COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Modelagem do Mecanismo de Ruptura Tipo Step-Path em Taludes Rochosos Fraturados Através do Método dos Elementos Discretos Luis Arnaldo Mejia Camones Departamento de Engenharia Civil PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Raquel Quadros Velloso Departamento de Engenharia Civil PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Eurípedes A. Vargas Jr. Departamento de Engenharia Civil PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Rodrigo P. de Figueiredo Departamento de Engenharia de Minas UFOP, Minas Gerais, Brasil, [email protected] RESUMO: O presente trabalho avalia o uso do Método dos Elementos Discretos na modelagem do mecanismo de ruptura tipo step-path, realizando uma análise de estabilidade que possa se comparar com o método de análise limite. Foi utilizado o programa PFC (Particle Flow Code) nas versões 2D e 3D, assim como o programa FracGen para a geração de sistemas de fraturas tridimensionais. A análise tridimensional foi feito mediante um acoplamento PFC3D-FracGen. A pesquisa inclui a análise e modelagem dos fenômenos de propagação e coalescência de fraturas em amostras, assim como a influencia da anisotropia na resistência das rochas em ensaios triaxiais. Diferentes cenários simples de rupturas em taludes tipo step-path foram modelados e o valor do fator de segurança obtido foi comparado com o método de análisis límite. Das duas condições principais propostas por Jennings (1970) no analise limite, somente a formulação que considera a influencia da resistência à tração da rocha intacta mostra boas aproximações com a modelagem numérica. Quando as fraturas são coplanares, a união destas deveria se produzir por cisalhamento, como é referido por Jennings. A modelagem mostrou a geração de fraturas por tração dentro do bloco em deslizamento e união das descontinuidades pos coalescências de fraturas de propagação secundárias (coplanares). Isto também foi observado anteriormente por Einstein (1993), quem refere que a união de fraturas por cisalhamento não é comum de acontecer na natureza. A modelagem tridimensional permitiu observar a influência das propriedades das descontinuidades na geração da superfície de ruptura tipo step-path, mostrando que esta pode ser composta por várias combinações de descontinuidades unidas por coalescências. O método dos elementos discretos constitui uma ferramenta numérica que permite compreender os fenômenos de propagação e coalescência de fraturas, assim como do mecanismo de ruptura tipo step-path, mostrando a sua vantagem na modelagem de meios descontínuos na avaliação numérica da estabilidade de taludes. PALAVRAS-CHAVE: Propagação, Coalescência, Step-Path, PFC, Método dos Elementos Discretos. 1 INTRODUÇÃO escavações aumentem a sua profundidade como conseqüência de um aumento de reservas. Isto traz como conseqüência problemas de estabilidade nos taludes. A inclinação de um talude é estimada para preverem falhas no maciço rochoso e este depende das suas Devido ao tamanho das jazidas de minério existentes na escavação a céu aberto, grandes alturas nos taludes podem ser atingidas. A pesquisa contínua de minérios faz que as 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. propriedades geomecânicas, o que determina o ângulo final do talude. A figura 1 mostra a seção típica da geometria de um talude de mineração a céu aberto. Pode-se observar que o talude final da escavação é composto de vários taludes de menor tamanho chamados de bancadas, onde geralmente o ângulo de inclinação delas são maiores que o ângulo de inclinação do talude final. A estabilidade de ambos taludes pode ser diferenciado quando se avaliar a condição estabelecida pela geologia estrutural. As descontinuidades condicionam o comportamento resistente e de deformação de um maciço rochoso, além de influir em grande medida na condutividade hidráulica. Estas descontinuidades podem ser de tamanho pequeno (micro-descontinuidades menor a 10 mm) ou de grande tamanho (vários km). da superfície de ruptura no Step-Path. GERAÇÃO DA AMOSTRA E 2 MODELAGEM DA PROPAGAÇÃO COALESCÊNCIA DE FRATURAS. A E 2.1 Geração da amostra e determinação das macro-propriedades. No método dos elementos discretos, uma amostra é um arranjo de partículas que interagem entre elas através dos seus contatos. O comportamento deste arranjo depende das micro-propriedades das partículas e dos contatos. Os micro-parâmetros utilizados nesta primeira seção para reproduzir os diferentes fenômenos em estudo foram as seguintes (considerando o caso 2D e 3D): Tabela 1. Micro-parâmetros utilizados na simulação. Figura 1. Geometria típica de um talude na mineração (Wyllie & Mah, 2005). Tabela 2. Macro-parâmetros obtidos de simulações de ensaios triaxiais e brasileiros. A ruptura de um talude, controlado pelas estruturas geológicas contidas nele, são diferentes para cada condição. Taludes pequenos ou com descontinuidades muito persistentes, a ruptura planar, em cunhas e eventualmente o tombamento pode acontecer. Quando a persistência da descontinuidade é menor com relação ao tamanho do talude, os mecanismos de ruptura são mais complexos e envolvem ruptura através das fraturas e da rocha intacta. A propagação de uma descontinuidade acontece como conseqüência do movimento relativo das suas superfícies. Quando uma descontinuidade se propaga, a nova fratura gerada pode se conectar com uma outra descontinuidade ou com a propagação desta. Este mecanismo de conexão de descontinuidades por propagação é chamado de coalescência, sendo este o principio da geração Da mesma forma que as propriedades de resistência e deformabilidade de uma rocha é determinada mediante ensaios de laboratório, a obtenção dos macro-parâmetros de um arranjo de partículas (que seriam estas propriedades de resistência e deformabilidade) são determinadas mediante simulações de estes ensaios triaxiais (com valores de confinamento de 0.1, 10.0 e 50.0 MPa) e ensaios brasileiros. Os macroparâmetros obtidos são mostrados na Tabela 2. 2.2 2 Geração da amostra e determinação das COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. macro-propriedades. fissura foram manipuladas as micropropriedades do modelo numérico proposto por Potyondy e Cundall (2003) com o objetivo de poder visualizar melhor estes fenômenos. O critério é o seguinte: se aumentar a rigidez, esta pode gerar uma força muito alta como conseqüência de uma pequena deformação, podendo o contato romper se a sua resistência é baixa. Considerando que a ruptura por tração do material implica uma ruptura por tração dos contatos entre as partículas, esta pode ser mais n s bem modelada aumentando o valor de k / k e reduzindo o valor da resistência normal c . O resultado da manipulação destas micropropriedades está apresentado na tabela 1. Com estes resultados foi gerada uma amostra com uma fratura aberta no centro dela, submetida à compressão axial, cujas fraturas por propagação são mostradas na Figura 3. Comparando estes resultados com o modelo de propagação proposto por Park e Bobet (2009), a propagação da fratura por tração e cisalhamento foi reproduzida de forma satisfatória. As fraturas coplanares secundárias não foram observadas no modelo. Para gerar uma fratura, foi implementado em FISH (linguagem de programação própria do PFC) um gerador. Esta aplicação consiste em identificar todos os contatos próximos a uma reta (caso 2D) ou plano (caso 3D) definido como descontinuidade. As ligações nestes contatos são anuladas, deixando as partículas livre de se deslizar, gerando uma superfície cuja forma é definida pelas partículas. Figura 2. a) Critério de geração de fratura com definição de uma faixa de identificação de contatos próximos a uma reta definida como fratura; b) contatos apagados e forma da fratura gerada. Na Figura 2a mostra este critério de geração. Os contatos próximos a uma reta (que poderia ser um plano no caso 3D) são identificados mediante uma faixa definida pelo usuário. A superfície gerada mostrada na figura 2b tem uma rugosidade que incrementa a resistência ao cisalhamento da fratura, como conseqüência da geometria das partículas e do fato de ser geradas somente pelos contatos. Superfícies de fraturas planas e lisas são difíceis de ser geradas nesta versão do programa. A resistência da descontinuidade pode ser diminuída com a diminuição do tamanho da partícula, aumentando a faixa de identificação ou diminuindo a rigidez das partículas que formam parte dela. O aumento da faixa de identificação é mais recomendável de ser usado no caso de representar zonas de falha ou zonas de alto cisalhamento. Figura 3. Reprodução dos tipos de propagação mencionados por Bobet no PFC2D (85% post pico) Na Figura 4, a propagação da fratura corresponde a aquelas zonas onde os vetores de deslizamento estão em sentido oposto um do outro. Teoricamente o valor do ângulo de inicio da propagação m deveria ser igual nas pontas da fissura, mas aquilo não foi observado em alguns exemplos. Isto acontece devido principalmente ao tamanho das partículas. Testes realizados com diferentes ângulos de inclinação da fissura ( , sendo o ângulo entre a fissura e a direção da tensão aplicada) mostraram que a tendência dele corresponde ao proposto por Whittaker et al (1992) na mecânica da fratura. 2.2 Propagação de uma Fratura em Amostras de Rocha A propagação de uma fissura submetida à compressão, pode ser de vários tipos segundo o modo ruptura associado. As rupturas por tração de Modo I são as primeiras em ser identificadas e as fraturas oblíquas e coplanares secundárias de Modo II são desenvolvidas posteriormente. Para a reprodução da propagação de uma 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. propostos pela mecânica da fratura. No caso tridimensional, o número de contatos por partícula e incrementado pelo fato de ser esferas e não discos, o que traz como conseqüência um número maior de combinações de contatos que podem romper quando amostra é submetida à compressão. A diferencia do modelo bidimensional, a fissura inserida na amostra é fechada, existindo contato entre as suas superfícies e com uma rugosidade controlada pelo tamanho de partículas. Estas condições sugerem uma representação mais real na modelagem, porque no caso do step-path, a propagação e coalescência das fraturas acontecem em estruturas geológicas fechadas que se propagam pelo movimento relativo das suas superfícies, as quais apresentam sempre um grau de aspereza entre elas. Na Figura 6 pode-se observar que a fissura se propaga por tração (Modo I) até a tensão diminuir em um 10% o valor pico (90% post pico). A fratura coplanar secundaria (Modo II) é desenvolvida a partir desse instante. Devido à proximidade das duas propagações e ao tamanho das partículas, os contatos de ligação contidas nesta região são quebrados quando se aumenta a deformação axial, como conseqüência da alta concentração de forças de contato produto do alto grau de mobilidade das partículas. No foram observados neste ensaio, o desenvolvimento das fraturas oblíquas secundarias. A ativação dos vetores de deslizamento para o instante final (85% post pico) mostraram que o controle do movimento das partículas não é simétrico. No extremo superior da fissura, o movimento das partículas esta em grande parte controlado pela fratura coplanar secundária e na parte inferior, pela fratura por tração primaria. Foi observado que a propagação nem sempre tem um comportamento simétrico e não necessariamente são desenvolvidos todos os tipos propostos por Park e Bobet. Figura 4. Propagação de uma fissura aberta em análise bidimensional. Faixa do ângulo entre 80° e 50°. Figura 5 Variação do ângulo inicial de propagação m segundo o ângulo de inclinação da fissura aberta O resultado destes testes mostrou que o ângulo de inicio da propagação de uma fissura aberta m , submetida à compressão, tem uma variação leve para ângulos de inclinação da fissura entre 20° e 45° e abrupta para valores de >45°. Esta variação do ângulo m mostra uma tendência comparável com os resultados mostrados por Whittaker (1992). A propagação da fratura foi modelada de forma aceitável pelo meio discreto para o caso bidimensional, sendo comparado satisfatoriamente com os modelos 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. das fissuras acontece pela combinação de fraturas de tração primaria e, no caso do tipo III elas estão associadas a fraturas coplanares secundárias. Estas duas coalescências foram reproduzidas, no entanto, a fratura coplanar secundária no tipo III não foi observada no modelo. A diminuição do tamanho das partículas pode melhorar a identificar e definir os tipos de fraturas propagadas, mas, o tempo computacional é incrementado. MODELAGEM DO MECANISMO DE 3 RUPTURA TIPO STEP-PATH. Jennings (1970) foi o primeiro a estabelecer uma metodologia de avaliação baseada no equilíbrio limite estabelecendo dois tipos de cenários principais. Em um primeiro caso, as descontinuidades estão posicionadas de forma coplanar, onde a união de elas no momento da ruptura acontece pelo cisalhamento da rocha intacta. Em um segundo caso, para descontinuidades não coplanares, a ruptura na rocha intacta, no momento da união de descontinuidades, acontece pela combinação de cisalhamento e tração. Somente neste segundo cenário, a formulação de Jennings considera a resistência à tração da rocha intacta. Para poder modelar o tipo de ruptura steppath foi gerado um arranjo de partículas com micro-parâmetros mostrados na tabela 3. Estes foram propostas por Wang et al (2003), modificando-se somente o tamanho das partículas. Os macro-parâmetros obtidos são mostrados na tabela 4. O arranjo tem uma forma retangular com comprimento de 110.0m e 80.0 m de altura, composto por 58336 partículas que são adensadas somente pela ação da gravidade. A porosidade do arranjo diminui a carga aplicada em qualquer ponto. Para evitar este problema, a densidade da partícula tem que ser aumentada com o objetivo de atingir o valor de tensão vertical desejada. Assim, para uma densidade de partícula de 3100kg/m3, a tensão vertical a 75.0m de profundidade medida no programa PFC foi de 1.839MPa o que corresponde à tensão vertical em uma rocha de 2500kg/m3. Figura 6. Processo da propagação de uma fissura fechada para diferentes níveis de deformação em ensaio triaxial. Análise tridimensional 2.3 Coalescência de fraturas. Se existir mais de uma fissura, a propagação de uma delas pode interceptar a outra ou a sua propagação. Este fenômeno é chamado de coalescência, e existem vários tipos que dependem principalmente da distribuição espacial das fissuras. A figura 7 mostra dois dos tipos de coalescência modelados no método discreto. Figura 7 Coalescência tipo III e VI em ensaio triaxial. Análise tridimensional Tabela 3. Micro-propriedades utilizadas no arranjo de partículas para a modelagem do Step-Path Nas coalescências de tipo III e IV, a união 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. a formulação de Jennings considera a influencia da resistência à tração da rocha intacta. Para este caso, o valor do fator de segurança tanto com a formulação de Jennings e o valor obtido pelo PFC2D é aproximado. O mesmo acontece com o Exemplo N° 6, que é praticamente uma variação do caso anterior e que considera também a influencia do valor da resistência à tração da rocha. Tabela 4. Macro-propriedades obtidas para o arranjo de partículas utilizado na modelagem do Step-Path O fator de segurança em uma análise de estabilidade de um talude, usando o método dos elementos discretos é de difícil determinação. Sendo os macro-parâmetros de um material dependentes dos seus micro-parâmetros, a aplicação da técnica de redução de resistência é praticamente inviável para se aplicar. A diminuição dos macro-parâmetros c (coesão) e Ø (atrito) implicam manipular os microparâmetros das partículas, sem poder garantir que estes sejam reduzidos na mesma proporção. Um outro método que poderia ser aplicado esta baseado no incremento da aceleração da gravidade. Este valor (m/s2) é incrementado até obter a ruptura do talude. Definindo como g0 o valor da aceleração da gravidade no estado de equilíbrio e g0trial, o valor da aceleração da gravidade no momento da ruptura, o fator de segurança Ftrial pode ser determinado segundo Li (Li, 2009) da forma seguinte: Ftrial g 0trial g0 (1) Figura 8 Ruptura tipo Step-Path. Comparações com o valor do fator se segurança obtido da formulação de Jennings. Na Figura 8, o Exemplo N° 4 mostra um exemplo da primeira condição discutida por Jennings. Neste caso, o modelo apresenta duas parcelas de rocha intacta de 5.8m. Para este caso, foi observado fraturas de tração, com coalescência formada pela união de fraturas coplanares secundárias. Jennings considera que a ruptura nestas parcelas de rocha intacta é por cisalhamento, sendo esta uma consideração importante na sua formulação. A presencia de fraturas de tração estaria influenciando no valor do fator de segurança obtido com o PFC2D. O analise limite considera que o bloco a se deslizar é rígido e não considera as forças atuantes dentro dele. Para o caso do Exemplo 5 A ruptura por cisalhamento na rocha intacta, discutido no Exemplo N° 4, foi observado por Einstein (1993). Para valores de baixa tensão normal, a aplicação de uma tensão de cisalhamento no sentido do deslizamento, gera inicialmente fraturas de tração que desenvolvem altos ângulos, em referência à direção de deslizamento. A coalescência acontece pela união de fraturas coplanares secundárias. Quando a tensão normal é alta, não são observadas fraturas de tração e a ruptura acontece pelo cisalhamento na rocha intacta. Utilizando o critério de ruptura de Mohr- 6 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. como um plano, e que a sua persistência, posição e mergulho são dependentes da seção bidimensional avaliada. Assim, se em uma análise tridimensional, a superfície de ruptura é visualizada em seções transversais, ela poderá conter diferentes combinações de fraturas formando ela em cada seção. Esta é uma premissa importante no momento da modelagem tridimensional da ruptura tipo steppath de um talude rochoso fraturado. Para a sua modelagem foi gerado um sistema de descontinuidades utilizando o programa FracGen (Telles, 2005). Foram geradas 49 fraturas circulares de raio constante de 10.0m. O modelo tridimensional (Figura 9) e mostrado em seções, correspondentes a faixas de partículas (Figura 10). Nestas seções, são mostradas as seções iniciais e no momento da ruptura. Na seção N° 1 pode ser apreciada a superfície de ruptura tipo step-path. O fato da fratura superior não aflorar em superfície condiciona a propagação dela, formando uma fratura de tração. Esta mesma tendência é mostrada na seção N° 2. A diferencia da primeira seção, a fratura superior mostra um desenvolvimento de fratura coplanar secundária combinada com a propagação por tração, provavelmente desenvolvida pelo fato de ter um menor comprimento nesta seção. Observa-se também a aparição de uma fratura nova associada à ruptura na parte central. A aparição de outra fratura superior na seção N° 3 muda a configuração das estruturas envolvidas na ruptura. A coalescência acontece principalmente na parte central do modelo e a fratura por tração superior não é observada com muita claridade. Isto é porque nesta seção encontra-se a transição entre a superfície associada à fratura por tração das seções anteriores com a superfície da nova fratura aparecida na parte superior. A seção N° 4 não apresenta a fratura por tração no topo, mas continua apresentando uma superfície de ruptura tipo step-path. A coalescência de fraturas acontece principalmente na parte central do modelo. A seção N° 5 mostra a mesma tendência da seção anterior, sendo somente apreciável à diminuição da influencia da fratura superior, onde aparentemente, a superfície de ruptura afloraria no topo do Coulomb, é possível de comparar a tensão cisalhante e a resistência cisalhante para diferentes valores de tensão normal. Considerando uma fratura com mergulho de 45 a ruptura por cisalhamento na rocha intacta foi atingida quando a tensão normal foi maior a 30MPa aproximadamente. O mecanismo de ruptura proposto por Jennings representado no Exemplo N° 4 são raros de se apresentar na natureza. Geralmente a ruptura aparece pela coalescência entre fraturas coplanares secundária desenvolvida após o aparecimento de fraturas de tração primaria. A primeira condição proposta por Jennings para fraturas coplanares se apresentaria somente em casos de uma alta tensão normal, o que poderia acontecer no caso de túneis profundos. É provável que esta seja a razão da pouca aproximação entre os valores do fator de segurança obtidos com o PFC2D comparados com os resultados da formulação de Jennings 3 O EFEITO TRIDIMENSIONAL NA MODELAGEM DO MECANISMO DE RUPTURA TIPO STEP-PATH. Figura 9 Modelagem tridimensional da ruptura tipo steppath de um talude rochoso fraturado (PFC3D) Na análise bidimensional do mecanismo de ruptura tipo step-path, a superfície de ruptura gerada é única e não envolve o efeito geométrico e espacial da fratura, que é representada somente como uma linha, com uma persistência, posição e mergulho constante. Na realidade, a fratura é uma estrutura geológica finita, que pode ser representada 7 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. modelo somente pela propagação desta, em forma de fratura coplanar secundária. geologia mais complexa. AGRADECIMENTOS O Autor agradece a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio econômico na presente pesquisa. REFERÊNCIAS Einstein H.H (1993). Modern Developments in Discontiuity Analysis - The Persistence - Connectivity Problem, em: Comprehensive rock engineering: principles, practice & projects, editor in chief: John A. Hudson. Pergamum Press, Oxford, OX3 0BW, England Jennings J.E (1970). A Mathematical Theory for the Calculation of the Stability of Slopes in Open Cast Mine, Open Pit Mining Symposium, Vol Planning Open Pit Mines, p. 87-102 Li L.C. & Tang C.A. & Zhu W.C. & Liang Z.Z (2009). 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Este é um principio fundamental na avaliação do mecanismo de ruptura step-path, baseado principalmente nestes fenômenos. A representação de meios descontínuos pelo DEM é a sua vantagem em comparação com outras ferramentas numéricas, permitindo compreender este mecanismo de ruptura, sendo recomendável uma boa calibração dos macroparâmetros da rocha e das descontinuidades, para obter melhores resultados. É necessário um maior desenvolvimento de pesquisas, para análises de estabilidade de maciços rochosos de 8