PARA UMA ANÁLISE DOS PROTESTOS DE RUA NO BRASIL A PARTIR DO CONCEITO DE BIOPOLÍTICA BAZZANELLA, Sandro Luiz. Curso: Ciências Sociais Campus: Canoinhas Email: [email protected] RESUMO O argumento que pretendemos colocar em jogo neste artigo é de que os protestos de rua no Brasil atualmente são manifestações e/ou variáveis da biopolítica. Para além das interpretações de analistas, das mais diversas áreas, que identificam nos protestos anomalias do sistema político representativo, de crise do Estado de bemestar social, do esvaziamento dos partidos políticos, de um possível aumento da consciência crítica da sociedade brasileira, sobretudo, dos jovens, dos limites do Estado no financiamento e cobertura de direitos sociais, entre outras questões pertinentes no conjunto destas análises, os protestos se apresentam como expressão de demandas biopolíticas. Ou seja, do desejo dos indivíduos e das massas terem asseguradas e contempladas suas necessidades básicas, circunscritas nos imperativos de administrabilidade da vida biológica, presentes em nossa sociedade contemporânea. Portanto, tais protestos, que para muitos pode representar uma revitalização da política, apresentam-se no âmbito da biopolítica, como expressão de demandas do corpo biológico dos indivíduos e das massas em suas necessidades de inclusão na esfera da plena produção e consumo do modo de vida em curso. Para compreendermos o conceito de biopolítica é preciso ter presente, que uma das possibilidades de caracterização da modernidade e/ou do contexto de mundo em que vivemos é a captura da vida pela política e, na contrapartida deste movimento, a adequação da política à captura da vida em sua dimensão meramente biológica. É através do filósofo francês, Michel Foucault (19241984), que o conceito de biopolítica, entre o período de 1974 a 1979 - presente inicialmente na análise de teóricos do século XIX e XX, sobretudo de matriz positivista e darwinista - é reposicionado a partir de suas pesquisas genealógicas e arqueológicas, imprimindo-lhe uma complexa interpretação, articulando as esferas biológicas, históricas, políticas, epistemológicas e ontológicas, sobre as quais se desenvolvem as relações de poder e de saber na modernidade e em cuja centralidade se apresenta a vida. Na perspectiva foucaultiana o conceito de biopolítica implica no fato de que a modernidade se caracteriza pelo governo da vida, que se expressa numa racionalidade política, técnica administrativa e jurídica no controle da vida e da morte dos indivíduos e da população.