P52 GARFAGNANA (Toscânia, Itália) Produtos regionais, promoção da região A acção A valorização de três produtos locais específicos (espelta, mel e castanhas) levou à promoção nacional e internacional desta zona da Toscânia relativamente isolada, com incidên cias positivas importantes para o turismo. A iniciativa, financiada em grande parte pelos programas LEADER I e II, conduziu os produtores locais a agruparem-se. A espelta, o mel e as castanhas são produções actualmente organizadas em fileiras sólidas, que associam agricultores e comerciantes. A vertente qualidade é outra componente essencial da iniciativa. Prova disso é a indicação geográfica protegida (IGP) obtida pela espelta da Garfagnana e a elaboração de rótulos de qualidade para a carne e para o leite. Contexto Se a paisagem montanhosa da região de Garfagnana manteve isolada durante muito tempo esta microrregião, também é verdade que a preservou da desflorestação. A Garfagnana (que significa "grande floresta") merece ainda o seu nome, já que os bosques cobrem mais de 75% da superfície da região, ou seja, 86 624 ha, dos quais 4 544 ha plantados de castanheiros. O pouco espaço reservado às culturas (6 500 ha) e a grande fragmentação das propriedades não permitem praticar a agricultura a tempo inteiro. A regra é a pluriactividade e o aumento dos rendimentos provenientes da agricultura passa pela qualidade e por uma abordagem não clássica dos mercados. Ponto de partida Criado em 1991 com o LEADER I, o grupo de acção local (GAL) "Garfagnana Ambiente e Sviluppo" (Garfagnana Ambiente e Desenvolvimento) identificou três culturas agrícolas locais que ofereciam um potencial de valorização: a espelta, o mel e as castanhas. A atenção concentrou-se inicialmente na espelta. Este cereal antigo, típico das zonas montanhosas, possuía todas as características de um produto que era necessário preservar e em relação ao qual era preciso organizar a comercialização. A espelta produzida até então na Garfagnana era comercializada individualmente pelos produtores que apenas dispunham de pequenas quantidades e tinham, por conseguinte, muito pouco peso nas negociações com os distribuidores. Elementos principais > Criação de fileiras que agrupam agentes económicos locais – designadamente agricultores e comerciantes – que não tinham o hábito de colaborar. > Papel de alavanca dos produtos agro-alimentares locais na promoção económica e turística da região. > Papel de intermediários dos emigrantes originários do local na promoção da região. > Iniciativa de qualidade de longa duração também em relação a outros produtos. Em relação ao mel, vários estudos revelaram que o consumidor tinha tendência para escolher este produto com base em critérios visuais e gustativos, sendo portanto evidente que o produto necessitava de uma forte conotação regional. Quanto à castanha, que do ponto de vista quantitativo é a produção local mais importante, com 4 544 ha de superfície cultivada, o GAL e os produtores interessados concentraram os seus esforços no produto seco (cerca de metade da produção total), uma vez que a farinha de castanha oferece boas oportunidades como ingrediente gastronómico e pasteleiro. Na verdade, os três produtos necessitavam da mesma intervenção em três vertentes: a preservação, através da valorização de produtos antigos que tinham de ser actualizados, a atribuição de uma "imagem regional" e uma educação para o consumo do produto. E xe c u ç ã o Esta intervenção apoiou-se em primeiro lugar no reavivar de uma associação local, a "Consorzio Garfagnana Prod Os fundos LEADER cobriram as despesas com o equipamento para a transformação da espelta e da castanha em farinha. Começou-se primeiramente por uma operação experimental, mas que rapidamente convenceu a "Comunità Montana" (agrupamento técnico-administrativo de vários municípios de montanha), responsável pela execução de um programa do Objectivo 5b, que se juntou ao projecto. Foi assim que a Comunità Montana se encarregou de solicitar em 1994 a atribuição de uma IGP (indicação geográfica protegida) para a espelta de Garfagnana. A IGP foi atribuída pela Comissão Europeia em Julho de 1996. No final do programa LEADER I, em 1995, os produtos da Garfagnana começaram a sair da sombra. Era ainda necessário dá-los a conhecer nos mercados internacionais. A este respeito, o GAL pensou realizar eventos que permitissem promover os produtos sob um "rótulo comum" durante as feiras e salões, designadamente nas regiões da Europa onde existem muitos emigrantes originários da região de Garfagnana. O GAL dirigiu-se ao Instituto italiano do Comércio Externo, que aceitou fornecer gratuitamente um pavilhão. A primeira experiência concreta foi na Alemanha, em Dusseldórfia, no âmbito de um salão de produtos regionais dirigido a um público constituído por grossistas, mas igualmente por operadores turísticos. Em 1995 e 1996, tiveram lugar seis manifestações nacionais, três internacionais e uma local. Quis-se igualmente reforçar a visibilidade do Consorzio ao nível local e foram ainda lançadas várias acções para atrair um maior número de visitantes à Garfagnana e prolongar a época turística. Em 1998, foram organizadas três manifestações locais. Em 1999, realizaram-se seis eventos locais e dois internacionais e para o ano 2000 estão programadas seis manifestações locais e duas internacionais para o ano 2000. Depois da reactivação e extensão do Consorzio Garfagnana Produce, foram criados dois agrupamentos sectoriais em 1998: o "Consorzio del Farro della Garfagnana", que reúne os produtores de espelta da Garfagnana, e o "Consorzio Castanicoltori", que reúne os produtores de castanha. Cada asso ciação conta com cerca de trinta membros. Orçamento e fontes de financiamento O investimento total, financiado essencialmente no âmbito do programa LEADER, representa 723 000 EUR, dos quais 50% (361 500 EUR) provenientes de fontes privadas. GARF AGNANA A Garfagnana ("Grande Floresta"), que pertence à província de Lucques, forma um vale de 534 km 2, encaixado entre os Apeninos e os Alpes Apuane. O relevo acidentado explica o isolamento secular desta região, apesar da proximidade das bacias muito desenvolvidas da planície costeira que se entendem entre Livurno e La Spezia. A maior parte da região (63%) fica situada a mais de 600 m de altitude, com cumes que atingem quase 2000 m. Os 32 000 habitantes da zona LEADER Garfagnana (58 habitantes/km 2) distribuem-se por 25 municípios. O LEADER I assegurou a promoção entre 1994 e 1996 (118 800 EUR) e o equipamento do centro de transformação (77 500 EUR); a promoção entre 1997 e 2000 foi garantida pelo LEADER II, sendo o financiamento distribuído da seguinte forma: promoção do território (206 500 EUR), acções junto dos restauradores (134 300 EUR) e presença em feiras e salões (185 900 EUR). As contribuições locais feitas pelas comunidades de montanha e pelos municípios completaram o total. Elementos inov ador es para a r egião Implicação da população local e coesão social Ao mobilizar o conjunto dos agentes locais, públicos e privados, a acção teve um efeito de coesão estrutural importante, tendo sensibilizado as administrações locais e os empresários privados para a promoção territorial das virtudes do trabalho em comum. Imagem da região A população local tomou consciência das potencialidades da sua região e a Garfagnana conseguiu um reconhecimento no exterior. Os estrangeiros constituem 80% da clientela turística. A iniciativa permitiu desviar para a Garfagnana uma parte dos fluxos turísticos da Toscânia. Actividade e emprego Verifica-se um desenvolvimento significativo do turismo rural, tendo o número de empresas neste sector passado de 12, em 1995, para 40, em 1999. A iniciativa teve um importante efeito de demonstração e encorajou outros agentes a investirem no turismo rural e na valorização dos produtos locais. Competitividade e acesso aos mercados A atribuição da IGP para a espelta da Garfagnana, o pedido de IGP em curso para a farinha de castanha e a elaboração de um rótulo de qualidade para o leite e a carne são prova da difusão de uma cultura de qualidade entre os empresários locais. Daqui para a frente, os produtos à base de espelta, de mel e de castanhas, como a farinha, sobremesas e li cores, estão presentes nos mercados nacionais e europeus, enquanto os outros produtos (conservas, carne, queijos, etc.) estão igualmente presentes nos mercados regionais. Os volumes de produção de qualidade, que atingiram entre 1 000 e 1 200 quintais (1 quintal = 100kg) por ano de espelta e mais de 4 000 quintais por ano de farinha de castanha, obtidos a partir de técnicas semitradicionais, evidenciam a dimensão económica e competitiva dos produtos em causa. Contacto Stefano Stranieri GAL Garfagnana Ambiente e Sviluppo Via Vittorio Emanuele, 9 I-55032 Castelnuovo di Garfagnana (LU) Tel.: +39 0583 644449 Fax: +39 0583 644451 E-mail: [email protected] © 1999 - Observatório Europeu LEADER/AEIDL