APRENDIZAGEM MOTORA: O PILAR CENTRAL DA QUALIDADE TOTAL DE VIDA Heglison Custódio Toledo1 RESUMO Os estudos em aprendizagem motora mostram a preocupação pela execução motora, pela ação e pelo movimento. Inicialmente devemos fazer uma reflexão em relação à aprendizagem motora, o movimento e o homem. Para a análise mais efetiva da qualidade de vida, é necessário o entendimento da psicologia do movimento, já que, qualidade de vida é o papel equilibrador da psicologia do movimento. Este referencial teórico tramita pelo entendimento melhor do ser humano a partir do seu desenvolvimento que pode ser definido como objetivos totais e integrados da pessoa. A qualidade de vida está preocupada com o desenvolvimento da pessoa, com a atividade abrangente e integrada da personalidade, evitando assim o sedentarismo psicofisiológico. Este sedentarismo resume toda a incapacidade de ação e disponibilização das energias corporais para o movimento. Dessa forma, aprendizagem motora, o movimento, a ação e a performance motora estão englobadas na capacidade de movimentar-se produzindo atividade física que por característica é um instrumento de cunho psicofisiológico e não somente aborda aspectos fisiológicos ou mesmo sociais. Neste padrão de comportamento, podemos fazer um analogia em relação a qualidade de vida, qualidade de movimento e qualidade total. Esta interação de termos é útil para formarmos um sistema de informação na qual facilita a compreensão da analogia. Qualidade total é a busca da qualidade inigualável de seus produtos e serviços, para a aquisição da satisfação total do cliente, gerando recursos para sua auto-sustentação. Dessa forma, a aprendizagem motora é o pilar de sustentação para qualidade de vida, que analogicamente é a busca da qualidade de suas ações para aquisição de satisfação total da pessoa, gerando o equacionamento da complexidade humana, atingindo assim a qualidade de vida. PALAVRAS-CHAVES: aprendizagem motora; qualidade de vida; movimento ABSTRACT The studies in motive learning show the concern for the motive execution, for the action and for the movement. Initially we should make a reflection in relation to the motive learning, the movement and the man. For the most effective analysis of the life quality, it is necessary the understanding of the psychology of the movement, since, life quality is the paper equilibrator of the psychology of the movement. This theoretical referencial processes for the human being better understanding starting from its development that can be defined as the person's total and integrated objectives. 1. Professor do curso de Educação Física da Faculdade Metodista Granbery The life quality is concerned with the person's development, with the including and integrated activity of the personality, avoiding like this the sedentarismo psicofisiológico. This sedentarismo summarizes all the action inability and disponibilização of the corporal energy for the movement. In that way, motive learning, the movement, the action and the motive performance are included in the capacity to move producing physical activity that is an instrument of stamp psychophysiology for characteristic and not only it approaches social physiologic or same aspects. In this pattern of behavior, we can make an analogy in relation to life quality, movement quality and total quality. This interaction of terms is useful for we form a system of information in which facilitates the understanding of the analogy. Total quality is the search of the unequaled quality of its products and services, for the acquisition of the customer's total satisfaction, generating resources for yours solemnity-sustentação. In that way, the motive learning is the sustentação pillar for life quality, that analogicamente is the search of the quality of its actions for acquisition of the person's total satisfaction, generating the equacionamento of the human complexity, reaching like this the life quality. KEY-WORDS: learn motor; quality of life; moviment. 1. APRENDIZAGEM, MOVIMENTO E PERFORMANCE Os estudos em aprendizagem motora mostram a preocupação pela execução motora, pela ação e pelo movimento. Inicialmente devemos fazer uma reflexão em relação à aprendizagem motora, o movimento e o homem. Numa abordagem voltada para a qualidade do movimento, resultando numa execução perfeita e conseqüentemente pela performance ótima trazendo satisfação ao indivíduo, o homem preocupa-se e prima pela qualidade, seja ela qualidade de movimento, qualidade de vida e também pela qualidade total. Este último termo é bastante utilizado pelas indústrias que buscam freneticamente pela qualidade total de seus produtos. Isso talvez seja uma influência direta das características do homem mostrando tal preocupação pela qualidade. Antes de traçarmos uma abordagem direta da aprendizagem motora, faz-se necessário uma breve reflexão em relação ao movimento, qualidade de movimento e qualidade de vida. Para a análise mais efetiva da qualidade de vida, é necessário o entendimento da psicologia do movimento, já que, qualidade de vida é o papel equilibrador da psicologia do movimento. Este referencial teórico tramita pelo entendimento melhor do ser humano a partir do seu desenvolvimento que pode ser definido como objetivos totais e integrados da pessoa. Pensar em desenvolvimento é pensar no problema da qualidade de vida da pessoa, de sua funcionalidade, pois desenvolver é a maneira psicológica de fazer referência à relação coerente entre os objetivos presentes na estrutura inicial de uma entidade e a relação final dessas potencialidades (Feijó, 1998). A qualidade de vida está preocupada com o desenvolvimento da pessoa, com a atividade abrangente e integrada da personalidade, evitando assim o sedentarismo psicofisiológico. Este sedentarismo resume toda a incapacidade de ação e disponibilização das energias corporais para o movimento. A pessoa em movimento, em atividade, ela se mantêm numa dinâmica integral e integrada, cultiva a harmonia com o universo, experimenta o desenvolvimento e garante qualidade de vida. É importante salientar que existem conceitos entrelaçados à compreensão da qualidade de vida e que esses conceitos estão invariavelmente situados na perspectiva da cultura e qualidade de vida. Um dos conceitos que estão interligados à qualidade de vida é o estilo de vida de qualidade, já que estudos epidemiológicos mostram que a contribuição da atividade física para a redução do risco à saúde está vinculado ao status de saúde e qualidade de vida. Como os conceitos que formatam a compreensão da qualidade de vida estão situados na perspectiva da cultura, podemos ilustrar a influência cultural no estilo de vida das pessoas. Tendo em vista, a atitude dos anos 70 e 80 o principal era buscar o condicionamento físico (fitness), hoje há uma valorização da caminhada, buscando-se melhor satisfação pessoal (wellness). O bem estar, o equilíbrio e a satisfação pessoal são princípios que o forma o conceito de wellness, o qual é o elemento primordial para a qualidade de vida. Wellness é a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém, além de implicar a idéia de felicidade, que constroem a qualidade de vida por meio de sensação de conforto físico e espiritual, alívio. Leveza e dever cumprido, originado pelo prazer e satisfação pessoal (Berger e Melnmann, 1990). Portanto, qualidade de vida prima necessariamente por qualidade corporal e pela preocupação com a manutenção dessa qualidade. A melhoria da sanidade do corpo e de suas possibilidades é o momento em que a prática do exercício encontra o conceito de wellness (Saba, 2000). Corbin (1997) define wellness como “A integração de todos os aspectos da saúde e aptidão (mental, social, emocional, espiritual e física), que expande um potencial para viver e trabalhar efetivamente, dando uma significante contribuição para a sociedade. Wellness reflete como se sentir bem, tão quanto a efetividade das habilidades funcionais. Além disso, wellness (bemestar), como oposto de illness (doença), é algumas vezes descrito como um componente positivo da boa saúde” Entender o homem é compreende-lo através de um prisma holístico, o qual percebe o ser dentro de uma complexidade psicofisiológica, a qual analisa os fenômenos psicológicos e fisiológicos simultaneamente. Dessa forma, qualidade de vida não passa somente em ter boa condição financeira, status social, bom emprego, gozar de tempo para a família, mas sim de ter um estilo de vida que permita estar em harmonia com o universo, evitando o sedentarismo físico e mental, ou seja, o sedentarismo psicofisiológico. É importante ressaltar que o ser humano é uma estrutura em constante processo de equacionamento com a complexidade do meio ambiente em que vive, e que o homem é um sistema com finalidade de eficácia, de dar certo, interagindo as emoções, a inteligência e a vontade, que são consideradas como contribuições de valores e significados que estão caminhando pari passu às vivências humanas. Na vida diária do homem, estes significados permitem um papel de prognótico do nosso comportamento. Dessa forma, aprendizagem motora, o movimento, a ação e a performance motora estão englobadas na capacidade de movimentar-se produzindo atividade física que por característica é um instrumento de cunho psicofisiológico e não somente aborda aspectos fisiológicos ou mesmo sociais. Este sendo capaz de intervir em muitas variáveis da psicofisiologia, que tem como base os estudos em aprendizagem motora, tais variáveis interferem diretamente na capacidade de ação do indivíduo como stress, ansiedade, motivação, ativação, percepção, entre outros. A atividade física permite que o indivíduo perceba todas as possibilidades de ação do próprio corpo, aguçando por sua vez, uma mudança no seu estilo de vida, trazendo meios para a melhoria da qualidade de vida e aumentando sua capacidade de ação. O aumento da capacidade de ação, de movimento, de performance motora, facilita o processo de equacioamento entre o homem e o meio ambiente em que vive. Sem dúvida, estudos relativos à aprendizagem motora são o marco zero da psicofisiologia do exercício, que se originou através do campo de estudos da aprendizagem motora, em que permite uma compreensão dos efeitos simultâneos, que envolvem muitos dos diferentes processos de aprendizagem. Podemos relatar alguns fatores atuantes na aprendizagem motora que por entendimento é um conjunto de processos associados com a prática e experiência, conduzindo mudanças relativamente permanentes na capacidade para executar performance habilidosa. Fatores como a ansiedade, ativação e a motivação podem desencadear processos permanentes que adaptem às características de seus ambientes para que conseqüentemente possam tirar proveito de sua experiência. Um dos fatores atuantes e que conseqüentemente interfere na performance motora é a ansiedade que pode ser considerada como uma reação emocional, em virtude de estímulos físicos ou psíquicos percebidos como perigosos, prejudiciais e frustrantes. Ela está associada a sentimentos de apreensão, nervosismo, preocupação e medo (Biondi, 1997 a; Magill, 1984). Vários autores afirmam que a ansiedade não poderá ser considerada somente como um sintoma negativo, que atua de forma drástica na performance do indivíduo, podendo também ser um fator positivo ou até mesmo indiferente, pois irá depender das características de personalidade, da dificuldade da tarefa e da habilidade da pessoa (Brandão, 1995; Krane, 1992; Martens, 1996; Maynard, Smith & Warwick-Evans, 1995; Weinberg & Gould, 1995). A ativação é outro fator atuante na capacidade de ação do indivíduo e que interfere diretamente na produção de movimento assim como, na qualidade motora. Visto isso, alcançar a regulação funcional é decisivo para que todas as reações fisiológicas aconteçam permitindo uma melhor capacidade de desempenho motor atingindo-se um maior grau de proficiência. Esta proficiência acontece através da maior circulação sangüínea nos tecidos por meio da dilatação capilar que irrigam a musculatura, na qual irá proporcionar um abastecimento adequado de oxigênio e substratos aumentando com isto o metabolismo. Todos estes eventos estão diretamente relacionados com a excitação, a qual aumenta o potencial de ação, aumentando portanto, a velocidade de performance. Para a regulação do sistema funcional a ativação tem como função ajustar de forma ideal os sistema funcionais que determinam a capacidade de desempenho, tendo em vista que a musculatura esteja devidamente irrigada para que possa estar preparada de forma coordenativa para que o organismo possa começar seu trabalho no alto de sua capacidade. Em relação a ativação sugere-se também que estes fenômenos ocorram para outras atividades físicas, pois a ativação da condição inicial de performance prevê que para a capacidade ou mesmo prontidão do sistema neuro-muscular, orgânico e psicológico-intelectual a ativação age para todos os fenômenos que acontecem simultaneamente. Seguindo a indicação dos fatores atuantes na performance motora torna-se necessário relatar a motivação que é o elo propulsor de qualquer ação do indivíduo, e que tem ligação direta com as necessidades básicas do ser. A motivação é um fator psicoemocional, no qual intervêm nos processos que conduzem as pessoas a desempenhar tarefas ou não. Vários especialistas vêm estudando este assunto focalizando o tema em diversos pontos. Os estudos da motivação direcionam para dois itens:fatores internos e fatores externos, o primeiro provêm das características individuais de estimulação, ou seja, motivação intrínseca. No segundo item a estimulação provêm do ambiente vivido pelo indivíduo, ou seja, motivação extrínseca. As razões pelas quais o indivíduo escolhe uma atividade, está relacionada com os motivos, valores e as necessidades individuais (motivação intrínseca), a ativação, a preparação é referente à estímulos ambientais (motivação extrínseca). A influência dos fatores internos e que vão determinar de que forma a pessoa percebe e adquire habilidade. A habilidade faz parte do processo motivacional, no qual irá estimular a percepção da eficácia, o senso de competência e o interesse. Contudo, a atividade de lazer, a atividade física, a auto-percepção e percepção de saúde são variáveis importantes para induzir a satisfação pessoal. Dessa forma, a interação qualidade de vida, estilo de vida, wellness e adesão, ficam melhor retratadas, ao pensarmos na teoria da qualidade de vida, em termos concretos a seqüência lógica para que esta interação aconteça, temos que enfatizar a qualidade de vida só irá ocorrer com um estilo de vida adequado, proporcionando um estado de wellness, fazendo com que o indivíduo adquira a adesão necessária que irá mantê-lo em programas seja eles de atividade física, recreação ou lazer permitindo assim, a aquisição da qualidade de vida. Neste padrão de comportamento, podemos fazer um analogia ao que foi citado anteriormente em relação a qualidade de vida, qualidade de movimento e qualidade total. Esta interação de termos é útil para formarmos um sistema de informação na qual facilita a compreensão da analogia. Qualidade total é a busca da qualidade inigualável de seus produtos e serviços, para a aquisição da satisfação total do cliente, gerando recursos para sua auto-sustentação. Dessa forma, a aprendizagem motora é o pilar de sustentação para qualidade de vida, que analogicamente é a busca da qualidade de suas ações para aquisição de satisfação total da pessoa, gerando o equacionamento da complexidade humana, atingindo assim a qualidade de vida. REFERÊNCIAS: BERGER, B. G. & McLNMAN. Exercise and Quality of Life. In: BOUCHARD, C. et al. Physical activity, fitness and health. Champaign, Illinois: Human Kinetics, 1994. BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia. São Paulo: Editora Ateneu, 1995. BIONDI, M. Manifestações Clínicas da Ansiedade. In: Psicobiologia e Terapêutica da Ansiedade na Prática Médica, 1987a. CORBIN, C. B.; LINDSEY, R. Fitness for life. 4. ed. Glenview, Illinois: Scottforesman, 1997. FEIJÓ, O. G. Corpo e Movimento: uma psicologia para o esporte. Rio de Janeiro, Ed. Shape (1992) KRANE, V. Conceptual and methodological Considerations in Sport Anxiety Research: From the Inverted-U Hypothesis to Catastrophe Theory. Quest. 44, 72-87, 1992. MAGILL, R. A. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Ed. Edgard Blucher, 1984 MAYNARD, I.W.; SMITH, M.J. & WARWICK-EVANS, L. The Effects of a Cognitive Intervention Strategy on Competitive State Anxiety and Performance in Semiprofessional Soccer Player. Journal of Sport & Exercise Psychology, 17, 428446, 1995. MARTENS, R. Turning Kids on Physical Activity for a Lifetime. Quest, 48: 303 310, 1996. SABA, F. Aderência: a Prática do exercício físico em academias. Barueri: Manole, 2000. WINBERG, R. & GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e Exercício. Porto Alegre: ed. Artmed, 2001.