PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: Filosofia da Ciência I
CÓDIGO: HF729
PRÉ-REQUISITOS: Não há
SEMESTRE: 2/2015
PROFESSOR: Ronei Clécio Mocellin
TITULAÇÃO: Pós-Doutor
CRÉDITOS: 05
Obrigatória ( )
C. H. SEMANAL: 4h
Optativa ( x )
C. H. TOTAL: 75
EMENTA (parte permanente)
Revisão da bibliografia crítica e analítica sobre a natureza do conhecimento científico
sob a perspectiva seja das concepções herdadas (empirismo, positivismo e
falseacionismo) seja das suas revisões quineana ou kuhniana, com ênfase em um ou
mais dos seguintes temas: a origem moderna dos problemas epistemológicos (os
problemas da causalidade e da indução; a solução cética de Hume e a solução
transcendental de Kant); o positivismo-lógico de Schilik, Carnap e Reichenbach (o
critério empirista de significado e o estatuto epistêmico da base empírica); a alternativa
empirista de Popper (a versão falseacionista do critério empirista de escolha de teorias e
o caráter convencional da base empírica); a revisão naturalista de Quine
(subdeterminação da teoria pelas evidências empíricas); a revisão historicista de Kuhn
(incomensurabilidade semântica e enfoque dinâmico da prática científica).
PROGRAMA (parte variável)
O curso tem por objetivo analisar as relações entre filosofia e história das ciências.
Embora a bem conhecida expressão “a filosofia da ciência sem a história da ciência é
vazia; a história da ciência sem a filosofia da ciência é cega” (Hanson/Lakatos
adaptando uma frase de Kant), sugira uma interação complementar, vista mais de perto
esta relação resta em permanente tensão. Será justamente a análise desta tensão o tema
específico do curso. Ela será feita em três etapas sucessivas. Na primeira (aulas 2-6),
abordaremos a origem e a consolidação de diferentes tradições filosóficas e
historiográficas relativas à ciência e ao discurso científico. Na segunda (aulas 7-11),
passaremos em revista das principais tendências que consolidaram a “virada histórica”
da filosofia da ciência na segunda metade do século XX. Por fim, concluiremos o curso
(aula 12-13) com um estudo de caso. Trata-se aqui de analisar pormenorizadamente as
diferentes leituras históricas e filosóficas da chamada “Revolução química” do final do
século XVIII.
Conteúdo
Aula 1: Apresentação do curso.
Aula 2: O papel da história das ciências na filosofia positiva de A. Comte.
Aula 3: História epistemológica das ciências, um território de historiadores? O caso
Hélène Metzger.
Aula 4: História das ciências como território de exploração filosófica? O caso
Alexandre Koyré.
Aula 5: A epistemologia histórica de Gaston Bachelard.
Aula 6: Síntese da primeira parte do curso e discussão com os alunos sobre o andamento
do trabalho que serve de avaliação para a disciplina.
Aula 7: Filosofia e história das ciências, aproximação sem dissolução das fronteiras
disciplinares? As nuances de Thomas Kuhn.
Aula 8: “Reconstruções racionais” e história das ciências: o caso Imre Lakatos.
Aula 9: Filosofia e história social das ciências.
Aula 10: Estilos de raciocínio e seu uso por filósofos e historiadores das ciências
segundo Ian Hacking.
Aula 11: Síntese e discussão.
Aula 12 : Estudo de caso: história, historiografia e filosofia da “Revolução química”.
Aula 13: Estudo de caso (continuação).
Aula 14: Conclusão do curso, recebimento e discussão do trabalho entregue pelos
participantes do curso.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
Aulas expositivas e discussão de textos.
FORMAS DE AVALIAÇÃO
Trabalho dissertativo. O tema será definido no início do curso
BIBLIOGRAFIA PRIMÁRIA
1. COMTE, A. Curso de filosofia positiva (cap. 1 e 2). Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultual, 1978.
2. METZGER, H. L’historien des sciences doit-il se faire le contemporain des
savant dont il parle ? La méthode philosophique en histoire des sciences. Paris:
Fayard, 1987.
3. KOYRÉ, A. Sobre a influência das concepções filosóficas na evolução das
teorias científicas. Revista da Faculdade de Educação da USP, 5, 1979, p.
55-70.
4. BACHELARD, G. La actualidad de la historia de las ciencias. El compromisso
racionalista. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 1973, p. 148-164.
5. CANGUILHEM, G. O objeto da história das ciências. Estudos de história e de
filosofia das ciências. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 1-16.
6. KUHN, T. O problema com a filosofia histórica da ciência. In O caminho desde
a Estrutura. São Paulo: Editora da Unesp, 2003, p. 133-151.
7. LAKATOS, I. History of Science and its Rational Reconstructions. Boston
Studies in the Philosophy of Science, v. 8, 1970, p. 91-133.
8. PESTRE, D. Pour une histoire sociale et culturelle des sciences. Nouvelles
définitions, nouveaux objets, nouvelles pratiques. Annales. Histoire, Sciences
Sociales, 50e année, 3, 1995, p. 487-522.
9. HACKING, I. Estilos para historiadores e filósofos. Ontologia histórica. São
Leopoldo: Editora Unisinos, 2002, 199-219.
10. BENSAUDE-VINCENT, B. Lavoisier: uma revolução científica. In Elementos
para uma História das Ciências. Lisboa: Terramar, 1996, p. 197-221.
11. GOLINSKI, J. The Place of Production. Making Natural Knowledge.
Cambridge: Cambridge University Press, 1998, p. 79-102.
BIBLIOGRAFIA SECUNDÁRIA
Annales. Économies, Sociétés, Civilisations. Paris: Armand Colin, 30e année, n. 5, 1975.
Studies in History and Philosophy of Science. The special issue: Styles of thinking, 43,
2012.
BENSAUDE-VINCENT, B. LAVOISIER. Paris: Flammarion, 1993.
BRENNER, A. & GAYON, J. (Eds.) French Studies in the Philosophy of Science.
Dordrecht: Springer, 2009.
BRENNER, A. Quelle épistémologie historique ? Kuhn, Feyerabend, Hacking et l’école
bachelardienne. Revue de métaphysique et de morale, 49, 2006/1, p. 113-125.
CHIMISSO, C. Writing the History of the Mind: Philosophy and Sciences in France,
1900 to 1960s. Aldershot: Ashgate, 2008.
CHRISTIE, J. R. Hélène Metzger et l’historiographie de la chimie du XVIIIe siècle. In
Études sur Hélène Metzger, Corpus Revue de philosophie, n. 8/9, 1988, p. 99-108.
CLAUZADE, L. Histoire des sciences et philosophie des sciences dans la philosophie
d’Auguste Comte. In L’Epistemologie française (1830-1970). Paris : PUF, 2006, p.
197-212.
COMTE, A. Cours de philosophie positive. Paris: Bachelier Imprimeur, 1839, tome 4,
49e Leçon, p. 471-536.
CONDÉ, M, L. & PENNA-FORTE (ORG.). Thomas Kuhn: A Estrutura das Revoluções
Científicas [50 anos]. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.
DEBUS, A. Ciência e história: o nascimento de uma nova área. In Escrevendo a
História da Ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo:
Livraria da Física Editora, 2004, p. 13-39.
FEYERABEND, P. Contra o Método. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
FLECK, L. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico. Belo Horizonte:
Fabrefactum, 2010.
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GUERLAC, H. LAVOISIER- The Crucial Year. Ithaca: Cornell University Press, 1961.
HACKING, I. Representar e Intervir. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 2012.
HARTOG, F. Regimes de Historicidade: Presentismo e Experiências no Tempo. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
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Técnica. São Paulo: Queiroz Editor, 1993.
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KOYRÉ, A. Perspectivas da história das ciências. In Estudos de história do pensamento
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Brasília, 1982, p. 370-379.
KRAG, H. An Introduction to the historiography of science. Cambridge: Cambridge
University Press, 2003.
KUHN, T. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Editora Perspectiva,
1975.
LAKATOS, I. História da ciência e suas reconstruções racionais. Lisboa: Edições 70,
1998.
LE GOFF, J. Histoire des sciences et histoire des mentalités. Revue de Synthèse, CIV, n.
111/112, 1983, p. 407-415.
LECOURT, D. Georges Canguilhem. Paris: PUF, 2008.
-
L’épistemologie historique de Gaston Bachelard. Paris: Vrin, 2002.
LEWOWICZ, L. A demarcation between good and bad constructivism: the case of
chemical substances as artifactual materials. Revista doispontos, 12, 1, 2015, p.
197-206.
MAIA, C. A. História das Ciências: uma história de historiadores ausentes. Rio de
Janeiro: Editora da UERJ, 2013.
McEVOY, J. The Historiography of Chemical Revolution: Patterns of Interpretation in
the History of Science. London: Pickering & Chatto (Publishers), 2010.
ROSSI, P. Os Filósofos e as Máquinas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
SALOMON, M (org.). Alexandre Koyré, historiador do pensamento. Goiânia: Almeida
& Clément, 2010.
SHAPIN, S. & SCHAFFER, S. Leviathan and the Air-Pump: Hobbes, Boyle, and the
Experimental Live. Princeton: Princeton University Press, 1985.
ASSINATURA DO PROFESSOR:_________________________________________
APROVADA PELO DEPTO EM ___/___/___ ASSINATURA:___________________
HOMOLOGADA PELO COLEGIADO DO PROGRAMA EM ___/____/___
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