Consumidores sem dinheiro optam por produtos de marca própria Por Louise Lucas | De Londres, para o Financial Times Indústrias de bens de consumo estão aderindo à tendência de marcas próprias Cerca de dois terços dos consumidores de todo o mundo estão optando por produtos de marca própria dos supermercados em relação às versões de marcas empresariais quando se trata de novos itens, lançando a arena de bilhões de dólares em inovação como o próximo campo de batalha entre as redes varejistas e fabricantes. Um levantamento realizado pela empresa de pesquisa Nielsen é o sinal mais recente de que os consumidores estão optando por mercadorias de marca própria, geralmente mais baratas, mesmo nos chamados produtos de "inovação" - uma área de bens de consumo que grupos, como Procter & Gamble, Unilever e Nestlé, têm procurado fazer a sua própria. A tendência não é restrita aos consumidores europeus sem dinheiro: 63% a 64% das pessoas nas regiões Ásia-Pacífico e América Latina estão fazendo escolhas semelhantes. A inovação tem sido um dos principais focos da indústria de bens de consumo enquanto as economias do mundo desenvolvido enfrentam dificuldades. A americana Kraft Foods, por exemplo, lançou 40 novos produtos em apenas alguns meses desde sua cisão, em outubro, e que variam do molho de cebola Miracle Whip a chocolate de cereja aromatizado com manteiga de amendoim. A Unilever, fabricante anglo-holandesa de sorvete Magnum e xampu Dove, tem quase um terço de seu volume de negócios proveniente de novos produtos lançados nos últimos dois anos. O foco e o investimento em inovação tendem a aumentar, apesar de registros fracos: para a Nielsen, isso "sugere que dois de cada três produtos são destinados a falhar". O levantamento da Nielsen torna a leitura desagradável às multinacionais de bens de consumo, acostumadas a disputar entre si espaço sobre detergentes, doces e refrigerantes. Elas agora têm de lidar também com os supermercados. As marcas próprias não decolaram tão nitidamente como o esperado quando a crise atingiu os mercados desenvolvidos em 2008. Mas as declarações recentes sobre o comércio no Natal feitas pelos supermercados do Reino Unido mostram que isso está mudando. Ao divulgar balanço do primeiro trimestre na semana passada, a cadeia Sainsbury informou que as vendas de novos produtos de marca própria cresceram três vezes sobre os novos produtos de marcas conhecidas, em um ano que 3 mil itens novos ou melhorados estavam nas prateleiras no Natal. Isso também ajudou as empresas que fazem esses produtos. A McBride, fabricante de produtos de marca própria do Reino Unido com operações na Europa e na Ásia, está pronta para lançar cerca de 60 novas linhas que podem contribuir em 100 milhões de libras esterlinas nas vendas, de acordo com a Investec Securities. Segundo a Nielsen, os consumidores franceses são os maiores fãs de produtos de marca própria dos supermercado e valorizam novos itens, com 80% do total, em comparação os 59% dos consumidores do Reino Unido e de 64% dos consumidores americanos. Fonte: Valor Econômico