SITUAÇÕES 1 A função e os objetivos da Educação Infantil Durante uma entrevista, a pesquisadora pergunta à professora: “Como é sua relação com a auxiliar da sua turma?” A professora responde: “É muito boa! Ela é uma grande parceira!” A pesquisadora continua: “Qual a forma que vocês decidem o que cada uma vai fazer?” A professora diz: “Na base do diálogo. Eu ajudo nas tarefas dela do jeito que eu posso. Eu arrumo, ajudo a pentear, ajudo a vestir, essas coisas. Eu também tento fazer com que ela esteja presente comigo na hora da atividade pedagógica, eu ficar numa mesa e ela ficar na outra, mas eu percebo que ela não gosta muito não, aí eu fico ‘meio assim’ de ficar chamando ela o tempo todo para participar porque não é obrigação dela”. VAMOS PENSAR! O modo como os conceitos de educar e cuidar aparece, no texto, modifica o que até hoje você tem visto nas instituições de Educação Infantil? O que muda? 2.1 A construção sóciocultural da criança Em um momento de formação de professores, a formadora perguntou: “Como vocês definem as crianças das suas turmas?” Uma das professoras respondeu: “Essa é uma pergunta muito complexa porque na minha turma eu tenho várias crianças diferentes e não daria para dar uma única definição. Contudo, uma coisa é possível afirmar: elas são totalmente diferentes das crianças da teoria, do Piaget!” A formadora, então, questiona? “Por que você faz tal afirmação? Em que as crianças da sua turma divergem das crianças da teoria?” A professora responde: “Ora, as minhas crianças são muito sofridas. A realidade delas é muito difícil. São crianças que muitas vezes sofrem violência física e moral. Algumas delas são cobertas de piolhos e os pais não estão nem aí. Como eu posso dizer que essas crianças são iguais às crianças da teoria do Piaget?” VAMOS PENSAR! O que significa dizer que a criança desde que nasce é sujeito de direitos? Que metas colocadas, no texto, em relação às crianças vem sendo atingidas na instituição em que você trabalha? 2.1 A construção sóciocultural da criança- PARTE 2: O Brincar Instigada a falar sobre o papel da brincadeira no desenvolvimento infantil e sobre o seu papel diante das brincadeiras das crianças, a professora responde: “Ah, eu acho que as crianças aprendem brincando! Eu acho que a minha contribuição é estimular as brincadeiras, é dar suporte para as crianças terem espaços para brincar, retirar eles só da sala, tentar levar para outro local... Assim, a minha contribuição mais é essa, deixar eles bem à vontade com relação a essa construção deles. Minha intervenção é apenas observar e ajudar quando eles não conseguem resolver as coisas sozinhos. Eu não acho que eu deva interferir nas brincadeiras deles. Isso não!” VAMOS PENSAR! Você já observou, com bastante atenção, as interações de crianças enquanto brincam? Se você observou as interações infantis, com intervalo de alguns meses, notou alguma mudança? Qual foi? E já prestou atenção na interação que adultos e bebês estabelecem? O que percebeu? Como a criança pequena vai conhecendo o mundo cotidiano? 3 O processo ensino e aprendizagem Durante a realização de uma “aula” de matemática, duas crianças entraram em conflito pela disputa de um brinquedo. A professora, então, tomou o brinquedo das crianças sem nada dizer e voltou a realizar a atividade. Questionada sobre qual era a sua intenção ao tomar o brinquedo das crianças, ela disse: “Já que eles estavam brigando pelo mesmo brinquedo então eu achei melhor que não ficasse nem pra um, nem pra outro Quando eu estou fazendo uma atividade com as crianças, eu quero terminar. Eu sou terrível com isso. Eu quero terminar o que eu estou fazendo, senão eu não vou conseguir dar atenção para outra coisa, entendeu? Porque eu quero primeiro terminar a minha aula. Se não for assim, como eles vão aprender?”. VAMOS PENSAR! Volte ao conceito de ensino. A tradição escolar vivida no Ensino Fundamental definia o ensino como transmissão do professor para o aluno, e não como um processo interativo em que o aluno tem parte ativa. A nova definição de ensino que aparece no texto modifica a relação das crianças com o professor e com os coleguinhas na Educação Infantil? Como isso se faz? 4 A relação da instituição de Educação Infantil com as famílias Durante uma formação que abordava o tema “Relacionamento da instituição de Educação Infantil com as famílias das crianças” uma das professoras presentes admitiu que nas instituições públicas muitas vezes elas preferem que a família não esteja presente. Justificou sua afirmação dizendo: “Ah, o nível do nosso público [famílias] é muito inferior! Muitas mães só vão na creche para ficar criticando a professora, falando alto, reclamando de tudo. Algumas até xingam as professoras! Elas não querem ser parceiras, elas querem é se intrometer e dizer o que a professora deve fazer. As professoras já ficam é com medo porque algumas mães são muito ‘baixas’, falta de educação mesmo... Assim não dá!” VAMOS PENSAR! Que possibilidades e dificuldades de estabelecer uma boa relação com as famílias das crianças você aponta? Que experiência de participação da família na instituição você conhece? Na instituição em que você trabalha, quais são as maiores oportunidades de estabelecer uma boa relação com as famílias? E as maiores dificuldades, quais são? O que você tem feito para superá-las? 5 A construção da proposta pedagógica da instituição de Educação Infantil Questionada sobre o currículo na Educação Infantil, a professora responde: “A gente não tem que escolarizar a creche, foi esse o termo usado pela minha formadora, a gente não pode escolarizar a creche. Então foi tirada muita coisa que a gente colocava, que a gente estava cobrando das crianças e foi necessário tirar porque quando eles chegassem na escola [pré-escola] eles já iam estar bem cansados, já tinham visto tudo aquilo e não ia despertar nenhum interesse. Antes a gente trabalhava mais o nome, a gente trabalhava mais letra, sabe, assim do nome, o nome dos colegas... e agora a gente deixa as crianças bem à vontade. VAMOS PENSAR! No texto, a ideia de currículo é associada às várias experiências cotidianas das crianças na instituição. Essa ideia é muito diferente de pensar o currículo como conjunto de matérias ou disciplinas (como no modelo tradicional de escola). Assim: que experiências cotidianas compõem hoje o currículo das crianças com as quais você trabalha? o que as crianças aprendem nessas experiências? que objetivos deveriam ser incluídos na proposta pedagógica da instituição de Educação Infantil em que você trabalha?