II ENCONTRO CIDADES NOVAS - A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País. O TURISMO E OS MUSEUS DE LONDRINA: UM BINÔMIO A SER DISCUTIDO Jorge Henrique Moraes do Nascimento1 Talita Yumi Osawa2 Tamae Fukuda Maeda3 Resumo: O trabalho intitulado “O Turismo e os Museus de Londrina: Um Binômio a Ser Discutido” refere-se a uma pesquisa desenvolvida pelos alunos do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, parte integrante de um projeto maior de Educação Patrimonial, o qual ainda se encontra em fase de desenvolvimento pelo professor orientador. Partindo do conhecimento da realidade de que os museus têm sido os grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico e turístico de muitas localidades, sobretudo de países da Europa e da América Latina, que vêm atraindo um número cada vez mais crescente de visitantes de todo o mundo, está fazendo com que os investimentos nesse segmento de mercado mereçam redobrados esforços por parte de seus governantes. Assim, esta pesquisa foi elaborada com o objetivo de investigar as razões e/ou as motivações que levam ou não a comunidade londrinense a visitar os museus da cidade. Palavras-Chave: Turismo, Museus, Educação, Patrimônio Cultural. Museus são instituições muito valorizadas e freqüentadas, principalmente nos países da Europa e da América Latina, sendo a visita a esses lugares um hábito, uma tradição, que já faz parte do cotidiano da vida dessas pessoas. No entanto, no Brasil, para muitos, essa realidade parece ainda estar muito distante de se constituir num hábito, fazendo com que muitas dessas instituições, espalhadas por todo o país, estejam até mesmo fadadas a desaparecer. As transformações tecnológicas, econômicas e sociais das últimas décadas, que, por um lado, têm proporcionado benefícios e avanços em nossa sociedade, por outro, vêm provocando transtornos de ordem mundial, causando profundos impactos no universo dos museus. A recessão mundial ocasionou cortes bruscos nos orçamentos da área cultural e, no que diz respeito às instituições museológicas, calcula-se que a perda tenha sido entre 20% e 80% em termos mundiais. Em contrapartida, por mais paradoxal que seja, a freqüência aos museus vem aumentando cada vez mais. 1 estudante – Turismo e Hotelaria - UNOPAR estudante – Turismo e Hotelaria - UNOPAR 3 Profª. Ms. – orientadora – Turismo e Hotelaria – UNOPAR 2 Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Londrina-PR. 13 a 16 de Outubro de 2009. II ENCONTRO CIDADES NOVAS - A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País. Assim, os museus tiveram que, de alguma forma, se adaptar e enfrentar essa dura realidade partindo em busca de novos recursos como o de encontrar novas formas de sobrevivência sob pena de se tornarem em instituições em vias de extinção. Tal situação, no entanto, não significou desvirtuar o seu grande potencial de instituição comprometida com os ideais de natureza educativa e de preservação da grande herança patrimonial da humanidade em seus mais distintos campos do saber. E, nesse sentido, a grande opção foi, sem dúvida, a mais acertada – sair em busca de outros segmentos de públicos que estavam ou ainda estão afastados destas instituições. Entretanto, fazia-se necessário conhecer antes este público em suas diferentes peculiaridades, expectativas e anseios. Como resultado, o museu, ao conhecer o seu público, através de pesquisas específicas, passou a reconhecer que esta instituição também precisa de alterações. E muitas delas teriam que ser feitas de dentro para fora tais como as mudanças em seu discurso museográfico, tornando-o mais acessível, o incremento de novos programas de atendimento ao público em suas mais distintas faixas etárias (não somente o escolar), e oferecendo novos atrativos (lojas de suvenires, livrarias, cafeterias, restaurantes), que tornassem o museu efetivamente uma referência enquanto local de lazer, educação e pesquisa. Muitas destas transformações que estão sendo efetivamente feitas pelas instituições museológicas poderão, sem dúvida alguma, sinalizar novas perspectivas de atuação, especialmente se levarmos em conta o público relacionado com o turismo cultural. A relação entre os museus e o turismo cultural passa a ser de fundamental importância, especialmente quando se leva em conta a própria definição do que se compreende por museu segundo o Conselho Internacional de Museus – ICOM - “Museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu meio, para fins de estudo, educação e lazer”. Nesta definição do ICOM, incluem-se também espaços tais como o zoológico, jardim botânico, aquários, sítios arqueológicos e históricos. Nesse contexto, é interessante observar o que comenta Amaral (2003, p. 10): Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Londrina-PR. 13 a 16 de Outubro de 2009. II ENCONTRO CIDADES NOVAS - A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País. Há algumas décadas, os museus fazem parte da atração principal do chamado turismo cultural. Isso é evidente, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, onde existe uma cultura sedimentada de visita aos museus. Assim, o Museu do Louvre, o Museu do Prado, o Museu Britânico, o Museu Egípcio (em Londres) já são atrações tradicionais, consagrando-se como parte do processo de formação educacional desses mesmos povos. Além disso, alguns autores europeus, sobretudo aqueles ligados à sociologia, situam a visitação aos museus como um hábito relacionado à sociedade do ócio. Desse modo, os museus serviriam aos distintos públicos nos momentos em que estes não estivessem vinculados ao mundo do trabalho e que, devido à diminuição da jornada de 40 horas semanais poderiam dispor de seu tempo para a visitação a essas instituições. Todavia, no Brasil, a cultura e o turismo, equivocadamente, foram considerados dois mundos distintos; e isto porque, historicamente, os homens de cultura manifestaram sempre certa relutância frente aos temas do comércio e do dinheiro, como se fossem realidades estranhas entre si. De um modo mais amplo, o mundo da preservação patrimonial – onde estão inseridos os museus – foi sempre percebido como uma função do Estado e o turismo como objeto exclusivo da iniciativa privada. Até bem pouco tempo, os museus acolhiam o público escolar com uma grande simpatia, uma vez que estavam apenas preparados e acostumados com esse segmento de público, e com freqüência apenas toleravam a presença de grupos de turistas em seus espaços. Atualmente, os museus brasileiros estão despertando sua atenção também para este público e passaram a pensar em estratégias de ações voltadas para a conquista de mais este segmento tão importante e que poderá se tornar um fenômeno de massas, da mesma forma como ocorre nos Estados Unidos e na Europa. O objetivo principal desta pesquisa, portanto, foi o de investigar as razões e/ou motivações que levam ou não a comunidade londrinense a visitar os museus da cidade, verificando também outras variáveis tais como conhecimento da existência de museus, a freqüência das visitas, conceitos que a mesma tem sobre os museus, a participação dos museus no incremento e desenvolvimento turístico da cidade, entre outras. Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Londrina-PR. 13 a 16 de Outubro de 2009. II ENCONTRO CIDADES NOVAS - A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País. A fim de atingir os objetivos propostos, foi elaborada uma pesquisa exploratória, utilizando, como instrumento de coleta, um questionário contendo questões abertas e fechadas, o qual privilegiou as variáveis de caráter qualitativo e quantitativo, cujos resultados foram analisados e classificados para, posteriormente, serem apresentados na forma de gráficos. Esta pesquisa foi elaborada a partir da suposição de que o povo brasileiro, mais especificamente o povo londrinense, não tem o hábito de fazer visitas aos museus da cidade. E os resultados, de fato, confirmaram essa hipótese. REFERÊNCIAS AMARAL, Eduardo Lúcio Guilherme. Reflexões sobre o papel educativo dos museus. Revista Humanidades, Fortaleza, v. 18, n.1, p. 9-16, jan/jun., 2003. CAMARGO, Haroldo Leitão. Patrimônio Histórico e Cultural. São Paulo: Aleph, 2002. CUNHA, Maria Clementina Pereira. O direito à memória. São Paulo: Deptº. Municipal do Patrimônio Histórico/Secretaria Municipal da Cultura/Prefeitura Municipal de São Paulo, 1992. FUNARI, Pedro Paulo; PINSKY, Jaime (Orgs). Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Contexto, 2001. VASCONCELLOS, Camilo de Mello. Museus e Turismo numa sociedade em mudanças: perfil, potencialidades e perspectivas. Unibero, São Paulo, 2001. Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Londrina-PR. 13 a 16 de Outubro de 2009.