Modulo 01: Histórico e introdução à teoria geral de negociação. Objetivo da aula: Esta aula tem por objetivo apresentar um breve histórico e introdução à teoria de negociação bem como discutir a origem histórica da negociação, correlacionando com a história da administração. ... Nos primórdios da nossa civilização, era muito comum um homem simplesmente tomar do outro pelo simples uso da força física. Mas, em algum momento foi percebido que algumas coisas ou alimentos poderiam simplesmente, serem trocados uns pelos outros. Ou seja, nessa época percebeu–se que era menos traumático trocar do que tomar. Mesmo antes do mercantilismo, do capitalismo o homem já o praticava o escampo para sua subsistência e já tinha necessidade de negociar objetos ou alimentos com outros. Assim nasceram as primeiras formas de negociação ... Importante ressaltar que este material não substitui a leitura obrigatória da bibliografia adotada, os tópicos apresentados procura contextualizar de uma forma bem resumida à introdução à teoria de negociação bem como discutir a origem histórica da negociação e da administração. O conteúdo foi elaborado com base em textos extraídos e compilados de diversas fontes, as quais serão sempre referenciadas, nem todas as ideias e conceitos aqui discutidos são de autoria exclusiva do professor da disciplina e quando referenciadas tendo sido preservado, em sua totalidade o conteúdo da versão original das obras. Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira, Esp, Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 1 Porque é importante saber negociar? Desde que o homem desceu das árvores e saiu das cavernas, períodos também conhecidos como idade da pedra lascada e idade da pedra polida, nós, os seres humanos desejamos ou mesmo necessitamos de objetos ou alimentos que outros tenham obtido. Aliando-se isso ao desejo de posse, podemos entender as profundas mudanças de comportamento que a humanidade conquistou em relação àquilo que se tinha até então. Evidentemente nos primórdios da nossa civilização, era muito comum um homem simplesmente tomar do outro pelo simples uso da força física. Mas, em algum momento foi percebido que algumas coisas ou alimentos poderiam simplesmente, serem trocados uns pelos outros. Ou seja, nessa época percebeu–se que era menos traumático trocar do que tomar. Assim nasceram as primeiras formas de negociação. Se olharmos para a história, vamos perceber que o processo de negociação sofreu mudanças profundas até os dias atuais. Mudanças essas que acompanham o desenvolvimento do próprio ser humano. A arte de negociar faz parte da vida de todos nós e, podemos dizer que estamos em negociação o tempo todo. Uma criança quando chora negocia com seus pais o alimento, um carinho, um brinquedo, etc. Um adolescente negocia com os pais uma ida à balada, um fim de semana com os amigos, etc. O homem negociar com a mulher a ida a uma pescaria, etc. A mulher negocia com o homem uma viagem com as amigas, etc. Podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que a necessidade de negociação faz parte das nossas vidas o tempo todo, e o sucesso de cada relação humana que vivemos está diretamente ligado como negociamos. Um bom negociador é uma pessoa que sabe desenvolver e manter bons relacionamentos humanos. Podemos afirmar que os resultados globais ao longo da vida são melhores e mais gratificantes para aqueles que sabem se relacionar. Conflitos Os conflitos existem desde o início da humanidade, fazem parte do processo de evolução dos seres humanos e são necessários para o desenvolvimento e o crescimento de qualquer sistema familiar, social, político e organizacional. Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 2 É possível pensar inúmeras alternativas para indivíduos e grupos lidarem com os conflitos. Estes podem ser ignorados ou abafados, ou sanados e transformados num elemento auxiliar na evolução de uma sociedade ou organização. Se observarmos a história, até há pouco tempo à ausência de conflitos era encarada como expressão de bom ambiente, boas relações e, no caso das organizações, como sinal de competência. Alguns profissionais viam o conflito de forma negativa, como resultante da ação e do comportamento de pessoas indesejáveis, associado a agressividade, ao confronto físico e verbal e a sentimentos negativos, os quais eram considerados prejudiciais ao bom relacionamento entre as pessoas e, consequentemente, ao bom funcionamento das organizações. História da Administração e Técnicas de Negociação Conforme MAXIMIANO (2010, p. 126), por volta de 10000 a 8000 a. C. inicia a prática da Troca/Escambo. E na Mesopotâmia e no Egito, agrupamentos humanos que desenvolviam atividades extrativistas faziam uma transição para atividades de cultivo agrícola e pastoreio, iniciando-se a “Revolução Agrícola”. Nesse período surgem as primeiras aldeias, marcando-se a mudança da economia de subsistência para a administração da produção rural e a divisão social do trabalho. São em meio a essas transformações que surge a necessidade de habilidades de Negociação. Ainda, de acordo com mesmo autor, no período compreendido entre 3000 e 500 a. C. a “Revolução Agrícola” evoluiu para a “Revolução Urbana”, surgindo às cidades e os Estados, demandando a criação de práticas administrativas e “as Negociações entre Pessoas x Estado”. Para MAXIMIANO (2010), existem duas fontes principais que originam os conhecimentos administrativos: 1) a experiência prática 2) e os métodos científicos. O Ensino da Administração Científica surgiu no Brasil com a criação da ESAN Escola Superior de Administração e Negócios, em 1941, por iniciativa do Padre Jesuíta Roberto Saboia de Medeiros. Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 3 O marco de separação histórica das negociações A invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1776 foi o marco da separação da produção artesanal para a produção em série marcando a História das Negociações (de pequenas para grandes). A Revolução Industrial – de 1760 a 1860 É a revolução do carvão (como principal fonte de energia) e a do ferro (como principal matéria-prima). O trabalho do homem do animal e da roda d'água é substituído pelo trabalho da máquina, surgindo o sistema fabril: o antigo artesão transforma-se no operário e a pequena oficina patronal sede lugar a fabrica e a usina. As novas oportunidades de trabalho provocam migrações e consequente urbanização ao redor de centros industriais. Há uma revolução nos meios de transportes e comunicações: surge a navegação a vapor, a locomotiva a vapor, o telégrafo e o telefone. É o início do capitalismo e de um processo intenso de Negociações de preços/produtos/matéria-prima e serviços. A Revolução Industrial – de 1860 a 1914 É a revolução da eletricidade e derivados do petróleo (como as novas fontes de energia) e do aço (com a nova matéria-prima). Há uma intensa transformação dos meios de transporte e nas comunicações, surge a estrada de ferro, o automóvel, o avião o telégrafo sem fio, o rádio e o capitalismo financeiro consolida-se, surgindo grandes organizações multinacionais (como a Standard Oil, a General Electric, a Westinghouse, a Siemens, a Dupont, a United States Steel etc.). Também surgem as grandes negociações e não só locais, mas com outras nações, intensificando as importações/exportações e as negociações internacionais. História da Administração x Técnicas de Negociação x Henri Fayol Henri Fayol, em seu livro “General and Industrial Management” introduziu aquilo que hoje chamamos de “O Processo Administrativo”: Planejar, Organizar, Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 4 Liderar, Executar, Controlar. O Negociador precisa fazer uso deste processo. História da Administração x Técnicas de Negociação x Administração cientifica de Frederick Winslow Taylor Embora a economia americana fosse predominantemente agrícola ainda em 1860, a partir de 1875, aproximadamente, operavam-se mudanças que iriam mudar radicalmente esse quadro. Durante esse período, com o avanço da navegação a vapor e das ferrovias, abriam-se grandes espaços para negociações de produtos industrializados, de modo que a indústria caseira, responsável, em 1820, por quase dois terços da produção têxtil, na década de 60, perdeu muito de sua importância. Em 1860, a indústria têxtil já estava, praticamente, mecanizada. De 1860 até o final do século, no entanto, é gigantesca a acumulação de capital na indústria e, já em 1890, o valor agregado é superior ao da agricultura e igual ao da Inglaterra. VIEIRA (1989). O contexto em que Taylor desenvolveu seus estudos era: uma massa enorme de trabalhadores sem nenhuma qualificação e sem tradição industrial; descobertas mecânicas e metalúrgicas; a abertura de novos mercados; a necessidade premente de se organizar o trabalho para atendimento da demanda emergente. Diante deste contexto, algumas ações foram desencadeadas por Taylor: um controle absoluto do tempo de produção; a padronização de métodos e ferramentas e a tentativa de proibir o trabalhador de pensar. Os resultados que Taylor esperava alcançar eram: aumentar a produção e, consequentemente, a produtividade; aprender os ofícios até então restritos aos operários qualificados; destruir o ofício e colocar em seu lugar uma força de trabalho adequada às exigências dos seus fins. Taylor observou que, do lado dos operários havia três tipos de vadiagem: A vadiagem natural, ou seja, a indolência, a preguiça, a autopreservação; A vadiagem intencional, ou seja, a cera, a manha; e Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 5 O boicote: a indolência sistemática mais séria, contudo, é a praticada pelos operários com o propósito deliberado de deixar o patrão na ignorância de como o trabalho pode ser feito mais depressa. O cronômetro foi o instrumento básico da metodologia proposta por Taylor, que se consolidou no Estudo de Tempos e Movimentos. A proposta era medir o tempo de cada um dos movimentos elementares de uma atividade produtiva e, então, a partir de uma análise crítica dos movimentos necessários (separando movimentos dos operários e movimento das máquinas), reorganizá-los para, com isto, minimizar o tempo total da atividade. Esta metodologia foi por ele denominada de "administração científica." Realmente, Taylor procurou substituir o empirismo que reinava na organização dos processos de produção, por procedimentos sistemáticos de análise, que utilizavam algumas informações relacionadas a experimentos científicos. Para Taylor (1976): "à gerência é atribuída a função de reunir todos os conhecimentos tradicionais, que no passado possuíram os trabalhadores, e então classificá-los, tabulá-los, reduzi-los a normas, leis ou fórmulas, grandemente úteis ao operário para a execução do seu trabalho diário." Com esse procedimento operou a completa separação do planejamento da execução das tarefas e inicio das primeiras negociações entre empregados e empregadores. TAYLOR, assim preceitua: "o operário, ainda que o mais competente, é incapaz de compreender essa ciência." Os autores da corrente da Administração Científica cunharam uma proposição acerca da motivação do trabalhador, que se caracteriza pelo conceito de Homem Econômico, onde iniciaram um processo de negociação com o trabalhador, que produzindo mais automaticamente ganhariam melhores salários. Em linhas gerais, esse conceito tem como pressuposto básico, a presunção de que o homem é influenciado, profundamente, por recompensas e sanções salariais e financeiras. Para Taylor, a administração científica deve estudar as capacidades físicas do trabalhador, através dos estudos de tempos e movimentos, mas, com uma abordagem econômica, considerando o homem motivado pelo medo da fome e pela busca do dinheiro. Os principais partidários da administração científica achavam que, uma vez selecionado Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 6 cientificamente o trabalhador, do ponto de vista físico, ensinado o melhor método de trabalho e condicionada sua remuneração à sua eficiência, este passaria a produzir o máximo de que fosse capaz fisicamente (CHIAVENATO, 1987). O Homem Econômico equivale, na teoria administrativa, ao Homem Operacional (RAMOS, 1983), que assim se coloca: "a validade do homem operacional está tacitamente aceita. Ele tem sido considerado um recurso organizacional a ser maximizado em termos do produto físico mensurável. A implicação dessa abordagem para com o modelo da organização pode ser brevemente descrita. Ela requer: 1) um método autoritário de alocução de recursos, no qual o trabalhador é visto como ser passivo que deve ser programado por especialistas para atuar dentro da organização. 2) um conceito de treinamento como uma técnica para " ajustar" o indivíduo aos imperativos da maximização da produção. 3) uma visão de que o homem é calculista, motivado por recompensas materiais e econômicas e, como trabalhador, é psicologicamente diferente de outros indivíduos. 4) uma visão de que administração e teoria administrativa são isentas e neutras. 5) uma indiferença sistemática ás premissas éticas e de valores do ambiente externo. 6) o ponto de vista de que aspectos da liberdade pessoal são estranhos ao modelo organizacional. 7) um conceito de que o trabalho é essencialmente um adiamento da satisfação. Definição de NEGÓCIO A origem da palavra Negócio - O trabalho nobiliza o homem. Mas, depois que fica nobre, o homem não quer mais trabalhar. Assim, compreende-se por que a antiga aristocracia romana era a essência da malandragem. De fato, para ser nobre, naquela época, era preciso, antes de tudo, viver de pernas cruzadas. O trabalho era um castigo próprio para escravos. Por isso, o nobre que prezava a sua estirpe e zelava pela sua linhagem, não fazia absolutamente nada. Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 7 O ócio era o prêmio dos deuses para os seus eleitos e deveria ser gozado com dignidade ("Otium cum dignitate"). É claro que essa vida parasitária e contemplativa, para ser mantida, exigia um exército de servos, enquanto que para tratar dos penosos serviços de administração de seus bens, os nobres empregavam procuradores que, por via de regra, procuravam tirar proveito também para si. Não era de admirar, portanto, que algumas casas aristocráticas entrassem em crise ou mesmo se arruinassem. Neste caso, por força das circunstâncias, os nobres eram obrigados a fazer transações comerciais como os plebeus. Mas essas transações, de qualquer forma, eram consideradas, pela aristocracia, como humilhantes e vergonhosas, pois representavam a negação do ócio, isto é, o "nec otium". Na modernidade NEGÓCIO são transações comerciais, ou tipos de transações comerciais. A palavra negócio vem da combinação de nec + otium. No latim, otium é descanso, lazer, e a partícula nec é um advérbio de negação. Praticar o não-ócio é negociar, trabalhar para, depois, dedicar-se ao que é positivo: viver em paz. A necessidade da negociação Pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro das organizações e são nelas e ou por meio delas que negociam seus produtos ou serviços. A complexidade do ambiente onde atuam as organizações, em geral em um mundo globalizado, vem causando a busca de conhecimento das técnicas de negociação. Essa busca é de suprema importância para a sobrevivência em um ambiente de constantes mudanças. A evolução do processo de negociação Em toda a história e até meados do século 20, o que víamos era que alguém que comercializava algum produto impunha aos seus usuários suas condições, e estes tinham que dar “graças” que alguém tinha produzido aquilo. Ou seja, as Empresas produziam e os Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 8 consumidores tinham quase que a “obrigação” de consumirem sem reclamar ou opinar. Essa ótica de negociação que impunha ao consumidor tal relação foi se enfraquecendo ao longo dos últimos anos e, portanto, alguns novos recursos passaram a ser primordiais, para se obter negociações com sucesso. Soma-se a isso, que vivemos hoje a era da informação. Qualquer pessoa tem acesso a qualquer informação, basta apenas um telefonema, um clique no computador, ligar a TV, abrir um jornal, etc. Podemos dizer que somos bombardeados o tempo todo por informações, só cabe a cada um de nós o trabalho de selecionar aquilo que nos interessa. Existem milhares de estudos de negociação, mas compramos alguma coisa por duas razões básicas. Uma porque simplesmente desejamos um objeto o usufruir de algum serviço, a outra é porque não desejamos perder um bom negócio. Ou seja, compramos para ter e para não ter a sensação de perda. Só teremos sucesso profissional como negociadores se desenvolvermos algumas aptidões absolutamente necessárias para nos tornarmos negociadores que colhem resultados. As aptidões que acredito serem necessárias são: - Ter profundo conhecimento do seu negócio e mercado, com o objetivo de ser o consultor para o seu cliente, ser aquele que leva as novidades, as soluções, etc.; - Ser um excelente comunicador, saber como transferir a informação de forma clara, direta e objetiva. Um bom comunicador é conhecedor das formas de comunicação, de linguística, sabe obter feedback, etc.; - Conhecer relacionamentos humanos, como eles se desenvolvem, como são mantidos, ferramentas de análise de transações humanas, neolinguística, entre outras; - Conhecer e dominar técnicas de negociação. Devemos dominar todos esses conhecimentos, tendo em vista que só perdemos um negócio por três razões. Primeira – o cliente não utiliza o nosso produto ou serviço; Segunda – ele não tem recursos para adquiri-los; Terceira – erramos no processo de negociação (que podem ser erros do negociador ou inadequação de valores, tecnologia, qualidade, etc.). Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 9 Portanto, só podemos aceitar “perdas” de negócios pelos dois primeiros e adotarmos atitudes de prol de reduzirmos, se possível a zero, as perdas pela terceira razão. Unic – Universidade de Cuiabá – Unidade Norte - Tangará da Serra - MT Negociação – ADM - 2012/02 Prof. Adm – Adriano Gonçalves de Oliveira Página 10