22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina III-026 - GERENCIAMENTO DE CESTOS COLETORES DE RESÍDUOS LEVES APLICADO AO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE / MG Lilian Sílvia Teixeira de Avelar Rueda Engenheira Civil pela Universidade Federal de Ouro Preto, 1994. Engenheira Civil da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SMLU/BH). Lucas Paulo Gariglio(1) Engenheiro Civil com ênfase em Hidráulica pela EE UFMG. Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Fundação Christiano Ottoni (DESA/UFMG), Mestre em Saneamento, Meio Ambiente, Hidráulica e Recursos Hídricos pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da UFMG (DESA/EE. UFMG). Engenheiro Sanitarista da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Mara Adelina Moura Mesquita Engenheira Civil pela Faculdade de Engenharia da Fundação Mineira de Educação e Cultura, 1993. Especialista em Gestão Ambiental e Empresarial pela PUC-Minas. Engenheira Civil I e Gerente de Varrição e Serviços Complementares da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Marivan Leite Lopes Auxiliar técnico na Gerência de Varrição e Serviços Complementares da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Marco Antônio da Silva Analista de Recursos, Geoprocessamento e Cadastro da Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte - PRODABEL S/A. Jander Luiz Malheiros Auxiliar técnico e operador de geoprocessamento na Gerência de Varrição e Serviços Complementares da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Endereço(1): Rua Conselheiro Dantas, 122, ap. 301 – Bairro Prado - Belo Horizonte / MG CEP: 30410-250 - Brasil - Tel: (31) 3277-9356 e-mail: [email protected] RESUMO Em todas as grandes cidades, a instalação de equipamento coletores de resíduos leves é de suma importância para a manutenção da limpeza urbana. Nessa perspectiva, a prefeitura de Belo Horizonte vem desenvolvendo novas metodologias para viabilizar a implantação a baixo custo de novos equipamentos e para o gerenciamento e controle de todas as atividades relativas à sua manutenção. Assim, a Gerência de Varrição e Serviços Complementares buscou criar tecnologias para a conquista desses objetivos, utilizando para tal, um amplo trabalho de cadastramento de campo para acompanhamento das atividades e a utilização de sistemas de informação geográficas para agilizar e aprimorar os trabalhos desenvolvidos. Nesse sentido, foram desenvolvidos bancos de dados informatizados em diversas plataformas até a elaboração de uma sistema final considerado mais adequado para atingir os objetivos preconizados. Concomitantemente, uma metodologia de gerenciamento de campo e cadastramento, além do desenvolvimento de novas e inovadoras formas de parceria com a iniciativa privada foram implementadas afim de diminuir o custo de instalação e manutenção dos cestos coletores de resíduos leves. O resultado desse trabalho resumiu-se no aprimoramento da metodologia de controle, na redução dos custos e na agilidade das tomadas de decisão relativos a tudo que se refere à instalação e manutenção dos cestos coletores de resíduos leves no Município de Belo Horizonte. PALAVRAS-CHAVE: cestos coletores, banco de dados, geoprocessamento, gerenciamento, cadastro. INTRODUÇÃO Conforme o artigo 38 do decreto 10549 de 09 de Março de 2001, dentre as atribuições da Gerência de Varrição e Serviços Complementares – GEVAS - da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte - SMLU compete pesquisar e especificar instalações, equipamentos ,veículos e materiais a serem utilizados nas atividades de varrição e serviços complementares além de planejar e coordenar a locação de instalações, unidades e equipamentos de apoio às atividades de varrição e serviços complementares com o apoio das Secretarias Municipais da Coordenação de Gestão Regional. A instalação de cestos coletores é fundamental como apoio à equipe de varrição, assim como campanhas de mobilização social para o uso correto pela população. OBJETIVO Demonstrar a metodologia adotada para o gerenciamento das atividades relativas ao cadastramento, instalação e manutenção de cestos coletores de resíduos leves no município de Belo Horizonte, bem como a utilização do banco de dados desenvolvido para esse fim. METODOLOGIA Objetivando o completo controle das atividades relativas às etapas de locação, instalação, manutenção e controle dos cestos coletores de resíduos leves, dois aspectos principais são considerados, quais sejam o gerenciamento dessas atividades por parte da Gerência de Varrição e Serviços Complementares da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e a utilização do sistema SIG/Banco de Dados, conforme descrito a seguir. 1 - GERENCIAMENTO DAS ATIVIDADES Compõem o gerenciamento das atividades relativas aos cestos coletores, os seguintes aspectos: Estudos para definição dos pontos para instalação Para determinar previamente os pontos para locação de cestos coletores, são avaliadas algumas características necessárias para a instalação em as quais citam – se: demanda, interferências existentes e distância de outro cesto. Os cestos são instalados prioritariamente em locais com maior atividade comercial e grande movimentação de pedestres tais como praças, parques, centros comerciais, pontos de ônibus, entre outros. Licenciamento de Modelos de Cestos Os modelos de cestos coletores de resíduos leves instalados em logradouros e áreas públicas do município devem ser aprovados pela Comissão Permanente de Padronização de Mobiliário Urbano da Prefeitura de Belo Horizonte, que avalia funcionalidade e design. Além disso devem ser licenciados pela SLU no que se refere a especificações técnicas do equipamento como material, forma, capacidade volumétrica, tipo de esvaziamento, drenagem de líquidos, adequação ao espaço possível para instalação, segurança e resistência do material. A licença tem validade de 12 meses. Licenciamento de Empresas para instalação de Cestos As empresas interessadas em instalar cestos de modelos licenciados nos logradouros e áreas públicas do município devem solicitar licença à SLU, que após analisar e aprovar a documentação emite licença permitindo a instalação dos cestos por um período de 12 meses. Instalação de Cestos Coletores A instalação dos cestos coletores é feita de duas formas. Uma, através de convênio entre a SLU e empresas que queiram utilizar o espaço disponível nos cestos para publicidade , e outra, através da própria prefeitura. Instalação através de convênios Os critérios para a realização dos convênios são definidos pela Portaria 53/99 da SLU - que estabelece procedimento para doação, instalação e manutenção de cestos coletores de resíduos leves por pessoas jurídicas de direito privado através de convênio, sem ônus para a SLU. A empresa conveniada se responsabiliza pelo fornecimento, instalação e manutenção dos cestos. A dinâmica para instalação dos cestos dentro da modalidade de convênio, segue os seguintes passos: Solicitação pela empresa de autorização para instalar cesto no endereço pretendido; Análise no MAPINFO (programa de geoprocessamento) da situação do endereço solicitado; Vistoria do local; Autorização do endereço solicitado ou sugestão de um novo o mais próximo possível do solicitado; Assinatura do convênio; Instalação do cesto; Vistoria de instalação e notificação para correção de irregularidade, quando for o caso. Pela Prefeitura de Belo Horizonte Nessa modalidade, a Prefeitura Municipal se encarrega da instalação e manutenção dos mesmos, utilizando o espaço de propaganda para veiculação de mensagens educativas e institucionais. A instalação e manutenção dos cestos é feita pelas Secretarias de Coordenação de Gestão Regional, obedecendo as orientações determinadas pela SMLU. Normalmente, nessa modalidade os cestos são instalados em áreas de maior movimentação e de interesse cultural ou recreativo, tais como praças, parques e áreas afins ou através de programas de revitalização de logradouros. Gerenciamento de Rotina A Gerência de Varrição e Serviços Complementares mantém uma equipe que tem a função de executar uma sistemática verificação das condições dos cestos instalados e para identificação dos clandestinos ( não constante de convênio). Esse gerenciamento é feito através de visitas constantes aos locais onde houver cestos já instalados visando à avaliação de suas condições e naqueles previstos para futura locação. Complementarmente a Equipe de Varrição do logradouro, responsável também pelo esvaziamento dos cestos, informa periodicamente sobre a condição de uso e/ou instalação. O gerenciamento ainda inclui o abastecimento do banco de dados com as informações obtidas em campo e a atualização contínua da base digital, mantendo atuais os mapas de controle. Cadastro Periódico Além do gerenciamento de rotina, é recomendado que seja feito periodicamente (a cada quatro meses) um completo recadastramento de todos os cestos instalados, incluindo cestos licenciados (conveniados ou municipais) e clandestinos, em todas as Regiões Administrativas do Município. Tal procedimento visa ao levantamento de informações para atualização completa da base cadastral georreferenciada e alimentação do banco de dados. Tal operação é necessária em vista da grande quantidade de cestos instalados e da magnitude da área do município, o que limita a atuação das vistorias de rotina. O recadastramento de campo é executado utilizando-se mapas das áreas a serem avaliadas, na escala 1:2000 onde estão marcados os cestos instalados. Estes mapas contêm diversos elementos de referência, tais como postes de iluminação, pontos de ônibus, edificações com seus respectivos números, praças e outros elementos que facilitem a identificação e a representação de novos cestos. Além desse mapa os cadastradores levam uma planilha impressa com código, modelo, nome do logradouro, número do imóvel em frente ao qual está instalado , estado de conservação e condições de uso, tipo de suporte, características da instalação ( próximo a esquinas, distância de outro cesto...), que são conferidas e, caso necessário, corrigidas. Os novos cestos encontrados são marcados no mapa e suas informações são registradas na planilha. Quando não é possível identificar o modelo de cesto este é detalhadamente descrito no campo observações da planilha para que possa ser identificado através de comparação com as informações do banco de dados ou registrado como cesto sem convênio. Tabela 1 – Formulário de Vistoria Preenchido 2 - UTILIZAÇÃO DO SISTEMA SIG / BANCO DE DADOS Objetivando uma maior eficácia no gerenciamento dos cestos coletores procurou-se desenvolver um sistema de banco de dados que atendesse plenamente às demandas de gerenciamento e utilizasse ferramentas de geoprocessamento para elaboração de mapas cadastrais e temáticos, valendo-se para tal, das próprias informações lançadas no banco de dados. Assim, criou-se um sistema, utilizando o software ACCESS, visando em primeiro lugar, a uma maior interação com o software de geoprocessamento adotado e, em segundo lugar, a facilidade de operação buscando melhorar a qualidade e precisão na entrada de dados. O banco de dados possui, além dos campos de endereçamento e codificação dos equipamentos, campos de entrada de informações relativas a contratos, convênios, empresas, fabricantes, modelos, propagandas e vistorias, permitindo emissão de relatórios com essas informações coletadas pelas equipes da Gerência de Cadastro Técnico GECATE e da Gerência de Varrição – GEVAS (FIG.1). A alimentação das diversas informações se dá através de menus onde são lançadas conforme a opção desejada. Pode-se gerar, quando necessário, notificação de vistoria para as empresas conveniadas, além de vários relatórios e consultas que podem ser impressas, trabalhadas em aplicativos de texto ou planilha eletrônica ou remetidas na forma de e-mail ou em html. Além dessas vantagens, o banco de dados permite que as informações cadastradas possam ser relacionadas entre si visando à integridade das tabelas de dados. Ademais, a entrada de dados é facilitada na medida em que é possível atualizar várias tabelas de dados simultaneamente. Figura 1 – Janela para entrada de dados do sistema de gerenciamento de cestos coletores Concomitantemente com o desenvolvimento do novo banco de dados, foi elaborada uma rotina que sistematiza a utilização dos recursos de geoprocessamento disponíveis na SMLU. Os dados adquiridos são, inicialmente lançados na base cartográfica digital do município, que é gerenciada pelo Sistema APIC, facilitando o lançamento em mapa digital de forma mais precisa e mantendo mais atualizada possível as informações sobre cestos na base cadastral geral do Município. Assim cada ponto lançado corresponde a uma coordenada geográfica, georreferenciando cada cesto cadastrado. Cria-se a partir desse processo uma tabela contendo código do cesto e coordenadas do ponto onde foi lançado. Após essa etapa as tabelas criadas no APIC são transferidas para a base cadastral do software de geoprocessamento adotado para a manipulação dos dados digitalizados. Nesse ambiente são realizadas as operações de gerenciamento de rotina tais como identificação de cestos, avaliação de atendimento em cada região, bairro ou logradouro do município, elaboração de relatórios e mapas de controle, avaliação temática de eventos tais como depredação, instalação, manutenção entre outros. RESULTADOS O sistema SIG/banco de dados propicia diversos benefícios tais como: Localização e identificação dos cestos coletores de forma rápida e confiável, possibilitando maior agilidade na obtenção de informações bem como controle mais efetivo sobre as modificações ocorridas; Controle mais eficaz sobre as vistorias realizadas e a realizar, agilizando a atualização do banco de dados dos cestos e o cenário geográfico de cada unidade modificada, sendo possível a identificação dos cestos segundo modelo, data de instalação, empresa responsável, propaganda veiculada, número do convênio entre outras informações importantes para o gerenciamento eficaz dos cestos coletores instalados; Identificação precisa dos locais onde há necessidade de instalação de cestos dentro de uma demanda pré estabelecida, bem como a verificação da validade dos locais escolhidos por empresas interessadas em convênios para a instalação dos cestos coletores. Nesse sentido, é possível avaliar preliminarmente se o local escolhido para instalação atende a todos os pré requisitos exigidos pelo código de posturas municipais e às exigências técnicas determinadas pela GEVAS, no âmbito de suas atribuições; Possibilidade de uma avaliação estatística sobre as ocorrências relativas a depredações, instalações e remoções dos cestos coletores, compondo um conjunto de dados consistente que subsidiará tomadas de decisão além de agilizar a elaboração de relatórios, resumos estatísticos, consultas, notificações e mapas. Conseguiu-se, dessa forma, um banco de dados geocodificado e contendo todas as informações necessárias para o gerenciamento eficiente e ágil dos cestos coletores de resíduos leves, sendo possível elaborar automaticamente relatórios para avaliação, conforme demonstrado na TAB. 2. Tabela 2 - Dados dos cestos coletores em outubro de 2002 CESTOS COLETORES DE RESÍDUOS LEVES - Situação de Conservação por Regional ÁREAS/ SETORES BEM CONSERVADO DANIFICADO DESAPARECIDOS TOTAL Barreiro 147 13 77 237 Centro 1640 26 722 2388 Leste 301 23 99 423 Noroeste 278 11 73 362 Norte 45 3 25 73 Nordeste 99 4 61 164 Oeste 308 16 117 441 Pampulha 621 12 50 683 Sul 600 8 194 802 Venda Nova 120 27 47 194 TOTAIS : 4159 143 1465 5767 Pode-se ainda, como resultado da associação entre os dados inseridos no banco e lidos pelo software de geoprocessamento, avaliar graficamente a condição atual de cada cesto instalado, proporcionando um acompanhamento preciso das modificações dos cenários relativos aos cestos coletores, conforme demonstrado na FIG. 2. Figura 2 – Tela do Mapinfo, mostrando os cestos coletores de resíduos leves geocodificados. CONCLUSÕES O sistema de gerenciamento adotado, além de agilizar o processo de aquisição e instalação de cestos coletores de resíduos leves, propiciou o efetivo controle dessa atividade, possibilitando a estruturação de dados levantados em campo e proporcionado a interpretação dos mesmos através de mapas, tabelas e gráficos. Essa interpretação pode direcionar as ações futuras em relação a utilização otimizada dos cestos na medida em que revela, entre outras informações, áreas com maior demanda de cestos, áreas com maior índice de depredação, locais onde há maior ou menor precariedade na manutenção e utilização dos cestos, localização de pontos ideais para instalações, agilizando a escolha de pontos para convênio, maior controle sobre as empresas cadastradas no que se refere à manutenção obrigatória, troca do equipamento quando necessária, durabilidade e adequabilidade dos modelos adotados. Além dessa gama de benefícios, a manipulação das informações através do uso de um banco de dados e de sistema de informação geográfica possibilita a avaliação temporal e espacial da dinâmica desse mobiliário urbano, proporcionado agilidade e acuidade nas tomadas de decisão. Como soma das vantagens citadas nos parágrafos anteriores, consegue-se uma maior economia e racionalidade na utilização desse equipamento, advindos da agilidade e precisão na aquisição e manipulação das informações necessárias e/ou disponíveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CERQUEIRA, B. N. Cestos Coletores de Resíduos Leves – Histórico e Avaliação do Programa. Belo Horizonte. Junho / 2000. 23 p. GARIGLIO, L. P., MESQUITA, M. A. M. Utilização dos Sistemas de Geoprocessamento como Auxílio ao Planejamento de Varrição Manual no Município de Belo Horizonte. In: 21º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL, Anais... João Pessoa, 2001. CD. Gerência de Varrição e Serviços Complementares – GEVAS / Secretaria Municipal de Limpeza Urbana – SMLU. Relatório Anual de Atividades 2001. Belo Horizonte. Dezembro / 2001. 52 p. Portaria 53, de 25 de junho de 1999 da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte / PBH – "estabelece procedimento para doação, instalação e manutenção de cestos coletores de resíduos leves por pessoas jurídicas de direito privado através de convênio".