A MÁGICA NA SALA DE AULA: BUSCANDO UM NOVO OLHAR SOBRE A MATEMÁTICA Rita de Cássia Messias1 Karina Oliveira Freitas2 1 IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, [email protected] IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, [email protected] 2 Resumo Neste minicurso, temos como proposta promover uma discussão a respeito da viabilidade, potencialidades e/ou limitações do uso de mágica em aulas de matemática, tendo como suporte o livro “Mágicas, matemática e outros mistérios” de João Carlos Vieira Sampaio e o trabalho desenvolvido no Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul de Minas – Campus Inconfidentes, através do Programa Instituição de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID)- Subprojeto Matemática. Dentre as atividades desenvolvidas pelo mencionado programa destacamos a Sociedade dos Jovens Matemáticos (SJM), destinada a alunos de diversas séries do Ensino Fundamental II que frequentam a escola parceira Escola Estadual Felipe dos Santos, situada na cidade de Inconfidentes. Tal sociedade consiste na formação, juntamente com os alunos, de um “grupo de estudos”, que tem por prioridade desvendar os mistérios da matemática, trazendo de maneira lúdica a matemática para mais perto dos alunos, através de mágicas e atividades lúdicas envolvendo conhecimentos matemáticos e lógicos. Por meio da apresentação de mágicas, descoberta de seu segredo e a exploração matemática acerca da apresentação, buscamos proporcionar atividades de investigação e problematização acerca do tema, com o objetivo de discutir um olhar a respeito da matemática além do tecnicismo e formalismo que cercam as aulas, de trazer a mágica, quando integrada ao processo de ensino/aprendizagem de matemática, como uma potencial ferramenta pedagógica, lúdica e principalmente motivadora. Palavras-chave: PIBID, Mágica, Educação Matemática, Lúdico. OBJETIVOS Temos como objetivo, apresentar a possibilidade de olhar e ensinar/aprender matemática de uma maneira diferente através de atividades utilizando mágica, assim como discutir e refletir sobre os conceitos matemáticos que podem ser explorados e verificar a aplicabilidade da mágica como possível ferramenta pedagógica englobando suas potencialidades e limitações. METODOLOGIA Pretendemos desenvolver a oficina através de atividades distribuídas em quatro momentos. No primeiro momento reproduziremos as mágicas adaptadas do livro “Mágicas Matemática e outros mistérios” que foram desenvolvidas com os alunos durante as atividades da SJM. Na primeira mágica intitulada “truque da fita métrica”, teremos como materiais uma fita métrica, cinco clipes e como materiais de apoio caneta e papel, solicitaremos a um voluntário que escolha um número de clipes de 1 a 5, o voluntário deverá falar o número escolhido para o mágico que fará uma anotação no papel e entregará para um dos participantes. Após a entrega o voluntário deverá colocar a quantidade de clipes escolhida na fita métrica e somar todos os números marcados em ambas às faces da fita, em sequência o mágico entregará o papel que estava com o participante ao voluntário, no papel estará escrito o valor da soma encontrado pelo voluntário. Dando continuidade iniciaremos a segunda apresentação, “Amarelo, azul ou rosa”, teremos como materiais vinte e quatro cartas de baralho, três envelopes e três cartões nas cores amarelo, azul e rosa. Tal apresentação requer a participação de três voluntários, os quais serão nomeados de A, B e C. No início da apresentação o mágico colocará algumas cartas sobre a mesa e entregará algumas fichas para os voluntários, deixando uma com o A, duas com o B e quatro com o C. Logo após mostrará a plateia três cartões nas seguintes cores, amarelo, azul e rosa. O mágico vira-se de costas e pede que cada voluntário escolha um dos cartões coloridos e guarde em um envelope que lhe será entregue. Em sequência, repassa as seguintes instruções: A pessoa que pegou o cartão amarelo deve ir à mesa e pegar um número de cartas igual ao que tem à mão; Quem pegou o cartão azul deve ir à mesa e pegar o dobro do número de cartas que tem à mão; E, quem pegou o cartão rosa deve ir à mesa e pegar o triplo de fichas que tem à mão. O mágico aguardará até que as instruções sejam cumpridas e as cartas guardadas nos respectivos envelopes, e então revelará a plateia qual foi o cartão escolhido por cada um dos voluntários. Seguindo para o segundo momento, os participantes serão divididos em grupos para discutir e desvendar as mágicas exibidas, segundo Sampaio (2008) “isto estimulará a habilidade da descoberta e a desenvoltura em realizar operações aritméticas simples”. Em seguida as descobertas serão socializadas através de apresentações dos grupos para os demais participantes. Com a descoberta das mágicas “nas mangas” prosseguiremos para o terceiro momento que consiste no estudo, reflexão e discussão dos conceitos matemáticos que podem ser explorados através da atividade proposta. Como conclusão da oficina proporcionaremos o quarto e último momento que objetiva debater de maneira crítica a viabilidade, potencialidades e limitações do uso desta proposta em aulas de matemática. REFERENCIAIS TEÓRICOS A presente oficina é parte do trabalho que vem sendo desenvolvido pelos alunos do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sul de Minas, Câmpus Inconfidentes, inseridos no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) subprojeto Matemática. O projeto realiza reuniões semanais nas quais promove estudos, pesquisas, preparação e discussão sobre as ações executadas na escola, que permite o licenciando os primeiros contatos com a realidade escolar. Tais discussões acontecem no ambiente do Laboratório de Educação Matemática (LEM), que segundo Lorenzato (2009) pode ser visto como grande aliado a transposição didática, pelo fato de ser um espaço munido de ferramentas e materiais didáticos e manipuláveis, onde se é possível criar e recriar matemática, possibilitando que todas as experiências vivenciadas nesse ambiente possam ser utilizadas como instrumentos facilitadores na construção de uma aprendizagem significativa. Uma dessas ações que tem se desenvolvido é a "Sociedade Secreta dos Jovens Matemáticos (SJM)" na qual desenvolvemos atividades lúdicas, que é uma forma de apresentar a matemática prazerosamente utilizando materiais manipulativos, jogos e apresentações de mágicas, visando com que o conhecimento seja facilitado na obtenção cognitiva dos alunos mediante atividades pedagógicas, alem de propor certa autonomia aos alunos favorecendo raciocínio mais lógico. Segundo Kamü (1990), atividade lúdica estimula as relações cognitivas, afetivas e sociais, despertando também nos alunos criatividade e criticidade, devem ser consideradas um caminho para o desenvolvimento e para aprendizagem. Aponta ainda o jogo num papel inovador, que desafia os alunos à busca de um resultado positivo, fazendo com que os mesmos cumpram regras, desenvolvam responsabilidade, decisão interdisciplinar e aprendizagem. Segundo Muniz (2010) nas representações que estão presentes em determinada cultura matemática no contexto social em que a criança esta inserido, o jogo tem o papel de mediador do conhecimento. Mas devemos estar em alerta segundo D’Ambrósio (1994) para aprendermos a reconhecer os saberes doa alunos podendo assim despertar grandes momentos de criatividade nas salas de aula, em especial na Matemática. Moura (1994) nos diz que as atividades lúdicas têm o intuito de desenvolver no aluno habilidades de resolver problemas, avaliar resultados durante o ato de jogar, possibilita o conteúdo científico por meio de linguagens, informações, cultura, compreensão de regras, imitações, entre outros. O autor nos lembra de que o surgimento do jogo esta inserido em um grande cenário educacional de investigação, especialmente á Educação Matemática. Para Skovsmose (2000) um cenário para investigação convida o aluno a conjecturar e procurar soluções e quando assume esse processo de exploração o cenário de educação passa a assumir um novo ambiente de aprendizagem no qual eles são responsáveis pelo processo e para que isso aconteça depende: da natureza da investigação; da maneira como o professor faz o convite; das prioridades dos alunos no momento em que lhes e dirigido o convite à investigação. Diante dessa possibilidade de um novo cenário de investigação podemos destacar como uma grande aliada lúdica, a mágica matemática, que tem sido uma das propostas trabalhadas no PIBID por meio da SJM, que consiste na apresentação das mágicas e depois desvenda-las mostrando a matemática por traz de cada truque. Os truques de mágica encantam a todas as faixas etárias, existindo sempre uma explicação racional para eficácia desses truques, no qual muitos deles podem ser explicados pela matemática, pois esta contida no planejamento e desenvolvimento dessas atividades. Oliveira, Mascarello, Grando e Andreis, (2013) trazem uma contextualização histórica da mágica, mostrando que na Europa a visão religiosa contra os truques ilusionistas por isso a demora a ser difundida, pois os que praticavam tinham sua imagem ligada a coisas sobrenaturais ou eram acusados de ter pacto com o diabo, sendo perseguido pela inquisição. Por volta do século XVI, um inglês chamado Reginald Scot, fazendeiro, resolveu aprender e se aprofundar nos fundamentos da mágica com artistas da época, cansado de ser associado à bruxaria e superstições. Na atualidade sabemos que o que existe e uma grande destreza das mãos, criatividade e habilidade de ilusão. O ilusionista possui uma arte de desviar a atenção da plateia criando uma ilusão de ótica, que encanta o público pela curiosidade e pelo fato de prestigiar o que parece ser impossível, nesse sentido muitos truques de mágica baseiam-se em conceitos matemáticos e tem grande potencial de despertar o interesse também pela disciplina e dominar a técnica é crucial para execução do truque. Mediante a isso podemos analisar que a utilização da mágica como recurso pedagógico possibilita, através da discussão de conceitos matemáticos, um olhar de prazer a respeito da matemática, despertando o gosto dos alunos para aprender, Novas metodologias sempre causam um ar de desafio e tiram os professores de sua zona de conforto, que pode ser visto como uma boa oportunidade, assim como foi para os bolsistas do PIBID, proporcionando a pesquisa, produção do conhecimento e reflexão sobre a prática por meio da elaboração e aplicação das atividades. Possibilita também a vivência de experiências acerca de todo o âmbito escolar, uma vez que as atividades aproximam os bolsistas da escola e os alunos da matemática, pois na euforia do aprendizado das mágicas eles procuram reproduzi-las com colegas e familiares socializando o aprendizado matemático com toda a comunidade. NIVEL EDUCACIONAL A presente oficina busca discutir com Professores de Educação Básica, Pesquisadores em Educação Matemática e Estudantes do curso de Licenciatura em Matemática atividades que podem ser desenvolvidas em todos os anos da Educação Básica. REFERÊNCIAS D'AMBRÓSIO, U. Licenciatura em ciências exatas. In: Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. Águas de São Pedro, 1994. Anais. Águas de São Pedro: UNESP, 1994. p.128-129. KAMÜ, Constana. A Criança e o número: Implicações Educacionais da Teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos, 11ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1990. LORENZATO, S. (org.). O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. 178p. MOURA, Manuel Oriosvaldo de. A séria busca no jogo : do lúdico na matemática. In A Educação Matemática em Revista, n o 3, 1994 MUNIZ, C. A. Brincar e jogar: enlaces teóricos e metodológicos no campo da educação matemática.Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010 OLIVEIRA, Tassiani Jorge de; MASCARELLO, Thiago Henrique; GRANDO, Cláudia Maria; ANDREIS, Rosemari Ferrari. Matemática: (re)significando saberes, construindo cidadania. Revista Pedagógica, Chapecó, n. 30, v. 1, p. 649-666., jan./jun. 2013. Acessado XX EREMAT - Encontro Regional de Estudantes de Matemática da Região Sul Fundação Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS, Brasil. 13-16 nov. 2014. 587 em mar. 2015. Online. Disponível em: <http://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php /pedagogica/article/viewFile/1586/905>. Acesso em: 01 de agosto de 2015. SAMPAIO, J. C; MALAGUTTI, P. L. Mágicas, matemática e outros mistérios. São Carlos: EdUFSCar, 2008. SKOVSMOSE, O. Cenários para investigação. Bolema. Ano 13, n. 14, 2000.