ISSN 1984-8218 Uma Abordagem Fuzzy para uma Corda Vibrante Douglas Silva Oliveira Rosana Sueli da Motta Jafelice Faculdade de Matemática, UFU, 38408-100, Uberlândia, MG E-mail: [email protected] [email protected] RESUMO As cordas vibrantes apresentam suas duas extremidades fixas. A vibração da corda ocorre quando os seus pontos afastam-se da posição de equilı́brio estável. Como exemplo de instrumentos musicais que utilizam as cordas vibrantes temos: a guitarra, o piano, a harpa, o violino, o contrabaixo e outros. O estudo do movimento das cordas vibrantes permite a compreensão do funcionamento de tais instrumentos [3]. O objetivo deste trabalho é o de modelar a equação da corda vibrante considerando a velocidade de propagação da onda como sendo um parâmetro incerto e encontrar a solução aproximada para tal equação para alguns parâmetros em estudo. Vamos considerar uma vibração transversal de uma corda flexı́vel, em que as extremidades estão fixas nos pontos x = 0 e x = L. Suponhamos que não haja forças externas que possam atuar na corda e que esta vibra unicamente em função da elasticidade. A elongação da corda, num dado instante, isto é, o deslocamento u(x, t) de um ponto ar∂2u ∂2u bitrário x da corda no instante t é dado pela solução da equação diferencial 2 = a2 2 , onde ∂t ∂x q a = Tρ (cm/s) é a velocidade de propagação da onda, T (Newton) é a tensão aplicada sobre a corda e ρ (g/cm) é a densidade linear da corda em questão [4]. Utilizamos a seguinte equação com as seguintes condições de fronteira: ∂2u ∂2u 2 = a (T, com 0 < x < 2, ρ) (1) ∂t2 ∂x2 em que a posição da corda no instante inicial é dado por u(x, 0) = 3sen(πx); a velocidade da corda no instante inicial satisfazendo as condições de fronteira é dado por ut (x, 0) = 0; e a posição das extremidades da corda em qualquer instante é dado por u(0, t) = u(2, t) = 0. Em algumas circunstâncias, como nas cordas de instrumentos musicais, a velocidade de propagação da onda pode ser um parâmetro incerto. Assim, utilizando a teoria dos conjuntos fuzzy para modelar este parâmetro considerando-o dependente da tensão e da densidade linear do material. No Sistema Baseado em Regras Fuzzy (SBRF) consideramos como variáveis linguı́sticas de entrada a tensão (com domı́nio no intervalo [0, 1]) e a densidade linear (com domı́nio no intervalo [0, 10]). A variável linguı́stica de saı́da é dada pela velocidade de propagação ao quadrado da onda (com domı́nio no intervalo [0, 40]). As funções de pertinência das variáveis de entrada e de saı́da são trapezoidais. O método de inferência utilizada é o Método de Mamdani e o de defuzzificação é o Centro de Gravidade [2]. Um exemplo de regra fuzzy que utilizamos neste problema é: • Se a tensão é média e a densidade linear é grande então a velocidade de propagação ao quadrado é baixa. 495 ISSN 1984-8218 Para determinar a aproximação numérica da solução de equação (1) utilizamos o método de diferenças finitas e na discretização do tempo o Método Explı́cito [1] com o software Matlab. Consideramos os seguintes casos: 1o : Na Figura 1, utilizamos T = 0.1 e ρ = 10 e obtemos a velocidade de propagação ao quadrado a2 = 3.4926. 2o : Na Figura 2, utilizamos T = 1 e ρ = 1 e obtemos a2 = 36.5461. 3 3 2 2 1 1 u(x,t) u(x,t) A distância vertical do valor de máximo da curva até o valor de mı́nimo é de 6 cm. Assim, no primeiro caso a distância vertical percorrida é de 5.95 cm e no segundo caso a distância percorrida é de 18.07 cm. 0 0 −1 −1 −2 −2 −3 −3 0 0.5 1 x 1.5 2 0 Figura 1: Solução da equação (1) para velocidade baixa. 0.5 1 x 1.5 2 Figura 2: Solução da equação (1) para velocidade alta. A vantagem de se trabalhar com o parâmetro fuzzy é que a solução numérica para a equação (1) considerando a2 como uma constante, resulta em um único comportamento para a corda, enquanto considerando a2 como um parâmetro fuzzy, podemos obter vários comportamentos para o fenômeno. No primeiro caso a corda não percorre a distância vertical máxima que é de 6 cm. No segundo caso, a corda percorre três vezes a distância vertical máxima. Através da Teoria dos Conjuntos Fuzzy e dos métodos numéricos é possı́vel visualizar graficamente como a tensão e a densidade influenciam o fenômeno da vibração das cordas com extremidades fixas. Palavras-chave: Corda Vibrante, Teoria dos Conjuntos Fuzzy, Velocidade de Propagação. Agradecimentos Os autores agradecem à FAPEMIG pelo auxı́lio financeiro na participação do evento e a segunda autora agradece ao CNPq (Processo 477918/2010-7) pelo auxı́lio financeiro. Referências [1] N.B. Franco, “Cálculo Numérico”, Pearson Prentice Hall, 2006. [2] R.S.M. Jafelice, L.C. Barros e R.C. Bassanezi, Usando a Teoria Fuzzy na Modelagem de Fenômenos Biológicos, em Simpósio de Aplicações em Lógica Fuzzy, Sorocaba, SP, 2008. [3] http://nfist.pt/sf/sf3/musica/cordas.htm - Acessado em 01/12/2011. [4] http://www.estv.ipv.pt/paginasPessoais/isabelduarte/cam05 06/CAM cap 3.pdf - Acessado em 13/10/2011. 496