UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Thiago Henrique de Almeida Gramigna ESTUDO COMPARATIVO EM FOLHAS E CAULES DE INDIVÍDUOS DE Clethra scabra Pers (Clethraceae) E SUA SUSCEPTIBILIDADE À HERBIVORIA EM FLORESTA HIGRÓFILA E FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL MONTANA NO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, MG. Dissertação apresentada à PósGraduação em Ecologia Biomas Tropicais de da Universidade Federal de Ouro Preto como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Ecologia de Biomas Tropicais OURO PRETO, ABRIL DE 2012 1 AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Ouro Preto pela concessão de bolsa de estudos. À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de mestrado. Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais da UFOP pelo mestrado e por todo auxílio prestado. Ao professor Hildeberto Caldas de Sousa pela orientação e amizade indispensáveis Ao professor Sérvio Pontes Ribeiro pela co – orientação e instruções importantes para o trabalho. À Bruna Gonçalves Matos pelo pronto auxílio em campo e em laboratório indispensável e fundamental na execução desse trabalho. Ao meu pai Antônio Almeida Gramigna pelo auxílio em campo prestado que foi essencial. Ao Cláudio Baptista Rodrigues pelo auxílio nas análises laboratoriais e pela amizade. Ao Programa de Pós – Graduação de Ecologia de biomas Tropicais pela oportunidade. Aos colegas do laboratório de Anatomia Vegetal pela amizade e momentos de descontração. À minha família por todo o apoio que me foi dado ao longo desse trabalho. 2 SUMÁRIO I RESUMO 4 II ABSTRACT 6 III LISTA DE FIGURAS 8 IV LISTA DE TABELAS 11 V INTRODUÇÃO 12 VI HIPÓTESES 20 VI OBJETIVOS 21 6.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21 VIII MATERIAIS E MÉTODOS 22 8.0 Área de estudo 22 8.1 Espécie estudada 22 8.2 Universo amostral 24 8.3 Incidência luminosa 26 8.4 Teor de água no solo 26 8.5 Anatomia foliar 27 8.6 Herbivoria 28 8.7 Ângulo foliar 30 8.8 Densidade de fendas caulinares 31 8.9 Análise estatística 31 IX RESULTADOS E DISCUSSÃO 32 X REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66 3 RESUMO Solos alagados são comuns em áreas de planície de inundação e impõem condições restritivas as plantas porque dificultam a oxigenação dos órgãos submersos, sobretudo raízes e partes do caule. Muitas espécies vegetais são capazes de responder a esses efeitos através de alterações anatômicas e morfológicas externas. Contudo essas alterações podem debilitar essas plantas deixando-as mais vulneráveis a agressões de predadores. Em um fragmento florestal no Parque Estadual do Itacolomi (PEIT), MG ocorre floresta estacional semidecidual ladeada por floresta higrófila. Nesse fragmento, a floresta estacional semidecidual possui solos bem drenados, mas que não apresentam déficit hídrico durante a época seca, enquanto a floresta higrófila é uma área alagada em todas as estações do ano, embora haja variação do grau de encharcamento do solo. Clethra scabra Pers, em estudo fitossociológico anterior, foi considerada uma espécie complementar por ocorrer com um alto índice de valor de importância (IVI) em ambas as áreas. O presente estudo visou conhecer as diferenças morfo-anatômicas em folhas de indivíduos de C. scabra que ocorrem em nos diferentes ambientes desse fragmento florestal. Árvores localizadas na floresta higrófila e na floresta semidecidual foram marcadas e a luminosidade incidente sobre a copa assim com o teor de água no solo e a variação do lençol freático foram mensurados mensalmente durante um ano. Folhas foram coletadas para análise dos estômatos, dos tricomas, dos ângulos foliares, dos tecidos do mesofilo foliar e do grau de herbivoria sofrido. Análise de fendas caulinares e de outros parâmetros como altura, raio e volume também foram realizadas. As folhas de C. scabra em floresta higrófila apresentaram menor espessura ao longo das estações quando comparadas a folhas oriundas da floresta semidecidual, alcançando o a mesma espessura apenas no inverno, mês no qual ocorre senescência foliar. A herbivoria não sofreu variações significativas ao longo do ano e pouco variou nos ambientes estudados. 4 Porém o número de folhas herbivoradas na floresta semidecidual foi maior que o encontrado na floresta higrófila. Contudo, se comparando o percentual de folhas herbivoradas por ambiente, o percentual de folhas predadas por árvore foi significativamente maior na floresta higrófila que na floresta semidecidual. 5 ABSTRACT Wetlands are commons in floodplains and impose restrictive conditions to plants because difficult the submerse organs oxygenation, overcoat roots and stem parts. Many vegetable species have capability of response to these effects through of anatomical and morphological alterations. Though, these alterations can debilitate the plants turning them more vulnerable to aggression of predators. In a woodland fragment of Parque Estadual do Itacolomi (PEIT), MG there are semi-deciduous seasonal montane forest flanked for flooded forest. In this fragment, the semi-deciduous seasonal montane forest has soils well drained but that does not show hydric deficit during the dry season while the flooded forest is a wetland during all year seasons, although there are variation of the soil flood degree. Clethra scabra Pers in anterior phytosociological study was regarded complementary specie by occurrence with high importance value index (ivi) in both areas. The present study objectives know the morphological and anatomical differences in leaves of C. scabra that occurs in the different environments of this forestal fragment. Trees founded on flooded forest and on semi-deciduous seasonal montane forest were marked and the incident luminosity about the top of the trees as well as the water contents of soil and the variation of water-bearing were monthly measured during a year. Leaves were collected to analyze of stomata, of trichomes, of leaf angle, of mesophyll tissues and herbivory degree suffered. Analysis of stem fissures and other parameters as high, radius and volume also were realized. The leaves of C. scabra in flooded forest showed minor thickness along of the seasons when compared with leaves from trees of semi-deciduous seasonal montane forest reaching the same thickness just in the winter, month where occur leave senescence. The herbivory has not significative variation along of the year and almost does not variate in the environments studied. However the number of leaves damaged by herbivores in the semi-deciduous 6 seasonal montane forest was bigger than the founded in the flooded forest. Even though comparing the percent of leaves eaten by trees was significantly bigger in the flooded forest than in the semi-deciduous seasonal montane forest. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Exemplar de Clethra scabra com porte arbóreo localizado na “Trilha do Forno” na Floresta Semidecidual no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG 23 Figura 2. Imagens do interior da floresta higrófila (esquerda) e da floresta semidecidual (direita) no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. Notar que o dossel da floresta higrófila é mais aberto com maior penetração de luz, além de ser mais baixo 25 Figura 3. Imagem das áreas de floresta estacional semidecidual (em amarelo) e de floresta higrófila (em branco) localizadas na região da “Trilha do Forno”, no PEIT, Ouro Preto/Mariana – MG, onde árvores de Clethra scabra foram amostradas e estudadas 26 Figura 4. Folhas de Clethra scabra escaneadas para medição de área foliar hebivorada.................................................................................................................... 30 Figura 5. Variação anual do teor de água (g) do solo (acima) e da luminosidade (lux) incidente sobre a copa das árvores em floresta higrófila (abaixo) no PEIT, Ouro Preto/Mariana – MG 33 Figura 6. Variação anual do teor de água (g) do solo (acima) e da luminosidade (lux) incidente sobre a copa das árvores em floresta semidecidual (abaixo) no PEIT, Ouro Preto/Mariana – MG 34 Figura 7. Variação anual do nível do lençol freático em floresta higrófila no PEIT, Ouro Preto/Mariana – MG 36 Figura 8. Epiderme dissociada de C. scabra da face abaxial (A e C) e da face adaxial (B). Na face abaxial se encontram os estômatos (circunscritos) e está recoberta de tricomas tectores simples e estrelados (setas grossas). Na face adaxial se encontram 8 poucos tricomas tectores e não contem estômatos. Células epidérmicas na seta pontilhada. Barras: 25 µm 37 Figura 9. Corte transversal foliar de Clethra scabra na zona intercostal (A) e da nervura central (B). PL: parênquima lacunoso; Seta dupla: parênquima paliçádico; E. ab.: epiderme da face abaxial; E. ad.: epiderme da face adaxial; TT: tricomas; ES: esclerênquima; GL: glândula; XL: xilema; FL: floema. Barras: 120µm 38 Figura 10. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila na primavera. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 39 Figura 11. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila na primavera. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 40 Figura 12. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no verão. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 41 Figura 13. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no verão. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 42 Figura 14. Correlação a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no outono. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 9 43 Figura 15. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no outono. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 44 Figura 16. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no inverno. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 46 Figura 17. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no inverno. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p 47 Figura 18. Densidade de fendas caulinares em Clethra scabra na Floresta Higrólia e na Floresta Semidecidual no Parque Estadual do Itacolomi 10 64 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Tabela 1: Valores médios das espessuras dos mesofilos foliares (µm), espessuras dos parênquimas paliçádicos (µm), espessura dos esclerênquimas (µm) e dos hábitos xeromórficos das folhas das árvores da floresta semidecidual e higrófila nas quatro estações do ano, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p 50 Tabela 2. Valores médios das densidades estomáticas (número de estômatos/cm2), das densidades de tricomas (número de tricomas/cm2), dos ângulos foliares, das espessuras das faces adaxial e abaxial epidérmica das árvores da floresta higrófila e da floresta semidecidual, com seus respectivos erros padrões e com o valor de 52 Tabela 3. Valores médios do número de folhas por árvore, número de folhas predadas por árvore e valor percentual da área foliar predade nos dois ambientes, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p 56 Tabela 4. Percentual de folhas subdivididas em classes quanto ao grau de predação, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p 60 Tabela 5. Valores médios das alturas das árvores, dos raios caulinares, dos inventários de biomassa lenhosa, do comprimento e largura das fendas caulinares das árvores nas florestas semidecidual e higrófila, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p 63 11 INTRODUÇÃO As áreas sujeitas a alagamentos estão geralmente próximas a rios e são chamadas zonas ripárias. Florestas ripárias ou ciliares são formações vegetais extremamente importantes em termos ecológicos, sendo essenciais para a manutenção da qualidade da água dos rios e da fauna ictiológica (Cesp, 1987). Estas matas sofrem impactos naturais causados pelos cursos d’água, tais como erosão e sedimentação, e também são alvos freqüentes da ação antrópica, pois estão localizadas em sítios de fertilidade relativamente superior, muito visados para agricultura (Van Den Berg & Oliveira Filho 2000). Florestas higrófilas, também conhecidas como florestas latifoliadas higrófilas, florestas paludosas (Lindman & Ferri 1974) ou matas de brejo são formações florestais ocorrentes em ambientes com solos permanentemente alagados, encontrando-se adjacentes a corpos d’água sob influência pluvial permanente (Rodrigues, 2000), sendo um tipo de floresta ripária. Segundo Ivanauskas et al. (1997) estas florestas são ambientes restritos a áreas de planícies de inundação, em solos bastante úmidos, ocorrendo assim uma elevada seleção das espécies nesses ambientes. Estando distribuídas em áreas de solo encharcado e, portanto, naturalmente fragmentadas, as florestas higrófilas apresentam peculiaridades florísticas, estruturais e fisionômicas. Nestes aspectos, diferem dos demais tipos florestais, e mesmo das florestas ciliares periodicamente inundáveis (Toniato et al., 1998). De acordo com Leitão-Filho (1982), as florestas higrófilas possuem vegetação predominantemente perenifólia. Possuem distribuição bastante restrita ao contrário das demais matas ciliares (Marques & Joly, 2000), já que ocorrem exclusivamente sobre solos hidromórficos, com presença quase permanente de água na sua superfície em 12 função do afloramento do lençol freático (Torres et al. 1994, Ivanauskas et al. 1997). A diversidade vegetacional é baixa, pois poucas espécies conseguem sobreviver nestes ambientes eminentemente anóxicos (Leitão-Filho 1982), pois conforme Barbosa (2000), não há uma transição evidente para outras fisionomias florestais como as matas decíduas e semidecíduas. Segundo Torres et. al. (1992) florestas higrófilas são formadas por espécies vegetais peculiares (típicas do ambiente) e complementares (características de formações florestais adjacentes à floresta higrofila), podendo ser espécies características da zona de interflúvio (matas ripárias) ou de florestas decíduas, semidecíduas ou perenifólias. De acordo com (Joly 1992), a freqüência e a duração das inundações determinam a ocorrência ou não das espécies vegetais e como estes fatores ambientais são bastante variáveis entre as formações ribeirinhas, há grande heterogeneidade na estrutura e composição florística destas florestas quando se compara florestas oriundas de diferentes áreas (Leitão-Filho 1982; Nilsson et al.1988; Mantovani et al. 1989; Rodrigues & Nave 2000; Marques et al. 2003). Marques (1994) afirma que as florestas higrófilas estão sendo destruídas, embora não se tenha conhecimento pleno a respeito de suas características ecológicas e de sua importância na proteção fluvial. Segundo a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC (1983), as florestas semideciduais em Minas Gerais são compostas majoritariamente por florestas secundárias que substituíram praticamente todas as áreas de florestas primárias que foram extensivamente exploradas pelo homem, restando poucas áreas de florestas primarias no estado, dispersas em fragmentos correspondendo a cerca de 2% da área de Minas Gerais. Apesar dessa pequena área de remanescentes, Silva (2000) acredita que a 13 floresta estacional semidecidual seja de grande importância no Estado de Minas Gerais devido à sua larga distribuição no Estado. Rodrigues (1999) explica que o termo estacional refere-se às alterações sazonais decorrentes do aspecto e/ou comportamento de uma comunidade enquanto o termo semidecidual provém das características de determinadas espécies vegetais que perdem total ou parcialmente suas folhas no período seco do ano. Assim Martin-gajardo & Morellato (2003), a floresta estacional semidecidual está sujeita a estações secas bem marcantes sendo que o valor percentual de árvores que perdem suas folhas no período seco na composição florestal, varia entre 20% e 50% das espécies (Veloso, 1992). Os ecossistemas das florestas tropicais são facilmente degradados porque os seus solos são, com freqüência, rasos e pobres em nutrientes, estando sujeitos à erosão em virtude da alta densidade pluviométrica (Primack e Rodrigues, 2001; Silva et al., 2004). Outro fator agravante é o fato de que grande parte dos remanescentes de floresta se encontra em propriedades privadas, sendo tais ambientes geralmente muito vulneráveis a contínuos distúrbios decorrentes, principalmente, de uso não-sustentável (Silva, 2004). Além disso, pouco se conhece sobre o impacto ecológico causado pela fragmentação de florestas estacionais semideciduais sobre o componente arbóreo (Silva et al., 2004; Pereira et al., 2007;; Higuchi et al., 2008). Esses ambientes, no Parque Estadual do Itacolomi, estão localizados dentro do domínio da Mata Atlântica, bioma de grande importância no país, que têm uma das maiores riquezas em diversidade biológica encontrada no mundo, sendo considerado um dos cinco mais importantes hotspots de biodiversidade (Myers et al. 2000). A Mata Atlântica brasileira originalmente recobria uma área com aproximadamente 1.110.182 milhões de km2, ocupando cerca de 13% do território 14 nacional (IBGE, 2004). O contínuo de vegetação que existia foi sendo reduzido nas últimas décadas a poucos remanescentes que se encontram em estágios de regeneração diferentes (França & Stehmann, 2004), restando hoje aproximadamente 7% de sua área de cobertura original (Tabarelli et al., 2005). Atualmente está muito fragmentada e no sudeste essa fragmentação já atinge estado muito avançado, sendo representada por pequenas manchas de florestas circundadas por matrizes antrópicas, como pastagens, zonas urbanas, monocultura, entre outras e sua preservação representa um dos maiores problemas de conservação do país de acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica (2002). Carvalho et al, (2006) trabalhando com fragmentos de Mata Atlântica no Rio de Janeiro demonstraram que estes, apesar de serem secundários, possuem grande relevância na manutenção da flora e fauna local servindo como áreas de conectividade e facilitação ao fluxo de dispersores, e como bancos genéticos ex situ de espécies vegetais importantes para programas de manejo e restauração florestal. As matas ainda proporcionam estabilidade de encostas protegendo o solo da ação das gotas de chuvas, favorecendo a infiltração de água e promovendo coesão entre as partículas de solo, aumentando sua resistência à erosão (Pedron et al., 2004), sendo desse modo muito importante em sistemas monteses que contém muitas encostas como os localizados nas áreas analisadas. Os solos do Parque Estadual do Itacolomi, MG, são frequentemente rasos, ferruginosos e fortemente pedregosos (Barbosa, 1968), de dois tipos básicos: um arenoso associado aos quartzitos e outro argiloso vermelho-alaranjado (Castañeda, 1993; Pedreira, 2008). 15 Segundo Piedade et al. (2000), o efeito do alagamento em solos afeta a vida de todos os organismos que ali vivem, sobretudo os sésseis como as plantas. A hipoxia provoca variações na respiração aeróbia (Joly, 1994) no nível nutricional (Drew, 1991; Medri et al., 2002) e na fotossíntese (Pryor et al., 2006). A mineralização da matéria orgânica por microorganismos do solo resulta na liberação de nitrato e hidrogênio, ocasionando a diminuição do pH (Echart & CavalliMolina, 2001). Além disso, Ponamperuma (1984) explica que sob condições de alagamento, a concentração de determinados íons como o Fe2+ e o Mg2+ geram modificações no pH do solo. Explica também que nesses casos pode haver uma substituição de organismos de metabolismo aeróbio por outros de metabolismo anaeróbio o que pode acarretar na formação de substâncias nocivas para as plantas, oriundas do metabolismo anaeróbio desses organismos. Em pH baixo, o hidrogênio (H+) atua sobre os minerais liberando íons alumínio (Al3+) que ficam predominantemente retidos pelas cargas negativas das partículas de argila do solo, em equilíbrio com o Al3+ em solução. Assim, a quantidade de Al+3 em solução aumenta com a acidez do solo (Bohnen, 1995; Echart & Cavalli-Molina, 2001). O Al3+, por sua vez, é um dos componentes mais importantes da acidez potencial do solo porque reage com a água, liberando íons H+ (Echart & Cavalli-Molina, 2001). Muitos estudos têm mostrado também que a inibição do crescimento da raiz é o sintoma visível mais rápido da toxicidade do Al em plantas, o que resulta na redução e em danos do sistema radicular, podendo conduzir à deficiência mineral e estresse hídrico (Degenhardt et al., 1998; Echart & Cavalli-Molina, 2001, Kochian et al., 2004). Kochian et al. (2004) explicam o modo de atuação do Al que nas raízes atuam no 16 citossol das raízes ligando-se a moléculas e estruturas celulares e a microtúbulos e filamentos de actina. Rout et al. (2001) explicam que o alumínio ainda pode reagir preferencialmente sobre núcleo celular no material genético das plantas. Esse cátion pode atuar no DNA vegetal fazendo com que haja uma maior estabilização da dupla hélice e dessa forma inibe a replicação tendo forte efeito negativo sobre o crescimento dos tecidos e desenvolvimento da planta. O Al que reage com a calmodulina e inibe a enzima fosfolipase C, também interfere com a homeostase do Ca e, portanto, com o sistema de sinalização via Ca (Jones & Kochian, 1995). Atua também sobre as mitocôndrias, diminuindo sua capacidade de produzir ATP e aumentando a produção de espécies reativas de oxigênio (Yamamoto et al., 2002). O Al tem, portanto, amplo espectro de ação sobre o metabolismo vegetal, razão pela qual, talvez, seu mecanismo de ação ainda não seja perfeitamente conhecido (Justino et al. 2008). Contudo algumas plantas acumulam nos vacúolos celulares cristais de oxalato de cálcio como forma de detoxicação de metais pesados e elementos possivelmente danosos (Franceschi & Nakata, 2005). Esse acúmulo se dá através da produção de ácidos orgânicos exudatos das raízes como os ácidos butírico, oxálico, málico, lático, succínico, cítrico, fumárico, acético, entre outros segundo Lorenz et al. (1994). Assim esses ácidos reagem com metais como alumínio e cálcio e se depositam nos vacúolos celulares, para evitar que o alumínio reaja com organelas e moléculas celulares. Desse modo as plantas modificam significativamente a solução do solo alterando a disponibilidade de nutrientes e de elementos tóxicos (Marschner, 1995). Embora esse gasto em solos muito ácidos possa custar muito ao metabolismo vegetal e prejudicar o 17 crescimento normal das plantas. Assim, a sobrevivência da planta é dependente de um balanço na distribuição de fotoassimilados entre as suas várias partes (Batista et al., 2008), fator essencial em áreas de alagamento sazonal. Os efeitos do alagamento em geral são múltiplos e complexos e incluem desde limitação na difusão dos gases e redução dos nutrientes existentes no solo a um aumento na suscetibilidade das plantas a doenças (Singh et al. 2001). Sob condições de alagamento, as plantas podem ficar sujeitas ao déficit hídrico, principalmente pela menor absorção de água causada por modificações na permeabilidade das membranas das células das raízes, em consequência do ambiente hipóxico, o que leva a uma menor condutividade hidráulica nas raízes (Pimenta et al. 1994; Else et al. 2001, Ahn et al., 2004). Crawford (1989) e Kozlowski (1997) expuseram que a própria formação de CO2 oriundo do metabolismo anaeróbico gerado pela hipoxia pode formar compostos tóxicos como etileno, etanol e acetaldeído. Segundo Scarano et al. (1997), estudos em ambientes alagáveis ainda são muito escassos e são necessários para se conhecer melhor as espécies e a dinâmica desses ambientes. No entanto, diversos estudos têm relatado que os efeitos da inundação do solo sobre as plantas superiores podem variar de catastróficos a benéficos, dependendo da espécie e genótipo da planta, da intensidade e tempo de duração do alagamento e da variedade das condições locais (Kozlowski, 1982, 1984; Crawford 1989; Kozlowski & Pallardy, 1997; Kozlowski, 2002; Oliveira, 2007). Sob condições de alagamento, a planta pode apresentar estratégias específicas de tolerância, a fim de garantir sua sobrevivência às condições de saturação hídrica do solo e que possibilitem o seu crescimento nesse ambiente (Oliveira, 2007). 18 Estudos recentes têm sugerido que tolerância ao alagamento de árvores tropicais pode ser mais comum do que se havia pensado anteriormente (Joly & Crawford 1982, Andrade et al. 1999, Lopez & Kursar 2003, Mielke et al. 2003; Oliveira, 2007). Em estudo recente de Pedreira et al. (2006) constatou-se a presença de Florestas Paludosas encravadas em um fragmento de florestal alto montano, localizado no Parque Estadual do Itacolomi, PEIT (Pedreira, 2008). De acordo com Filip et al. (1995), em florestas tropicais estacionais, a peridiocidade da herbivoria é muito importante devido à sazonalidade característica desses ambientes. Embora não estejam totalmente esclarecidas como se dão as defesas induzidas por herbivoria, são conhecidos diversos mecanismos contra herbivoria. Desde a produção de substâncias químicas como a presença de alcalóides, fenóis e taninos são componentes amplamente estudados (Feeny, 1976; Rhoades, 1979; Rosenthal e Janzen, 1979; Green & Hedin, 1986; Loyola Jr. & Fernandes, 1993) até variações morfológicas e anatômicas que reduzem a palatabilidade dos tecidos vegetais. A espécie em estudo, Clethra scabra Pers., conhecida vulgarmente como carnede-vaca, vassourão ou peroba brava, ocorre preferencialmente no interior de capoeiras e capoeirões, situados em solos pobres, úmidos e compactos, com algum aclive (Lorenzi, 1998). Também ocorrem em florestas ombrófilas densas e florestas ombrófilas mistas que ocorrem no sul do Brasil e na serra da mantiqueira, ocorrendo no sul de Minas Gerais. Assim é importante investigar as adaptações apresentadas por indivíduos de C. scabra que crescem em solos bem drenados e em solos alagados, bem como a possibilidade de uma maior susceptibilidade de algumas árvores ao ataque de animais herbívoros. 19 HIPÓTESES O ângulo foliar e o volume caulinar das árvores de C. scabra possuirão diferenças significativas nas áreas de floresta paludosa (alagadas) e floresta estacional semidecidual montana (com solo bem drenado), devido às diferentes condições de aeração do solo e de luminosidade e consequentemente diferenças nos fatores de estresse nesses dois ambientes. A morfologia externa e a anatomia foliar dos indivíduos desses dois ambientes apresentarão variações significativas que podem ser determinadas pelas condições de encharcamento do solo na floresta paludosa, sendo que na área alagada haverá aerênquima e redução da espessura dos outros tecidos do mesofilo assim com alterações no número dos tricomas e dos estômatos. Assumindo que estas populações ocorrem a pouca distância uma da outra, e que, portanto devem compartilhar um conjunto similar de herbívoros, pode-se assumir que a herbivoria foliar em indivíduos de Clethra scabra da área alagada deverá ser menor em comparação com a ocorrente em indivíduos da mata semidecidual. A predição é que tal padrão decorreria do fato que sob condições de alagamento do solo, muitas plantas alocam menos nutrientes nas folhas além de apresentarem maior grau de esclerofilia foliar, características que reduzem a palatabilidade. Os caules de árvores da região alagada apresentarão diferenças significativas no número e tamanho de fendas caulinares em função das diferentes condições de aeração do solo determinadas pelo encharcamento na floresta paludosa. 20 OBJETIVO PRINCIPAL O objetivo principal desse estudo é conhecer as possíveis variações morfológicas externas e anatômicas das folhas de indivíduos de Cletra scabra que ocorrem tanto em Floresta estacional semidecidual montana, que possui solos bem drenados, quanto em Floresta paludosa, com solos que sofrem efeitos permanentes do alagamento, ambas no Parque Estadual do Itacolomi, nos municípios de Ouro Preto e Mariana, MG, que podem ser determinantes para a sobrevivência desses indivíduos em ambientes tão distintos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Mensurar a variação da luminosidade, do teor de água no solo, assim como o nível do lençol freático na floresta higrófila e na floresta semidecidual, que podem ter influencia sobre os indivíduos de C. scabra. Analisar a anatomia e a morfologia foliar de C. scabra ao longo de um ano nas estações seca e chuvosa. Verificar a sazonalidade da herbivoria foliar sofrida por essas árvores sazonalmente. Mensurar a densidade de fendas caulinares e o tamanho médio das fendas por árvore em cada ambiente. Analisar o ângulo foliar das folas das copas das árvores, altura e diâmetro do caule em cada ambiente. 21 MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo – O Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) apresenta área de 7.534ha, dos quais 40% encontram-se recobertos por tipos vegetacionais pertencentes ao domínio Atlântico, sendo os demais 60% recobertos por campos do complexo rupestre. O tipo climático ocorrente na região é o Cwb, conforme a classificação de Köppen, com pluviosidade média anual variando de 1.100mm a 1.800mm e temperatura média anual de 17,4 ºC a 19,8 ºC (Gomes, 1998). A época chuvosa estende-se de outubro a fevereiro, e a seca tem seu pico em julho e agosto. Os verões são amenos, concentrando 89,6% da precipitação anual, sendo que 53,3% deste total precipitam entre os meses de dezembro e fevereiro. Já os invernos podem registrar temperaturas negativas, com elevada umidade atmosférica (Iga, 1995). Estas características metereológicas marcam um clima em que a baixa latitude é compensada pela altitude e conformação orográfica regional (Carvalho, 1982). O fragmento florestal do Morro do Cachorro está numa altitude média de 1300m acima do nível do mar, apresentando áreas com floresta estacional semidecidual montana (FES) e floresta paludosa (FP), com encharcamento durante todas as estações do ano. Tanto na FES quanto na FP ocorrem representantes de Clethra scabra Pers. com alto índice de valor de importância, IVI (Pedreira & Sousa, 2011). Espécie estudada – Clethra scabra Pers., conhecida popularmente como carne-devaca, vassourão, peroba brava ou pau de cinzas pertence á família Clethraceae e possui folhas inteiras, simples com filotaxia alterna e sem estípulas (Fig. 1). Cletrhaceae ocorre na região neotropical e no sudeste asiático, incluindo dois gêneros: Purdiaea e Clethra, e cerca de 80 espécies. No Brasil ambos ocorrem, 22 incluindo cerca de dez espécies, a maioria na Amazônia e no Sul e Sudeste em áreas de maior altitude (Sousa & Lorenzi, 2008). Esta espécie apresenta caducifolia total durante os meses de julho a agosto, mas os indivíduos quando perdem totalmente as folhas velhas, já apresentam o brotamento de novas folhas (Soares 2008). É comum a ocorrência de um grande número de folhas predadas nas árvores estudadas. Material testemunho foi depositado no Herbário Professor José Badini, da Universidade Federal de Ouro Preto, cujo registro é OUPR 25938. Figura 1. Exemplar de Clethra scabra com porte arbóreo localizado na “Trilha do Forno” na Floresta Semidecidual no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. 23 Universo amostral - Para o presente estudo foram marcados, aleatoriamente, seis indivíduos adultos de Clethra scabra na mata estacional semidecidual montana e outros seis na floresta paludosa (Fig. 2), totalizando um n amostral de 12 indivíduos, na região conhecida como “Trilha do Forno” (Fig. 3). Ao todo 696 folhas foram coletadas sendo que 96 folhas foram utilizadas para a realização de cortes anatômicos e dissociações epidérmicas e as outras 600 folhas para medição de área foliar. 24 Figura 2. Imagens do interior da floresta higrófila (esquerda) e da floresta semidecidual (direita) no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. Notar que o dossel da floresta higrófila é mais aberto com maior penetração de luz, além de ser mais baixo. 25 Figura 3. Imagem das áreas de floresta estacional semidecidual (em amarelo) e de floresta higrófila (em branco) localizadas na região da “Trilha do Forno”, no PEIT, Ouro Preto/Mariana – MG, onde árvores de Clethra scabra foram amostradas e estudadas. Incidência luminosa - Medidas da incidência luminosa foram realizadas no estrato superior das copas das árvores com o uso de um luxímetro. Essas medidas foram tomadas mensalmente entre indivíduos do mesmo ambiente e entre indivíduos dos dois ambientes estudados durante um ano. Teor de água no solo – Sob cada árvore foram coletadas amostras de solo a cerca de 20 cm, com um volume de aproximadamente um quilograma. De cada solo amostrado, três 26 coletas foram realizadas e pesadas em balança analítica. Posteriormente, foram colocadas em estufa a 103 ºC por 24 horas e o solo foi pesado novamente, conforme Embrapa (1999). Com a diferença do valor das massas entre solo úmido e solo saturado, tivemos o valor da massa de água contida em cada coleta. Essas coletas também foram realizadas mensalmente. Neste estudo para avaliação do nível do lençol freático foram utilizados piezômetros distribuídos em ambos os ambientes estudados. A profundidade de um metro para perfuração e instalação dos piezômetros foi baseada no trabalho de Schiavini (1992), porém com uma modificação. Para a medição do nível do lençol freático, foi adicionado dentro de cada piezômetro um pedaço circular de isopor com um centímetro de espessura e com quatro centímetros de raio. Essas placas flutuam sobre a água e permitem verificar o nível de água dentro do piezômetro de acordo com sua subida ou descida. Para a medição da altura da placa foi utilizado um medidor de distância a laser cuja variação da precisão é de cinco milímetros. Anatomia foliar - Para estudos morfológicos externos e anatômicos foliares, oito folhas entre o 4º e o 5º nós foram coletadas de cada planta de ambas as áreas, sendo oito folhas na parte superior da copa, somando um total de noventa e seis folhas (n= 96). Para estudos anatômicos foram retirados fragmentos do limbo foliar na região mediana contemplando desde o ápice até a base foliar com seu pecíolo. Estes foram fixados em FAA70 e conservados em álcool70 após 48 horas. Cortes histológicos de material frescofixado foram feitos com o auxílio de lâmina de barbear, tendo como suporte medula de pecíolo de embaúba. Os cortes anatômicos das folhas de todas as plantas coletadas foi corada com azul de astra e fucsina básica de acordo com Kraus & Arduin (1997). Também foram analisados os tipos de tricomas e estômatos e a densidade estomática nas epidermes foliares. Para esse estudo, fragmentos foliares de aproximadamente 1 cm² 27 retirados da região mediana foliar de acordo com Laboriau et al. (1961) e foram colocados em solução de Jeffrey (Johansen, 1940) para a separação da epiderme das faces adaxial e abaxial. Posteriormente, a epiderme de ambas as faces foi corada com a dupla coloração de azul de Astra e fucsina básica e montada em lâminas com gelatina gicerinada de Kaiser (Kraus & Arduin 1997). As medições de tecidos e estruturas como esclerênquima, frequência estomática e de tricomas, espessura dos parênquimas paliçádico e lacunoso, e a razão entre o paliçádico e o mesofilo foram obtidas com a utilização de uma lente ocular graduada acoplada em um microscópio e usando o programa Anati Quanti (disponível em: http://www.ufv.br/dbv/pgbot/index_arquivos/Page4433.htm). O cálculo do índice de habito xeromórfico (Xh) foi feito dividindo-se a espessura do parênquima paliçádico pela espessura de todo o mesofilo de acordo com Pyykkó (1966) e Christodoulakis & Mitrakos (1987), para averiguar se plantas submetidas a alagamento apresentam hábito xeromórfico foliar diferente daquelas em ambientes com solos drenados. Herbivoria - Cinqüenta folhas foram coletadas por árvore em cada árvore em ambas as áreas de estudo (na floresta paludosa e na mata estacional semidecidual) totalizando um número de 600 folhas (n=600), distribuídas uniformemente também entre os galhos da árvore. As folhas coletadas foram escaneadas e tiveram suas imagens digitalizadas para análise de área foliar, onde o percentual exato de área foliar medida foi estimado (Fig. 4). As análises das imagens digitalizadas foram realizadas com o uso de um software de medições de imagens, chamado Image J. Com esse software foi medida a área foliar 28 restante (AFR) que no caso de não-predadas corresponderá a 100% da área foliar, sendo a área total. As folhas predadas tiveram suas respectivas AFR medidas e posteriormente as áreas foliares totais estimadas (AFT), medidas essas que foram calculadas pelo programa Image J, através do preenchimento das áreas foliares predadas (AFP). A diferença entre a área foliar total estimada e área foliar restante foi à área foliar predada (AFT – AFR = AFP). As folhas mensuradas foram agrupadas em classes de dano sendo: não predadas (sem dano), provadas (até 10% de perda foliar), pouco predadas (11 a 20%), moderadamente predadas (21% a 40%), muito predadas (41% a 70%) e altamente predadas (maior que 70%). 29 Figura 4: Folhas de Clethra scabra escaneadas para medição de área foliar hebivorada Ângulo foliar - O ângulo foliar das folhas das árvores em relação ao ramo também foi medido com o uso de um transferidor para se verificar que tipo de copa as árvores estudadas apresentam e se esse ângulo difere em relação aos diferentes ambientes 30 estudados. O ângulo foi medido em oito folhas por árvore, considerando o ângulo entre a folha e o ramo. Densidade de fendas caulinares - foi mensurada através da razão do número de fendas caulinares por cm². Em três áreas do caule a partir de cinco centímetros do solo foram marcadas áreas quadradas de 16cm² paralelas e equidistantes do solo, nas quais o número total de fendas presentes foi contado. Além disso, as dimensões das 10 maiores e das 10 menores foram medidas com o auxílio de um paquímetro eletrônico. O número médio de fendas foi calculado por média aritmética simples e depois dividido pela área marcada no caule para dessa forma se obter a densidade de fendas caulinares (F=n/16, no qual F é a densidade de fendas caulinares e n é o número médio de fendas caulinares por área). Análise Estatística - A hipótese de segregação dos indivíduos em função dos caracteres anatômicos, os quais variariam em resposta adaptativa às condições ambientais em estudo, foi investigada. Em acréscimo, foi investigado se há aspectos adaptativos que emergem do conjunto de caracteres anatômicos. Os dados foram submetidos a testes de Anderson-Darling. Posteriormente, foram utilizados o teste t de Student (Zar 1984) e análises de correlação de Spearman conforme Ayres et al. (2008). Para tal foi utilizado o software action que usa como plataforma o programa R. 31 RESULTADOS E DISCUSSÃO A luminosidade em ambos os ambientes decresceu bruscamente entre outubro e novembro e permaneceu estável no período do verão, mas posteriormente apresentou crescimento ininterrupto até meados da primavera. A luminosidade em ambos os ambientes decresceu bruscamente entre outubro e novembro e permaneceu estável no período do verão, mas posteriormente apresentou crescimento ininterrupto até meados da primavera. O teor de água no solo porém, ao contrário da luminosidade aumentou no periodo chuvoso e decreseu no período seco (Fig. 5 e 6). O inverno e o início da primavera foram as estações com os maiores índices de luminosidade, embora o contrário fosse naturalmente esperado devido ao fato que no verão o zênite solar está sobre o trópico de capricórnio e a luminosidade é máxima sobre o hemisfério sul. O teor de água no solo, contudo, teve seu período de crescimento no período chuvoso, atingindo seu ápice no verão. Posteriormente sofreu declínio no outono e no inverno (período seco) devido à falta de chuvas, voltando a aumentar lentamente na primavera. 32 Figura 5. Variação anual do teor de água (g) do solo (acima) e da luminosidade (lux) incidente sobre a copa das árvores em floresta higrófila (abaixo) no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. 33 Figura 6. Variação anual do teor de água (g) do solo (acima) e da luminosidade (lux) incidente sobre a copa das árvores em floresta semidecidual (abaixo) no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. 34 O final da primavera e o verão correspondem ao período chuvoso na região tropical e em grande parte dos dias o céu está nublado ou parcialmente nublado bloqueando parte da luminosidade proveniente do Sol. Por isso nos meses que correspondem a essas estações a luminosidade foi menor. Corroborando com a menor luminosidade está justamente o aumento do teor de água no solo advindo das chuvas desse período. Como no período seco o céu está quase sempre limpo a luminosidade foi maior assim como o teor de água no solo diminuiu. O lençol freático está profundo na mata semidecidual e sempre abaixo de 1 metro da superfície, conforme registrado pelo piezômetro (Fig. 7). Contudo na mata higrófila está sempre superficial no solo sendo que em algumas áreas ficou acima da superfície, formando poças de água no período chuvoso. Porém no perído seco, pela falta de chuvas o teor de água no solo decresceu na mata higrófila porque houve um a redução do nível do lençol freático, que embora pequena, permitiu que o solo se tornasse menos encharcado, já que o lençol freático ficou pouco abaixo da superfície do solo, embora este estivesse sempre muito úmido. 35 Figura 7. Variação anual do nível do lençol freático em floresta higrófila no PEIT, Ouro Preto/Mariana - MG. A ocorrência do evento de inundação do solo é condicionada pela elevação do nível do rio na época das cheias e a duração é determinada pela saturação hídrica do solo, que por sua vez está relacionada com a superficialidade do lençol freático (Rodrigues 1992). Como no fragmento estudado de FH o lençol freático está profundo, portanto essa área não sofre os efeitos de alagamento do solo causados pela inundação. Caracterização anatômica - As folhas de Clethra scabra são dorsiventrais e apresentam epiderme multiseriada hipoestomática, com estômatos localizados em depressões da epiderme com alta densidade de tricomas tectores simples também ali localizados. Nas depressões epidérmicas existem tricomas tectores estrelados (Fig. 8). 36 Tricomas tectores ocorrem também na face adaxial epidérmica, porém em baixíssima densidade (cerca de 2 tricomas.mm-2). O mesofilo possui parênquima paliçádico bem espesso, ocupando aproximadamente 90% do mesofilo o que torna o hábito xeromórfico foliar bem elevado. O parênquima esponjoso é relativamente compacto. A nervura central apresenta xilema bem desenvolvido circunscrito por cordões de xilema. Todo o feixe vascular é envolvido por uma bainha esclerenquimática, que não sofreu alteração na espessura ao longo das estações e também não variou entre árvores dos dois ambientes estudados (Fig. 9). Figura 8. Epiderme dissociada de C. scabra da face abaxial (A e C) e da face adaxial (B). Na face abaxial se encontram os estômatos (circunscritos) e está recoberta de tricomas tectores simples e estrelados (setas grossas). Na face adaxial se encontram 37 poucos tricomas tectores e não contem estômatos. Células epidérmicas na seta pontilhada. Barras: 25 µm. Figura 9. Corte transversal foliar de Clethra scabra na zona intercostal (A) e da nervura central (B). PL: parênquima lacunoso; Seta dupla: parênquima paliçádico; E. ab.: epiderme da face abaxial; E. ad.: epiderme da face adaxial; TT: tricomas; ES: esclerênquima; GL: glândula; XL: xilema; FL: floema. Barras: 120µm. Na primavera a luminosidade na mata higrófila não apresentou correlação com os parâmetros foliares (Fig. 10). Porém na mata semidecidual a luminosidade apresentou fortes correlações positivas (Fig. 11). Tanto na mata semidecidual quanto na higrófila o baixo teor de água no solo apresentou forte correlação negativa com o ângulo foliar e com a espessura do limbo foliar. 38 36 38 40 42 44 46 0 10 30 50 2400 2000 Luminosidade 1600 46 44 42 0.66 40 Teor de água (0.019) 38 36 80 60 -0.47 -0.74 (0.13) (0.0058) Ângulo foliar 40 20 0 50 30 Espessura do limbo foliar -0.51 -0.76 0.99 (0.09) (0.0044) (< 0,001) 10 0 1600 2000 2400 0 20 40 60 80 Figura 10. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila na primavera. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 39 22 24 26 28 30 0 10 20 30 40 1600 Luminosidade 1200 800 30 28 26 -0.85 Teor de água (< 0.001) 24 22 80 60 0.94 -0.77 (< 0,001) (0.0031) Ângulo foliar 40 20 0 40 30 20 0.78 -0.69 10 (0.0031) (0.012) Espessura do limbo foliar 0.85 (< 0,001) 0 800 1200 1600 0 20 40 60 80 Figura 11. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Semidecidual na primavera. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 40 A luminosidade no verão não apresentou correlação com nenhum dos parâmetros estudados em nenhum ambiente. Porém na floresta higrófila a correlação do teor de água com os parâmetros foliares foi forte e positiva (Fig. 12). Já na floresta semidecidual a correlação foi forte, contudo negativa (Fig. 13). 35 40 45 50 55 0 20 40 60 80 350 300 Luminosidade 250 55 50 45 0.22 40 (0.30) Teor de água 35 80 60 0.18 0.82 (0.41) (< 0,001) 40 Ângulo foliar 20 0 80 60 0.18 40 0.82 (0.40) 20 1.00 Espessura do limbo foliar (0.00) (< 0,001) 0 250 300 350 0 20 40 60 80 Figura 12. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no verão. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 41 30 40 50 60 70 0 50 100 150 200 180 Luminosidade 160 140 70 60 50 -0.28 40 (0.18) Teor de água 30 60 0.24 -0.95 (0.25) (< 0,001) 40 Ângulo foliar 20 0 150 100 0.25 -0.95 1.00 (0.24) < 0,001) (0.00) Espessura do limbo foliar 50 0 140 160 180 200 0 20 40 60 Figura 13. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Semidecidual no verão. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. No outono, tanto na Floresta Semidecidual como na Floresta Higrófila houve forte correlação negativa entre a luminosidade e os outros parâmetros (Fig. 14 e 15). Já 42 com relação ao teor de água no solo houve fortes correlações positivas com os parâmetros (exceto com a luminosidade). 28 30 32 34 36 0 50 100 150 500 450 Luminosidade 400 350 36 34 32 -0.85 30 Teor de água (< 0,001) 28 50 40 -0.93 0.88 (< 0,001) (< 0,001) 30 Ângulo foliar 20 10 0 150 100 50 -0.92 0.83 0.98 (< 0,001) (< 0,001) (< 0,001) Espessura do limbo foliar 0 350 400 450 500 0 10 20 30 40 50 Figura 14. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no outono. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 43 52 56 60 64 0 50 100 150 200 500 400 Luminosidade 300 200 64 60 -0.91 Teor de água 56 (< 0,001) 52 50 40 -0.97 0.88 (< 0,001) (0.00014) 30 Ângulo foliar 20 10 0 200 150 100 -0.98 0.86 0.99 50 (< 0,001) (< 0,001) (< 0,001) Espessura do limbo foliar 0 200 300 400 500 0 10 20 30 40 50 Figura 15. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Semidecidual no outono. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 44 No inverno permaneceu a correlação negativa entre a luminosidade e os outros parâmetros, assim como a correlação positiva entre o teor de água e os outros parâmetros em ambas as áreas estudadas. O que variou foi a redução da força das correlações, sendo que a correlação da luminosidade como todos os outros parâmetros permaneceu forte embora menor em relação as encontradas no outono. Já com relação à água a correlação se tornou moderada nessa estação. A correlação entre a espessura foliar e o ângulo foliar foi sempre forte e positiva em ambos os ambientes ao longo do ano, exceto no verão, estação na qual não foi observada correlação entre esses parâmetros nas duas áreas (Fig. 16 e 17). 45 18 20 22 24 0 50 150 250 2000 1600 Luminosidade 1200 800 24 22 -0.72 20 Teor de água (< 0,001) 18 15 10 -0.41 0.56 (0.045) (0.0045) Ângulo foliar 5 0 250 150 -0.44 0.56 (0.033) (0.004) 0.97 Espessura do limbo foliar (< 0,001) 50 0 800 1200 1600 2000 0 5 10 15 Figura 16. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Higrófila no inverno. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 46 30 35 40 45 0 50 150 250 2000 1500 Luminosidade 1000 45 40 35 -0.73 Teor de água (< 0,001) 30 30 25 20 -0.75 0.59 (< 0,001) (0.0024) 15 Ângulo foliar 10 5 0 250 150 -0.77 (< 0,001) 0.62 0.97 (0.001) Espessura do limbo foliar (<0,001) 50 0 1000 1500 2000 0 5 10 15 20 25 30 Figura 17. Correlação entre a luminosidade (lux), teor de água no solo (g), espessura do limbo foliar (cm) e o ângulo foliar (graus) na Mata Semidecidual no inverno. O valor de p está em parêntesis e o valor da correlação está acima do valor de p. 47 Sims & Pearcy (1992) e Knapp & Carter (1998) correlacionam a luminosidade com a espessura do parênquima paliçádico. Estes autores explicam que quanto mais desenvolvido é o parênquima paliçádico, maior é a reflectância da luz, importante em ambientes que recebem muita radiação solar. Contudo Wiedenroth, (1993) e Pezeshki et al. (1996) explicam que plantas sob efeitos de alagamento sofrem um retardo no metabolismo torando-o mais lento. Como a planta necessita de um equilíbrio ótimo de luz e água para poder crescer, não é sempre que essas correlações se mostram positivas com o desenvolvimento foliar, especialmente sob condições estressantes impostas pelo alagamento. Por isso de acordo com as estações do ano nem sempre as correlações da água e da luz foram positivas relativas à espessura do mesofilo foliar e do ângulo foliar. As espessuras dos parênquimas paliçádicos e, por conseguinte, dos mesofilos foliares cresceram desde a primavera até o período de senescência no inverno, porém de forma desigual. As folhas oriundas da floresta semidecidual sempre foram mais espessas que aquelas da floresta higrófila. Porém no período do seco houve uma aceleração no desenvolvimento foliar das plantas da FH que conseguiu alcançar a mesma espessura de folhas provenientes da floresta semidecidual, considerando que as folhas desse ambiente continuaram a se desenvolver no período seco (Tab. 1). De acordo com (Klar 1984) a hipoxia faz com que haja uma redução natural da fotossíntese, já que as membranas das raízes absortivas sob alagamente sofrem alterações e perdem de permeabilidade, o que gera toda uma cadeia de respostas hormonais que faz com que a planta se comporte como se estivesse em um ambiente com falta de água. Conforme Pezeshki (1994), o alagamento faz com que a planta feche seus estômatos e que realize menos fotossíntese, gerando menos fotoassimilados que ainda são comprometidos para a manutenção de mecanismos para lidar com as condições do alagamento permanente. O hábito xeromórfico se mostrou bastante 48 elevado e não sofreu variação em nenhum dos ambientes estudados permanecendo o mesmo durante todo o período de desenvolvimento foliar (Tab. 1). 49 Tabela 1: Valores médios das espessuras dos mesofilos foliares (µm), espessuras dos parênquimas paliçádicos (µm), espessura dos esclerênquimas (µm) e dos hábitos xeromórficos das folhas das árvores da floresta semidecidual e higrófila nas quatro estações do ano, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p. Mata Semidecidual Mata Higrófila Espessura do mesofilo foliar Primavera 58,21 ± 3,2; p < 0,001 40,02 ± 5; p < 0,001 Verão 141,39 ± 2,07; p < 0,001 86,76 ± 3,8; p < 0,001 Outono 214,58 ± 5,5; p < 0,001 152,62 ± 5,1; p < 0,001 Inverno 288,75 ± 6,02; p < 0,001 278,21 ± 7,3; p < 0,001 Espessura do parênquima paliçádico Primavera 52,39 ± 3,54; p < 0,001 35,6 ± 2,98; p < 0,001 Verão 125,84 ± 5,6; p < 0,001 77,21 ± 4,77; p < 0,001 Outono 191 ± 6,7; p < 0,001 137.36 ± 5,4; p < 0,001 Inverno 259,87 ± 7,83; p < 0,001 242 ± 6,38; p < 0,001 Espessura do esclerênquima Primavera 28 ± 2; p < 0,001 27 ± 2; p < 0,001 Verão 28 ± 2; p < 0,001 29 ± 2; p< 0,001 Outono 27 ± 2; p < 0,001 28 ± 2; p < 0,001 Inverno 29 ± 2; p < 0,001 28± 2; p < 0,001 Hábito xeromórfico Primavera 0,89 ± 0,02; p < 0,001 0,9 ± 0,064; p < 0,001 Verão 0,89 ± 0,016; p < 0,001 0,89 ± 0,02; p < 0,001 50 Outono 0,89 ± 0,012; p < 0,001 0,9 ± 0,01; p < 0,001 Inverno 0,9 ± 0,019; p < 0,001 0,87 ± 0,017; p < 0,001 O hábito xeromórfico foliar foi muito alto (aproximadamente 0,89) e não sofreu variação significativa durante todo o desenvolvimento foliar até a senescência, embora tenha havido variações na espessura dos limbos foliares das plantas comparando-se os dois ambientes estudados. Sanches et al. (2010) estudando árvores emergentes e indivíduos jovens de Cariniana legalis observaram que folhas das árvores emergentes, expostas ao sol, possuem maior hábito xeromórfico e relacionaram que o parênquima paliçádico mais espesso aumentou a massa foliar das folhas das árvores estudadas. Gratani & Bombelli (2000) estudando algumas espécies de plantas do mediterrâneo correlacionam positivamente a massa foliar específica com a espessura foliar e particularmente com a espessura do parênquima paliçádico. A densidade estomática não variou sazonalmente e também não sofreu variação entre os ambientes estudados, assim como também não variou a densidade de tricomas que se mostrou bem elevada. O ângulo foliar pouco variou entre os ambientes apesar das diferenças das luminosidades nos dois ambientes. O ângulo foliar decresceu conforme as estações tornando as folhas cada vez mais planas, cujo menor ângulo em relação ao plano horizontal foi encontrado no inverno. As espessuras das faces adaxial e abaxial epidérmica não sofreram variação significativa ao longo do ano entre os ambientes estudados assim dentro de cada ambiente. (Tab. 2). 51 Tabela 2: Valores médios das densidades estomáticas (número de estômatos/cm2), das densidades de tricomas (número de tricomas/cm2), dos ângulos foliares, das espessuras das faces adaxial e abaxial epidérmica das árvores da floresta higrófila e da floresta semidecidual, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p. Mata Semidecidual Mata Higrófila Densidade estomática Primavera 206 ± 15; p = 0,006 217 ± 11; p < 0,001 Verão 210 ± 16; p = 0,009 211 ± 12; p < 0,001 Outono 213 ± 14; p = 0,001 210 ± 13; p < 0,001 Inverno 215 ± 19; p = 0,02 218 ± 14; p < 0,001 Primavera 625 ± 34; p < 0,001 632 ± 44; p < 0,001 Verão 622 ± 41; p = 0,006 650 ± 61; p < 0,001 Outono 597 ± 53; p < 0,001 608 ± 37; p < 0,001 Inverno 613 ± 44; p = 0,002 612 ± 38; p = 0,002 Primavera 76º ± 7; p < 0,001 82º ± 4; p < 0,001 Verão 66º ± 7; p < 0,001 79º ± 3; p < 0,001 Outono 47º ± 5; p < 0,001 45º ± 7; p < 0,001 Inverno 21º ± 4 ; p < 0,001 11º ± 3; p < 0,001 Densidade de tricomas Ângulo foliar Espessura da epiderme da face adaxial Primavera 26 ± 4; p < 0,001 24 ± 3; p < 0,001 Verão 28 ± 6; p < 0,001 25 ± 4; p < 0,001 52 Outono 30 ± 5; p < 0,001 29 ± 5; p < 0,001 Inverno 28 ± 4 ; p < 0,001 27 ± 5; p < 0,001 Espessura da epiderme da face abaxial Primavera 15 ± 2; p < 0,001 12 ± 3; p < 0,001 Verão 14 ± 3; p < 0,001 13 ± 4; p < 0,001 Outono 15 ± 2; p < 0,001 13 ± 4; p < 0,001 Inverno 16 ± 4 ; p < 0,001 14 ± 4; p < 0,001 O ângulo foliar em relação ao plano horizontal das folhas de C. scabra provenientes de árvores tanto da floresta higrófila quanto da floresta semidecidual diminuiu ao longo do ano. As folhas de C. scabra nascem paralelas ao caule, que ao longo do desenvolvimento foliar, o ângulo da lâmina da com o plano horizontal tende a diminuir considerando que a folha tenderá interceptar a luz solar no melhor ângulo de intercessão com a luz para aproveitá-la ao máximo. Mariscal et.al. (2008), explicam que a arquitetura da copa das árvores responde também as condições ambientais de luminosidade e disponibilidade hídrica. Gratani & Bombelli (2000), trabalhando com espécies diferentes em um ambiente diferente também observaram a redução do ângulo foliar ao longo das estações. Harper (1990) relaciona também a perda de água com a intensidade luminosa sobre as árvores. Copas compostas por folhas que apresentam redução do ângulo de orientação de incidência solar sobre o limbo sofrem menor irradiação solar e consequentemente menor perda de água, apresentam arquitetura denominada cônica (Mariscal et al. 2008). As folhas de C. scabra não apresentaram arquitetura canônica e sim uma arquitetura foliar planifólia, conforme demonstrado pelas análises dos ângulos foliares ao longo do ano, considerando que o estudo foi realizado em florestas. Árvores 53 que crescem em áreas de matas tendem a ter uma arquitetura foliar mais horizontal (planifólia), segundo Paciullo et. al. (2007). As plantas analisadas da floresta higrófila não apresentaram maior densidade de tricomas em sua superfície em relação àquelas da floresta semidecídua embora plantas encontradas em ambientes muito iluminados tenham maior quantidade de tricomas na superfície foliar que plantas presentes em locais com baixa incidência de luz, assim como maior espessura da folha e menor superfície fotossintética (Briggs & Walters 1997). Contudo, como todas as árvores estudadas estavam sob sol pleno, não houve alteração significativa no número de tricomas nas folhas, ainda que tenha havido diferenças nas intensidades da luz incidente sob a copa das árvores nos ambientes de estudo, demonstrando que essa diferença de luminosidade parece não ter sido suficientemente importante para alteração no na densidade de tricomas nas árvores estudadas. Segundo Cerqueira (1992) as folhas são as partes mais sensíveis ao estresse hídrico, e podem sofrer alterações estomáticas sob essas condições. Contudo nesse estudo não houve variação significativa da densidade estomática, assim como não houve também variação no hábito xeromórfico e na densidade de tricomas. O que possivelmente ocorreu foi que o metabolismo das árvores estudadas dessa espécie ficou mais lento sob o alagamento, já que no período seco, quando houve uma redução do nível do lençol freático, o metabolismo das árvores na FH se acelerou e houve um incremento nesses tecidos ao ponto da espessura do limbo foliar se igualar a espessura do limbo de folhas da FES do mesmo período. O número de folhas produzidas por cada árvore nos ambientes estudados também variou. Na FES o número foi bem maior, 47 por cento de folhas a mais em relação às árvores da FH. O número de folhas por árvore ao longo do ano pouco variou, a não ser no início da produção de folhas e no período da senescência foliar (Tab. 3). O 54 número de folhas predadas por árvore foi sempre maior na FES com aumento significativo da predação no outono e no inverno cuja herbivoria crescem aproximadamente 50%. Na FH o grau de herbivoria foliar permaneceu praticamente estável (Tab. 3). 55 Tabela 3: Valores médios do número de folhas por árvore, número de folhas predadas por árvore e valor percentual da área foliar efetivamente predada nos dois ambientes, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p. Mata Semidecidual Mata Higrófila Primavera 2389 ± 210; p < 0,001 1497 ± 96; p < 0,001 Verão 2500 ± 312; p < 0,001 1650 ± 170; p < 0,001 Outono 2570 ± 357; p < 0,001 1700 ± 199; p < 0,001 Inverno 2227 ± 100; p < 0,001 1510 ± 82; p < 0,001 Primavera 710 ± 50; p < 0,001 790 ± 35; p < 0,001 Verão 750 ± 57; p < 0,001 830 ± 41; p < 0,001 Outono 745 ± 79; p < 0,001 825 ± 51; p < 0,001 Inverno 732 ± 101; p = 0,006 805 ± 55; p < 0,001 Número de folhas/árvore Nº folhas predadas/árvore Valor de área foliar predada Primavera 12% ± 9; p = 0,007 8% ± 8; p = 0,001 Verão 14% ± 11; p = 0,008 8% ± 7; p = 0,002 Outono 15% ± 12; p = 0,005 12% ± 10; p = 0,004 Inverno 18% ± 10; p = 0,002 15% ± 10; p = 0,006 A variação moderada da herbivoria foliar ao longo de todo o ano pode estar relacionada à defesa induzida pelas folhas quando atacadas, embora não se tenha avaliado nesse trabalho que tipo de resposta C. scabra possui direcionadas para herbívoros, mas sim presença de substâncias ou de características anatômicas que 56 podem atuar contra a herbivoria. Thaler et al. (1999) afirmam que as plantas podem responder contra herbivoria quando danificadas, podendo, desse modo, atuar contra predadores, gerando uma defesa induzida. Kielkiewicz (1988) estudando ação de herbívoros sobre Fragaria grandiflora demonstrou que plantas anteriormente herbivoradas, tornaram-se menos atrativas para Tetranychus urticae (ácaro rajado) provavelmente devido à indução de respostas defensivas induzidas pelas plantas à ação de predação. Balwin & Schmelz (1996), estudando a mesma espécie de ácaro supuseram que existe uma hipótese que plantas que sofreram ataques de herbívoros anteriormente apresentam uma capacidade maior de responder a novos danos com maior celeridade quando comparadas a plantas que nunca sofreram ataques de herbívoros. Os autores também correlacionam à ativação da defesa induzida com o grau do dano ou com a intensidade do ataque. Considerando que a Clethra scabra é uma pioneira (Nappo et al.,2004) e heliófila (Polisel & Franco 2007) que apresenta caducifolia total (Soares 2008), esse mecanismo pode não ser muito interessante em relação a uma defesa natural já constituída, já que a folha dessas árvores não são longevas e apresentam o tempo de vida de um ano apenas. Dentre as características morfológicas, geralmente existe um incremento do indumento piloso, ou seja, um aumento da densidade estomática por dois modos, o primeiro pelo aumento do número de tricomas tectores e os segundo por um aumento de tricomas glandulares, conforme descrito por Paleari & Santos (1997) para Miconia albicans. Os primeiros criam uma eficiente barreira mecânica contra herbívoros, (Agren & Schemske 1994), dificultando ou impedindo o acesso aos tecidos suculentos de herbívoros invertebrados ou reduzindo a palatabilidade para herbívoros vertebrados. Já os tricomas glandulares liberam substâncias tóxicas ou repelentes contra herbívoros (Yencho & Tingey, 1994). Em indivíduos analisados de C. scabra a densidade de 57 tricomas foi elevada, contudo não houve variações significativas ao longo do ano assim como não houve também variações entre as folhas das árvores estudadas. As plantas analisadas apresentaram uma bainha esclerenquimática em torno do feixe vascular com cerca de 28µm de espessura que não sofreu variação (Tab. 1). As plantas podem aumentar o investimento em tecidos que apresentem potencial defensivo como esclerênquima e fibras, tornando-os mais lignificados, e, por conseguinte, mais esclerificados, que exercem barreira contra insetos fitófagos, impedindo o acesso de suas probóscides ao feixe vascular já que esses tecidos geralmente os envolvem. De acordo com Cooke et al., (1984) o menor conteúdo de fibras e maior suculência em folhas as tornam mais palatáveis. Folhas mais escleromórficas deixa os tecidos como um todo menos agradáveis a mastigação devido ao incremento de tecidos altamente lignificados. Essas características anatômicas foliares observadas possivelmente possuem caráter constitutivo porque não sofreram alterações nas plantas dos ambientes estudados quando comparadas entre si assim como não sofreram alterações ao longo do ano. Também pode haver um espessamento das paredes celulares das células em geral o que também exerce o efeito de impalatabilidade já mencionado. Dados similares foram encontrados no cerrado para Tabebuia ochracea (Ribeiro et al. 1999). Entretanto, este componente ecológico não é bem estudado em áreas alagadas. Ainda pode haver um aumento de inclusões celulares formando cristais de carbonato de cálcio ou de oxalato de cálcio também pode ferir herbívoros ao comerem tecidos que os contém, conforme Franceschi & Horner (1980) e Franceschi (2004). Contudo não houve espessamento nas paredes celulares dos tecidos foliares como resposta a herbivoria e embora existam drusas inclusas nas células parenquimáticas houve presença desses 58 cristais nas células das folhas das árvores estudadas na FH e na FES, sendo mais um indicativo de que seja um mecanismo de defesa natural já constituída. As folhas subdivididas quanto a classes de herbivoria não apresentaram alterações comparando-se os dois ambientes estudados, assim como não apresentaram alteração do percentual de folhas em cada classe durante o ano. A maior parte das folhas se encontrou na classe de não predadas, porém a maioria das folhas nas árvores sofreu algum grau de herbivoria. Contudo, a grande maioria das folhas herbivoradas, teve baixo grau de danos, ou seja, as folhas foram provadas ou pouco predadas. Apenas cerca de 10% das folhas foram muito predadas ou altamente predadas, com o número similar de folhas moderadamente predadas (Tab. 4). 59 Tabela 4: Percentual de folhas subdivididas em classes quanto ao grau de predação, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p. Mata Semidecidual Mata Higrófila Não predadas 60 % ± 4; p = 0,056 50% ± 5; p = 0,074 Provadas 16% ± 3; p = 0.023 20% ± 3; p = 0.033 Pouco predadas 8% ± 3; p = 0,041 10% ± 3; p = 0,03 Moderadamente predadas 8% ± 2; p = 0,044 10% ± 2; p = 0,068 Muito predadas 5% ± 2; p = 0,052 6% ± 1; p = 0,021 Altamente predadas 3% ± 1; p = 0,016 4% ± 1; p = 0,067 Não foram encontradas diferenças relativas à taxa de herbivoria foliar entre as folhas do mesmo ambiente ao longo das estações do ano e nem entre as folhas dos diferentes ambiente no mesmo período, ainda que as folhas das árvores situadas na FH, tenham ao longo do ano tido menor desenvolvimento, havendo equiparação do desenvolvimento anatômico do limbo foliar somente no inverno, estação na qual ocorre a senescência foliar, corroborando com estudo de Pezeshki (1993) no qual explica que o plantas sob efeito de alagamento podem apresentar metabolismo mais vagaroso e segundo Kozlowski (1997) as plantas economizam recursos e reduzem seu crescimento sob essas condições de hipoxia geradas pela saturação hídrica do solo. Assim, as árvores estudadas da FH não podem gastar recursos em demasia para a produção de novas folhas, sendo que as folhas que produzem têm um desenvolvimento mais lento que aquelas da FES. 60 Essa maior produtividade de folhas da FES provavelmente se deve ao fato dos indivíduos de C. scabra não estarem sujeitos a um fator limitante ao desenvolvimento da espécie como a hipoxia e/ou anoxia do solo encontrada na FH, que de acordo com Parolin (2001), pode reduzir a capacidade fotossintética da algumas plantas. Sem essa limitação, as plantas podem se desenvolver ao máximo sem ter que usar os fotoassimilados para alterações anatômicas e fisiológicas necessárias para poderem viver em um ambiente que impõe restrições e limitações fisiológicas para muitas espécies vegetais, podendo usá-los para crescimento, maior produção de folhas e conseguir assim realizar mais fotossíntese e obter mais fotoassimilados. Porém houve um aumento no número de folhas predadas ao longo do ano somente na FES indicando que as folhas das árvores dessa região são mais atrativas. Folhas predadas anteriormente podem sofrer restrição fisiológica pelo próprio dano gerado e assim, se tornariam menos nutritivas e palatáveis, fazendo com que os herbívoros busquem novas folhas sem danos severos. Desse modo, o número de folhas predadas por árvore também foi maior na FES. Todavia a produção de folhas de árvores da FES foi bem maior do que a produção de folhas de árvores da FH, sendo aproximadamente o dobro de folhas. Embora o número de folhas herbivoradas tenha sido maior na FES, o número percentual de folhas herbivoradas por árvore foi menor na FES (cerca de 30%) quando comparado ao valor percentual de folhas herbivoradas na FH (aproximadamente 50%). Apesar da herbivoria em termos numéricos ter sido maior na FES, em termos percentuais foi menor em relação à FH, fato que pode estar relacionado às diferenças fitofisionômicas entre os ambientes, já que na FH o dossel varia de aberto a parcialmente fechado, ao passo que na FES o dossel é fechado. Essas diferenças fitofisonômicas são abordadas no trabalho de Toniato et. al. (1998). 61 Segundo Leitão-Filho (1982), as FH possuem baixa diversidade, caráter perenifólio e com apenas dois estratos arbóreos, sendo que o superior alcança até 12 metros de altura. Na FES existe maior disponibilidade de alimento (folhas) que ainda são mais palatáveis. Porém a produção maior de folhas por árvore pode ter sido preponderante para o menor percentual de folhas herbivoradas, além do fato de ser uma mata fechada que aumenta o esforço de procura do alimento. Portanto, embora o número de folhas herbivoradas tenha sido maior na FES, com um crescimento do número de folhas que sofreram herbivoria no decorrer do ano, percentualmente a FH é a que tem maior número de folhas predadas em relação a folhas íntegras por árvore, sendo dessa forma que os indivíduos de C. scabra nesse ambiente, os que mais sofrem danos com a herbivoria, considerando ainda que já estejam sob estresse hídrico. A altura média das árvores na FES foi bem maior que a altura das árvores da FH, praticamente o dobro. Já o raio caulinar foi aproximadamente cinco vezes maior. O inventário lenhoso do tronco que também foi bem maior quando comparado ao de árvores da FH, do mesmo modo que os comprimentos das fendas caulinares e a largura das fendas caulinares (Tab. 5), assim como a densidade de fendas caulinares (Fig. 18). 62 Tabela 5: Valores médios das alturas das árvores, dos raios caulinares, dos inventários de biomassa lenhosa, do comprimento e largura das fendas caulinares das árvores nas florestas semidecidual e higrófila, com seus respectivos erros padrões e com o valor de p. Mata Semidecidual Mata Higrófila Altura das árvores 9,394m ± 1,6; p < 0,001 5,15m ± 1,2; p < 0,001 Raio Caulinar 0,515m ± 0,12; p < 0,001 0,1171m ± 0,05; p = 0,003 Inventário lenhoso 0,49m³ ± 0,13; p = 0,023 0,056m³ ± 0,05; p = 0,04 Comprimento das fendas 0,018m² ± 0,004; p < 0,001 0,012m² ± 0,004; p < 0,001 Largura das fendas 0,1 ± 0,08; p < 0,001 0,23 ± 0,5; p < 0,001 63 20 15 Número de fendas caulinares/cm² 25 Densidade de fendas caulinares Mata higrófila Mata semidecidual Figura 18. Densidade de fendas caulinares em Clethra scabra na Floresta Higrólia e na Floresta Semidecidual no Parque Estadual do Itacolomi. A alocação de biomassa caulinar sofre influência grau de saturação hídrica do solo. Estudos de Andrade et al. (1999) demonstram que algumas espécies alteram a alocação de biomassa sobretudo para o caule, modificando a arquitetura dos ramos e folhas e das raízes quando sujeitas ao alagamento. Contudo, análises dos indivíduos de C. scabra, não demonstraram maior alocação de biomassa no tronco das árvores 64 estudadas em relação na floresta higrófila comparando-se com as árvores estudadas da floresta semidecidual, observando que estas árvores apresentaram troncos bem mais altos e mais largos, com maior volume de biomassa lenhosa (Tab. 2). O que foi observado na FH é que possivelmente o alagamento é um fator de estresse que somente atrasa o desenvolvimento das árvores considerando que na floresta no período seco, houve uma grande aceleração no desenvolvimento foliar que alcançou a mesma espessura das folhas da mata semidecidual. Batista et al. (2008) comparando indivíduos de Cecropia pachystachya sujeitas a alagamentos e em solos bem drenados observaram também uma menor taxa de crescimento nas raízes e caules de plantas em solos saturados e áreas foliares menores. Segundo Armstrong et al. (1994), as plantas podem apresentar modificações morfológicas e anatômicas caulinares quando submetidas ao alagamento como a produção de aerênquima em raízes e a hipertrofia de lenticelas em caules, entre outras. Nas árvores estudadas foram encontradas fendas caulinares cuja densidade foi maior em árvores da floresta higrófila em relação àquelas da floresta semidecidual (Fig. 18). Já a largura e o comprimento das fendas foram menores que os encontrados na floresta semidecidual (Tab. 5). Mas a maior densidade de fendas em um ambiente encharcado parece ser mais importante para a planta, considerando que quanto mais fendas, maior será o volume de oxigênio que poderá entrar no aerênquima caulinar. Os mecanismos observados em árvores de C. scabra como as fendas caulinares que permitem a entrada de ar atmosférico no caule para o aerênquima parecem ser eficazes quanto a contornar os efeitos possivelmente danosos causados pelo alagamento, já que não houve variação na densidade de estômatos e tricomas e tão pouco variação nas proporções estruturais do limbo foliar. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Action Software. Estatcamp - Consultoria Estatística e Qualidade, Campinas, Brazil. 2010. Disponível em: <http://www.portalaction.com.br> (accessed at 20 de Novembro 2010). Ahn, S. J.; Sivaguru, M.; Osawa, H.; Chung G. C.; Matsumoto, H. Aluminum inhibits the H+-ATPase activity by permanently altering the plasma membrane surface potentials in squash roots. Plant Physiology, v.126, p.1381–1390, 2001. Ågren, J. and D. W. Schemske. Evolution of trichome number in a naturalized population of Brassica rapa. American Naturalist, v.143, p.1-13. 1994. Aguiar, T. V.; Sant’anna-Santos, B. 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