Trabalho Submetido para Avaliação - 15/05/2012 18:07:22 ABORDAGEM DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL NA DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA ALTERNATIVA RUTH IRMGARD BARTSCHI GABATZ ([email protected]) / Enfermagem/Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS JANE LILIAN RIBEIRO BRUM ([email protected]) / Enfermagem/ Sociedade Educacional Três de Maio, Três de Maio/RS Palavras-Chave: Hospitalização; Enfermagem Pediátrica; Ensino A hospitalização constitui-se em um evento de grande estresse para a criança e a família, sendo que ocorre uma mudança na sua rotina. Dessa forma, a hospitalização gera na criança uma série de sentimentos como insegurança, ansiedade, angústia, medo, que podem levar a uma crise. É importante ressaltar que o processo de hospitalização vulnerabiliza a criança e sua família, pois gera uma separação do seu cotidiano e a inserção em um ambiente estranho com pessoas estranhas. O distanciamento da criança de seu cotidiano contribui para que ela tenha sentimentos negativos em relação ao ser internado, pois as crianças precisam de uma rotina para sentir segurança1. Nesse sentido, fica evidente que a criança por não saber o que está acontecendo, sente medo1. A família é o apoio da criança e no processo de hospitalização é quem fornece segurança a ela, representando seu elo com o mundo saudável. A criança em casa tem todos os seus familiares presentes, bem como amigos e conhecidos, enquanto que no hospital, em geral, fica apenas um familiar1. Para a criança, a rede de apoio que a cerca é indispensável para o seu desenvolvimento pleno1. Assim, é necessário incentivar a presença da família durante a hospitalização, bem como permitir que esta participe do cuidado e da tomada de decisões, pois a reação da família frente a hospitalização vai influenciar diretamente a criança. Se a necessidade da hospitalização é reforçada pelo adulto a criança irá se sentir mais segura e respaldada1. No entanto, observa-se que a família também necessita de cuidado e atenção, além de orientação sobre o diagnóstico e as intervenções a serem realizadas com seus filhos, pois os pais também apresentam uma série de medos e angústias. Conhecer o diagnóstico da doença do filho revela a angústia e o sofrimento da família, manifestando-se por meio de sentimentos de medo, culpa insegurança e esperança2. No processo de doença e hospitalização de um filho, os pais vivem o receio da perda desse filho e, consequentemente, da ruptura famíliar2. Abordar a questão da hospitalização infantil no ensino constitui-se assim em um desafio, pois se considera que é preciso fornecer subsídios para os discentes atuarem junto à criança e sua família nesse ambiente tão assustador. A experiência vivenciada foi a utilização de um método alternativo para abordar a temática da hospitalização infantil no ensino de enfermagem. Objetivou-se por meio desse método proporcionar aos discentes um meio de desenvolver sua visão sobre a temática de forma mais empática e humanizada, oferecendo um momento de reflexão. Utilizouse uma dinâmica em que os discentes foram convidados a elaborar uma receita para a abordagem da enfermagem na hospitalização infantil. Como disparador da atividade leu-se uma receita de bolo, com suas colheres, xícaras de ingredientes e modo de preparo. O resultado da atividade foi bastante animador, já que os discentes apresentaram receitas diversificas e bem incrementadas (torta da alegria, gelatina colorida, brigadeirão da hospitalização, mousse terapia do amor). Como principais ingredientes apresentados nas receitas encontram-se: kilogramas de alegria e carinho; gramas e copos de atenção, dedicação e diversão; xícaras de compreensão, amor e simpatia; latas de cuidado e sabedoria; baldes de paciência; colheres de respeito; pitadas de segurança e porções de conforto. No modo de fazer as receitas ressaltaram a importância de misturar os ingredientes delicadamente enfatizando o resultado de uma criança feliz, de envolvimento familiar e de trabalho em equipe. A realização desta atividade foi muito recompensadora, pois ao mesmo tempo em que oportunizou aos discentes exporem seus sentimentos e percepções, por meio do compartilhamento de ideias, também possibilitou a abordagem da temática, hospitalização infantil, de uma maneira mais empática e humanizadora. Ressalta-se que ao assistir à criança a enfermagem precisa estar sensível e atenta a ela e sua família a fim de oferecer um cuidado mais eficaz, sendo indispensável uma escuta autêntica e um diálogo aberto, propiciando momentos de atenção que vão além dos cuidados técnicos. O conforto, acolhimento, respeito, humanização e o apoio são imprescindíveis para uma assistência integral3. Assim, é necessário perceber que a criança é mais que uma pessoa doente ou uma doença, e sim, é alguém que faz parte de um enredo familiar com necessidades e desejos3. REFERÊNCIAS: GABATZ, Ruth Irmgard Bärtschi Gabatz; RITTER, Nair Regina.; Crianças hospitalizadas com fibrose cística: percepções sobre as múltiplas hospitalizações; Rev Bras Enferm; 60(1); 37-41; 2007. MOTTA, Maria da Graça Corso da.; O entrelaçar de mundos: família e hospital; ELSEN, Ingrid; MARCON, Sônia Silva; SILVA, Mara Regina Santos da.; O viver em família e sua interface com a saúde e a doença; Maringá; Eduem; 153-167; 2004. GOMES, Ilvana Lima Verde; CÂMARA, Nair Assunta Corso; LÉLIS, Guesa Maria Dantas; GRANGEIRO, Gilvânia Ferreira Castro; JORGE, Maria Salete Bessa; Humanização na produção do cuidado à criança hospitalizada: concepção da equipe de enfermagem; Trab. Educ. Saúde; 9(1); 125-135; 2011.