NORTE 2015
Grupo de Prospectiva: As Actividades Económicas
Atelier Temático: Intensificação Tecnológica e Especialização Regional - Eixo TICES
e Máquinas e Material Eléctrico)
TICES e Máquinas e Material Eléctrico
– Documento de Enquadramento Preliminar –
Perito: José Manuel Mendonça
Data: Setembro de 2005
Todas as posições expressas nos documentos produzidos pelos peritos são da estrita responsabilidade dos seus autores, não
vinculando nem comprometendo, em caso algum, a CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte).
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Índice
1
Termos de Referência e Organização do Trabalho
3
2
“Brain- Storm” Preliminar Sobre os Quesitos Colocados ao
Eixo TICE_MME
5
2.5
2.6
2.7
2.8
Áreas de Negócio
Sub - sectores e Tipos de Empresas
Importância Económica do Eixo TICE_MME
Contributo para Alteração do Perfil de Especialização a Nível
Regional ou Sub-regional
Inserção na Cadeia de Valor
Origem das Empresas (e Controlo Accionista)
Contributo do Sistema Científico e Tecnológico
Adequação e Papel do Sistema Financeiro
3
Passos Seguintes no Desenvolvimento do Trabalho
2.1
2.2
2.3
2.4
2
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1. Termos de Referência e Organização do Trabalho
Sem prejuízo de posterior enriquecimento, foram entendidos como abaixo se apresenta os Termos
de Referência apresentados para o corrente trabalho.
Enquadramento do NORTE 2015
•
Diagnóstico regional com vista à preparação de uma estratégia nacional,
nacional que possa atender às
especificidades regionais dos sectores/sub-sectores de actividade em apreço, para o próximo
período de programação financeira comunitária.
comunitária
•
Trabalho de reflexão estratégica e de construção de um Quadro de Referência Estratégico
Nacional,
Nacional a partir de trabalho de reflexão que contemple a diversidade regional.
Objectivos do NORTE2015
De entre os objectivos traçados, destacam-se os seguintes:
•
Estudo e observação dos impactos regionais do alargamento da UE e, em geral, da globalização
económica,
económica com especial atenção ao papel dos países aderentes à União europeia e sobretudo
das economias emergentes da Ásia.
•
Definir prioridades e vectores de desenvolvimento que permitam aumentar significativamente a
coesão intra-regional e nacional.
•
Gerar consensos alargados sobre as questões decisivas
decisivas para o desenvolvimento da região.
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Objecto: Eixo TICEs e Máquinas e Material Eléctrico
Apontam-se algumas linhas condutoras para a análise do Eixo Tecnologias de Informação,
Comunicação e Electrónica e Máquinas e Material Eléctrico (TICE_MME), eixo no qual pontuam
sectores com posicionamentos bem distintos.
Este eixo enquadra assim sectores de actividade potencialmente emergentes, outros sectores
emergentes e já com alguma expressão e ainda sectores completamente consolidados ou maduros.
Todos esses sectores têm potencial de desenvolvimento tecnológico ligado:
-
às tecnologias de informação, comunicação e electrónica,
-
às máquinas e material eléctrico,
-
à robótica,
-
às nanotecnologias.
Apresenta-se assim, nesta primeira versão para suporte à discussão, o trabalho organizado nas
seguintes vertentes:
•
Subsectores e tipo de empresas emergentes
•
Importância económica do Eixo TICE_MME
•
Contributo para alteração do perfil de especialização regional ou sub-regional
•
Inserção na cadeia de valor
•
Origem das empresas no Eixo TICE_MME
•
Contributo do Sistema Científico e Tecnológico
•
Adequação e papel do Sistema Financeiro
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2. “Brain-storm” preliminar sobre os quesitos colocados ao Eixo TICE_MME
2.1 Áreas de Negócio
Como ponto de partida para o trabalho enunciado, deixa-se uma muito breve caracterização das
principais áreas de negócio, nesta primeira versão ainda sem qualquer informação estatística acerca
da sua segmentação assim como da dos mercados.
Organizam-se assim, para cada um dos sectores/sub-sectores, actividades de diferentes tipos, tais
como:
- serviços de consultoria e engenharia de sistemas (análise de requisitos, projecto de arquitectura de
sistemas, “procurement” de componentes, integração e instalação de soluções),
- concepção, desenvolvimento, fabrico e venda de componentes, sistemas e equipamentos.
Sistemas de Informação
-
desenvolvimento de sistemas de informação, consultoria e serviços, incluindo análise de
requistos, concepção de soluções, “procurement” de componentes e sub-sistemas, integração,
instalação e manutenção
-
desenvolvimento de pacotes de software para gestão empresarial dedicados a áreas funcionais
específicas (ERP’s, qualidade, logística, escalonamento de operações, CRM,
workflow
management, e-business, etc.) e/ou adaptados a sectores de actividade da indústria e/ou
serviços (calçado, têxteis, cerâmicas, gráficas, retalho, distribuição, etc.)
-
desenvolvimento de pacotes de software aplicacional para outros nichos de mercado
específicos (logística e transportes, posicionamento e cartografia, segurança de sistemas,
sistemas de energia, serviços de saúde, governo electrónico, administração autárquica, gestão
ambiental, etc.)
(Tele)comunicações
-
desenvolvimento de tecnologias e sistemas de suporte a novos serviços de valor acrescentado
para os ISP’s, os operadores, etc., disponibilizarem aos seus clientes ou para suporte das suas
operações internas (por exemplo, facturação)
-
concepção, “procurement” e instalação de componentes e sistemas em redes baseadas em
infra-estruturas IP, redes ópticas e redes sem fios
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Electrónica
-
desenvolvimento e fabrico de cartas electrónicas, sub-sistemas e sistemas electrónicos para
aplicações específicas de nicho (exemplo: fontes de alimentação não-interruptíveis)
-
desenvolvimento
de
sistemas
integrados
de
informática
e
automação
industrial
(TIC’s+electrónica/sensores/actuadores) para: aplicações industriais; gestão técnica de grandes
instalações; edifícios inteligentes; hospitais; redes de águas, redes eléctricas, etc.
-
fabrico de semicondutores (tecnologia do Si, em particular CMOS; tecnologias optoelectrónicas) e outros componentes com electrónica integrada (sensores, por exemplo)
Máquinas eléctricas (e não eléctricas?)
-
desenvolvimento e fabrico de motores, transformadores e outras máquinas eléctricas
-
desenvolvimento e fabrico de máquinas e instalações com projecto especial por encomenda
-
desenvolvimento e fabrico de máquinas-ferramenta CNC simples (prensas, quinadeiras,
máquinas de corte por jacto de água, fresadoras, etc.) para mercados como o da indústria do
calçado, cortiça, metalomecânica, alimentar, etc.
Material Eléctrico (e Aparelhagem Eléctrica)
-
material para instalações eléctricas de baixa tensão, incluindo cabos eléctricos, caixas e outros
componentes de BT, aparelhagem de protecção e corte (disjuntores, contactores, quadros
eléctricos)
-
material para instalações de média tensão (cabos eléctricos, disjuntores, contactores, quadros
eléctricos, sistemas de comando e protecção)
-
material para instalações de alta tensão (cabos eléctricos, disjuntores, contactores, quadros
eléctricos, sistemas de comando e protecção, telemetria e telecontrolo)
-
componentes e interfaces para sistemas de gestão de redes eléctricas e de sistemas eléctricos
de energia
-
componentes e sistemas eléctricos e electro-mecânicos para automação de equipamentos
(Automação e) Robótica
-
sistemas de automação e controlo de movimento
-
sistemas robóticos e células robotizadas
-
veículos filoguiados
-
armazéns semi-automáticos e automáticos
-
sistemas transportadores semi-automáticos e automáticos
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-
automação de máquinas e de processos de fabrico e montagem
(Micro e) Nanotecnologias
-
microsensores de fibra óptica
-
MEM’s (Micro Electronic Mechanical Modules)
-
Micromoldação
2.2 Sub-sectores e tipos de empresas
Procurou-se aqui segmentar as áreas de negócio/sectores/sub-sectores acima dividindo-as em três
grupos distintos:
- sectores maduros ou consolidados – aqueles que têm uma presença regional relevante de
décadas, através, nomeadamente, de empresas de considerável dimensão, nacionais e/ou
estrangeiras, que têm assegurado a sua continuidade;
- sectores emergentes – os que têm uma presença mais recente, mas que apresentam um potencial
de crescimento e de consolidação inquestionáveis;
- sectores potencialmente emergentes – aqueles em que existe um potencial de acumulação
tecnológica interessante e alguma actividade empresarial ainda de dimensão reduzida, mas com os
quais é expectável que se cruzem, em breve, oportunidades de negócio interessante em mercados
emergentes.
Sub-sectores consolidados
Atendendo aos critérios atrás definidos, consideram-se maduros ou consolidados os seguintes
sectores de actividade nas áreas em análise:
-
máquinas, material eléctrico, cabos eléctricos
-
sistemas simples de automação e supervisão de máquinas e processos industriais
-
cartas e sub-sistemas electrónicos, como fontes de alimentação não-interruptíveis
-
semicondutores (processos front-end)
-
sistemas de informação autárquica
Sub-sectores emergentes
Da mesma forma, consideram-se emergentes os seguintes:
-
automatização avançada de máquinas e equipamentos de fabrico e montagem
-
software e sistemas dirigidos a nichos de mercado, em áreas tão diversas como a mobilidade,
os jogos ou a distribuição
-
cablagens complexas com fibras ópticas
-
sistemas de gestão de redes eléctricas e telecomunicações
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Sub-sectores com potencial para se tornarem emergentes
Finalmente, caem nos potencialmente emergentes os nichos seguintes:
-
componentes ópticos, microsensores de fibra óptica
-
MEM’s (Micro Electrononic Mechanical Sstems)
-
instrumentação médica
-
informatização hospitalar integrada
-
tecnologias de suporte ao negócio e às transacções electrónicas
-
sistemas informático de apoio à decisão de gestão (EISs- Executive Information Systems)
-
sistemas integrados de apoio á mobilidade de pessoas (intermodalidade em áreas urbanas) e
mercadorias (integração de plataformas logísticas)
2.3 Importância económica do Eixo TICE_MME
A dimensão económica do eixo TICE_MME, expressa tanto na região como no país, é modesta
quando comparada com a que estes sectores assumem em alguns países e regiões da Europa. E
também não está na primeira linha em termos do peso da produção e das exportações da região,
ainda dominadas pelos denominados sectores tradicionais ou maduros ligados ao têxtil e vestuário,
ao calçado,à fileira florestal, etc.
Um dos parâmetros mais relevante na avaliação da importância económica de alguns dos subsectores é alvo de análise no quadro seguinte, que compara o VA por empregado em k€ (apparent
labour productivity) em vários países da UE e com a média da União Europeia a 15.
Sector
Fabrico
UE
equipam.
Finlândia
Alemanha
52,1
114,9
60,4
44,8
54,1
54,6
105,2
97,9
55,2
46,8
Irlanda
Portugal
Espanha
121,9
23,9
43
48,7
21,8
37,3
125,4
124,8
32,7
36,5
Eléctrico e óptico
Fabrico máquinas e
equipamento
Telecomunicações
Computadores
e
130,1
actividades relac.
Com as cautelas sempre aconselháveis às análises deste tipo de dados estatísticos, é de relevar o
facto de nas actividades de fabrico – equipamento eléctrico e óptico e máquinas e outro
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equipamento – o VA por empregado em Portugal ser menos de metade da média europeia e
significativamente inferior ao da Espanha. Já nas telecomunicações, o VA é, a par com a Espanha,
dos mais elevados da Europa.
O impacto indirecto destes sectores na economia também pode ser avaliado e pode ser mesmo
mais relevante do que o acima referido impacto directo. Segundo alguns estudos internacionais,
cerca de 10% dos aumentos de produtividade da economia americana são directamente imputáveis
às tecnologias de informação. No caso presente, acrescem outras tecnologias ligadas à electrónica e
aos bens de equipamento que reforçam, e muito, o impacto das tecnologias de informação
essencialmente centrado em processos de inovação organizacional e de negócio.
As TICE_MME são, de facto, “enabling technologies”, i.e. tecnologias potenciadoras dos seus
sectores clientes e a sua introdução leva ao aumento do nível de automação e de informatização
dos processos de fabrico e de negócio, o que conduz ao aumento de produtividade, flexibilidade,
resposta rápida, qualidade, VA, etc.
Este impacto existe, quer a nível da indústria quer dos serviços a ela directamente associados (em
processos ligados ao design, engenharia, logística inter-empresarial, distribuição, etc.), quer ainda
dos serviços públicos determinantes nas condições de contexto em que as empresas se
movimentam.
2.4 Contributo para alteração do perfil de especialização a nível regional ou sub-regional
Como “enabling technologies”, no sentido que lhes foi atribuído acima, as TICE_MME contribuem
para a alteração do perfil de especialização regional ou sub-regional a dois níveis distintos:
-
aumentando a capacidade tecnológica das empresas dos sectores dominantes na região, em
especial dos sectores maduros referidos como “tradicionais” (têxtil, vestuário, calçado,
madeira/mobiliário, cortiça, metalo-mecânica) mas também dos sectores de média-alta
tecnologia, como o dos componentes para automóvel, ajuda-os a por um lado aumentar a
eficiência operacional (no triângulo custos/tempos/qualidade) e por outro a deslocarem-se para
produtos e serviços de maior conteúdo tecnológico e portanto diferenciados e de maior valor
acrescentado; esta é provavelmente uma das vias mais eficazes para, nestes sectores, resistir às
ameaças de deslocalização da produção para a Europa de leste ou para a Ásia ou para ser capaz
de, perante a sua inevitabilidade, controlar essa deslocalização através da liderança:
.
na concepção e fabrico dos produtos de maior conteúdo tecnológico e maior valor acrescentado,
.
no domínio dos processos tecnológicos de fabrico,
.
e na implementação de modelos de negócio inovadores.
-
fomentar “clusters” de fabricantes de bens de equipamento e de soluções de automação e
informatização para essas indústrias “tradicionais”, quer tenham a sua produção residente quer
deslocalizada;
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esses fornecedores de bens de equipamento, software e automação beneficiam da proximidade dos
clientes, cada vez mais exigentes, mesmo nos sectores ditos “tradicionais”, dado serem empresas
exportadoras e internacionalizadas e beneficiam também da proximidade dos fornecedores dos
componentes, dos sub-sistemas e dos serviços de I&D de que necessitem, fechando-se assim a
cadeia de valor.
Em qualquer dos casos, a agenda das empresas da região nestes sectores terá necessariamente de
as colocar num quadro competitivo global desenvolvendo, fabricando e exportando bens e serviços,
para que terão de recorrer a todo o potencial tecnológico e de inovação a que possam lançar mão.
Uma presença forte do sector das TICE_MME na região afigura-se assim como verdadeiramente
crucial, não só pelo relevante papel que acima lhe é atribuído mas também pelo que essa presença
significa em termos de “inteligência ambiente” e de potencial de criatividade e inovação regional.
Este argumento poderá parecer demasiado fraco ou falho de prova, mas a realidade mostra que
não.
Por alguma razão algumas das mais avançadas empresas do mundo na área do automóvel (BMW,
Daimler-Chrysler, Volkswagen, Toyota) colocaram os seus centros de prospectiva tecnológica a
nível mundial na área das TICE’s em Silicon Valley, bem rodeadas em termos de “ambient
inteligence”. E é facto que muitas das soluções inovadoras em termos de electrónica automóvel,
sistemas de navegação, comunicações, etc., surgem da interacção desses OEM’s com esse
ambiente rico, um autêntico “enabling environment”.
2.5 Inserção na Cadeia de Valor
O posicionamento na cadeia de valor é muito variável, dada a diversidade dos sectores, mas
abrangendo, em diversos casos, a quase totalidade da cadeia de valor, desde a concepção e
engenharia de produto à comercialização e venda.
É assim, no caso dos produtos de nicho, uma cadeia de valor alargada a montante e a jusante. Não
se passa o mesmo, porém, com produtos globais fabricados localmente por empresas
multinacionais, caso em que só uma parte confinada do valor do produto é acrescentado em
Portugal.
De qualquer forma, o posicionamento na cadeia de valor é muitíssimo mais abrangente, de uma
forma geral, nas TICE_MME do que nos sectores ditos “tradicionais” seus clientes (têxteis ou
calçado) ou mesmo nas indústrias de ponta controladas por multinacionais (semicondutores).
O problema do reposicionamento na cadeia de valor para incluir fases ou tarefas de maior valor ou
o do alargamento da posição a montante (da produção para o design e a engenharia) e a jusante (da
produção para a distribuição) é específico de cada um dos sub-sectores em análise e tem de ser
analisado nesse contexto.
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2.6 Origem das Empresas (e Controlo Accionista)
A diversidade existente quanto ao grau de maturidade dos sub-sectores acarreta necessariamente
diversidade quanto à origem das empresas e/ou ao tipo de controlo accionista, que parece ser uma
perspectiva interessante complementar da primeira. Nesse sentido segmentou-se a análise em
função do grau de maturidade da actividade.
Sub-sectores consolidados
Em áreas como a electrónica, semicondutores, cabos eléctricos, máquinas eléctricas e aparelhagem
eléctrica há tradição de várias décadas na região Norte, essencialmente através de empresas de
dois tipos:
-
empresas multinacionais com operações locais que contam como IDE (por exemplo, a Infineon,
GE Power Controls, etc.)
-
empresas com estrutura accionista mista, i.e. familiar, dispersão bolsista, fundos de
investimento, etc. (por exemplo, grupo Efacec ou Cabelte)
Sub-sectores emergentes
Nas áreas do software e serviços de telecomunicações, mais recentes mas fortemente implantadas,
surgem:
-
empresas com grupos empresariais como accionistas de referência e alguma dispersão bolsista
(por exemplo, Sonae.com ou Enabler)
-
spin-offs de base tecnológica alavancados com capital de risco (Mobicomp)
Sub-sectores com potencial de se tornarem emergentes
Finalmente, nos novíssimos sectores de actividade surgem essencialmente:
-
spin-offs recentes com capital de risco (Fibersensing) ou ainda em fase de proof of concept ou
fund raising
Em jeito de reflexão
Ao analisar a origem das empresas e o tipo de controlo accionista parece mais relevante reflectir –
no quadro estrito das TICE_MME – sobre as razões pelas quais:
- determinado tipo de actividade surgiu e floresceu na região (mão-de-obra residente de qualidade a
preços competitivos ?, proximidade de um aeroporto internacional ?);
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- enquanto outro tipo de actividade nasceu na região e logo depois saiu (na busca da proximidade
do poder?, de mão-de-obra qualificada?, do mercado?);
- ou ainda as razões pelas quais outras actividades nem sequer chegaram a existir na região porque
esta foi incapaz de as atrair, como foi o caso da Intel há alguns anos atrás.
2.7 Contributo do Sistema Científico e Tecnológico
Até à década de 70 pode afirmar-se que o Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) era
inexistente e, por maioria de razões, no norte do país, uma vez que cerca de 60 % do investimento e
da despesa em I&D era, ao tempo, realizada na região de Lisboa.
A partir da década de 80 aumentou muito o potencial daquilo a que podemos chamar, com boa
vontade, um SCTN, em resultado de vários factores:
-
a internacionalização da I&D portuguesa, ao arrasto da participação em programas de I&D
europeus,
-
o aumento exponencial do número de licenciados e doutorados nas áreas tecnológicas, muitos
dos quais no estrangeiro,
-
o investimento na formação avançada de recursos humanos e no equipamento de laboratórios
de ensino e investigação.
A capacidade de relacionamento do meio científico com as empresas tornou-se visível, com a
criação de novos tipos de entidades: os institutos de interface universitária e os centros tecnológicos
sectoriais.
Para além de fornecer recursos humanos melhor qualificados, a universidade passou a ser capaz de
apoiar as empresas através da participação em projectos conjuntos de desenvolvimento
tecnológico, prestação de serviços de consultoria ou de serviços de I&D no âmbito do
desenvolvimento de novos produtos ou processos.
Mais tarde, a universidade passou a participar activamente na incubação de novas empresas de
base tecnológica – um novo veículo de transferência para o mercado de tecnologias inovadoras de
risco mais elevado.
Na área das TICE’s é de relevar o papel do INESC no Porto, que em 1995 arrancou com um modelo
inovador de organização das actividades de I&D universitário, agregando jovens investigadores das
Faculdades de Ciências e de Engenharia da Universidade do Porto. Mais tarde surgiram outros
institutos de interface e centros de I&D ligados às Universidades do Porto e Minho, com objectivos
idênticos: criar condições para desenvolver actividades de I&D em alternativa à generalizada falta de
condições no seio das instituições universitárias.
Nos anos 80 e 90 a AITEC (incubadora de empresas de TIC’s ligada ao INESC) lançou no norte
diversas empresas (Novabase-Porto, Medidata, CF&A, Imediata, Vantec, etc.), seguindo-se alguns
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anos mais tarde a incubação de empresas nesta área ligada à Universidade do Minho, dando
origem ao actualmente denominado “cluster de software do Minho”.
O potencial existente nas universidades e institutos de I&D a elas ligados na área das TICE_MME
está ainda muito longe de estar explorado, contando-se diversos institutos, centros de I&D e
laboratórios associados com classificações de excelente e muito bom nas avaliações científicas
internacionais e um nível bastante razoável de intervenção junto do tecido económico regional e até
nacional.
O contributo directo do SCTN na área das TICE_MME foi assim, e continua a ser, suportado por três
vertentes de actuação distintas:
- formação de recursos humanos a diferentes níveis (o 1º, 2º e 3º ciclos do modelo de bolonha) e
com competências técnicas diversificadas, num nível de qualidade comparável ao de outros países
europeus, conforme se constata pelas trocas de estudantes no âmbito do programa Erasmus;
- prestação de serviços de I&D e consultoria a médias e grandes empresas, capazes de endogeneizar
tecnologia, inovando em produtos, processos e serviços;
- lançamento de pequenas e médias empresas de base tecnológica para explorar novas ideias de
negócio, como forma de transferência para o mercado dos resultados directos das suas actividades
de I&D, e portanto de maior risco, e para os quais não encontram tomadores no mercado.
A vertente claramente falhada da intervenção do SCTN acabou por ser a dos Parques Tecnológicos
ou parques de Ciência e Tecnologia. O modelo tripolar inicial do Parque de Ciência e Tecnologia do
Porto (PCTP), do qual acabou por não ser possível encontrar nem paternidade nem justificação,
conduziu à fragmentação da modesta massa crítica existente nos anos 80, à divisão dos parcos
financiamentos públicos e ao arrastar de um processo durante bem mais de uma década. A
responsabilidade deve porém ser assacada a todos os stakeholders da APCTP, pela falta de
capacidade em construir uma visão comum de fôlego e pela falta de liderança que ultrapassasse a
vertente interesseira de algumas das partes interessadas. Em paralelo, as universidades de Aveiro,
Porto e Minho foram encontrando outras soluções para suprir as suas necessidades de incubação e
só recentemente parece emergir um novo fôlego no PCTP que está ainda por cumprir ...
2.8 Adequação e papel do sistema financeiro
Na década de 80 e 90 o capital de risco público (NorPedip) não fez jus ao nome em resultado da
instrumentação de que foi alvo para levar a cabo outro tipo de políticas e que desvirtuou a sua
missão e a sua actuação. Mais tarde, com a transformação da NorPedip em PMECapital, a situação
alterou-se progressivamente com alguns investimentos em empresas de base semi-tecnológica e
em negócios inovadores.
Alguns grupos nacionais fizeram alguns investimentos significativos em negócios de novas
tecnologias que controlavam (PT, Sonae, EDP, BCP, etc.) nem sempre com grande sucesso.
O verdadeiro capital semente imprescindível para o arranque das empresas nascentes acabou por
vir quase sempre das universidades ou dos institutos de I&D que acreditaram nas empresas que
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criavam ao qual se somou algum capital de crescimento da banca ou, mais recentemente, de
operadores de capital de risco. Esse capital semente foi muitas vezes um capital informal transferido
em espécie através do financiamento dos custos da incubação, que eram quase totalmente
suportados pelas universidades e instituições de I&D.
Em outros casos, mais recentemente, as universidades passaram a participar no capital das
empresas incubadas através de entidades delas participadas, em parceria com outros stakeholders
do processo de inovação e transferência de tecnologia – institutos de I&D, associações empresariais,
incubadoras de empresas, etc. – ou mesmo com organismos públicos, câmaras municipais, etc.
No momento actual, é voz corrente que não há falta de capital (ou, pelo menos, que não há falta de
capital de risco na fase de expansão ou de desenvolvimento); e que o que há é falta de bons
negócios. O número diminuto de operações tem, de facto, como consequência maiores cautelas por
parte dos operadores para não aumentarem muito a exposição e os riscos e as consequentes e
inevitáveis queixas dos promotores dos projectos de que não há capital.
Este cenário acaba por conferir aos operadores de capital de risco uma imagem que não destoa do
comportamento genérico da banca portuguesa, vista como conservadora, avessa ao risco e em
busca do retorno no curto prazo, e que tem vindo a ser acusada de ser muito diligente na concessão
de crédito à habitação e no declarado estímulo ao crédito ao consumo, enquanto coloca múltiplos
entraves à concessão de crédito ao investimento empresarial inovador.
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3. Passos seguintes no desenvolvimento do trabalho
-
compilação e análise de informação estatística seleccionada sobre alguns dos sub-sectores mais
relevantes TICE_MME (INE, ANIMEE, ANETIE, Eurostat)
-
debate com quadros e gestores com conhecimento das áreas de negócio
Efacec, Infineon, Enabler, Novabase, Mobicomp, Cabelte, Sonae.com, PT_Inovação, Siemens,
etc.
-
e com responsáveis por universidades e institutos tecnológicos
. INESC Porto, Centro Algoritmi, ISR, etc.
-
contribuindo para uma análise SWOT dos sub-sectores mais relevantes
-
identificando para empresas “flagship” dos sub-sectores:
mercados consolidados e emergentes, novos produtos, tecnologias críticas, tendências, clientes de
proximidade importantes e de dimensão
-
identificando novos sectores clientes das empresas TICE_MME - produtos e serviços de nicho
para:
. automóvel
. mobilidade e intermodalidade
. plataformas logísticas
. negócio electrónico em todos os sectores “tradicionais”, em especial moda
. energias alternativas (eólicas, solar, ondas)
. saúde
. segurança de redes e sistemas
-
identificando sinergias com os sectores dos restantes eixos, em especial
. sectores “tradicionais” (têxtil, vestuário, calçado, madeira e mobiliário)
. saúde e dispositivos médicos (AT2.2)
-
identificando “clusters” de competências multidisciplinares com experiência e parcerias
internacionais, como no caso do calçado ou do automóvel
. projectos AdI, IST e outros
-
preparando o terreno para a realização de um trabalho de levantamento de potencial e de
valorização de tecnologias emergentes dos projectos e actividades de I&D
-
ajudando a definir uma agenda estratégica de investigação (SRA) em estreita ligação e, se
possível, com presença nas Plataformas Tecnológicas europeias mais relevantes, crucial para a
participação de corpo inteiro no 7ª Programa Quadro de I&D da UE
-
definindo medidas e propostas de intervenção a nível nacional e regional alinhadas com a
intervenção no âmbito europeu
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(Texto_TICES José Mendonça) - Norte em Rede - CCDR-N