64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 PALINOTAXONOMIA DE ESPÉCIES DE FRULLANIACEAE OCORRENTES NO ESTADO DE MINAS GERAIS (BRASIL). 1* Juliana da C. Silva , Andrea P. Luizi-Ponzo 1 2 Mestranda em Ecologia, Programa de Pós–Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (PGEcol 2 - UFJF), Professora do Departamento de Botânica, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); *[email protected] Introdução As hepáticas são plantas avasculares, criptogâmicas, com alternância de gerações heteromórficas em seu ciclo de vida, assim como musgos e antóceros [1]. Frullaniaceae Lorch. é uma família de hepáticas folhosas que se caracteriza, principalmente, pela diversidade de formas de vida, diferenciação de seus lóbulos em sacos aquíferos e germinação precoce dos esporos [2]. Possui ampla distribuição mundial e expressa sua maior diversidade em áreas tropicais [3]. A família possui um único gênero no Brasil, Frullania Raddi [2], o qual é dividido em quatro subgêneros [3]. Estudos palinológicos são de extrema importância para a compreensão taxonômica e ecológica da estratégia de vida desse grupo. No entanto, trabalhos desta natureza são escassos e poucos dados sobre a morfologia de esporos de hepáticas folhosas são conhecidos. O presente trabalho faz parte de um projeto maior que visa à caracterização palinológica de espécies de Frullaniaceae ocorrentes em Minas Gerais (Brasil). As espécies estudadas, até este momento, representam três subgêneros: Frullania atrata (Sw.) Nees, Frullania brasiliensis Raddi, Frullania ericoides (Nees) Mont. e Frullania glomerata (Lehm. & Lindenb.) Mont. representando o subgênero Frullania; Frullania caulisequa (Nees) Nees, o subgênero Diastaloba e Frullania dusenii Steph., o subgênero Chonanthelia [3]. Metodologia O material botânico estudado integra a coleção do Herbário Prof. Leopoldo Krieger da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para a observação geral dos esporos e avaliação da presença de conteúdo celular, foi realizada a preparação palinológica segundo o método de Wodehouse [4], seguindo as modificações para esporos de briófitas [5]. Para a análise da estrutura e da ornamentação da parede dos esporos, foi empregada a técnica da acetólise [6], com alterações para o estudo de esporos de briófitas [5]. Os esporos foram estudados sob microscopia de luz, microscopia confocal e microscopia eletrônica de varredura. Resultados e Discussão No subgênero Frullania, representado pelas espécies F. atrata, F. brasiliensis, F. ericoides e F. glomerata, os esporos se caracterizam pela intina espessa, exina delicada e conteúdo celular evidente. No subgênero Diastaloba, representado por F. caulisequa, os esporos possuem exina e intina espessas e conteúdo celular discreto. No subgênero Chonanthelia, representado por F. dusenii, os esporos são mais delicados, com intina e exina delgadas, e conteúdo celular evidente. Os esporos apresentam padrão morfológico com discreta variação entre os grupos de espécies: o tamanho é médio a grande (entre 39 e 57 micrômetros), são apolares, subesferoidais e não apresentam região preferencial para germinação. Quanto à ornamentação, a parede dos esporos apresenta, por toda a sua extensão, pequenas depressões circundadas por processos alongados. Esse padrão é verificado em todas as espécies estudadas até o momento, exceto em F. glomerata, em que a parede dos esporos é reticulada e apresenta as depressões circulares com um processo central que se destaca em tamanho e é circundado por outras projeções menores. Conclusões No conjunto das espécies analisadas, a família Frullaniaceae é estenopalinológica, com especial destaque para F. glomerata, que exibe uma superfície do esporoderma mais elaborada. Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós–Graduação em Ecologia, à Universidade Federal de Juiz de Fora, à CAPES e à Profa. Priscila de Faria Pinto, do Departamento de Bioquímica da UFJF, pelo auxílio no uso do Microscópio Confocal. Referências Bibliográficas [1] Goffinet, B.; Buck, W. R. & Shaw, A. J. 2009. Morphology and classification of the Marchantiophyta. Bryophyte Byology. Cambridge University Press, 1: 1-32. [2] Gradstein, R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of the New York Botanical Garden, v. 87, 301p. [3] Uribe, J.M. 2008. Monografía de Frullania subgénero Meteoriopsis (Frullaniaceae, Marchantiophyta). Caldasia 30(1):49-94. [4] Wodehouse, R. P. 1935. Pollen Grains. Their Structure, Identification and Significance in Science and Medicine. New York, McGraw-Hill Book Company, 574p. [5] Luizi-Ponzo, A. P. & Melhem, T.S. 2006. Spore morphology and ultrastructure of the tropical moss Helicophyllum torquatum (Hook.) Brid. (Helicophyllaceae) in relation to systematics and evolution. Cryptogamie Bryologie . 27: 413- 420. [6] Erdtman, G. 1960. The acetolysis method. A revised description. Svensk Botanisk Tidskrift 39: 561-564.