Criminologia Crítica 85 com homens e mulheres em Glasgow, os estudiosos perceberam que não é possível sinalizar com uma diferença significativa entre homens e mulheres no medo do crime. Existe uma enorme diferença entre homens e mulheres muito assustados, e homens e mulheres pouco assustados, mas não seria uma diferença de gênero. A questão da indução dos medos pela mídia é estudada nos textos de Reiner (2012, p. 333), onde explica que “as representações da mídia tendem a exagerar a ameaça de crime e de promover o policiamento e punição como o antídoto. É provável que isso acentue o medo e, portanto, o apoio à lei e à ordem política”. Em sua opinião, os estudos realizados recentemente na Inglaterra comprovam que a mídia intervém claramente na indução dos medos a respeito do crime. Nos Estados Unidos, Altheide (2002) afirma que o medo se tornou uma perspectiva pública dominante, uma maneira de olhar para a vida. O autor analisa vários jornais norte-americanos buscando saber qual é a representatividade do discurso do medo e em referência a quê a palavra medo é ligada simbolicamente ao longo do tempo. Para ele, o medo é uma palavra e um significado já generalizados no dia a dia, sendo um discurso prevalente nos Estados Unidos e na Europa. Muitos norte-americanos percebem a vida como assustadora e arriscada, principalmente pelo crime e a violência, mas também por outras causas. Os resultados de sua pesquisa sugerem que o medo não é usado por si mesmo, mas é crescentemente parte de um discurso do medo, uma maneira de focar nas características assustadoras da maior parte dos eventos. Essa generalização do discurso do medo provoca uma mudança de sentido: da experiênciacomo-medo, ao medo-como-experiência (ALTHEIDE, 2002). Da mesma maneira como Simon (2008), entre outros autores, observam que hoje a figura da vítima se generaliza, Altheide (2002, p. 178) atribui essa posição a um discurso do medo que vem invadindo a opinião pública norte-americana, mas também de outros países, nos últimos vinte anos. Para ele, “o medo é uma das poucas coisas que os americanos compartilham”. Dentre os aspectos dessa perspectiva que enaltece a vítima, o mais generalizado é o crime. Os cidadãos são agora solicitados a procurar criminosos, encontrar crianças perdidas, e promover esforços de vigilância para reduzir e controlar o uso de drogas ilegais. O policiamento de nossas vidas se