42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 USO DE ENDOCLIP NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DE PERSISTÊNCIA DE DUCTO ARTERIOSO EM CÃO – RELATO DE TRÊS CASOS CHRIS MACIEL PEÇANHA¹, MARIANA DA SILVA RIBEIRO¹, JADE LEAL LOUREIRO SILVA¹, MARINA TOMAS GONÇALVES DE MORAES¹, FERNANDA ANTUNES¹, ANDRÉ LACERDA DE ABREU OLIVEIRA¹ ¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - RJ Resumo O ducto arterioso persistente (PDA) é a anomalia vascular congênita mais frequente nos cães. Este trabalho descreve três casos de PDA em cadelas, com idade variando entre cinco e quatorze meses, raças de pequeno porte, com mesmo histórico de desenvolvimento retardado, apatia, intolerância a exercício e cianose. A auscultação torácica revelou presença de sopro cardíaco em todos os casos. A confirmação do diagnóstico de PDA da esquerda para a direita foi realizada através da ecocardiografia transtoracica. A resolução do PDA foi alcançada por toracotomia no quinto espaço intercostal e ligadura, nos dois polos do ducto persistente, utilizando endoclip. Palavras-chave: PDA, endoclip, persistência ENDOCLIP USE IN SURGICAL TREATMENT OF PATENT DUCTUS ARTERIOSUS – THREE CASES REPORT Abstract Patent ductus arteriosus (PDA) is the most common congenital heart disease in dogs. The present work describes three cases of PDA in 2291 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 females dogs with ages between five and fourteen months, small breeds, with the same delayed development history, apathy, intolerance to exercise and cyanosis. Thoracic auscultation reveled heart murmurs in all cases. Left-to-right shunting PDA was confirmed on transthoracic echocardiography. PDA closure was then achieved by the left lateral fifth intercostal thoracotomy and double ligated using endoclip. Key-words: PDA, endoclip, patente Descrição do relato Três cadelas, com idade variando entre cinco e quatorze meses, todas de pequeno porte, foram atendidas apresentando histórico de desenvolvimento retardado, apatia, intolerância a exercício e dispneia. Exame físico detalhado foi realizado e a auscultação torácica revelou presença de sopro contínuo com característico ruído de maquinaria sobre a base esquerda do coração, sugerindo persistência de ducto arterioso. Os animais foram encaminhados para realização de ecocardiografia transtoracica e a identificação do PDA com desvio esquerdo-direito permitiu a confirmação do diagnóstico em todos os casos. O tratamento cirúrgico foi realizado com acompanhamento anestésico criterioso seguindo protocolo adequado, de acordo com a condição clínica de cada animal, sendo todos mantidos em plano anestésico com anestesia inalatória controlada utilizando Isoflurano. A abordagem cirúrgica consistiu de uma toracotomia lateral esquerda a nível do 5º espaço intercostal. Após separação dos arcos costais, utilizando-se um afastador de Finochietto, divulsão cautelosa foi realizada. Identificada a anomalia, foram posicionadas duas pinças hemostáticas, uma em cada extremidade do ducto, visando verificar se a oclusão do mesmo causaria arritmia cardíaca, quadro de cianose ou 2292 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 descompensação da pressão arterial, característicos em casos de compensação sistêmica a partir da inversão do fluxo sanguíneo no ducto. Nenhum dos animais apresentou descompensação com o teste das pinças e os procedimentos de oclusão foram realizados através da colocação do endoclip, substituindo a técnica de ligadura com fio polipropileno 4-0 ou seda 1-0. Finalizada a oclusão do ducto, colocou-se dreno torácico temporário de modo a restabelecer pressão negativa intratorácica após toracorrafia. O pós-operatório de dois animais progrediu de forma satisfatória. Um dos animais, logo após a recuperação anestésica, apresentou quadro de descompensação cardíaca severa. Tentativa de remoção do endoclip foi realizada com insucesso e animal veio a óbito. Discussão O ducto arterioso é a comunicação entre a artérias pulmonar e aorta que, na vida fetal, tinha função de evitar que todo sangue caminhasse para o pulmão até então afuncional. Após o nascimento, o ducto tende a se fechar, porém, em alguns casos isso não ocorre, levando a ocorrência do ducto arterioso persistente e o fluxo da esquerda para a direita se mantém. A correção cirúrgica é recomendada em todos os casos de PDA com desvio da esquerda para a direita. Casos de PDA não tratados progridem para insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar (Bureal et al., 2005). O tratamento cirúrgico é geralmente realizado por meio da ligadura circunferencial do ducto arterioso (Fossum, 2014). A ligadura pode ser realizada através de duas laçadas, uma na região do ducto próxima à aorta e outra próxima ao tronco pulmonar, para reduzir o risco de recanalização (Stopiglia, 2004). A técnica utilizada no presente relato 2293 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 substituiu a ligadura com fio pelo endoclip e os resultados foram satisfatórios. Conclusão No presente estudo, o tratamento cirúrgico do PDA apresentou-se como curativo. A correção cirúrgica deve ocorrer logo após a confirmação do diagnóstico, verificando – se primariamente o estado geral do paciente. O teste das pinças deve ser realizado independente do resultado da ecocardiografia, para que não haja compensação através do shunt direita-esquerda, que veta a possibilidade de correção cirúrgica Referências BUREAL S., MONNET E., ORTON E.C., Evaluation of surgical and prognostic indicators for surgical treatment of left-to-right patente ductus arteriosus in dos: 52 cases (1995-2003). J Am Vet Med Assoc. 227:1794, 2005. FOSSUM T. W. et al., Cirurgia de pequenos animais In: ____.Cirurgia do sistema cardiovascular. 4.ed. Mosby Elsevier, 2014. Cap.28., p.871 – 876. STOPIGLIA, A.J. et al. Persistência do ducto arterioso em cães: revisão. Rev. Educ. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 7, n. 1/3, p. 23-33, 2004. 2294