Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de
altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG,
Brasil.
Berenice Chiavegatto Campos
2005
I
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrado de
altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG,
Brasil.
Berenice Chiavegatto Campos
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de
Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários a obtenção do título de Mestre em Botânica.
Orientador: José Fernando A. Baumgratz
Rio de Janeiro
Agosto 2005
II
A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de altitude
do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG, Brasil.
Berenice Chiavegatto Campos
Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical,
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos
requisitos necessários a obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof.______________________ - Dr. José Fernando A. Baumgratz
(titulação)
Prof. _____________________- Dra. Rosana Romero
(titulação)
Prof. _____________________ - Dra. Rafaela Compostrini Forzza
(titulação)
Rio de Janeiro
2005
III
“ Ninguém deve surpreender-se com o fato de permanecerem obscuros
tantos pontos relacionados com a origem das espécies e variedades,
desde que se dê o devido desconto a nossa profunda ignorância quando
às inter-relações existentes entre todos os seres vivos que nos circundam.
Quem poderia explicar porque determinada espécie tem habitat amplo e
é muito numerosa, enquanto que outra espécie afim é mais rara e vive em
habitat restrito? Entretanto, tais relações são da mais alta importância,
pois determinam nossa situação atual e, conforme acredito, as futuras
modificações e adaptações positivas de todos os habitantes deste mundo.
(...)”
Charles Darwin – Origem das Espécies – 1859.
IV
Dedico essa Dissertação de Mestrado aos meu pais, Wanderson e Rita,
pelo incentivo, pelo apoio, por valorizar meu sonho e, sobre tudo, por
seu amor incondicional.
V
Agradecimentos
Ao meu avô Dr. Hermenegildo Campos pela inspiração.
Aos meus irmãos, Valéria e Wanderson Jr., pela ajuda e atenção nos estudos fundamentais.
Aos meus sobrinhos, João Paulo e Júlia, pelo fascínio pela ciência e pelos olhinhos brilhantes
ao me ouvirem falar.
Às professoras e amigas Fiorella, Viviane e Luciana, pela iniciação na botânica, pela
confiança no meu trabalho como monitora e auxílio na minha formação profissional.
À professora Dra. Fátima Salimena (Fatinha), por acreditar no meu potencial e por me
mostrar a paixão pela botânica e pela taxonomia, além de me mostrar a beleza do Parque Estadual
do Ibitipoca.
À professora Dra. Rafaela Forzza, pelo incentivo, por me ensinar a importância de um
herbário, pela confiança e pela oportunidade de estar no Jardim Botânico.
A todos os professores do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de
Fora, pelas belas aulas e formação de bióloga.
Ao professor José Carlos, pelas aulas de Sistemática Filogenética, Evolução e lições de vida.
Aos grandes amigos Carolina, Daniel, Leila, Roberto, Sandro e Valquiria, pela presença na
minha vida
Ao amigo Luis, pela ajuda com as fotografias.
À minha amiga Micheline, por todas as dicas e conselhos e, pela paciência nas conversas.
A todos os companheiros dos herbários CESJ e RB, da UFJF e da pós-graduação Escola
Nacional de Botânica Tropical.
À Diretoria e a Coordenação da Escola Nacional de Botânica Tropical.
À CAPES pela bolsa concedida.
Ao Programa Mata Atlântica pela ajuda com mapas.
Aos professores Dr. Sérgio Ricardo e Dra. Luciana do Laboratório de Biologia Molecular de
Plantas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pela ajuda e paciência no trabalho de biologia
molecular. Ainda ao Dr. Sérgio pelas lindas fotos no campo.
À Dra. Marli Pires Morim, pela revisão desta dissertação.
Á Dra. Rosana Romero da Universidade Federal de Uberlândia, pela revisão das
identificações das espécies dos gêneros Microlicia e Siphanthera e por aceitar fazer parte da banca
VI
de avaliação desta dissertação.
Ao Dr. Paulo José Guimarães pela revisão das identificações de espécies do gênero
Tibouchina.
Aos professores da Escola Nacional de Botânica, que me ensinaram a importância da
pesquisa.
Ao professor, orientador e amigo, José Fernando Baumgratz, pelo cuidado tanto com o
trabalho, como pela minha formação profissional e pelo modo paternal com o qual me mostrou o
“Mundo Maravilhoso” das Melastomataceae.
Ao Elisson, pelas discussões, companheirismo, atenção, carinho, paciência, por fazer com
que tudo ficasse mais fácil ao seu lado e por me fazer tão feliz.
A Deus, por estar aqui.
VII
Resumo
Apresenta-se o estudo taxonômico da família Melastomataceae nas vegetações campestres do
Parque Estadual do Ibitipoca, uma Unidade de Conservação situada no município de Lima
Duarte, MG, entre 800-1.784m altitude, e abrangendo 1.488 ha. Objetivando o conhecimento
sobre a diversidade e aspectos florísticos desta família na paisagem destas formações campestres
de altitude. Observa-se que constitui um dos grupos mais diversificados na área, representado
por 10 gêneros e 28 espécies, assim distribuídas: Chaetostoma DC., Marcetia DC. e Siphanthera
Pohl (monoespecíficos); Cambessedesia DC., Lavoisiera DC., Microlicia D.Don e Trembleya
DC. (2 spp. cada); Miconia Ruiz e Pav. (5 spp.); Leandra Raddi (6 spp.) e Tibouchina Aubl. (7
spp.). Dentre as características morfológicas mais marcantes para a identificação destes táxons
pode-se destacar o hábito, as dimensões e coloração das folhas, os tipos de indumento, a
coloração das pétalas, a cor e forma dos estames e os tipos de fruto e formas das sementes.
Apresenta-se uma chave analítica, seguida de descrições morfológicas e ilustrações, além de
dados sobre distribuição geográfica, comentários gerais e análise dos padrões de distribuição
geográfica. As Melastomataceae são encontradas nas três fitofisionomias campestres
reconhecidas na área: o campo rupestre sensu stricto, o campo rupestre arbustivo e o cerrado de
altitude. No contexto geral dessas formações, a família não é específica a nenhuma destas
fitofisionomias. Entretanto, algumas espécies são endêmicas dos campos rupestres ou restritas
aos campos rupestres e cerrados de altitude. O campo rupestre arbustivo concentra o maior
número de espécies (27), sendo oito exclusivas; o cerrado de altitude, 17 espécies, e o campo
rupestre senso stricto, sete espécies, sendo Leandra eichleri Cogn. a única exclusiva desta
formação. Em relação aos padrões de distribuição, 14 espécies têm ampla distribuição no
neotrópico, ocorrendo em diferentes formações vegetacionais; seis espécies apresentam o padrão
disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitudes, enquanto sete são restritas aos
campos rupestres e cerrados, e cinco endêmicas de campo rupestre, sendo Siphanthera arenaria
Cogn. e Tibouchina vauthieri Cogn. endêmicas de Minas Gerais.
Palavras chave: Melastomataceae, taxonomia, florística, Parque Estadual do Ibitipoca, campos
rupestres, cerrados de altitude.
VIII
Abstract
The taxonomic study of Melastomataceae family in “campos rupestres” and “cerrados de altitude”
of Parque Estadual do Ibitipoca is presented. This area is located on Lima Duarte district, Minas
Gerais State, between 800-1.784mts. high and ranging 1.488 ha. The main objectives are the
knowledge of the taxonomic diversity and floristic aspects of this family in the landscape of these
altitude vegetation. It is observed that Melastomataceae constitutes one of the more diversified
group in the area and it´s represented by 10 genus and 28 species: Chaetostoma DC., Marcetia DC.
e Siphanthera Pohl (monospecifics); Cambessedesia DC., Lavoisiera DC., Microlicia D.Don e
Trembleya DC. (2 spp. each); Miconia Ruiz e Pav. (5 spp.); Leandra Raddi e Tibouchina Aubl. (6
spp.). The main morphological characteristics for the identification of these taxa are the size and
color of the leaves, the indument types, the color of the petals, the color and shape of the stamens
and the fruit types and seeds shapes. An analytical key is presented, followed by morphological
descriptions and illustrations, besides on geographical distribution data, comments and analysis of
the geographical distribution patterns. The species occur in three vegetation types recognized in the
area: “campos rupestres sensu stricto”, “campos rupestres arbustivos” and “cerrados de altitude”,
but the family is not exclusive of any one of them. Otherwise, some species are endemic of “campos
rupestres” or restricted to “campos rupestres” and “cerrados de altitude”. The “campo rupestre
arbustivo” includes the largest number of species (27), being 8 exclusive; “cerrado de altitude”, 17
species, and “campo rupestre senso stricto”, 7 species, where Leandra eichleri Cogn. is the only
exclusive species. Four distibution patterns are recognized: species widely distributed in Neotropic,
occuring in different vegetation types (14 species); disjuction between “campos rupestres/cerrados”
and “campos de altitude” (6 species); restricted to “campos rupestres” and “cerrados” (7 species);
and endemic of “campos rupestres” (5 species). Siphanthera arenaria Cogn. and Tibouchina
vauthieri Cogn. are the only species endemics of Minas Gerais State.
IX
Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Revisão de Literatura .................................................................................................................... 5
O Parque Estadual do Ibitipoca ................................................................................................ 10
Metodologia ................................................................................................................................ 13
Resultados e Discussão ............................................................................................................... 16
As Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca ......
.............................................................................................................................. 16
Tratamento Taxonômico ................................................................................................. 32
A Família Melastomataceae ................................................................................ 32
Chave de Identificação para as espécies de Melastomataceae ............................ 33
Cambessedesia .................................................................................................... 40
Cambessedesia espora ............................................................................. 40
Cambessedesia hilariana ......................................................................... 42
Chaetostoma ........................................................................................................ 44
Chaetostoma pungens .............................................................................. 44
Lavoisiera ............................................................................................................ 49
Lavoisiera compta ................................................................................... 49
Lavoisiera sp. ........................................................................................... 50
Leandra ............................................................................................................... 54
Leandra aurea ......................................................................................... 54
Leandra eichleri ...................................................................................... 57
Leandra erostrata ................................................................................... 59
Leandra foveolata .................................................................................... 61
Leandra pennipilis ................................................................................... 63
Leandra salicina ...................................................................................... 65
Marcetia .............................................................................................................. 73
Marcetia taxifolia .................................................................................... 73
Miconia ................................................................................................................ 76
Miconia chartacea ................................................................................... 76
Miconia corallina .................................................................................... 78
X
Miconia sellowiana .................................................................................. 80
Miconia theazans ..................................................................................... 82
Miconia sp ............................................................................................... 83
Microlicia ............................................................................................................ 91
Microlicia fulva ....................................................................................... 91
Microlicia isophylla ................................................................................. 93
Siphanthera ......................................................................................................... 95
Siphanthera arenaria ............................................................................... 95
Tibouchina ......................................................................................................... 100
Tibouchina collina ................................................................................. 100
Tibouchina frigidula .............................................................................. 103
Tibouchina heteromalla ......................................................................... 105
Tibouchina hieracioides ........................................................................ 107
Tibouchina martiusiana ......................................................................... 109
Tibouchina semidecandra ...................................................................... 111
Trembleya .......................................................................................................... 116
Trembleya parviflora ............................................................................. 116
Trembleya phlogiformis ......................................................................... 118
Padrões de Distribuição Geográfica .............................................................................. 121
Considerações Finais e Perspectivas ......................................................................................... 129
Lista de coleções ....................................................................................................................... 132
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 135
XI
Lista de Figuras
Figura 1: Localização do Parque Estadual do Ibitipoca no estado de Minas Gerais .................. 12
Figura 2: Mapa de vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca .................................................. 30
Figura 3: Fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca ........................................................ 31
Figura 4: Cambessedesia hilariana e detalhe da flor; Cambessedesia espora; Chaetostoma
pungens ....................................................................................................................... 47
Figura 5: Ilustração: Cambessedesia espora; Cambessedesia hilariana; Chaetostoma pungens
..................................................................................................................................... 48
Figura 6: Lavoisiera compta: ramo na paisagem; ramo florífero; detalhe da flor ...................... 52
Figura 7: Ilustração: Lavoisiera compta; Lavoisiera sp. ............................................................ 53
Figura 8: Ilustração: Leandra aurea, Leandra erostrata ............................................................ 67
Figura 9: Ilustração: Leandra eichleri ........................................................................................ 68
Figura 10: Ilustração: Leandra foveolata, Leandra salicina ...................................................... 69
Figura 11: Ilustração: Leandra pennipilis ................................................................................... 70
Figura 12: Leandra aurea: Variação foliar ................................................................................. 71
Figura 13: Leandra aurea: ramo frutífero; ramo florífero .......................................................... 71
Figura 14: Leandra eichleri; Leandra erostrata; Leandra foveolata; Leandra pennipilis; Leandra
salicina ...................................................................................................................... 72
Figura 15: Ilustração: Marcetia taxifolia .................................................................................... 75
Figura 16: Ilustração: Miconia chartacea, Miconia corallina .................................................... 87
Figura 17: Ilustração: Miconia sellowiana, Miconia theazans ................................................... 88
Figura 18: Ilustração: Miconia sp. .............................................................................................. 89
Figura 19: Miconia chartacea; Miconia corallina; Miconia sellowiana; Miconia sp. nova
hábito e detalhe da inflorescência ............................................................................ 90
Figura 20: Ilustração: Microlicia fulva; Microlicia isophylla; Siphanthera arenaria ................ 98
Figura 21: Microlicia fulva; Siphanthera arenaria na paisagem e detalhe da flor ..................... 99
Figura 22: Ilustração: Tibouchina vauthieri; Tibouchina heteromalla; Tibouchina frigidula ........
................................................................................................................................ 113
Figura 23: Ilustração: Tibouchina martiusiana; Tibouchina hieracioides; Tibouchina
semidecandra ......................................................................................................... 114
XII
Figura 24: Tibouchina semidecandra; Tibouchina frigidula; Tibouchina heteromalla;
Tibouchina
hieracioides;
Tibouchina
vauthieri;
Trembleya
parviflora
...................................115
Figura 25: Ilustração: Trembleya parviflora; Trembleya phogiformis ...................................... 120
Figura 26: Mapa de Distribuição geográfica das espécies ......................................................... 126
Lista de Tabelas e Gráficos
Tabela 1: Distribuição das espécies de Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do
Parque Estadual do Ibitipoca ....................................................................................... 19
Tabela 2: Distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae dos campos rupestres e
cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca ............................................... 127
Tabela 3: Padrões de distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos
campos rupestres do Parque Estadual do Ibitipoca ................................................... 128
Gráfico 1: Porcentagem de ocorrência das espécies de Melastomataceae por padrão de
distribuição em relação as fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca
...................................................................................................................................... 28
XIII
I- Introdução
As Melastomataceae constituem uma numerosa família pantropical, com cerca de 1.500
espécies no Brasil, tropicais e/ou subtropicais, distribuídas em 67 gêneros, sendo Leandra Raddi,
Miconia Ruiz & Pav. e Tibouchina Baill, os gêneros mais representativos na flora brasileira
(BAUMGRATZ 1985) e cuja importância e riqueza na constituição e estrutura da vegetação de
diferentes ecossistemas brasileiros têm sido assinaladas em recentes estudos. Em áreas florestais
remanescentes, como no bioma Mata Atlântica, podem ser encontrados, ainda, importantes
centros de endemismos, onde as espécies, incluindo da família Melastomataceae, com este
padrão de distribuição geográfica, evidenciam a riqueza desses refúgios e a necessidade de
conservá-los, estimulando a realização de estudos florístico-taxonômicos e análise acurada do
grau de conservação das espécies (BAUMGRATZ & SOUZA 1995, BAUMGRATZ 1997,
GIULIETTI et al. 1987, LIMA & GUEDES-BRUNI 1994, LIMA & GUEDES-BRUNI 1997 e
ROMERO & NAKAJIMA 1999).
No estado de Minas Gerais essa família também é muito diversificada, ocorrendo em
diferentes ecossistemas, desde florestas pluviais, semidecíduas, de neblina e ciliares, até
cerrados, campos rupestres e capões de mata.
Em algumas regiões, observa-se que, integrado ao bioma Mata Atlântica ocorrem
peculiares formações vegetacionais com características ecológicas e florísticas próprias e que
têm sido identificandas como um tipo distinto de ecossistema ou fitocória (PRANCE 1994a, b).
Nesse contexto, destacam-se os campos rupestres, que se distinguem pela vegetação campestre,
XIV
constituída principalmente de gramíneas, ervas e subarbustos, associada a solos rasos, rochas
quartizíticas e alta incidência solar.
PRANCE (1982, 1989, 1994a, b) tem proposto uma divisão da América do Sul em
províncias florísticas ou fitocórias, baseando-se mais na distribuição de espécies do que em tipos
de vegetação e definindo-as, principalmente, como áreas em que ocorre um grande número de
espécies endêmicas. Uma das categorias florísticas é o Centro de Endemismo do Tipo
Arquipélago, na qual as espécies têm distribuições descontínuas, ocorrendo em topos de
montanhas isoladas. Nessa categoria, distingue a fitocória Arquipélago Campo Rupestre, com
várias espécies endêmicas.
Os campos rupestres estão geralmente integrados a Unidades de Conservação, podendo-se
destacar o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA e MG), o Parque Nacional do Caraça
(MG), o Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG),
o Parque Nacional do Caparaó (MG e ES) e o Parque Estadual do Ibitipoca (MG). Alcançam seu
nível máximo de diversidade nas partes elevadas da Cadeia do Espinhaço. Contudo, não existe
atualmente um mapeamento completo desse tipo de vegetação no Brasil. Trabalhos de campo
mais detalhados, compreendendo publicações de inventários florísticos, são necessários para
melhor compreender seus limites geográficos (HARLEY 1995).
Nessas áreas, onde há importantes remanescentes campestres e florestais, a família
Melastomataceae já tem sido assinalada como uma das mais importantes, tanto em número de
espécies como em caracterizações fitofisionômicas (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE
1988; HARLEY & SIMMONS 1986; HARLEY 1995; ROMERO & MARTINS 2002;
ROMERO & NAKAJIMA 1999). Podem ser observaros, também, diferentes estádios de
conservação e sucessão de comunidades vegetais, porém ainda carentes de informações mais
específicas quanto a diversidade taxonômica de grupos vegetais.
XV
Nesse contexto, são poucos os estudos sobre a família Melastomataceae na flora do estado
de Minas Gerais e, de modo geral, os resultados têm sido apresentados sob a forma de listas de
espécies (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY & SIMMONS 1986;
RODELA 1999; ROMERO & NAKAJIMA 1999) e raros no âmbito de estudos florísticotaxonômicos (ROMERO & MARTINS 2002). Apesar de já se observar a riqueza do grupo em
diferentes formações vegetacionais, não só no nível de gênero, como também no de espécies,
sendo alguns táxons endêmicos de formações de campos rupestres (CAMPOS & SALIMENA
2003; GIULIETTI et al., 1987; SALIMENA et al. 1996), a representatividade de floras de
Unidades de Conservação de regiões mineiras ainda se mostra incompleta em coleções de
herbários.
Existem ainda, dificuldades em se estabelecer limites e definir as fitofisionomias em uma
determinada região onde, pois encontradas zonas de transição e variações dentro de uma mesma
formação vegetacional. Essas áreas transicionais podem ser observadas no Parque Estadual do
Ibitipoca, como também destaca RODELA (1999), que estudou o domínio Campo Rupestre,
assinalando delimitações complexas entre as formações de campo rupestre e as de cerrado de
altitude.
Por essas razões, propõe-se o estudo florístico-taxonômico das Melastomataceae nos
campos rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, onde trabalho nenhum
dessa natureza foi até o momento, desenvolvido. Nessa proposta, objetivou-se enfocar a
diversidade taxonômica e nos aspectos ecológicos das Melastomataceae na paisagem,
apresentando também uma chave analítica para identificação das espécies, bem como descrições
morfológicas, ilustrações, dados fenológicos e de distribuição geográfica e uma análise dos
padrões de distribuição geográfica das espécies.
XVI
Essa família, além de ser muito numerosa, apresenta ainda diversos problemas relativos a
delimitação de táxons genéricos e específicos. Assim, o estudo taxonômico desse grupo em
floras locais através da análise e descrições detalhadas dos táxons, incluindo exemplares tipo, e
elaboração de chaves analíticas para identificação, tem auxiliado na resolução dos problemas
mencionados, auxiliando no conhecimento geral do grupo (BAUMGRATZ et al. 1995b, 2001;
SOUZA & BAUMGRATZ, inédito, ROMERO & MARTINS 2002).
O presente estudo possibilita um melhor conhecimento da diversidade da família nessa
região campestre, destaca sua importância na composição florística local e como divulga dados
inéditos sobre a flora do estado de Minas Gerais. Contribui também para uma avaliação do
potencial desta Unidade de Conservação no tocante a riqueza de táxons genéricos e específicos
de Melastomataceae e, através dos estatus de conservação nos quais as espécies se classificam,
possibilita futuras análises comparativas entre áreas vegetacionais semelhantes no território
brasileiro.
XVII
II- Revisão de Literatura sobre Estudos em Campos Rupestres
Segundo GIULIETTI et al. (1987), os primeiros coletores e botânicos interessados na flora
brasileira tiveram, normalmente, passagem obrigatória por Minas Gerais, revelando grande
admiração pela riqueza da flora da Cadeia do Espinhaço e suas disjunções, como Spix &
Martius, em 1823, Saint-Hilaire, em 1833 e Gardner, em 1846. Os estudos nesta área foram
reiniciados nos primórdios de 1900 e prosseguem até os dias atuais, podendo-se destacar o de
Barreto, em 1935, que cita 16 espécies de Melastomataceae para a Serra do Cipó.
De acordo com GUEDES & ORGE (1998), o campo rupestre é uma vegetação aberta,
incluída geralmente no domínio cerrado, que ocorre em elevações acima de 1.000 m, nos estados
de Goiás, Bahia e Minas Gerais. Diferem do cerrado por ocorrerem em solos com afloramentos
rochosos quartizíticos, estarem em elevadas altitudes e possuírem uma flora com subarbustos.
A denominação “campos rupestres” foi empregada visando a substituir o termo
controverso “campos alpinos”, que vinha sendo utilizado por diversos autores. Os campos
rupestres correspondem a fisionomias montanhosas raras de vegetação atípica de cerrado, ou
sub-unidades de cerrados, dominantemente compostas por mosaicos de arbustos e ervas, onde
são encontrados endemismos específicos que refletem condições ecológicas diferentes daquelas
da vegetação regional ao seu redor, indicando um isolamento antigo (RODELA 1999;
URURAHY et al. 1993).
XVIII
De acordo com GIULIETTI et al. (1987), a vegetação dos campos rupestres é formada em
parte por espécies autóctones, selecionadas pelas condições do clima e especialmente dos solos
e, em parte, pela redução na distribuição geográfica de espécies que, no passado, eram
amplamente distribuídas. O maior ciclo de especiação das montanhas está relacionado com
condições edáficas, pois se sabe que rochas e areias expostas nos altos das montanhas estão entre
as combinações mais extremas de condições ambientais.
Segundo HARLEY (1995), áreas montanhosas, nas quais se encontram os campos
rupestres, são comparáveis a ilhas separadas pelas condições ecológicas muito diferentes que
existem nas terras baixas, atuando como barreiras para migração. Disto resulta um sistema ideal
e de grande interesse do ponto de vista biológico, no que concerne ao estudo da fauna e da flora
e das características adaptativas que possibilitaram seu estabelecimento e sucesso ecológico no
ambiente de altitude, explicando-se assim, o grande número de táxons endêmicos nesses
ambientes.
De acordo com esse autor, tais cadeias montanhosas atuam como moderadores das
mudanças climáticas, permitindo a migração altitudinal e fornecendo refúgios durante períodos
adversos sob forma de uma ampla gama de habitats. Além disso, fornecem um gradiente
fisiográfico que permite a fragmentação e posterior fusão das populações causadas pelas
oscilações climáticas, criando o fenômeno de “bomba geradora de espécies”. É provável que
processos recentes de isolamento e hibridação tenham contribuído sobremaneira para formar o
atual quadro de diversidade da flora nos campos rupestres.
Acrescenta ainda que, levando em conta o passado climático e a história geológica, as
montanhas podem ser também consideradas centros de concentração de biodiversidade e
consequentemente áreas de grande importância do ponto de vista da preservação ambiental.
XIX
O complexo mosaico de tipos de vegetação que caracteriza a região dos campos rupestres
(GIULIETTI & PIRANI 1988; HARLEY & SIMMONS 1986) é resultado de variações na
topografia, declividade e fisionomia, além da natureza do substrato e do micro-clima
encontrados no local. Flutuações diárias extremas da temperatura e umidade e o efeito dos
ventos, além de altos níveis de insolação em certos locais, podem ser substituídos por condições
mais amenas em locais protegidos e, em algumas áreas, o impacto da estação seca pode ser
amortecido através da captação de umidade da neblina. Esse mosaico vegetacional é resultado do
encontro da vegetação típica dos afloramentos rochosos dos campos rupestres com outros tipos
de vegetação, como os cerrados, as florestas de galeria e as matas nebulares (PIRANI et al.
1994).
De acordo com SALIMENA (1996), no século XIX a diversidade florística da Serra do
Ibitipoca jà havia chamado a atenção do naturalista Saint-Hilare que em 1822 percorreu a região
coletando inúmeras plantas, na grande maioria novas espécies para a Ciência. Os estudos
botânicos recentes na Serra do Ibitipoca foram iniciados por Leopoldo Krieger, professor do
Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora, na dácada de 1960.
URURAY (apud ARAÚJO 2003) refere-se à Serra do Ibitipoca como um Refúgio
Ecológico Alto-Montano de vegetação arbustiva, situando-se na transição entre dois domínios
vegetacionais, originalmente compostos pelas matas estacionais semideciduais e savanas
(cerrados).
Nesse contexto, o Parque Estadual do Ibitipoca possui uma paisagem individualizada,
constituída pela ocorrência tanto de espécies da floresta estacional semidecídua, quanto dos
cerrados, além de uma expressiva vegetação endêmica de campos rupestres, que a qualifica
como área singular. Trata-se de uma localidade onde se diferenciam ou se misturam os cerrados
XX
e as florestas, em um mosaico complexo, com componentes das áreas periféricas entre as duas
principais regiões fitogeográficas locais (RODELA 1999).
Com base no trabalho de ARAÚJO (2003), observa-se que é evidente essa distribuição
para as espécies de Melastomataceae. Aquelas encontradas nas florestas são preferencialmente
dos gêneros Leandra, Miconia e Tibouchina, grupos com espécies geralmente de ampla
distribuição. Já nos ambientes campestres, os gêneros mais representativos são Cambessedesia,
Chaetostoma, Lavoisiera, Marcetia, Microlicia e Trembleya, com espécies geralmente de
distribuição mais restrita. Nestes ambientes, também foram encontradas espécies de Leandra,
Miconia e Tibouchina, porém, menos representativas. ARAÚJO (l. c.), ainda menciona que, para
os ambientes campestres, a família Melastomataceae pode ser considerada indicadora do tipo de
vegetação.
Alguns gêneros de Melastomataceae são abundantes nos campos rupestres da Cadeia do
Espinhaço e serras adjacentes, tais como Microlicia, Marcetia e Tibouchina, sendo que os dois
últimos podem chegar até as montanhas da Venezuela.
A família Melastomataceae é, também, muito representativa em outros ambientes
mineiros, como exemplificado por PEDRALLI (1997), onde a família representa 8,22% das
espécies encontradas em um levantamento florístico da Estação Ecológica de Tripuí, em Ouro
Preto, no domínio de floresta estacional semidecidual submontana. De acordo com este autor,
este dado é condizente com o de outros estudos feitos para várias regiões de florestas em Minas
Gerais, como no Parque Nacional da Grota Funda, em Atibaia, na Estação Ecológica do Panga,
em Uberlândia, na Reserva Biológica do Poço Bonito, em Lavras, no Alto do Rio Grande, em
Bom Sucesso e na Serra do Cipó, de um modo geral.
Esta família está representada no Parque Nacional da Serra da Canastra, MG, com 95
espécies, distribuídas em 17 gêneros, sendo que destas, nove são espécies novas para Ciência
XXI
(ROMERO 2000). Na Serra do Cipó essa família corresponde a terceira maior em número de
espécies, com 90 espécies distribuídas em 10 gêneros (GIULIETTI et al. 1987). No
levantamento vegetacional da Serra do Ambrósio, MG é a quinta maior família em número de
espécies, com 12 espécies distribuídas em seis gêneros (PIRANI et al., 1994). No levantamento
realizado no Morro do Pai Inácio e Serra da Chapadinha, Chapada Diamantina, BA, encontrram,
respectivamente, 28 e 22 espécies de Melastomataceae (GUEDES & ORGE, 1998). HARLEY &
SIMMONS (1986) mencionam, para Flórula do Mucugê, que Melastomataceae é uma das mais
expressivas famílias em número de espécies, estando representada por nove gêneros e 34
espécies. Na Flora do Pico das Almas (STANNARD, 1995) foram levantados 11 gêneros de
Melastomataceae e 67 espécies. Em número de espécies, é a segunda maior família,
compreendendo mais de 6% da flora.
XXII
II.1- O Parque Estadual do Ibitipoca
O Parque Estadual do Ibitipoca situa-se na Serra do Ibitipoca, no sudeste do estado de
Minas Gerais, abrangendo áreas dos municípios de Lima Duarte e de Santa Rita do Ibitipoca,
aproximadamente entre as coordenadas 21º 40’-44’ S e 43º 52’-55’ W, com 1.488 ha. (figura 1).
A área é legalmente protegida desde 1965, sob a responsabilidade do Instituto Estadual de
Florestas (IEF-MG), tendo sido transformada em Unidade de Conservação em 1973
(SALIMENA 1996).
A Serra do Ibitipoca forma uma área montanhosa isolada das demais áreas de campo
rupestre, apresentando uma flora diferenciada da Cadeia do Espinhaço propriamente dita, sendo
considerada uma disjunção em relação a esta Cadeia (GIULIETTI & PIRANI 1988).
Geomorfologicamente, a Serra do Ibitipoca integra o complexo da Serra da Mantiqueira,
cujo relevo é caracterizado por escarpas altas ou colinas, com altitudes variando entre 1.200 e
1.800 m (CETEC 1983), e considerada uma parte isolada desta serra na região mineira. A
altitude máxima registrada na Serra do Ibitipoca é de 1.784 m, no ponto geográfico conhecido
como pico da Lombada.
XXIII
Geologicamente, a Serra do Ibitipoca é formada por litotipos pertencentes ao Ciclo
Deposicional Andrelândia e composta basicamente por quartzitos finos micáceos e biotita-xistos.
O entorno da serra é formado por gnaisses e biotita-xistos (ARAÚJO 2003).
Segundo MACIEL & ROCHA (2000), os solos da área do Parque pertencem às classes
cambissolo, neossolo litólico, neossolo quartzarênico, complexo afloramento + neossolo litólico
além de afloramentos de rocha. DIAS (2003), resalva que a vegetação de complexo rupestre de
altitude apresenta maior porte em locais com condições pedoclimáticas mais favoráveis e solos
mais desenvolvidos.
Segundo RODELA (1999), dados meteorológicos detalhados ainda não foram obtidos para
a região do Parque, podendo ser caracterizada pelo clima Cwb segundo a classificação de
Köppen, ou seja, mesotérmico úmido com invernos secos e verões amenos. Dados
pluviométricos adicionais, fornecidos pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
(DNAEE), coletados no distrito de Conceição de Ibitipoca, município de Lima Duarte, no
período de 1942 a 1993, indicam uma precipitação anual média igual a 1.532 mm (desvio padrão
= 351 mm).
A área apresenta expressiva diversidade não só da vegetação, como da fauna, das formas
de relevo, dos solos e dos microclimas (RODELA 1999). Em relação a vegetação, FONTES
(1997) distingue cinco tipos básicos - cerrado de altitude, campos rupestres, mata ciliar, capão de
mata e uma área de mata ombrófila, conhecida localmente como “mata-grande”. De acordo com
URURAHY & al. (1993), o Parque encontra-se inserido entre dois domínios regionais de
vegetação, originalmente compostos pelas matas estacionais semidecíduas e savanas (cerrados).
Atualmente, grande parte do entorno da região onde se situa o Parque é constituída por pastagens
e lavouras (ARAÚJO 2003).
XXIV
Estudos sobre a flora do Parque Estadual do Ibitipoca têm demonstrado sua riqueza e
diversidade, despertando interesse em vários botânicos para o conhecimento taxonômico de
diferentes famílias. Esses trabalhos, em colaboração com o IEF-MG, tem auxiliado à elaboração
de uma proposta de manejo sustentável para a Unidade de Conservação, uma vez que algumas
áreas já têm sofrido impacto de natureza antrópica (ARAÚJO 2003; CAMPOS & SALIMENA
2002, 2003; RODELA 1998; SALIMENA et al. 1996).
XXV
Figura 1: Localização do Parque Estadual do Ibitipoca no estado de Minas Gerais.
Fonte: DIAS et al. 2002.
III- Metodologia
XXVI
Fonte: Dias et al. 2002.
Na elaboração desta dissertação utilizaram-se os procedimentos usuais para estudos
taxonômicos, como: levantamento bibliográfico, consulta a herbários nacionais e do exterior,
coletas, observações de campo e análise dos caracteres em laboratório.
Levantou-se obras clássicas e revisões taxonômicas recentes sobre a família
Melastomataceae, além de trabalhos referentes a campos rupestres e a flora de Minas Gerais.
Tais trabalhos foram obtidos a partir de consultas em diversas bibliotecas nacionais, bem como,
via web, principalmente em portais como Periódicos CAPES, Google, Scielo e NCBI.
Foi realizado um levantamento completo de espécimes referentes ao Parque Estadual do
Ibitipoca nos herbários da Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ) e do Instituto de
Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB).
Os herbários do Instituto de Botânica de São Paulo (SP), da Universidade de São Paulo
(SPF), Herbarium Bradeanum (HB) e Herbário da Universidade Federal de Viçosa (VIC), foram
visitados e espécimes coletados recentemente no Parque Estadual do Ibitipoca foram
identificados por comparação e analisados. Quando necessário, exemplares tipo ou fotografias
dos herbários B, C, F e P foram também analisados.
Foram realizadas coletas bimestrais durante o período de doze meses, percorrendo todas as
fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca. Esta atividade sistemática
complementou as coleções já representadas nos herbário CESJ e RB, obtidas desde a década de
70 e intensificadas a partir da década de 90.
As técnicas utilizadas nas coletas seguiram os procedimentos usuais de trabalhos de campo
pertinentes aos estudos taxonômicos. Amostras, tanto de partes vegetativas quanto florais e
frutíferas, foram fixadas em etanol a 70%, para posteriores estudos morfológicos e ilustrações.
Foram obtidas fotografias dos habitats, hábitos e de detalhes vegetativos, florais e
frutíferos das espécies observadas em campo.
XXVII
Anotaram-se dados relativos aos ambientes onde ocorrem as espécies, aspectos
fisionômicos das populações, época de floração e frutificação, coloração das partes vegetativas e
reprodrutivas, tamanho dos indivíduos, coordenadas geográficas e altitudinais e distribuição no
Parque Estadual do Ibitipoca.
Observou-se também a existência de variações intra e interpopulacionais e possíveis
associações entre espécies.
O material coletado foi herborizado segundo as técnicas convencionais e incorporado nos
herbários CESJ e RB, havendo, ainda, duplicatas para posteriores permutas.
As descrições morfológicas das espécies foram feitas a partir da análise de todas as
coleções botânicas examinadas. Adotaram-se os conceitos de RADFORD & al. (1974) para as
descrições morfológicas. As caracterizações do tipo de fruto e formas das sementes basearam-se
no trabalho de BAUMGRATZ (1985).
O material examinado, tanto herborizado quanto conservado em etanol a 70%, é restrito às
coletas no Parque. Quando necessário utilizou-se material adicional, complementando a análise
morfológica.
As mensurações de comprimento e largura de estruturas foliares, florais e frutíferas foram
obtidas pelo maior eixo apresentado por cada amostra, incluindo, quando presente, o apículo.
Quando houver somente uma medida mencionada nas descrições, esta estará se referindo ao
comprimento da estrutura.
Na lâmina foliar, as medidas de comprimento do quanto as nervuras acródromas laterais se
individualizam da nervura acródroma central acima da base foram obtidas do par mais interno de
nervuras acródromas laterais.
A proporção de quanto o ovário encontra-se aderido ao hipanto foi obtida através da
relação entre os valores de comprimento total do ovário e de sua porção soldada.
XXVIII
Após a descrição morfológica de cada espécie, é listado o material examinado, ordenado
como se segue: município; localidade e ambiente em que o espécime foi encontrado no Parque;
coletor e número (quando da ausência do número de coleta, colocou-se o número de tombo do
exemplar no respectivo herbário); data de coleta; dados fenológicos, sendo as abreviações fl.
(flor) e fr. (fruto); sigla do herbário onde o material está depositado.
Uma chave para identificação das espécies foi elaborada, utilizando-se tanto caracteres
vegetativos quanto florais e frutíferos. Os táxons estão dispostos em ordem alfabética no texto.
A análise da distribuição geográfica dos táxons foi feita com base na literatura e em dados
de etiqueta do material de herbário.
A área e o enquadramento dos indivíduos nas diferentes fitofisionomias baseou-se no
trabalho de RODELA (1999) e em FONTES (1997), com modificações, e também com base em
recentes observações de campo e dados de etiqueta.
A definição de campos rupestres e cerrados de altitude seguiu os trabalhos de RODELA
(1999), URURAHY et al. (1993) e HARLEY (1995).
Para todas as espécies são apresentadas ilustrações de hábito, detalhes dos ramos, folhas,
estruturas florais e de frutos e sementes, cujos desenhos originais foram feitos com auxílio de
microscópio estereoscópio acoplado à câmara clara.
IV- Resultados e Discussão
IV.1 - As Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do Parque Estadual do
Ibitipoca
Inúmeros pesquisadores brasileiros, individualmente ou em grupos, têm procurado definir
claramente quais os tipos de vegetação ocorrentes no Brasil e seus limites. Tal esforço não é
XXIX
recente, sendo que as primeiras tentativas concretas de classificação da vegetação brasileira
ocorreram a partir do século XIX. Os atuais recursos tecnológicos de sensoriamento remoto têm
permitido um grande salto na investigação sobre delimitações fitofisionômicas. No entanto,
devido ao fato da transição entre tipos de vegetação ser freqüentemente de modo gradual e não
abrupto e poder ocorrer extensa variação dentro de um mesmo tipo vegetacional, há ainda
discordâncias entre as diferentes classificações existentes. Os fitogeógrafos estão constantemente
enfrentando a dificuldade de elaborarem um sistema de classificação simples, mais objetivo e
adequado, sem um número excessivo de categorias, mas que ao mesmo tempo corresponda à
realidade existente nos ecossistemas (BERG 2000).
Nesse contexto, também se evidenciam dificuldades para se caracterizar fitofisionomias
em áreas amostrais mais restritas, como, por exemplo, o Parque Estadual do Ibitipoca, onde são
encontradas zonas de transição e variações dentro de uma mesma fitofisionomia (RODELA
1999). Com base nesta autora que utilizou dados edáficos, de umidade, de microclima e de
vegetação, em FONTES (1997) e em HARLEY (1995) e a partir das observações feitas no
desenvolvimento dessa dissertação, pode-se evidenciar, no Parque, três formações vegetacionais
de fisionomia campestre entremeadas entre si e situadas entre 800 e 1784 m de altitude (figura 2)
– o campo rupestre sensu stricto (CR), o campo rupestre arbustivo (CA) e o cerrado de altitude
(Ce).
Nas vegetações campestres do Parque Estadual do Ibitipoca, a família Melastomataceae é a
terceira em número de espécies, depois de Poaceae e Asteraceae (SALIMENA et al. 1996),
estando representada por 10 gêneros e 28 espécies. As Melastomataceae são encontradas em
todas as formações vegetacionais, tanto em áreas campestres, abertas e totalmente ensolaradas,
com solos rasos e/ou sobre afloramentos de rochas, quanto em matas ciliares e interior de matas
de neblina, em locais úmidos, sombreados e com solos mais profundos e nutritivos.
XXX
No domínio de campo rupestre, incluindo o campo rupestre propriamente dito e cerrado de
altitude, a família Melastomataceae tem sido assinalada como um importante componente
florístico, estando entre as cinco famílias com maior riqueza de espécies e com expressiva
densidade de indivíduos (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY 1995;
HARLEY & SIMMONS 1986; RODELA 1999; ROMERO & MARTINS 2002). As espécies
variam de ervas a subarbustos até arvoretas, estando distribuídas por todas as fitofisionomias,
tanto em ambientes campestres, onde predominam as dos gêneros Cambessedesia, Chaetostoma,
Lavoisiera, Marcetia, Microlicia, Siphanthera e Trembleya, quanto florestais, onde as mais
representativas pertencem a Clidemia, Leandra, Miconia, Ossaea e Tibouchina.
De modo geral, as Melastomataceae podem ser facilmente reconhecidas em paisagens de
formações florestais, principalmente pelas folhas com padrão de nervação curvinérveo e
nervuras secundárias transversais e pelas flores geralmente vistosas, com corola simetricamente
radiada, colorida, e estames retilíneos ou sigmóides, com anteras falciformes ou levemente
curvas (BAUMGRATZ et al., inédito). Entretanto, em formações campestres, um outro grupo
dessa família, com hábito herbáceo a subarbustivo, não se destaca na paisagem por esses
atributos vegetativos, uma vez que possuem folhas com dimensões muito reduzidas,
obscurecendo totalmente o característico padrão de nervação. Esses espécimes, pelas folhas
geralmente lineares e apiculadas, adpressas aos ramos delgados e uninérveas, não só encontramse camufladas pela formação graminosa, como podem-se assemelhar a indivíduos de Asteraceae
ou Lythraceae.
Por outro lado, nesses ambientes campestres, as Melastomataceae podem apresentar
características morfológicas que parecem evidenciar adaptações à condições mais adversas
(solos rasos e arenosos e constante insolação), como o hábito arbustivo ou subarbustivo,
cespitoso, ramos e entrenós curtos, delgados e decorticantes, folhas pequenas, espessas, pilosas e
XXXI
adensadas no ápice dos ramos, e flores relativamente grandes, geralmente isoladas, terminais,
vistosas e atrativas, ou pequenas e alvas, podendo liberar leve odor adocicado e comumente
adensadas nas inflorescências.
Por apresentarem flores com um colorido peculiar, variando de alvas a amarelas e roséas à
púrpuras, estas plantas destacam-se na paisagem, contrastando com o tom cinza das rochas
quartizíticas e verde a castanho das formações campestres e florestais. Mesmo na época de
frutificação, podem ser distinguidas pela cor dos frutos, sendo os carnosos de vinosos a
atropurpúreos ou alaranjados e os capsulares de tonalidade paleácea a castanha. De acordo com
MANHÃES (2003) e Pedro Henrique Nobre (com. pess. Universidade Federal de Juiz de Fora),
os frutos carnosos de algumas Melastomataceae, como por exemplo, de Leandra aurea, Miconia
chartacea, M. sellowiana e M. theaezans, são comidos por pássaros e morcegos, atuando
provavelmente como dispersores. Também de acordo com MANHÃES (2003), algumas espécies
de Tibouchina têm suas pétalas comidas por pássaros.
As Melastomataceae estão presentes nas três fitofisionomias campestres evidenciadas no
Parque, não sendo, portanto, exclusivas de nenhuma em particular (figuras 2 e 3). Entretanto,
considerando-se as espécies individualmente, observam-se diferentes padrões de distribuição, em
que algumas ocorrem de modo restrito a uma determinada fitofisionomia, enquanto outras
espécies são encontradas em duas ou nas três formações (Tabela 1).
Tabela 1: Distribuição das espécies de Melastomataceae nas fitofisionomias
campestres do Parque Estadual do Ibitipoca. CR - Campo rupestre
sensu stricto, CA - Campo rupestre arbustivo; Ce - Cerrado de
altitude.
Espécies
Cambessedesia espora
Cambessedesia hilariana
Chaetostoma pungens
Lavoisiera compta
Lavoisiera sp.
Leandra aurea
Ocorrência
CA, Ce
CR, CA
CR, CA, Ce
CR, CA, Ce
CA
CA, Ce
XXXII
Leandra eichleri
Leandra erostrata
Leandra foveolata
Leandra pennipilis
Leandra salicina
Marcetia taxifolia
Miconia chartacea
Miconia corallina
Miconia sellowiana
Miconia theaezans
Miconia sp.
Microlicia fulva
Microlicia isophylla
Siphanthera arenaria
Tibouchina collina
Tibouchina frigidula
Tibouchina heteromalla
Tibouchina hieracioides
Tibouchina martiusiana
Tibouchina semidecandra
Trembleya parviflora
Trembleya phlogiformis
CR
CA, Ce
CA, Ce
CR, CA, Ce
CA
CA
CA, Ce
CA, Ce
CA, Ce
CA, Ce
CA, Ce
CA, Ce
CA, Ce
CR, CA, Ce
CR, CA, Ce
CA, Ce
CR, CA
CA
CA
CR, CA, Ce
CA, Ce
CA
Os campos rupestres sensu stricto (incluindo campos sujos encharcáveis e campos com
cactáceas) possuem fisionomia com aspecto xeromórfico e composta por grande diversidade de
ervas, que se distribuem sobre afloramentos de rochas quartizíticas e solos incipientes, rasos e
arenosos, recebendo alta incidência solar. Porém, algumas áreas, durante o verão, tornam-se
encharcadas com as chuvas. Em poucos locais, nota-se uma concentração de cactáceas, que
também podem ocorrer nos campos rupestres arbustivos, mas de modo bem mais esparso e,
aparentemente, em menor número.
Nessa formação, a paisagem mostra um estrato herbáceo contínuo e um tanto uniforme,
constituído de gramíneas, ciperáceas e plantas subarbustivas e arbustivas. São encontradas nove
espécies de Melastomataceae (Tabela 1), sendo Leandra eichleri a única exclusiva e ocorrendo
em um microambiente restrito, com solos com pouca umidade. Entretanto, devido ao hábito
XXXIII
prostrado, ocorre sob a forração graminosa, estando protegida da alta incidência solar e do vento
constante. Seu reconhecimento no ambiente é facilitado não só pelo tipo de hábito, como pelas
folhas pilosas, com base cordada e margem ciliado-vinosa e flores alvas, com estames róseos.
Tibouchina heteromalla, uma espécie arbustiva comum na área, é encontrada tanto
isoladamente quanto formando pequenas moitas. É reconhecida pelo indumento viloso-seríceo e
alvo-vinoso na face abaxial das folhas, que reflete uma tonalidade geralmente prateada, além das
flores grandes, com hipanto verde-vinoso e pétalas roxas, porém alvas a vinosas na porção basal
ungüiculada, variação esta decorrente da maturação da estrutura.
Cambessedesia hilariana pode ser reconhecida pelo porte muito pequeno, folhas
diminutas, aparentemente fasciculadas, e pétalas bicolores (metade-inferior amarela e metadesuperior vermelha a alaranjada). Seus indivíduos ocorrem também no campo rupestre arbustivo,
principalmente, em trilhas, estando, por essa razão, sujeitos periodicamente ao pisoteio. Tem
sido notada, nos últimos cinco anos, uma acentuada redução de suas populações na área,
provavelmente decorrente do uso mais freqüente das trilhas por um maior número de visitantes
ou também por atividades rotineiras de manutenção das trilhas.
As demais seis espécies são comuns as duas outras fitofisionomias campestres, sendo que a
maioria apresenta flores coloridas e atrativas visualmente, o que destaca os indivíduos na
paisagem.
Chaetostoma pungens e Siphanthera arenaria ocorrem em locais com acúmulo de água ou
próximas a cursos d’água. Enquanto a primeira é um subarbusto cespitoso, formando touceiras,
com ramos decorticantes, com folhas rígidas, côncavas, imbricadas e ápice pungente, flores
róseas, com estames totalmente amarelos e estilete róseo, S. arenaria é facilmente reconhecida
pelo seu hábito herbáceo, porte extremamente pequeno, possuindo ramos e folhas vinosos, com
XXXIV
tricomas glandulares, flores tetrâmeras, róseas, com anteras amarelas e filetes e conectivos
róseos.
Lavoisiera compta é uma espécie subarbustiva, cujos indivíduos eretos e cespitosos
formam pequenas moitas, principalmente em locais com acúmulo de água ou próximas a cursos
d’água. Na época de floração, os indivíduos com flores hexâmeras, pétalas róseas e estames e
gineceu amarelos dão à paisagem um aspecto de um vasto “canteiro de jardim florido”. Além
disso, é o único gênero da família cujas cápsulas maduras abrem-se da base para o ápice,
possibilitando uma identificação imediata no campo.
Leandra pennipilis, Tibouchina collina e Tibouchina semidecandra são espécies arbustivas
encontradas por toda a extensão campestre, principalmente em campo rupestre arbustivo,
ocorrendo desde as áreas em altitudes mais baixas até o ponto mais elevado da área, no Morro da
Lombada. Leandra pennipilis é reconhecida pelas folhas discolores, com a face adaxial verde
brilhante e a abaxial totalmente revestida por indumento de cor alva a creme. Como L. eichleri,
se destaca das demais Melastomataceae nessa formação vegetacional pelas flores pequenas e
alvas reunidas em inflorescências e pelos frutos carnosos. Já Tibouchina collina e T.
semidecandra são identificadas pelas inflorescências paucifloras, flores grandes e muito vistosas,
com pétalas purpúreas, sendo a base ungüículada de alva a vinosa, e estames e gineceu alvos a
lilases. Tibouchina collina apresenta as folhas com a face adaxial bulada e base cordada e
conectivo dos estames ante-pétalos geniculado, enquanto T. semidecandra apresenta folhas com
a face abaxial reticulada e base aguda e conectivo dos estames ante-pétalos não geniculados.
Os campos rupestres arbustivos distribuem-se sobre afloramentos de rochas quartizíticas,
onde arbustos e arvoretas existem em maior quantidade e com portes mais desenvolvidos,
tornando-se fisionomicamente similar ao cerrado de altitude, mas diferenciando-se deste pela
XXXV
ausência de solo, ou este raso e arenoso e com maior espaçamento entre as plantas em geral,
além de haver predominância de espécimes de candeia [Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch.
Bip.].
Nessa formação vegetacional é onde ocorre o maior número (27) de espécies de
Melastomataceae, representando todos os gêneros levantados para a área (Tabela 1), sendo seis
exclusivas - Lavoisiera sp., Leandra salicina, Marcetia taxifolia, Tibouchina hieracioides, T.
martiusiana e Trembleya phlogiformis.
As espécies podem ser reunidas em dois grupos distintos: um constituído por espécimes
subarbustivos e arbustivos e outro pelos espécimes arbóreos (arvoretas), neste caso, representado
apenas pelas espécies de Miconia. No primeiro grupo, destacam-se as espécies de Leandra, pelas
flores alvas e pequenas e frutos carnosos e, as de Trembleya parviflora, com flores alvo-rosadas,
mas com anteras amarelas e vinosas e frutos secos. As demais possuem flores grandes e
coloridas, com pétalas variando de róseas a roxas ou púrpuras.
Dentre as sete espécies restritas, Lavoisiera sp. apresenta os mesmo hábito que L. compta,
se diferindo desta pelo tamanho dos tricomas na margem das lacínias do cálice. Já Trembleya
phlogiformis é uma espécie amplamente distribuídas por toda a região de campo rupestre
arbustivo, pode ser identificada pelos numerosos tricomas glandulares que a tornam pegajosa ao
tato. Segundo informações locais, os ramos desta espécie são fervidos em água para a extração
de uma tinta amarelada, usada para tingir lã destinada à confecção de colchas e tapetes.
Leandra salicina é encontrada apenas às margens de cursos d´água, entre rochas, em áreas
de transição entre o campo rupestre arbustivo e matas ciliares. Mostra-se uma espécie adaptada a
substratos mais úmidos e alagados durante a estação chuvosa, quando pode ser parcialmente
recoberta pelas águas. As folhas discolores, com a face adaxial verde-escura e abaxial alvo-
XXXVI
esverdeada, contrastam nitidamente com o indumento castanho-vinoso e as flores alvas, com
estames róseos.
Marcetia taxifolia também ocorre em regiões mais úmidas, geralmente em locais
sombreados, com solos um pouco mais profundos. O indumento um tanto pegajoso ao tato, as
folhas diminutas e as flores dispostas nos ápices dos ramos, isoladas, axilares, tetrâmeras, com
pétalas alvas e estames amarelos, auxiliam seu reconhecimento no campo.
Tibouchina martiusiana e Tibouchina hieracioides apresentam uma distribuição ocasional
ou rara no Parque, em locais sombreados, com solos mais profundos. A primeira, um arbusto
ramificado, possui folhas verdes e brilhantes, flores grandes e vistosas, com pétalas roxas,
estames e gineceu róseos, sendo muito semelhante a T. frigidula, mas diferenciando-se desta,
principalmente, pelos ramos muito ramificados nas porções apicais e menores dimensões dos
profilos e lacínias do cálice. Tibouchina hieracioides é reconhecida pelo hábito herbáceo de
pequeno porte, com indumento constituído de tricomas longos e nigrescentes e por ser a única
espécie do gênero, que possui estames amarelos. Encontra-se geralmente camuflada pela
formação de gramíneas, o que dificulta sua visualização no campo, mesmo quando em floração.
Além dessas espécies exclusivas, são encontradas 13 espécies que ocorrem tanto nos
campos rupestres arbustivos quanto nos cerrados de altitude. Destas, Cambessedesia espora,
Microlicia fulva e M. isophylla se diferenciam na paisagem pelos ramos muito delgados e folhas
de dimensões muito reduzidas, pois as demais possuem um porte mais robusto, incluindo as
arvoretas, com folhas mais expandidas, podendo-se visualizar o característico padrão de
nervação foliar curvinérveo das Melastomataceae.
Cambessedesia espora ocorre freqüentemente nas vertentes erodidas que margeiam trilhas,
sendo, portanto, muito suscetível às ações antrópicas predatórias. Também tem sido notada uma
diminuição nas populações nos últimos cinco anos e muito provavelmente em decorrência dessa
XXXVII
sua localização na área. Destaca-se na vegetação pelo hábito subarbustivo, ereto, pouco
ramificado, não formando touceiras ou moitas e flores com pétalas totalmente amarelas.
Microlicia fulva e M. isophylla são subarbustos típicos de campos rupestres, que formam
touceiras, possuindo flores com pétalas róseas, estames amarelos e conectivos róseos. Ocorrem
geralmente em locais úmidos, com acúmulo de água ou próximos a cursos d’água.
Essas três espécies, juntamente com as Tibouchina e Trembleya parviflora são as que
possuem frutos secos. Tibouchina heteromalla apresenta as características citadas anteriormente,
enquanto T. frigidula é representada por arbustos pouco ramificados, ocorrendo próxima a
trilhas, em solos mais profundos. Pode ser reconhecida na vegetação pelas folhas verdes e
brilhantes, com disposição geralmente ternada, às vezes também oposta, e flores com pétalas
róseas.
Trembleya parviflora, é representada por arbustos com pétalas alvas e estames amarelos e
róseos, é uma espécie muito comum, principalmente no cerrado de altitude, formando em
determinadas áreas um “corredor de Trembleya”. Possivelmente, neste caso, tratam-se de clones
naturais, originados a partir de propagação vegetativa. Semelhante característica para esta
espécie foi observada por J.F.A. Baumgratz (com. pess.) na região serrana de Macaé de Cima, no
estado do Rio de Janeiro, em floresta pluvial montana.
As espécies de Leandra e Miconia são as únicas que possuem frutos carnosos, estando as
do primeiro gênero representadas por arbustos e as do segundo por arvoretas, neste caso, com um
fuste bem definido e delgado.
Leandra aurea, L. erostrata e L. foveolata são espécies típicas de locais sombreados, com
solos mais profundos, possuindo flores com pétalas alvas e estames róseos e/ou alvos e frutos
atropurpúreos. Leandra erostrata, com folhas verde-paleáceas, coriáceas e de base cordada, é um
arbusto de menor porte e menos freqüente do que as outras duas, estando muitas vezes encoberto
XXXVIII
pela vegetação graminosa. Devido à grande plasticidade fenotípica, principalmente de L. aurea,
que ocorre também nas áreas mais abertas e ensolaradas, esta espécie e L. foveolata mostram-se
muito próximas e, às vezes, de difícil distinção, principalmente no campo. Além de possuírem o
mesmo porte, têm parte do indumento e características das superfícies foliares muito
semelhantes. Entretanto, L. aurea distingue-se pelo indumento viloso-hirtelo na face abaxial da
lâmina foliar, enquanto em L. foveolata é do tipo setoso-setuloso. Ambas encontram-se
distribuídas de modo disperso, com os indivíduos isolados uns dos outros, não formando moitas.
Em relação às espécies de Miconia, dois grupos podem ser distinguidos pela cor das
folhas: um representado pelas espécies com folhas discolores (M. chartacea, M. corallina e
Miconia sp.) e o outro, por folhas concolores ou subconcolores (M. sellowiana e M. theaezans).
No primeiro grupo, a face adaxial da lâmina foliar pode ser verde e/ou castanha e a abaxial
variando de pardacenta a castanha em M. chartacea, alvo-amarelada a pardacenta, com nervuras
castanhas a ferrugíneas, em M. corallina, e verde-clara a pardacenta em Miconia sp. As duas
primeiras espécies ainda se destacam na paisagem pelos ramos com indumento de castanho a
ferrugíneo, cujas tonalidades tornam-se muito mais acentuadas com a incidência da radiação
solar. Além disso, M. chartacea e Miconia sp. podem ser reconhecidas pelos frutos maduros
atropurpúreos, enquanto em M. corallina estes são alaranjados. Para esta espécie, soma-se a
esses atributos, as folhas com base cordada, inflorescências com ramos espiciformes e flores
tetrâmeras que exalam um leve odor adocicado, sendo freqüentemente visitadas por coleópteros.
Para M. chartacea, destacam-se também as folhas com base agudo-atenuada, as nervuras
acródromas suprabasais e as inflorescências de glomérulos. Pode-se observar que estas duas
espécies ocorrem também em formações florestais do Parque e, neste caso, possuindo maior
porte e maiores dimensões das folhas.
XXXIX
Miconia sp. é comum, principalmente, em locais de transição entre o cerrado de altitude e a
mata de neblina, mas também foram observados alguns indivíduos em uma determinada região
de campo rupestre arbustivo, neste caso, com portes bem menores e aspecto arbustivo, porém
com fuste definido e delgado. É uma espécie facilmente reconhecida por suas folhas discolores
buladas, inflorescências de glomérulos e número variado de lacínias do cálice e estames.
Miconia sellowiana e M. theaezans, embora sejam espécies freqüentes nas matas de
neblina, são encontradas também nos ambientes campestres. As folhas com margem serreada e
domácias marsupiformes na face abaxial, as anteras com um poro amplo e inclinado
ventralmente e os frutos jovens amarelos, passando a atropurpúreos quando maduros, destacam
M. sellowiana na vegetação. Por sua vez, M. theaezans apresenta uma coloração vinosa nos
ramos jovens, pecíolos e nervuras na face abaxial das folhas, estas com margem serrada para o
ápice, e anteras com quatro poros. Quando em floração, foi observada a visitação por espécies de
Diptera e Vespoidea para coleta de pólen.
O cerrado de altitude corresponde a uma vegetação de transição entre os cerrados mineiros
e os campos rupestres, ocorrendo nos níveis superiores das serras, geralmente acima de 900m de
altitude, estando entremeado com formações de campos rupestres. No cerrado de altitude são
encontradas plantas morfologicamente muito semelhantes às do cerrado mineiro, contendo
gêneros e espécies tanto de cerrado quanto de campo rupestre, além de endemismos específicos à
flora de campos rupestres mesclados a espécies de cerrado. Os solos são mais profundos, com
maior acúmulo de nutrientes e mais úmidos, proporcionando a ocorrência de arbustos com maior
porte e, conseqüentemente, garantindo sombreamento ao estrato subarbustivo e graminoso. Esta
fitofisionomia se destaca pela coloração avermelhada do solo em contraste ao solo alvo-arenoso
ou rochoso do campo rupestre.
XL
Todas as 13 espécies de Melastomataceae ocorrentes nesta formação campestre também
ocorrem nos campos rupestres arbustivos, sendo seis também encontradas nos campos rupestres
senso stricto (Tabela 1). De modo geral, essas espécies se apresentam com o mesmo tipo de
hábito, porém com portes mais desenvolvidos e são encontradas geralmente em condições
ambientais semelhantes aos descritos anteriormente, sejam áreas mais abertas e ensolaradas ou
um pouco mais sombreadas, e na composição do estrato arbustivo-arbóreo, como Leandra aurea,
L. foveolata, L. pennipilis, Tibouchina semidecandra, T. collina e Trembleya parviflora e as
espécies de Miconia.
Nessa formação campestre, essas espécies de Miconia podem formar pequenos
agrupamentos de indivíduos ou ocorrerem de modo esparso, às vezes bem isolados, sendo mais
comumente encontradas em locais de transição entre o cerrado de altitude e a mata de neblina.
Miconia sp., quando ocorre de modo mais isolado na vegetação aberta, apresenta não só um
porte menor, como uma copa mais arredondada, com o sistema de ramificação adensando-se na
extremidade do fuste, dando um aspecto de um “buquê folhoso”.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que as espécies de Melastomataceae podem
apresentar padrões de distribuição em relação às próprias fitofisionomias campestres do Parque,
com algumas ocorrendo de modo muito restrito à determinada formação vegetacional, conforme
já destacado anteriormente. O Gráfico 1 sintetiza o percentual de espécies para os cinco padrões
encontrados na área: (a) Espécies exclusivas de campo rupestre sensu stricto; (b) Espécies
exclusivas de campo rupestre arbustivo; (c) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e
campo rupestre arbustivo; (d) Espécies comuns ao campo rupestre arbustivo e cerrado de
altitude; (e) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e
cerrado de altitude;
XLI
Gráfico 1:
Porcentagem de ocorrência de Melastomataceae por padrão de distribuição em relação as
fitofidionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca
4%
21%
47%
21%
7%
CR
CA
CR/CA/Ce
CR/CA
CA/Ce
Apenas Leandra eichleri se encontra no padrão Espécies exclusivas de campo rupestre
sensu stricto, correspondendo a 4% do total de espécies de Melastomataceae na área.
No padrão Espécies exclusivas de campo rupestre arbustivo são encontradas seis
espécies, correspondendo a 21% do total - Lavoisiera sp, Leandra salicina, Marcetia taxifolia,
T. martiusiana, T. hieracioides e Trembleya phlogiformis.
Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e cerrado
de altitude somam 21% do total, estando representado por Chaetostoma pungens, Lavoisiera
compta, Leandra pennipilis, Siphanthera arenaria, Tibouchina collina e Tibouchina
semidecandra.
Somente Cambessedesia hilariana e Tibouchina heteromalla enquadram-se no padrão
Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e campo rupestre arbustivo, totalizando
7%. Nessas duas formações pode-se observar semelhanças ecológicas, principalmente em
XLII
relação ao solo arenoso, raso e pobre nutricionalmente, além de áreas de afloramentos rochosos.
Entretanto, o campo rupestre arbustivo pode possuir, em certas áreas, solos mais profundos e
com maior acúmulo de serrapilheira, o que possibilita uma vegetação com indivíduos de maior
porte, e conseqüentemente, sombreamento para o estrato subarbustivo e herbáceo. Nos campos
rupestres arbustivos, estas duas espécies ocorrem em locais abertos, estando expostas a uma
maior insolação, o que torna seus espécimes semelhantes àqueles encontrados nos campo
rupestres sensu stricto.
A maioria das espécies de Melastomataceae estudadas (47%) integra o padrão Espécies
comuns ao campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude (Cambessedesia espora, Leandra
aurea, L. erostrata, L. foveolata, Miconia chartacea, M. corallina, M. sellowiana, M. theaezans,
Miconia sp. nova, Microlicia fulva, M. isophylla, Tibouchina frigidula e Trembleya parviflora).
Este padrão de distribuição pode ser atribuído não só às semelhanças fisionômicas destas
fitofisionomias em relação ao acúmulo de nutriente nos solos e sombreamento do estrato
subarbustivo, como a própria adaptação das espécies às variações ambientais, não exigindo
condições ecológicas extremamente específicas, principalmente as edáficas, pois os cerrados de
altitude possuem solos mais ricos em nutrientes e com maior profundidade.
XLIII
Figura 2: Mapa de vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca. Fonte: ARAÚJO 2003.
XLIV
XLV
aa
a
a
b
c
Figura 3: Fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca: a- Campo Rupestre sensu stricto; bCerrado de Altitude; c- Campo Rupestre Arbustivo.
XLVI
IV.2- Tratamento Taxonômico
IV.2.1- Melastomataceae Juss.
Árvores, arbustos, subarbustos ou ervas. Indumento variado constituído de tricomas
simples e/ou ramificados, glandulares ou não, às vezes ausentes. Folhas simples, decussadas,
raramente verticiladas, desprovidas de estípulas, sésseis ou pecioladas, com nervuras acródromas
de desenvolvimento perfeito ou imperfeito, basais ou suprabasais, unidas por nervuras
secundárias transversais e subparalelas entre si, ou pararelódromas. Inflorescências ou flores
solitárias, terminais ou axilares. Brácteas e profilos presentes ou ausentes. Flores 4-6-meras, com
cores e tamanhos variados, diclamídeas, gamossépalas, dialipétalas, diplostêmones, às vezes
polistêmones, perígenas a epígenas; hipanto campanulado ou tubuloso; zona do disco glabro a
pilosa, cálice persistente ou caduco, lacínias uni ou bilobadas; pétalas de ápice agudo a
arredondado; estames iguais a desiguais em tamanho e/ou forma, anteras poricidas, conectivo
prolongado ou não abaixo das tecas, com apêndices variados na forma e tamanho ou
inapendiculado; ovário livre no interior do hipanto ou parcialmente concrescido a este, dois ou
mais lóculos, poucos a numerosos óvulos, placentação axilar. Frutos capsulares, ou bacáceos de
subtipos variados, sementes cocleares, obpiramidais, ovadas ou oblongas.
XLVII
IV.2.2- Chave de identificação das espécies de Melastomataceae do P. E. do Ibitipoca
1. Arvoretas (1-4,5 m alt.).
2. Lâmina foliar verde, concolor ou subconcolor, com domácias marsupiformes na face
abaxial, axilar-primárias, com membrana unindo as nervuras acródromas ou esta ausente,
bacáceos polispérmicos.
3. Ramos furfuráceo-estrelados, lâmina foliar com 5 nervuras acródromas; cálice
circuncisamente caduco; anteras uniporadas, poro ventral amplo, oblíquo; conectivo
inapendiculado ................................................................................ Miconia sellowiana
3. Ramos glanduloso-pontuados; lâmina foliar com 3 nervuras acródromas; cálice
persistente, anteras 4-poradas, poros terminais; conectivo com apêndice dorsal
calcarado
...........................................................................................
Miconia
theaezans
2. Lâmina foliar discolor, face adaxial verde ou castanha, face abaxial verde-pardacenta,
alvo-amarelada,
pardacenta
ou
castanha,
desprovida
de
domácias,
bacáceos
oligospérmicos.
4. Lâmina foliar com a face adaxial bulada, face adaxial com indumento revestindo
parcialmente a superfície epidérmica, tricomas caducos; flores com 4-6 lacínias do
cálice, 12-19 estames .................................................................................. Miconia
sp.
4. Lâmina foliar com a face adaxial plana, face abaxial com indumento revestindo
totalmente a superfície epidérmica, tricomas persistentes; flores com 4- ou 5- lacínias
do cálice, 8 ou 10 estames.
5. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescência e
hipanto lepidoto-estrelado; lâmina foliar com base agudo-cuneada e nervuras
XLVIII
acródromas suprabasais; tirsóides de glomérulos; flores sésseis; sementes com
superfície levemente sulcada .................................................... Miconia chartacea
5. Indumento dos ramos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescência e hipanto
viloso-estrelado; lâmina foliar com base arredondada a cordada, nervuras
acródromas basais; panículas com ramos espiciformes; flores pediceladas;
sementes com superfície lisa ...................................................... Miconia corallina
1. Ervas, subarbustos ou arbustos (0,17-2,5 m alt.).
6. Lacínias do cálice bilobadas; estames com conectivos providos de apêndices dorsais ou
inapendiculados; frutos carnosos.
7. Indumento dos ramos, folhas, inflorescências e hipanto com tricomas simples,
nunca ramificados (dendríticos, estrelados ou papilosos) .............. Leandra salicina
7. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências e
hipanto com tricomas simples e/ou ramificados (dendríticos, estrelados ou
papilosos).
8. Indumento apenas dendrítico-tomentoso, não furfuráceo-estrelado, hirtelo,
hirsuto ou viloso, nem tricomas papilosos ............................... Lendra
pennipilis
8. Indumento furfuráceo-estrelado e/ou hirtelo, hirsuto ou viloso ou também com
tricomas papilosos.
9. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências,
hipanto e cálice furfuráceo-estrelado e constituído de tricomas papilosos.
10. Subarbustos suberetos, rastejantes; cimóides 3,5-4,5 cm compr.; flores
sésseis; pétalas reflexas, ápice assimétrico, unilateralmente unilobado
.......................................................................................... Lendra eichleri
XLIX
10. Arbustos eretos; tirsóides 7,5-9 cm compr.; flores pediceladas; pétalas
eretas, ápice assimétrico, não lobado .......................... Leandra erostrata
9. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências,
hipanto e cálice furfuráceo-estrelado e constituído de tricomas simples, não
papilosos.
11. Face abaxial da lâmina foliar também viloso-hirtela ....... Leandra aurea
11. Face abaxial da lâmina foliar também setoso-setulosa ..............................
..................................................................................... Leandra foveolata
6 Lacínias do cálice unilobadas; estames com conectivos providos de apêndices ventrais;
frutos secos.
12. Flores solitárias.
13. Flores 6-meras, sésseis; ovário 6-locular; frutos do tipo ruptídio.
14. Lacínias do cálice 4-5mm compr., com margem setuloso-ciliolada, tricomas
até ca. 0,3mm compr. ....................................................... Lavoisiera compta
14. Lacínias do cálice 5-7mm compr., com margem setoso-ciliada, tricomas 23mm compr. ............................................................................. Lavoisiera sp.
13. Flores 4- ou 5-meras, pediceladas; ovário 3- ou 4-locular; frutos do tipo cápsula
loculicida.
15. Indumento nos ramos, folhas e hipanto hirtelo-glanduloso; profilos
presentes; flores 4-meras; pétalas alvas; conectivo não prolongado,
espessado dorso-basalmente; ........................................... Marcetia taxifolia
15. Indumento ausente, glanduloso-granuloso, glanduloso-pontuado
e/ou
pubescente-glanduloso; profilos ausentes; flores 5-meras; pétalas róseas ou
purpúreas; conectivo prolongado abaixo das teças.
L
16. Ramos pubescente-glandulosos nos nós, hipanto esparsamente pilosoglanduloso, face abaxial das folhas glabra; folhas com 5-7 nervuras
paralelódromas; cálice piloso-glanduloso formando uma coroa de
tricomas abaixo das lacínias; anteras amarelas .... Chaetostoma pungens
16. Ramos e hipanto glanduloso-granuloso, face abaxial das folhas
glanduloso-pontuada; folhas com 3 nervuras acródromas; cálice
desprovido de coroa de tricomas; anteras amarelas nos estames antesépalos e vinosas nos antepétalos.
17. Planta não cespitosa; indumento, além de moderado a esparsamnete
pubescente, glanduloso-granuloso nos ramos e hipanto e glandulosopontuado nas folhas; folhas 3-4mm de larg., 3 nervuras acródromas;
pétalas 8-9 x 5-6mm; ................................................ Microlicia
fulva
17. Planta cespitosa; indumento somente glanduloso-granuloso nos
ramos e hipanto e glanduloso-pontuado nas folhas; folhas 1-2mm
larg., 1 nervura acródroma; pétalas 5-7 x 4-3mm; ...............................
.............................................................................
Microlicia
isophylla
12. Flores reunidas em inflorescências.
18. Indumento densamente viloso-ferugíneo nas porções prostradas e esparsamente
piloso-glanduloso nas porções eretas; flores 4-meras; ovário 2-locular; sementes
oblongo-obovadas,
testa
costado-reticulada
.........................
Siphanthera
arenaria
LI
18. Indumento de outros tipos; flores 5-meras; ovário 3- ou 5-locular; sementes
obtriangulares, cocleares ou oblongas, testa granulosa ou alveolada.
19. Folhas com nervuras acródromas de desenvolvimento imperfeito; brácteas
ausentes; pétalas amarelas ou amarelas e vermelhas; conectivo com apêndice
dorsal; ovário 3-locular; sementes obtriangulares.
20. Folhas verdes concolores, base truncada a cordada, margem esparsamente
ciliado-glandulosa; lacínias do cálice com margem ciliado-glandulosa;
pétalas totalmente amarelas .................................... Cambessedesia espora
20. Folhas discolores, face adaxial verde, face abaxial vinosa, base agudoatenuada a arredondada, margem não ciliada; lacínias do cálice com
margem não ciliada; pétalas ½ inferior amarelo e ½ superior vermelho
............................................................................. Cambessedesia hilariana
19. Folhas com nervuras acródromas de desenvolvimento perfeito; brácteas
presentes; pétalas róseas, alvas ou roxas; conectivo com apêndice ventral;
ovário 5-locular; sementes cocleares ou oblongas, neste caso, curvas no ápice.
21. Indumento dos ramos e hipanto setuloso-glanduloso ou pubescenteglanduloso e glanduloso-pontuado, nunca hirsuto; pétalas alvas, às vezes
alvo-rosadas; cálice sempre persistente; anteras com ápice levemente
estreitado formando um tubo terminal; apêndice do conectivo dos estames
antessépalos espatulados; ovário livre no interior do hipanto; sementes
oblongas testa alveolada.
22. Indumento dos ramos, inflorescência e hipanto pubescente-glanduloso
e glanduloso-pontuado; folhas com pecíolo igual ou maior que 0,7cm
compr., lâmina discolor, face adaxial verde, face abaxial canescente,
LII
densamente revestida de tricomas glanduloso-papiliformes, margem
inteira;
3
nervuras
acródromas
basais;
cápsula
loculicida
............................................................................. Trembleya parviflora
22. Indumento dos ramos, inflorescência e hipanto moderadamente
setuloso-glanduloso; folhas sésseis ou peciolos até ca. 0,1cm compr.,
lâmina verde concolor, face abaxial setuloso-glandulosa, margem
serrulada para o ápice e inteira para base; 5 nervuras acródromas
suprabasais; ruptídios ..................................... Trembleya phogiformis
21. Indumento dos ramos e hipanto estriguloso, híspido, hirsuto, seríceo e/ou
glanduloso, se pubescente-glanduloso, também hirsuto-glanduloso; pétalas
roxas, às vezes róseo-arroxeadas; cálice geralmente caduco, raro
persistente; anteras com ápice subulado, não-abrubto-estreitado; apêndice
do conectivo dos estames antessépalos bilobulado, bilobado, biauriculado,
ou biligulado; ovário parcialmente adnato ao hipanto; sementes cocleares,
testa granulosa.
23. Ervas; brácteas e/ou profilos rosulados na base dos agrupamentos
florais; cálice persistente; filetes glabros, anteras amarelas ...................
........................................................................ Tibouchina hieracioides
23. Arbustos ou subarbustos; brácteas e profilos involucrais; cálice
cacuco; filetes piloso-glandulosos, anteras lilases e roxas.
24. Indumento da face adaxial da lâmina foliar seríceo a hispídulosetuloso e da face abaxial viloso-seríceo e hispídulo-seríceo ao
longo das nervuras acródromas; apêndice do conectivo dos
LIII
estames antessépalos com tricomas setuloso-glandulosos; estilete
densamente setuloso; ruptídios ................ Tibouchina heteromalla
24. Indumento da face adaxial da lâmina foliar estriguloso, seríceo
e/ou hirsuto e da face abaxial nunca hispídulo ou viloso; apêndice
do conectivo dos estames antessépalos glabro; estilete glabro ou
esparsamente pubescente-glanduloso; velatídios.
25. Folhas sésseis, ou pecíolo até ca. 0,2mm, ternadas e opostas,
face adaxial glabra; filetes com tricoma glandulos na base, face
adaxial.
26. Ramos simples, raramente ramificados nas porções apicais;
profilos 10-12 x 7-8mm; lacínias do cálice 8-16 x 7-10mm
............................................................
Tibouchina
frigidula
26. Ramos muito ramificados nas porções apicais; profilos 5-6
x 4-5mm; lacínias do cálice 5-6 x 3-4mm ............................
.....................................................
Tibouchina
martiusiana
25. Folhas com pecíolo 2-8mm, opostas; face adaxial estrigosa, ou
estrigulosa; filetes com tricomas glandulosos em ambas as
faces.
27. Indumento dos ramos estriguloso-seríceo; face abaxial da
lâmina
foliar
reticulado-foveolada
quando
jovem,
pontuado-escavada quando adulta; lacínias do cálice 13-
LIV
15mm, pétalas 23-25 x 28-30mm; conectivo dos estames
ante-pétalos não geniculado; estilete 23-25mm ....................
.................................................. Tibouchina semidecandra
27. Indumento
dos
ramos
hirsuto-
e
pubescente-
glanduloso; face abaxial da lâmina foliar com depressões,
não reticulada; lacínias do cálice 4-5mm compr.; pétalas
15-17 x 16-18mm; conectivo dos estames ante-pétalos
geniculado; estilete ca. 6-7mm compr. .................................
............................................................... Tibouchina collina
VI.2.3-Cambessedesia DC., Prodrr. 3: 112. 1828.
Subarbustos. Indumento setuloso-glanduloso, ás vezes ausente ou também pubescenteglanduloso, estes geralmente entre as lacíneas e caducos. Ramos subcilíndricos, decorticantes
nas porções basais, comoso-pubescentes nos entrenós, nodosos e áfilos para base. Folhas
decussadas, aparentemente dispostas em pseudo-fascículos pela presença de ramos axilares
reduzidos, sésseis a subsésseis, cartáceas, margem esparsamente denteada, face adaxial glabra; 3nervuras acródromas basais, de desenvolvimento imperfeito, insconspícuas em ambas as faces.
Inflorescências terminais; brácteas ausentes, profilos presentes. Flores 5-meras, pediceladas;
hipanto 10-estriado; zona do disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias reflexas
ou eretas, unilobadas, triangulares; pétalas amarelas ou ½-inferior amarelo, ½-superior vermelho;
oblongas a elípticas; 10 estames, amarelos, filetes pubescente-glandulosos na base, anteras
curvas, poro terminal-ventral, conectivos espessados, apêndice dorsal calcarado; ovário livre no
interior do hipanto, 3-locular, pubescente-glanduloso no ápice, estilete pubescente-glanduloso na
base, estigma punctiforme. Velatídios ou cápsulas loculicidas, polispérmicos; sementes
obtriangulares, testa granulosa.
LV
Ambas as espécies integram a seção Cambessedesia por serem subarbustivas, com
indumento desprovido de tricomas estrelados e ovário com três lóculos (MARTINS 1984).
Cambessedesia espora ssp. ilicifolia (Schrank et Mart. ex DC.) A.B. Martins, Rev.
Tax. Gên. Cambes., p. 51-52, fig. 14. 1984.
Figs.: 4- a; 5-a-h.
Subarbustos 15-60cm, eretos. Indumento nos ramos, na face abaxial das folhas,
inflorescências, pedicelos, hipanto e cálice esparsamente setuloso-glanduloso. Ramos com
entrenós 0,3-0,8mm. Folhas sésseis a ca. 0,3mm pecioladas; lâmina 3-4 x 1-2mm, verde
concolor, ovada a ovado-cordada, base truncada a cordada, ápice acuminado, margem denteada,
esparsamente ciliado-glandulosa. Tirsóides de cimas 2-3-flores ou mônades, 2-5cm; profilos ca.
2 x 1mm, foliáceos. Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 4-5 x 3-4mm, tubuloso; lacínias do
cálice ca. 1 x 0,7mm, ápice acuminado, margem ciliado-glandulosa; pétalas ca. 6 x 3mm,
amarelas, ápice acuminado; estames subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes ca. 3mm,
anteras 4-3mm, conectivo prolongado 3-4mm, calcar dorsal ca. 0,5mm; ovário ca. 2 x 2mm,
estilete 7-8mm. Velatídios, 3-4 x 3-4mm, levemente urceolados; sementes ca. 0,5 x 0,3mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, campo, U. Confúcio s.n.
30.IX.1970, fl., fr., (CESJ 9419); no caminho para a Gruta do Monjolinho, S. M. S. Verardo
CESJ 25377, 12.IX.1991, fl., fr., (CESJ); próxima a estrada para o Centro de Informações, B.
Chiavegatto et al. 10, 01.XII.2001, fl., fr., (CESJ);
LVI
Cambessedesia espora é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados
de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, em ambientes preferenciais de campos
rupestres e cerrados.
No Parque, é encontrada em barrancos e em locais erodidos ao longo de trilhas, associada a
solos arenosos, expostas ao sol, às vezes com presença de musgos. Exemplares com flores e
frutos foram coletados nos meses de setembro a dezembro.
As folhas decussadas, aparentemente dispostas em pseudo-fascículos pela presença de
ramos axilares reduzidos e as pétalas amarelas representam características diagnósticas para esta
espécie. No fruto capsular do tipo velatídeo, o hipanto se mantém íntegro mesmo após a
liberação das sementes.
Sinônimos e ilustrações são encontrados em MARTINS (1984).
Cambessedesia hilariana (Kunth.) DC., Prodr. 3: 111. 1828.
Rhexia hilariana A. St.-Hil.& Bonpl. in Bonpl., Rhex. 2, p. 147. 1823.
Figs: 4- b-b’; 5- i-n.
Subarbustos 6-40cm, eretos a semi-prostrados. Indumento nos ramos, face abaxial das
folhas, inflorescência, pedicelo, hipanto e cálice, muito esparsamente setuloso-glandular, às
vezes ausente. Ramos subcilíndricos a tetragonais, costados a sub-alados; nós comosoglandulosos. Folhas sésseis a 1mm pecioladas; lâmina 3-18 x 1-6mm, discolor, face adaxial
verde, abaxial vinosa, ovada, elíptica a lanceolada, base agudo-atenuada a arredondada, ápice
agudo, margem denteada, não ciliada, revoluta. Dicásios simples ou compostos, de cimas 2-3flores 3-12cm, ou flores solitárias; profilos ca. 3 x 2mm, ovados, ápice agudo, margem denteada.
Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 5-8 x 3-4mm, campanulado; lacínias do cálice ca. 1 x
1mm, ápice agudo, margem inteira a denteada, não ciliada; pétalas 6-7 x 3-4mm, bicolores ½inferior amarelo e ½-superior vermelho a alaranjado, ápice agudo; estames de dois tamanhos,
LVII
dimórficos, menores antepétalos, filetes 6-7mm, anteras 4-6mm, maiores antessépalos, filetes 67mm, anteras 6-8mm, ambos com anteras lobadas na base, conectivo prolongado ca. 3-4mm;
ovário ca. 3 x 2mm, estilete 10-15mm. Cápsulas loculicidas, 5-8 x 3-4mm, hipanto
membranáceo subtranslúcido, sementes ca. 0,5 x 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8567); J. A. Silva s.n., 12.V.1987, fr., (CESJ 14944); sobre a Ponte
de Pedra, M. Eiterer 30, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); próxima ao aceiro do Parque, F. S. Araújo et
al. 20, 09.II.2001, fl., (CESJ, RB); subida para o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 13, 01.XII.2001,
fl., fr., (CESJ); ao lado das Casas de Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 45, 03.II.2002, fl., fr.,
(CESJ); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al 49, 23.III.2002, fl., (CESJ); próxima
ao camping, B. Chiavegatto et al. 59, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha Ponte de Pedra – Cachoeira
dos Macacos, R. C. Forzza et al. 3307, 31.III.2004, fl., fr., (RB);
Cambessedesia hilariana é amplamente distribuída pelo neotrópico, ocorrendo no Distrito
Federal e nos estados de Goiás, Piauí, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná,
principalmente nos ambientes de campo rupestre e cerrado, além da Bolívia.
No Parque é encontrada sobre solos arenosos, com alta incidência solar, principalmente, ao
longo de trilhas, estando totalmente exposta ao pisoteio e atividades de rocio. Vem sendo
observada uma redução de populações desde 2000, provavelmente em conseqüência dessas
ações antrópicas, mesmo que involuntárias. Exemplares com flores e frutos foram coletados nos
meses de dezembro a maio.
Como observado na espécie anterior, as folhas opostas aparentam ser fasciculadas, devido
a presença de ramos reduzidos axilares. A característica mais diagnóstica nesta espécie são as
LVIII
pétalas ½-superior vermelho a alaranjado e ½-inferior amarelo, que a torna de fácil determinação
no campo.
Pode-se observar também, nos estames que o conectivo se prolonga além dos lobos livres
das tecas.
MARTINS
(1984)
reconhece quatro agrupamentos para C. hilariana, espécie
comprovadamente polimórfica. Alguns caracteres entendidos outrora, como diagnósticos, são
muito variáveis e de limites frágeis, impossibilitando a delimitação de táxons infraespecíficos.
Sinônimos e ilustrações são encontrados em MARTINS (1984).
IV.2.4- Chaetostoma DC., Prodr. 3:112. 1828.
Chaetostoma pungens DC., Prodr. 3: 112. 1828.
Figs.: 4- c; 5- o-w.
Subarbustos 20-40cm, eretos, cespitosos. Ramos corimbosos, cilíndricos, decorticantes,
áfilos e nodosos para base; gemas vegetativas denticuladas, intra-peciolares persistentes ou
tardiamente caducas; entrenós 0,2-0,3mm, canaliculados, esparsamente pubescente-glandulosos
nas regiões intrapeciolares, glabro no restante. Folhas sésseis, 4-6 x 2-3cm, semi-amplexicaules,
côncavas, imbricadas, coriáceas, triangulares a triangular-lanceoladas, ápice agudo a acuminado,
pungente, margem serrulado-ciliada desde a base até 2/3-superiores, face adaxial com diminutos
e esparsos tricomas glandulares nas nervuras, face abaxial com nervura central calosa para o
ápice, glabra; 5-7 nervuras paralelódromas basais. Brácteas e profilos ausentes. Flores solitárias,
5-meras; pedicelo 1-1,5mm; hipanto 2-3 x 1-1mm, vinoso, campanulado, esparsamente pilosoglanduloso, levemente estriado; zona do disco glabra; cálice vinoso, tubo 0,3-0,5mm,
LIX
esparsamente piloso-glanduloso, formando uma coroa de tricomas, lacínias ca. 3 x 1mm, eretas,
persistentes, triangulares, ápice acuminado, pungente, margem serrulado-ciliolada, face adaxial
esparsamente pubescente-glandulosa, abaxial glabra; pétalas 8-10 x 4-5mm, róseas, obovadas,
ápice arredondado-acuminado, apiculado ou não, assimétrico; 10 estames, amarelos,
subisomórficos, desiguais em tamanho, maiores antessépalos, filetes 6-7mm, anteras 3-4mm,
menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-3mm, ambos com anteras linear-subuladas, rostro
ca. 0,3mm, poro ventral, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndices ventrais lobados ou
truncados, assemelhando-se a uma bainha; ovário 2-3 x 1-2mm, livre no interior do hipanto, 3-4
locular, glabro; estilete 5-6mm, róseo, glabro; estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 4-5 x 45mm, campanuladas, polispérmicas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm, oblongas, com porção distal
encurvada para baixo, testa foveolada.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, sobre arenito, L. Krieger
s.n., 15.V.1970, fl., (CESJ 8559); Morro da Lombada, L. G. Rodela Q3-60, 11.II.1996, fl.,
(CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 02, 03.XI.2000., fl., (CESJ);trilha para a
Lombada, R. C. Forzza et al. 1772, 08.II.2001, fl., (CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et
al. 60, 24.III.2001, fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 130, 22,VI.2001, fl., (CESJ); solo úmido, M.
A. Heluey et al. 150, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 14,
01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na Prainha, B. Chiavegatto et al. 29, 02.II.2002, fl., (CESJ); atrás da
Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 53, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); subida para o Pico
do Pião, R. C. Forzza et al. 3098, 10.III.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 97,
16.VI.2004, fl., fr., (RB);
LX
Chaetostoma pungens é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Minas
Gerais, São Paulo e Paraná, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude, campo limpo e
cerrado, com preferência por solos rasos, pobres, arenosos e úmidos, em afloramentos rochosos.
No Parque ocorre em áreas de solos rasos, úmidos, arenosos, com alta incidência solar.
Espécie arbustiva que forma touceiras, apresentando folhas imbricadas. Chaetostoma pungens é
a única espécie do gênero que ocorre na área de estudo. Exemplares com flores e frutos foram
coletados nos meses de novembro a junho.
O mesmo tipo de tricoma glandular encontrado nos nós, é observado circundando o
pedicelo. A quantidade de tricomas na região do tubo do cálice (coroa) pode variar em
quantidade em um mesmo indivíduo, estando às vezes presente somente logo abaixo das lacínias.
De acordo com ROMERO (2000), o padrão de nervação de C. pungens pode ser
considerado paralelódromo, onde as nervuras estão dispostas de modo paralelo entre si.
No fruto há rompimento do hipanto, mas não para a liberação das sementes. De acordo
com BAUMGRATZ (1985), os frutos de espécies de Chaetostoma são do tipo velatídio, em que
o ovário maduro fica protegido pelo hipanto. Já KOSCHNITZKE (1997) observou que os frutos
de Chaetostoma são cápsulas loculicidas.
De acordo KOSCHNITZKE (1997), os espécimes de C. pungens observados possuem
folhas subsésseis, porém nos espécimes ocorrentes no Parque as folhas são totalmente sésseis.
Embora assinalado pela autora, não se observa, para os espécimes da área, que os entrenós estão
revestidos por expansões semi-amplexicaules, conforme definido por MARTINS (1989) para o
gênero Marcetia. O que se nota é que após a queda das folhas, em virtude do processo de
senescência caulinar, os entrenós apresentam um aspecto de dessecamento, com os sulcos
medianos tornando-se mais profundos e as faces laterais salientes principalmente para o ápice,
assemelhando-se a duas membranas semi-amplexicaules.
LXI
a’
KOSCHNITZKE (1997) assinala ainda que, os espécimes de C. pungens ocorrentes no
Pico das Almas possuem tricomas na face adaxial das folhas e lacínias, o mesmo pode ser
observado nos espécimes ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca.
b’
b
LXII
Figura 4: a- Cambessedesia espora ssp ilicifolia; b-b’- Cambessedesia hilariana e detalhe da flor; cChaetostoma pungens.
a
c
LXIII
c
j
b
e’
i
d
e
k
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f
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l
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r
u
p
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s
t
v
w
Figura 5: Cambessedesia espora ssp. ilicifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- estame
antessépalo; e-e’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; f- estilete e secção longitudinal do ovário; gcápsula loculicida; h- sementes (B.Chiavegatto et al. 10). Cambessedesia hilariana: i- ramo florífero; j- folha: face
abaxial; k- flor; l- hipanto e cálice; m-m’- estame antessépalo e detalhe do respectivo poro; n-n’- estame ante-pétalo
e detalhe do respectivo poro; (B.Chiavegatto et al. 59). Chaetostoma pungens: o- ramo florífero; p- folha: face
abaxial com entre-nó; q- flor; r- hipanto e cálice; s- estame antessépalo; t- estame ante-pétalo; u- secção longitudinal
do ovário; v- cápsula loculicida, com cálice removido; w- semente; (B.Chiavegatto et al. 97). Escalas - 1cm: a, i, o;
2mm: c, g, j, l, k, p, r, t, v; 1mm: b, d, p, u; 0,5mm: h, w.
LXIV
IV.2.5- Lavoisiera DC., Prodr. 3: 102. 1828.
Subarbustos eretos, cespitosos. Ramos cilíndricos, decorticantes, áfilos e nodosos para a
base, com diminutos e esparsos tricomas setuloso-glandulosos nas regiões intra-axilares. Folhas
sésseis, coriáceas, ovadas, côncavas, imbricadas, ápice agudo a acuminado, mucronado, margem
inteira, calosa, ciliada; face abaxial com tricomas setosos sobre a única nervura acródroma
evidente. Brácteas e profilos ausentes. Flores 6-meras, solitárias, terminais, sésseis; hipanto
campanulado, setoso-glanduloso no ápice, levemente 10-estriado; zona do disco glabra; cálice
vinoso, lacínias eretas, oblongas a lanceoladas, ápice arredondado-apiculado; pétalas róseas,
obovadas a oblongas, ápice arredondado-apiculado, margem setuloso-glandulosa; 12 estames,
amarelos, desiguais, dimórficos, anteras rostradas, poro terminal-ventral, conectivo prolongado
abaixo das tecas, apêndice dorsal; ovário 3/5- a 5/6-ínfero, 6-locular, glabro, prolongamento
apical presente, estilete glabro, estigma capitado. Ruptídios polispérmicos; sementes ovadooblongas, testa foveolada.
Os arbustos cespitosos formam conspícuas touceiras. A disposição das folhas imbricadas
b um aspecto quadrangular ao ramo. O merisma floral é um caráter diagnóstico para o
proporciona
gênero na área, pois possui apenas flores hexâmeras.
Lavoisiera compta DC., Prodr. 3: 103. 1828.
Figs.: 6; 7- a-i.
Subarbustos 20-80cm. Ramos com entrenós 1,5-2mm. Folhas 5-7 x 4-5mm. Flores com
hipanto 2-2,5 x 2-2,5mm; cálice com tubo 1,5-2mm, lacínias 4-5 x 3-4, margem setulosociliolada, tricomas até ca. 0,3mm; pétalas 17-20 x 8-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes
3-4mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores
LXV
ante-sépalos, filetes 4-5mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongadado 3,54mm; ovário 2,5-3 x ca. 3mm, prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 4-5 x
3-4 mm; sementes ca. 1 x 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8634); sobre arenito, L. Krieger s.n., 15.V.1970, fl., fr., (CESJ
8559); campo arenoso, L. Krieger s.n., 01.XI.1977, fl., (CESJ 13162);
Monjolinho, F. R.
Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24666); J. A. Silva s.n., 12.III.1997, fl., fr., (CESJ 14939);
entre rochas, R. C. Forzza et al. 1791, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M.
A. Heluey et al. 103, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al 116, 19.V.2001, fl., fr.,
(CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A. Heluey et al. 137, 22.VI.2001, fr., (CESJ);
próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al.17, 01.XII.2001, fr., (CESJ); caminho para Lagoa
Seca, B. Chiavegatto et al. 26, 02.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na trilha para a Ponte de Pedra, B.
Chiavegatto et al. 48, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al.
62, 24.III.2002, fl., (CESJ); próximidades da Cantina, R. C. Forzza et al. 3086, 09.III.2004, fl.,
(RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 96, 16.VI.2004, fl., fr., (CESJ);
Lavoisiera compta é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude e cerrado.
No Parque, ocorre formando extensas populações em locais mais úmidos, com solos rasos,
arenosos, sob alta incidência solar. É também comum em solos encharcados sazonalmente.
Coletada com flores e frutos nos meses de novembro a junho.
LXVI
Lavoisiera sp.
Figs.: 7- j-q
Subarbustos 40-50cm; entrenós 2-3mm. Folhas 6-8 x 4-5 mm. Flores com hipanto 2,5-3 x
1,5-2mm; cálice com tubo ca. 1,5mm, lacínias 5-7 x 3,5-4mm, margem setoso-ciliada, tricomas
2-3mm; pétalas 14-18 x 7-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-2,5mm,
rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores antessépalos, filetes ca. 5mm,
anteras 2,5-3mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado 3,5-4mm; ovário 2,5-3 x 2-3mm,
prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 3-4 x 2-3mm; sementes ca. 1 x
0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, F. R. G. Salimena CESJ
32690, XII.2000, fl., fr., (CESJ, RB); caminho para a Janela do Céu, N. Marquete et al. 357,
27.IX.2001, fr., (RB);
Lavoisiera sp. ocorre no Parque em ambientes mais úmidos, com solos rasos, arenosos, sob
alta incidência solar. Coletada com flores e frutos nos meses de novembro e dezembro.
Os exemplares desta espécies haviam sido equivocadamente identificados como L. compta.
A partir de uma análise mais detalhada, foi possível observar uma diferença significativa entre as
duas espécies, principalmente por Lavoisiera sp. possuir lacínias do cálice com margem
nitidamente setoso-ciliada, cujos tricomas medem 2-3mm de comprimento, enquanto que L.
compta apresenta margem setulosa-ciliolada com tricomas de 0,1-0,3mm. Esta característica é
perceptível inclusive no campo.
LXVII
a
c
a
Figura 6: Lavoisiera compta: a- ramo na paisagem; b- ramo florífero; c- detalhe da for.
b
LXVIII
d
c
f’
e’
e
f
i
a
h
b
g
k
l
m
q
j
n
o
p
Figura 7: Lavoisiera compta: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- hipanto e cálice; e-e’- estame
antessépalo e detalhe do respectivo poro; f-f’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; g- secção
longitudinal do ovário; h- cápsula loculicida; i- sementes. (B.Chiavegatto et al. 96); Lavoisiera sp: j- ramo frutífero;
k- folha: face abaxial; l- flor; m- lacínea do cálice; n- estame ante-pétalo; o- estame antessépalo; p- ruptídio; qsementes. (N.Marquete et al. 357; flor, F.R.G.Salimena CESJ 32690). Escalas- 1cm: a, j; 4mm: c; 2mm: e, f, l;
1mm: b, d, e, g, h, k, m; 0,5mm: i, q.
LXIX
IV.2.6-Leandra Raddi in Mem. Mod. Fis. 18: 385. 1820.
Arbustos a subarbustos. Indumento nos ramos, pecíolos, folhas, inflorescências, brácteas,
profilos, hipanto e cálice, constituído de tricomas glandulares sésseis, vinosos, diminutos, cedo
caducos. Ramos cilíndricos. Folhas pecioladas; lâmina com nervuras primárias e secundárias
impressas na face adaxial e proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos persistentes. Flores
5-meras; cálice persistente, lacínias bilobadas, lobos externos maiores em comprimento que os
internos; pétalas alvas, ápice acuminado ou agudo; 10 estames, isomórficos, subiguais em
tamanho, filetes achatados, conectivo espessado no dorso ou não, prolongado abaixo das tecas,
antera com poro terminal ou terminal-dorsal; ovário parcialmente adnato ao hipanto, estilete
glabro, subulado no ápice, estigma capitado. Bacídios ou bacáceos atropurpúreos, urceolados ou
c
subglobosos a globosos, polispérmicos; sementes obtriangulares, testa granulada a papilosa.
Leandra aurea (Cham.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 142-143. 1886.
Clidemia aurea Cham., Linnaea 10: 47. 1835.
Figs.: 8- a-i; 12; 13.
Arbustos 1-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, brácteas, profilos, hipanto e cálice,
esparso a densamente furfuráceo-estrelado, tricomas caducos, simples, não papilosos, hirtelo a
hirsuto, tricomas alvos a ferrugíneos. Folhas com pecíolo 0,5-1,5cm, sulcado na face abaxial;
lâmina 1,9-4 x 4-9,3cm, verde concolor, cartácea, elíptica, lanceolada, ovada ou oblonga, base
obtusa ou arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, ciliolada, face
adaxial plana a bulada, moderadamente setosa, face abaxial foveolado-reticulada ou não, esparsa
a densamente viloso-hirtela e furfuráceo-estrelada; 5-7 nervuras acródromas basais ou até ca.
1mm suprabasal, par marginal tênue. Tirsóides 12-15cm, terminais ou axilares; pedúnculo 57cm; brácteas 1-2 x 2-3mm, profilos 0,3-0,5 x 0,5mm, ambos elípticos, ápice agudo, margem
LXX
inteira, ciliolada. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 4-5mm, tubuloso a campanulado; zona do disco
setulosa; cálice com tubo 0,8-1mm, lacínias reflexas, as internas reduzidas, as externas filiformes
0,5-1 x 1-2mm, ápice apiculado; pétalas 2-3 x 3-4cm, oblongo-triangulares, eretas; estames
róseos, filetes 3-4mm, conectivo prolongado ca. 0,2mm, inapendiculado, anteras 3-5mm; ovário
1-2 x 2-3mm, 1/3-ínfero, 3-locular, setoso no ápice, estilete 7-8mm. Bacídios 5-7 x 5-9mm;
sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na mata de galeria,
Márcio s.n., 16.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17395), campo rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fr.,
(CESJ 36542); campo rupestre, L. G. Rodela s.n., IX.1998, fr., (CESJ 36543); na borda da Mata
Grande, M. A. Manhães 39, IX.1999, fr., (CESJ); caminho para o Pião, N. Marquete et. al. 338,
29.IX.2001, fl., fr., (RB); estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 08,
01.XII.2001, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1052,
19.V.2002, fr., (CESJ); entre o Lago dos Espelhos e Prainha, L. Minini Neto et al. 32, 18.X.2003,
fl., fr., (RB); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3024, 09.III.2004, fr. (RB); trilha
Lanchonete – Ponte de Pedra, R. C. Forzza et al. 3298, 31.III.2004, fr., (RB); trilha Prainha –
Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 80, 15.VI.2004, fl., (RB); trilha Prainha – Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 81, 15.VI.2004, fl. (RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 108, 23.XI.2004, fl.,
(RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 109, 23.XI.2004, fl., (RB); na subida para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 111, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et
al. 112, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 113, fl., fr.,
(RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et. al. 117, 24.XI.2004, fl., fr., (RB);
na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 118, 24.IX.2004, fl. fr., (RB);
LXXI
Leandra aurea é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo nos estados
da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
em planícies, vales e locais montanhosos de altitude, áreas brejosas, campestres, de cerrado,
interior e encosta de matas, beiras de estrada, locais abertos e ensolarados e, ainda, na Bolívia.
No Parque, pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo, em em cerrado de altitude e
em áreas dessa formação limítrofes com as matas de neblina, geralmente em locais mais
sombreados por candeias ou outros arbustos e arvoretas de maior porte. Foram coletados
espécimes com flores e frutos durante o ano todo.
Espécie com ampla plasticidade fenotípica, principalmente em relação à densidade e
dimensões dos tricomas, forma, textura, dimensões e ondulações das superfícies foliares. Essa
variação morfológica torna muito difícil distingui-la de duas espécies muito afins, L. lacunosa
Cogn.e L. lancifolia Cogn., conforme já destacaram SOUZA & BAUMGRATZ (inédito). Estes
autores discutem esse complexo taxonômico e a variação gradativa desses caracteres vegetativos,
identificando não só dois padrões morfológicos extremos, como também padrões morfológicos
intermediários.
Leandra lacunosa se diferenciaria, principalmente, pelos tricomas longos e esparsos e
folhas mais largas, com a face abaxial foveolada, enquanto L. lancifolia poderia ser distinta,
particularmente, pelo formato lanceolado das folhas. Entretanto, no Parque observam-se também
espécimes com padrões morfológicos intermediários entre esses extremos, havendo combinações
entre essas características, o que evidencia a fragilidade desses atributos morfológicos como
diagnósticos para diferenciação desses táxons. Os espécimes característicos do extremos de
“lacunosa” (Manhães 39 e Márcio s.n. CESJ 17395), apresentam a face abaxial da lâmina foliar
mais reticulada, com tricomas mais esparsos.
LXXII
Devido a essas semelhanças, NAUDIN (1851) considerou L. lacunosa e L. lancifolia
variedades de L. aurea, enquanto COGNIAUX (1886-1888) e CHAMISSO (1834) as trataram
como três espécies distintas. Contudo, os dados obtidos no presente estudo refutam as hipóteses
destes dois autores e provavelmente, esses táxons correspondem a uma só espécie, L. aurea, cujo
nome pelo Princípio da Prioridade, deve ser adotado.
De acordo com REIS et al. (2004), que estudaram a vascularização foliar e anatomia do
pecíolo de espécies de Melastomataceae, não existem diferenças no padrão de nervação e nem
nas características morfoanatômicas do pecíolo dessas três espécies. De acordo com as autoras,
L. aurea e L. lacunosa possuem nervação acródroma basal, três nervuras primárias e quatro
nervuras secundárias, rede de nervação laxa, nervação última marginal em arco e auréolas
completas. Analisam ainda, que estas espécies possuem contorno do pecíolo elíptico, epiderme
com cutícula, tricoma tector ramificado, ausência de tricoma glandular e distribuição dos feixes
vasculares em arco. Todas essas características parecem corroborar a hipótese apresentada
anteriormente, de que esses táxons sejam uma única espécie.
Leandra eichleri Cogn. in Mart; & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140, t. 1. 1886.
Figs.: 9; 14- a.
Subarbustos até 30cm, suberetos, rastejantes; raízes adventícias presentes. Indumento nos
ramos, folhas, inflorescências, hipanto e tubo do cálice, face abaxial das brácteas, profilos e
lacínias do cálice, ferrugíneo denso a esparsamente furfuráceo-estrelado, tricomas caducos ou
não, e inflorescência, hipanto e cálice, hirsuto, papiloso, vinoso nos ramos jovens. Folhas com
pecíolo 0,5-1cm; lâmina 2,8-5,5 x 1,8-4cm, verde concolor, cartácea, elíptica, largo-ovada a
suborbicular, base arredondada a cordada, ápice agudo a arredondado, margem crenulada,
ciliado-hirsuta, face adaxial levemente bulada, face abaxial levemente reticulada; 5 nervuras
LXXIII
acródromas basais a 2-2,5mm suprabasais. Cimóides de glomérulos, umbeliformes ou não, 3,54,5cm, terminais, sésseis; brácteas foliáceas 1-2,8 x 0,5-2cm; brácteas crassas 4-5 x 6-8mm,
profilos 1-2 x 1-2mm, ambos oblongos a estreito-elípticos, ápice longo-apiculado, margem
ciliada. Flores sésseis; hipanto 3-5 x 4-5cm, curto-tubuloso; lacínias do cálice patentes a eretas,
as externas 3-3,5 x 0,8-1mm, crassas, triangulares, ápice agudo-apiculado, margem ciliolada,
face adaxial glabra, as internas 1,8-2 x 1-1,5mm, largamante triangulares, ápice acuminado; zona
do disco glabra; pétalas 3,3-4 x 2,2-2,5mm, reflexas, oblongo-triangulares a ovadas, ápice
acuminado, assimétrico, unilateralmente unilobado, face abaxial papilosa; estames com filetes 22,5mm, alvos, anteras 2-2,5mm, estreito-ovadas, curto-subuladas, extrosamente curvas, alvas à
róseas, conectivo com cálcar dorsal 0,1-0,2mm; ovário 2-3 x 2-4mm, prolongamento apical ca.
0,5mm, ½ ínfero, 3-locular, costado, setuloso e furfuráceo-estrelado no ápice, estes caducos,
estilete 6-7mm. Bacáceos 4-5 x 4-5mm; sementes 0,7-1 x ca. 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, campo rupestre
encharcado, B. Chiavegatto et al. 16, 01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); entre a Gruta das Bromélias e
o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 120, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o
Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 121, 24.XI.2004, fl. (RB).
Material adicional: Rio de Janeiro, Itatiaia, nos campos, Glaziou 8694, 23.I.1873, fl., fr.,
(C - Holótipo).
Leandra eichleri é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Paraná, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.
LXXIV
No Parque Estadual do Ibitipoca, ocorre somente no campo rupestre stricto sensu,
totalmente encoberta por gramíneas, sendo possível encontrá-las somente se estas forem
removidas. Local com solos rasos, úmidos, arenosos, mas, devido às gramíneas, sombreado.
Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro e novembro.
Nesta espécie, os cimóides estão constituídos de três eixos, sendo que o central (raque) é o
menos desenvolvido e com menos flores, podendo estar reduzido a um único glomérulo, ou flor.
Não há supressão de folha. Esta redução na inflorescência e até mesmo o aspecto umbeliforme
podem ser consequência de uma adaptação ao hábito rastejante.
Apresenta tricomas papilosos glandulares com cabeça vinosa no sulco das nervuras
acródromas na face adaxial das folhas e brácteas, inserção das flores e profilos.
Sua coleta no Parque representa uma nova ocorrência para a espécie no Brasil.
Leandra erostrata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 139. 1886.
Clidemia erostrata DC., Prodr. 3: 160. 1828.
Figs.: 8- j-p; 14- b.
Arbustos a subarbustos 50-80cm, eretos. Indumento nos ramos, pecíolos, inflorescências,
brácteas, profilos, hipanto e cálice, esparso a moderadamente hirtelo, tricomas papilosos e
densamente furfuráceo-estrelado. Folhas com pecíolo 0,5-1 cm, cilíndrico; lâmina 3-5,5 x 2,54cm, discolor, face adaxial alvo-esverdeada, face abaxial pálido-amarelado a ferrugínea,
levemente reticulada, cartácea a subcoriácea, elíptica ou ovada a suborbicular, base arredondada
a cordada, ápice arredondado-acuminado, margem denticulado-ciliolada, revoluta, face adaxial
moderadamente furfuráceo-estrelada, face abaxial hirtelo-vilosa, tricomas farpados e densamente
furfuráceo-estrelada; 5-7 nervuras acródromas basais. Tirsóides de glomérulos 7,5-9cm,
terminais, sésseis; brácteas foliáceas 3,5-5 x 1,5-2,5cm, nos primeiros e segundos nós proximais;
LXXV
profilos 3-4 x ca. 1mm, lineares, apiculados. Flores com pedicelo 0,5-1mm; hipanto 3-4 x 34mm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas 12 x 1-2mm, as internas 1-1,7 x 0,4-0,6mm, ambas triangulares, apiculadas, margem ciliada;
petálas 3-4 x 1-1,5mm, eretas, estreito-triangulares, ápice acuminado-apiculado, assimétrico, não
lobado; estames com filetes ca. 2mm, alvos, anteras ca. 2mm, róseas, conectivo prolongado ca.
0,2mm, apêndice dorsal calcarado; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 2-3-locular, piloso no ápice,
estilete 6-7mm. Bacídios 4-5 x 4-5mm; sementes ca. 1 x 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, M. A. Manhães 75,
I.2000, fl., fr., (CESJ); subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 21, 02.XII.2001, fl.,
(CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 32, 02.II.2002, fl., (CESJ); subida para
Gruta das Bomélias, B. Chiavegatto et al. 44, 03.II.2002, fl., (CESJ); trilha Monjolinho – Lagoa
seca, F. M. Ferreira et al. 709, 30.III.2004, fr., (RB);na subida para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 110, 23.XI.2004, fr., (RB); na subida para Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 114, 24.XI.2004, fl. (RB);
Leandra erostrata é uma espécie de distribuição ampla no neotrópico, ocorrendo no Brasil,
nos estados do Amazonas e Minas Gerais, em ambientes de campos limpos, campos sujos e
cerrado e, ainda, na Bolívia e Argentina.
Nos campos rupestres do Parque é encontrada encoberta por gramíneas de porte mais alto,
o que dificulta sua visualização. Ocorre principalmente nas área de campo rupestre arbustivo,
podendo ser também encontrada nos cerrados de altitude. Foram coletados exemplares com
flores e frutos nos meses de novembro a março.
LXXVI
Ocorre simpatricamente com L. aurea e L. foveolata, mas apresenta menor porte que estas,
folhas geralmente de menores dimensões e mais espessas, o que facilita sua identificação no
campo.
Leandra foveolata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 100-101. 1886.
Clidemia foveolata DC., Prodr 3: 163. 1828.
Figs.: 10- a-g; 14- d.
Arbustos 50-80cm. Indumento nos ramos, pecíolos, inflorescências, profilos, brácteas,
hipanto e cálice, moderadamente hirsuto e furfuráceo-estrelado, estes com tricomas geralmente
caducos, tricomas simples não papilosos. Folhas com pecíolo 1-1,8cm, cilíndrico; lâmina 6-10 x
3-5cm, verde concolor, cartácea, elíptica, ou oblonga a ovada, base obtusa a arredondada, ápice
agudo a acuminado, margem levemente sinuosa, ciliolada, face adaxial esparsa a densamente
setoso-setulosa, bulada, face abaxial foveolado-reticulada, esparsamente setoso-setulosa e
furfuráceo-estrelada, tricomas caducos; 5-7 nervuras acródromas basais ou até ca. 4mm
suprabasais. Tirsóides 5-15cm, terminais; pedúnculo 5-7cm; brácteas foliáceas 2,4-9 x 0,4-1mm;
profilos 3-4 x ca. 1mm, filiformes, apiculados. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 2-3mm, tubuloso;
zona do disco setulosa; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as externas 0,7-1 x 2-3mm,
estreito-triangulares, ápice apiculado, margem ciliolada, as internas ca. 0,5 x 1,5mm,
triangulares, ápice apiculado, margem ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, reflexas, ovais, ápice
agudo; estames com filete 3-4mm, alvos, anteras 3-4mm, róseas, conectivo não prolongado,
apêndice dorsal obsoleto; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 3-locular, esparsamente setuloso,
costado, estilete 8-10mm. Bacídios 6-7 x 5-6mm; sementes ca. 1 x 1mm.
LXXVII
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,
M. A. Manhães 74, I.2000, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto, F. R. G. Salimena CESJ 32759,
11.XII.2000, fl., (CESJ); estrada para o centro de informações, B. Chiavegatto et al. 05,
01.XII.2001, fr., (CESJ); na estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 09.
01.XII.2001, fl., (CESJ); caminho entre a Portaria e o Centro de Informações, B. Chiavegatto et
al. 35, 03.II.2002, fl., (CESJ); na estrada para Portaria, borda da mata, B. Chiavegatto et al. 58,
23.III.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3034, 09.III.2004, fr.,
(RB); mata em frente a entrada do Parque, R. C. Forzza et al 3075, 09.III.2004, fr., (RB);
bifurcação Monjolinho – Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 83, 15.VI.2004, fl., (RB); Janela
do Céu, B. Chiavegatto et al. 93, 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 94,
16.VI.2004, fl., fr., (RB); mata próxima às Casas de Pesquisa e Centro de Informações, B.
Chiavegatto et al. 104, 17,VI.2004, fl., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 115, 24.XI.2004, fl., fr., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 116, 24.XI.2004, fl., fr., (RB);
Leandra foveolata é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo no Brasil
nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, em formações de matas de altitude,
bordas e capões de matas e campos rupestres e, ainda, na Guiana.
No Parque, esta espécie ocorre no campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude, em locais
sombreados e com solos mais profundos, simpatricamente com L. aurea e L. erostrata. Foram
coletados exemplares com flores e frutos nos meses de dezembro a junho.
Assemelha-se aos espécimes com características de um dos padrões morfológicos extremos
de L. aurea (L. lacunosa), principalmente quando herborizada. No campo, é possível diferenciálas principalmente, pelo indumento da face abaxial da lâmina foliar setuloso-setoso, nunca
LXXVIII
viloso-hirtelo. Além disso, pode auxiliar essa distinção os tricomas vinosos das inflorescências e
ramos jovens e pelas folhas mais acentuadamente buladas que as de L. aurea.
Em folhas de rebroto, em áreas mais antropofizadas do Parque, o indumento hirsuto da
face adaxial da lâmina foliar mostra-se extremamente escasso e até mesmo ausente (B.
Chivegatto et al. 104).
Leandra pennipilis Cogn. in Mart & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140. 1886.
Figs.: 11; 14-c.
Arbustos 0,4-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial das folhas, brácteas,
profilos, hipanto e cálice, alvo pardacento, dendrítico-tomentoso, com tricomas não papilosos.
Folhas com pecíolo 0,5-1,2cm; lâmina 2,1-7 x 1-2,4cm, discolor, face adaxial verde brilhosa,
face abaxial alvo-esverdeada a creme, coriácea, estreiro-elíptica, oblonga a ovada, base obtusa a
arredondada, ápice agudo a acuminado, margem ondulada, revoluta, ciliolado-estrigulosa, face
adaxial estrigulosa; 5 nervuras acródromas 2-2,5mm suprabasais. Tirsóides de glomérulos 310cm, terminais; pedúnculo 2-5cm, às vezes ausente; brácteas 4-5 x 12-15mm, crassas,
estrigosas, ápice agudo apiculado; profilos 1-2 x ca. 2mm, estreito-triangulares, ápice agudo
apiculado. Flores com pedicelo 0,3-0,5mm; hipanto 3-5 x 4-5cm, campanulado; tubo do cálice
0,2-0,3mm, lacínias reflexas, as internas 1-1,5 x 1,3-1,5mm, estreito-triangulares, ápice agudoapiculado, margem ciliolada, face adaxial glabra, as externas 2-4 x 1-2mm, crassas, ápice
acuminado apiculado; zona do disco setulosa; pétalas 2-4 x 1-4mm, reflexas, oblongotriangulares, ápice acuminado, assimétrico, unilateralmente unilobado; estames com filetes 34mm, alvos, anteras 2-3mm, triangulares, curto-subuladas, extrorsamente curvas, róseas,
conectivo prolongado 0,1-0,2mm, inapendiculado; ovário 1-3 x 1-4mm, prolongamento apical
LXXIX
ca. 0,5mm, ½-1/3-ínfero, 3-locular, estrigoso no ápice, estilete 5-9mm. Bacídios 4-6 x 4-5mm;
sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Pião, P. I.
Braga 1890, 28.IX.1970, fl., (RB); no campo arenítico, L. Krieger s.n., 03.XI.1973, fl. fr., (CESJ
13216, RB);trilha sobre a Ponte de Pedra, M. Eiterer s.n., 27.VIII.1991, fl., fr., (CESJ 24888,
RB); em cerrado de encosta, M. Brügger s.n., 30.XI.1991, fl., fr., (CESJ 26094); campo cerrado,
L. G. Rodela s.n., IX.1998, fl., (CESJ 36544); na borda da mata nebular, R. M. Castro et al. 214,
25.III.2001, fl., fr., (CESJ, RB); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 15, 01.XII.2001, fl.,
fr., (CESJ); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 18, 01.XII.2001, fl. fr., (CESJ); Janela do
Céu, B. Chiavegatto et al. 90 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 92,
16.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 101, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de
Pedra, B. Chiavegatto et al. 102, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 103,
17.VI.2004, fl., (RB); caminho para a Cantina, B. Chiavegatto et al. 105, 23.XI.2004, fl., (RB);
próxima à bifurcação Pião – Lagoa Seca, B. Chiavegatto et al. 126, 25.XI.2004, fl. (RB);
Leandra pennipilis é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia e Minas Gerais e
típica de ambientes de campos rupestres.
No Parque, é característica de campos rupestres arbustivos, em solos mais profundos,
podendo estar exposta ao sol. Foram coletados materiais com flores e frutos durante todo o ano.
LXXX
Leandra salicina (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(4): 150-151. 1886.
Melastoma salicinum DC., Prodr. 3: 199. 1828.
Figs.: 10- h-p; 14- e.
Subarbustos 20-42cm. Indumento nos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos,
hipanto e cálice, setoso-adpresso, castanho, tricmomas simples, não ramificados. Folhas com
pecíolo 0,4-0,7cm, cilíndrico; lâmina 3,5-7 x 0,5-1,8cm, verde discolor, face adaxial verdeescura, brilhosa, plana, face abaxial alvo esverdeada a prateada, plana, cartácea, estreito-elíptica
a oblonga, base aguda, ápice agudo, margem inteira, ciliolada, revoluta; 3-5 nervuras acródromas
basais. Tirsóides ou botrióides 4-9cm, terminais; pedúnculo 2-5cm; brácteas ca. 5 x 1mm,
estreito-oblongas, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra; profilos 2-3 x 1-2mm,
triangulares, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 23cm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as internas 11,5 x 1mm, triangulares, ápice arredondado, margem inteira, as externas 2-2,4 x 0,5-1mm,
estreito-triangulares, ápice acuminado; pétalas 4-5 x 1-2mm, reflexas, elípticas, ápice agudo,
assimétrico, unilateralmente unilobado; estames com filetes 4-5mm, alvo-amarelados, anteras 23mm,
alvas,
triangulares,
extrorsamente curvas,
conectivo
prolongado
ca.
0,2mm,
inapendiculado; ovário 2-3 x 2-3mm, prolongamento apical ca. 1mm, 4/5-ínferos, 3-locular,
glabro, estilete 7-9mm. Bacídios, 5-6 x 8-9mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Prainha, próxima ao
curso d’água, B. Chiavegatto 107, 23.XI.2004, fl., fr., (RB).
LXXXI
Leandra salicina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo, em Floresta Ombrófila Densa, campos de altitude e campos rupestres,
em margens de rios e locais muito úmidos.
Esta espécie é um subarbusto rupícula, encontrado no Parque exclusivamente sobre rochas
próximas a cursos d´água, cujas áreas podem ser consideradas de transição entre o campo
rupestre arbustivo e matas ciliares. É provável que em períodos chuvosos do ano a espécie seja
parcialmente recoberta pela água. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de
novembro.
Leandra salicina possui ovário quase que totalmente adnato ao hipanto, estando livre
somente o seu prolongamento apical.
LXXXII
Figura 8: Leandra aurea a- ramo; b-b’indumento do ramo e variação; c- folha: variação da forma; d-d’- folha:
variação do indumento da face abaxial; e- hipanto e cálice; f- zona do disco e lacínias do cálice; g- pétala; h- estame;
i- secção longitudinal do ovário; (B.Chiavegatto et al. 108). Leandra erostrata j- ramo; k- indumento do ramo; lhipanto e cálice; m- zona do disco e lacínias do cálice; n- pétala, o- estame; p- secção longitudianl do ovário;
(M.A.Manhães 75). Escalas- 1cm: a, j; 2mm: b, c, d; 1mm: e, f, g, h, i, k, l, m, n, o, p.
LXXXIII
c
e
d
f
b
a
i
j
g
h
k
l
m
Figura 9: Leandra eichleri: a- ramo; b- detalhe do indumento; c-d folha: face adaxial e abaxial; e- detalhe do
indumento; f- profilo; g- flor; h- zona do disco e lacínias do cálice; i- pétala; j- estames; k- secção longitudinal do
ovário, l- fruto, m- sementes; (B.Chiavegatto et al. 16). Escalas: 1cm: a; 2mm: c, d, g, l; 1mm: b, e, f, h, i, j, k.
LXXXIV
c
d
b
a
e
f
g
l
m
n
k
h
p
o
j
i
Figura 10: Leandra foveolata: a – ramo florífero; b – detalhe do indumento do ramo; c - hipanto e cálice; d - zona
do disco e lacínias do cálice; e - pétala; f - estame; g - secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 83).
Leandra salicina: h – ramo florífero; i – detalhe do indumento do ramo; j - hipanto e cálice; k - zona do disco e
lacínias do cálice; l - pétala, m - estame; n - secção longitudinal do ovário e estilete; o - fruto; p - semente (B.
Chiavegatto et al. 107). Escalas: 1cm: a, h; 2mm: b, c, o; 1mm: d, e, f, g, i, j, k, l, m, n; 0,5mm: p.
LXXXV
c
d
b
a
e
f
g
l
m
n
k
h
p
o
j
i
Figura 11: Leandra pennipilis: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - folha: variação da forma;
d-e - folha: faces adaxial e abaxial; f - detalhe do tricoma da face abaxial da lâmina foliar; g - profilo; h - flor; i zona do disco e lacínias do cálice; j - pétala; k - estame; l - bacídio; m - sementes (B. Chiavegatto et al. 126).
Escalas: 1cm: a; 2mm: b, g, h, i, l; 1mm: c, d, e, f, j, k, m.
LXXXVI
Figura 12: Leandra aurea: Variação morfológica da lâmina foliar
a
a
a
Figura 13: Leandra aurea: a- ramo frutífero; b- ramo florífero.
LXXXVII
d
b
b
b
a
c
e
d
Figura 14: a- Leandra eichleri; b- Leandra erostrata; c- Leandra pennipilis; d- Leandra foveolata; eLeandra salicina
LXXXVIII
IV.2.7- Marcetia DC., Prodr. 3: 124. 1828.
Marcetia taxifolia (A.St.-Hil.) DC., Prodr. 3: 124. 1828.
Rhexia taxifolia A.St.-Hil., in Humb. & Bompl., Monog. de Melast., Rhexies, 2: 150.
1823.
Fig: 15.
Subarbustos a arbustos 0,3-1m, eretos. Indumento nos ramos, folhas, profilos, pedicelo,
hipanto e cálice, moderadamente hirtelo-glanduloso. Ramos quadrangulares, 4-costados,
decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis ou até 0,3mm pecioladas; lâmina 6-7 x 2-3mm,
cartácea, imbricada, estreito-elíptica, base cordado-lobada, ápice acuminado, margem inteira,
ciliolada, revoluta; 3 nervuras acródromas basais de desenvolvimento imperfeito, nervuras
tênues em ambas as faces. Profilos 1,6-2 x 0,2mm, lineares, ápice acuminado, margem inteira,
ciliolada, revoluta, persistentes. Flores 4-meras, solitárias, axilares; pedicelo ca. 1,5mm; hipanto
2-3 x 2-3mm, tubuloso, levemente urceolado; zona do disco glabra; cálice verde, persistente,
tubo inconspícuo, lacínias 1-1,5 x ca. 0,5mm, unilobadas, triangulares, eretas, ápice acuminado,
margem inteira, ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, alvas, oblongo-elípticas, ápice curto-acuminado;
8 estames, isomórficos, de dois tamanhos, amarelos, menores ante-pétalos, filetes ca. 3mm,
glabros, anteras ca. 3mm, maiores antessépalos, filetes 3-4mm, anteras ca. 4mm, ambos com
poro terminal-ventral, conectivo espessado no dorso e base, apêndice ventral levemente
bilobulado; ovário 1,5-2 x 1,5-2mm, livre no interior do hipanto ou até ¼-ínfero, 4-locular,
estilete 6-7mm, alvo, glabro, estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, levemente
urceoladas, polispérmicas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm, cocleares, testa foveolada.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 14.V.1970, fr. (CESJ 8582); no campo, L. Krieger s.n., 21.V.1970, fl., (CESJ 8632); sobre
LXXXIX
arenito, P. I. Braga s.n., 10 VII.1986, fl., (CESJ 21224); entre candeias, M. Eiterer s.n.,
08.VIII.1990, fl., (CESJ 25196); M. A. Heluey et al. 140, 22.VI.2001, fl. fr., (CESJ); próximo ao
Lago das Miragens, R. C. Forzza et al. 2450, 19.X.2003, fl., fr., (RB); janela de Céu, B.
Chiavegatto et al. 95, 16.VI.2004, fr., (RB);
Marcetia taxifolia apresenta distribuição geográfica muito ampla, ocorrendo no Distrito
Federal e nos estados de Roraima, Ceará, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, além da Colômbia, Guiana e
Venezuela. Ocorre principalmente em ambientes de campos rupestres e cerrados, indo até a
caatinga, mas pode apresentar uma ampla variação altitudinal, desde locais montanhosos até
3.000 m/s.m até restingas, ao nível do mar.
No Parque, esta espécie foi encontrada somente no campo rupestre arbustivo, em regiões
mais úmidas, geralmente em locais sombreados por candeias ou outros arbustos maiores. Estes
ambientes possuem solos mais profundos e com maior riqueza de nutrientes. Foram coletados
espécimes com flores e frutos nos meses de maio a outubro.
Marcetia taxifolia apresenta flores isoladas, axilares, dispostas nos ápices dos ramos
simulando inflorescências racemiformes folhosas.
De acordo com MARTINS (1989), esta espécie possui grandes variações morfológicas
(plasticidade fenotípica), principalmente no que se refere às folhas e aos tricomas. Entretanto,
para os espécimes da área, observou-se uma constância dessas estruturas. Ainda, neste trabalho,
a autora sinonimizou 49 binômios em M. taxifolia.
XC
d’
d
c
e
e’
h
b
a
f
g
Figura 15: Marcetia taxifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d-d’- estame antepétalo e
detalhe do poro; e-e’- estame ante-sépalo e detalhe do conectivo; f- secção longitudinal do ovário; gfruto; h- sementes; ( P.I.Braga CESJ 21224). Escalas: 1cm: a; 1mm: b, c, d, e, f, g; 0,5mm: d’, e’, h;
XCI
IV.2.8- Miconia Ruíz & Pav. Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 102. 1871.
Arvoretas. Folhas pecioladas, face adaxial com nervuras primárias e secundárias
impressas, face abaxial com nervuras primárias e secundárias proeminentes. Brácteas e profilos
persistentes, raros estes ausentes. Inflorescências terminais. Cálice persistente ou caduco,
lacínias bilobadas, lobos internos maiores em comprimento que os externos; pétalas alvas,
obovadas, ápice arredondado, assimétrico e irregularmente emarginado; estames isomórficos,
subiguais em tamanho, filetes glabros, anteras com poro ventral; ovário parcialmente adnato ao
hipanto, glabro, estilete glabro. Bacóides oligospérmicos.
Miconia chartacea Triana, Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 119. 1871.
Figs.: 16- a-i; 19- b.
Arvoretas 2-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial da lâmina foliar,
inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e cálice, densamente lepidoto-estrelado, castanho a
ferrugíneo. Ramos achatados para o ápice, subcilíndricos para base, sulcados. Folhas com
pecíolo 1,2-2,5cm, estriado; lâmina 4-22 x 2,5-9,5cm, discolor, face adaxial verde a castanha,
face abaxial pardacenta a castanha, cartácea, elíptica, base agudo-cuneada, ápice acuminado,
margem levemente sinuosa, revoluta, face adaxial esparsamente lepidoto-estrelada, tricomas
cedo caducos, face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica,
tricomas persistentes; 5 nervuras acródromas 5-10mm suprabasais; domácias ausentes. Tirsóides
de glomérulos 10,5-20,2cm, 2-4 ramos por nó, os acessórios, mais curtos, geralmente caducos na
frutificação; brácteas ca. 1 x 0,5mm, profilos ca. 0,5 x 0,5mm, ambos crassos, linear-oblongos,
ápice agudo, muito cedo caducos. Flores 5-meras, sésseis; hipanto 2-3 x 2-3mm, obcônico a
campanulado; zona do disco glabra; cálice circuncisamente caduco, inflexo, aparentemente
truncado, tubo e lacínias inconspícuos; pétalas 1-2 x 1-2mm, reflexas, obovadas, papilosas; 10
XCII
estames, alvos, filetes 1-2mm, reflexos, anteras 1-2mm, linear-obovadas; conectivo prolongado
1mm, apêndice dorsal calcarado, inconspícuo, ovário 0,8-1 x ca. 0,5mm, prolongamento apical
0,2mm, ¾-ínferos, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice, estigma truncado.
Bacáceos, 3-4 x 3-4mm, atropurpúreos; 1-2(3) sementes, 2-3 x 2-4mm, lenticulares, superfície
levemente sulcada longitudinalmente.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, bosque próximo à área de
Camping, M. A. Manhães 03, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda da mata, F. R. G. Salimena s.n.,
11.XII.2000. fl., (CESJ 32676); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al.
11, 01.XII.2001, fl., (CESJ); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al.
1045, 18.V.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3040,
09.III.2004, fr., (RB);
Miconia chartacea é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados da
Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, em ambientes de cerrado,
campos rupestres e formações florestais.
Amplamente distribuída nos campos rupestres arbustivos do Parque e, geralmente, em
áreas limítrofes com matas de neblina, sendo encontrada também nas bordas destas matas.
Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das folhas
vistosos e castanhos e as flores alvas. Ocorre simpatricamente com M. corallina. Foram
coletados espécimes com flores e frutos nos meses de dezembro a maio.
As flores pequenas muito adensadas nas inflorescências e as pétalas reflexas possibilitam
que os estames estejam nitidamente destacados durante a floração.
XCIII
Miconia corallina Spring, Flora 20 (2): 77. 1837.
Figs.: 16- j-p; 19- a.
Arvoretas 1,5-3m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,
inflorescências, brácteas, profilos, 2/3-superiores do hipanto e cálice, densamente vilosoestrelado ferrugíneo a castanho-nigrescente, tricomas pedicelados. Ramos quadrangulares para o
ápice e sub-cilíndricos para a base. Folhas com pecíolos 1,5-4cm, quadrangulares, sulcados na
face adaxial; lâmina 3,5-13,5 x 3,2-10,8cm, discolor, face adaxial verde, face abaxial alvoamarelada a pardacenta, nervuras castanhas a ferrugíneas, cartácea a subcoriácea, ovada a
elíptica, ás vezes suborbicular, base arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, ás vezes
obtuso, margem levemente ondulada, face adaxial esparsamente viloso-estrelada, cedo
glabrescente, face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica,
tricomas persistentes; 5 nervuras acródromas basais. Panículas com ramos espiciformes de
glomérulos adensados, 9,8-19,5cm, terminais; brácteas ca. 1 x 2mm, extremamente reduzidas e
totalmente cobertas pelo indumento denso, crassas, largo-ovadas; profilos ausentes. Flores 4meras; pedicelo ca. 0,5mm; hipanto 1-2 x 1-2mm, obcônico-cuneado, 1/3-inferior glabro ou
subglabro; zona do disco glabra; cálice circuncisamente caduco, tubo e lacínias inconspícuos;
pétalas 1-2 x ca. 1mm, patentes, obovadas, papilosas no ápice; 8 estames, alvos a amarelos,
filetes 2-3mm, reflexos, sigmóides, anteras 1-2mm, eretas, conectivo prolongado ca. 0,5mm,
com inconspícuas projeções ventrais lobuladas na base; ovário ca. 1 x 1mm, prolongamento
apical 0,2mm, ½-ínfero, 8-costado, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice,
estigma truncado. Bacáceos 2-4 x 2-3mm, alaranjados; 2-3 sementes, 1-3 x 1-3mm,
suborbiculares a sublenticulares, angulosas na face ventral, superfície lisa.
XCIV
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,
M. A. Manhães 62, XI.1999, fl., (CESJ); Portaria, R. C. Forzza et al. 1817, 09.II.2001, fr.,
(CESJ, RB); no campo rupestre arbustivo, R. M. Castro et al. 205, 25.III.2001, fr., (CESJ, RB);
entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 07, 01.XI.2001, fl., (CESJ); entre
a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 43, 03.II.2002, fr., (CESJ); trilha para
Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 51, 23.III.2002, fr., (CESJ); próxima à estrada para
Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1046, 18.V.2002, fr. (CESJ); proximidades do Rio do
Salto, R. C. Forzza et al. 3044, 09.III.2004, fr., (RB);
Miconia corallina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo, em ambientes campestres e florestais.
Amplamente distribuída pelo Parque em de campo rupestre arbustivo, podendo ser
encontrada também no campo rupestre sensu stricto, cerrado de altitude e em borda de mata
nebular e mata ciliar. Ocorre simpatricamente com M. chartacea. Foram coletados indivíduos
com flores e frutos nos meses de novembro a março.
Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das
folhas vistosos e castanhos a ferrugíneos que se contrastam com as densas inflorescências de
flores alvas.
As flores pequenas, adensadas nas inflorescências com pétalas reflexas possibilitam que os
estames estejam nitidamente destacados durante a floração, quando ocorre a visitação de
coleópteros. O indumento está constituído por tricomas estrelados com raios longos e
entrelaçados entre si. As lacínias do cálice estão completamente revestidas pelos tricomas,
tornando-as quase indistinta na flor e as anteras apresentam um septo residual bem evidente na
região do poro.
XCV
Miconia sellowiana Naud., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 3- 16 (4): 206. 1851.
Figs.: 17 a-i; 19- c.
Arvoretas 2-4m. Indumento nos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e
cálice, moderadamente ou esparsamente furfuráceo-estrelado, cedo caduco ou não. Ramos
cilíndricos, decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 0,5-1cm, caniculado na face
adaxial; lâmina 2,8-9,1 x 0,8-2,3cm, verde concolor, membranácea a cartácea, elíptica a
lanceolada, base aguda, ápice atenuado-acuminado, margem serreada, ambas as faces cedo
glabrescentes; 5 nervuras acródromas ca. 0,3mm suprabasais, par marginal tênue; domácias
marsupiformes, axilar-primária, no par mais interno membrana na face abaxial conspícua ou não.
Tirsóides 3,5-10cm, terminais, com dois ramos por nó; brácteas 1,5-2 x ca. 2mm, crassas,
lanceoladas, cedo caducas; profilos 0,5-1 x ca. 1mm, crassos, lineares, cedo caducos. Flores 5meras; pedicelo 1-2mm; hipanto 2-3 x 2-3mm, campanulado; cálice circuncisamente caduco,
tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas crassas, incosnpícuas, denticuladas, as internas 1-2
x 1-2mm, membranáceas, largo-triangulares, ápice obtuso, margem irregularmente ciliolada no
ápice; pétalas 2-3 x 2-3mm, patentes, obovadas; 10 estames, filetes 1-2mm, anteras 2-3cm,
amarelas, obovadas, uniporadas, base cuneada, poro ventral amplo, oblíquo, conectivo
inconspicuamente prolongado, inapendiculado; ovário 2-3 x 1-2mm, ½-ínfero, 3-locular; estilete
3-4mm, espessado no ápice, estigma truncado. Bacáceos 3-6 x 3-6mm, 10-costados, amarelos
quando jovens, atropurpúreos quando maduros; 3-8 sementes, 1-2 x 1-2mm, obovado-angulosas,
lenticulares ou obovado-cuneadas, superfície lisa.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, L. Krieger s.n.,
15.V.1970, fl., fr., (CESJ 8648); na beira do mato, L. Krieger s.n., 27.IX.1970, fr., (CESJ 9243);
na mata de galeria, U. Confúcio s.n., 29.IX.1970, fl., (CESJ 9365); no campo arenítico ao lado da
XCVI
mata, L. Krieger s.n., 01.XI.1973, fl., (CESJ 13167, RB); no campo encharcável, M. A. Heluey et
al. 30, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ,RB); no campo rupestre, R. M. Castro et al. 201, 25.III.2001, fr.,
(CESJ, RB); em mata ciliar na Prainha, B. Chiavegatto et al. 20, 02.XII.2001, fr., (CESJ);
estrada para o Monjolinho próxima ao curso d’água, B. Chiavegatto et al. 24, 02.XII.2001, fr.,
(CESJ); mata ciliar próxima a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 50, 23.III.2002, fr., (CESJ);
proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3043, 09.III.2004, fr., (RB);
Miconia sellowiana é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados de
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
principalmente, em ambientes de cerrados, campos rupestres, campos de altitudes e formações
florestais diversas.
Espécie muito comum no Parque sendo encontrada, principalmente, nas áreas de campo
rupestre arbustivo, nas áreas de transição entre campo rupestre arbustivo e áreas florestais e
também, no interior das matas ciliares, onde é encontrada em locais mais sombreados e
apresentando maior porte. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro
a maio.
Esta espécie pode ser facilmente identificada pelas domácias marsupiformes nas axilas das
nervuras acródromas, na face abaxial das folhas e pelas anteras com um poro amplo, oblíquo e
inclinado ventralmente.
Nas coleções analisadas para a área foram encontradas poucas sementes por fruto (4-8) e
muitas sementes abortadas (diminutas e atrofiadas até ca. 1mm), enquanto GOLDENBERG
(2000) observou até 18 sementes por fruto.
XCVII
Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. in Mart & Eichler. Fl. bras 14(4): 419. 1888.
Melastoma theaezans Bonpl., Melast. P. 17, tab 9. 1816.
Figs.: 17- j-r;
Arvoretas 2-4,5m. Indumento nos ramos, folhas, brácteas, profilos, inflorescência, hipanto
e cálice, esparsamente glanduloso-pontuado, tricomas caducos ou não. Ramos quadrangulares,
decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 1-1,5cm, vermelho-vinoso, sulcado na face
adaxial; lâmina 2-12 x 1,2-3,5cm, verde concolor, cartácea, oblongo-elíptica a obovada, base
aguda, ápice agudo a acuminado, margem 2/3-superiores serrilhados e 1/3-inferior inteiro,
revoluta; 3 nervuras acródromas 0,5-5mm suprabasais; domácias marsupiformes, membrana na
face abaxial inconspícua ou ausente, axilar-primária. Tirsóides 8-16,5cm, terminais; brácteas ca.
1,5 x 1,5mm, crassas, lanceoladas, cedo caducas; profilos ca. 0,5 x 1mm, crassos, lineares, cedo
caducos. Flores 5-meras; pedicelo ca. 1mm, estrigoso; hipanto 1-2 x 1-2mm, urceolado; zona do
disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias eretas, crassas, as externas ca. 0,5 x
1mm, denticuladas, ápice agudo, as internas ca. 1 x 1mm, oblatas, ápice arredondado; pétalas 11,5 x 1-1,5mm, patentes, obovadas, 10 estames, alvos, filetes 1-2mm, sigmóides, anteras 1-2mm,
obovadas, 4-poradas, poros terminais, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice dorsobasalmente calcarado; ovário ca. 1 x 1mm, 1/3-ínfero, 5-locular, estilete ca. 3mm, espessado no
ápice, estigma capitado. Bacídios ca. 2 x 2-3mm, atropurpúreos, polispérmicos; sementes 0,30,5mm, obovadas, superfície granulada.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, beira de mata, U.
Confúcio s.n., 28.IX.1970, fl., (CESJ 9342); no bosque próximo à área de Camping, M. A.
Manhães 04, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto na Cachoeira do Cinema, F. R.
G. Salimena s.n., 11.XII.2000, fl., (CESJ 32758, RB); trilha para a Lombada, R. C. Forzza et al.
XCVIII
1786, 08.II.2001, fr., (CESJ, RB); trilha entre a Lombada e o Pico do Pião, R. C. Forzza et al.
3248, 11.III.2004, fl., fr., (RB); trilha da Lagoa Seca para o Monjolinho, R. C. Forzza et al.
3554, 26.VII.2004, fr., (RB);
Miconia theazans é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo desde a
América Central até Santa Catarina, em áreas brejosas, florestais, de campo rupestre e de
cerrado.
Ocorre ocasionalmente no Parque, sendo encontrada em campo rupestre arbustivo, cerrado
de altitude e também na borda de mata de neblina e mata ciliar. Foram coletados espécimes com
flores e frutos nos meses de dezembro a julho.
No campo é possível observar uma coloração vinosa nos ramos jovens, pecíolos e nervuras
das lâminas foliar. Foi observada a visitação por Diptera e Vespoidea durante o período de
floração.
Um caráter diagnóstico para esta espécie são as tecas biesporangiadas, formando anteras
tetraporadas.
Os tricomas glandulares são difíceis de ser visualizados nos ramos e face adaxial da lâmina
foliar devido a coloração escura das mesmas que se mesclam com a coloração do próprio
tricoma.
XCIX
Miconia sp. nova
Figs.: 18; 19- d.
Arvoretas 2,5-3m alt.; indumento dos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos,
hipanto, face adaxial das lacínias do cálice e frutos densa a esparsamente estrelado-tomentoso,
tricomas pedicelados e sésseis, caducos. Ramos jovens achatados, adultos cilíndricos. Pecíolo
0,7-1,4cm compr.; lâmina 4,6-16,5 x 2-7,3cm, discolor, face adaxial verde-escura a castanha,
bulada, face abaxial verde-clara a pardacenta, nitidamente reticulada, superfície epidérmica
exposta, não totalmente recoberta pelo indumento, cartácea, elíptica, oblongo-elíptica ou
estreito-ovada, base obtusa a arredondada, às vezes aguda, margem ondulada a denticulada,
espessa, revoluta, ápice agudo, acuminado ou atenuado-acuminado; 5 nervuras acródromas
basais ou as mais internas até 1mm suprabasais, estas e nervuras secundárias transversais
nitidamente proeminentes na face abaxial. Tirsóides de glomérulos 6-10cm compr., terminais,
oblongos; pedúnculo 1,3-2,4cm compr.; brácteas foliáceas 3,5-4 x 1,5-2cm, estreito-elípticas à
oblongas, pecioladas; brácteas não foliáceas crassas, ca. 12 x 3mm, involucrais, estreitotriangulares, ápice acuminado, margem ondulada, persistentes ou tardiamante caducas; profilos
ca. 3,5 x 2,5mm, crassos, involucrais, obovados, ápice obtuso a arredondado, persistentes ou
tardiamente caducos. Flores com pedicelo 2-3mm compr.; hipanto 4-4,5 x 4,5-5cm,
campanulado; zona do disco glabra; cálice de tetrâmero a hexâmero, tardia e circuncisamente
caduco, lacínias bilobadas, eretas, lobos externos ca. 0,5 x 0,5mm, inconspicuamente
denticulados, obscurecidos pelo indumento, lobos internos ca. 1,7 x 1,7mm, triangulares, ápice
agudo, face adaxial glabra; corola pentâmera, pétalas 3-3,2 x 2-2,5mm, alvas, reflexas, obovadas,
ápice arredondado a emarginado, assimétrico, unilateralmente unilobada, papilosas; 12-19
estames, alvos, subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes 3-4mm, filiformes, anteras 3-4mm
compr., oblongas, poro terminal-ventral, conectivo prolongado 1-1,5mm abaixo das tecas,
C
geralmente inapendiculados, às vezes com apêndice lateralmente bilobulado; ovário 2-2,5 x 22,5mm, ½-ínfero, globoso, 3-locular, glabro; estilete 12-13mm, dilatado no ápice; estigma
capitado. Bacáceos 4-6 x 4-5mm, atropurpúreos, subglobosos, polispérmicos; sementes 21-25,
ca. 2,5 x 2mm, sublenticulariformes a obovadas, às vezes obovado-triangulares, superfície lisa.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha entre a Lombada e
o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 3250, 11.III.2004, fr., (RB); trilha para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 85, 15.VI.2004, fl. (RB); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 87,
15.VI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 123, 25.XI.2004,
fl., (RB);
Miconia sp. nova é uma espécie restrita ao Parque Estadual do Ibitipoca, onde ocorre,
geralmente, em áreas de transição entre o campo rupestre e formações florestais e floresce e
frutifica de novembro a junho.
As principais características diagnósticas desta espécie são a face adaxial da lâmina foliar
bulada, inflorescências em glomérulos, brácteas crassas e profilos involucrais, persistentes ou
tardiamente caducos, nítida variação do número de lacínias do cálice, de 4 a 6, e dos estames, 12
a 19, além do conectivo inapendiculado na maioria das anteras e, às vezes, com dois lóbulos
laterais. Provavelmente, foi a superfície bulada da face adaxial da folha que induziu a
identificação de exemplares coletados no Parque (Fontes 1997) como sendo de Miconia
urophylla DC., uma espécie da seção Hypoxanthus (DC.) Hook. f. (= seção Chaenanthera
(Naudin) Cogn., Goldenberg 2004). Entretanto, suas inflorescências não em glomérulos, brácteas
e profilos não involucrais e a deiscência das anteras como um poro amplo, prolongado para a
base à semelhança de uma rima, a diferencia nitidamente de Miconia sp. nova.
CI
Por apresentar anteras oblongas, com base atenuada, uniporadas e conectivo geralmente
inapendiculado, esta espécie enquadra-se mais adequadamente na seção Glossocentrum. Das
espécies desta seção, aproxima-se de M. cinnerascens Miquel pela lâmina foliar com margem
crenulada a denticulada, face abaxial com indumento constituído de tricomas estrelados e cinco
nervuras acródromas, inflorescências de glomérulos, flores com cinco lacínias no cálice e cinco
pétalas. Entretanto, esta espécie difere, principalmente, pela lâmina foliar com a face adaxial não
bulada e a face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica, brácteas e
profilos não involucrais, flores sésseis, cálice e corola 5-6-meros, 10-12 estames e menor
comprimento (ca. 4mm) do estilete.
Entretanto, observa-se uma inconsistência das circunscrições das seções estabelecidas por
(COGNIAUX (1887-1888), pois características diagnósticas de algumas seções mostram-se
incongruentes com descrições de espécies nelas enquadradas, à semelhança do que
BAUMGRATZ & SOUZA (2004), GOLDENBERG (2004) e WURDACK (1962) salientaram
para esse gênero. Desse modo, pelas inflorescências com ramos não espiciformes, flores
dispostas em glomérulos e anteras oblongas, uniporadas, com conectivo às vezes bilobulado na
base, poderia ser integrada à seção Miconia ser. Glomeratiflorae, próxima a Miconia
warmingiana Cogn., principalmente, pelos pecíolos curtos (0,7-1,4cm), lâmina foliar oblonga,
ápice agudo a atenuado-acuminado, com a face abaxial estrelado-tomentosa e cálice caduco.
Entretanto, esta espécie difere pela face adaxial das folhas não bulada, brácteas e profilos não
involucrais, flores sésseis, pétalas de dimensões menores (1,5-2 x ca. 1mm), cálice pentâmero,
com lobos internos arredondados, estames em número de 10, menor comprimento dos filetes (ca.
2mm), anteras (1,-1,7mm) e estilete (3-4mm) e frutos oligospérmicos.
CII
Figura 16: Miconia chartacea: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - flor; d - hipanto, cálice e
estilete; e - zona do disco e lacínias do cálice; f - estame; g - secção longitudinal do ovário; h - bacáceo; i - sementes
(B. Chiavegatto et al. 11; ramo, R.C. Forzza et al. 3044). Miconia corallina: j – ramo florífero; k - detalhe do
indumento do ramo; l - flor; m - hipanto, cálice e estilete; n - zona do disco e lacínias do cálice; o - estame; p secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 43). Escalas: 2cm: a; 1cm: j; 2mm: b, k; 1mm: c, d, e, f, g, h, i, l,
m, n, o, p.
CIII
d
c
e
f
g
b
g’
a
h
i
m
o
n
l
p
p’
j
q
r
s
Figura 17: Miconia sellowiana: a - ramo florífero; b - folha: face abaxial com domácias; c - flor; d profilo, hipanto e cálice; e - zona do disco e lacínias do cálice; f- lacínias do cálice; g -g´- estame e detalhe do poro;
h-h’ - bacáceo; i - semente (B. Chiavegatto et al. 24). Miconia theaezans: j – ramo florífero; l-m - folha: face
abaxial - base e margem; n - profilo e flor; o - hipanto e cálice; p-p’ - estame e detalhe do poro; q - secção
longitudinal do ovário; r - bacídio; s- semente (R.C. Forzza et al. 1786). Escalas: 1cm: a, k; 1mm: b, c, d, e, f, h, i, j,
k, l, m, n, o, p, q, r; 0,5mm: g, s;
CIV
Figura 18: Miconia sp. nova: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c-d – folha: faces
adaxial e abaxial; e – detalhe de um glomérulo, com brácteas involucrais; f - profilo; g - flor; h - pétala; i - estame; j
– variação morfológica da base do conectivo; k - estigma; l - secção longitudinal do ovário; m - bacáceo; n sementes (B. Chiavegatto et al. 123). Escalas: 1cm: a; 2mm: b, c, d, f, g, h; 1mm: i, j, k, l, m; 0,05: p.
CV
a
b
c
d’
d
Figura 19: a- Miconia corallina; b- Miconia chartacea; c- Miconia sellowiana; d-d’- Miconia sp. nova
hábito e detalhe da inflorescência, respectivamente.
CVI
IV.2.9- Microlicia D. Don, in Mem. Wern. Soc. 4: 301. 1823.
Subarbustos eretos. Indumento nos ramos, hipanto e cálice granuloso-glanduloso e nas
folhas, glanduloso-pontuado. Ramos corimbosos, jovens quadrangulares, adultos cilíndricos
decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis, cartáceas, eretas ou patentes, base atenuada.
Brácteas e profilos ausentes. Flores 5-meras, solitárias; zona do disco glabra; hipanto vinoso,
estreito-campanulado; cálice vinoso, persistente, desprovido de coroa de tricomas, tubo
inconspícuo, lacínias triangular-subuladas, ápice acuminado-apiculado, margem inteira; pétalas
róseas a purpúreas, oblongo-ovadas, ápice arredondado, curto-apiculado; 10 estames, dimórficos,
menores ante-pétalos, anteras vinosas, conectivo prolongado, apêndice ventral inconspícuobilobulado, vinoso, maiores antessépalos, anteras amarelas, conectivo prolongado, apêndice
ventral espatulado, ápice truncado, amarelo, ambos com filetes vinosos, glabros, anteras com
ápice rostrado, poro ventral; ovário livre no interior do hipanto, 3-locular, glabro no ápice,
estilete sigmóide, estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas; sementes oblongas, levemente
curvas no ápice, testa foveolada.
Microlicia fulva (Spreng) Cham., Linnaea 9: 391. 1834.
Rhexia fulva Spreng., Neve Entd. 1 301. Syst. Veget. 2. 308. 1825.
Figs.: 20- a-h; 21- a.
Subarbustos 20-40cm, não cespitosos; entrenós 4-6mm. Indumento nos ramos, folhas,
hipanto e cálice, moderado a esparsamente pubescente. Folhas 2-3 x 3-4mm, oblíquas
ascendentes, não adpressas, oblongas, elípticas, ápice obtuso, curto-apiculado, margem inteira,
ciliolada; 3 nervuras acródromas basais, ambas as faces com nervura central evidente e nervuras
laterais inconspícuas. Flores terminais; pedicelo 2-3mm; hipanto 2-3 x ca. 2mm; lacínias do
cálice 3-4 x 1-2mm, margem ciliada; pétalas 8-9 x 5-6mm; estames ante-pétalos com filetes ca.
CVII
2,5mm, anteras ca. 1,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames
antessépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice
ca. 1mm; ovário ca. 2 x 3mm, estilete 4-5mm. Cápsulas loculicidas 3-4 x 4-5mm; sementes ca.
0,5 x 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, subida para o
Monjolinho, F. R. Salimena s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24683); proximidade da Cantina, R.
C. Forzza et al. 3095, 09.II.2004, fl., fr., (CESJ); entre a Ponte de Pedra e o Camping, R. C.
Forzza et al. 3285, 30.III.2004, fl. fr., (RB); bifurcação Monjolinho e Ponte de Pedra, B.
Chiavegatto et al. 82, 15.VI.2004, fl., fr., (RB);
Microlicia fulva é endêmica do Brasil, ocorre no Distrito Federal e nos estados da Bahia e
Minas Gerais, em ambientes de campo rupestre e cerrado.
No Parque Estadual do Ibitipoca pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo e em
cerrado de altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com exposição direta do sol. Foram
encontrados espécimes com flores e frutos nos meses de fevereiro a junho.
Nas folhas de M. fulva, os tricomas glandulares pontuados parecem estar situados em
depressões na epiderme. Os tricomas pubescentes são muito diminutos, sendo difícil sua
visualização à vista desarmarda.
No fruto, o hipanto rompe-se irregularmente, mesmo antes do rompimento do ovário
maduro, devido a sua consistência membranáceo-translúcida.
Esta espécie difere de M. isophylla principalmente, pelo indumento pubescente, com
tricomas simples, maior largura das folhas e diferentes valores de comprimento dos entrenós em
relação ao comprimento das folhas.
CVIII
Microlicia isophylla DC. Prodr. 3: 120. 1828.
Figs.: 20- i-p;
Subarbustos 60-80cm, cespitosos; entrenós 3-3,5mm. Folhas 3-5 x 1-2mm, imbricadas pela
extremidade apical ou não, estreito-elípticas, ápice agudo a acuminado, margem inteira,
levemente crenulada; 1 nervura acródroma basal, evidente em ambas as faces. Flores axilares, às
vezes terminais; pedicelo 1-2mm; hipanto 1-2 x 2-3mm; lacínias do cálice 1-1,5 x 2-3mm;
pétalas 3-4 x 5-7mm, estames ante-pétalos com filetes 2-3mm, anteras 1-1,5mm, conectivo
prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames ante-sépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras
ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2,5mm, apêndice ca. 1mm; ovário 2-2,5 x 2-2,5mm, estilete
4-5mm. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, vinosas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8650); sob candeia, R. C. Oliveira s.n., 08.VII.1990, fl., fr., (CESJ
25195); na trilha para a Ponte de Pedra, M. Eiterer et al. 18, 22.XI.1992, fl., (CESJ); campo
rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fl., fr., (CESJ 36545); aceiro leste, R. C. Forzza et al.
1808, 09.II.2001, fl., (RB); na estrada próxima a Gruta dos Coelhos, B. Chiavegatto et al. 28,
22.II.2002, fl., (CESJ); caminho para o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 2440, 18.X.2003, fl., fr.,
(RB); atrás do prédio da Polícia Florestal, L. Menini Neto et al. 100, 04.II.2004, fl., (RB);
Microlicia isophylla é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre, campo de altitude e
cerrado.
CIX
No Parque, esta espécie pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo e cerrado de
altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com alta incidência solar. Foram coletados
espécimes com flores e frutos nos meses de outubro a agosto.
Microlicia isophylla difere de M. fulva, principalmente, por apresentar somente tricomas
glandulares sésseis. É reconhecida pelo padrão de distribuição das folhas ao longo dos ramos, em
que as folhas apresentam o mesmo comprimento ou são um pouco maiores que os entre-nós.
A flor terminal pode parecer corresponder a flor central de um dicásio, porque logo abaixo
das flores axilares adjacente ao pedicelo, o ramo continua seu crescimento indeterminado.
CX
IV.2.10- Siphanthera Pohl, Pl. Bras. Ic. 1: 102, t. 84, 85. 1827.
Siphanthera arenaria (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(3): 193. 1883.
Meisneria arenaria DC. Prodr. 3: 114. 1828.
Figs.: 20- q-y; 21- b.
Ervas 9-40cm, parcialmente prostradas e eretas, às vezes cespitosas; geralmente com raízes
adventícias. Indumento nas porções prostradas dos ramos a até cerca de 1/5-inferior da porção
ereta, densamente viloso, ferrugíneo, esparsamente piloso glanduloso vináceo, nas porções eretas
dos ramos, folhas, hipanto e cálice, cabeça glandular ás vezes caduca. Ramos tetragonais, 4subcostados. Folhas sésseis ou até 1,6mm pecioladas, neste caso restritas às porções prostradas
dos ramos até ca. 1/5-inferior da porção ereta; lâmina 3-16 x 1-10mm, discolor, ou não, face
adaxial verde, face abaxial vinosa, membranácea, ovada a elíptica, base arredonda a obtusa,
ápice agudo, glanduloso-apiculado, margem levemente serreada; 3 nervuras acródromas basais,
as laterais de desenvolvimento imperfeito, inconspícuas na face adaxial e tênues na face abaxial.
Tirsóides de cimeiras 5-18cm, terminais, bracteosos ou também com flores isoladas; pedúnculo
1,5-4cm; brácteas foliáceas 4-8 x 3-6mm, elípticas, ápice agudo, margem levemente serreada,
persistentes; profilos ausentes. Flores 4-meras; pedicelo 3-4mm, hipanto 3-4 x 3-4mm, vinoso,
tubuloso; zona do disco glabra; cálice vinoso, persistente, lacínias 2-3 x 3-4mm, largotriangulares, ápice acuminado, glandular-apiculado; pétalas 4-5 x 4-5mm, róseas, obovadas; 8
estames, amarelos, de dois tamanhos, dimórficos, ante-pétalos menores, filetes ca. 2mm, glabros,
anteras ca. 2mm, ápice com rostro curto cilíndrico, poro terminal, conectivo prolongado ca.
1mm, apêndice ventral bilobulado, antessépalos maiores, filetes ca. 3mm, glabros, anteras ca.
3mm, ápice com rostro cilíndrico, poro terminal, conectivo inconspícuamente prolongado,
apêndice ventral bilobulado; ovário 2-3mm, livre no interior do hipanto, 2-locular, glabro,
CXI
estilete 4-5mm, amarelo, glabro, estigma capitado. Velatídios 4-5 x 4-5mm; sementes ca. 0,5 x
1mm, oblongo-obovadas, testa costado-reticulada.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Monjolinho, F. R.
Salimena et al. s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24669); caminho para Cachoeira dos macacos, F.
R. S. Pires et al. s.n., 29.VI.1991, fl., (CESJ 25335); na trilha para Cachoeirinha, M. Eiterer et
al. 74, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ); no campo rupestre encharcável sazonalmente, L. G. Rodela
Q8-184, III.1996, fl., fr., (CESJ); na Lagoa Seca, M. A. Heluey et al. 12, 10.XII.2000, fl., fr.,
(CESJ); no campo encharcável, M. A. Heluey et al. 54, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima à
Lagoa Seca, R. C. Forzza et al. 1838, 10.II.2001, fl., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M. A.
Heluey et al.101, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 118, 19.V.2001, fl., (CESJ); M.
A. Heluey et al. 128, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A.
Heluey et al. 143, 19.V.2001, fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 63,
24.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 89, 16.VI.2004, fl., (RB); no
alto da Cachoeirinha, E. Medeiros et al. 322, 30.VI.2004, fl., fr., (RB);
Siphanthera arenaria é uma espécie endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais,
sendo registrada pela primeira vez no Parque Estadual do Ibitipoca, onde são encontradas,
principalmente, em campo rupestre arbustivo, próximas aos cursos d’água, em solo raso,
arenoso, úmido, com alta incidência solar e também freqüentemente em locais encharcados
sazonalmente. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de dezembro a junho.
São, geralmente, plantas herbáceas, prostradas e eretas, podendo ser cespitosas, com ramos
e folhas vinosos, com presença de tricomas glandulares e vilosos.
CXII
Siphanthera arenaria apresenta propagação vegetativa formando clones, aparentemente
através de rizomas que se formam predominantemente na porção basal, onde se observa a
abundância do indumento viloso.
Esta espécie enquadra-se na seção Mesneria (DC.) Hooker, pelas flores pediceladas, com
oito estames, sendo quatro menores e pelo conectivo prolongado abaixo das tecas.
CXIII
Figura 20: Microlicia fulva: a – ramo florífero; b - folha; c - flor; d - hipanto e cálice; e-e’ - estame ante-pétalo e
detalhe do poro; f – estame antessépalo; g - secção longitudinal do ovário; h – cápsula loculicida (B. Chiavegatto et
al. 82). Microlicia isophylla: i – ramo florífero; j - folha; k - flor; l - profilo, hipanto e cálice; m - estame antepétalo; n – estame antessépalo; o - fruto; p - semente (B. Chiavegatto et al. 28). Siphanthera arenaria: q - ramo
florífero; r - folha; s - flor; t - hipanto e cálice; u - estame ante-pétalo; v – estame antessépalo e detalhe do poro; w secção longitudinal do ovário; x - velatídio; y - semente (B. Chiavegatto et al. 97). Escalas: 1cm: a, i, q; 2mm: b, c,
d, o, 1mm: e, f, g, h, j, k, l, m, n, q, r, s, t, u, v, x; 0,5mm: p, y.
CXIV
a
b’
Figura 21: a- Microlicia fulva; b-b’- Siphanthera arenaria na paisagem e detalhe da flor,
respectivamente.
CXV
b
IV.2.11- Tibouchina Aubl. Pl. Gui. 1: 445. t. 177. 1775.
Arbustos ou ervas. Folhas pecioladas, nervuras acródromas basais, estas e nervuras
secundárias impressas na face adaxial, proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos caducos.
Inflorescências ou flores solitárias, terminais. Flores 5-meras; hipanto campanulado; zona do
disco glabra; lacínias do cálice unilobadas; pétalas roxas, ás vezes róseo-arroxeadas, obovadas,
ápice arredondado, assimétrico ou também levemente emarginado e curto apiculado; 10 estames,
de dois tamanhos, maiores antessépalos, menores ante-pétalos, subisomórficos ou dimórficos,
anteras rugosas, ápice subulado, não abruptamente estreitado, poro ventral, conectivo prolongado
abaixo das tecas, apêndices ventrais; ovário 5-locular parcialmente adnato ao hipanto através de
septos para o ápice. Frutos capsulares, dos tipos velatídio ou ruptídio, polispérmico; sementes
cocleares, testa granulosa.
Tibouchina collina (Naudin) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 318. 1885.
Lasiandra collina Naudin, Ann. Sci. Nat., ser. 3, 13(3): 148. 1850.
Figs.: 22- a-j; 24- e.
Arbustos 1-2m. Ramos quadrangulares, ramificados, decorticantes quando adultos,
densamente hirsuto e pubescente-glandulosos, cabeça glandular cedo caduca. Folhas com
pecíolos 2-3mm, sulcados na face adaxial; lâmina 8-28 x 6-29mm, subcoriácea a coriácea,
estreito ovada a orbicular, base cordada a arredondada, ápice agudo-arredondado, curtoacuminado ou não, margem crenulada, estriguloso-ciliolado-adpressa, revoluta, face adaxial
granuloso-glandulosa
entre
os
sulcos
das
nervuras
e
bulado-estrigulosa,
tricomas
pluriramificados na base, ramificações adpressas, face abaxial hirsuta e pubescente-glandulosa,
com depressões, não reticulada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimas de dicásios, dicásios
simples ou flores solitárias, terminais, sésseis, ou pedúnculo 5-11cm; brácteas 2-3 x 2-3cm,
CXVI
involucrais, vinosas, cuculadas, obovadas, face adaxial densamente hirsuto e pubescenteglandulosa, cabeça glandular cedo caduca, face abaxial glabra. Flores com pedicelo ca. 2mm;
hipanto 4-5 x 8-10mm, região mediana estriguloso-glandulosa, cabeça glandular caduca; cálice
vinoso, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 4-5mm, triangulares, ápice agudo-apiculado, margem
ciliado-glandulosa, face adaxial na região mediana estriguloso-glandulosa, cabeça glandular
caduca, para os bordos hirsuto-glandulosa, face abaxial glabra; pétalas 15-17 x 16-18mm,
margem esparsamente pubescente; estames antessépalos, filetes 6-7mm, pubescente-glandulosos,
anteras 3-4mm, oblongas, ápice arredondado, conectivo prolongado ca. 2mm, curvo, apêndice
ventral inconspicuamente lobulado, estames ante-pétalos com filetes 3-4mm, pubescenteglandulosos, anteras 3-4mm, oblongas, ápice obtuso, conectivo prolongado ca. 1mm, geniculado,
apêndice ventral nitidamente biauriculado; ovário 3-6 x 5-8mm, ½-1/3-ínfero, seríceoglanduloso no ápice, estilete 6-7mm, glabro ou esparsamente pubescente-glanduloso, estigma
punctiforme. Velatídios 7-8 x 8-10mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671); nos campos altos, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ
14585, RB); M. Brügger s.n., 14.VII.1977, fl., (CESJ 17409); Morro da Lombada, L. G. Rodela
Q4-84, 16.II.1996, fl., (CESJ); área do Camping, M. A. Manhães 26, 06.VII.1999, fl., fr.,
(CESJ); próxima ao Pico do Pião, M. A. Heluey et al. 53, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no
campo encharcável, M. A. Heluey et al. 115, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no caminho entre o
Pico do Pião e a Pedra do Gavião, R. M. Castro et al. 366, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); acima da
entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 12, 01.XII.2001, fl., (CESJ); acima da
Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 40, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); em frenta a Casa de
Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 46, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na Ponte de Pedra, B. Chiavegatto
CXVII
et al. 56, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 88, 16.VI.2004, fl.,
(CESJ);
Material Adicional: Serra do Ibitipoca e Serra Negra, A. St-Hilaire 236, fl. (P, Síntipo),
Serra do Ibitipoca e Serra Negra, A. St-Hilaire 67, fl., (P, Parátipo).
Tibouchina collina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais e São
Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.
Amplamente distribuída por toda região de campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude
no Parque, ocorrendo em solos rasos e arenosos a até sobre solos mais profundos, com muita
inscidência solar ou raramente em locais sombreados. Foram coletados espécimes com flores e
frutos nos meses de dezembro a julho.
No campo, T. collina pode se facilmente identificada pela base de suas folhas cordadas e
inflorescências com poucas flores grandes e vistosas. Foi observado que as pétalas são ingeridas
por pássaros.
A coleção estudada estava equivocadamente identificada como Tibouchina cardinalis, da
qual se distingue pelo tipo de indumento glanduloso, face adaxial da lâmina foliar bulada,
estames dimórficos, pelo estilete curto, glabro ou esparsamente pubescente-glanduloso e brácteas
involucrais e de maiores dimensões.
Os espécimes tipos representativos de T. collina foram coletados no Parque Estadual do
Ibitipoca por St. Hilaire e Langsdorff de acordo com COGNIAUX (1883-88) na Flora
Brasiliensis.
Tibouchina collina é muito afim de T. vauthieri Cogn. sendo distinta por características
pouco consistentes, de limites frágeis que geralmente se sobrepõem, como por exemplo número
CXVIII
de nervuras acródromas e forma da base da lâmina foliar e tipo de indumento. As características
observadas nos espécimes do Parque estão de acordo com exemplares tipo de T. collina
analisados (P). Defende-se que essas duas espécies possam corresponder a um único táxon, mas
somente após análise da coleção tipo de T. vauthieri, poderá ser efetivada uma sinonimização.
Tibouchina frigidula (DC.) Cogn. in Mart. & Eicher, Fl. bras. 14(3): 328. 1885.
Lasiandra frigidula DC., Prodr. 3: 127. 1828.
Figs.: 22- s-w; 24- b.
Arbustos ou subarbustos 0,4-1m. Indumento nos ramos, inflorescência, profilos e hipanto,
nervuras acródromas na face abaxial da lâmina foliar e porção basal e mediana das lacínias do
cálice, esparsamente adpresso estriguloso, tricomas ramificado na base, Ramos quadrangulares a
subcilíndricos ou 3-angulosos para base, simples, raramente ramificadas nas porções apicais.
Folhas freqüentemente ternadas, quando opostas próximas à base da inflorescência, sésseis a ca.
1mm pecioladas; lâmina 1,5-10 x 0,8-6,5cm, elíptica a oblonga, às vezes estreito-obovada, base
arredondada a subcordada, ápice agudo a acuminado, margem crenulada, estrigoso-adpressa,
espessada, revoluta, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3(5) nervuras
acródromas basais, par marginal inconspícuo e confluente ou não ao par interno na base.
Tirsóides de dicásios, díades e/ou mônades 3,5-20cm, ramos opostos ou ternados, terminais,
sésseis; brácteas ausentes, profilos 10-12 x 7-8mm, vinosos, oblongo-elípticos, navicularcuculados, face abaxial glabra. Flores com pedicelo 3-4mm; hipanto 6-7 x 7-8mm; cálice
caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 8-16 x 7-10mm, oblongo-obovadas, ápice arredondado, estrigosa
na porção mediana, margem ciliolada; pétalas 10-23 x 8-18mm, margem levemente ciliolada;
estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 78mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na face adaxial, anteras linearCXIX
subuladas, falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 5-6
x 5-6mm, ½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios
6-7 x 4-5mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a Ponte de
Pedra, M. Eiterer et al. 44, 22.II.1992, fl., (CESJ); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto
et al. 22, 02.XII.2001, fr., (CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 31, 02.II.2002,
fl., (CESJ); subida para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 37, 03.II.2002, fl., (CESJ);
subida para Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 38, 03.II.2002, fl., (CESJ);subida para a
Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1049, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das
Bromélias, F. R. Salimena et al. 1050, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias,
F. R. Salimena et al. 1051, 19.V.2002, fl., fr., (CESJ);
Tibouchina frigidula é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná em ambientes de campo rupestre, cerrado e campo de altidude.
Ocorre ocasionalmente no Parque, encontrada no campo rupestre arbustivo e cerrado de
altitude, geralmente em solos mais profundos e locais sombreados. Foram coletados espécimes
com flores e frutos nos meses de dezembro a maio.
Muito semelhante à T. martiusiana, principalmente pelo tipo de indumento, características
do estame, gineceu e fruto. Entretanto, T. frigidula difere, a princípio, pela nítida ramificação dos
ramos nas porções apicais, principalmente quando em floração, cujo conjunto floral complexo
pode ser caracterizado como uma sinflorescência terminal, e pelas menores dimensões dos
profilos, lacínias do cálice e pétalas. Analisando-se outras coleções do herbário RB para as duas
CXX
espécies, pode-se reforçar o comentário acima, uma vez que essas características diagnósticas
para a distinção das espécies têm se mantido.
A fragilidade nos limites das circunscrições dessas duas espécies também pode ser
observada no trabalho de COGNIAUX (1885), onde os caracteres usados para distinguí-las,
como filotaxia e pilosidade, se sobrepõem. Por esta razão, futuros estudos com base em material
tipo devem ser conduzidos, a fim de se reavaliar a autonomia de ambos os táxons.
Alguns espécimes estavam identificados equivocadamente como T. melastomoides, espécie
muito distinta, principalmente, pela densidade dos tricomas e pelo conjunto de brácteas. Esta
espécie pertence à seção Pleroma, diferentemente de T. frigidula integrada na seção
Involucrales.
Tibouchina heteromalla (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 336. 1885.
Melastoma heteromalla D.Don, Bot. Regist, tab. 644. 1823.
Figs.: 22.: k-r; 24- c.
Arbustos 0,5-2m. Indumento nos ramos, brácteas, inflorescências, profilos, hipanto e
cálice, híspido-seríceo, tricomas adpressos, vinosos nos ramos jovens. Ramos tetragonais,
angulosos, ramificados. Folhas com pecíolos 0,3-2,8cm, sulcados; lâmina 5,5-12,5 x 3,0-6,5cm,
discolor, face adaxial verde-escura, face abaxial verde-clara, cartácea, elíptica, ápice agudo a
arredondado, base arredondada a subcordada, raramente obtusa, margem crenulado-ciliolada,
face adaxial bulada, densamente serícea a hispídulo-setulosa, tricomas alvos, vinosos adpressos
na margem, face abaxial foveolado-reticulada, viloso-serícea, hispídulo-seríceo ao longo das
nervuras, tricomas alvos, adpressos; 5 nervuras acródromas basais. Tirsóides 12-24cm,
terminais; pedúnculo 10-12cm; brácteas 7-8 x 4-5mm, involucrais nos botões, lanceoladas,
côncavas, ápice agudo; profilos 3-4 x 2-3mm, cuculados, lanceolados, ápice agudo. Flores com
CXXI
pedicelo 3-4mm; hipanto 8-9 x 4-7mm, densamente seríceo-adpresso; tubo do cálice ca. 1mm,
lacínias 6-7 x 4-5mm, triangulares, ápice acuminado; pétalas 13-17 x 12-15mm, base
unguiculada, alva a vinosa, margem levemente ciliolada; estames roxos, antessépalos com filetes
6-7mm, anteras 6-7mm, conectivo prolongado ca. 1mm, setuloso-glandular, apêndice ventral
biauriculado, ante-pétalos com filetes 5-6mm, anteras 4-5mm, conectivo prolongado ca. 0,5mm,
apêndice ventral geniculado, inconspícuo bilobulado, ambos com filetes setulosos na base,
anteras linear-subuladas; ovário 7-9 x 3-6mm, 1/3-ínfero, seríceo no ápice, estilete 5-8mm,
setuloso, curvo na extremidade apical, estigma capitado. Ruptídios 10-15 x 6-8cm; sementes ca.
0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8633); no campo, L. Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671);
lugares mais abrigados, M. Brügger s.n., 23.III.1978, fl., (CESJ 17410); no campo rupestre, F. R.
Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24675); trilha para a Cahoeirinha, M. Eiterer et al. 75,
23.II.1992, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela 2C1, VIII.1998, fl., (CESJ); campo
rupestre em solo arenoso com encharcamento sazonal, L. G. Rodela (1c-6), XII.1998, fr., (CESJ,
RB); F. S. Araújo et al. 16, 09.II.2001, fl., (CESJ); campo encharcado, F. S. Araújo et al. 35,
10.II.2001, fl., (CESJ); próxima à Cantina, B. Chiavegatto et al. 19, 02.XII.2001, fl., (CESJ);
próxima ao Camping, B. Chiavegatto et al. 34, 03.II.2002, fl., (CESJ); subida para o Lago dos
Espelhos, B. Chiavegatto et al. 60, 24.III.2002, fl., (CESJ);
Tibouchina heteromalla é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados do Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes
campestres e florestais.
CXXII
No Parque, esta espécie ocorre amplamente distribuída por toda região de campo rupestre e
cerrado de altitude, geralmente em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Foram
coletados materiais com flores e frutos nos meses de agosto a março.
Tibouchina heteromalla pode ser facilmente reconhecida pelo indumento viloso-seríceo na
face abaxial das folhas, produzindo um reflexo prateado que, juntamente com os tricomas
vinosos e as flores roxas, fazem com que os espécimes se destaquem na paisagem.
O material havia sido identificado equivocadamente como T. adenostemom e T.
holosericea, sendo o primeiro nome sinônimo de T. heteromalla. Esta espécie difere de T.
holosericea pelo tamanho do pecíolo e pela presença de tricomas glandulares no conectivo,
enquanto T. holosericea possui folhas subsésseis e conectivo glabro, além de ter sido
sinonimizada sob T. clavata.
Tibouchina hieracioides (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 389-390.
1885.
Chaetogastra hieracioides DC., Prodr 3: 133. 1828.
Figs.: 23- h-m; 24- d.
Ervas 28-40cm; raízes adventícias presentes. Indumento nos ramos, folhas, inflorescência,
brácteas, hipanto e cálice, moderada a densamente hirsuto e/ou hirsuto-glanduloso, nigrescente,.
Ramos tetragonais, costados, simples, não ramificados. Folhas sésseis até 4mm pecioladas;
lâmina 2,5-7 x 2,8-3,7cm, membranácea, elíptica a ovada, base subcordada a arredondada, ápice
agudo, margem inteira, hirsuto-ciliada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimóides de dicásios e
mônades, 4,8-9,5cm, terminais; pedúnculo 9-10cm, com invólucro de brácteas e/ou profilos
rosulados na base dos agrupamentos florais; brácteas foliáceas 15-20 x 8-15mm; profilos 4-5 x
2-3mm, lanceolados, margem inteira, ciliada. Flores com pedicelo ca. 4mm; hipanto 8-10 x 6CXXIII
7mm; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 3-4mm, vinosas a róseas, triangulares,
ápice acuminado, margem inteira, ciliada; pétalas 16-18 x 15-16mm, róseo-arroxeadas, margem
ciliolada; estames antessépalos com filetes 7-8mm, anteras 8-9mm, conectivo prolongado ca.
1mm, apêndice ventral biauriculado, estames ante-pétalos com filetes 7-8mm, anteras 6mm,
conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice ventral bilobado, ambos com filetes roxos, glabros,
anteras amarelas, linear-subuladas; ovário 3-4 x 3-4mm, 1/3-¼-ínfero, setuloso no ápice, estilete
14-15mm, flexuoso, roxo, glabro, estigma capitado. Ruptídios 10-12 x 6-7mm, urceolados;
sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a gruta das
Bromélias, M. Eiterer et al. 15, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); acima da Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 42, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na subida para a Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 119, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B.
Chiavegatto et al. 122, 24.XI.2004, fl., (RB);
Material adicional: Minas Gerais, entre São João D’El Rey e Piedade, E. Pereira & Pabist
3175, 26.IV.1957, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schawacke 10031, XII.1893, fl., fr., (RB);
Carandaí, campo seco, A. P. Duarte s.n., 25.XI.1940, fl., fr., (RB 60427); Campos Posto 516,
XII.1916, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schwacke 9946, XII.1893, fr., (RB);
Tibouchina hieracioires é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.
Espécie encontrada muito esporadicamente no Parque, apenas em região de campo
rupestre arbustivo, mais especificamente, na trilha para a Gruta das Bromélias, sobre solos mais
CXXIV
profundos e em local sombreado. Geralmente está camuflada por gramíneas, o que dificulta sua
localização, sendo visível somente no período de floração, pelo contraste de suas pétalas roxas e
anteras amarelas com o verde da vegetação ao redor. Foram encontrados espécimes com flores
nos meses de novembro a fevereiro e frutos nos meses de fevereiro a março.
Planta herbácea, facilmente reconhecida por seu pequeno porte, indumento nigrescente e
pelos estames com anteras amarelas.
Foi observado no campo e em material de herbário, que T. hieracioides apresenta
propagação vegetativa, formando clones aparentemente por meio de rizomas.
Tibouchina martiusiana (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 327. 1885.
Lasiandra martiusiana DC., Prodr. 3: 127. 1828.
Figs.: 23- a-g.
Arbustos 1-2 m. Indumento nos ramos, inflorescência, profilos, hipanto, face abaxial
sobre as nervuras acródromas das folhas e brácteas foliáceas e porção basal e mediana das
lacínias do cálice, esparsamente estriguloso-adpresso, tricomas com ramificação na base. Ramos
subcilíndricos para base e subtetragonais para o ápice, ramificados nas porções apicais. Folhas
opostas, sésseis a ca. 0,2mm pecioladas; lâmina 1,2-5 x 0,8-2,7cm, cartácea, elíptica a ovada,
raramente oblonga, base arredondada a subcordada, ápice agudo a obtuso, margem crenulada,
espessada, estriguloso-adpressa, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3-5 nervuras
acródromas basais, par marginal inconspícuo e confluente ao par interno na base.
Sinflorescências de metabotrióides, 6-16cm, terminais; pedúnculo 5-8cm; brácteas foliáceas 7-10
x 4-15mm, persistentes ou tardiamente caducas, face adaxial glabra; profilos 5-6 x 4-5mm,
elíptico-ovados, côncavos, margem ciliada, face adaxial glabra. Flores com pedicelo 7mm;
hipanto 6-7 x 5-6mm; cálice caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 5-6 x 3-4mm, vinosas, ovadoCXXV
oblongas, ápice arredondado, margem ciliolada; pétalas 10-12 x 10-12mm, margem ciliolada;
estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 78mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na base, antera linear-subulada,
falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 4-5 x 4-5mm,
½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios 6-7 x 56mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, L. Krieger s.n.,
14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8532, RB); na subida para a Pedra do gavião, R. M. Castro et al. 368,
19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 47,
23.III.2002, fl., (CESJ);
Tibouchina martiusiana é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.
Esta espécie é esporádica no Parque, em região apenas de campo rupestre arbustivo. Foram
encontrados espécimes com flores e frutos nos meses de março a maio.
Aproxima-se à T. frigidula como já citado anteriormente nos comentário desta espécie.
Foi observado muito raramente, em outras coleções do RB, com espécimes não coletados
no Parque, folhas ternadas, e quando isto ocorre, estas estão nas porções mais basais dos ramos.
O tipo de tricoma com uma ramificação basal assemelhando-se a um cálcar encontrado
nesta espécie, foi também encontrado em outras espécies de Tibouchina BAUMGRATZ et al.
inédito)
CXXVI
Tibouchina semidecandra (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl.
bras. 14(3): 309-310. 1885.
Lasiandra semidecandra Schrank & Mart. ex DC. Prodr 3: 129. 1828.
Figs.: 23- n-t; 24- a.
Arbustos 1-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial das brácteas, hipanto e lacínias
do cálice, densamente estriguloso-seríceo, creme-amarelado. Ramos tetragonais, ramificados, 4angulosos, decorticantes quando adultos. Folhas opostas, pecíolos 0,3-0,8cm; lâmina 2-6,2 x 13,2cm, discolor, face adaxial rósea a vinosa, face abaxial verde, elíptica a ovada, base obtusa a
arredondado-truncada, ápice agudo a acuminado, margem crenulada, estriguloso-ciliolada,
tricomas adpressos, esparsamente glanduloso-pontuado, face adaxial densamente bulado, setoso
ao longo das nervuras acródromas, setuloso-estrigosa no restante da lâmina, face abaxial
reticulado-foveolada quando jovem, pontuado-escavada quando adulta; 5-nervuras acródromas
par interno basal, par marginal suprabasal e confluente ao par interno. Flores isoladas, ás vezes
aparentemente reunidas em cimóides trifloros, terminais; brácteas, 8-9 x 9-10mm, involucrais,
vinosas, cuculadas, ovadas a orbiculares, ápice arredondado, margem inteira ciliolada, face
adaxial glabra. Flores com pedicelo 7-8mm; hipanto 9-8 x 5-10mm; tubo do cálice ca. 2mm,
lacínias 13-15 x 6-8mm, oblongo a levemente obovada, acentuadamente assimétricas, ápice
subfalcado; pétalas 23-25 x 28-30mm, margem ciliolado-glandulosa, base unguiculada alva,
estames antessépalos com filetes 16-17mm, moderadamente setuloso e pubescente-glandulosos,
anteras 10-11mm, lanceolado-subuladas, sigmóides, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice
biligulado, antepétalos, com filetes 10-11mm, moderadamente setuloso e pubescenteglandulosos, anteras ca. 10mm, lanceolado-subuladas, sigmóides, conectivo prolongado ca.
1mm, apêndice ventral biauriculado, não geniculado; ovário 8-9 x 3-5mm, ½-ínfero, setuloso no
CXXVII
ápice, estilete 23-25mm, lilás, setuloso-glanduloso para base, estigma capitado. Velatídios 10-12
x 15-16mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo ao Pico do Pião,
L. G. Rodela (Q8-180), 22.III.1996, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela (3d-2), IX.1998,
fr., (CESJ, RB); no campo encharcável, Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 69, 24.III.2001,
fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 121, 19.V.2001, fr., (CESJ, RB); solo úmido, M. A. Heluey et
al. 153, 23.VI.2001, fl., (CESJ); mata ciliar, no Piscinão, B. Chiavegatto et al. 54, 23.III.2002,
fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 61, 24.III.2002, fl., (CESJ); no Lago
dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 64, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha entre a gruta do Fugitivo e
Cascatinha, R. C. Forzza et al. 3189, 11.III.2004, fl., (RB);
Tibouchina semidecandra é Endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, principalmente, em ambientes de campo rupestre e
campo de altitude.
No Parque, ocorre de modo esparso, em campo rupestre stricto sensu, geralmente acima
de 1000m/s.m., em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Pode ocorrer também em
áreas com encharcamento sazonal. Foram coletados exemplares com flores e frutos nos meses de
setembro a maio.
Alguns exemplares desta espécie estavam equivocadamente determinados como T.
vauthieri.
CXXVIII
Figura 22: Tibouchina collina: a - ramo florífero; b – lâmina foliar: detalhe da face adaxial; c- botão floral e
brácteas; d - hipanto e cálice; e -e’ - estame antessépalo e detalhe do poro; f-f’ - estame ante-pétalo e detalhe do
poro; g - secção longitudinal do ovário; h - secção transversal do ovário; i - velatídio; j - semente (B. Chiavegatto et
al. 88). Tibouchina heteromalla: k – ramo florífero; l - botão floral e brácteas; m - flor; n - hipanto e cálice; o estame antessépalo; p – estame ante-pételo; q - estilete; r - ruptídio (B. Chiavegatto et al. 60). Tibouchina frigidula:
s– ramo florífero; t - botão floral e brácteas; u - hipanto e cálice; v - estame antessépalo; w– estame ante-pétalo (B.
Chiavegatto et al. 38). Escalas: 2cm: a, r; 1cm: j; 3mm: b, l; 2mm: c, d, e, f, g, g, i, k, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w.
CXXIX
d’
b
d
e
g
c
a
f
p
j
i
m
o
n
s
k
h
l
q
r
t
Figura 23: Tibouchina martiusiana: a – ramo florífero; b - botão floral e brácteas; c - hipanto, cálice e estilete; dd’ - estame antessépalo e detalhe do poro; e – estame ante-pétalo; f - velatídio; f - semente (B. Chiavegatto et al. 47).
Tibouchina hieracioides: h – ramo florífero; i - bráctea; j - hipanto e cálice; k - estame ante-pétalo; l – estame
antessépalo; m - secção longitudial do ovário e estilete (B. Chiavegatto et al. 119). Tibouchina semidecandra: n –
ramo florífero; o – detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; p - bráctea; q - estame ante-pétalo; r –
estame antessépalo; s- velatídio; t - semente (B.Chiavegatto et al. 64). Escalas: 2cm: h; 1cm: a, n; 3mm: q, r; 2mm:
b, c, d, e, f, g, i, j, k, l, m, n, o, p, s,; 0,5mm: t.
CXXX
;
CXXXI
IV.2.12- Trembleya DC. Prodr. 3: 125. 1828.
Arbustos. Ramos jovens quadrangulares, adultos subcilíndricos, nodosos, 4-costados,
decorticantes. Folhas face adaxial com nervuras acródromas impressas e secundárias pouco
evidentes, face abaxial com nervuras acródromas salientes. Inflorescências terminais; brácteas e
profilos persistentes. Flores 5-meras; zona do disco glabra; hipanto campanulado, membranáceo,
translúcido; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias unilobadas; pétalas obovadas, alvas a alvorosadas; 10 estames, de dois tamanhos, dimórficos, maiores antessépalos, menores ante-pétalos,
filetes glabros, anteras com ápice rostrado, poro terminal, conectivo prolongado abaixo das teças,
apêndices ventrais; ovário 5-locular, livre no interior do hipanto, glabro, estilete glabro, estigma
punctiforme. Frutos capsulares dos tipos cápulas loculicida e ruptídio, polispérmicos; sementes
oblongas, curvas para o ápice, superfície alveolada.
Trembleya parviflora (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 127. 1883.
Meriania parviflora D.Don, Men. Wern. Soc. 4(2): 323. 1823.
Figs.: 24- d; 25- a-h.
Arbustos 0,5-2,5m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,
inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e cálice, pubescentes glanduloso-pontuado. Folhas
com pecíolos 7-11mm, sulcados na face adaxial; lâmina 13-58 x 8-23mm, discolor, elíptica, face
adaxial verde, face abaxial canescente, oblonga a obovada, cartácea, base aguda, ápice
arredondado a obtuso, margem inteira, revoluta, face abaxial também densamente revestida de
tricomas glandulosos-papiliformes; 3 nervuras acródromas basais. Sinflorescências de dicásios,
39-44mm, frondo-bracteosas; pedúnculo 2-5mm; brácteas 3-6 x 1-2mm, espatuladas, ápice
arredondado, margem inteira; profilos 2-2,5 x 1-1,5mm, linear-obovados, ápice arredondado,
margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 3-4 x 3-4mm, 10-estriado; lacínias do
CXXXII
cálice 2-3 x 2-3mm, triangulares, ápice apiculado-acuminado; pétalas 5-6 x 5-6mm, ápice
arredondado, margem glanduloso-ciliolada, tricomas caducos; estames ante-pétalos com filetes
ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, amarelo,
espatulado, ápice emarginado, estame antessépalo com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca.
2mm, vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice vinoso, bilobulado; ovário 3-4 x 2,53mm, estilete ca. 3mm, vinoso. Cápsulas loculicidas 3-4 x 3,5-4,5mm; sementes ca. 0,05 x
0,1mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na beira da mata, L.
Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8670); campo, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ
14544); beira da mata e campo, L. Krieger CESJ, 14.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17411); sobre
arenito, P. I. Braga s.n., 10.VIII.1986, fl., fr., (CESJ 21222); na beira da mata, R. C. Oliveira
s.n., 08.VII.1990, fl., (CESJ 25197); Monjolinho, F. R. Salimena CESJ 24677, 19.V.1991, fl.,
(CESJ); trilha para o Pico do Pião, M. Eiterer et al. 54, 23.II.1992, fl., (CESJ); no campo
rupestre, F. R. Salimena s.n., 13.X.1993, fl., (CESJ 27412); campo cerrado, L. G. Rodela 7b-3,
IX.1998, fl., fr., (CESJ);próximo ao Pico do pião, M. A. Heluey et al. 49, 10.II.2001, fl., fr.,
(CESJ); no campo rupestre arbustivo, M. A. Heluey et al. 114, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); no
campo encharcável, M. A. Heluey et al. 108, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 122,
19.V.2001, fl., fr., (CESJ); solo úmido, M. A. Heluey et al. 155, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); na
borda da mata nebular, M. A. Heluey et al. 217, 25.III.2001, fl. (CESJ); à esquerda do atalho que
sobe do Centro de Informações em direção à Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al 1042,
18.V.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 91, 16.VI.2004, fl., (RB);
CXXXIII
Tremblaya parviflora é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Goiás,
Distrito Federal, Minas Gerais, espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, em campo
rupestre, campo de altitude, cerrado e em florestas pluviais.
Encontrada em todas as formações campestres do Parque, principalmente no cerrado de
altitude e, além de também em campos rupestres arbustivos e campo rupestre sensu stricto,
formando grandes populações. Apresenta propagação vegetativa formando clones por meio de
estruturas subterrâneas, possivelmente rizomas. Foram coletados espécimes com flores e frutos
comcomitantemente durante todo o ano.
Trembleya phlogiformis DC., Prodr. 3: 126. 1828.
Fig.: 25- i-p.
Arbustos a subarbustos 0,5-0,8m. Indumento nos ramos, folhas, inflorescência, brácteas,
profilos, hipanto, cálice, moderadamente setuloso-glanduloso tricomas pedicelados. Folhas
sésseis a ca. 1mm pecioladas; lâmina 15-51 x 2,5-11mm, verde concolor, membranácea, linearelíptica, base aguda a obtusa, ápice agudo, margem serrulada para o ápice e inteira para base; 5
nervuras acródromas ca. 4mm suprabasais, par marginal tênue, evidente na base. Dicásio simples
15mm, sésseis; brácteas 5-7 x 1-3mm, elípticas, ápice agudo, margem inteira; profilos 1-3 x 12mm, crassos, elípticos, ápice agudo, margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 2-3
x 2-3mm, urceolado na frutificação; lacínias 3-5 x 1-2mm, triangular-subuladas, ápice
estreitamente agudo; pétalas 7-8 x 3-4mm; estames ante-pétalos com filetes ca. 4mm, amarelos,
anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice espatulado, ápice
emarginado, amarelo, estames antessépalos com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm,
vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice bilobulado, vinoso; ovário 2-3 x 2-3mm,
estilete ca. 4mm. Ruptídios, sementes ca. 0,05 x 0,1mm.
CXXXIV
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo arenoso, L.
Krieger s.n., 25.II.1977, fl., fr., (CESJ 14587); M. Eiterer et al. 122, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ);
Material adicional: Minas Gerais: Barreiro de Cima, Serra do Curral, L. Roth s.n.,
27.II.1955, fl., fr., (CESJ 1525); Antonio Carlos, L. Krieger s.n., 07.II.1972, fr., fr., (CESJ
11473).
Trembleya phlogiformis é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro São Paulo e Paraná.
No Parque, é encontrada apenas em campos rupestres arbustivos, com solos rasos,
arenosos, sob alta incidência solar. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de
fevereiro.
Apresenta como caráter diagnóstico,principalmente os tricomas glandulares pedicelados.
Os ramos são fervidos, extraindo-se tinta de cor amarela usada para tingir lã para
confeccionar colchas e tapetes pela população local.
Durante o desenvolvimento deste estudo as tentativas de recoleta no Parque foram
infrutíferas.
CXXXV
Figura 25: Trembleya parviflora: a - ramo florífero; b - detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; c flor; d - profilos, hipanto, cálice e estilete; e - estame ante-pétalo; f-f’ - estame antessépalo e detalhe do poro; g cápsula loculicida; h - semente; (L. Krieger CESJ 8670). Trembleya phlogiformis: i - ramo florífero; j - detalhe do
indumento da face abaxial da lâmina foliar; k – flor; l - profilo; m-m’ - estame antessépalo e detalhe do poro; n estame ante-pétalo; o - ruptídio jovem; p – semente (L. Krieger CESJ 14587). Escalas: 1cm: a, i; 2mm: d, g, k, m, n,
o, 1mm: b, c, e, f, j, l; 0,5mm: f’, h, m’, p.
CXXXVI
VI.3 - Padrões de Distribuição Geográfica
Análises de padrões de distribuição geográfica para espécies ocorrentes em campos
rupestres e cerrados de altitude tem sido feitas para algumas regiões da Bahia (HARLEY 1995) e
Minas Gerais (GIULIETTI & PIRANI 1988). Estes autores têm reconhecido cinco padrões de
distribuição: (a) espécies amplamente distribuídas nos Neotrópicos; (b) espécies disjuntas entre a
Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os tepuis do norte da América do Sul, nas Guianas, e na
Venezuela; (c) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e as restingas do
leste do Brasil; (d) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os campos
rupestres de Goiás; (e) espécies endêmicas da Serra do Espinhaço e/ou serras adjacentes.
De acordo com ROMERO (2002), as Melastomataceae encontradas em campos rupestres
podem ser reunidas em dois grupos. O primeiro é formado por espécies de Cambessedesia,
Chaetostoma, Lavoisiera, Marcetia, Microlicia, Trembleya e Svitramia, gêneros praticamente
restritos às cadeias de montanhas do Brasil Central, que têm espécies também com distribuição
restrita. Neste grupo está a maioria das espécies com grande expressividade na flora dos campos
rupestres e que constituem elementos fortemente característicos dessa formação campestre. O
outro grupo é formado, principalmente, por espécies de Leandra, Miconia, Ossaea e Tibouchina,
freqüentemente com distribuição mais ampla no Brasil e América do Sul e Central, cuja maioria
das espécies apresenta também uma distribuição geográfica mais ampla, sendo encontradas,
preferencialmente, em formações florestais e de cerrado.
Uma síntese da distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae que ocorrem nos
campo rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca é apresentada na Tabela
2. Observa-se que enquanto algumas espécies têm ampla distribuição no Neotrópico, podendo
CXXXVII
ocorrer também em outros países sulamericanos, como Venezuela, Guiana, Colômbia, Bolívia e
Argentina, outras têm distribuição mais restrita à determinada região do Brasil ou são endêmicas
de uma de suas unidades federativas, às vezes com ocorrência pontual somente no Parque
Estadual do Ibitipoca. Para essas espécies pode-se identificar seis padrões de distribuição (Tabela
3).
Ampla distribuição no Neotrópico: A maioria das espécies apresenta este padrão de
distribuição, ocorrendo em várias regiões do território brasileiro ou também em outros países da
América do Sul, estando presentes também em formações florestais, além das campestres
(campo rupestre, cerrado e campo de altitude). Mostram-se extremamente plásticas, possuindo
grande variação morfológica, principalmente em termos de altura dos indivíduos, indumento e
dimensões das estruturas vegetativas.
Este padrão foi reconhecido também como um dos padrões gerais de espécies estudados
por HARLEY (1995) e GIULIETTI & PIRANI (1988) e pode, ainda, ser subdividido em dois
subpadrões:
1. Ampla distribuição na América do Sul: figura 26: a. espécies que ocorrem além
dos limites do território brasileiro, como Cambessedesia hilariana, Leandra aurea, L. erostrata,
L. foveolata, Marcetia taxifolia e Miconia theaezans. Excetuando-se Cambessedesia hilariana,
as demais espécies não são típicas de ambientes campestres. De acordo com MARTINS (1987),
Marcetia taxifolia apresenta uma distribuição ampla e disjunta, ocorrendo em campos rupestres,
serras da América do Sul, cerrados, bordas de matas ciliares e restingas.
2. Ampla distribuição no Brasil: figura 26: b. espécies restritas ao território
brasileiro, ocorrendo nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e/ou Sul, em mais de um
ambiente fitogeográfico. Enquadram-se nesse padrão Leandra salicina, Miconia chartacea, M.
corallina, M. sellowiana, Tibouchina heteromalla, Trembleya parviflora e T. phogiformis. De
CXXXVIII
acordo com MARTINS (1995), T. parviflora ocorre em cerrados com disjunção nos campos
rupestres, campos de altitude, florestas montanas e bordas de matas ciliares.
Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitude: espécies ocorrendo de
modo disjunto nestas formações campestres de altitude. Observa-se que os campos rupestres e os
cerrados de altitude, em áreas mais interioranas do país, podem estar distribuídos de modo
contínuo e, às vezes, entremeados entre si, como já assinalado por HARLEY (1995). Dois
subpadrões podem ser distinguidos:
1. Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitude: figura 26: c.
As únicas espécies que apresentam este padrão são Chaetostoma pungens, Lavoisiera compta e
Tibouchina frigidula, ocorrendo nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
Paulo.
2. Disjunção entre campos rupestres e campos de altitude: figura 26: d.
Apresentam este padrão Leandra eichleri, Microlicia isophylla, Tibouchina hieracioides, T.
martiusiana e T. semidecandra, sendo encontradas tanto em ambientes campestres de altitude
mais para o interior do país, como campos rupestres em Minas Gerais, quanto em campos de
altitude mais a leste e sul, nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. Este padrão tem sido
assinalado para espécies de Melastomataceae, como dos gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e
Trembleya (MARTINS 1997).
Restrito a campos rupestres e/ou cerrados: o campo rupestre e o cerrado podem ser
formações vegetacionais contínuas ou, às vezes, dispondo-se como um mosaico, entremeadas
entre si. Dois subpadrões podem ser reconhecidos:
1. Restrito a campo rupestres e cerrados: figura 26: e. Apresentam este padrão
apenas Cambessedesia espora, Microlicia fulva e Tibouchina collina. Algumas espécies dos
CXXXIX
gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e Trembleya (MARTINS 1997) também apresentam este
padrão de distribuição geográfica.
2. Restrito a campos rupestres: figura 26: f. Apresentam este padrão Leandra
pennipilis, Siphanthera arenaria, Tibouchina hieracioides e. Destas, apenas S. arenaria é
endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais. Este padrão, além de já comentado por
ROMERO (2002) para espécies de Melastomataceae, foi observado também em outros gêneros,
como Behuria (TAVARES 2005), Huberia (BAUMGRATZ 1997), Marcetia (MARTINS 1984)
e Trembleya (MARTINS 1995).
Nesse contexto, nota-se que algumas espécies de Melastomataceae estudadas mostram-se
específicas a essas formações campestres, podendo ser classificadas numa categoria de espécies
“especialistas”. Outros táxons, por sua vez, são considerados como “generalistas”, habitando
diferentes formações florestais e, neste caso, podendo ocorrer não só além dos limites do
território brasileiro, no domínio da floresta amazônica, quanto em formações de restinga e mata
atlântica, neste caso, incluindo florestas estacionais e semi-caducifolias e campos de altitude.
Semelhantes interpretações têm sido abordadas por LIMA (2000) e MORIM (2002), que
caracterizaram espécies de Leguminosae nessas duas categorias.
Considerando as similaridades ecológicas dos ambientes de campo rupestre e cerrado, a
ocorrência de áreas de transição entre essas formações contíguas ou entremeadas entre si e as
similaridades morfológicas das espécies estudadas, podem ser assinaladas como especialistas as
espécies de Melastomataceae com distribuição restrita aos campos rupestres e/ou cerrados,
conforme destacado na Tabela 3. Estas espécies apresentam, geralmente, hábito de pequeno
porte, indumento de partes vegetativas e florais denso, ramos delgados, decorticantes, com
entrenós curtos, áfilos em direção à base, folhas imbricadas, com dimensões muito reduzidas,
neste caso, obscurecendo totalmente o característico padrão de nervação curvinérveo, lâminas
CXL
espessas, com margem revoluta, e inflorescências paucifloras ou reduzidas a flores solitárias, de
cores chamativas e vistosas, com estames também coloridos. Além disso, a maioria possui frutos
secos, cuja dispersão das sementes pelo vento e/ou chuva é um fenômeno característico de
ambientes mais abertos, como o campestre. Excetuam-se nesse grupo de espécies Leandra
eichleri e L. pennipilis, principalmente pelas folhas nitidamente expandidas, flores com pétalas e
estames alvos e frutos carnosos, dispersos por animais.
Por outro lado, as demais espécies de Melastomataceae, que ocorrem também em
formações florestais e/ou de restinga e apresentam um padrão de distribuição mais amplo na
América do Sul ou no Brasil, podem ser caracterizadas como generalistas, adaptadas a diferentes
condições ecológicas.
CXLI
Figura 26: Mapas ilustrando a representação dos padrões de distribuição geográfica das espécies de
Melastomataceae ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca, MG. a – Ampla distribuição na América do
Sul; b – Ampla distribuição no Brasil; c – Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de
altitude; d – Disjunção entre campos rupestres e campos de altitude; e – Restrito a campos rupestres e
cerrados; f – Restrito a campos rupestres.
CXLII
Tabela 3: Padrões de distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos
campos rupestres do Parque Estadual do Ibitipoca, MG. *- Endêmica do Estado de Minas Gerais;
CR – campo rupestre stricto sensu; CA – campo rupestre arbustivo; Ce – cerrado.
Espécies
Cambessedesia espora
Cambessedesia hilariana
Chaetostoma pungens
Lavoisiera compta
Leandra aurea
Leandra eichleri
Leandra erostrata
Ampla Distribuição
Neotrópico
Am. Sul
Brasil
Disjunta
Restrita
CR/Ce e CA CR/CA CR/Ce
X
CR
X
X
X
X
X
X
CXLIII
Leandra foveolata
Leandra pennipilis
Leandra salicina
Marcetia taxifolia
Miconia chartacea
Miconia corallina
Miconia sellowiana
Miconia theaezans
Microlicia fulva
Microlicia isophylla
Siphanthera arenaria*
Tibouchina collina*
Tibouchina frigidula
Tibouchina heteromalla
Tibouchina hieracioides
Tibouchina martiusiana
Tibouchina semidecandra
Trembleya parviflora
Trembleya phlogiformis
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
VI- Considerações Finais e Perspectivas
Durante a realização deste trabalho sobre as Melastomataceae nos campos rupestres e
cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, foram encontradas 28 espécies pertencentes
a 10 gêneros, incluindo-se uma nova espécie de Miconia. Tais dados indicam como estudos
taxonômicos e florísticos podem ser um excelente meio para se analisar quali-quantitativamente
a diversidade vegetal de remanescentes no país.
CXLIV
Foram analisados 233 espécimes, incluindo amostras recém coletadas, exemplares-tipo e
coleções dos herbários B, C, CESJ, F, P e RB. Os espécimes de Leandra eichleri e L. salicina
foram coletados pela primeira vez no Parque, ampliando a representatividade das
Melastomataceae nessas coleções científicas e o conhecimento sobre a diversidade da família na
área e no domínio dos campos rupestres.
As espécies de Melastomataceae podem ser encontradas nas fitofisionomias campestres do
Parque, sendo algumas exclusivas de determinada fitofisionomia e as demais ocorrendo em mais
de uma. Além disso, existem espécies, principalmente dos gêneros Miconia e Leandra, que
ocorrem também em áreas de transição com mata de neblina e matas ciliares e algumas poucas
podem ser encontradas no interior destas formações florestais.
Existe um fundamento teórico para se distinguir os campos rupestres dos cerrados de
altitudes, no qual características edáficas, climáticas e de vegetação são utilizados por RODELA
(1999) e HARLEY (1995). Embora as fitofisionomias “campos limpos encharcados” e “campos
rupestres com cactáceas” tenham sido igualmente reconhecidas RODELA (1999) para o Parque,
estas mostram-se de limites muito frágeis para uma identificação precisa e segura no campo,
principalmente ao se considerar o aspecto fisionômico da paisagem e a presença de elementos
florísticos. Nesse contexto, espécies de Melastomataceae não se mostram restritas a essas
formações, ocorrendo de modo disperso nesses ambientes. Além disso, 17 espécies desta família
são comuns aos campos rupestres e cerrados de altitude, razão pela qual se depreende que essa
família não deve ser utilizada para se diferenciar fitofisionomias campestres no Parque.
O registro de Melastomataceae, principalmente como elementos dominantes em
fitofisionomias assinalado por RODELA (1999), deve ser interpretado com cuidado ou
restrições, uma vez que se observaram não só equívocos de identificação, como problemas
nomenclaturais em relação aos nomes de algumas espécies. Além disso, não se encontrou até o
CXLV
momento qualquer exemplar de algumas espécies citadas nas listagens desse trabalho, tanto em
herbários quanto no campo, impossibilitando integrar esses táxons no estudo atual.
Em relação ao estado de conservação das espécies abordadas, nenhuma encontra-se em
risco ou ameaçada de extinção de acordo com as categorias da IUCN. Porém, para se consolidar
essa informação ainda é necessário realizar levantamentos florísticos em outras áreas de campos
rupestres e de cerrados no país, a fim de se constatar a ocorrência mais ampla ou ratificar a
distribuição restrita das espécies.
Um dado muito importante e que deve ser discutido, refere-se à redução das populações de
Cambessedesia no Parque nos últimos cinco anos. Provavelmente, isto se deve ao fato dos
espécimes estarem muito próximos ou ao longo das trilhas e portanto, sujeitos ao pisoteio ou ao
trabalho de rocio para limpeza e manutenção da área. Isto, aliado a ausência de um Plano de
Manejo adequado e o constante aumento no número de visitantes, pode levar uma redução
drástica e até mesmo, irreversível das populações desta espécie na área.
Como já discutido anteriormente, as espécies de Melastomataceae podem ser
caracterizadas, em relação a suas preferências de habitats, como espécies “especialistas”, cujas
exigências ambientais específicas proporcionam suas ocorrências exclusivas a campos rupestres
e cerrados de altitude, às vezes, também em campos de altitude. Todos esses ambientes
campestres são formações vegetacionais abertas, com solos rasos e pobres nutricionalmente,
onde as plantas estão sujeitas freqüentemente à alta incidência solar e sob estresse hídrico.
Durante o levantamento das coleções de herbários, foram encontradas algumas amostras de
Melastomataceae coletadas pelo padre Leopoldo Krieger durante as décadas de 1960-70,
períodos em que era professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e curador do Herbário
CESJ. Porém, essas coletas antecedem a criação do Parque Estadual do Ibitipoca e nas etiquetas
consta apenas à indicação Serra do Ibitipoca como local de coleta. Deste modo, a ausência
CXLVI
precisa da citação dessas localidades e a indisponibilidade de coletas recentes nas áreas
campestres do Parque impossibilitaram incluir no presente estudo essas coleções, inclusive de
outras espécies que não foram até o presente coletadas dentro dos limites da área de estudo.
Considerando-se o Parque como um todo, ou seja, o conjunto de todas as formações
vegetacionais nele encontrado, os resultados ora obtidos representam um marco inicial para o
conhecimento da diversidade taxonômica das Melastomataceae nessa Unidade de Conservação.
Certamente, a continuação desses estudos abrangendo também as peculiares formações florestais
de altitude, como as matas de neblina e ciliares e os capões de mata, não só ampliará o
conhecimento quali-quantitativo desse grupo botânico na área, como irá corroborar a
importância dessa família como elemento fundamental na composição e estrutura vegetacional
desses ecossistemas de altitude ocorrentes no país.
VII- Lista de coleções das espécies estudadas
Abaixo estão listados os coletores e as espécies das Melastomataceae do Parque Estadual
do Ibitipoca.
B. Chiavegatto et al. 10, Cambessedesia espora; 13, 45, 49, 59, Cambessesesia hilariana;
14, 29, 53, 97, Chaetostoma pungens; 17, 26, 48, 62, 96, Lavoisiera compta; 08, 80, 81, 108,
109, 111, 112, 113, 117, 118, Leandra aurea; 16, 120, 121, Leandra eichleri; 21, 32, 44, 110,
CXLVII
114, Leandra erostrata; 05, 09, 35, 58, 83, 93, 94, 104, 115, 116, Leandra foveolata; 15, 18, 90,
92, 101, 102, 103, 105, 126, Leandra pennipilis; 107, Leandra salicina; 95, Marcetia taxifolia;
11, Miconia chartacea; 07, 43, 51, Miconia corallina; 20, 24, 50, Miconia sellowiana; 85, 87,
123, Miconia sp; 82, Microlicia fulva; 28, Microlicia isophylla; 63, 89, Siphanthera arenaria;
54, 61, 64, Tibouchina semidecandra; 22, 31, 37, 38, Tibouchina frigidula; 19, 60, 34,
Tibouchina heteromalla; 42, 119, 122, Tibouchina hieracioides; 47, Tibouchina martiusiana; 12,
40, 46, 56, 88, Tibouchina collina; 91, Trembleya parviflora;
E. Medeiros 322, Siphanthera arenaria;
F. M. Ferreira et al. 709, Leandra erostrata;
F. R. Salimena CESJ 24666, Lavoisiera compta; CESJ 32690, Lavoisiera sp.; 1052,
Leandra aurea; CESJ 32759, Leandra foveolata; CESJ 32676, 1045, 3040, Miconia chartacea;
1046, Miconia corallina; CESJ 32758, Miconia theaezans; CESJ 24683, Microlicia fulva; CESJ
24669, CESJ 25335, Siphanthera arenaria; 1049, 1050, 1051, Tibouchina frigidula; CESJ
24675, Tibouchina heteromalla; CESJ 27412, CESJ 24677, 1042, Trembleya parviflora;
F. S. Araújo et al. 20, Cambessesesia hilariana; 16, 35, Tibouchina heteromalla;
J. A. Silva CESJ 14944, Cambessesesia hilariana; CESJ 8559, Chaetostoma pungens;
CESJ 14939, Lavoisiera compta;
L. G. Rodela Q3-60, Chaetostoma pungens; CESJ 36542, CESJ 36543, Leandra aurea;
CESJ 36544, Leandra pennipilis; CESJ 36545, Microlicia isophylla; 184, Siphanthera arenaria;
3d-2, 180, Tibouchina semidecandra; 2c1, 1c6, Tibouchina heteromalla; 84, Tibouchina collina;
L. Krieger CESJ 8567, Cambessesesia hilariana; CESJ 8559, CESJ 8634, CESJ 13162,
Lavoisiera compta; CESJ 13216, Leandra pennipilis; CESJ 8582, CESJ 8632, Marcetia
taxifolia; CESJ 8648, CESJ 9243, CESJ 13167, Miconia sellowiana; CESJ 8633, CESJ 8671,
Tibouchina heteromalla; CESJ 8532, Tibouchina martiusiana; CESJ 14585, CESJ 8671,
CXLVIII
Tibouchina collina; CESJ 8670, CESJ 17411, CESJ 14544, Trembleya parviflora; CESJ 14587,
Trembleya parviflora;
L. Menini Neto 32, Leandra aurea; 100, Microlicia isophylla;
M. A. Heluey et al. 02, 60, 130,150, Chaetostoma pungens; 103, 116, 137, Lavoisiera
compta; 140, Marcetia taxifolia; 30, Miconia sellowiana; 12, 54, 101, 118, 128, 143,
Siphanthera arenaria; 69, 121, 153, Tibouchina semidecandra; 53, 115, Tibouchina collina; 49,
108, 114, 122, 155, 217, Trembleya parviflora;
M. A. Manhães 39, Leandra aurea; 75, Leandra erostrata; 74, Leandra foveolata; 03,
Miconia chartacea; 62, Miconia corallina; 04, Miconia theaezans; 26, Tibouchina collina;
M. Brügger CESJ 17395, Leandra aurea; CESJ 26094, Leandra pennipilis; CESJ 17408,
Marcetia taxifolia; CESJ 17410, Tibouchina heteromalla; CESJ 17409, Tibouchina collina;
M. Eiterer 30, Cambessesesia hilariana; CESJ 24888, Leandra pennipilis; CESJ 25196,
Marcetia taxifolia; 18, Microlicia isophylla; 74, Siphanthera arenaria; 44, Tibouchina frigidula;
75, Tibouchina heteromalla; 15, Tibouchina hieracioides; 54, Trembleya parviflora; 122,
Trembleya phogiformis;
N. Marquete et al. 357, Lavoisiera sp.; 338, Leandra aurea;
P. I. Braga 1890, Leandra pennipilis; CESJ 21224, Marcetia taxifolia; CESJ 21222,
Trembleya parviflora;
S. M. S. Verardo CESJ 25377, Cambessedesia espora;
R. C. Forzza et al. 3307, Cambessesesia hilariana; 1772, 3098, Chaetostoma pungens;
1791, 3086, Lavoisiera compta; 3024, 3298, Leandra aurea; 3034, 3075, Leandra foveolata;
2450, Marcetia taxifolia; 3044, 1817, Miconia corallina; 3043, Miconia sellowiana; 1786, 3248,
3554, Miconia theaezans; 3250, Miconia sp; 3095, 3285, Microlicia fulva; 1808, 2440,
Microlicia isophylla; 1838, Siphanthera arenaria; 3189, Tibouchina semidecandra;
CXLIX
R. C. Oliveira CESJ 25195, Microlicia isophylla; CESJ 25197, Trembleya parviflora;
R. M. Castro 214, Leandra pennipilis; 205, Miconia corallina; 201, Miconia sellowiana;
368, Tibouchina martiusiana; 366, Tibouchina collina;
U. Confúcio CESJ 9419, Cambessedesia espora; CESJ 9365, Miconia sellowiana; CESJ
9342, Miconia theaezans;
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Tabela 2: Distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos campos rupestres e cerrados de altitude do
Parque Estadual do Ibitipoca, mun. Lima Duarte, MG (Brasil, por siglas do Distrito Federal e estados; demais países, abreviados).
Espécies
AM
RO
Cambessedesia
espora
C. hilariana
PI
PB
CE
x
PE
SE
AL
x
x
Chaetostoma
pungens
Lavoisiera compta
GO
x
D
F
x
x
x
MT
MS
x
MG
ES
RJ
x
x
x
Leandra aurea
L. erostrata
BA
x
L. foveolata
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
L. pennipilis
x
x
x
x
x
x
M. sellowiana
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
M. theaezans
x
x
x
x
x
x
Microlicia fulva
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Siphanthera
arenaria
Tibouchina collina
x
x
x
x
x
x
x
x
T. martiusiana
x
T. hieracioides
x
T. semidecandra
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Trembleya
parviflora
T. phlogiformis
127
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
T. frigidula
x
x
x
M. isophylla
T. heteromalla
x
x
x
M. corallina
x
x
x
x
Arg
x
L. eichleri
x
Bol
x
x
x
Col
x
x
x
Gui
x
x
Marcetia taxifolia
Ven
x
x
Miconia chartacea
RS
x
x
x
SC
x
x
L. salicina
PR
x
x
x
SP
x
x
x
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