imunologia Diagnóstico Laboratorial da Malária Novo Teste para Detecção de Antígeno Plasmodial I. Introdução A malária é causada por um protozoário do gênero Plasmodium que infecta alternadamente um hospedeiro vertebrado e um invertebrado. Transmitido pelo mosquito Anopheles, o plasmódio tem suas fases de reprodução assexuada em um hospedeiro vertebrado. Quatro espécies podem infectar o homem: P. vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil predominam as espécies P. vivax e P. falciparum, sendo o P. malariae menos freqüente (1). Por todo o mundo mais de 3 milhões de pessoas vivem em áreas onde a malária é endêmica. A cada ano mais de 500 milhões de pessoas são infectadas, havendo 2,4 milhões de casos fatais. Malária tem recrudescido em áreas tropicais, em mais de 90 países, devido a múltiplos fatores: (I) resistência do Anopheles ao inseticida, (II) instabilidade social e migração, (III) falta de uma vacina efetiva. No Brasil são estimados 90.000 casos novos de malária a cada ano (2). II. Diagnóstico laboratorial Na estratégia de controle da malária o diagnóstico precoce é um dos objetivos a serem alcançados. A gota espessa possui boa sensibilidade e especificidade, persistindo como o método de referência para o diagnóstico laboratorial. Entretanto, apresenta desvantagens e dificuldades a serem consideradas: (I) requer microbiologista bem treinado; (II) durante a coloração pode haver perda de trofozoítas; (III) em parasitemias escassas é necessário muito tempo para identificação do parasita (1,2,3). 1. Detecção de antígenos plasmodiais Avanço diagnóstico ocorreu no desenvolvimento de ensaios imunocromatográficos que permitem rápida detecção de proteínas de plasmódios utilizando anticorpos monoclonais. A lactato desidrogenase é um enzima glicolítica encontrada em altos níveis no estágio eritrocitário do parasita. É produzida apenas por parasitas vivos e os seus níveis acompanham a parasitemia periférica, sendo, assim, um bom indicador de infecção ativa. O teste utiliza anticorpos monoclonais contra o pLDH, não havendo reação cruzada com a LDH humana (figura 1). Seu resultado permite a separação do P. falciparum das demais espécies (P. vivax, P. malariae e P. ovale). Detecta o pLDH a partir 100 a 200 parasitas/microl, e normalmente torna-se negativo 4 a 5 dias após um tratamento com sucesso. Conseqüentemente é útil para a determinação das espécies de Plasmodium sp resistentes aos tratamentos, podendo ser usado para controle de cura (2,3,4,5). 2. Desempenho do teste imunocromatográfico que utiliza o pLDH Esse teste foi validado por vários estudos em diversos países. A maioria destes mostra sensibilidade acima de 90%, com especificidade próxima a 100% (3-11). A sensibilidade do teste varia de acordo com o nível de parasitemia. Iqbal e cols. encontraram sensibilidade de 97% para parasitemias acima de 100 parasitas/microl, entretanto, resultados inferiores quando o nível de parasitemia é menor que 100 parasitas/microl (5). Palmer e cols. avaliaram a eficiência desses testes de acordo com a parasitemia (vide tabela 1). Ressalta-se ainda que em pacientes com teste de detecção do pLDH positivo e gota espessa negativa deve-se pensar na possibilidade de seqüestro do protozoário (6). -1- imunologia Tabela 1 - Sensibilidade da Detecção do pLDH plasmodial Número de Espécie (número pacientes) Sensibilidade (%) parasitas/microl de sangue P. vivax (5) 40 1-99 P. falciparum (3) 67 P. vivax (8) 100 100-199 P. falciparum (1) 100 P. vivax (7) 86 200-499 P. falciparum (0) P. vivax (3) 100 500-999 P. falciparum (1) 100 P. vivax (4) 100 1000-1999 P. falciparum (4) P. vivax (52) 98 > 2.000 P. falciparum (8) 100 Conclui-se que a pesquisa do antígeno (pLDH) do plasmódio é um método com desempenho adequado, reprodutível, útil no diagnóstico e controle do tratamento da Malária. O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini realiza a Pesquisa de Antígeno (pLDH) do Plasmódio: Método: imunocromatográfico Resultado: Negativo P. falciparum P. ovale, malariae, vivax Figura 1 -2- imunologia III. Bibliografia 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Ávila SLM, Ferreira AW. Malária. In: Ávila SLM, Ferreira AW. Diagnóstico laboratorial. 2001. 263-73. Moody A. Rapid diagnostic test for malaria parasites. Clin Microbiol Rev. 2002; 15: 66-78. Piper R. Lebras J, Wentworth L, Hunt-Cooke A, Houze S, et al. Immunocapture diagnostic assays for malaria using Plasmodium lactate deydrogenase (pLDH). Am J Trop Med Hyg. 1999; 60: 109-18. Jelinek T, Grobusch MP, Schewenke S, et al. Sensitivity ans specitivity of dipstick tests for rapid diagnosis of malaria in nonimmune travelers. J. Clin Microbiol. 1999; 37: 721-723. Iqbal J, Sher A, Hira PR. Comparison of the Optimal test with PCR for diagnosis of Malaria in Immigrants. J. Clin Microbiol. 1999; 37: 3644-46. Palmer CJ, Lindo JF, Klaskala WI, Quesada JA, et al. Evaluation of the optimal test for rapid diagnosis of Plasmodium vivax and Plasmodium falciparum Malaria. J Clin Microbiol. 1998; 36: 203-206. Mason DP, Kawamoto F, Lin K, et al. 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