Competição de cultivares de batata na região de Alfenas - MG
Glauber Stussi Dias 1, Ernani Clarete da Silva1, Gabriel Mascarenhas Maciel1
1
ICA -UNIFENAS - Universidade José do Rosário Vellano, Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas - MG
[email protected]
RESUMO
O
presente
trabalho
foi
desenvolvido
na
Universidade
José
do
Rosário
Vellano(UNIFENAS), Instituto de Ciências Agrárias e teve como objetivo avaliar o
desempenho de 4 cultivares de batata (Ágata, Asterix, Vivaldi e Atlantic). para a região de
Alfenas. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 4 repetições,
constituindo-se de parcelas com dimensões de 0,80m x 5m
com 17 plantas dispostas
linearmente sendo consideradas úteis a 15 plantas centrais. Aos 100 dias após o plantio as
seguintes características foram avaliadas: número de tubérculos/planta; produção comercial
e não comercial e produção total em toneladas/ha. O número de hastes/m2 foi avaliado aos
50 dias após o plantio. Concluiu-se que todas as cultivares avaliadas estão aptas a serem
produzidas na região de Alfenas sendo a cultivar Atlantic a que apresenta melhor
desempenho.
Palavras-chave: Solanum tuberosum L, desempenho
ABSTRACT
Competition of potato cultivates in the region of Alfenas - MG
This work was carried out at University of Alfenas (UNIFENAS), Institute of Agrarian
Sciences, with the objective of testing the performance of
4 potatoes cultivates (Ágata,
Asterix, Vivaldi and Atlantic) in the region of Alfenas. The experimental design was a
randomized complete block and 4 replications, constituted of plots with dimensions of 0,80m
x 5m with 17 plants disposed linearly being considerate useful the 15 central plants. At the
100 days after the planting the following characteristics were evaluated: number of tubercle
/plant; commercial and not-commercial production, and total production in tons/ha. The
number of stem/m2 was evaluated at the 50 days after the planting. It was concluded that all
of the tested cultivates are ready to be produced in the region of Alfenas being the Atlantic
cultivate the one that shows the best performance.
Keywords: Solanum tuberosum L. performance
A batata cultivada no Brasil pertence à classe das dicotiledôneas, família das
solanáceas e gênero Solanum. Dentro desse gênero, a espécie mais cultivada em solo
brasileiro é a espécie S. tuberosum, que se subdivide em duas subespécies, S. tuberosum
subs. tuberosum e S. tuberosum subs. andigena, sendo esta última cultivada somente nas
regiões andinas (EMBRAPA, 1997). O problema de escolher uma cultivar de batata é
dificultado pelo grande número existente, sendo que a cada ano os países europeus lançam
novas cultivares. Como a maior parte da área cultivada com batata no Brasil é ocupada com
cultivares européias, criadas para as condições européias (Winandy & Vilhordo, 1987) é
importante conhecer bem tais cultivares para uma escolha correta (Dias 1986). Uma cultivar
de batata é considerada boa dentre outros atributos,
quando possui alta produção de
tubérculos comerciais; precocidade; resistência às principais pragas e doenças; baixa
tendência a apresentar distúrbios fisiológicos; baixa exigência em fertilizantes; período de
dormência curto; boa adaptação à diferentes condições edafo - climáticas (Cardoso &
Saturnino, 1981).
No Brasil, a bataticultura é praticada durante o ano todo. Na região
sudeste a principal safra ocorre no período das águas (agosto a dezembro). Existe ainda o
cultivo de inverno (abril a julho) e o plantio da seca realizado de janeiro a março (Goepfert
1987; Filgueira 1999).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas dependências da Universidade José do Rosário
Vellano (UNIFENAS), Instituto de Ciências Agrárias no período de agosto a novembro de
2002 (cultivo das águas). Utilizou-se 4 cultivares de batata (Ágata, Atlantic, Asterix e Vivaldi)
normalmente cultivadas na região e cedidas gentilmente pela Fazenda Itapuã, localizada no
município de Alfenas (MG). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 3
repetições, constituindo-se de parcelas com dimensões de 0,80m x 5m com 17 plantas
dispostas linearmente sendo consideradas úteis a 15 plantas centrais. Aos 100 dias após o
plantio as seguintes características foram avaliadas: número de tubérculos/planta; produção
comercial (tubérculos acima de 45 mm de diâmetro transversal); produção não comercial e
produção total em toneladas/ha. O número de hastes/m2 foi avaliado aos 50 dias após o
plantio. Todos os tratos culturais e os tratos fitossanitários foram realizados de acordo com o
recomendado para a cultura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Resende et al (1999), uma produção de batata para ser considerada boa,
deve alcançar uma produtividade de 18 a 20 t/ha. A tabela 1 mostra que todas as cultivares
avaliadas atingiram uma produção total superior a 20 t/ha, sugerindo uma boa adaptação ao
cultivo na região de Alfenas. Ainda conforme a tabela 1, a cultivar Ágata foi
significativamente superior às demais cultivares em termos de produção total, com mais de
26 t/ha. Por outro lado, analisando produção comercial (produção de tubérculos com
diâmetro transversal acima de 45 mm), observa -se que a cultivar Asterix apresentou
significativamente a menor produção enquanto que com as outras cultivares não houve
diferenças significativas (Tabela 1). De acordo com Fontes & Finger (1999), quanto maior o
número de hastes por m2 , maior o número de tubérculos por planta e, consequentemente,
maior a produção da cultura. Porém o excesso de hastes pode resultar em uma produção
grande de tubérculos pequenos, já que a demanda por nutrientes e reserva é muito grande e
há desgaste da planta. Provavelmente esta seja a explicação para o desempenho da cultivar
Axterix já que em termos de número de hastes/m2 apresentou resultado altamente
significativo superior às demais cultivares que não diferiram estatisticamente. Observa-se
ainda (Tabela 1), que quanto maior
o número de hastes/m2, maior foi o número de
tubérculos/planta e maior a percentagem de refugo ou seja tubérculos com diâmetro
transversal inferior a 45 mm. Este fato ajuda a explicar o melhor desempenho em termos de
produção comercial, principalmente da cultivar Atlantic que produziu significativamente, o
menor número de hastes/m2 . Segundo Melo (1999), a cultivar Asterix apresenta planta de
porte médio com hastes numerosas que se espalham. Assim, provavelmente, uma
adubação mais concentrada em fósforo e cálcio aliado a um maior espaçamento possa vir a
melhorar o seu desempenho em termos de produção comercial.
Tabela 1 – Produção total, produção comercial, refugo, número de tubérculos/planta e
número de hastes/planta de cultivares de batata. ICA – UNIFENAS, 2002*.
Cultivar
Ágata
Produção Cultivar Produção Cultivar
Total
Comercial
(t/ha)
(t/ha)
26,74a
Atlantic 19,33a
Asterix
Refugo
(%)
45,80a
12,17a
Asterix
31,32a
Vivaldi
23,92 b
Vivaldi
16,66ab
Ágata
40,42 b
10,62ab
Vivaldi
10,02 b
Asterix
22,59 b
Ágata
15,99ab
Vivaldi
30,37 c
8,10 bc
Ágata
9,37 b
Atlantic
22,44 b
Asterix
12,37 b
Atlantic
17,58 d
6,83
Atlantic
4,29 c
CV(%)
21,81
21,13
Tubérculo Cultivar Hastes
(n0 /planta)
n0/m2
c
11,30
14,65
*Médias seguidas por letras distintas na vertical diferem entre si ao nível de 5% pelo testeTukey
LITERATURA CITADA
CARDOSO, M. R. de O. & SATURNINO, H. M. Cultivares de batata. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte. v.7. n.76. p.14-17. abr.1981.
DIAS, C. A. de C. Cultura da batata. Campinas: CATI, 1986. 44p. ( Documento técnico, 65 ).
EMBRAPA. Cultivo da batata ( Solanum tuberosum L. ). Brasília: Embrapa, 1997. 36p. (
Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças, 8 ).
FILGUEIRA, F. A. R. Práticas culturais adequadas em bataticultura. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte. v.20. n.197. p.34-41. mar./abr.1999.
FINGER, F. L. & FONTES, P. C. R. Manejo pós-colheita da batata. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte. v,20. n.197. p.105-111. mar./abr.1999.
GOEPFERT, C. Plantio da batata-semente. Porto Alegre: IPAGRO, 1987. p.49-52. ( Boletim
IPAGRO informa, 29 ).
MELO, P. E. de. Cultivares de batata potencialmente úteis para processamento na forma de
fritura no Brasil e manejo para obtenção de tubérculos adequados. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte. v.20. n.197. p.112-119. mar./abr.1999.
RESENDE, L. M. de A., MASCARENHAS, M. H. T., PAIVA, B. M. de. Aspectos econômicos
da produção e comercialização de batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte. v.20.
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WINANDY, A. L. P. & VILHORDO, B. W. Cultivares de batata. Porto Alegre: IPAGRO,1987.
p.39-44. ( Boletim IPAGRO INFORMA n. 29 ).
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