SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Não há uma só actividade humana que não seja afectada ou que não possa ser promovida pela comunica ção. A própria ausência de comunica ção é já comunicação. A história do homem pode resumir -se, pois, ao enorme e permanente esfor ço de comunicação. A sociedade moderna nada mais é que o resultado do penoso, mas progressivo processo comunicativo - do grunhido à palavra, da expressão à significação. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Tudo é comunicação. A linguagem é comunicação. A personalidade é comunicação. O gesto é comunicação. Estamos mergulhados num mar de comunicação, e não se vive um instante fora dele. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Socialmente, a complexa questão de personalidade humana depende da boa ou m á qualidade da comunica ção individual. O homem é aquilo que consegue comunicar ao seu semelhante na sociedade onde vive. O que pensamos de algu ém, depende do que esse alguém nos conseguir comunicar sobre si mesmo. Na competitiva sociedade em que vivemos, é indispensável saber projectar a personalidade, ou seja, comunicar tra ços positivos de inteligência, persistência e capacidade. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO A palavra comunicação tornou-se popular. É usada para denominar os problemas de relações entre trabalhadores e dirigentes, entre nações, entre as pessoas em geral. Por vezes, o rótulo comunicação refere-se efectivamente a um modo diferente de resolver tais problemas. Outras vezes, simplesmente, serve para adiar esses problemas. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO A revolução tecnológica na comunicação obrigou a uma maior necessidade de competência no seu exercício. Os nossos avós ganhavam a vida manipulando coisas, não manipulando símbolos. O homem mais capaz era aquele que sabia forjar uma ferradura; que sabia combater melhor; que sabia tratar e produzir os melhores produtos agrícolas, que sabia caçar melhor; que sabia construir melhor a sua casa. A comunicação era importante naturalmente, mas muito menos necessária para a carreira de um homem. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Os tempos mudaram. Uma das características do desenvolvimento tecnol ógico é a obtenção de uma maior confiança nos símbolos e menor nas coisas. Efectivamente, com a difusão da tecnologia, o produto de uma empresa tornou-se tão semelhante ao produto das suas concorrentes, que muitas vezes não h á como distingui-los. Daí a necessidade que as empresas têm de criar diferenças de nomes e marcas para produtos equivalentes. O resultado é a extraordinária importância da imagem da marca como técnica de venda, criando mensagens que valorizam psicologicamente o produto. Sabão é sabão – mas Tíde é muito diferente de Skip. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Ao mesmo tempo, a produção industrial passou a orientar-se mais pelos símbolos, a preocupar-se mais com a comunicação. Há um século atrás, o gerente de uma indústria conhecia todas as operações executadas na sua oficina. Ele sabia explicar cada t écnica e/ou executar ele próprio a maioria das tarefas. Com o desenvolvimento da automa ção e da produção em massa, surge o gestor profissional, o homem que chega ao topo da escada não pelo que é capaz de fazer com as coisas, mas pelo que pode fazer com as pessoas - por meio da comunicação. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Do mesmo modo, os governos actuais privilegiam cada vez mais o valor da comunica ção. É vulgar dizerse que o ministro, o secret ário, o administrador público, o deputado, são máquinas de palavras. Os problemas das relações entre os organismos governamentais, a necessidade de saber o que cada departamento faz, a obriga ção de acumular, interpretar e divulgar informa ções para o público, exigem a atenção de grande número de funcionários. Os governos, as empresas, os organismos oficiais e particulares e as instituições empregam pessoas que têm como função supervisionar a comunicação tanto interna como externa. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO A revolução tecnológica criou o mercado do comunicador profissional. Os jornais, as revistas, o teatro, a orat ória, já eram o mercado desse esp écime social. Mas hoje, este mercado foi ampliado pela necessidade de redactores de publicidade, de fazedores de imagem, de experts em propaganda, de assessores, de comentaristas políticos e jurídicos... tudo contribuindo para aumentar o ruído social. SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Paralelamente, outro grupo de profissionais têm como trabalho, avaliar o impacto ou a eficácia das várias espécies de comunicação. Pesquisadores de opinião e atitudes, pesquisadores de mercado, realizadores de inquéritos, de sondagens - todos desempenham a primor o seu papel na chamada indústria da comunicação (ou da confusão?). SOCIEDADE E COMUNICA ÇÃO Quando a capacidade de comunica ção humana é negligenciada, a sociedade entra rapidamente em degrada ção moral e cívica, e a violência ocupa o lugar do di álogo e da concórdia. A prova disso é o mundo caótico em que vivemos. O PROCESSO DE COMUNICA ÇÃO Os termos expressão, comunicação e informação traduzem noções muito precisas e diferentes. Depois da Segunda Guerra Mundial, o progresso das ciências e das técnicas acelerou-se. Graças à electrónica, o homem dispõe de meios consideráveis. A sua palavra e, portanto, o seu pensamento, afastou para limites indefinidos a sua transmissão. O homem vive hoje no meio de m áquinas que multiplicam oportunidades de escrever ou ler, de falar e de escutar. EXPRIMIR Na origem desta palavra, o latim ex primere designa a acção de «fazer sair um líquido, premindo». Extrai-se óleo de amêndoas, exercendo pressão nelas. Espreme-se o sumo de um limão ou de um cacho de uvas premindo esses frutos, espreme-se a água de um lençol torcendo-o. EXPRIMIR Mas este verbo designa tamb ém a acção de exprimir uma substância que s ó é líquida por analogia, por metonímia [alteração do sentido natural das palavras pelo emprego da causa pelo efeito: apresento -lhe o meu trabalho (o livro)]. Exercendo pressão, intelectual ou f ísica, num indivíduo ou grupo, extraem-se-Ihe palavras, confissões, promessas,... EXPRIMIR Representar, traduzir, reproduzir, imitar, são outras tantas significações, de ex primere. O escultor faz brotar formas que assumem vida, trabalhando a matéria que modela, exprimindo a substância do objecto ou imagem. Hoje, há tendência para esquecer a significa ção inicial deste verbo latino - fazer sair um líquido, premindo para conservar a seguinte: tornar sens ível, por meio de um sinal qualquer, um facto de consciência, definindo-lhe sentido. Mas, tornar sensível qualquer sinal, continua a ser brotar uma substância, atribuir-lhe uma forma perceptível, sensível, substancial, ao que se exprime. EXPRIMIR O ser exprime-se e, por isso mesmo, liberta ao mesmo tempo o que o exprime. Expressão, é quase sempre reacção (resposta a um estímulo) a uma pressão exterior e, por outro lado, por defini ção, revelação. COMUNICAR A comunicação humana reveste-se de múltiplas formas, atrav és das quais o Homem transmite e recebe ideias, impressões e imagens de todo o tipo. E muitos destes símbolos, embora compreensíveis, não conseguem ter expressão em palavras. A palavra comunicar vem do latim communicare, que significa "pôr em comum ». COMUNICAR Comunicação é convivência. Está na base da constru ção da sociedade que se baseia no consenso espontâneo dos indivíduos. Consenso, por sua vez, quer dizer acordo, consentimento, e essa acep ção pressupõe a existência da compreensão, uma vez que sem ela não é possível pôr em comum ideias, imagens e experiências. COMUNICAR Comunicação humana é pôr ideias em comum, através da compreensão. O seu grande objectivo é o entendimento entre os homens. Para que exista entendimento é preciso que os homens se compreendam entre si e que comuniquem. COMUNICAR A comunicação exige em primeiro lugar, que os símbolos utilizados tenham significa ção comum para os dois termos opostos do processo de comunicação: O transmissor; O receptor. O elo que põe em comum transmissor e receptor, na comunicação humana, é a linguagem. Para que ambos se entendam, é indispensável que se manifestem numa língua (código) comum. As palavras, emitidas por um (sons emitidos), têm que ter o mesmo significado para o outro (sons recebidos). COMUNICAR Em princípio, a comunicação humana é uma simples troca de significa ções: emito símbolos orais que o outro recebe e compreende, porque querem dizer para o outro, o mesmo que querem dizer para mim. No entanto, compreensão, atrav és da comunhão do significado, não quer dizer necessariamente, acordo. Qualquer um de nós pode compreender uma ideia, sem concordar com ela. COMUNICAR O processo humano da comunica ção não se diferencia do processo do comportamento. A um determinado estímulo corresponde uma resposta (E ~ R). O facto de ouvir um cão ladrar traz -me, por associação, a imagem do animal, ao mesmo tempo que forma uma reacção mental e emotiva que procuro comunicar, traduzindo o sentimento em palavras racionais. Na comunicação humana aceita-se o princípio de que, nada existe na razão, sem que tenha passado primeiro através dos sentidos. A ideia do cão foi uma associa ção com a audição do seu latido. A resposta a um estímulo forma na mente uma ideia ou uma imagem com o seu s ímbolo representativo, que conhecemos por experiência anterior: o NOME. COMUNICAR Em princípio, a comunicação humana é uma simples troca de significa ções: emito símbolos orais que o outro recebe e compreende, porque querem dizer para o outro, o mesmo que querem dizer para mim. No entanto, compreensão, atrav és da comunhão do significado, não quer dizer necessariamente, acordo. Qualquer um de nós pode compreender uma ideia, sem concordar com ela. O transmissor Resumindo, temos: Estímulo; Associação (interpretação); Ideia ou Imagem; Experiência anterior; Expressão de um sentimento atrav és de um nome racional. Isto é o que se passa com o transmissor. E com o receptor? O receptor O elo que põe em comum transmissor e receptor, na comunica ção humana, é a linguagem. Para que ambos se entendam, é indispensável que se manifestem numa l íngua (código) comum. As palavras, emitidas por um (sons emitidos), têm que ter o mesmo significado para o outro (sons recebidos). O receptor Em primeiro lugar, interessa saber que a comunica ção humana está dependente da atenção. O receptor começa o processo quando a sua aten ção é despertada por alguns sons (símbolos) que lhe chegam aos ouvidos. Quando falo (som transmissor), o aparelho auditivo de quem me ouve (receptor) capta a emissão emitida pelo meu aparelho fonador. Atingido o aparelho auditivo do receptor, os sons recebidos impressionam os seus nervos condutores que levam ao cérebro, onde por um processo de estímulo-resposta (E → R), os sons adquirem significado, transformando-se em palavras. O receptor Estabelecida a compreensão - comunhão de significado - o receptor deverá reagir à minha comunicação. Fica assim completo o circuito da comunicação humana, ao pôr em comum o significado do transmissor para o receptor, através de símbolos: palavras (com ou sem acordo, uma vez que, como j á se disse, não é obrigatório que compreender exija concordância).