REGIÃO
Jornal DA Madeira
Sábado, 15 agosto 2015
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JM
Governo não quer Poncha
a ser feita com vodka
Região vai
certificar
postos de venda
Miguel Ângelo
[email protected]
O Governo Regional preparase para certificar a venda da poncha da Madeira nos estabelecimentos madeirenses. A ideia
passa por criar um selo “Poncha
da Madeira”, que certifique que a
poncha vendida no local cumpre
com a tradição e que utiliza a
aguardente de cana da Madeira e
não vodka, conforme já acontece
presentemente em vários locais.
Aliás, a Secretaria Regional da
Agricultura e Pescas faz questão
de incidir a sua campanha na promoção da verdadeira “Poncha da
Madeira”, assegurando que a
mesma se faça com a aguardente
de cana madeirense e não com a
vodka, como em muitos locais já
se faz.
O projeto é para estar implementado até final do corrente
ano, ainda antes do Natal.
O diretor regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural,
Paulo Santos, sublinha que se tem
assistido, nos últimos anos, a um
fenómeno que é a poncha estar
na moda. Mas, paralelamente, denuncia, «tem-se assistido a uma
O GOVERNO QUER DISCIPLINAR A VENDA DA “PONCHA DA
MADEIRA”. ADMITE QUE
SEJAM UTILIZADOS OUTROS
FRUTOS QUE NÃO SÓ O LIMÃO,
MAS AVISA QUE QUEM QUISER
FAZER A NOSSA PONCHA
TERÁ QUE UTILIZAR A AGUARDENTE DE CANA DA MADEIRA.
adulteração da bebida em alguns
locais de venda».
Sublinhando que «há muita
adulteração da poncha tradicional», frisa que «o mais grave é que
estão a utilizar vodka em vez da
aguardente de cana da Madeira».
Ora, «isso pode ser uma bebida,
pode ser um preparado qualquer,
mas não é poncha».
Paulo Santos afirma que o Governo admite inovação na bebida
e até aceita que sejam utilizados
sumos de outros frutos, que não
apenas o limão. Mas, desde que
seja sempre utilizada a aguardente
de cana.
“Kit” ensina a fazer a poncha
Uma empresa madeirense acaba
de lançar um “kit” completo que
permite preparar a poncha tradicional da Madeira. Essencialmente virado para o turista, o “Make your
own Poncha” ensina e proporciona
os ingredientes necessários à feitura
da bebida típica madeirense.
Segundo a empresa “Alencastre &
Rodrigues, Lda.”, o “Make your own
Poncha” é um novo produto que se
destina sobretudo aos nossos visitantes.
É composto por um jarro, 2 copos,
mel, Aguardente de Cana da Madeira e sem esquecer, obviamente, o
tradicional pau da poncha. Assim,
de regresso a casa os nossos visitantes, apenas têm de adicionar a este
kit o sumo de limão. O kit disponibiliza ainda as instruções para fazer a
bebida.
Já à venda nas lojas da especialidade, a empresa Alencastre & Rodrigues, Lda., com este produto, pretendeu criar um conceito inovador
que permitisse aos turistas levar uma
lembrança de um produto tão típico
como é a Poncha da Madeira.
Para além deste produto, há ainda
outros produtos inovadores recentemente aprovados pela Direção Re-
gional de Agricultura.
É o caso de uma farinha de grainha
de uva e um doce de uva moscatel,
ambos com origem no Porto Santo.
Há ainda o “Iodo Bom”, um projeto de um professor da Universidade da Madeira, que inclui algas e
produtos da serra, como os orégãos,
etc.
O diretor regional da Agricultura e
Desenvolvimento Rural, Paulo Santos, sublinha que o Governo Regional está disponível para apoiar toda
esta inovação, ao nível de produtos,
desde que sejam feitos cá e com
Produtos inovadores estão a ser apoiados pelo Governo.
base em produtos madeirenses.
ALBINO ENCARNAÇÃO
A venda da poncha da Madeira terá regras mais estreitas. Só aguardente de cana regional e nada de vodka. E até vai haver certificado...
Para obstar a que se continue a
adulterar a poncha, Paulo Santos defende a criação de um sistema de certificação de pontos
de venda de poncha da Madeira.
Essa certificação consiste na introdução de um dístico oficial, a
assegurar que no estabelecimento faz-se e comercializa-se
efetivamente Poncha da Madeira.
«Não é muito complicado. Os locais de venda candidatam-se.
Depois, equipas da DRADR verificam a forma como ao poncha é
feita e depois atribuem, ou não, o
dístico. Depois, os consumidores
já saberão se a poncha é a Poncha da Madeira, feita com
aguardente, ou não», explica.
Quanto à fiscalização futura,
Paulo Santos admite que haverá
equipas que certificarão se os
postos com dístico continuam a
cumprir com as regras. Mas, sublinha que a melhor fiscalização
será a dos consumidores. «Serão
esses que terão de garantir que
a nossa Poncha é feita com a
nossa aguardente», insta.
O nosso interlocutor diz que a
questão coloca-se sobretudo na
venda na Região. Porque a poncha engarrafada já cumpre a
regra da aguardente de cana.
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Governo não quer Poncha a ser feita com vodka