Portugalglobal Pense global pense Portugal Entrevista José Epifânio da Franca Presidente da Portugal Ventures 6 Destaque Conservas de peixe Tradição renovada 14 Mercados Cuba Oportunidades num mercado em mudança 40 Empresas março 2015 // www.portugalglobal.pt SISTRADE, SISCOG e BLIP 34 março 2015 // www.portugalglobal.pt sumário Entrevista // 6 José Epifânio da Franca, CEO da Portugal Ventures, é o entrevistado desta edição da Portugalglobal, apresentando um balanço dos três primeiros anos de atividade da capital de risco pública e da estratégia definida de concentrar recursos no apoio a startups de base tecnológica no âmbito do venture capital. Destaque // 14 O destaque é, este mês, dedicado à indústria conserveira de peixe. Um tema atual sobre um setor que soube modernizarse, que aumentou a produção mantendo a elevada qualidade dos produtos, e que conhece cada vez mais sucesso no mercado externo. Em 2014 exportaram-se mais de 54 mil toneladas de conservas num valor superior a 207 milhões de euros. Roadshow Portugal Global // 30 A 6ª sessão do Roadshow Portugal Global, promovido pela AICEP, teve lugar em Viseu, tendo sido abordados os mercados da Hungria e de Moçambique. Empresas // 34 SISTRADE: estratégia de sucesso no mercado internacional. SISCOG: otimização de recursos com sucesso no mercado externo. BLIP: aposta ganha online. Mercado // 40 Cuba é um mercado em mudança, mais aberto ao exterior e onde as empresas portuguesas podem encontrar boas oportunidades de negócio. Neste dossiê sobre o mercado cubano, destaque para as análises de Carlos Pinto, representante da AICEP na Venezuela, que preparou a missão oficial e empresarial realizada a Cuba em novembro passado, e de Américo Ferreira de Castro, Presidente da Câmara de Comércio Portugal-Cuba. Análise de risco por país – COSEC // 50 Veja também a tabela classificativa de países. Estatísticas // 53 Investimento e comércio externo. AICEP Rede Externa // 56 Bookmarks // 58 EDITORIAL Revista Portugalglobal Av. 5 de Outubro, 101 1050-051 Lisboa Tel.: +351 217 909 500 Fax: +351 217 909 578 Propriedade aicep Portugal Global Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto 4050-012 Porto Tel.: +351 226 055 300 Fax: +351 226 055 399 NIFiscal 506 320 120 Conselho de Administração Miguel Frasquilho (Presidente), José Vital Morgado, Luís Castro Henriques, Pedro Ortigão Correia, Pedro Pessoa e Costa (Vogais). Diretora Ana de Carvalho [email protected] Redação Cristina Cardoso [email protected] Vitor Quelhas [email protected] Rafaela Pedroso [email protected] Colaboram neste número Américo Ferreira de Castro, Carlos Pinto, Castro e Melo, Cláudio Ribeiro, Direção Grandes Empresas da AICEP, Direção de Informação da AICEP, Direção Internacional da COSEC, Direção PME da AICEP, Henrique Vaz Pato, João Reis, José Epifânio da Franca, Jorge Ferreira, Manuel Pinto de Abreu, Manuel TM Ramirez, Nuno Pauseiro, Sérgio Real. Fotografia e ilustração ©Fotolia, Rodrigo Marques. Publicidade Cristina Valente Almeida [email protected] Secretariado Cristina Santos [email protected] Projecto gráfico aicep Portugal Global Paginação e programação Rodrigo Marques [email protected] ERC: Registo nº 125362 As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global. A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados. 4 // março 2014 // Portugalglobal Apostas globais As relações bilaterais com Cuba, a internacionalização da indústria conserveira e a dinâmica do venture capital, bem como a informação atualizada sobre o Roadshow Portugal Global, que prossegue o seu percurso por várias cidades, de norte a sul do país, são os temas fortes desta edição. O ponto comum reside, naturalmente, na visão global da AICEP, sempre focada no investimento, no apoio às empresas e no aumento das exportações, enfim, no reforço da internacionalização da economia portuguesa. Portugal tem o mar como vizinho, e pelo mar cresceu ao longo da sua história, sendo a pesca e as conservas de peixe uma nobre tradição portuguesa. Por isso escolhemos o mar e a indústria conserveira como tema de destaque, um setor que teve uma das maiores subidas nas exportações nacionais dos últimos anos graças aos mercados alternativos, à tenacidade das empresas e à sua capacidade de renovar e de reinventar os seus produtos e marcas. O artigo do Prof. Manuel Pinto de Abreu, Secretário de Estado do Mar, fornece o enquadramento-chave para melhor se compreender o papel do investimento global apoiado nos últimos anos e a estratégia de sucesso das conservas de peixe portuguesas nos mercados interno e externo. A Portugal Ventures, uma fusão das três entidades públicas da área de capital de risco – a aicep Capital Global, a Turismo Capital e a Inov Capital – faz três anos em junho. Três anos durante os quais focou a sua política de investimento em projetos inovadores de base científica e tecnológica, expansão internacional e turismo. Para dar uma panorâmica sobre a atividade desta sociedade, José Epifânio da Franca, presidente e CEO da Portugal Ventures, faz o balanço da atividade da capital de risco pública e da sua estratégia acertada. Por ser ainda pouco conhecido – embora não desconhecido – por parte dos empresários portugueses, o mercado cubano foi a nossa opção, tanto mais que Cuba, sob a direção do Presidente Raúl Castro, iniciou reformas económicas de fundo numa economia até há pouco totalmente estatizada. Há, assim, mais espaço para uma nova era de relações com os EUA e, também, por consequência, com a União Europeia, havendo igualmente condições para que neste novo quadro de relacionamento bilateral entre Portugal e Cuba, se criem intercâmbios vários, nomeadamente em matéria de oportunidades de negócios que a AICEP segue de perto e cujo potencial já foi detetado por empresas portuguesas, constituindo oportunidades que são claramente proveitosas para os dois países. Incontornável é também o Roadshow Portugal Global, que este mês esteve em Viseu, na sua 6ª edição, tendo sido ali analisados e debatidos os mercados da Hungria e de Moçambique, por serem destinos que se enquadram nas características de exportação das empresas da região. O objetivo do Roadshow é dar a conhecer aos empresários a melhor forma de expandirem e internacionalizarem a sua atividade: de forma sustentada e bem-sucedida nos mercados. MIGUEL FRASQUILHO Presidente do Conselho de Administração da AICEP novobanco.pt Apoiamos as exportações da sua empresa. Esta é a nossa marca. Mais de 160 mil clientes sabem que no NOVO BANCO podem contar com o conhecimento e a competência de uma equipa de 760 gestores dedicados a levar a sua empresa ainda mais longe. Fale connosco e descubra um mundo de oportunidades para o seu negócio. ENTREVISTA JOSÉ EPIFÂNIO DA FRANCA PRESIDENTE DA PORTUGAL VENTURES “QUEREMOS AJUDAR A CRIAR UMA NOVA REALIDADE ECONÓMICA EM PORTUGAL” Em vésperas de completar o seu mandato à frente da Portugal Ventures, José Epifânio da Franca faz o balanço de três anos de atividade da capital de risco pública e da estratégia, então definida, de apoiar startups de base tecnológica, no âmbito do venture capital. Uma aposta que visa promover a criação de uma nova realidade económica em Portugal, de forma sustentada no tempo, através da criação de valor destas empresas que trabalham para o mercado global. O presidente da Portugal Ventures, também ele um empreendedor quando, nos anos 90 do século passado, fundou a tecnológica Chipidea, considera que há talento em Portugal e que o país tem capacidade para atrair mais investimento estrangeiro nesta área. Aos atuais empreendedores recomenda ambição, trabalho, sacrifício, humildade e determinação para seguirem os seus sonhos. 6 // março 15 // Portugalglobal ENTREVISTA A Portugal Ventures completa três anos brevemente. Que balanço faz da atividade desenvolvida neste mandato? A Portugal Ventures faz três anos a 18 de junho, que foi o dia em que se concretizou a fusão das três entidades públicas que existiam na altura na área de capital de risco no setor público, nomeadamente a aicep Capital Global, a Turismo Capital e a Inov Capital. Nessa altura iniciámos um vasto programa de reorganização interna, para realocar pessoas e adequar a estrutura organizativa à missão da Portugal Ventures. A atividade de capital de risco tem duas áreas principais de intervenção. A primeira é conhecida pela área de private equity, em que o investimento é feito em empresas que já existem, com histórico, balanços e demonstração de resultados, com o objetivo de acelerar o seu desenvolvimento e criar mais valor. A área de venture capital é caracterizada por investimentos de mais elevado risco, associados a pouco mais que promessas, em empresas que ainda não existem ou que estão numa fase muito embrionária do seu desenvolvimento, sendo que se investe exatamente porque se acredita que há um valor potencial significativo a ser criado. Esta é a realidade que sustenta o desenvolvimento das novas startups de base tecnológica que passou a ser o enfoque da atividade da Portugal Ventures. Na área de private equity a Portugal Ventures é atualmente um player relativamente marginal no mercado, gerindo apenas os investimentos herdados sobretudo da aicep Capital Global. Ou seja, houve uma reorientação da estratégia da Portugal Ventures. A atividade de capital de risco em Portugal foi criada há cerca de 25 anos, quando nasceram as primeiras sociedades públicas, que posteriormente foram objeto de evoluções significativas no modelo de enquadramento institucional da intervenção pública nessas áreas. Ao longo destes últimos 25 anos, a atividade privada começou a desenvolver-se e a intervir na economia, pelo que hoje em dia existem muitos operadores privados e o agregado de recursos disponíveis é muitíssimo maior do que aquele de que a Portugal Ventures dispõe. Por isso, o papel da Portugal Ventures é marginal e, como os recursos são escassos, faz todo o sentido recentrar os recursos disponíveis numa atividade em que há falhas de mercado, como a atividade de investimento de venture capital. Naturalmente, uma política pública de intervenção consiste em tentar corrigir essas falhas de mercado, ao mesmo tempo que procura dinamizar a atividade privada e trazê-la para o nível de alguma sofisticação e maturidade, como existe na área de private equity. Atualmente a Portugal Venture tem quatro unidades de negócio, especializadas por setores de investimento de venture capital. Temos a área de negócio da tecnologia, a área de ciências da vida e tecnologia médica, e a área da engenharia e da produção. Temos também a área do turismo e do lazer, mas de base tecnológica, uma vez que deixámos de investir nos projetos tradicionais de infraestruturas e temos vindo a apoiar a criação e desenvolvimento de startups de base tecnológica vocacionadas para a indústria turística e de lazer. Neste domínio, temos projetos muito interessantes, como o da iClio, com origem na Universidade de Coimbra, que, através da tecnologia disponível num smartphone ou num tablet, procura substituir o papel do guia turístico tradicional, levando o turista aos locais que quer visitar no tempo que tem disponível, ao mesmo tempo que ouve a história e histórias da história. Esta empresa foi agora convidada para ser orador numa conferência da Organização Mundial de Turismo, o que é um reconhecimento extraordinário de que estamos todos muito orgulhosos. Portanto, a sua intenção é apoiar startups tecnológicas, mas que sejam globais? Sim, claro! E foi com esse objetivo que temos vindo a abrir pequenos centros de apoio em vários locais no mundo, como São Francisco, Boston e Austin, todos nos EUA, e brevemente teremos um novo centro em Berlim. Porquê global? Porque o objetivo das empresas que estão a nascer no nosso país e que nós estamos a apoiar, é poder vir a criar uma nova realidade económica, num horizonte temporal necessariamente alargado, e construída de forma sustentada. O potencial valor que estas empresas podem gerar nunca será conseguido no mercado nacional, devido à nossa reduzida dimensão, pelo que as empresas têm que ir para o mercado global. Se nós fizermos coisas interessantes para servir uma necessidade que identificámos localmente, temos que pensar que essa necessidade pode existir em qualquer outro país do mundo e, por isso, teremos que a servir ao mundo. “O potencial valor que estas empresas podem gerar nunca será conseguido no mercado nacional, devido à nossa reduzida dimensão, pelo que as empresas têm que ir para o mercado global.” Esta é a ambição global que nós queremos que as nossas startups tenham, bem como os seus CEO e as suas equipas executivas, e é absolutamente decisiva para realizar a visão desta nova realidade económica, da economia do conhecimento. Estamos a falar da capacidade e da necessidade das empresas portuguesas irem para o mundo e conquistarem mercados globais, e, naturalmente, fazerem com que o resultado dessa conquista sirva as necessidades de crescimento e de criação de emprego e riqueza do nosso país. Esta nova realidade económica em construção contribuirá obviamente para acelerar o crescimento da componente de exportações da nossa balança comercial, que é um objetivo muito atual e muito importante, e contribuirá também para fazer crescer o nosso PIB e garantir a capacidade de geração de emprego altamente qualificado, retendo pessoas e talento no nosso país. Quantos projetos é que já foram apoiados com essas características? Em 2012 idealizámos um programa, designado de Programa de Ignição, que tem quatro pilares, sendo o mais importante a Portugalglobal // março 15 // 7 ENTREVISTA Call for Entrepreneurship. Este pilar consiste num processo que está aberto de três em três meses, através do qual convidamos projetos de startups de base tecnológica a candidatarem-se. Posteriormente há uma fase de avaliação e de seleção, que começa com um screening interno, seguido de painéis de avaliação que envolvem mais de 300 pessoas, das quais 50 por cento são internacionais, incluindo muitos portugueses espalhados pelo mundo que têm um desejo enorme de nos ajudar. Após o processo de avaliação, decidimos em que empresas queremos investir. Nas nove edições do programa já realizadas, tivemos mais de 2.000 projetos registados, dos quais 600 foram formalmente submetidos. Desses, investimos em cerca de 45 projetos num valor agregado de investimento a rondar os 30 milhões de euros. Tem havido uma dinâmica muito grande de criação destas empresas e a nossa responsabilidade é acompanhá-las e fazer parte do seu desenvolvimento. Como é feito o acompanhamento das empresas? Em primeiro lugar, temos os colaboradores da Portugal Ventures que participam nos conselhos de administração dessas empresas, sendo aí que o principal acompanhamento é feito. Percebendo as necessidades das empresas, ajudando-as a encontrar soluções para essas necessidades, ligando-as ao mundo e trazendo para o seu interior pessoas internacionais com a reputação e a credibilidade que ajudam as empresas a ganhar visibilidade e construir valor. Nesta dinâmica, como referi, destacam-se os centros de apoio que temos vindo a criar pelo mundo; temos um em São Francisco, um em Boston e vamos abrir brevemente um centro em Berlim. Temos ainda acesso a um centro em Austin, na Universidade do Texas, fruto de uma parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta estratégia tem como único objetivo podermos proporcionar às empresas em que investimos os recursos possíveis para que se desenvolvam como outras se desenvolvem noutras partes do mundo. Como em Portugal ainda não temos um ecossistema como os que existem em Silicon Valley, ou em Boston, criamos as condições para que as nossas empresas aí possam estar e beneficiar do poder catalisador que esses ecossistemas proporcionam. Que vantagens retiram as empresas dessa estratégia? As empresas retiram enormes vantagens. Existe um ditado de um filósofo indiano, que é o seguinte: fala-me e esqueço, mostra-me e lembro, envolve-me e compreendo. E o que se pretende com esta estratégia é, no fundo, envolver as nossas empresas em ecossistemas verdadeiramente extraordinários, como Silicon Valley, porque só depois de se envolverem nesses ecossistemas é que compreendem na realidade aquilo que são e como é que podem obter benefícios. Podem beneficiar de contactos com outros empreendedores, contactos com investidores, contactos com profissionais nas mais variadas áreas, como as áreas técnicas, tecnológicas, comerciais e de marketing, contactos com pessoas que estão bem na vida, ou seja, que fizeram empresas e ganharam dinheiro, e que gostam de apoiar jovens, mostrando-se disponíveis para in- 8 // março 15 // Portugalglobal vestirem, e também contactos com todo o mundo corporate que existe naquela área e noutras zonas dos Estados Unidos. Também podem ganhar apenas com a aprendizagem um pouco mais formal, como, por exemplo, se quiserem tirar um curso ou participar em eventos. O que é mais importante é que ficam ligados a uma outra parte do mundo, onde o apreço e o apoio ao empreendedorismo e a disponibilidade para apoiar e investir em startups de base tecnológica, com aquela dimensão e aquela dinâmica, são únicos no mundo. “O que é mais importante é que ficam ligados a uma outra parte do mundo, onde o apreço e o apoio ao empreendedorismo e a disponibilidade para apoiar e investir em startups de base tecnológica, com aquela dimensão e aquela dinâmica, são únicos no mundo.” Os centros são espaços de pequena dimensão, com duas ou três secretárias, e situam-se em espaços abertos de coworking, ou seja, são partilhados por muitas empresas. O mais importante é termos parceiros locais, uma vez que não podemos deslocar os nossos colaboradores. Esses parceiros são pessoas com qualidade e reconhecimento, que ajudam as nossas empresas a estabelecer os programas que elas próprias definem e que são necessários para cumprirem os seus objetivos de desenvolvimento. A área de Boston é particularmente importante para o apoio às empresas da área life sciences e medical technology. É um cluster muito forte, onde se encontram as grandes multinacionais norte-americanas e europeias, os maiores centros de investigação científica do mundo e, por isso, é um local de eleição para as nossas empresas ENTREVISTA poderem afinar as suas estratégias de desenvolvimento e criação de valor. Quanto ao centro em Berlim, estamos agora a ultimar os últimos pormenores, já escolhemos o espaço onde vamos ficar, também em co-working, e já escolhemos o parceiro local que nos vai ajudar a estabelecer as ligações necessárias. Hoje em dia, Berlim é o centro da Europa na área do empreendedorismo de base tecnológica e onde se concentram investidores de capital de risco e as sedes de grandes multinacionais alemãs, europeias e internacionais. A Alemanha é também um fortíssimo parceiro comercial de Portugal, pelo que acreditamos que na Europa é um mercado de eleição para termos um novo centro de apoio. As empresas têm aderido aos centros da Portugal Ventures? Sim, têm e nós temos vindo a acompanhá-las. Há empresas que vão para esses centros durante uma ou duas semanas, há outras que vão lá mais tempo e há outras que ficam em permanência. Por exemplo, neste momento em São Francisco temos duas empresas em permanência. A Muzzley, que está a desenvolver uma tecnologia para o enorme mercado em emergência de IoT (internet of things) que irá introduzir níveis elevados de interação com todos os aparelhos e dispositivos que possamos imaginar. A outra é a InVine, que está a desenvolver tecnologia de yield management para induzir o desenvolvimento do consumo de vinho a copo em espaços de restauração. A Portugal Venture lançou há uns meses o Programa +Inovação, +Indústria, destinado a aumentar a capacidade de inovação empresarial dos sectores mais tradicionais. Como está a correr essa aposta? Quando disse que tínhamos focado a nossa atividade no venture capital e iniciado um processo de desinvestimento da área de private equity, isso não significou, de maneira nenhuma, o nosso desinvestimento ou uma menor preocupação com os setores tradicionais da nossa economia. Tive o privilégio de conhecer essa realidade, conheci muitas empresas da nossa carteira de participadas e temos casos verdadeiramente extraordinários, de empresas e empreendedores nesses setores, como sejam os têxteis e confeção, o calçado, a indústria dos moldes, componentes automóveis, cerâmica, metalomecânica, entre outros. Essa realidade, sem qualquer menor apreço pelas coisas extraordinárias que se fizeram, é normalmente alicerçada em bases tecnológicas relativamente pouco profundas. São realidades que abordam mercados grandes, ou seja, mercados internacionais, que hoje em dia são o motor princi- “Não investimos em empresas existentes, mas sim em novas startups com uma componente tecnológica muito mais forte e que tenham como objetivo contribuírem para, de uma certa forma, a reindustrialização dos setores tradicionais da nossa economia.” pal das nossas exportações, mas são mercados e indústrias relativamente maduras e com taxas anuais de crescimento relativamente modestas. Assim, decidimos direcionar para esses setores tradicionais da nossa economia a atividade de investimento de venture capital para estimular a criação de novas realidades empresariais, de novas startups. Não investimos em empresas existentes, mas sim em novas startups com uma componente tecnológica muito mais forte e que tenham como objetivo contribuírem para, de uma certa forma, a reindustrialização dos setores tradicionais da nossa economia. Irão certamente aparecer projetos de startups que através da tecnologia e do conhecimento científico e tecnológico consigam criar muito mais valor acrescentado do que o que tradicionalmente é criado, e consigam, por essa via, reforçar a componente exportadora do país. Estamos a falar de novos materiais, de novas tecnologias e processos produtivos, de novos aproveitamentos de ma- Portugalglobal // março 15 // 9 ENTREVISTA térias-primas produzidas na área da agroindústria, etc. No âmbito deste Programa +Inovação, +Indústria já realizámos duas edições, sendo que na primeira edição tivemos cerca de 40 projetos submetidos e estamos agora na fase final de contratualização de investimentos com seis desses projetos. A que setores se destinam esses projetos? Entre outros projetos igualmente interessantes, temos um projeto na área da agroindústria, por exemplo, e outro na área dos materiais. Este é um projeto muito interessante que desenvolveu um material mais leve e mais barato para confeções técnicas, como por exemplo coletes à prova de bala e capacetes, com a mesma, ou mesmo maior, resistência ao impacto e à perfuração que os materiais geralmente utilizados. Um outro projeto também muito interessante é o de uma empresa na Covilhã, que desenvolveu veículos totalmente autónomos que tanto podem ser utilizados para a gestão da logística em ambientes de produção, como em grandes espaços de retalho e até mesmo em aeroportos. “No nosso país, existe um enorme talento e ideias ótimas e é preciso perceber quais são as necessidades que essas empresas têm para poderem seguir o seu caminho e chegarem ao topo do mundo. Na Portugal Ventures compreendemos de que modo é que elas devem ser financiadas ao longo do seu ciclo de vida e procuramos apoiá-las nesse processo. “ O desenvolvimento do deal flow deste programa é apoiado na nossa rede de parceiros +Inovação +Indústria em que participam associações empresariais, centros de competência e polos de competitividade, ou seja, entidades que servem os setores tradicionais da nossa economia. Em que estágio do ciclo de vida da empresa é que a Portugal Ventures investe e aposta? A Portugal Venture começa a investir na base, portanto naquilo que é conhecido como “capital semente”, que são investimentos relativamente modestos. Estamos a falar de umas centenas de milhares de euros, embora, possamos ir, numa primeira fase, até ao milhão de euros. Mas é na base que uma startup recebe o primeiro investimento. Durante o ciclo de vida do projeto, estas empresas têm que ter o objetivo e a capacidade de levantar novas rondas de capital, que é uma condição absolutamente decisiva para o seu crescimento acelerado. Se as empresas continuarem a apresentar características relevantes do ponto de vista da sua capacidade de execução, rápido desenvolvimento e criação de valor, a Portugal Ventures tem capacidade para continuar a investir, sendo certo que mais tarde ou mais cedo essas empresas vão ter que resolver um desafio absolutamente decisivo, o de conseguirem acesso a capital para além do que a Portugal Ventures aporta e, em particular, capital internacional. 10 // março 15 // Portugalglobal Qual é o montante disponível para apoiar estas empresas? Nós gerimos fundos e os fundos têm uma determinada maturidade, tipicamente 10 anos. Temos alguma liquidez disponível e vamos continuar a investir porque, na verdade, o objetivo dos fundos de capital de risco é investir para que, na altura do desinvestimento, se possa obter um bom retorno para o capital investido e que poderá ser depois reinvestido noutras empresas ou devolvido aos participantes, ou seja, aos investidores dos fundos. Temos atualmente 16 fundos sob gestão, sete dos quais têm participação do FINOVA, gerido pela PME Investimentos, com financiamento do COMPETE e POR Lisboa no âmbito do último programa-quadro (QREN). Estes fundos terão que ser totalmente executados até setembro deste ano. No âmbito do novo programa-quadro Portugal 2020, tenho muita confiança que o funding disponível para a Portugal Ventures possa vir a ser significativamente reforçado. Além do reforço de capital, o que é que a Portugal Ventures espera do novo programa quadro Portugal 2020? A Portugal Ventures, como operador de capital de risco, tem que fazer aquilo que qualquer investidor de venture capital internacional faz, seja na forma como estamos organizados, nos investimentos que procuramos identificar, na forma como investimos, na forma como estruturamos o nosso investimento, na forma como acompanhamos as startups e na forma como monetizamos os investimentos em processos de desinvestimento. Obviamente que ainda temos muito para aprender e fazer, mais e melhor, mas estou convicto de que estamos no bom caminho e é preciso que este caminho se mantenha. Esta é uma atividade de longo prazo e os impactos que são necessários obter no nosso país não se alcançam de um dia para o outro, nem de um ano para o outro. Serão precisos muitos anos e, por isso, espero que nos próximos anos e no tempo que ENTREVISTA na área do tratamento do cancro, que se encontra numa fase mais nascente. Esta empresa tem vindo a desenvolver na área da nanotecnologia um portador de drogas para tratamento oncológico que apresenta vantagens muito significativas na eficácia do tratamento e da não contaminação das regiões à volta dos tumores, que são muitas vezes afetadas pelos outros tratamentos. No nosso país, existe um enorme talento e ideias ótimas e é preciso perceber quais são as necessidades que essas empresas têm para poderem seguir o seu caminho e chegarem ao topo do mundo. Na Portugal Ventures compreendemos de que modo é que elas devem ser financiadas ao longo do seu ciclo de vida e procuramos apoiá-las nesse processo. Considera que os objetivos a que se propôs no início do seu mandato foram alcançados? vai decorrer para execução do programa Portugal 2020, essa atividade se mantenha e seja reforçada. Os recursos financeiros que estarão disponíveis permitirão à Portugal Ventures reforçar significativamente a forma como tem procurado intervir e desenvolver o ecossistema português de empreendedorismo de base tecnológica, tanto na vertente das novas indústrias e mercados globais que são o alvo das startups em que investimentos no âmbito do Programa Ignição, em particular da Call for Entrepreneurship, como na vertente dos setores tradicionais da nossa indústria que são o alvo das startups em que investimos no âmbito do Programa +Inovação, +Indústria. Procuramos induzir na nossa realidade económica elementos de conhecimento tecnológico que lhe possam trazer muito mais valor acrescentado do que tradicionalmente acontecia. Para além dessa realidade, há toda uma outra realidade, como é o caso das indústrias e atividades económicas que não existem, ou cuja existência tem ainda pouca expressão em Portugal, nomeadamente nas áreas de life sciences e medical technology, ou da economia digital, entre outras. Eu diria que têm vindo a ser alcançados, mas é um trabalho que tem que ser continuado e reforçado, que tem que ser pensado e executado num horizonte de tempo muito grande. O pior que pode acontecer é haver interrupções, porque cada interrupção que haja é basicamente começar tudo de novo. Criámos uma grande dinâmica de investimento em startups que tem vindo a ser reconhecida pelo ecossistema nacional de empreendedorismo de base tecnológica, e é fundamental que esta dinâmica se mantenha e seja reforçada. Sabemos que o aporte de capital que a Portugal Ventures pode proporcionar não pode ser pulverizado. Deve ser focalizado para permitir construir uma nova pirâmide de investimento em Portugal. Ilustrando a ideia, diria que numa fase inicial, e por ano, investimos pouco capital em “Criámos uma grande dinâmica de investimento em startups que tem vindo a ser reconhecida pelo ecossistema nacional de empreendedorismo de base tecnológica, e é fundamental que esta dinâmica se mantenha e seja reforçada.” Tem exemplos de algumas dessas empresas? Sim, por exemplo uma empresa que está muito avançada é a Biosurfit, que inventou e desenvolveu uma tecnologia inovadora na área do diagnóstico médico para fazer análises clínicas. Através de um instrumento de análise e um disco tipo DVD, em que se recolhe apenas uma gota de sangue através de uma picada no dedo, o médico obtém em poucos minutos o resultado de uma análise clínica. O roadmap de desenvolvimento previsto irá permitir abranger cerca de 80 por cento do mercado mundial de análises clínicas. Esta empresa já está a vender no Benelux e a começar a vender nos países nórdicos, estando também no radar de grandes empresas mundiais, como a Roche, a Siemens ou a Fujifilm. É uma empresa que conta já com 80 colaboradores e ainda precisa de muito capital para acelerar o seu desenvolvimento. Temos outros bons exemplos, como a Treat U, de Coimbra, 100 startups; posteriormente, apenas as 20 melhores irão ser recapitalizadas com maiores volumes de capital; no fim, apenas 10 terão acesso a ainda maiores volumes de capital para se poderem tornar verdadeiras campeãs do mundo. Se for possível manter esta dinâmica durante 10 anos, então começaríamos a ver o enorme impacto que esta nova realidade empresarial começaria a criar no nosso país. O sucesso de qualquer política pública de intervenção na área de capital de risco não pode ser medido pelo número de startups que se criam. Só pode ser medido pelo número de startups que se tornam verdadeiras empresas globais, capazes de criar riqueza que impacta o nosso PIB e a nossa balança comercial, e gerar emprego altamente qualificado como forma de retenção de talento em Portugal e até de atração de talento internacional. Portugalglobal // março 15 // 11 ENTREVISTA Para além do investimento, é preciso garantir as condições para que os investimentos possam ser desinvestidos e monetizados, porque o propósito do investimento não é receber dividendos, mas sim desinvestir e ganhar as mais-valias do investimento realizado. Para haver desinvestimento é preciso haver condições que promovam esse desinvestimento e só há duas no mundo, sendo uma através de operações de fusões e aquisições e outra através de operações de colocação das empresas em mercados de capital. No ano passado, concretizámos o desinvestimento de duas das nossas startups, o que foi um marco bastante importante na atividade pública de venture capital. Estas startups não eram recentes, uma delas já era nossa participada há dez anos. Uma, na área da tecnologia de fibra ótica, foi comprada por uma grande empresa alemã e a outra, na área da tecnologia de cyber security, foi comprada por uma empresa norte-americana. Ambas as operações representaram um investimento no país de cerca de 20 milhões de euros. Num dos casos recuperámos o nosso investimento, no outro caso tivemos um retorno de cerca de duas vezes e meia o valor investido. Trata-se de um investimento no país, totalmente orientado para aquilo que o país tem de mais qualificado, e criando condições para ancorar todo esse talento em Portugal. Ambas as empresas se mantiveram e existem já bons sinais de investimento adicional em Portugal para reforço das equipas de engenharia de ambas as empresas. Pessoalmente, acredito que Portugal tem condições para atrair outro tipo de investimento estrangeiro, e não apenas aquele que até aqui tem sido dirigido aos setores mais tradicionais da nossa economia. Essa é uma realidade decisiva quer para qualificar o país no mundo e transmitir ao mundo uma imagem diferente da capacidade tecnológica do país, quer para ancorar em Portugal recursos altamente qualificados que provavelmente de outra forma não ficavam cá. O que espera do perfil dos empreendedores portugueses? O que espero é que continuem a ter sonhos, a ter uma ambição global e que tenham a capacidade para seguirem os seus sonhos. Para isso é preciso muito trabalho, muito sacrifício, coragem para arriscar, sem medo de falhar, muita determinação e perseverança, e humildade também. Sobretudo, espero que acreditem neles próprios, no nosso país e no enorme talento que existe em Portugal. Espero que acreditem que tudo isto é verdadeiramente possível. A receita é fácil e se há pessoa que acredita nisto, sou eu. Nada me faz mais orgulhoso e feliz do que ver o mundo tecnologicamente sofisticado, desde o Japão até aos Estados Unidos, reconhecer o talento e a capacidade que temos em Portugal. Acredito convictamente nisto e é também por isso que estes anos na Portugal Ventures me deram um enorme prazer, a ajudar a desenvolver esta missão, porque trabalhar com jovens, pelo menos mais jovens do que eu..., e criar as condições para eles terem sucesso é uma paixão. 12 // março 15 // Portugalglobal Breve biografia José de Albuquerque Epifânio da Franca, Presidente do Conselho de Administração Executivo da Portugal Ventures desde 2012, é também Presidente não-executivo do Conselho de Administração da PME Investimento, Administrador não-executivo do PVCi (Portugal Ventures Capital Initiative), membro do Conselho Nacional para o Empreendedorismo e Inovação, e membro do Conselho Científico para as Ciências Exatas e de Engenharia da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Anteriormente, foi membro do Conselho de Governo da Sociedade do Banco Espirito Santo e administrador não executivo do mesmo banco, foi administrador da MIPS Technologies Inc. (NASDAQ), cofundador, CEO e Chairman da Chipidea – Microeletrónica SA, e Secretário de Estado dos Recursos Humanos no XI Governo Constitucional, entre outros cargos. É licenciado em engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico (IST), instituição onde é Professor Catedrático, é Doutorado pelo Imperial College of Science and Technology da Universidade de Londres, com Formação Executiva no Massachusetts Institute of Technology em Management of Research and Technology-based Innovation. É ainda Professor Afiliado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Adjunct Professor da Chinese University of Hong-Kong. Ainda a nível académico, Epifânio da Franca tem trabalhos publicados em cerca de 60 journal papers, em 200 conference papers e em vários livros de investigação. Ao longo da sua carreira, recebeu vários prémios, entre os quais o Industrial Pioneer Award da IEEE Circuits and Systems Society, o Entrepreneurship Award da INSEAD Portugal Alumni, o International Entrepreneur of the Year da Ernst & Young e a condecoração de Grande Oficial da Ordem de Mérito atribuída pelo Presidente da República Jorge Sampaio. DESTAQUE CONSERVAS GLOBAIS As conservas portuguesas de peixe estão na moda. Cá dentro e lá fora. Os portugueses consomem-nas com renovado prazer, os estrangeiros procuram-nas e descobremnas com crescente interesse. As exportações crescem, o consumo interno aumenta. O setor, que produz com muita qualidade e coloca no mercado produtos e marcas de excelência, atravessa um bom momento, e identifica-se cada vez mais com o saudável e o selo gourmet. Os chefs reinventam o uso gastronómico das conservas. Na última década, a indústria sofreu grandes transformações: capitalizou apoios, investiu, modernizou-se, renovou as linhas de produção, diversificou produtos, apostou na comunicação com os consumidores, dando-se a conhecer melhor, empenhou-se na apresentação das embalagens e no design. Procurou novos mercados e começa a afirmar-se com sucesso neles. O setor está otimista e as indústrias a ele associadas também. E têm boas razões para estar. Os números falam por si. 14 // março 15 // Portugalglobal DESTAQUE PORTUGAL ESTÁ DE REGRESSO AO CLUBE DOS GRANDES PAÍSES DE PESCA >POR MANUEL PINTO DE ABREU, SECRETÁRIO DE ESTADO DO MAR O sector da pesca, incluindo o comércio e a indústria transformadora, representa um volume anual de negócios da ordem dos 1.200 milhões de euros e garante cerca de 25.000 empregos. O volume global de capturas mantém-se estável há cerca de 15 anos, em torno das 200.000 toneladas, cerca de 25 por cento das quais em águas de outros países. A qualidade do peixe português, reconhecido como “o melhor peixe do mundo” e, sobretudo a grande dinâmica na nossa indústria transformadora, levam a que Portugal seja um grande país exportador, com vendas anuais nos mercados externos que ultrapassam os 800 milhões de euros de peixe e produtos da pesca. Um fator determinante foi o forte aumento da eficiência/competitividade, como demonstra o facto de as capturas por embarcação, e por pescador, crescerem para o dobro em valor ao aumentarem de 21.000 euros para mais de 50.000 euros. Este contexto favorável fez com que a taxa de cobertura das importações pelas exportações tenha passado de 35 por cento, em 2005, para 55,4 por cento em 2014. Apesar disso, não deixámos de ser um país importador, com um défice da balança comercial de cerca 650 milhões de euros. A razão é conhecida: consumimos cerca de 57 quilos de peixe per capita por ano, que é o triplo da média dos países da UE, e somos o terceiro maior consumidor de peixe do mundo, logo a seguir ao Japão e à Islândia, com a agravante de o peixe preferido dos portugueses ser o bacalhau, agora muito dependente da importação. Face a esta realidade, a primeira questão que se coloca é: poderíamos pescar mais? Tanto os estudos sobre os nossos stocks de pesca, como a nossa história nos dizem que não. Os nossos recursos pesqueiros não são, infelizmente, tão vastos como a nossa zona de pesca, como se constata pela necessidade de os portugueses, desde o séc. XII, procurarem pesqueiros externos para garantirem o abastecimento do mercado interno. A integração europeia veio trazer novas regras e colocou a tónica na sustentabilidade dos recursos e na consequente adaptação do esforço de pesca o que, numa primeira fase, permitiu uma reconversão da frota. Como qualquer política comum, teve direitos e obrigações e, uma delas, foi a criação Portugalglobal // março 15 // 15 DESTAQUE de quotas para algumas das espécies mais valiosas. Vale a pena dizer que só 20 por cento das espécies pescadas em Portugal estão sujeitas a quotas e que nem sempre as capturas chegam para preencher as quotas que temos. Na verdade, podemos pescar melhor, diversificar para a captura de espécies que temos em abundância e, sobretudo, valorizar a qualidade do nosso peixe. Essa tem sido uma das vertentes fundamentais da nossa política para a pesca. Dois exemplos: o Governo e os pescadores entenderam a necessidade de diminuir as capturas de sardinha para preservar os stocks e o resultado foi uma valorização que anulou eventuais prejuízos decorrentes da medida. Por outro lado, a campanha de promoção do consumo de cavala, levou a um aumento do seu consumo em cerca de 40 por cento e a uma valorização dos preços. E neste momento, temos em curso campanhas para a promoção e valorização do polvo e do carapau. As indústrias da pesca Portugal tem um setor de transformação e comercialização de pescado muito forte. Desde logo nas conservas mas, também, na preparação e congelação. Trata-se de um setor com uma capacidade exportadora crescente. O melhor exemplo são as conservas, que estiveram no centro das nossas prioridades de política e com resultados que nos orgulham. A indústria portuguesa de conservas exportou, em 2014, 54 mil toneladas, que corresponderam aos mais de 207,3 milhões de euros registados. Um valor que representa mais de 3,5 vezes os valores de 1986, ano da adesão de Portugal à União Europeia, mais do triplo face aos valores de há 20 anos e quase o dobro no curto período que decorreu desde 2009. Estes valores significam que as cerca de duas dezenas de fábricas de conservas em funcionamento, após terem enfrentado as dificuldades dos anos mais difíceis por que passou o setor, estão agora a produzir bastante mais do dobro do que as unidades que existiam há quatro décadas, o que tem justificado investimentos em novas fábricas bem como na modernização das existentes. A indústria conserveira exporta tradicionalmente quase 70 por cento da respetiva produção, representando mais de um quarto das exportações totais nacionais de produtos da pesca, tendo conseguido resistir mais recentemente aos problemas de abastecimento no mercado interno da sardinha, cujas capturas nacionais caíram para menos de metade nos últimos anos. O investimento global apoiado, desde 2011, ascende a 75 milhões de euros. São 17 fábricas de conservas novas ou reconstruídas, três das quais já estão concluídas – o que significou um investimento de mais de 9 milhões de euros – encontrando-se sete projetos em execução com investimentos da ordem dos 43 milhões. Para além destas unidades, há sete novos projetos em fase de contratação, o que representa mais 22 milhões de euros. O mesmo se passa na indústria de transformação e congelamento que registou, em 2014, exportações da ordem dos 176,4 milhões de euros, o que significa um crescimento de mais de 50 por cento relativamente a 2012. Tratase de outro sector prioritário, no qual viabilizámos, desde 2011, 156 projetos, os quais representam um investimento de 220 milhões de euros. Portugal tem um setor da pesca estabilizado e competitivo no conjunto dos países da União Europeia. Pescamos, hoje, tanto como os melhores, e definimos como prioridade a valorização dos produtos da pesca, pelo reconhecimento da qualidade do peixe português e a sustentabilidade dos recursos. É com orgulho que assistimos ao reconhecimento do peixe português como o melhor do mundo e que recebemos o reconhecimento das universidades de Yale e Columbia que nos atribui o primeiro lugar entre todos os países da OCDE na sustentabilidade dos nossos recursos pesqueiros. Portugal recuperou, nos últimos anos, o seu estatuto de parceiro incontornável no mundo da pesca. 16 // março 15 // Portugalglobal DESTAQUE CONSERVAS DE PEIXE UM SETOR MODERNIZADO E EXPORTADOR >POR CASTRO E MELO, SECRETÁRIO-GERAL DA ANICP – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE CONSERVAS DE PEIXE A indústria portuguesa de conservas de peixe é um setor fundamentalmente exportador e tradicional da economia portuguesa. Contudo, nos últimos anos soubese atualizar, modernizando as fábricas já existentes e construindo novas unidades. Hoje, encontra-se na vanguarda deste tipo de indústria. Em Portugal existem 21 unidades fabris em laboração, que geram entre 3.500 a 4.000 postos de trabalho, e que produzem cerca de 85.000 toneladas de conservas de peixe. Fabricam-se mais de 600 referências de conservas, muitas delas só conhecidas nos mercados de exportação, estando agora a ser paulatinamente introduzidas também no mercado interno. Em 2014 exportaram-se cerca de 54.249 toneladas de conservas, no valor de cerca de 207,4 milhões de euros. O setor das conservas é, pois, importante como fonte de entrada de divisas no país, contribuindo para o equilíbrio da nossa balança comercial. O principal produto da exportação portuguesa de conservas de peixe tem sido as conservas de sardinha, seguidas das conservas de atum e de cavala, nas suas inúmeras preparações. Todavia, em 2014, as conservas de sardinha passaram, conjunturalmente, para o 2º lugar, nas exportações portuguesas de conservas de peixe, tendo as conservas de atum ocupado o 1º lugar naquelas exportações. A nossa indústria de conservas exporta para mais de 70 países, sendo os principais França, Reino Unido, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Suécia, Áustria, Suíça, Angola, Moçambique, Estados Unidos da América, Canadá, Brasil, Peru, Israel, Palestina, Singapura, China, Timor, Austrália, Filipinas, entre muitos outros. As conservas portuguesas chegam aos mais recônditos lugares, podendo afirmar-se que esta indústria tem sido, ao longo da sua história de mais de 160 anos, um verdadeiro embaixador de Portugal no mundo. E se este setor é um dos mais antigos da nossa economia, está, por outro lado, 18 // março 15 // Portugalglobal completamente modernizado, pois tem sabido acompanhar a evolução dos tempos, adaptando-se às novas exigências dos muitos mercados para onde exporta, e também ao mercado interno, que absorve cerca de 35 por cento da produção das nossas conservas. É uma indústria que conhece ao pormenor os mercados de destino das suas conservas, muitos deles já fidelizados desde longuíssima data, possuindo algumas marcas de grande prestígio em alguns desses mercados, e muito conhecidas localmente, embora as exportações das nossas conservas sejam efetuadas normalmente em marcas do importador. A grande vantagem das conservas de peixe como produto alimentar reside no facto de ser um produto natural, e por isso, sem corantes nem conservantes. É um produto perene, isto é, conserva-se durante muito tempo, e que serve para confecionar desde os pratos mais simples, aos mais elaborados e gastronomicamente requintados – a imaginação é o limite – com preços muito acessíveis para a generalidade dos consumidores. ANICP Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe Rua Conde São Salvador nº 352, 6º andar, salas 26 a 30 Apartado 2006 4451-901 Matosinhos | Portugal Tel.: +351 229 375 213 Fax: +351 229 375 805 [email protected] DESTAQUE LOJA DAS CONSERVAS MONTRA DA INDÚSTRIA CONSERVEIRA PORTUGUESA >POR JOÃO REIS*, COORDENADOR DO PROJECTO LOJA DAS CONSERVAS A Loja das Conservas surgiu nos finais de Agosto de 2013 e reúne, pela primeira vez, no mesmo espaço comercial, 18 conserveiras portuguesas, associadas da ANICP – Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, que representa cerca de 95 por cento do sector. A força comercial e promocional do projecto nasce do sector surgir unido, afirmando-se pela qualidade e diversidade. Este espaço afirmou-se, desde o primeiro momento, como uma montra privilegiada dos produtos de excelência do sector, promovendo as marcas das próprias conserveiras. Desta forma, oferece aos seus clientes mais de 600 referências, desde a tradicional sardinha, cavala ou atum, até às especialidades como a enguia ou as ovas de sardinha, e as mais recentes inovações, como é o caso da dourada ou do robalo, das lulas ou chocos, do bacalhau ou polvo. Ajudar na escolha das diferentes conservas de acordo com o gosto específico de cada cliente e explicar o produto, desde a captura do pescado, passando pela fase da transformação até à comercialização, não esquecendo as diferentes formas como pode ser apreciada uma simples lata de conserva, é precisamente uma das funções do pessoal da Loja das Conservas. Este é aliás um dos factores de sucesso da Loja das Conservas, que vendeu mais de 260 mil latas desde a sua abertura. O principal objectivo desta iniciativa da ANICP passa por reapresentar as conservas portuguesas ao consumidor nacional que, com a alteração dos hábitos alimentares, passou a considerar as conservas um produto de recurso. Felizmente hoje assistimos à inversão desta ideia – as conservas de peixe começam a fazer parte de hábitos alimentares sofisticados e é apresentada à mesa dos melhores Chefs. Portugalglobal // março 15 // 19 DESTAQUE A conserva de peixe é um produto saudável e no processo de conservação não está presente qualquer tipo de conservante, corante ou aditivo. São, por isso, totalmente seguras e uma excelente forma de preservar as qualidade nutritivas do peixe e, consensualmente, consideradas fontes privilegiadas de ómega 3 e cálcio. Além das questões alimentares, a indústria conserveira portuguesa é ambientalmente sustentável, assim como o pescado que transforma, uma vez que os recursos piscícolas provêm de pescarias certificadas, as embalagens utilizadas são recicláveis e as conserveiras têm em conta a maximização da eficiência energética. A estratégia de expansão do projecto da Loja das Conservas passa pela abertura “A estratégia de expansão do projecto da Loja das Conservas passa pela abertura de pequenos pontos de venda próprios, como o que acabou de abrir na Praça das Flores, em Lisboa. Uma Loja que terá uma dinâmica de diálogo com o próprio bairro, convidando os ‘vizinhos’ para descobrirem as conservas nacionais através de provas permanentes.” de pequenos pontos de venda próprios, como o que acabou de abrir na Praça das Flores, em Lisboa. Uma Loja que terá uma dinâmica de diálogo com o próprio bairro, convidando os “vizinhos” para descobrirem as conservas nacionais através de provas permanentes. Estão ainda previstos a colocação de vários corners em lojas já existentes. Esta tem sido, aliás, a estratégia de internacionalização do próprio conceito com a colocação de um corner no centro de Paris. *O autor escreve de acordo com a antiga grafia. Loja das Conservas Rua do Arsenal, 130 1100-039 Lisboa | Portugal Telm.: +351 911 181 210 [email protected] www.facebook.com/lojadasconservas 20 // março 15 // Portugalglobal DESTAQUE BAR LOJA SOL E PESCA SABE BEM CONSERVAR Tem o aspeto de uma antiga loja de pesca, mas agora as canas, redes, carretos, boias e outro material piscatório, são só decoração. As prateleiras encheram-se de conservas e a velha loja do Marreco, fechada há 20 anos, transformou-se num pequeno e renovado bar informal, no qual as conservas de peixe portuguesas, com muita imaginação gastronómica, são sempre o prato principal. Nascido em 2010, o Sol e Pesca, um mix de bar com loja de conservas, fica numa das ruas atualmente mais animadas e mais na moda do Cais do Sodré, a rua Nova do Carvalho. O projeto de restauro e de restauração é do arquiteto Henrique Vaz Pato, coproprietário do afamado restaurante Cantina, na Lx Factory, que faz aqui uma forte aposta nos pratos criados com conservas, as quais são servidas à mesa com requintada simplicidade e a preços muito acessíveis, seja no interior da loja, seja na miniesplanada. Como diz a BBC Travel – “O conceito é simples: sente-se à mesa, peça uma ou duas latas de conserva e desfrute”. As vitrinas com conservas, que vão da sardinha, atum, cavala, às enguias, polvo ou ao biqueirão, convidam o cliente à compra e à degustação. “Esta é a única loja especializada no tema das conservas de peixe e marisco, com uma oferta alargada, onde os clientes as podem comprar fácio do seu livro de receitas à base conservas: “Faça das latas de conserva um cúmplice e uma arma para desenvolver a sua imaginação e capacidade intuitiva. Deixe-se levar, desfrute, invente, transforme, surpreenda e surpreenda-se”. O ambiente é o de um pequeno museu vivo, pois além da enorme variedade de conservas exclusivamente portuguesas e do material piscatório em exposição, os armários, o balcão, as mesas e as cadeiras são os da antiga loja ou mantêm a traça, as cores e o estilo tradicional. Á decoração não faltam também as velhas ventoinhas e até rádios, que embora não toquem música, a sugerem. para as levarem consigo ou para as degustarem no local, pois temos os mais variados pratos confecionados com diversos tipos de conservas”, explica o anfitrião, Henrique Vaz Pato. Ou, como diz no pre- A porta é larga e expõe o interior da loja, conferindo continuidade espacial ao estabelecimento – ensolarado no exterior, apontando para uma Lisboa luminosa à beira-mar, e acolhedor no interior, como uma casa de família – que é calmo du- Portugalglobal // março 15 // 21 DESTAQUE rante o dia e muito frequentado a partir do fim da tarde e noite. Com o objetivo “de respeitar a memória deste espaço”, onde tradição e modernidade se conjugam agora harmoniosamente, surpreendendo-nos com a sua magia marinha, Henrique Vaz Pato não fez alterações na estrutura do antigo espaço. Na loja podem-se encontrar mais de 200 conservas diferentes, a maioria das quais reconhecidas pela sua qualidade no mercado interno e externo, bem como por grandes chefs que ditam pelo mundo fora a criatividade gastronómica – Pinhais, Minerva, Ramirez e tantas outras marcas portuguesas prestigiadas – cujas embalagens, umas de design no estilo antigo e outras a inovar com o moderno, cativam pelo olhar, tornando-lhe o interior apetecível. A confiança que inspiram todas as conservas do Sol e Pesca, assenta no facto de todas elas terem sido cuidadosamente selecionadas na sequência de um profundo trabalho de pesquisa e provas pelo país junto das empresas conserveiras nacionais. Hoje, Henrique Vaz Pato afirma confiante que “é possível fazer uma refeição nutritiva e saudável tendo por base conservas de qualidade”, sendo o Sol e Pesca o lugar ideal para o fazer, tanto mais que os clientes aprendem como se faz à medida que degustam. Neste sentido, na loja pode-se também provar deliciosas sobremesas confecionadas a partir de conservas, uma ideia completamente inovadora que promete fazer as delícias dos seus frequentadores. Por tudo isto, atualmente não é apenas o cliente nacional, em especial o lisboeta, que procura o Sol e Pesca, sendo este cada vez mais procurado por estrangeiros que partem à descoberta da sua singularidade gastronómica. Uma vez ali, em caso de dúvida, todas as sugestões são dadas pelo staff de acordo com o tipo de peixe que os clientes querem provar, sabendo os colaboradores, por larga experiência, quais os pratos de maior sucesso e também os mais apreciados. “É certo que as conservas de pescado são um produto tradicional, e característico do nosso povo, mas atualmente é cada vez mais apreciado por estrangeiros, que nele descobrem novos sabores e simples mas requintados opções culinárias”. Dar a conhecer o melhor das conservas portuguesas através de pratos de surpreendente qualidade, é o principal objetivo de Henrique Vaz Pato. A loja está aberta todos os dias da semana, entre o meio-dia e as duas horas da manhã, enquanto no fim de semana e nas vésperas de feriado, encontra-se aberta entre o meio-dia e as três horas da manhã. Loja Sol e Pesca Rua Nova do Carvalho – nº44 1200-371 Lisboa | Portugal Tel.: +351 213 467 203 [email protected] www.solepesca.com Breve biografia e o livro Henrique Vaz Pato nasceu em Tomar, tendo vivido no Funchal e em Coimbra. Posteriormente escolheu Lisboa como cidade para viver. É licenciado em Arquitetura pela Universidade Técnica de Lisboa, tendo no seu currículo uma prestigiada carreira. Apesar da sua atividade profissional, um dos grandes prazeres da sua vida é a culinária e a gastronomia. Assim, dedicou-se à restauração com a abertura da Cantina, na Lx Factory, em Alcântara, e do Sol e Pesca, no Cais do Sodré. Em 2012 escreveu o livro “Sol e Pesca – Receitas e Sabores das Conservas Portuguesas”, que apresenta receitas saudáveis, práticas e surpreendentes inspiradas nas tradicionais conservas de pescado. As receitas apresentadas neste livro são servidas na loja Sol e Pesca. 22 // março 15 // Portugalglobal DESTAQUE A POVEIRA A TRADIÇÃO QUE INOVA >POR SÉRGIO REAL*, ADMINISTRADOR A A Poveira é uma das mais antigas fábricas de conservas em Portugal. Fundada em 1938 na Póvoa do Varzim, sucedeu à “Ernoud de la Provoté Pére et Fils” Cholet – Loire Atlantique (France), a primeira unidade fabril de conservas de peixe naquela cidade (1920). Actualmente prepara-se para concretizar mais um grande investimento na sua linha produtiva, menos de dois anos após a abertura de uma nova unidade industrial. A nova unidade industrial permitiu um crescimento da produção, bem como um aumento da produtividade e das vendas e, consequentemente, da facturação, que passou de 4 milhões de euros em 2012, para 11 milhões em 2014. Posicionamo-nos como uma empresa de conservas de elevada qualidade, que privilegia o método de fabrico tradicional. Apesar da preocupação constante em preservar a tradição, procuramos também ir ao encontro dos desejos de consumidores cada vez mais exigentes. Dessa forma alcançamos o melhor produto, com uma enorme diversidade de receitas. O ano de 2013 representa um marco na história da empresa. Depois de 74 anos num edifício no centro da cidade, em frente ao porto de pesca, e após um investimento de 5,5 milhões de euros, a A Poveira inaugura as suas novas instalações em Laúndos, Póvoa do Varzim. Além deste recente investimento, a A Poveira acaba de ver aprovado um projecto do PROMAR – Programa Operacional das Pescas, que implicará um novo investimento no valor de 3,8 milhões de euros, e que tem como objectivo ampliar a área produtiva e as linhas de produção, assim como a construção de um novo armazém. A introdução de novas linhas de produção tem por meta principal a diversificação da oferta da empresa no mercado internacional e consequente a conquista de novos clientes e mercados. Com 11 marcas e 50 tipos de conservas diferentes, estamos presentes nos cinco continentes, exportando para mais de 30 países, representando as exportações 50 por cento das vendas da nossa empresa. A sua marca bandeira é a MINERVA. Figura da mitologia greco-romana e deusa da excelência e da sabedoria, Minerva é a patrona da nossa marca, transmitindo os valores dos seus produtos – qualidade e excelência – que desde 1942 surpreendem pela sua qualidade superior. As suas conservas são produzidas com peixe fresco, seleccionado e prepara- do manualmente, exclusivamente pelo método tradicional, o pré-cozido, método centenário através do qual o peixe é cozido a vapor antes de ser enlatado. O método tradicional e a qualidade do peixe conferem uma excelência e um sabor inigualáveis ao produto final. *O autor escreve de acordo com a antiga grafia. Fábrica de Conservas A POVEIRA, S.A. Parque Industrial de Laúndos, Lote 46 4570-311 Laúndos Póvoa de Varzim | Portugal Tel.: +351 252 622 158 [email protected] Portugalglobal // março 15 // 23 DESTAQUE COMUR UMA EMPRESA FORTEMENTE EXPORTADORA >POR NUNO PAUSEIRO*, GERENTE A Comur - Fábrica de Conservas da Murtosa, Lda., nasce em 1942 como resposta empresarial à abundância de enguias que existia na Ria de Aveiro. Neste momento a empresa emprega 100 trabalhadores, tendo registado um volume de negócios de 3,8 milhões de euros valor em 2014. Recebeu, em Dezembro último, a Menção Honrosa na categoria de PME, no âmbito do Prémio Agricultura 2014. Sendo as enguias fritas um prato típico da região, e sendo difícil, naquela época, fazer chegar o pescado em boas condições de ser consumido ao interior do país, o produto inicial da Comur foram as enguias fritas em molho de escabeche, que é um conservante natural. Esta oportunidade de negócio associou uma sociedade de capital de Estarreja ao excelente conhecimento, por parte de algumas pessoas, relativo à tradicional preparação das enguias, mas agora num formato industrial. A primeira exportação de que há registo foi para Itália, através de um agente comercial de Lisboa, o qual pretendia exportar as enguias da Murtosa em barris de madeira. Estávamos na altura em plena Segunda Guerra Mundial. 24 // março 15 // Portugalglobal crescimento sustentado, uma gestão rigorosa, com pouco recurso à banca, apenas quando necessário, e o facto de nunca darmos passos demasiado grandes para a nossa estrutura, que se manteve leve e quase toda direccionada para a produção. A crise económica dos últimos anos pouco afectou a Comur, pois, num contexto nem sempre fácil, crescemos como empresa e aumentámos o volume de negócio. Foram determinantes neste O facto de sermos uma empresa fortemente exportadora, faz-nos sentir mais seguros e confiantes em relação ao futuro, pese embora a crise da sardinha em Portugal que actualmente se faz sentir. Um dos factores determinantes na exportação, e que está associado desde sempre à Comur, é a procura por parte dos clientes internacionais de produtos com muita qualidade. Estes sabem que o know-how português em matéria de fabrico de conservas é inigualável, sendo importante para estes clientes que as suas marcas próprias DESTAQUE mostrem o carimbo Made in Portugal, como sinal de fiabilidade e qualidade. Assim, as exportações dos nossos produtos fazem-se não só pela reconhecida qualidade da matéria prima, com a qual as conservas são elaboradas, no caso, a sardinha portuguesa, que é considerada das melhores do mundo, como também pela forma tradicional como são fabricadas. Na realidade, o produto mais procurado continua a ser a sardinha, especialmente apreciada nos mercados francês e italiano. No caso dos Estados Unidos e da Alemanha, os fumados ad- “Na realidade, o produto mais procurado continua a ser a sardinha, especialmente apreciada nos mercados francês e italiano. No caso dos Estados Unidos e da Alemanha, os fumados adquirem uma relevância maior. Os países mais importantes para a exportação da Comur são França, Itália, Estados Unidos, Suíça e Alemanha.” quirem uma relevância maior. Os países mais importantes para a exportação da Comur são França, Itália, Estados Unidos, Suíça e Alemanha. O mercado das conservas de qualidade constitui o principal alvo da Comur, sendo os seus produtos reconhecidos a nível nacional e internacional pela sua excelência, que é permanentemente testada e controlada pelo seu laboratório, o qual se encontra equipado com a mais moderna tecnologia e um quadro de colaboradores com experiência e conhecimento na área alimentar. *O autor escreve de acordo com a antiga grafia. Fábrica de Conservas da Murtosa, Lda. Zona Industrial da Murtosa, Apartado 32 3871-909 Murtosa | Portugal Tel.: +351 234 830 000 Fax: +351 234 830 009 [email protected] www.comur.com CONSERVAS PORTUGAL NORTE, LDA. NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO >POR CLÁUDIO RIBEIRO*, DIRECTOR COMERCIAL A Conservas Portugal Norte, LDA. é uma empresa de cariz familiar, fundada em 1912, em Sesimbra, tendose deslocado mais tarde para Matosinhos – o principal centro de indústrias conserveiras – onde tem a sua sede e pólo produtivo. Aliando a tradição portuguesa em produzir conservas de pescado, a uma mundialmente reconhecida qualidade dos seus produtos, esta PME, com cerca de 80 colaboradores, faz chegar as suas marcas aos quatro cantos do planeta. A CPN tem como missão principal a satisfação plena dos seus clientes através da segurança e qualidade das conservas produzidas e orgulha-se de se ter conseguido manter em alguns mercados como empresa de referência, estando até hoje nas mesas de famílias que passaram o consumo das suas conservas como uma tradição familiar. Contribui para esta fidelização dos seus clientes, o facto de a empresa basear a sua produção em fornecedores e ingredientes de excelência, sentindo-se desde sempre privilegiada por ter acesso a uma matéria-prima (peixe) de uma frescura inigualável. A sua proximidade ao porto de pesca faz com que o peixe que utiliza seja imaculado e isto associado à alta qualidade e às características únicas da sardinha da costa portuguesa, o que possibilita que os seus produtos sejam diferenciadores nos mercados estrangeiros. Em constante crescimento, a CPN atingiu em 2014 os 7,1 milhões de euros de facturação, produzindo em média cerca de 80.000 latas diárias de conservas de sardinhas, atum e cavala, entre outros, como o tradicional bacalhau “à portuguesa”. Desde o início da sua existência que a empresa está virada para os mercados internacionais, estando hoje com cerca de 80 por cento da sua facturação alocada à exportação. Os mercados-alvo da sua internacionalização são diversos e muito eclécticos, dispersando a sua abrangência um pouco por todos os continentes. A CPN é detentora de algumas marcas que trabalha em diversos mercados, Portugalglobal // março 15 // 25 DESTAQUE CONSERVEIRA DO SUL REFERÊNCIA NO MERCADO DAS CONSERVAS >POR JORGE FERREIRA, SÓCIO E DIRECTOR COMERCIAL mas é na sua marca principal – PORTHOS – que baseia todo o seu core business e estratégia de expansão. As conservas desta marca estão presentes em mercados que vão desde Portugal aos mercados tradicionais europeus, PALOP e até mesmo ao Médio e Extremo Oriente. Assim, esta sua marca chega aos consumidores mundiais em diferentes línguas, que vão desde os europeus português, inglês e francês, passando pelo árabe e o hebraico até ao mais longínquo mandarim. Parcerias sólidas com agentes e clientes da maior confiança têm também um papel significativo no crescimento contínuo e estável da empresa. Uma equipa devidamente formada e um investimen- 26 // março 15 // Portugalglobal to apropriado em desenvolvimento e certificação completam esta estrutura, projectando-a além-fronteiras, provando que a qualidade, tradição, conhecimento e diversidade são uma combinação de sucesso comprovado. *O autor escreve de acordo com a antiga grafia. Conservas Portugal Norte, LDA. Rua Sousa Aroso, 580 – 620 Apartado 2041, 4451-901 Matosinhos | Portugal Tel.: +351 229 380 019 Fax: +351 229 371 444 [email protected] www.conserveira.com A história da Conserveira do Sul está intimamente interligada com a vida do seu fundador, António Jacinto Ferreira, que desde muito cedo apostou fortemente no desenvolvimento dos seus negócios, desde armazéns de peixe a sociedades comerciais no mesmo ramo de negócio. Em 1954, compra a Conserveira do Sul, hoje uma empresa familiar que conjuga com sucesso tradição e modernidade. DESTAQUE A entrada de Portugal na União Europeia e o surgimento de um mercado cada vez mais concorrencial, trouxe novos desafios a que a Conserveira do Sul soube dar respostas concretas, assegurando não só a continuação da dos últimos anos, a concentrar os seus esforços nos mercados externos, procurando chegar aos quatro cantos do mundo com as suas conservas e patés de peixe, tão apreciados pelas diferentes culturas e povos, e também pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. “A Conserveira do Sul assume, assim, como missão, ser uma referência no mercado das conservas de peixe em Portugal e na Europa, distinguindo-se pela diferenciação e qualidade dos seus produtos.” Deste modo temos vindo a reconquistar mercados que tradicionalmente eram apreciadores da boa conserva de peixe portuguesa. Neste momento a Conserveira do Sul está presente em Portugal, Espanha, Suécia, Dinamarca, França, Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Polónia, Angola, EUA, Brasil, Austrália e Timor. Preparada para corresponder às diversas exigências dos mercados internacionais, a Conserveira do Sul está registada no FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos da América, no DIPOA, Brasil, e os seus produtos têm certificado HALAL. Conserveira do Sul, Lda. Zona Industrial de Olhão 8700-281 Olhão | Portugal Tel.: +351 289 702 016 Fax: +351 289 704 367 [email protected] [email protected] www.consul.pt qualidade das conservas que sempre produziu, como também lançando novos produtos no mercado, todos com a marca da sólida experiência adquirida, que aliada à boa tradição conserveira e à modernidade de processos de fabrico, permitem produzir conservas e patés de peixe de altíssima qualidade. Em 1996, a transferência da empresa para uma nova unidade industrial, actualizou os seus processos de produção sem que, no entanto, se perdessem os métodos tradicionais de fabrico. Esta mudança representou uma etapa fundamental no já longo percurso da Conserveira do Sul rumo à excelência, respondendo eficazmente às necessidades dos consumidores cada vez mais exigentes e informados. Como corolário dos seus esforços, a marca Manná, granjeia notoriedade no mercado, não só nas conservas tradicionais, como também nos patés de peixe, um dos produtos mais apreciados. Neste sentido, a empresa labora diariamente o peixe mais fresco que chega às lotas do Algarve, capturado pelas embarcações nas águas da região, facto que confere uma qualidade superior e distintiva aos nossos produtos. A Conserveira do Sul assume, assim, como missão, ser uma referência no mercado das conservas de peixe em Portugal e na Europa, distinguindo-se pela diferenciação e qualidade dos seus produtos. Com este objetivo tem vindo, ao longo Portugalglobal // março 15 // 27 DESTAQUE RAMIREZ NOVA FÁBRICA IMPULSIONA EXPORTAÇÃO >POR MANUEL TM RAMIREZ*, ADMINISTRADOR Fundada em 1853, em Vila Real de Santo António, a Ramirez & Cª (Filhos), SA, com uma história que atravessa três séculos, é a mais antiga fábrica de conservas de peixe do mundo em laboração. Com 180 trabalhadores, tem uma facturação anual de 30 milhões de euros, 64 por cento dos quais resultantes da exportação para os cinco continentes. A Ramirez & Cª (Filhos), SA, que produz e comercializa para todo o mundo, desde o século XIX, 14 marcas de conservas de peixe – entre as quais a Ramirez, a La Rose, a Cocagne, a General e a The Queen of the Coast – está prestes a abrir um novo capítulo da sua já longa história de 162 anos. Com unidades industriais estrategicamente situadas em cidades costeiras que garantiram sempre matérias-primas de elevada frescura e qualidade (Vila Real de Santo António, Olhão, Albufeira, Setúbal, e, mais recentemente, Peniche e Matosinhos), a Ramirez reforçou, ano após ano, a sua vocação exportadora. O famoso “Atum de Di- 28 // março 15 // Portugalglobal reito”, capturado no Algarve, começou a ser exportado para Itália e Brasil ainda século séc. XIX, logo nos primeiros anos de laboração da empresa. Actualmente a empresa ultima a concentração da produção das suas unidades produtivas de Matosinhos e Peniche numa nova fábrica, cuja inauguração está prevista para o final do primeiro semestre de 2015. Situada em Lavra, Matosinhos, a “Ramirez 1853” é um investimento em contraciclo que ascende a 18 milhões de euros. Este projecto foi considerado de Potencial Interesse Nacional (PIN). Dando continuidade à aposta na segurança alimentar e na inovação, a nova DESTAQUE fábrica utilizará tecnologia de vanguarda e adoptará os mais modernos e sofisticados processos produtivos, que permitirão “A nova fábrica utilizará tecnologia de vanguarda e adoptará os mais modernos e sofisticados processos produtivos, que permitirão duplicar a capacidade produtiva, diminuir os custos operacionais e logísticos e criar 40 novos postos de trabalho.” duplicar a capacidade produtiva, diminuir os custos operacionais e logísticos e criar 40 novos postos de trabalho. O processo de internacionalização privilegiou sempre uma política de marca própria, que continua em plena expansão, solidificando a presença contínua das marcas Ramirez, Cocagne, Teddy, Mistral, Gabriel, entre outras, e de 55 referências de conservas de peixe de superior qualidade (atum, sardinha, filetes de sardinha, cavala, bacalhau, lulas, polvo, mexilhões, filetes de anchova, em vários molhos e formatos) em mais de 50 mercados: Angola, África do Sul, Brasil, Espanha, Bélgica, Canadá, EUA, Japão, China, Venezuela, França, Finlândia, México, Noruega, Luxemburgo, Moçambique, Paraguai, Polónia, Reino Unido, Alemanha, entre muitos outros. O compromisso permanente com a sustentabilidade da pesca, a inovação, o controlo da qualidade, a segurança alimentar e a conveniência dos consumidores é o pilar de uma relação de confiança com os clientes que não descuram a defesa da sua imagem e prestígio. A fiabilidade confere-lhe o mundo! *O autor escreve de acordo com a antiga grafia. Ramirez Rua Óscar da Silva, 1683 Leça da Palmeira - P. O. Box 2050 4451-953 Matosinhos | Portugal Tel.: +351 22 999 7878 Fax. +351 22 999 7879 [email protected] www.ramirez.pt Portugalglobal // março 15 // 29 ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL VISEU EXPORTADOR A 6ª edição do Roadshow Portugal Global decorreu em Viseu, nas instalações da AIRV Associação Empresarial da Região de Viseu, no dia 18 de março. Os mercados analisados foram a Hungria e Moçambique, por serem destinos que se enquadram nas características de exportação das empresas da região. A intenção deste Roadshow foi dar a conhecer aos empresários a melhor forma de expandirem os seus negócios com sucesso. Dando continuidade a esta iniciativa, a AICEP realiza a 7ª sessão do Roadshow Portugal Global, no dia 15 de abril, em Bragança. A escolha deste distrito está relacionada com a presença de uma das lojas de Exportação da AICEP ali situada, mas sobretudo devido à forte componente exportadora das empresas de Viseu. O elevado número de empresários da região presentes na sessão, assim como nas reuniões bilaterais promovidas no âmbito do evento, demonstra a importância da região de Viseu na exportação e o interesse dos empresários nestes mercados. A sessão de abertura contou com a participação de João Cotta, presidente da AIRV, e de Miguel Frasquilho, presidente da AICEP, que realçou a importância do reforço das exportações por parte das empresas da região, uma vez que existem no distrito pouco mais de 500 empresas exportadoras, referindo que é pouco para a capacidade, massa crítica, inovação e empreendedorismo de Viseu. Por isso, Miguel Frasquilho não tem dúvidas que existem oportunidades que devem ser mais aproveitadas. 30 // março 15 // Portugalglobal A apresentação do mercado húngaro foi realizada por Joaquim Pimpão, representante da Agência em Budapeste, enquanto a apresentação do mercado moçambicano ficou a cargo de Fernando Carvalho, representante da AICEP em Maputo. Ambos os responsáveis apresentaram numa abordagem multissetorial, as várias oportunidades que estes mercados oferecem. Seguidamente, teve lugar um debate moderado por Alexandra Machado, do Jornal de Negócios, onde participaram Joaquim Pimpão, Fernando Carvalho, Casimiro Gomes, presidente do conselho de administração da Lusovini, Maria da Conceição Fernandes, international business manager da Neológia, João Quitério, administrador da Visabeira, e Florbela Galvão Cunha, responsável da área de negócio internacional do Montepio ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL Investimento. No final da manhã, o administrador da AICEP, Pedro Ortigão Correia, encerrou a primeira parte deste Roadshow, mencionando a importância do contacto da Agência com as empresas locais e as potencialidades da região, que concentra grandes projetos de investimento nacional e estrangeiro, os quais dinamizam a atividade internacional das empresas locais. No período da tarde foram realizadas reuniões bilaterais entre os responsáveis da AICEP em Budapeste e Maputo e as empresas interessadas em exportar ou que já exportam para estes mercados. A AICEP aproveitou ainda este Roadshow para realizar uma sessão de esclarecimento sobre os instrumentos de apoio à internacionalização e à inovação empresarial no âmbito do programa Portugal 2020. MERCADOS EM ANÁLISE Os dois mercados analisados em Viseu foram a Hungria e Moçambique, pelos representantes da AICEP nestes países, que apresentaram as potencialidades e oportunidades dos mercados. Porquê a Hungria? Há cada vez mais empresas portuguesas a exportar para a Hungria, sendo que nos últimos anos as exportações registaram um aumento médio anual de 20 por cento. As principais exportações para este mercado, mais de 80 por cento, são máquinas e aparelhos, químicos, plásticos e borracha, veículos e outro material de transporte e matérias têxteis. Na perspetiva da internacionalização das empresas portuguesas, é importante percecionar que a Hungria faz fronteira com sete países diferentes, sendo uma porta de entrada e um dos potenciais centros logísticos de difusão e distribuição de bens, serviços e know-how portugueses para outros mercados da Europa Central e Oriental. Joaquim Pimpão, diretor da AICEP na Hungria, apresentou o mercado e mencionou que existem nele oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, pelo que há espaço para o incremento das exportações portuguesas e para a cooperação para ter- ceiros mercados. Porquê Moçambique? Moçambique tem vindo a registar um desempenho económico notável, assentando este crescimento económico no desenvolvimento de projetos nos domínios da exploração de recursos naturais, especialmente gás e carvão, energia e infraestruturas. Para além disso, está a renovar estradas, caminhos de ferro, portos e aeroportos, estando o setor imobiliário em expansão nos principais centros urbanos. Várias empresas do distrito de Viseu já descobriram o potencial deste país, aproveitando as suas vantagens competitivas. Desta forma, os produtos portugueses têm aumentado a sua presença em Moçambique. Para falar sobre o mercado e as suas oportunidades esteve presente Fernando Carvalho, representante da AICEP em Moçambique, que abordou os principais fatores de crescimento do país, identificando algumas das principais oportunidades de negócio, mas também as dificuldades existentes, bem como alguns conselhos de abordagem ao mercado moçambicano. Clique na imagem para ver o video do evento Portugalglobal // março 15 // 31 ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL HIGHLIGHTS Almeida Henriques Presidente da Câmara Municipal de Viseu “Saúdo a AICEP por esta iniciativa de levar o Roadshow pelo país. Esta passagem por Viseu é extremamente importante, porque apesar dos últimos três anos não terem sido fáceis para o país, muitos empresários foram procurar oportunidades de negócio noutros mercados. Por isso, em Viseu, são hoje mais de 500 as empresas exportadoras, o que faz com que atualmente nos concentremos nos mercados externos, sem no entanto perder de vista que é fundamental captar investimento. Nesta medida, as empresas são essenciais, porque são elas que fazem os negócios, investem e chegam aos diferentes mercados. É, por isso, ainda fundamental que existam instrumentos focados nas empresas, como o Portugal 2020. Assim, a autarquia de Viseu está apostada no apoio aos empresários da região, trabalhando neste sentido em parceria com a AICEP. O concelho de Viseu tem crescido visivelmente e é um dos poucos que tem capacidade para contrariar a desertificação do interior, através do investimento e da criação de riqueza.” João Cotta Presidente da Associação Empresarial da Região de Viseu “Num mercado saturado, como o nosso, acredito que a única solução para as empresas portuguesas seja a internacionalização. Assim, o apoio local da AICEP é fundamental, especialmente para uma PME. No entanto, é necessário ter-se capacidade financeira e ser-se bom naquilo que se faz em Portugal, para se ser capaz de inovar e afirmarse no mercado de destino. Considero alguns requisitos fundamentais para assegurar o sucesso no processo de internacionalização, como o controlo de custos, um bom sistema de report e ter pessoas adequadas. Nesse sentido, e lembrando que a dimensão média das empresas portuguesas é pequena, penso que é importante procurar parceiros complementares. Um outro fator decisivo para o sucesso da internacionalização é a persistência, porque o êxito não se atinge à primeira.” Joaquim Pimpão Diretor da AICEP em Budapeste Fernando Carvalho Diretor da AICEP em Maputo “Budapeste tem excelentes oportunidades comerciais para as nossas empresas, mas estas devem avançar para a Hungria de uma forma gradual e organizada, uma vez que este país não é um mercado de salvação para nenhuma empresa. Portugal é muito bem visto na Hungria, pelo que vale a pena arriscar neste mercado recheado de possibilidades e cheio de oportunidades para as empresas portuguesas, sendo uma excelente porta de entrada, na medida em que faz fronteira com sete países diferentes.” “Moçambique é um mercado com várias oportunidades para os empresários portugueses. Do ponto de vista das práticas comerciais, o mercado é informal e há sempre a possibilidade de optar por um distribuidor que já esteja instalado no país ou de colocar no local um representante comercial. Relativamente ao representante, é importante ter consciência que este não tem experiência no mercado e pode demorar um pouco mais de tempo. Por outro lado, o distribuidor tem a vantagem de conhecer o mercado e ter clientes habituais, embora possa representar muitas outras marcas. Desta forma, as empresas devem analisar o mercado e optar de forma consciente pela melhor opção para os seus negócios.” 32 // março 15 // Portugalglobal ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL EMPRESAS PORTUGUESAS INOVAÇÃO E QUALIDADE CONDUZEM AO RECONHECIMENTO INTERNACIONAL >EXCERTOS DO DISCURSO DE ABERTURA DE MIGUEL FRASQUILHO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AICEP PORTUGAL GLOBAL Tem havido um esforço grande por parte dos empresários em apontar baterias aos mercados internacionais e sabemos que existem oportunidades de negócio à altura de um tecido empresarial experiente, sofisticado e capaz de encarar vários tipos de mercados. “Na sexta edição do Roadshow Portugal Global, que hoje está a decorrer no distrito de Viseu, focamo-nos nas potencialidades de internacionalização e nas oportunidades de negócio em dois mercados distintos: a Hungria e Moçambique. Vamos partilhar o conhecimento único e exclusivo de quem está no terreno e de quem interage com os principais stakeholders destes mercados. Pretendemos apoiar as empresas da região no reforço das suas exportações, para que, nos próximos anos, o total de empresas exportadoras deste distrito seja superior às cerca de 500 atuais. São já mais de 40 mil as empresas portuguesas que exportam os seus produtos e serviços para um número crescente de países. Esta abertura aos mercados internacionais deveu-se à mudança de mentalidade das empresas portuguesas que interiorizaram um novo conceito de mercado local e perceberam que os seus produtos e serviços concorrem em todas as partes do mundo. Assim, impuseram-se pela qualidade e pela inovação dos seus produtos. Os resultados estão à vista de todos. Nos últimos anos, a balança externa portuguesa tornou-se positiva e as exportações portuguesas de bens e serviços representam hoje cerca de 40 por cento do PIB. Os mercados também se diversificaram, sendo que 70 por cento das nossas exportações se destinam à Europa, o que significa que 30 por cento deste volume exportado se dirige aos mercados extracomunitários. Assim, temos mais empresas portuguesas a exportar para mais mercados, provando que o made in Portugal é hoje um ativo reconhecido internacionalmente. O Plano Estratégico da AICEP vem reforçar o nosso âmbito de atuação nos mercados externos, alargando a nossa presença em 12 novos mercados: Cazaquistão, Coreia do Sul, Equador, Finlândia, Gana, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Nigéria, Noruega, São Tomé e Príncipe, Senegal e Timor-Leste. E sabemos que é necessário atrair investimento para o nosso país. Vamos pois reforçar a captação de investimento através da criação de especialistas na atração de investimento, os quais acompanharão os mercados norte americanos, europeus e asiáticos. Ao mesmo tempo, o programa Portugal 2020 prevê um investimento total de cerca de 26 mil milhões de euros na nossa economia, cujo primeiro objetivo é a dinamização de uma economia aberta ao exterior, capaz de gerar riqueza de uma forma sustentada. A nossa economia é hoje mais competitiva, mais atrativa e mais internacionalizada. A qualidade e a capacidade inovadora das empresas portuguesas são cada vez mais reconhecidas internacionalmente. Os incentivos à internacionalização e ao investimento estão criados e lançados.” Portugalglobal // março 15 // 33 EMPRESAS SISTRADE ESTRATÉGIA DE SUCESSO NO MERCADO INTERNACIONAL A SISTRADE, tecnológica portuguesa de sistemas de gestão industriais, está presente em 20 países em quatro continentes. Fundada no ano 2000, a empresa tem na indústria de artes gráficas os seus principais clientes, tendo registado um crescimento de cerca de 15 por cento no ano passado. O mercado internacional contribuiu já com 60 por cento para os resultados globais da empresa. Fundada há perto de 15 anos, com sede no Porto e orientada para a área do business to business e inerentes ferramentas de gestão, a SISTRADE diferenciou-se, desde logo, da restante oferta do mercado nacional e internacional pela originalidade das suas soluções, bem como pelo facto de desenvolver software exclusivamente na plataforma web, o que à data era raro no mercado das TIC. Tendo por core business o desenvolvimento de sistemas de gestão industriais (vulgo ERP/MIS – management information system), opera tradicionalmente nos seguintes mercados: indústria das artes gráficas (incluindo security printing, embalagens, etiquetas, transformação 34 // março 15 // Portugalglobal de papel), plásticos (incluindo embalagens flexíveis, extrusão, injeção), têxtil (cordas industriais para o sector têxtil e naval, fio sintético), metalomecânicas, alimentar (vinhos), borracha (calçado), componentes de hardware (computadores), automóvel e cerâmica. Atualmente conta com cerca de 50 colaboradores, incluindo os business partners internacionais nos diferentes continentes. A SISTRADE, além da sede no Porto, tem representação comercial em Lisboa, Madrid, Paris, Milão, Frankfurt, Varsóvia, Liubliana, Istambul, Abu Dhabi e Cidade do México, tendo clientes em 20 países de quatro continentes. Além de Portugal, a SISTRADE tem clientes em países como Espanha, França, Alemanha, Polónia, Lituânia, Eslovénia, Croácia, Sérvia, Turquia, Líbano, Arábia Saudita, Qatar, Tailândia, Angola, México, Colômbia, Equador, Bolívia e Chile. Da sua carteira de clientes, a empresa destaca alguns: a Prepak na Tailândia, a Sentez Ambalaj na Turquia, o Ministério do Interior do Qatar no Qatar, a LunaPress no Líbano, a Damer em Angola, a Monteiro Ribas, Lidergraf, Eikon, Cotesi, Cordex e Symington em Portugal, a Orcajada e Grupo Jomagar em Espanha, a Herzog na Alemanha, a Comex na Polónia, a Printera na Croácia, a Proempaques na Colômbia, e a Poligrafia no Equador. EMPRESAS Sem descurar o mercado industrial português, que foi a base de aprendizagem e crescimento da SISTRADE, a empresa assumiu desde a primeira hora o mercado internacional como objetivo de curto prazo, capaz de possibilitar um crescimento sustentado e em dimensão, que gerasse margens de retorno atrativas e permitissem um permanente alavancamento do negócio e de futuro. A empresa desenvolveu, desde o início da sua atividade, medidas que se enquadrassem nesse desígnio e que, além das recorrentes missões comerciais internacionais na promoção das soluções SISTRADE, promoveram o desenvolvimento de software utilizando tecnologia de ponta e um sistema multilingue, facilitador da sua localização no mercado recetor. Perto de 15 anos depois da fundação da SISTRADE, o software Sistrade® expressa-se em mais de 11 línguas, incluindo o árabe. A estratégia da SISTRADE para o mercado internacional passa pela angariação de uma rede de parceiros, utilizando um country manager a quem confia a gestão e crescimento dos seus negócios nas várias regiões onde está presente. “Não há regras definidas, cada caso é um caso, mas é norma a equipa comercial deslocar-se de Portugal ao exterior em apoio direto aos seus parceiros, ou ‘country managers’, na prospeção e conclusão dos negócios”, explica Paulo Souto, Administrador da SISTRADE. O mercado das Artes Gráficas ocupa uma percentagem muito elevada nas exportações da empresa que, por esse motivo, tem uma preocupação constante em estar presente nos certames internacionais de maior visibilidade do ramo, bem como regularmente nas revistas especializadas do sector, seja através de publicidade seja com artigos técnicos. No entanto, e “apesar de muito de o trabalho ser feito nos bastidores, é um facto adquirido que os contactos diretos com visitas ao cliente, ou à rede de contactos estabelecida em formato de missões comerciais, é preferencial e praticamente insubstituível” na abordagem aos mercados externos, reforça o gestor. Paulo Souto realça ainda o papel que a AICEP e a suas delegações no exterior têm desempenhado, ao longo dos anos, no acompanhamento da SISTRADE nos mercados externos, designadamente naqueles onde a empresa não tem presença ou rede de contactos. “Para o início da atividade os serviços facultados pela AICEP são fundamentais. É sempre importante discutir e trocar ideias com quem vive e experimenta as dificuldades/cultura do mercado. Foram, e continuam a ser, inúmeras as missões de trabalho de prospeção executados pela SISTRADE em colaboração com a AICEP. Diria que a AICEP é a nossa primeira ‘delegação’, uma extensão da nossa atividade comercial, bem como o nosso primeiro consultor local”, afirma. A SISTRADE aponta para proveitos na ordem dos dois milhões de euros em 2014 (resultados ainda não apurados), sendo que cerca de 60 por cento é representativo da exportação. Em termos absolutos (considerando o mercado nacional e o internacional), a empresa cresceu cerca de 15 por cento no ano passado, tendo como objetivo para 2015 manter a mesma taxa de crescimento em Portugal e crescer ainda “Perto de 15 anos depois da fundação da SISTRADE, o software Sistrade® expressase em mais de 11 línguas, incluindo o árabe.” mais no mercado internacional, mas de uma forma sustentada, sem permitir desequilíbrios entre as vendas e a execução dos projetos. “Resultante de uma aposta de há um ano e meio atrás, e após os bons indicadores deste início de ano, pensamos que teremos um excelente ano no Sudoeste da Europa, na região das Balcãs, designadamente na Sérvia, e ainda no Médio Oriente”, adianta o mesmo responsável, acrescentando ser ainda de realçar o forte crescimento da empresa em Portugal nos últimos dois anos. “Apesar da crise em Portugal nos últimos anos, o mercado nacional na área do MES (management execution system) está pujante para a SISTRADE, e acreditamos que continuará a crescer, sendo o programa Horizonte 2020 um bom indicador de continuidade neste mercado”, especifica o gestor. O ano de 2015 iniciou-se de forma muito positiva para a SISTRADE com a angariação de novos negócios, destacando-se um novo projeto numa das maiores gráficas croatas – Grafički zavod Hrvatske d.o.o. –, bem como na Arábia Saudita, na empresa de etiquetas Lawaseq. No segundo trimestre deste ano deverá também arrancar o projeto de security printing do Ministério do Interior do Qatar e, no final do primeiro trimeste, a SISTRADE terminará a instalação do Sistrade MES - Management Execution System numa das fábricas da SGL Group em Portugal, esperando transferir esta experiência/solução tecnológica para as diferentes fábricas do grupo espalhadas pelo mundo. A solução Sistrade® é um software 100 por cento web based, multiplataforma de acesso exclusivo browser em PC, MAC, Tablet, iPhone ou similar, multilingue e em sistema cloud. A SISTRADE desenvolveu um portefólio de produtos neste domínio destacando-se: Gestão Comercial & Orçamentação, CRM - Customer Relationship Management, Gestão de Stocks & Compras, Mobile Materials Management, Gestão da Produção, Planeamento – Scheduling, MES - Manufacturing Execution System, Gestão de Energia, Controlo de Qualidade, Manutenção de Equipamentos, Ecoeficiência, Balanced Scorecard, Ebusiness, Business Intelligence, Gestão de Tesouraria, Gestão de Imobilizado, Gestão de Contabilidade, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de I&D e Inovação, e Gestão de Projetos. SISTRADE Rua Manuel Pinto de Azevedo, 64B 4100-320 Porto | Portugal Tel.: +351 226 153 600 Fax: +351 226 153 699 [email protected] www.sistrade.com Portugalglobal // março 15 // 35 EMPRESAS SISCOG OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS COM SUCESSO NO MERCADO EXTERNO A SISCOG, especializada no planeamento e gestão de recursos em empresas ferroviárias e metropolitanos, é um dos principais players deste mercado a nível mundial, contribuindo a exportação dos seus produtos com 97 por cento para a sua faturação. A empresa tem como objetivo expandir a sua presença em mercados como o Brasil, os Estados Unidos e a China. ganhos efetivos para as empresas, pelo suporte e serviço de manutenção prestado, e pela inovação constante que vai introduzindo nos produtos. A SISCOG foi fundada em 1986 por Ernesto Morgado e João Pavão Martins, que decidiram aplicar em Portugal os conhecimentos que obtiveram em Buffalo, Nova Iorque, no âmbito dos Doutoramentos em Inteligência Artificial (IA) que efetuaram na Universidade Estadual de Nova Iorque. Entre os produtos da SISCOG contam-se o CREWS, que ajuda a planear e gerir as tripulações ou o pessoal estacionário, e o FLEET e o ONTIME que planeiam o material circulante e definem horários, respetivamente, nomeadamente, pela melhor utilização do material em termos de poupança de viagens e melhor oferta de serviços aos passageiros. Inicialmente não sabiam qual a área de atuação ou mercado onde tal ia ser aplicado, mas tinham três certezas: queriam atuar num nicho de mercado, queriam desenvolver produtos próprios ao invés de prestar serviços, e queriam atuar no mercado internacional. Começaram por fazer divulgação da IA através de conferências e seminários, bateram a diversas portas e, em 1985, aliam-se à empresa Sperry (antiga Unysis) com quem foram apresentando diversos seminários e, num deles, anunciaram o desenvolvimento de dois sistemas protótipos gratuitos para as primeiras duas empresas interessadas. As mais rápidas a responder foram a TAP (planeamento de turnos de tripulantes) e o BNU (gestão de excedentes de tesouraria). O protótipo para a TAP acabou por determinar o que viria a ser a área de atuação da SISCOG: o planeamento e gestão de recursos. Com sede em Lisboa e escritório no Porto, e atualmente com perto de 130 colaboradores, a maioria dos quais lo- 36 // março 15 // Portugalglobal calizados na sede, a SISCOG destaca-se pela sua especialização no planeamento e gestão de recursos (horários, material circulante e pessoal) de empresas de transporte, em particular caminhos de ferro e metropolitanos. Dentro deste segmento, é especialista na área da otimização da utilização dos recursos (por exemplo, número de pessoas necessárias, horas extraordinárias pagas, melhor serviço prestado ao passageiro), adequando os seus produtos à realidade dos clientes por forma a baixar custos de operação e a aumentar a eficiência. Basicamente, a SISCOG distingue-se pela qualidade do software disponibilizado aos clientes, pelas respetivas capacidades de otimização com consequência em O Metropolitano de Lisboa e a CP Carga são os principais clientes da empresa em Portugal, cuja oferta se tem dirigido principalmente a clientes no mercado externo, sobretudo europeu. Os caminhos de ferro da Dinamarca e Suburbanos de Copenhaga (DSB), da Finlândia (VR), da Holanda (NS) e da Noruega (NSB) e ainda o Metro de Londres (LU) são alguns dos utilizadores das soluções da SISCOG. A este propósito, refere fonte da empresa que o CREWS tem permitido poupar cerca de 6 por cento aos caminhos de ferro holandeses no planeamento de pessoal, já que uma redução de meio ponto percentual neste domínio corresponde a uma poupança anual de 3 milhões de euros. Atuando num nicho de mercado altamente especializado que levou a EMPRESAS Nesse sentido, está a avaliar o estabelecimento de parcerias locais com um caráter fortemente comercial e eventual posterior evolução para a criação de estruturas de cariz mais técnico nesses mercados, dado tratar-se de geografias com fusos horários significativamente distantes e até com culturas contrastantes. médio e longo prazo, com preocupações de crescer em termos de resultados, mercados e número de clientes, mas também que esse crescimento não ponha em causa a empresa, os seus colaboradores e clientes atuais”, reforça João Pavão Martins. A SISCOG lida num nicho de mercado (caminho de ferro e metropolitano), numa área muito específica (planeamento de recursos) e com empresas em que o processo de decisão é longo e maioritariamente dependente de concursos públicos, explica a mesma fonte, pelo que não faria sentido avançar já com a criação de estruturas locais. Sublinhe-se que a SISCOG fechou o ano de 2014 com um valor de faturação de cerca de 8,1 milhões de euros, sendo que desses cerca de 97 por cento foram resultantes de exportações. Para este ano a empresa estima que o volume de vendas mantenha as mesmas taxas de crescimento dos últimos anos, ou seja, na ordem dos 8 a10 por cento. A SISCOG tem desenvolvido uma intensa atividade de prospeção, promoção e divulgação da sua oferta nesses mercados, procurando a melhor solução de parceria Ainda de mencionar as várias distinções que a empresa tem recebido ao longo dos anos e que atestam o investimento em inovação. A SISCOG foi galardoada local, sendo com esta filosofia que conta, desde janeiro passado, com um parceiro local no Brasil, a SYSFER, também responsável pela América do Sul. por três vezes (em 1997, 2003 e 2012) com o prémio de inovação atribuído pela “Association for the Advancement of Artificial Intelligence”, a mais prestigiada organização científica no setor da Inteligência Artificial a nível mundial; em 2006 recebeu a medalha de mérito do “Computerworld Honors Program”; e, em 2010, a Menção Honrosa para o produto CREWS RTD nos “Prémios de Inovação COTEC-Unicer”. SISCOG a ser hoje um dos principais players no segmento a nível mundial, a empresa tem apostado numa política de inovação e na qualidade dos seus produtos e serviços, visando não só satisfazer as necessidades dos clientes, mas superar as suas expectativas. “A SISCOG orgulha-se do que tem criado, de forma consistente e sustentável, ao longo de quase 30 anos e a vários níveis. Ao nível de produtos inovadores e que criam valor para os nossos clientes (poupanças operacionais, melhor serviço ao passageiro). Ao nível do relacionamento com os nossos clientes – sólido e baseado em parceria. E não menos importante, ao nível das suas pessoas, que são quem faz a SISCOG, e que encaram o que fazemos como algo valioso”, afirma João Pavão Martins, CEO e fundador da empresa. Expansão no mercado externo A internacionalização da SISCOG tem tido como modelo a exportação, devido à proximidade geográfica dos clientes atuais, situados na Europa. A empresa está, no entanto, apostada em alargar a sua presença a outras geografias, nomeadamente China e continente americano, concretamente no Brasil e nos Estados Unidos. Com esta parceria a SISCOG pretende que o acompanhamento do mercado brasileiro em especial, mas também outros países da América do Sul, seja mais dinâmico e de proximidade, continuando, por outro lado, a desenvolver o trabalho, de médio e longo prazo, de análise do mercado chinês e de procura de melhor solução para ter sucesso. Quanto aos EUA, a empresa adianta que vai reequacionar a estratégia de abordagem direta até agora utilizada. SISCOG Campo Grande, 378 - 3º 1700-097 Lisboa | Portugal Tel.: +351 217 529 100 Fax: +351 217 529 101 [email protected] “A SISCOG tem-se pautado por estratégias de crescimento orgânico e de www.siscog.pt Portugalglobal // março 15 // 37 EMPRESAS BLIP APOSTA GANHA ONLINE A BLIP é uma tecnológica do Porto especializada no desenvolvimento de aplicações para internet e serviços para a área das apostas desportivas online. Comprada em 2012 pela britânica Betfair, as aplicações da BLIP chegam a milhões de utilizadores em vários mercados europeus. Fundada em 2009 por três engenheiros portugueses, a BLIP dedicou-se desde logo ao desenvolvimento de aplicações web, tendo rapidamente começado a fazer projetos em near shore para clientes do Reino Unido, como a Yahoo e a Betfair. A empresa começou então a trabalhar em exclusividade para a área de apostas desportivas da Betfair, numa opção estratégica que culminou na aquisição da Blip pela empresa britânica em Fevereiro de 2012, num investimento que ascendeu, até agora, a 25 milhões de euros. Desde que foi adquirida pela Betfair, a área de atuação da BLIP é exclusivamente o desenvolvimento de soluções para apostas desportivas online, sendo os seus principais mercados o Reino Unido, Irlanda, Espanha, Itália, Austrália, Estados Unidos e Dinamarca. Sublinhe-se que todos os sites de apostas desportivas da Betfair são totalmente desenvolvidos pela BLIP. No âmbito da sua estratégia de crescimento, a BLIP aposta fortemente no desenvolvimento de novos talentos, 38 // março 15 // Portugalglobal não só através de uma cultura inovadora mas também na aposta em áreas técnicas complexas e pouco exploradas. Refere fonte da empresa que esta aposta tem vindo a traduzir-se, por exemplo, nos prémios de melhor empresa de tecnologia para trabalhar em Portugal e a sexta melhor empresa para trabalhar em Portugal, em 2015. O sucesso da BLIP reflete-se também no crescimento do volume de faturação, sendo que este é inteiramente decorrente da exportação de serviços de alto valor acrescentado, tendo-se traduzido em 3 milhões de euros no ano de 2013 e subido para mais de 8 milhões de euros em 2014. Um crescimento que a empresa espera manter no ano em curso. A atividade da BLIP centra-se em duas áreas complementares. Por um lado, a empresa aposta clara e continuadamente no desenvolvimento técnico e pessoal da sua equipa, para que estes continuem a crescer e a evoluir; por outro, garante a entrega de software dentro das mais elevadas exigências técnicas e temporais do produto/mercado, com elevados pa- drões de qualidade apostando sempre nas áreas técnicas que possibilitem as soluções mais inovadoras, com elevado grau de robustez e resiliência. A empresa tem também como ambição contribuir para a criação de um hub tecnológico em Portugal, em concreto no Porto, que seja reconhecido internacionalmente como um lugar de excelência. Nesse sentido, a BLIP encontra-se a organizar a Porto Tech Hub Conference 2015, em parceria com a Farfetch e Critical Software e o apoio da CM do Porto, que terá lugar nos dias 29 e 30 de maio, acrescenta a mesma fonte. Atualmente a empresa conta com 230 colaboradores, prevendo-se que esse número possa brevemente aumentar para 250. BLIP Rua Heróis e Mártires de Angola, nº59 4º 4000-285 Porto | Portugal Tel.: +351 222 083 224 www.blip.pt AICEP INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA ONLINE Portugalnews Promova a sua empresa junto de 19 mil destinatários em Portugal e nos mercados externos. NewsRoom Para uma divulgação em mercados internacionais, conta com a newsletter semanal em língua inglesa e/ou francesa. Fique a par da actividade da Agência no país e no exterior, conheça os casos de sucesso de empresas portuguesas e os artigos de especialidade económica. Esteja sempre informado com o clipping diário da imprensa nacional e estrangeira. Subscreva as nossas newsletters. Registe-se! MERCADOS CUBA UM MERCADO PARA DESCOBRIR Graças ao processo de reformas em curso, Cuba é atualmente um mercado em mudança, mais aberto ao exterior e onde as empresas portuguesas podem encontrar boas oportunidades de negócio, designadamente na área da construção e renovação das infraestruturas, no turismo e na exportação de produtos alimentares. Uma análise de mercado feita por Carlos Nunes Pinto, representante da AICEP na Venezuela, que preparou a missão oficial e empresarial realizada a Cuba em novembro passado, e por Américo Ferreira de Castro, Presidente da Câmara de Comércio Portugal-Cuba. 40 // março 15 // Portugalglobal MERCADOS OPORTUNIDADES EM CUBA Carlos Nunes Pinto, representante da AICEP na Venezuela, foi o responsável designado pela Agência para preparar e acompanhar a Missão oficial e empresarial realizada a Cuba em novembro de 2014. Numa breve entrevista, traça o retrato de um mercado que se abre ao exterior e que apresenta boas perspetivas de negócio para as empresas portuguesas. Do acompanhamento que fez da Missão Empresarial a Cuba no final do ano passado, qual a avaliação que faz? presas portuguesas, foi-me transmitida a realização concreta de negócios, os quais me abstenho de detalhar. Muito positiva. Esta Missão esteve enquadrada numa visita oficial do VicePrimeiro-ministro, Paulo Portas, de 1 a 3 de novembro de 2014, a qual proporcionou visibilidade à comitiva empresarial e facilitou a realização dos encontros empresariais. Há muito tempo que não se realizava uma visita deste nível (Vice-Primeiro-ministro, dois Secretários de Estado e 30 empresas portuguesas), o que foi valorizado pelas autoridades cubanas. Nos dias que antecederam a inauguração da feira, no acompanhamento das empresas que participaram na Missão Empresarial, pelas reuniões ocorridas neste âmbito registei boas indicações quanto a futuros projetos. Contudo, não devemos esquecer que esta Missão foi em grande medida uma prospeção; para metade da comitiva empresarial, este foi o primeiro contacto direto com Cuba. Até os resultados serem visíveis levará o seu tempo. Ficaram os contactos, o início de um relacionamento que estará a ser alimentado com troca de informações e visitas. Como sabemos, a AICEP não tem escritórios em Cuba, pelo que não terá a capacidade de acompanhar este mercado da mesma forma que tem nos mercados onde está representada. De uma forma geral, as empresas fizeram uma boa avaliação desta Missão, tanto ao nível dos contactos efetuados como às perspetivas de negócios. Quais os resultados concretos que foram alcançados? Não podemos desligar esta Missão do início da Feria Internacional de La Habana (FIHAV), onde a AICEP teve um stand, numa área onde também se encontra- vam 10 empresas portuguesas a exporem os seus produtos. Trata-se da feira multissetorial mais importante em Cuba, com periodicidade anual. As empresas interessadas neste mercado sabem que é importante marcar presença, nem que seja como visitante. Neste fórum podemos encontrar as principais empresas cubanas ligadas ao comércio exterior. Nos contactos estabelecidos com as em- Permita-me ainda relevar a oportunidade desta visita oficial acompanhada de empresas, já que ocorreu cerca de um mês antes da abertura das negociações Portugalglobal // março 15 // 41 MERCADOS para um reatamento das relações entre Cuba e os EUA (o que se espera venha a trazer benefícios para ambos os países, mas que para nós também significará uma maior concorrência). Poucos dias depois da Missão portuguesa, Havana recebeu a visita do ministro dos assuntos exteriores de Espanha; no corrente ano já visitou este país o ministro dos assuntos exteriores de Itália e proximamente espera-se a visita do presidente francês, para citar alguns exemplos. Após a Missão Empresarial organizada pela AICEP, seguiu-se a da AIP-CC e perspetivam-se outras no decorrer deste ano. O que pretendo ilustrar é que nestes momentos é de toda a conveniência estarmos na linha da frente, na abertura de portas a mais alternativas para onde exportar e internacionalizar o tecido empresarial português. Na minha opinião, isto também configura um resultado concreto. Que oportunidades e estrangulamentos detetou em Cuba? O meu conhecimento do mercado restringe-se à experiência vivida na preparação e acompanhamento da referida Missão Empresarial da AICEP, pelo será natural que a minha análise careça de outros elementos. Em primeiro lugar oferece-me chamar a atenção para a margem de crescimento que existirá no relacionamento económico ente Portugal e Cuba. A vantagem de apresentarmos valores relativamente modestos nas nossas trocas comerciais é a de que poderemos aspirar a taxas de crescimento elevadas. Em 2014, o valor das exportações portuguesas de bens para Cuba foi de 33,6 milhões de euros. Na região da América Latina e Caraíbas, Cuba foi o nosso 8º cliente. No entanto, poderá surpreender o facto de termos exportado mais para Cuba do que para o Peru, para o Equador ou para o Panamá, para dar alguns exemplos de outros países desta região. Ou seja, não é um mercado totalmente desconhecido. Existem oportunidades na área da construção e renovação das infraestruturas aeroportuárias, rodoviárias, ferroviárias e portuárias. Em relação às primeiras foi recentemente noticiada a ampliação do terminal internacional do aeroporto 42 // março 15 // Portugalglobal de Havana, a cargo de uma conhecida empresa brasileira, a mesma que construiu a primeira fase do porto associado à Zona Especial de Mariel. A reabilitação urbana também indica ser um subsetor com muitas oportunidades. O setor do turismo constitui uma prioridade para as autoridades cubanas. Este “Oferece-me chamar a atenção para a margem de crescimento que existirá no relacionamento económico ente Portugal e Cuba. A vantagem de apresentarmos valores relativamente modestos nas nossas trocas comerciais é a de que poderemos aspirar a taxas de crescimento elevadas.” mercado recebe cerca de três milhões de turistas por ano, número que se prevê possa aumentar significativamente com a abertura aos EUA. Pretendem ampliar a oferta turística a partir da diversificação do produto, apresentando Cuba como um destino dotado de belezas naturais, cultura e cidades com património histórico que complementem a oferta de sol e praia. Neste contexto, incluem-se os planos para a construção e modernização de hotéis e projetos de desenvolvimento imobiliário associados a campos de golfe. A Feira Internacional de Turismo de Cuba, cuja realização se prevê no próximo mês de maio, poderá representar uma boa oportunidade para auscultar as tendências do setor em Cuba. Importa ressaltar que este setor arrasta consigo possibilidades de negócio nas mais variadas áreas como mobiliário e decoração, têxteis-lar, materiais de construção, cutelaria, acessórios de cozinha, porcelana, cristal e vidro. O setor alimentar também poderá oferecer boas perspetivas às empresas portuguesas. Refiro-me aos produtos que fazem parte da dieta cubana e que o Estado se vê obrigado a importar quantidades consideráveis, como, por exemplo, o óleo de soja, enchidos, queijo, leite em pó, feijão e arroz. Na vertente da internacionalização foinos dado a conhecer alguns projetos industriais concretos que procuram investimento estrangeiro. As autoridades cubanas pretendem promover projetos para modernizar e criar novas capacidades com o objetivo de cobrir a procura local, substituir importações e gerar exportações. Esta carteira de projetos abrange uma variedade de setores como a eletrónica, a informática, a automatização, as telecomunicações, MERCADOS o têxtil, o calçado, produtos de limpeza e de higiene pessoal, embalagens, produção de pneus, etc. O principal estrangulamento detetado foi o financeiro. As fontes e os recursos financeiros para a implementação destes projetos são escassos, ao que não será alheio o embargo que estará a chegar ao fim. Sendo assim, vislumbram-se maiores facilidades nesta componente. O que diria a uma empresa portuguesa que queira entrar no mercado cubano? Começaria por sugerir um estudo antes de avançar sem conhecer o mercado. Por vezes o sentido prático, que deve caracterizar qualquer empresário, sobrepõe-se “As autoridades cubanas pretendem promover projetos para modernizar e criar novas capacidades com o objetivo de cobrir a procura local, substituir importações e gerar exportações.” em demasia a uma preparação prévia. A recolha e leitura de informação diversa sobre o mercado que pretendemos abordar são importantes. Recorrer, quando possível, ao aconselhamento de empresários conhecedores das práticas locais, seja através de seminários ou encontros pessoais, será igualmente uma boa fonte para começarmos a entender o funcionamento dos distintos aspetos, para dessa forma nos permitir chegar a conclusões próprias e refletir como as mesmas poderão afetar a nossa atividade. mento legal já admite empresas com cem por cento de capital estrangeiro), cabe ao Estado a decisão do que produzir, em que investir e o que importar, conforme é característico de uma economia centralizada e planificada como é a cubana. Apesar da iniciativa privada não ter relevância no PIB cubano, observamse sinais de mudança no sentido de uma maior abertura. Dentro da reformulação conceptual do sistema de planificação, começam a ser discutidas as relações da oferta e da procura, as quais não serão antagónicas com a atividade planificada no país. Estas relações do mercado responderão ao desenvolvimento das forças produtivas e à necessidade de uma integração com a economia internacional. A nova lei do investimento estrangeiro e os passos dados no sentido da unificação da moeda são sinais destas autoridades aos quais deverá ser dedicada atenção, sobretudo no que diz respeito à atração de investimento estrangeiro. Neste cenário, a Câmara de Comércio da República de Cuba (entidade adstrita ao Ministério do Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro - MINCEX), poderá funcionar como uma boa porta de entrada. Aliás, foram os nossos parceiros na organização dos encontros empresariais durante a referida Missão, com quem estabelecemos um bom relacionamento. Esta experiência leva-me a propor às empresas portuguesas interessadas neste mercado, a iniciarem a sua abordagem através desta entidade pública, a qual funcionará como ponte para chegar às empresas cubanas. Outra possibilidade que as empresas disporão para se assessorarem antes da partida será com a Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo Portugal – Cuba. De acordo com os seus estatutos, é uma associação (criada há menos de um ano), sem fins lucrativos que pretende através das suas atividades contribuir para o fomento do intercâmbio económico e cultural entre Portugal e Cuba. Para que uma empresa estrangeira possa começar a vender para este país será necessário passar pelo “proceso de inclusión en cartera de proveedores”. Haverá que estar preparado para fornecer, neste processo de inscrição como fornecedor, documentação legal, comercial, fiscal e financeira da empresa candidata a ser fornecedora do Estado cubano. O processo é instruído junto do MINCEX, que é a entidade responsável pela respetiva análise. O mesmo processo também poderá ser realizado através da Câmara de Comércio de Cuba. Uma última sugestão para quando visitem Cuba: passear por Havana – é também pelas ruas da cidade que se apreende o pensar cubano. Senti-me muito seguro nestas incursões, onde tive o grato prazer de contactar com um povo com um nível de instrução elevado, educado e muito afável. Não devemos levar ideias pré-concebidas acerca do que nos espera. Haverá muitos aspetos que nos poderão surpreender, sejam eles através das diferentes manifestações artísticas, exposições ou mesmo a gastronomia. Após esta abordagem teórica, forçosamente incompleta e insuficiente para um real entendimento, serão necessárias visitas frequentes ao mercado. Conhecer, falar pessoalmente com os potenciais parceiros, reunir com as entidades públicas previamente selecionadas. Tendo em conta que o setor privado é ainda incipiente, as empresas estrangeiras presentes em Cuba estão associadas a empresas estatais (o novo enquadra- Portugalglobal // março 15 // 43 MERCADOS CÂMARA DE COMÉRCIO PORTUGAL-CUBA PROMOVER E APOIAR A “REDESCOBERTA” DE CUBA >POR AMÉRICO FERREIRA DE CASTRO, PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO, INDÚSTRIA, SERVIÇOS E TURISMO PORTUGAL-CUBA A Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo Portugal-Cuba (CCISTPC) iniciou a sua atividade em 2 de junho de 2014 tendo a sua sede no Porto. Em articulação permanente com a Embaixada de Cuba em Portugal, o Governo português, a AICEP e o Governo cubano, tem alcançado resultados muito positivos para as empresas portuguesas. Este movimento ampliar-se-á naturalmente, por causa da carteira de oportunidades que Cuba atualmente oferece, pelos benefícios fiscais concedidos ao investidor estrangeiro, pelo reatar das relações diplomáticas com os Estados Unidos da América, pelo ambiente generalizado internacional que mistura a ideia do fim do embargo, o interesse cultural e os aspetos emocionais, pelo turismo em elevado crescimento e ainda pela expetativa de que o cenário atual, que representa uma viagem no tempo, com alguns anos terminará. Sem prejuízo de tudo isso, tem ainda a possibilidade de provocar outros contágios a setores em que somos ver- 44 // março 15 // Portugalglobal dadeiros experts, nomeadamente nas áreas da investigação científica e biotecnológica, da indústria farmacêutica, da metalomecânica e dos moldes, do têxtil e do calçado, da energia eólica, da distribuição, do turismo, da mineira e da construção. O Governo de Cuba, a Embaixadora de Cuba em Portugal e suas instituições locais, nomeadamente a Câmara de Comércio da República de Cuba, demonstram uma recetividade crescente e uma colaboração articulada de todas as autoridades cubanas em geral relativamente às propostas de investimento dos empresários nacionais que temos acompanhado àquele país. MERCADOS Realçamos no novo plano económico apresentado por Cuba a Zona Especial de Desenvolvimento – Mariel, que é um projeto que pretende fomentar o desenvolvimento económico sustentável, através do investimento estrangeiro com inovação tecnológica, pela concentração da indústria e pela garantia da proteção do meio ambiente. Esta Zona Especial, a cerca de 45 quilómetros de Havana, tem uma extensão de 465 quilómetros quadrados, fica situada no centro do mar das Caraíbas, é também um porto de mar de águas profundas com capacidade para cerca de um milhão de contentores. Os investimentos nesta área específica de Mariel têm privilégios fiscais ainda mais atrativos e um processo rápido de avaliação das empresas, dos projetos, aprovação e início do investimento. Até ao momento as áreas de negócio das empresas portuguesas que já estão em desenvolvimento com Cuba são as dos setores de moldes, metalomecânica, farmacêutico, ferragens, papel e alimentar, entre outros, mais direcionados para os bens de consumo de primeira necessidade. O resultado alcançado até aqui pelas empresas e pela Câmara de Comércio Portugal Cuba tem permitido às empresas com maior iniciativa exportadora, associarem-se a iniciativas com bastante relevância e retorno. Falamos concretamente de iniciativas onde nos envolvemos com a AICEP, como o evento de junho de 2014 de apresentação pelo governo cubano em Lisboa das oportuni- dades de investimento em Cuba, a Missão de empresários portugueses em novembro a Havana, e a organização pela Câmara de Comércio do primeiro Pavilhão de Portugal na Feira Internacional de Havana de 2014, a maior feira multissetorial das Caraíbas, cujo impacto se fez prolongar por 2015 na nossa atividade e no crescente interesse das empresas portuguesas por Cuba. Esta procura crescente do mercado cubano pelas empresas de diferentes dimensões da economia nacional intensificar-se-á e, em simultâneo, as que já se encontram a operar no mercado, naturalmente obterão resultados adicionais por causa da sua oportuna entrada neste momento naquela região. Fruto desta dinâmica pudemos desenvolver, já em 2015, uma missão a Cuba, com uma segunda já agendada para 12 de Abril, seguindo-se uma terceira em 10 de Maio e possivelmente mais duas ocorrerão até ao final do ano (junho e outubro), sem prejuízo da organização da presença de Portugal na referida Feira Internacional de Havana em novembro deste ano. Estamos também empenhados na condução de compradores até às empresas onde o nosso know-how é mais expressivo e, nessa medida, criar pontes com os setores com capacidade de resposta tecnológica. No final de março organizamos um plano integrado de visitas a empresas portuguesas na área da indústria dos moldes, acompanhando em Portugal um grupo cubano nessa missão. Esperamos que o programa quadro Portugal 2020 possa ser decisivo para incentivar financeiramente a internacionalização de muitas empresas portuguesas em vários setores, dando suporte às iniciativas individuais e conjuntas numa estratégia de crescimento, com redefinição de novas geografias no mapa da sua presença internacional. Contamos que este programa sirva de ignição ao reforço de prospeção do mercado de Cuba, incentivando os nossos empresários a mostrarem lá fora o desenvolvimento e qualidade dos produtos que fabricam. A Feira FIHAV de 2015 é um excelente alvo a fixar pelos maiores exportadores deste país, não só pelo que aquele evento representa em Cuba, mas adicionalmente o que ele influencia e contagia a toda a região das Caraíbas. Para todo este movimento de investimento e redescoberta de Cuba foi determinante a criação pelo Governo de Cuba, em 2014, da Lei 118 que ditou um marco muito importante para Cuba e para os investidores estrangeiros em geral. Com a referida lei e com o Decreto-lei 313 relativo especificamente a Mariel, foram criadas verdadeiras condições competitivas de incentivo à iniciativa privada, capaz de colocar Cuba em condições de igualdade às melhores disponibilizadas noutras regiões do globo. Por isso é natural assistirmos ao crescente interesse das economias mais competitivas do mundo no redirecionamento das suas orientações de investimento para esta região. Todo este movimento, associado ao elevado desenvolvimento cultural e capital humano dos cidadãos cubanos, contribuirá a muito curto prazo para uma evolução socioeconómica neste país relevante na sua história. CCIST PC Av. de Montevideu, 282 4150-416 Porto | Portugal Tel.: +351 223 231 639 [email protected] www.portugalcuba.com Portugalglobal // março 15 // 45 MERCADOS CUBA SITUAÇÃO ECONÓMICA E PERSPETIVAS A República de Cuba é composta por um arquipélago constituído pelas ilhas de Cuba e da Juventude e por 1.500 ‘cayos’ e ilhotas com uma área total de 109.884 quilómetros quadrados. É a maior das ilhas das Caraíbas e goza de uma importante posição estratégica - dista 150 quilómetros dos EUA (Florida), a norte; 77 quilómetros do Haiti, a leste; 140 quilómetros da Jamaica, a sul; e a 210 quilómetros do México (Yucatán), a ocidente. A economia de Cuba é sustentada por recursos naturais como a cana-de-açúcar, café e tabaco, e por importantes jazidas de níquel e de cobalto, dispondo ainda de paisagens tropicais que atraem um grande número de turistas todos os anos. O capital humano é um dos principais pilares da economia do país, que regista a maior taxa de alfabetização, expectativa de vida e cobertura de saúde de toda a região das Caraíbas. 46 // março 15 // Portugalglobal De um modo geral pode dizer-se que o setor agropecuário é pouco produtivo, a indústria extrativa, o setor energético e a indústria pesada necessitam de modernização, enquanto a indústria ligeira, de um modo geral, carece de competitividade, existindo, no entanto, algumas áreas muito desenvolvidas, como a biotecnologia, informática e eletrónica. No setor dos serviços, distinguem-se, pelos seus elevados padrões de desenvolvimento, os setores da saúde, educação, cultura e desporto, sendo ainda de destacar o turismo que apresenta grandes potencialidades. O comércio tem um baixo nível de desenvolvimento. Com a chegada ao poder de Raúl Castro, em 2006, deu-se início a um programa de reformas estruturais que incluía diversas medidas no sentido da liberalização e abertura à iniciativa privada, com o objetivo de captar in- vestimento e injetar liquidez na economia. Entre as reformas encetadas destacam-se a limitação dos mandatos políticos, a nova política migratória, a abertura ao trabalho privado e às cooperativas, a redução de fábricas estatais, a eliminação de algumas proibições como a compra e venda de casas e de veículos entre particulares, e aprovação de um plano de entrega de terras estatais baldias para usufruto de agricultores privados, com vista a fomentar a produção nacional (Cuba importa cerca de 70 por cento dos alimentos que consome). Como fatores incentivadores do desenvolvimento figuram a promoção da iniciativa privada e a liberalização gradual do sistema económico, a criação de um ambiente mais propiciador do investimento estrangeiro, uma integração regional e internacional mais abrangente, uma maior diversificação da economia MERCADOS e uma revisão das estratégias de exportação. O anunciado restabelecimento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba, e consequente levantamento do embargo económico imposto a Cuba pelos norte-americanos há já meio século, poderá, no futuro, contribuir para um mais rápido desenvolvimento económico. (menos 5,3 por cento face ao ano anterior) e por um aumento das importações de 6,6 por cento. Para 2014, as previsões apontavam para uma desaceleração do crescimento económico, que não deverá ultrapassar 1,2 por cento, segundo a EIU (Economist Segundo dados do Banco Mundial, o PIB cubano registou uma taxa média anual de crescimento de 4,6 por cento ao longo do período 2000-2012, superando a taxa média de crescimento do PIB mundial e da América Latina. “Com a chegada ao poder de Raúl Castro, em 2006, deuse início a um programa de reformas estruturais que incluía diversas medidas no sentido da liberalização e abertura à iniciativa privada, com o objetivo de captar investimento e injetar liquidez na economia.” A crise financeira de 2008-2009 figura como um marco na dinâmica da evolução da atividade económica, quer a nível mundial quer em Cuba. Mas enquanto Cuba registou uma desaceleração da expansão de sua economia de 4,1 por cento em 2008 para 1,4 por cento em 2009, a taxa de crescimento do PIB mundial caiu de 1,3 por cento para menos 2,4 por cento. De acordo com os dados da ONEI (Oficina Nacional de Estadísticas e Información de Cuba),a taxa de crescimento do PIB cubano fixou-se em 2,7 por cento em 2013, condicionada pela contração das receitas provenientes das exportações de bens e serviços Intelligence Unit), enquanto a CEPAL (Comisión Económica para América Latina y Caribe) referia um crescimento de 1,4 por cento. Este abrandamento está em linha com um declínio da produção de níquel e com uma desaceleração do investimento e do consumo interno por limitações financeiras. A médio prazo existe uma margem importante de ganhos de eficiência através da racionalização do setor pú- PRINCIPAIS INDICADORES MACROECONÓMICOS DE CUBA Unid. 2012a 2013a 2014b 2015c 2016c 2017c 109 USD 73,1b 77,2b 82,2 89,3 96,8 105,9 USD 6 540b 6 880b 7 330 7 950 8 640 9 460 Crescimento real do PIB Var. % 3,0 2,7 1,3 4,1 4,5 5,2 Saldo do setor público % PIB -3,7 -1,2 -4,1 -3,3 -3,3 -3,1 Dívida pública % PIB 31,9b 32,0b 33,5 31,2 29,6 27,8 Exportações de bens e serviços 109 USD 18,7b 18,6b 21,1 21,9 23,2 25,0 Exportações de bens e serviços Var. % 0,4 1,7b -7,3 -0,4 2,4 3,3 Importações de bens e serviços 109 USD 14,9b 15,6b 16,9 19,7 21,9 24,5 Importações de bens e serviços Var. % -2,1 6,1 4,3 11,6 7,1 7,8 Saldo balança corrente % PIB -0,4b -1,4b 0,1 -1,1 -1,5 -2,6 Dívida externa % PIB 31,9b 32,0b 30,7 28,9 27,2 25,6 % 5,5b 6,0b 5,3 4,4 3,9 4,2 PIB preços de mercado PIB per capita Taxa de inflação (média) Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU); CIA; Banco de Portugal; COSEC Notas: (a) Valores atuais; (b) Estimativas; (c) Previsões blico, do desenvolvimento de novas atividades no setor não estatal e da implementação de um novo sistema financeiro, o que conduzirá a uma taxa média de crescimento anual da ordem de 4 por cento ao longo do período 2015-2018, segundo as projeções da EIU. Cabe salientar que o papel fundamental do saldo da balança de serviços se fica a dever basicamente aos termos favoráveis do acordo assinado entre Cuba e a Venezuela, que regula as importações cubanas de petróleo venezuelano e a colocação de profissionais de saúde e educação cubanos na Venezuela, bem como às receitas do turismo. A balança comercial cubana é estruturalmente deficitária, com uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 37,8 por cento em 2013, a que correspondeu um défice de cerca de 11,2 mil milhões de dólares. A América é o principal parceiro de Cuba, tendo absorvido 62 por cento das exportações em 2013 e fornecido 60 por cento das importações, seguindo-se a Europa (24 por cento das exportações e 23 por cento das importações) e a Ásia (12 por cento das exportações e 14 por cento das importações). A Venezuela tem uma posição dominante na balança comercial cubana, absorvendo 42,9 por cento das exportações e fornecendo 32,7 por cento das importações em 2013. É o seu principal fornecedor de combustíveis e derivados, em condições preferenciais; Cuba, por sua vez, recorre à prestação de serviços como forma de pagamento de parte daqueles fornecimentos, destacando-se a presença de um número muito expressivo de profissionais das áreas da saúde e educação. Dos restantes parceiros comerciais, cabe ainda destacar, enquanto clientes, o Canadá, os Países Baixos, a China e Espanha; como fornecedores, as principais posições são ocupadas pela China, Antilhas Holandesas, Espanha e Brasil. Fonte: AICEP, Ficha de Mercado Portugalglobal // março 15 // 47 MERCADOS RELACIONAMENTO PORTUGAL - CUBA Cuba ocupa uma posição modesta no contexto do comércio externo português, mas as exportações de bens portugueses para aquele mercado registaram um aumento médio de 25 por cento no período de 2010-2014. O saldo da balança comercial tem sido favorável a Portugal. Segundo dados preliminares do INE, em 2014 Cuba foi o 61º cliente de Portugal e o seu 86º fornecedor. Portugal exportou para o mercado cubano mercadorias no valor de 33,6 milhões de euros, diminuindo 3,6 por cento face ao ano anterior, tendo as importações ascendido a 15,6 milhões de euros. para aquele mercado em 2014, à semelhança do que aconteceu em 2013 (49,5 por cento). Dos restantes grupos de produtos, destacaram-se, ainda, em 2014, as máquinas e aparelhos (10,2 por cento), os metais comuns (9,9 por cento), os produtos químicos (9,6 por cento) e os minerais e minérios (8,2 por cento). As exportações portuguesas para Cuba acusam um grau de concentração elevado, uma vez que apenas um único grupo de produtos – plásticos e borracha – representava 52,1 por cento do valor global exportado De acordo com os dados do INE, o número de empresas portuguesas que têm vindo a exportar produtos para Cuba oscilou entre 53, em 2009, e 65 em 2013 (último ano disponível). No que se refere às importações provenientes de Cuba, é igualmente de salientar o elevado grau de concentração, uma vez que 69,2 por cento do valor global das aquisições, em 2014, diziam respeito aos produtos alimentares. Dos restantes grupos de produtos, cabe apenas referir que o da madeira e cortiça ocupa normalmente a segunda posição no ranking das importações, tendo representado 24 por cento do total em 2014. BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE BENS 2010 2011 2012 2013 2014 Var % 14/10a Var % 14/13b Exportações 17,7 22,3 44,4 34,9 33,6 25,0 -3,8 Importações 17,6 6,4 32,3 32,6 15,6 72,8 -52,3 Saldo 0,1 15,9 12,1 2,3 18,0 -- -- 100,3 350,2 137,5 106,9 215,6 -- -- Coef. Cob. % Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2010-2014 (b) Taxa de variação homóloga 2013-2014 2010 a 2012: resultados definitivos; 2013: resultados provisórios; 2014: resultados preliminares 48 // março 15 // Portugalglobal MERCADOS CUBA EM FICHA Outras cidades importantes: Santiago de Cuba, Holguín, Cienfuegos, Camagüey, Santa Clara e Guantánamo. Havana Cuba Religião: País laico com liberdade de cultos. Predomina a religião católica, mas também existem outras denominações cristãs e diversos cultos. Língua oficial: Castelhano Unidade monetária: Peso Cubano – CUP (moeda local); também circula o Peso Cubano Convertible – CUC (moeda usada só internamente). 1 CUC = 24 CUP 1 CUC = 1 USD (paridade fixa face ao dólar dos EUA) Área: 109 884,01 km2 (ONEI – Oficina Nacional de Estadísticas e Información de Cuba) População: 11,2 milhões de habitantes (estimativa 2014) Densidade populacional: 102 hab./km2 (dezembro 2013 - ONEI) Designação oficial: República de Cuba Chefe de Estado: Raúl Castro Ruz (assumiu o cargo de seu irmão, Fidel, em 24 de fevereiro de 2008). Vice-Presidente: Miguel Diaz-Canel Bermúdez. Data da atual Constituição: 24 fevereiro de 1976; foi alterada em julho de 1992 e junho de 2002. Principais Partidos Políticos: O Partido Comunista de Cuba (PCC) é o único partido político legal. As últimas eleições para as assembleias provinciais e nacional tiveram lugar em fevereiro de 2013 e as próximas estão previstas para fevereiro de 2018. Capital: Havana (2,116 milhões de habitantes - 2011) 1 EUR = 30,16 CUP (estimativa de 2014) Risco país: Risco político – CCC (AAA = risco menor; D = risco maior) Risco de estrutura económica – CCC Risco país – CCC (EIU – agosto de 2014) Risco de crédito: 7 (1 = risco menor, 7 = risco maior). Política de cobertura - Todos os prazos: fora de cobertura (COSEC) ENDEREÇOS ÚTEIS EMBAIXADA DE CUBA EM LISBOA EMBAIXADA DE PORTUGAL EM HAVANA Rua Pero da Covilhã, 14 1400-297 Lisboa | Portugal Tel.: +351 213 041 860/4 Fax: +351 213 011 895 [email protected] Avenida 7ª, nº 2207, esquina 24 Miramar - Playa Havana | Cuba Tel.: +537 204 28 71 +537 204 01 49 (Chancelaria) +537 204 25 95 (Secção Consular) Fax: +537 204 25 93 [email protected] [email protected] CÂMARA DE COMÉRCIO PORTUGAL-CUBA Av. Montevideu, 282 4150 – 416 Porto | Portugal Tel.: +351 223 231 639 [email protected] www.portugalcuba.com CÁMARA DE COMERCIO DE CUBA Calle 21 nº 661 e/Paseo y A, Vedado, C. Habana | Cuba Tel.: +537 838 13 21/22/24 Fax: +537 832 68 19 [email protected] www.camaracuba.cu/ DEPARTAMENTO DE PROMOCIÓN COMERCIAL Y DESARROLLO INDUSTRIAL DE CUBA Calle 21 No. 661 e/ A y Paseo, Vedado, C. Havana | Cuba Tel.: +537 832 26 93 [email protected] www.camaracuba.cu/ DIRECCIÓN DE EVALUACIÓN DE PROYECTOS DE INVERSIÓN DEGPI Calle 22, nº 318, e/ 3ª y 5ª, Miramar, C. Habana | Cuba Tel.: +537 206 14 17 Fax: +537 204 21 05 [email protected] [email protected] Portugalglobal // março 15 // 49 ANÁLISE DE RISCO - PAÍS COSEC Políticas de cobertura para mercados No âmbito de apólices individuais África do Sul* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Angola C Caso a caso. M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades. Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). Caso a caso. M/L Argélia C Sector público: aberta sem restrições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. Em princípio. exigência de garantia bancária ou garantia soberana. M/L Argentina T Caso a caso. Barein C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Benim C Caso a caso, numa base muito restritiva. aso a caso, numa base muito C restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária. M/L Brasil* C Aberta sem condições restritivas. M/L lientes soberanos: Aberta sem C condições restritivas. Outros Clientes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas. M/L E ventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística). Camarões T Caso a caso, numa base muito restritiva. Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura. China* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Colômbia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. M/L Exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses. Costa Rica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Cuba T Fora de cobertura. Egipto C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso. Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Etiópia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso numa base muito restritiva. Filipinas C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Gana C Caso a caso numa base muito restritiva. M/L M/L C Aberta sem condições restritivas. lientes públicos: Aberta sem C condições restritivas. Clientes privados: Em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística. aso a caso, numa base muito C restritiva e com a exigência de contra garantias. Guiné-Bissau T Fora de cobertura. Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva. 50 // março 15 // Portugalglobal Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, designadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restritiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo). Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Iémen C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Caso a caso, numa base muito restritiva. Macau C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malásia C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malawi C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Clientes públicos: fora de cobertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva. Marrocos* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Índia C M/L Aberta sem condições restritivas. Garantia bancária. Indonésia C Caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L Caso a caso, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Irão Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC. Iraque T Fora de cobertura. Martinica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. México* C Aberta sem restrições. M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente. Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva (eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro). M/L Jordânia C Caso a caso. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Koweit C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Fora de cobertura. Geórgia C Caso a caso numa base restritiva, privilegiando-se operações de pequeno montante. Chile M/L M/L Líbano C Clientes públicos: caso a caso numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L Clientes públicos: fora de cobertura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva. Líbia T Fora de cobertura. Lituânia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária. A umento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva. Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva. privilegiando-se operações de pequeno montante. M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante. Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva (designadamente em termos de alargamento do prazo constitutivo de sinistro e exigência de garantia bancária). ANÁLISE DE RISCO - PAÍS de destino das exportações portuguesas No âmbito de apólices globais M/L aso a caso, numa base muito C restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contrapartidas do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro. M/L Oman C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Panamá C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Paquistão Temporariamente fora de cobertura. Paraguai C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Peru C M/L Aberta sem condições restritivas. lientes soberanos: aberta sem C condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Qatar C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Quénia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC. M/L berta caso a caso com exigência A de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Banco Central) ou garantia bancária. Singapura C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Suazilândia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Tailândia C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L C nálise caso a caso, numa base A muito restritiva. Senegal C Em princípio. exigência de garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços. As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência. Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices. a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe. Não definida. Taiwan C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Tanzânia T Caso a caso, numa base muito restritiva. Tunísia* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Turquia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Ucrânia C Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. M/L Rússia Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC. S. Tomé e Príncipe Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Setor público: caso a caso, com exigência de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autoridade Monetária (BCEAO); setor privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projetos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito). lientes públicos: eventual C exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de garantia bancária. Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso. Uganda C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Uruguai C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Venezuela C Clientes públicos: aberta caso a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência. M/L berta caso a caso com exigência A de garantia soberana. Zâmbia C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Zimbabwe C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Advertência: A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objeto de análise e decisão específicas. Legenda: C M/L T Curto Prazo Médio / Longo Prazo Todos os Prazos * Mercado prioritário. Fora de cobertura. COSEC Companhia de Seguro de Créditos. S. A. Direcção Internacional Avenida da República. 58 1069-057 Lisboa Tel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839 [email protected] www.cosec.pt Não definida. Portugalglobal // março 15 // 51 TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES COSEC Tabela classificativa de países Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Classificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corresGrupo 1 Hong-Kong Singapura * Taiwan Grupo 2 Grupo 3 Arábia Saudita Botswana Brunei China • EAUa Gibraltar Koweit Lituânia Macau Malásia Oman Trind. e Tobago África do Sul • Argélia Bahamas Barbados Brasil • Costa Rica Dep/ter Austr.b Dep/ter Din.c Dep/ter Esp.d Dep/ter EUAe Dep/ter Fra.f Dep/ter N. Z.g Dep/ter RUh Filipinas Ilhas Marshall Índia Indonésia Marrocos • Maurícias México • Micronésia Namíbia Palau Panamá Peru Qatar Roménia Tailândia Uruguai Grupo 4 Aruba Barein Bulgária Colômbia El Salvador Guatemala Hungria Rússia Tunísia • Turquia pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior. As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis. Grupo 5 Grupo 6 Angola Azerbeijão Bolívia Cazaquistão Croácia Curaçau Dominicana. Rep. Gabão Gana Jordânia Lesoto Macedónia Nigéria Papua–Nova Guiné Paraguai S. Vic. e Gren. Santa Lúcia Vietname Zâmbia Albânia Arménia Bangladesh Belize Butão Cabo Verde Camarões Camboja Comores Congo Dominica Egipto Equador Fidji Geórgia Honduras Kiribati Moçambique Mongólia Nauru Nepal Quénia Samoa Oc. Senegal Sérvia Sri Lanka Suazilândia Suriname Tanzânia Timor-Leste Turquemenistão Tuvalu Uganda Uzbequistão Vanuatu Grupo 7 Afeganistão Ant. e Barbuda Argentina Bielorussia Benin Bósnia e Herzegovina Burkina Faso Burundi Cent. Af. Rep. Chade Cisjordânia / Gaza Congo. Rep. Dem. Coreia do Norte C. do Marfim Cuba • Djibuti Eritreia Etiópia Gâmbia Grenada Guiana Guiné Equatorial Guiné. Rep. da Guiné-Bissau • Haiti Iemen Irão • Iraque • Mali Mauritânia Moldávia Montenegro Myanmar Nicarágua Níger Paquistão Quirguistão Ruanda S. Crist. e Nevis S. Tomé e Príncipe • Salomão Seicheles Serra Leoa Síria Somália Sudão Sudão do Sul Tadzequistão Togo Tonga Ucrânia Venezuela Zimbabué Jamaica Kosovo Laos Líbano Libéria Líbia Madagáscar Malawi Maldivas Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos. S.A. * País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos. • Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura. excepto operações de relevante interesse nacional NOTAS a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândia d) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico 52 // março 15 // Portugalglobal f) G uiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Nive h) A nguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta. Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos ESTATÍSTICAS INVESTIMENTO e COMÉRCIO EXTERNO >PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE). EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES. INVESTIMENTO DIRETO COM O EXTERIOR 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez 146 -1 -100,4% -100,4% -100,0% -204 290 242,0% 242,0% -80,4% -291 -183,0% -183,0% 24,8% 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan POR PRINCÍPIO ATIVO / PASSIVO 2014 tvh 2014/13 Ativo 6.763 17,2% Passivo 8.378 11,4% Saldo -1.615 7,7% 350 ATIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS Títulos de participação no capital -16 88 669,4% De investidores diretos em empresas de investimento direto -38 85 325,5% De empresas de investimento directo em investidores diretos -2 4 256,5% Entre empresas irmãs 25 -1 -102,9% Instrumentos de dívida 161 -89 -155,1% De investidores diretos em empresas de investimento direto 264 -52 -119,7% De empresas de investimento direto em investidores diretos -73 -57 22,8% Entre empresas irmãs -29 20 167,3% 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan PASSIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS Títulos de participação no capital 58 419 628,3% De investidores diretos em empresas de investimento direto 58 406 604,6% De empresas de investimento direto em investidores diretos 0 4 -- Entre empresas irmãs 0 10 23975,0% Instrumentos de dívida -262 -129 50,9% De investidores diretos em empresas de investimento direto 85 149 76,6% De empresas de investimento direto em investidores diretos -306 -327 -6,7% Entre empresas irmãs -40 49 219,9% ATIVO 2014 jan/dez PASSIVO tvh 15/14 jan/dez 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan Espanha 138 -6,8% Luxemburgo 267 189,9% Irlanda 27 15,7% Bélgica 189 535,5% Alemanha 13 -89,4% Espanha 130 99,5% Itália 9 239,3% Angola 22 1208,3% Angola 4 1496,2% Alemanha 17 -77,9% União Europeia 28 41 -75,4% União Europeia 28 210 186,2% Extra UE28 -41 -103,9% Extra UE28 81 106,8% POR PRINCÍPIO DIRECIONAL 2014 tvh 2014/13 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez ID de Portugal no Exterior (IDPE) 5.023 75,4% 494 335 -32,1% -32,1% 155,1% ID do Exterior em Portugal (IDE) 6.638 2,9% 143 626 337,1% 337,1% 383,3% Saldo -1.615 0,1% 350 -291 -183,0% -183,0% 24,8% Unidade: Variações líquidas em Milhões de Euros INVESTIMENTO DIRECTO - STOCK 2011 dez Stock Ativo 61.983 63.749 67.927 70.287 75.239 7,0% Stock Passivo 101.429 93.669 110.073 115.076 116.553 1,3% Stock IDPE 46.614 50.056 45.469 44.928 48.065 7,0% Stock IDE 86.060 79.976 87.615 89.716 89.379 -0,4% Unidade: Posição em fim de período em Milhões de Euros 2012 dez 2013 dez 2014 dez tvh 14/13 dez/dez 2010 dez (posição em fim de período) Fonte: Banco de Portugal Portugalglobal // março 15 // 53 ESTATÍSTICAS COMÉRCIO INTERNACIONAL 2014 tvh 2014/13 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez Exportações bens 48.200 2,0% 3.929 3.860 -1,8% -1,8% 3,6% Exportações bens UE 34.181 2,8% 2.876 2.881 0,2% 0,2% 12,0% Exportações bens Extra UE 14.019 -0,1% 1.053 978 -7,1% -7,1% -15,2% Exportações bens UE 70,9% -- 73,2% 74,7% -- -- -- Exportações bens Extra UE 29,1% -- 26,8% 25,3% -- -- -- BENS (Exportação) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total Exp. Bens - Clientes 2015 (janeiro) % Total tvh 15/14 Espanha 25,4% 0,1% Alemanha 13,1% França Exp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p. Alemanha 52 1,3 11,4% Brasil 18 0,4 12,8% -4,1% Reino Unido 12 0,3 Reino Unido 6,4% 5,1% EUA -21 -0,5 Angola 4,6% -26,4% França -21 -0,5 EUA 4,0% -11,7% Países Baixos -25 -0,6 Países Baixos 4,0% -13,7% Angola -63 -1,6 % Total tvh 15/14 Meur Cont. p. p. Máquinas, Aparelhos 14,3% -0,3% Veículos, Out. Mat. Transp. 82 2,1 Veículos e Outro Material de Transporte 12,4% 20,5% Minerais, Minérios 20 0,5 Metais Comuns 7,8% -2,3% Alimentares -13 -0,3 Combustíveis Minerais 7,5% -30,7% Químicos -18 -0,5 Plásticos, Borracha 6,9% -2,0% Combustíveis Minerais -127 -3,2 2014 tvh 2014/13 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez Exportações totais de serviços 22.817 4,0% 1.522 1.560 2,5% 2,5% -15,4% Exportações serviços UE 15.458 5,0% 986 1.022 3,6% 3,6% -16,6% Exportações serviços extra UE 7.359 2,0% 536 539 0,5% 0,5% -13,1% Exportações serviços UE 67,7% -- 64,8% 65,5% -- -- -- Exportações serviços extra UE 32,3% -- 35,2% 34,5% -- -- -- Export. Bens - Produtos 2015 (janeiro) SERVIÇOS (Exportação) Exp. Bens - Var. Valor (15/14) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total 54 // março 15 // Portugalglobal ESTATÍSTICAS 2014 tvh 2014/13 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez Importações bens 58.806 3,3% 4.920 4.416 -10,2% -10,2% -5,9% Importações bens UE 43.931 7,3% 3.482 3.389 -2,7% -2,7% -4,2% Importações bens Extra UE 14.875 -6,7% 1.437 1.027 -28,6% -28,6% -11,3% Importações bens UE 74,7% -- 70,8% 76,7% -- -- -- Importações bens Extra UE 25,3% -- 29,2% 23,3% -- -- -- BENS (Importação) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total Import. Bens - Fornecedores 2015 (janeiro) % Total tvh 15/14 Espanha 34,6% 1,7% Alemanha 12,2% França 7,6% Itália 5,0% Países Baixos 4,9% China 3,6% Reino Unido 3,1% % Total tvh 15/14 Import. Bens - Produtos 2015 (janeiro) Imp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p. Alemanha -49 -1,0 -8,3% Argélia -54 -1,1 -6,2% Cazaquistão -56 -1,1 -6,0% Congo Brazavile -69 -1,4 -14,2% Camarões -81 -1,6 12,3% Angola -130 -2,6 4,3% Azerbaijão -174 -3,5 Imp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p. Máquinas, Aparelhos 15,8% 1,5% Metais Comuns 18 0,4 Combustíveis Minerais 14,3% -43,7% Alimentares -21 -0,4 Químicos 10,6% -5,4% Químicos -27 -0,5 Veículos e Outro Material de Transporte 10,3% 3,6% Agrícolas -50 -1,0 Agrícolas 10,2% -10,0% Combustíveis Minerais -488 -9,9 2014 tvh 2014/13 2014 janeiro 2015 janeiro tvh 15/14 jan/jan tvh 15/14 jan/jan tvc 15/14 jan/dez Importações totais de serviços 11.871 7,9% 976 1.004 2,8% 2,8% -4,5% Importações serviços UE 7.671 10,0% 620 652 5,0% 5,0% -6,6% Importações serviços extra UE 4.200 4,3% 356 352 -1,1% -1,1% -0,3% Importações serviços UE 64,6% -- 63,5% 64,9% -- -- -- Importações serviços extra UE 35,4% -- 36,5% 35,1% -- -- -- SERVIÇOS Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total PREVISÕES 2014 : 2015 (tvh real %) 2013 2014 FMI CE OCDE BdP Min. Finanças INE INE janeiro 15 fevereiro 15 novembro 14 dezembro 14 out/abr 14 PIB -1,4 0,9 1,2 : 1,3 1,6 : 1,7 1,3 : 1,5 1,5 : 1,6 1,5 : 1,7 Exportações Bens e Serviços 6,4 3,4 4,5 : 4,5 5,0 : 5,4 5,3 : 5,8 4,2 : 5,0 4,7 : 5,3 Fontes: INE/Banco de Portugal Notas e siglas: Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações tvc - Taxa de variação em cadeia n.d. - Não disponível p.p. - Pontos percentuais tvh - Taxa de variação homóloga Portugalglobal // março 15 // 55 Miguel Porfírio HOLANDA [email protected] BÉLGICA [email protected] António Silva FRANÇA [email protected] REDE EXTERNA Miguel Fontoura REINO UNIDO [email protected] IRLANDA Oslo [email protected] Raul Travado Manuel Martinez CANADÁ ESPANHA [email protected] [email protected] Hai Dublin Londres Zuriqu Paris Eduardo Henriques Milão ESPANHA [email protected] Toronto Bruxelas Barcelona Nova Iorque Madrid S. Francisco Argel Rabat Rui Boavista Marques Praia EUA [email protected] Armindo Rios Álvaro Cunha CABO VERDE MÉXICO [email protected] Cidade do México [email protected] Rui Cordovil Carlos Pinto VENEZUELA MARROCOS Caracas [email protected] [email protected] Panamá Bogotá Miguel Crespo ARGÉLIA [email protected] COLÔMBIA [email protected] Lima Luís Moura ANGOLA [email protected] Rio de Janeiro Carlos Moura São Paulo BRASIL [email protected] Jorge Salvador CHILE [email protected] João Pedro Pereira Santiago do Chile ÁFRICA DO SUL [email protected] Buenos Aires Fernando Carvalho MOÇAMBIQUE [email protected] 56 // março 15 // Portugalglobal Pedro Macedo Leão Maria José Rézio ALEMANHA RÚSSIA [email protected] [email protected] João Guerra Silva Nuno Lima Leite DINAMARCA POLÓNIA [email protected] [email protected] Eduardo Souto Moura Joaquim Pimpão SUÉCIA HUNGRIA [email protected] [email protected] Ana Isabel Douglas ÁUSTRIA [email protected] Estocolmo ia Moscovo Copenhaga Berlim João Rodrigues Varsóvia Praga s ue Bratislava Viena ÍNDIA [email protected] Budapeste Liubliana Alexandra Ferreira Leite Bucareste CHINA Baku Ancara Celeste Mota Atenas Tunes [email protected] Pequim TURQUIA Tóquio [email protected] José Joaquim Fernandes JAPÃO [email protected] Tripoli Laurent Armaos Xangai GRÉCIA [email protected] Riade Doha Filipe Costa Nova Deli CHINA Guangzhou Abu Dhabi Macau [email protected] Hong Kong Maria João Bonifácio Pier Franco Schiavone CHINA ITÁLIA [email protected] [email protected] João Cardim Nuno Várzea INDONÉSIA TUNISIA [email protected] [email protected] Kuala Lumpur Singapura Manuel Couto Miranda EAU [email protected] Jacarta Luanda Windhoek Pretória Gaborone Maputo Maria João Liew MALÁSIA [email protected] AO SERVIÇO DAS EMPRESAS Portugalglobal // março 15 // 57 BOOKMARKS MANUAL DE GESTÃO MODERNA O Manual de Gestão Moderna constitui-se como um guia de referência na área da administração e da gestão, contribuindo eficazmente para um melhor conhecimento desta realidade. A obra aborda os principais temas da gestão moderna, apresentando numa primeira parte do livro os fundamentos da gestão contemporânea, que consistem em saber o que é uma empresa, o que é a gestão e quais as funções do gestor. Na segunda parte deste manual são estudadas as funções dos gestores, como o planeamento e tomada de decisão, a organização e inovação, a direção nas suas principais facetas (a motivação, a liderança e a comunicação) e por fim, o controlo. Finalmente, a terceira parte centra-se na discussão das principais funções da empresa, como a gestão de operações, a gestão de marketing, a gestão financeira e a gestão de recursos humanos. Em cada área funcional descreve-se o objetivo, os processos administrativos, os fluxos de informação e as relações entre as diversas áreas e discute-se as principais técnicas e instrumentos específicos de cada área de gestão. Este é um livro que todos os profissionais e estudantes da área devem ler, uma vez que o mundo global altamente competitivo em que vivemos e o sucesso das organizações não dependem apenas da qualidade e da dedicação dos seus colaboradores e do acerto nos produtos e nos mercados, mas também do conhecimento profundo do meio envolvente, do bom desenho dos processos estratégicos, operacionais e administrativos e ainda de uma boa gestão dos recursos financeiros e humanos. Autor: M anuel Alberto Ramos Maçães Editor: Actual Editora Nº de páginas: 580 Ano: 2014 Preço: 24,99€ COMO CONQUISTAR E INFLUENCIAR PESSOAS O professor Reinaldo Polito ensina há décadas qual o melhor comportamento a adotar em situações potencialmente perigosas para a vida profissional. O seu trabalho tem sido bastante apreciado, tendo já um milhão de exemplares vendidos. Assim, apresenta neste novo livro diversas ferramentas de comunicação para marketing pessoal. Segundo o autor, conquistar e influenciar pessoas é bastante fácil, basta ter capacidade de atenção e comunicação. Desta forma, disponibiliza aos seus leitores preciosas dicas para lidar com todo o tipo de pessoas nas mais variadas situações. Os principais tópicos abordados centram-se na importância e na utilidade da expressão verbal como uma ferramenta indispensável para uma carreira 58 // março 15 // Portugalglobal bem-sucedida. A obra conta ainda com os ensinamentos de que o silêncio, muitas vezes, pode ser mais importante do que o discurso, que os gestos transmitem tanto ou até mais do que as palavras e que é preciso encontrar o melhor momento e a melhor forma para abordar um chefe ou um colega, uma vez que as pessoas reagem de forma diferente aos mesmos estímulos. Este livro é um forte contributo para o desenvolvimento pessoal e profissional de cada pessoa, que promete ensinar e divertir todos os seus leitores. Autores: R einaldo Polito Editor: Pergaminho Nº de páginas: 136 Ano: 2015 Preço: 13,30€ Videoconferências AICEP Global Network A AICEP disponibiliza um novo serviço de videoconferência para reuniões em directo, onde quer que se encontre, com os responsáveis da Rede Externa presentes em mais de 40 países. Obtenha a informação essencial sobre os mercados internacionais e esclareça as suas dúvidas sobre: • Potenciais clientes • Canais de distribuição • Aspectos regulamentares • Feiras e eventos • Informações específicas sobre o mercado Para mais informação e condições de utilização consulte o site: www.portugalglobal.pt Tudo isto, sem sair do seu escritório Lisboa Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 Lisboa Tel: + 351 217 909 500 Porto Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto 4050-012 Porto Tel. + 351 226 055 300 E-mail: [email protected] Web: www.portugalglobal.pt