessado em 08/12/2008 [3] 3rd Generation Partnership Project (3GPP). Disponível em: http://www.3gpp.org/ Acessado em 08/12/2008 [4] WiMAX Fórum. Disponível em: http://www.wimaxforum.org/ Acessado em 08/12/2008 [5] IEEE-SA. Junho de 2004. IEEE 802.16-2004 Air Interface for Fixed Broadband Wireless Access Systems. Part 3: Radio Conformance Tests (RCT)for 10–66 GHz WirelessMAN-SC™ Air Interface. Disponível em: http://standards.ieee.org/getieee802/802.16.html Acessado em 08/12/2008 [6] IEEE-SA. Fevereiro de 2006. IEEE 802.16e-2005 Air Interface for Fixed and Mobile Broadband Wireless Access Systems. Part 16: Air Interface for Fixed and Mobile Broadband Wireless Access Systems. Disponível em: http://standards.ieee.org/getieee802/802.16.html Acessado em 08/12/2008 14 HSPA e WiMax Móvel II: Teste seu entendimento 1. O que indica a taxa de dados de pico, na comparação entre as tecnologias HSA e WiMax Móvel? Indica a taxa de bits que um usuário em boas condições de rádio propagação pode chegar quando o canal não é compartilhado com outros usuários. Indica a taxa de bits mínima de um usuário. Indica a taxa de bits que um usuário em pode chegar quando o canal é compartilhado com outros usuários. Indica a taxa de bits que um usuário em boas condições de rádio propagação pode chegar quando o canal uplink não é compartilhado com outros usuários. 2. O que mede a eficiência de espectro na comparação efetuada neste tutorial? A eficiência do espectro a freqüência de transporte de uma célula, normalizado pela largura de banda do sistema utilizada. A eficiência do espectro mede o tempo de transporte de uma célula, normalizado pela largura de banda do sistema utilizada. A eficiência do espectro mede o valor mínimo de dados que podem ser transportadas por uma célula por unidade de tempo, normalizado pela largura de banda do sistema utilizada. Mede o valor total máximo de dados que podem ser transportadas por uma célula por unidade de tempo, normalizado pela largura de banda do sistema utilizada. 3. Quais são as tecnologias de suporte dos protocolos das arquiteturas do HSPA e do WiMax Móvel? Para o HSPA o 3GPP baseia-se apenas no DIAMETER, e o WiMax baseia-se no apenas no Mobile IP. Para o HSPA o 3GPP se baseia no GTP e no RADIUS, e para o WiMax o WiMax Fórum se baseia no Mobile IP e no DIAMETER. Para o HSPA o 3GPP se baseia no GTP e no DIAMETER, e para o WiMax o WiMax Fórum se baseia no Mobile IP e no RADIUS. Para o HSPA o 3GPP se baseia no Mobile IP e no DIAMETER, e para o WiMax o WiMax Fórum se baseia no GTP e no RADIUS. 15