RELATO DAS EXPERIÊNCIAS DO PIBID MATEMÁTICA NO IF
FARROUPILHA - CÂMPUS JÚLIO DE CASTILHOS
Graciele de Borba Gomes Arend; Patrícia Zanon Peripolli; Gilberto Junior Rocha, Denise Ritter
Docente do curso de Licenciatura em Matemática do IF Farroupilha e coordenadora do PIBID –
Câmpus Júlio de Castilhos; Acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática do IF Farroupilha e
bolsista PIBID; Acadêmico do curso de Licenciatura em Matemática do IF Farroupilha e bolsista
PIBID; Acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática do IF Farroupilha
Resumo
Este trabalho visa relatar as atividades desenvolvidas no projeto PIBID
Matemática do IF Farroupilha – Câmpus Júlio de Castilhos, entre os anos de 2012 e
2013. O projeto contemplou três escolas da região e ofereceu há aproximadamente
1000 alunos uma alternativa de ensino de matemática diferente daquela que
estavam trabalhando nas escolas, ela baseou-se na aplicação de jogos didáticos. O
PIBID contemplou o ensino fundamental e foi trabalhado de duas formas distintas:
em uma escola o projeto acontecia na sala de aula juntamente com o professor e
nas demais o mesmo acontecia na forma de grupos de estudos no contra turno
escolar. Constatou-se que a partir do PIBID os alunos gostaram de trabalhar a
matemática de outra forma, favorecendo assim, no processo de ensino e
aprendizagem.
Palavras-Chave: PIBID; Ensino de matemática; Ensino fundamental.
Introdução
O presente trabalho faz um relato das atividades desenvolvidas pelo
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, que acontece no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Câmpus Júlio de
Castilhos através do subprojeto “A Matemática como dinamizadora da qualidade de
ensino”. Acredita-se que ensinando a matemática de forma diferente da trabalhada
em sala de aula, os alunos aos poucos vão gostando da disciplina, desta forma irão
aprender e compreender melhor.
O projeto teve suas atividades iniciadas no ano de 2010 e contemplava o
ensino médio dos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Doutor Júlio Prates
de Castilhos, localizada na cidade de Júlio de Castilhos.
A proposta inicial do projeto era trabalhar na sala de aula juntamente com o
professor regente, no entanto, a escola não aceitou a proposta de ceder
semanalmente um período de matemática para o programa, então o projeto
acontecia no contra turno escolar na forma de grupos de estudos. O trabalho sendo
feito na sala de aula atingiria a totalidade dos alunos, visto que poucos deles faltam
às aulas. O que não acontece quando trabalhamos no contra turno escolar, pois
nem todos os alunos retornam na escola para as atividades destinadas ao
programa, uns não retornam porque moram no interior e dependem do transporte
para sua locomoção, já os outros não retornam por falta de vontade ou estímulo.
Entre os anos de 2010 e 2011, verificou-se que, mesmo trabalhando os
conteúdos do ensino médio, muitas vezes, os bolsistas do programa tinham que
sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos que eram oriundas de lacunas do
Ensino Fundamental. Pensando nisso, em 2012 o programa PIBID no Câmpus foi
reformulado e passou a trabalhar com o ensino fundamental, não mais com o ensino
médio. Acredita-se que o programa, no momento em que dá todo o suporte para que
os alunos ampliem o conhecimento em matemática neste nível de ensino, eles
ingressarão no ensino médio e consequentemente para o ensino superior melhor
preparados.
Atualmente, o programa contempla três escolas da região: Escola Estadual de
Ensino Médio Doutor Júlio Prates de Castilhos e Escola Municipal de Ensino
Fundamental Élio Salles, ambas da cidade de Júlio de Castilhos; e a Escola
Estadual de Ensino Médio Joaquim Nabuco da cidade de Tupanciretã. Os trabalhos
realizados pelo PIBID nestas três escolas acontece de duas formas distintas, em
duas delas trabalho é realizado no contra turno escolar através de grupos de
estudos e em uma delas o trabalho é realizado em sala de aula juntamente com o
professor regente da disciplina de matemática. Nesse caso, a escola destina um
período semanal para o programa trabalhar com cada turma, acreditando que desta
forma irá abranger todos os alunos da escola, possibilitando que todos participem
das atividades propostas fazendo com que tenham acesso ao ensino de matemática
de uma forma diferenciada.
Desenvolvimento
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) tem uma
enorme contribuição na formação de professores, visto que possibilita o contato com
a escola e a oportunidade de vivenciar a realidade da sala de aula, mesmo antes
dos estágios curriculares obrigatórios. Segundo CAPES (2008) um dos objetivos do
PIBID é:
[...] inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de
educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter
inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas
identificados no processo de ensino-aprendizagem (CAPES, 2008, p.2).
O PIBID possibilita ao bolsista ter contato com as dificuldades enfrentadas
pelos professores em sala de aula. Conforme a CAPES (2008, p.1): “os projetos
devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde
o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didáticopedagógicas [...]”. Esse contato estimula o bolsista a estar preparado a lidar com os
imprevistos, e principalmente auxilia na busca de estratégias de ensino que tornem a
matemática atraente ao aluno, despertando o seu interesse, estabelecendo relações
com o seu cotidiano, pois segundo Brasil (1998):
O estabelecimento de relações é fundamental para que o aluno
compreenda efetivamente os conteúdos matemáticos, pois, abordados de
forma isolada, eles não se tornam, uma ferramenta eficaz para resolver
problemas e para a aprendizagem/construção de novos conceitos. (BRASIL,
1998, p. 37)
O grande objetivo do programa para os alunos abrangidos é o de quebrar o
conceito de que a matemática é um monstro que poucos dominam, para isto buscase proporcionar uma aula de matemática diferenciada, com o uso de tecnologias e
novidades, fazendo com que a aula se torne atraente ao aluno, e que ele se sinta
motivado a participar e sanar suas dúvidas.
As atividades diferenciadas utilizadas no programa contribuem para despertar
o interesse dos educandos e consequentemente auxiliam no melhor desempenho
escolar. Conforme Brasil (1998):
[...] conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é
fundamental para que o professor construa sua prática. Dentre elas,
destacam-se a História da Matemática, as tecnologias da comunicação e os
jogos como recursos que podem fornecer os contextos dos problemas,
como também os instrumentos para a construção das estratégias de
resolução. (BRASIL, 1998, p. 42)
Nesta perspectiva, surge a educação lúdica, que se utilizada da forma correta
contribui efetivamente na melhoria do ensino. Os jogos precisam ser bem pensados
antes de utilizá-los, para que tenham significado e auxiliem no processo da
aprendizagem. Conforme Grando (2004):
Quando nos referimos á utilização de jogos nas aulas de Matemática como
um suporte metodológico, consideramos que tenha utilidade em todos os
níveis de ensino. O importante é que os objetivos com o jogo estejam
claros, a metodologia a ser utilizada seja adequada ao nível em que se está
trabalhando e, principalmente, que represente uma atividade desafiadora ao
aluno para o desencadeamento do processo (GRANDO, 2004, p. 26).
Pois o jogo, em consonância com o pensamento matemático, estimula o
aluno que passa a ver a matemática de uma forma agradável e divertida, instigandoo a desenvolver seu raciocínio lógico e de generalização diante dos inúmeros
conceitos matemáticos que permeiam sua vida.
Os jogos tem se mostrado dentro da comunidade educacional como uma
excelente forma de consolidar o ensino de matemática. Segundo Schons (2011,
p.1): “os jogos sempre fizeram parte da vida do ser humano, pois são estimulantes,
desenvolvem atividades cognitivas, motoras, de estratégia, despertando muito
interesse por quem os pratica. Este tipo de atividade desenvolve múltiplas
inteligências [...]”.
As atividades desenvolvidas pelos bolsistas do programa são diferenciadas,
pois o mesmo não é para ser visto como reforço escolar e sim como uma alternativa
diferente para auxiliar no processo de ensino aprendizagem dos alunos.
No início das atividades, em 2010, o programa tinha 10 bolsistas, daí como
houve uma reformulação e um aumento de escolas envolvidas, atualmente o
programa trabalha com 15 bolsistas do curso de Licenciatura em Matemática do IF
Farroupilha – Câmpus Júlio de Castilhos, cada escola possui 5 bolsistas atuante no
projeto e uma supervisora. Os bolsistas devem cumprir no mínimo 12 horas
semanais de atividades referentes ao programa, e são divididas de duas maneiras:
no Câmpus para a confecção das atividades totalizando 4 horas semanais e na
escola totalizando 8 horas semanais.
O programa, ao longo do ano de 2012, contemplou todos os anos finais do
ensino fundamental, chegando a trabalhar com aproximadamente 800 alunos na três
escolas abrangidas pelo programa. Neste ano, optamos por trabalhar com o 6º e 7º
ano no primeiro semestre e com o 8º e 9º ano no segundo semestre.
O trabalho realizado nas escolas é elaborado a partir de sugestões e listas de
exercícios que a supervisoras enviam, estas listas são baseadas nas dificuldades
que os alunos possuem em determinados conteúdos estudados em sala de aula.
Os bolsistas levam para a sala de aula sempre uma atividade lúdica para ser
trabalhada com os alunos, tal atividade é feita pelos próprios no dia de planejamento
das mesmas, e uma lista de exercícios.
A ideia é, primeiramente, trabalhar de forma diferenciada o conteúdo com os
alunos, e após isso, é feita a lista de exercícios para os bolsistas verificarem se a
atividade teve significado positivo na aprendizagem dos alunos. Verifica-se que esta
forma tem uma grande importância, pois como os alunos trabalham o conteúdo de
uma forma divertida através da atividade lúdica, quando eles passam para a lista de
exercícios é notório o envolvimento dos mesmos para resolvê-la.
Dando prosseguimento ao relato, apresentaremos um detalhamento de como
o programa atua nas escolas contempladas bem como a utilização de algumas
atividades propostas que tiveram retorno positivo por meio dos alunos.
Trabalho na escola Júlio Prates
O programa na escola Júlio Prates de Castilhos acontece no contra turno
escolar. A equipe diretiva da escola costuma trabalhar de forma tradicional, não
aceitando muito a ideia de inserir novas metodologias para auxiliar no processo de
ensino aprendizagem, mesmo assim não mudamos o formato do projeto e
trabalhamos de forma diferenciada os conteúdos.
Em uma das listas enviadas pela supervisora, foi solicitado que fosse
trabalhado a tabuada, pois foram observadas grandes dificuldades por parte dos
alunos em relação a esse conteúdo. Buscando atender a demanda solicitada foi
planejada uma atividade que envolvia jogos referentes à tabuada, como por
exemplo: “dominó da tabuada”, “bingo da tabuada”, “triângulo da multiplicação” e
uma lista de exercícios para verificar se a atividade havia auxiliado na assimilação
desse conceito.
O “Dominó da Tabuada” trabalha o cálculo mental e exercita as operações da
tabuada, o jogo segue os mesmos padrões de um dominó tradicional, possuindo em
um dos lados a operação e do outro uma solução, sendo que o aluno deverá realizar
as operações mentalmente, caso a solução esteja em uma de suas peças o aluno
coloca sobre a mesa e assim continua o jogo, o jogador que terminar suas peças por
primeiro é o vencedor.
O “Bingo da Tabuada” segue o mesmo modelo de um bingo tradicional,
possuindo cartelas numeradas com as soluções da tabuada, os números da tabela
são marcados conforme o resultado das operações sorteadas que no caso constam
de multiplicações. Sendo que o educando deve resolver as mesmas mentalmente,
caso o valor correspondente pertença a sua cartela deverá ser marcado, vence o
jogo quem marcar todos os números de sua cartela primeiro.
O “Triângulo da Tabuada” é composto por vários triângulos menores sendo
que cada um possui uma operação ou resposta, sendo que sua base também é um
triângulo e nela possuem somente respostas, o aluno então deve organizar as peças
menores com as operações e suas devidas respostas e assim quando conseguirem
preencher toda a base com as operações e suas respectivas respostas certas acaba
o jogo.
Após realizar esta atividade, percebemos que a dificuldade dos educandos
era em compreender o significado da multiplicação, então resolvemos planejar uma
atividade que relembrasse e mostrasse o significado da mesma. Para isso utilizamos
o material dourado para mostrar o porquê que de (2 X 2= 4), explicamos que é
preciso de dois conjuntos e que cada conjunto deve possuir dois elementos e assim
sugerimos a eles somar todos os elementos, a partir da explicação realizamos
sorteio de operações da tabuada do dois ao cinco para os alunos realizarem da
mesma maneira e assim poder compreender esse conceito.
Na utilização do material dourado, foi possível promover que os alunos
compreendessem o sentido de multiplicação, pois visualizando e manipulando as
peças pode-se perceber o que significa multiplicar um número pelo outro e em que
isso resulta, ter a noção clara de quantidade, uma vez que manipulando o material
concreto o aluno foi capaz de perceber gradativamente seu erros e acertos na
efetuação das operações.
Na sequência, passamos um vídeo que ensinava como trabalhar a tabuada
do seis ao dez com os dedos, primeiramente precisávamos numerar os dedos das
duas mãos, os polegares com o número dez, os indicadores com o número nove, os
dedos médios com número oito, os anulares com número sete e os dedos mínimos
com o número seis.
Após isso, é estabelecida uma operação, por exemplo: (6 x7), então o aluno
vai juntar o dedo mínimo que é o número 6 da mão esquerda com o dedo anular que
é o número 7 da mão direita, então ele vai verificar quantos dedos tem abaixo da
junção e na junção, neste caso são três dedos e assim cada dedo que estiver abaixo
e na junção vale dez, então teremos ( 30+), acima da junção na mão esquerda
temos 4 dedos e na mão direita temos 3 dedos, com os números acima da junção
multiplicamos de um lado para o outro temos (3X4=12). Por último somamos os
números obtidos acima e abaixo da junção neste exemplo (30+12= 42).
Após o vídeo, praticamos com os alunos a técnica e sorteamos operações da
tabuada do seis ao dez, logo em seguida pedimos para que com a operação
sorteada eles resolvessem pelos dois métodos ensinados nesta aula. Percebemos
que os alunos gostaram muito da novidade, foram bem participativos e se
empenharam bastante. Além disso, o uso do vídeo tornou-se algo interessante, pois
fugiu da rotina do lápis e papel e abriu uma porta para que eles pudessem fazer
suas próprias pesquisas, uma vez que hoje muito se faz uso da internet e de
recursos tecnológicos.
Trabalho na escola Élio Salles
Na escola Élio Salles, no ano de 2012, o trabalho foi feito das duas formas,
em algumas turmas trabalhou-se no contra turno escolar e em outras turmas o
trabalho era realizado na sala de aula juntamente com o professor, neste ano o
trabalho é realizado dessa forma em todas as turmas. A direção da escola acredita
que levando material diferenciado para sala de aula, o mesmo irá chamar atenção
do aluno e este irá gostar deste modo de aprendizado.
O planejamento das atividades a serem levadas para a escola é realizado da
mesma forma nos dois espaços, propondo atividades diferenciadas como jogos,
dinâmicas, buscando aproximar os conceitos matemáticos à vida cotidiana do aluno,
despertando seu interesse através da ludicidade e apresentando a matemática de
uma forma atrativa.
Uma das carências notadas pelo docente da turma de 6ª série estava
relacionada às operações com números inteiros, sendo sugerido pelo mesmo que os
bolsistas realizassem alguma atividade para sanar tal dificuldade.
Inicialmente, foi elaborado um plano de aula visando propor uma atividade
diferenciada que facilitasse a assimilação desse conceito. O mesmo foi elaborado
pelos bolsistas, considerando que os alunos já haviam estudado este tópico. Foram
propostos a utilização de três jogos, objetivando por meio de uma atividade lúdica
fixar este conceito. Os jogos propostos se compunham do “Bingo”, “Jogo da velha” e
“Baralho Mágico”, sendo que os mesmos foram confeccionados pelos bolsistas do
PIBID.
O “Bingo” objetiva estimular o cálculo mental dos alunos e exercitar as
operações com números inteiros. O jogo segue os mesmos padrões do bingo
tradicional, possuindo cartelas numeradas, os números das cartelas são alocados
conforme os resultados das operações. Em vez de serem sorteados números, são
sorteadas operações com números inteiros, sendo que o educando deverá efetuar
as mesmas mentalmente, caso o valor correspondente esteja contido em sua cartela
deverá ser marcado, o jogador que preencher sua cartela primeiro é o vencedor.
O “Jogo da velha” consta de um tabuleiro de EVA, seguindo o mesmo formato
do Jogo da Velha tradicional, diferindo apenas pelo fato de que em cada casa haver
uma expressão, caso o aluno gostaria de por sua peça em determinada casa
deveria efetuar a expressão de forma correta, sendo o adversário quem verificava se
a resposta estava certa, caso a resposta estivesse incorreta o jogador não marcava
e passava vez para o próximo, vence o jogo quem realizar uma sequência de três
casas marcadas na horizontal, vertical e diagonal.
O “Baralho Mágico” é um jogo que exercita o raciocino lógico dos alunos,
sendo formado por cartas numeradas de 0 a 9, positivas e negativas e de dois
dados. O jogo inicia-se com todos os jogadores arremessando o dado, o participante
que obtiver maior número no dado distribui as cartas, sendo que cada um deverá
receber três cartas. Em seguida o jogador que deu as cartas joga os dois dados, e
todos os participantes efetuam a soma dos números encontrados. O objetivo do jogo
é que ao efetuar a soma das três cartas se obtenha o mesmo número da soma dos
dados, sendo que pode gerar um número positivo ou negativo.
O jogador que estiver à direita do que distribuiu as cartas deverá iniciar o
jogo, verificando se a soma das cartas que possui é a mesma dos dados, caso não
aconteça deverá comprar uma carta do monte e escolher uma para descartar,
sempre estando atento as suas possibilidades, o próximo jogador poderá pegar a
carta descartada ou comprar uma nova, conferindo as suas somas, esse processo
se repete até que um dos participantes consiga encontrar o número do dado com
sinal positivo ou negativo, devendo mostrar as suas cartas aos demais participantes
para que os mesmos possam conferir se está correto. Elaborado o plano de aula, foi
realizada a confecção dos jogos pelos bolsistas.
O plano de aula se iniciou com a aplicação do “Bingo” para a turma inteira.
Cada aluno recebia uma cartela e os marcadores, os bolsistas efetuavam o sorteio
das operações a serem efetuadas. O objetivo do “Bingo” é que os alunos deveriam
ampliar e utilizar o raciocínio lógico e o cálculo mental para alcançar a solução
correta rapidamente.
No segundo momento, foi trabalhado com dois jogos simultâneos o “Jogo da
velha” e o “Baralho Mágico”, dividiu-se a turma em duplas sendo distribuídos
aleatoriamente pelos bolsistas esses dois jogos nas duplas. Os alunos jogavam um
determinado tempo o jogo recebido e em seguida era efetuada a troca pelo outro
jogo.
No “Bingo” e no “Baralho Mágico” os alunos tiveram bastante dificuldade em
efetuar os cálculos mentalmente, sendo que alguns tiveram de utilizar lápis e papel
para efetuar as contas. Isso aconteceu pelo fato de os alunos não dominarem a
tabuada e também terem muitas dificuldades nas operações com números inteiros.
Portanto esta atividade foi importante, pois estimulou o raciocínio lógico e trabalhou
o cálculo mental dos alunos, também serviu para que os mesmos praticassem as
regras de sinais.
Os alunos apresentaram relativa facilidade no “Jogo da Velha”, pelo fato de
conhecerem as estratégias do jogo da velha tradicional, diminuindo o número de
operações a serem realizadas. Na resolução das expressões apresentaram
facilidade, sem maiores dificuldades.
A atividade descrita exigiu dos bolsistas um planejamento minucioso na
elaboração do plano de aula para que não ultrapassasse o tempo disponível na sua
efetivação em sala de aula. E também para que a atividade proposta fosse
interessante para os alunos despertando o seu interesse, sem servir apenas como
um divertimento, mas sendo um facilitador do ensino aprendizagem de matemática,
tornando a assimilação de conceitos uma atividade prazerosa e de fácil realização.
Como nesta escola podemos trabalhar de duas formas distintas, é inevitável
não compararmos ambas, nos perguntarmos qual modo de trabalho é o melhor, se é
na sala de aula ou no contra turno escolar.
Uma das maiores vantagens da atuação do PIBID em sala de aula é por
abranger todos os alunos, possibilitando que todos participem das atividades
propostas fazendo com que tenham acesso ao ensino de matemática de uma forma
diferenciada. O fato da escola já conhecer o potencialidade do programa foi
determinante para trabalhar desta maneira, pois assim trabalha-se de forma integral
com todos os alunos, até com aqueles que têm mais dificuldades.
A instituição entende as atividades do PIBID não como um reforço escolar, e
sim como uma nova forma de se trabalhar a matemática. As atividades que são
propostas aos alunos em sala de aula exigem dos bolsistas um planejamento mais
cauteloso, em virtude das turmas serem grandes e espaço físico desproporcional ao
número de alunos, o que gera bastante agitação.
O pequeno espaço físico também dificulta a execução de algumas atividades
que necessitam às vezes de adaptações. Outro desafio encontrado foi trabalhar
sempre com turmas cheias e ter que cumprir com toda a atividade prevista no plano
de aula em um curto espaço de tempo.
Um aspecto negativo salientado pelos bolsistas no trabalho no contra turno é
que todos os alunos das turmas são convidados a participarem do programa, em
algumas turmas é numerosa a participação por parte dos alunos, em outras nem
tanto. Desta forma o programa não abrange todos os alunos, mas em compensação
para os bolsistas se torna mais fácil de executar o trabalho, pois assim consegue-se
atender os educandos individualmente.
Uma vantagem da organização do trabalho do programa dessa forma, é que
os bolsistas trabalham com cada turma uma hora, mas às vezes os alunos demoram
um pouco mais do que o esperado para executar algumas atividades e tem-se essa
possibilidade de caso necessário expandir um pouco o tempo. O principal ponto a
favor é o fato de o espaço físico ser maior, o que aumenta as possibilidades de
atividades a serem executadas, proporcionando aos bolsistas maior liberdade de
atuação.
Trabalho na escola Joaquim Nabuco
Assim como a escola Júlio Prates, o programa na escola Joaquim Nabuco
acontece no contra turno escolar. A equipe diretiva da escola nos deu o total apoio
para levarmos para sala de aula atividades diferenciadas. Tirando o trabalho
realizado na escola Élio Salles na sala de aula, nesta escola é que obtivemos a
maior participação dos alunos no contra turno escolar.
Alguns dos jogos trabalhados foram os jogos boole, dominós, jogos de
madeiras, cartazes da divisão, jogo da memória de fração com representações,
caracol (trilha) das equações, quadros das equações, disco de frações, jogo pé e
mão, tabuada de madeira, tangram e balança das equações e inequações. Além dos
jogos, foram confeccionados juntos aos alunos um cubo através de dobraduras e
como achar as raízes por soma e produto nas equações do segundo grau.
Os dominós continham uma grande diversidade de jogos e várias adaptações
em diversos conteúdos. Estavam compostos por dominós de adição, multiplicação,
fração, porcentagem, números decimais e dominós triangulares de divisão,
multiplicação.
Os jogos de madeira eram formados por jogo da velha, jogo da velha 3D, jogo
da velha triangular, cruz, quadrado de cores, quadrado mágico, resta 1, torre de
Hanói. Estes foram trabalhados em forma de oficinas com o objetivo de incentivar o
desenvolvimento do raciocínio lógico, onde tivemos uma grande aceitação dos
alunos por não ser uma atividade comum de sala de aula, assim como os jogos
boole. Destaca-se que o trabalho realizado na escola Júlio Prates sobre a tabuada
também foi aplicado nesta escola e teve um bom retorno.
A aceitação destas atividades foi tão grande que os bolsistas foram convidados
para ministrar uma oficina para os professores da rede de ensino da cidade. Esta
oficina, intitulada Mostra de materiais didáticos, surgiu a partir do interesse dos
professores, no ótimo trabalho que os bolsistas vinham desenvolvendo no projeto
PIBID da escola. Tal oficina teve como objetivo levar ao conhecimento dos
professores, jogos educativos confeccionados pelos bolsistas que podem ser
utilizados na sala de aula para um melhor aprendizado do conteúdo matemático.
Primeiramente, o grupo de professores foi separado em dois, ficando cada
grupo com 6 integrantes e foi lançado um desafio: montar um quebra-cabeça com
formas geométricas e no decorrer da montagem, os grupos chegaram a conclusão
que separados não conseguiriam montar, diante disto, juntaram-se e a mensagem
formada no quebra-cabeça foi: A existência do indivuduo só é possível com a
existência do outro.
Após essa dinâmica, foram mostrados alguns dos materiais didáticos
confeccionados pelo PIBID e alunos do curso de Licenciatura em Matemática, no
Laboratório de Matemática do IF Farroupilha – Câmpus Júlio de Castilhos, bem
como sua forma de utilização e quais conteúdos podem ser explorados. Tais
materiais são utilizados nas escolas tanto para uso do PIBID quanto para uso dos
alunos que estão saindo do Câmpus para a realização dos estágios curriculares
supervisionados e projetos de extensão.
Para a confecção dos materiais didáticos, tivemos o apoio financeiro do NEPEM
– Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Educação Matemática que tem o
apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES)
através do PRODOCÊNCIA – Programa de Consolidação das Licenciaturas.
O interessante dessa oficina foi a participação dos professores através de
questionamentos de como fazer, qual material utilizar e o fato dos professores
quererem levar para a sala de aula alternativas de ensino como as que foram
mostradas para eles.
Considerações finais
Os objetivos do projeto PIBID certamente foram alcançados, pois obtivemos
um enorme crescimento profissional por parte dos licenciandos, eles se
desenvolveram, foram atrás de novas metodologias de ensino e criaram materiais
fantásticos, sinal que estão no caminho certo e que conseguirão contornar
obstáculos em relação à docência.
Em relação aos alunos envolvidos no projeto houve também um crescimento
do aprendizado na disciplina de matemática. Procuramos sempre comparar duas
notas dos alunos e verificar se houve uma evolução e em quase todos os alunos as
notas escolares aumentaram. Sinal que eles saíram do programa sabendo mais
matemática do que quando entraram no mesmo. A troca de informações entre
professores e bolsistas existia há todo momento.
O uso de metodologias diferenciadas, tais como os jogos no processo de
ensino é uma forma descontraída de desenvolver a aprendizagem, proporcionando
que o aluno aprenda de forma lúdica relacionando os conceitos trabalhados a sua
realidade, pois dessa forma a aprendizagem se torna interessante e prazerosa para
o aluno, além de mostrar para os acadêmicos o importante papel que os jogos
desempenham em sala de aula.
Referências
ALVES, E. M. S. A ludicidade e o ensino da matemática. 7. ed. São Paulo: Papilus,
2001.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ministério da Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998.
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Documento orientado do PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid>.
Acesso em: 14 de fev. 2013.
GRANDO, C. R. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula. 7. ed. São
Paulo: Paulus, 2004.
SCHONS, E. F.; GUEDES, R. F.; COSTA, R.B.; BISOGNIN, V. Equilíbrio de Nash:
Contribuição para o desenvolvimento do pensamento matemática. In:II CNEMCongresso Nacional de Educação Matemática, IX EREM- Encontro Regional de
Educação Matemática, Ijuí- RS, 07 a 10 de junho de 2011.
Thenório, I. Manual do Mundo: Como fazer a tabuada com as mãos. Disponível em
<http://www.youtube.com/watch?feature=player detailpage&v=8X5hzS1UO10> .
Acesso em: 25 de set. 2013.
Download

relato das experiências do pibid matemática no if farroupilha