Qual o Espaço da Avaliação Institucional na Instituição de Ensino Superior?
Faculdade de Rondônia (FARO)
Eixo IIII – Impacto da CPA
Telma Ferreira (Faculdade de Rondônia)
Edneuza Gonçalves Silva (Faculdade de Rondônia)
Sâmia de Oliveira Brito (Faculdade de Rondônia)
RESUMO: Compreender qual o espaço da avaliação institucional nas instituições de ensino
superior permeia pelo entendimento do espaço enquanto vivências, experiências e significado
atribuído a este em cada espacialidade que a instituição destina, para interagir e evidenciar as
ações voltadas ao processo ensino aprendizagem. Este último, desenvolvido através da atuação
gestora nas instituições de ensino superior. A pesquisa consiste de um estudo pautado nas
experiências vivenciadas pelas professoras que atuam como membros de Comissão Própria de
Avaliação – CPA e respectivamente presidentes, ainda do gestor da instituição pesquisada e
localizada na cidade de Porto Velho no Estado de Rondônia na Região Norte do Brasil.
Utilizamos a técnica de diário de campo, análise de relatórios e aplicação de entrevista sobre o
ponto de vista do Gestor da Faculdade de Rondônia - FARO, o qual implantou a CPA em sua
gestão e vem acompanhando o desenvolvimento da mesma até os dias atuais. A forma de
pesquisa é: Qualitativa e participativa. Apresenta-se no método hermenêutico de abordagem
fenomenológica. O objetivo geral consiste em apresentar um estudo sobre o espaço vivenciado
por gestores e pesquisadores de uma instituição de ensino superior, visando um melhor
entendimento do significado atribuído à avaliação enquanto espacialidade existente dentro da
IES. Os resultados apontam para uma reflexão acerca do processo avaliativo institucional sobre
a cultura histórica construída ao longo de sua prática no Brasil e neste caso em Rondônia, a qual
tende a refletir na atitude do avaliador versus avaliado.
Palavras-chave: Espaço; Avaliação Institucional; Ensino Superior.
INTRODUÇÃO
Compartilhar o processo avaliativo junto aos autores que fazem parte do
mesmo, tais como: Acadêmicos, técnicos, pessoal administrativo, sociedade civil, corpo
docente e gestor, compreende um dos desafios ainda presente nas instituições de ensino
superior. Entender a abrangência da avaliação para a progressão e sucesso no campo
educacional, necessita essencialmente, envolver-se no processo como parte integrante
em toda a sua base, a saber, na tomada de decisões necessárias ao crescimento
educacional da instituição de estudo superior.
O maior desafio, ainda, das instituições de ensino superior em nossa atualidade,
consiste em deixar-se envolver em todos os segmentos que compreendem a atuação
gestora, esteja este dentro ou fora dos muros da Instituição de Ensino Superior (IES),
corresponderão em fatores que servirão para as decisões nas intervenções necessárias
mediadas pela atuação do gestor educacional. Neste contexto, a avaliação compreendida
em todas as espacialidades enquanto norteadora nas decisões, apresenta-se como mola
propulsora de continuidade e transparência nas ações desenvolvidas na instituição de
ensino superior, onde seu entendimento compreende em uma reflexão sobre o
verdadeiro significado da avaliação institucional.
Se pensarmos na avaliação, como um peso, medida, valor, aprovação ou
reprovação, possivelmente continuaremos a mercê do entendimento de muitos que ainda
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pensam na avaliação como uma representação geométrica onde um sistema “ SINAES”
se sobrepõe a um outro sistema “IES” e nesta batalha perderá o mais fraco. Porém, se
entender que a avaliação é o alvo central que norteia todas as decisões da IES enquanto
metas, estratégias e transparências, o espaço vivenciado nesta, certamente será o de
melhoria e qualidade do processo ensino aprendizagem.
Partindo desse entendimento, a questão seria: Qual o espaço da avaliação
institucional nas instituições de ensino superior? Propõe uma reflexão sobre o
verdadeiro espaço vivenciado e entendido. Vale ressaltar que este espaço não é
preenchido por imposições e sim por envolvimento no processo, abraçado como parte
gestora, onde o progresso, a transparência e a continuidade de todas as ações
desenvolvidas dentro e fora dos muros das faculdades serão compartilhadas e decididas
coletivamente. Sejam as IES, públicas ou particulares, todas necessitam entender que a
avaliação institucional é o processo que diagnóstica as situações enfraquecidas no seio
institucional e apontam o direcionamento e intervenções necessárias em cada
espacialidade onde necessite de mudanças para novos investimentos.
A pesquisa está respaldada no método hermenêutico de abordagem
fenomenológica, o qual sua veracidade é compreender não pelo quantitativo de
informações sobre os fatos observados, mas pela profundidade e relevância atribuída a
cada fato retratado enquanto objeto de estudo do pesquisador.
Pretendemos apresentar ainda, as experiências vivenciadas pelas autoras
enquanto membros de Comissão Própria de Avaliação – CPA e respectivamente
presidentes, em uma Faculdade particular localizada na cidade de Porto Velho no
Estado de Rondônia na Região Norte do Brasil. Relataremos a experiência na educação
superior sobre o ponto de vista de um Gestor da IES/RO, onde implantou a CPA em
sua gestão e vem acompanhando o desenvolvimento da mesma até os dias atuais. Suas
vivências e experiências nortearão os argumentos nesta pesquisa dando fundamentação
à pesquisa científica.
O objetivo geral da pesquisa consiste em apresentar um estudo sobre o espaço
vivenciado por gestores e pesquisadores de uma instituição de ensino superior, visando
um melhor entendimento do significado atribuído às espacialidades existentes em IES.
Quanto aos objetivos específicos, a pesquisa busca refletir a atuação da CPA em
instituições de ensino particular e ainda procura apresentar dados adquiridos através de
entrevistas e registros de experiências vivenciadas com membros de CPA.
1 CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA: Um encontro com a
realidade pesquisada
A pesquisa foi desenvolvida em uma Faculdade particular, situada em um
perímetro urbano do Município de Porto Velho Capital do Estado de Rondônia na
Região Norte do Brasil. A mesma desenvolve 07 (sete) cursos:Administração, Ciências
Contábeis, Pedagogia, Engenharia Civil, Engenharia Florestal, Enfermagem e Direito,
onde no primeiro semestre de 2013 contava com 3000 ( três mil) alunos matriculados
em horário matutino, vespertino e noturno. Conta ainda, com cursos de especialização e
projetos de extensão, o que consolida seu status de Instituição de Ensino Superior, sem
fins lucrativos, por meio do ensino, pesquisa e extensão.
A Faculdade de Rondônia – FARO,mantida pelo Instituto João Neórico - IJN
é uma Faculdade privada que atua desde 1988 no Estado de Rondônia, com reconhecida
contribuição no desenvolvimento do estado, por ser a primeira Faculdade instalada na
capital Porto Velho, além de efetivo trabalho no âmbito da formação superior vinculada
ao Ministério de Educação.
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A escolha dessa faculdade para desenvolver a pesquisa utilizou-se dos
seguintes critérios:primeiro porque é o local onde as pesquisadoras são membros da
CPA – Comissão Própria de Avaliação, o que despertou o interesse em estudar os
espaços vividos na avaliação interna institucional, segundo porque neste tipo de
pesquisa, participativa, o pesquisador precisa estar inserido na realidade pesquisada para
que suas vivências, registros e observações tragam à pesquisa resultados fidedignos e
eficazes, o terceiro critério de escolha condiz ao fato desta IES ser a primeira Faculdade
particular do Município de Porto Velho, a qual construiu sua história como a primeira
Faculdade a implantar o Curso de Direito no Estado de Rondônia.
A pesquisa foi desenvolvida no primeiro semestre do ano de 2013 onde
buscamos nos registros da CPA os resultados para apresentar neste estudo, ainda
realizamos uma entrevista com o Gestor que tem mais de 20 (vinte) anos de magistério
no ensino superior e tem acompanhado todo processo de avaliação na educação
superior.
As etapas de desenvolvimento da pesquisa,primeiro realizamos um estudo em
todos os relatórios elaborados pela CPA desde 2009, onde buscamos a história da CPA
em seu contexto local, de criação, trabalho e atuação dentro da instituição pesquisada,
esta etapa foi realizada nos meses de maio e junho de 2013.
Após os estudos na CPA, buscamos literaturas e autores a que viesse
fundamentar a pesquisa. Paralelamente ao estudo bibliográfico realizamos os registros
em diário de campo de todas as atuações dos segmentos da instituição a saber, corpo
administrativo, discentes e docentes onde procuramos entender o porque de muitos
avaliadores buscarem na avaliação aliviar suas frustrações atribuindo ao avaliado todos
os tipos de culpa por algum fator não bem sucedido em sua trajetória de aprendizagem
na instituição que encontra-se inserido. Nesta etapa realizamos reuniões com lideranças
de 100% das representações de sala onde através de debates buscamos saber o
significado da avaliação, esta etapa compreendeu os meses de julho e agosto de 2013 .
Ainda no mês de agosto, realizamos uma entrevista com oDiretor Executivo
da instituição, sobre sua reflexão e atuação na gestão participativa onde buscamos
analisar sua atuação, vivência, articuladas ao processo avaliativo na instituição de
ensino superior.
A pesquisa apresenta-se em um método hermenêutico de abordagem
fenomenológica, onde utilizamos da técnica de registro, em diário de campo e entrevista
e análise de relatório para referendar o estudo apresentado.Nesta perspectiva
fenomenológica utilizamos Bollnow que classifica como fenomenologia, “a
interpretação das figuras poéticas ocupa amplo espaço, pois os poetas e pintores (...) são
fenomenológicos natos” (BOLLNOW, 2008, p.18).Entender este espaço perpassa
primeiramente no interior de cada um, nisso tanto o pesquisador quanto o pesquisado
possui um mapa interiormente construído que se torna uma ferramenta utilizada para
propor uma leitura da vivência humana, por isso para o pesquisador que estuda estas
questões humanas é possível definir as formas de sustentação da base do cotidiano, da
base central e do entorno tal como explica Bollnow (2008). Neste caso tivemos
necessidade de conhecer as espacialidades internas, se não como identificaríamos os
pontos de parada para estruturar este estudo.
1.2 ASPECTOS CONCEITUAIS DE ESPAÇO E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL.
Para embasamento contamos com o referencial teórico das obras dos autores
que conceituam espaço enquanto vivido e entendido nas relações sociais que se
constituem neste espaço. Geógrafos, antropólogos, sociólogos e psicanalistas, abordam
não haver pensamento sem espaço, por esse motivo buscamos auxílio nos teóricos
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Armand frémont (2003); Otto Friedrich Bollnow, (2011); Yi Fu Tuan (1980) e Paul
Claval (2001), já que estes autores possuem em comum o ponto da categoria essencial
do espaço para a existência humana, para eles, o lugar é moldado pelo homem para lhe
proporcionar segurança, sendo esta última construída a partir da cultura, história de vida
e hábitos transmitidos de uma pessoa para outra.
Ao escrevermos a respeito de avaliação,trazemos para nossa fundamentação os
pensadores César Coll ( 2004) Cipriano Carlos Luckesi ( 2011) Antônio Zabala ( 2010)
além de outros autores da educação que nos direcionaram para um entendimento sobre
o processo de avaliação dando-nos subsídios para reflexão sobre a autoavaliação
institucional. Seus posicionamentos corresponderam nossas expectativas conceituais e
organizacionais, ao observarmos que a avaliação interna institucional, permeia pela
cultura de relação construída na sociedade. Ainda buscamos as diretrizes do MEC que
norteia a avaliação no ensino superior do Brasil, para nos fundamentarmos quanto ao
aspecto histórico e legal da avaliação institucional na educação superior.
O que nos respalda, para discutirmos avaliação, é saber que as reflexões no
ensino superior devem ser cada vez mais dinâmicas, assim nos propomos irmos ao
encontro da ação social do homem, que tece suas redes de convívio e para entendermos
cada vez mais a complexidade referente a Cultura que se constrói nos espaços
explorados, buscamos Paul Claval (2001), que ao escrever sobre geografia cultural,
enfatiza a cultura onde se dá na relação sensível e visível com a superfície da terra, ele
também entende que a cultura só existe através dos indivíduos que a utilizam e
transmitem, transformando-a e difundindo-a, pois:
Sem ela, eles estariam desamparados: o instinto não é suficiente para
guiá-los. Faz-se necessário dispor de armas para a proteção e para a
caça, de utensílios para produzir, habitar e se vestir. A linguagem
permite que os homens se comuniquem. Suas relações só se
desenvolvem a contento quando inseridas em contextos admitidos por
todos (CLAVAL, 2001: p. 89).
E, com a certeza de que não há nem mesmo conscientização sem o espaço, e
que as materializações de nossas atitudes dão-se no âmbito próximo, no lugar,
compreendemos TUAN, Yi-Fu(1980: p.114), quando afirma “A percepção é uma
atividade,um estender-se para o mundo. Os órgãos dos sentidos são poucos eficazes
quando não são ativamente usados“ para ele o sentido e as atribuições do espaço,
coloca-o como categoria básica para existência humana.
As organizações em cada espaço vão sendo construídas em comum acordo a
partir das relações existentes. E se nesta relação o clima for de imposição, o poder, onde
uma das partes se sobrepõe a outra,por sua vez a submeter-se ao processo ou situação
imposta, acaba por delegar uma autoridade que em detrimento da outra, passa a ser
considerado por Bourdieu (1989), como o poder simbólico, que acaba por ser o
principal construtor da realidade, por isso:
O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a
estabelecer uma ordem gnosiológica: o sentido imediato do mundo (e,
em particular, do mundo social). Os símbolos são os instrumentos de
conhecimento e de comunicação social: enquanto instrumentos de
conhecimento e de comunicação eles tornam possível o consensus
acerca do sentido do mundo social que contribui fundamentalmente
para a reprodução da ordem social: a integração lógica é a condição da
integração moral. A relação originária com o mundo social a que
estamos acostumados, quer dizer, para o qual e pelo qual somos feitos,
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é uma relação de posse que implica a posse do possuidor por aquilo
que ele possui. o campo político exerce de fato um efeito de censura
ao limitar o universo do discurso político e, por este modo, o universo
daquilo que é pensável politicamente, ao espaço finito dos discursos
susceptíveis de serem produzidos ou reproduzidos nos limites. Os
conflitos de competência que os podem, opor a proximidade dos
interesses e, sobretudo, a afinidade dos habitus ligada a formações
familiares e escolares(BOURDIEU,1989: p.9, 10).
O poder simbólico no espaço vivido se materializa a partir das ações
constituídas neste espaço, assim espaço existente passa a ser compreendido na vida
constituída neste, representada através das relações, culturas e costumes das pessoas que
habitem. Neste argumento Fremont, (2003), trata sobre uma pesquisa das representações
do espaço da criança, afirma: “desta rica produção dois ensinamentos maiores podem
ser tirados: as etapas de formação do espaço vivido, a riqueza e a complexidade das suas
representações” (FREMONT,2003, p. 25). Assim, o espaço carregado de complexidade,
aqui é entendido como as construções sociais sobre avaliação existente nos espaços
internos das instituições de ensino superior.
A discussão sobre avaliação tratada neste artigo é distintiva, é a tentativa de
retermos as especificidades das circunstâncias espaciais, históricas e sociais,
particulares sob a rubrica do local da pesquisa, configurado na cultura sobre avaliação
ainda existente na sociedade brasileira. A cultura que foi construída ao longo da história
da avaliação, pautou-se em significados de seleção, fiscalização, supervisão deixando o
principal objetivo da avaliação para segundo plano. Nessa direção chegamos ao século
XXI com uma carga de conceitos e pré conceitos de avaliar, intrínseco na sociedade
acadêmica, onde essa sociedade utiliza a autoavaliação institucional para aprovar ou
reprovar ao seu bem querer. Esse processo torna-se um dos desafios das CPAs em
construírem uma nova cultura institucional nas faculdades e universidades brasileiras.
A identidade de uma IES é construída a partir do coletivo avaliador participante
e para o antropólogo Laburthe (1997), a identidade é um princípio de coesão
interiorizada por uma pessoa ou grupo, ela consiste num conjunto de características
partilhadas pelos membros do grupo, que permitem um processo de identificação das
pessoas em seu interior a diferenciação em relação aos outros grupos.
Desse modo, podemos averiguar quem são as personagens que acabam
constituindo sem perceber o processo avaliativo institucional, para Zabala (2010),
Se prestarmos atenção, podemos nos familiarizar com o processo que
foi seguido e os resultados obtidos em relação aos diferentes objetos e
sujeitos da avaliação. Por um lado, dispomos de um acúmulo de dados
e, por outro de uma série de passos ou instâncias que necessitam ou
querem conhecer estes dados ( ZABALA, 2010, p. 210).
Para o autor a relação entre o avaliador, objeto avaliado e os mecanismos de
avaliação, vai depender das construções existentes no processo, assim cada sociedade
forma e dispõe dos conceitos de acordo com seu conhecimento, que lhe foi transmitido
e arraigado historicamente para agir e interagir dentro do meio, o resultado do processo
dependerá das relações construídas nessa sociedade.
1.3 O ESPAÇO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
A avaliação deve ter alguns objetivos, tais como: informar os atores envolvidos
sobre a direção do processo de aprendizagem dos alunos; captar as necessidades e falhas
5
do processo, se comprometer com a busca da superação; possibilitar aos professores
técnicos, gestores, alunos e toda sociedade civil, refletirem conjuntamente sobre a
realidade, selecionar as formas apropriadas de dar continuidade ao processo, tomada de
decisão, uma mudança de atitude. Para tanto, é necessária a definição clara dos critérios
a serem avaliados com todos os envolvidos.
A aprendizagem do processo de avaliação deve iniciar em sala de aula para
poder chegar à avaliação institucional. Quando este processo avalia a aprendizagem de
formação de valores com o mesmo interesse que os conteúdos conceituais é uma
decisão que só se pode assumir realmente se aceitar que a educação integral não é só
ensinar conhecimentos, mas também atitudes de investigar, de debater, de respeitar
posições divergentes, de organizar-se, de tomar decisões coletivamente; capacidade de
estabelecer relações, de administrar seu tempo e seu espaço, de criticar e interferir na
realidade de forma reflexiva e criativa, de adotar estratégias de resolução de problemas.
Assim concebida, a avaliação se torna coerente com a concepção de educação possível
de conceituar a autoavaliação como forma cultural coletiva onde todos os atores
envolvidos dão sua contribuição para a melhoria da qualidade educativa no ensino
superior.
Entender este espaço enquanto possibilidades de diagnóstico das fragilidades e
conhecimento das potencialidades existentes na instituição avaliada é o que se torna em
um processo gestor participativo, transparente e fortalecido. Neste aspecto, a avaliação
deve estar a serviço de algum objetivo, não tem sentido por si mesma. Se o objetivo é a
formação integral do aluno, há de se avaliar essa integridade. Não basta avaliar só os
conhecimentos; a avaliação não pode ocorrer em um só momento do processo, no início
(diagnóstica), no final (somativa), mas ao longo de todo o processo (formativa).
1.3.1Avaliador X Avaliado: Qual o seu Espaço?
O conceito de avaliação ganha praticidade a partir dos anos 90 quando a Lei de
Diretrizes e Base da Educação Nacional LDB 9394, prioriza o ensino aprendizagem
organizado coletivamente. Neste processo a ação gestora busca viabilizar mecanismos
que venha diagnosticar o fracasso educacional para então intervir no processo ensino
aprendizagem. Embora sua abrangência consista em um entendimento macro do
conceito avaliativo onde Dalbem (1997) afirma:
(...) foram feitas duas abordagens da avaliação escolar, no qual vêm
se falando com muita frequência nesta década: uma que define o
sucesso ou fracasso do aluno no processo ensino-aprendizagem e
outra que considera a avaliação que incide sobre todo o processo de
ensino, (DALBEM, 1997, pág. 83)
Buscaremos refletir nesta pesquisa, um espaço vivido e entendido através de
sua objetividade, a praticidade exercida na avaliação enquanto atuação gestora do
desempenho educacional brasileiro.
A prática e estudo relacionados ao processo de avaliação têm apontado
contradições na interação com o mundo social, no que acontece de fora para dentro, isto
é, o avaliador é o agente que exerce sua ação sobre o avaliado, segundo uma concepção
de avaliação ancorada em um modelo de educação reprodutora da sociedade. Modelo
ainda praticado no Brasil e que vem tornando o agente avaliador um sujeito opositor da
educação formadora e transformadora da sociedade contemporânea. Enquanto o
avaliador ( acadêmico) despeja todas suas frustrações no avaliado ( IES) o processo
avaliativo não contempla sua verdadeira objetividade, a saber a autoavaliação
institucional.
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O problema está na maneira como vem sendo construída a cultura avaliativa
nas instituições de ensino superior brasileira, D´Ambrósio (1999) afirma, que“A
aprendizagem é a aquisição de capacidades de explicar, de aprender e compreender, de
enfrentar criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas, habilidades
e muito menos de memorização de algumas explicações” D’Ambrósio (1999, pág.43).
Percebemos então que o grande erro de nossas instituições tem sido de avaliar
habilidades e competências fora do contexto cultural, desconhecendo que a capacidade é
própria de cada realidade. César Coll ( 2007) afirma: “ Em um sentido mais amplo e
genérico, avaliar consiste fundamentalmente em emitir um juízo de valor sobre as
conseqüências de uma ação projetada ou realizada sobre uma parcela da realidade “(
COLL, 2007 ,p.271). Assim cada indivíduo organiza seu processo intelectual ao longo
de sua trajetória de vida. Para compatibilizar as organizações intelectuais dos indivíduos
com o objetivo de criar comportamentos socialmente aceitáveis, é necessário eliminar a
autenticidade e a individualidade de cada um no processo, deste modo ainda Coll
continua: “A finalidade principal da avaliação neste caso, deve proporcionar
informação útil e relevante para melhorar a eficácia da ação educacional”, Coll ( 2007,
p.373).
O grande desafio da educação é o de ser capaz de interpretar as capacidades e a
coletividade em cada ação na forma linear, estável e contínua que caracterizam as
práticas educacionais atuais, este fator, requer do indivíduo que seja integral e
integrado, ao processo gestor educacional, nesta ótica, suas práticas organizativas não
são desvinculadas do contexto histórico no qual o processo se dá, esse em permanente
evolução.
Neste processo, o produtor da cultura torna-se fator fundamental para a
estruturação dos vínculos, sentidos e significados da autoavaliação, sendo esta praticada
de forma crítica e consciente, então o processo de avaliação institucional terá sua
eficiência e eficácia no ensino aprendizagem. Para Antônio Zabala (2010)“ os critérios
e as formas exercidas pelos processos avaliadores devem ser, pelo que estamos vendo,
eminentemente qualitativos“, (2010, p.214). Se por um lado o acadêmico é avaliado sob
medida, por outro, queremos ser avaliado por diagnóstico, esse paradoxo, é um
agravante no processo avaliativo, já que a eficácia do mesmo dependerá de ambas as
partes e a cultura construída sobre este fator, determinará o resultado final.
A estrutura rígida da organização pedagógica e gestora nas instituições de
ensino superior dificultam as atuações gestora eficazes, uma vez que insiste na
organização, determinada por tempos bem definidos e subdivididos em segmentos
muitas vezes não entendidos por quem a organiza. Nesta ótica, o processo avaliativo
não está a serviço do processo ensino-aprendizagem, mas de um fator externo
proveniente das relações existentes na comunidade local da sociedade. Para a eficácia,
neste caso, a avaliação deverá se apoiar na necessidade de estabelecer vínculos
significativos entre as experiências de vida dos avaliadores, os conteúdos oferecidos
pela instituição e as exigências da sociedade, estabelecendo relações necessárias para
compreensão da realidade social em que vive e para mobilização em direção a novas
aprendizagens com sentido concreto.
Ao afirmar que a avaliação é um fator pedagógico, reconhece-se que ela está
ligada a todo um processo que se desenvolve continuamente e não pode ser feita com
instrumento externo dado ao avaliador na hora de avaliar, tais instrumentos, deverão ser
construídos coletivamente, para assim serem entendidos por todos os segmentos do
processo. Segundo Coll “O grau de clareza com que aparecem definidos os critérios e os
indicadores cujo contraste permite formular um juízo de valor e precisão e a
confiabilidade dos procedimentos e dos instrumentos utilizados”, Coll, 2007.p.371).
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Para Zabala (2010), a primeira pergunta no ato de avaliar deve ser: “Com que
objetivo vamos avaliar? Para formar pessoas ou futuros universitários? Para classificar e
excluir aluno ou para ajudá-los a aprender? Para humilhá-los com suas dificuldades ou
incentivá-los com suas conquistas?” É importante frisar que não existe resposta certa ou
errada. Ela permeia no processo pedagógico de cada instituição.
Desta forma, a avaliação institucional ganha destaque dentro de um padrão que
tem como objetivo promover o envolvimento de todos os seguimentos do processo,
mediando movimentos, reflexão e atuações coletivas numa ação educativa provocativa
onde o ponto de partida seja a gestão participativa educacional. A interligação dos
mesmos ajudará a construir uma visão gestáltica, possibilitando uma abordagem global,
de todo esse processo. Assim, toda a absorção de certos conhecimentos pelo acadêmico
dependerá, em parte, de como essas informações lhe chegarão e quais importâncias
terão em seu cotidiano diário.
1.4 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: TRAJETÓRIA HISTÓRICA,
POLÍTICA E CULTURAL.
A primeira tentativa de implantação de um sistema nacional de avaliação
institucional da educação superior no País aconteceu na década de 90 quando foi
instituído o Programa de Avaliação das Universidades Brasileiras (PAIUB). Tinha
como enfoque o ensino de graduação, pós-graduação e de extensão.
A aprovação da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, incorporou inovações
como, a explicitação dos variados tipos de IES admitidos; fixou a obrigatoriedade do
recredenciamento das instituições de ensino superior, precedida de avaliações, além de
estabelecer a necessidade de renovação periódica para o reconhecimento dos cursos
superiores.
Foi neste contexto que se criou o Exame Nacional dos Cursos (ENC), o
conhecido Provão. Muitas críticas e resistências foram atribuídas a este processo
avaliativo, principalmente pelo movimento estudantil, pois como cita (BARREYRO,
2004):
O Provão conceitualmente consistia em uma avaliação do produto das
Instituições de Educação Superior e funcionaria como referencial para
dupla regulação: estatal e de mercado. Na visão do Ministério, as
Instituições com péssimos resultados seriam fechadas ou pelo estado
ou pela “mão invisível do mercado” (BARREYRO, 2004).
Em busca de uma Educação Superior como benefício público, em 2004, o
Programa de Avaliação das Universidades Brasileiras (PAIUB), foi implementado e o
Exame Nacional dos Cursos (ENC), foi substituído peloSistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (SINAES), que foi instituído pela Lei 10.861, de 14 de abril de
2004, com o objetivo de assegurar processo nacional de avaliação das instituições de
educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus
estudantes.
De acordo com o Art.3º, a avaliação das instituições de educação superior tem
por objetivo identificar o seu perfil e o significado de sua atuação, por meio de suas
atividades, cursos, programas, projetos e setores, considerando as diferentes dimensões
institucionais, sendo prioritariamente as dez dimensões estabelecidas legalmente. A
avaliação dos cursos de acordo com o Art.4º tem por objetivo identificar as condições
de ensino oferecidas aos estudantes, em especial as relativas ao perfil do corpo docente,
às instalações físicas e à organização didático-pedagógica. Quanto ao desempenho dos
estudantes, a lei determinou em seu Art.5º parágrafo 1º, que o ENADE aferirá o
desempenho com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes
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curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajustamento às
exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para
compreender temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão, ligados à realidade
brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento.
Como é possível perceber os processos avaliativos são concebidos como
subsídios fundamentais na formulação de diretrizes para as políticas públicas de
Educação Superior e também, para a gestão das Instituições, visando à melhoria da
qualidade da formação, da produção de conhecimento e da extensão, de acordo com as
definições normativas de cada instituição. Pensando desta forma o Ministério da
Educação nos termos do artigo 11 da Lei nº 10.861/2004, instituiu que as IES devem ter
sua própria comissão de avaliação. Assim, os processos avaliativos internos são
realizados através da Comissão Própria de Avaliação – CPA e os processos avaliativos
externos são realizados através da Comissão do Ministério da Educação -MEC.
Com a implantação do SINAES foi criado um novo órgão, a Comissão
Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES), instituído também pela Lei nº
10.861/2004, em seu Art. 6º, cujas funções são de coordenação e supervisão do
SINAES. Na definição de suas competências, tem-se que uma das suas atribuições é
“propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação institucional,
de cursos e de desempenho dos estudantes” (art.6º inc1).
A CONAES, como órgão de Estado, tem uma responsabilidade
histórica irrenunciável na coordenação e supervisão do SINAES. Com
sua consolidação e continuidade, o sistema nacional de educação
superior encontrará nela um dos seus pilares mais sólidos. (
TRINDADE, p.91 2007).
Em um primeiro momento a CONAES, baseada nos padrões de qualidade
determinados em lei, assumiu a responsabilidade de desenvolver os indicadores de
qualidade em três documentos que apresentam pressupostos distintos, são eles:
Diretrizes para a avaliação das Instituições de Educação Superior e o Roteiro para a
Avaliação Interna e Avaliação Externa de Instituições de Educação Superior:
2 APRESENTAÇÃO
RESULTADOS
DA
PESQUISA,
ANÁLISE
E
DISCUSSÃO
DOS
A Faculdade de Rondônia -FARO, é conhecida por desenvolver em seu
processo educativo estudos culturais, que possibilitam o desenvolvimento do cidadão
empreendendo as condições que contribuem com a evolução econômica e social e,
conseguintemente, com a melhoria da qualidade de vida das pessoas nela inseridas.
Assim, o processo de avaliação institucional da FARO, desde sua concepção,
evidencia, além do compromisso social, o reconhecimento, por parte de seus dirigentes,
da avaliação como meio de planejamento e re-planejamento que viabiliza a continuação
das ações de aprimoramento das funções administrativas e acadêmicas.
. Diante da proposta de um sistema integrado e inovador, no ano de 2006 a
FARO constituiu sua primeira Comissão Própria de Avaliação – CPA. A partir daí as
comissões consecutivas vem buscando obter a representatividade da comunidade
acadêmico sendo seu propósito final gerar conhecimento coletivo sobre esta, nos
aspectos acadêmicos e administrativos.
O processo de avaliação da FARO, visa a transformação e aperfeiçoamento. E
acredita que em seu processo avaliativo possui as seguintes características: Considera a
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avaliação institucional como um instrumento para melhoria da educação;sua avaliação é
usada para identificar dificuldades e sucessos; visa formular ações para a transformação
e aperfeiçoamento da escola e do sistema educacional e também sua avaliação interna é
usada para construir a qualidade e democratização institucional para causar um impacto
positivo no processo de transformação social.
A metodologia utilizada no sistema de autoavaliação da FARO, busca detectar
variáveis que possam interferir de forma significativa no processo de aprendizagem dos
alunos; no processo didático-pedagógico dos professores; na atuação da coordenação e
da gestão acadêmico-administrativa e quanto à infraestrutura existente na instituição.
Para a coleta de dados são utilizados como instrumentos, questionários com perguntas
abertas e fechadas e relatórios. A partir dos resultados, objetiva-se também propor
soluções de forma sistemática.
Ao final do ciclo avaliativo, que acontece de forma semestral para o corpo
docente e anual para a IES, são produzidos relatórios e encaminhados aos respectivos
responsáveis, com o objetivo de sensibilizá-los quanto às potencialidades e fragilidades
apontadas no levantamento, bem como estimulá-los a proceder com os devidos
encaminhamentos.
A divulgação dos resultados acompanha o cronograma de atividades da
CPA, tendo também como parâmetro as dimensões avaliadas.A CPA utiliza como
parâmetro, tanto para a aplicação das avaliações, quanto para a confecção dos relatórios,
os pressupostos do SINAES e os objetivos propostos pela FARO em seu Plano de
Desenvolvimento Institucional – PDI e Projeto Pedagógico Institucional – PPI, que
tratam do oferecimento do ensino superior.
2.1 DADOS ADQUIRIDOS ATRAVÉS DOS RELATÓRIOS DA CPA/FARO
Os resultados a seguir apresentados compreendem a pesquisa realizada com 79 (
setenta e nove) colaboradores do corpo técnico administrativo, de um quantitativo de
129 colaboradores; 109 (cento e nove) professores de um total de 164 ( cento e sessenta
e quatro) que compõem o quadro docente da IES FARO e ainda 1.967 ( um mil
novecentos e sessenta e sete) acadêmicos de um total de 2.856 ( dois mil oitocentos e
cinqüenta e seis) discentes regularmente matriculados no segundo semestre de 2012 na
IES FARO.
O estudo realizado nos relatórios da CPA indicaram pontos positivos em
relação às ações empreendidas pela FARO, no que se refere ao apoio e respeito à
proteção de Direitos Humanos, reconhecidos internacionalmente, relação de trabalho,
meio ambiente, valores e transparência, comunidade e atividades de integração sóciocultural e educativos.
Os indicadores desta pesquisa refletem o retorno do investimento da FARO na
divulgação e esclarecimento de sua visão e missão institucional junto à sua
comunidade.Assim, os relatórios analisados pelas pesquisadoras,apresentaram os
resultados obtidos que referendam as amostras analisadas onde enfatizam os seguintes
aspectos de potencialidades analisadas nos relatórios da CPA:
Existência das reuniões periódicas da Diretoria, do Conselho Superior,
dos Colegiados de Cursos, do Núcleo Docente Estruturante e
Subdiretoria Acadêmica; Continuidade dos trabalhos da equipe de
Governança visando à discussão de estratégias e planos Institucionais;
Reorganização na área de Gerência de Marketing, propiciando a
implementação de ações para o cumprimento dos objetivos
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organizacionais; Reorganização do setor administrativo-financeiro e
sistematização dos procedimentos envolvendo os processos
administrativos, contábeis e financeiros, propiciando agilidade e
segurança das informações, inclusive para atendimento das auditorias
internas e periódicas; Planejamento do marketing institucional para
estabelecer veiculação e circulação de informações através de vários
canais de comunicação, com a comunidade interna e externa;
Agilidade na comunicação interna, propiciando rapidez na tomada de
decisões; Flexibilidade organizacional no contato com o corpo
discente, estimulando e valorizando o relacionamento; Gestão
financeira estabilizada e confiável; O sistema administrativo e
acadêmico permitem o acompanhamento de informações gerenciais;
Participação proativa dos Conselhos Superiores e em Colegiados de
Cursos na implementação de ações, para cumprimento dos objetivos
institucionais; Registros, arquivos acadêmicos e administrativos
mantidos e disponibilizados de forma a atender às necessidades
institucionais aspecto ( RELATÓRIO INSTITUCIONAL FARO
2013).
Nos relatórios analisados, os resultados apontaram um espaço das experiências
educacionais onde pessoas demonstram conhecer, para Frémont (2011), as relações de
espaço e lugar existem na experiência e o significado de espaço é compreendido a partir
da vivência de cada pessoa, assim:
(...) o homem não é um objeto neutro no interior da região, como
muitas vezes se poderia julgar pela leitura de certos estudos. Apreende
desigualmente o espaço que o rodeia, emite juízos sobre os lugares,
retido ou atraído, conscientemente ou inconscientemente, engana-se
ou enganam-no... Do homem à região e da região do homem, as
transparências da racionalidade são perturbadas pelas inércias dos
hábitos, as pulsões da afetividade, os condicionamentos da cultura, os
fantasmas do inconsciente. O espaço vivido, em toda a sua espessura e
complexidade, aparece assim como o revelador das realidades
regionais; estas têm certamente componentes administrativos,
históricos, ecológicos, econômicos(FRÉMONT, 2011 p.15).
Ao detectarmos a necessidade da discussão do papel conferido a autoavaliação
nas instituições de ensino superior com interpretações erigidas e elaboradas a partir da
pesquisa realizada, as próprias abordagens internas feitas ao uso dos conceitos e dos
costumes impostos pela comunidade local no âmbito da IES, nos leva a refletirmos a
educação como todo processo de formação do indivíduo em sociedade, segundo a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacionali - LDB:Título I; Art. 1º. “A educação
abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Desta forma, toda
relação social pode ser entendida como processo educativo. Nos resultados apresentados
é notório a eficiência do processo avaliativo institucional na IES pesquisada, pois as
potencialidades elencadas, apontam para este entendimento.
Para uma amostragem mais fidedigna,buscamos entrevistar o Gestor ( Diretor
Executivo) da instituição pesquisada. Na entrevista realizada, foram aferidas as
seguintes perguntas:a) Somando sua experiência entre docência, gestão e outras
funções, há quantos anos o Senhor atua em Instituição de Ensino Superior? b) Qual a
diferença entre administrar uma Empresa de Educação Superior e administrar uma
11
empresa emum outro ramo de empreendimento? c) Em que o Senhor considera
importante a atuação da CPA para as decisões da Diretoria Executiva quanto aos
empreendimentos na IES? E d) Considerando o processo histórico na avaliação da
Educação Superior desde o ‘Provão’, como o Senhor analisa o aspecto evolutivo da
avaliação interna e externa na IES? Suas respostas foram:
No ensino superior, iniciei na UCDB em Campo Grande (MS) em
1990. Ao retornar para Porto Velho, lecionei na FARO, na FATEC e
na Faculdade São Lucas. Hoje estou somente na FARO, perfazendo
23 anos de magistério superior.
É muito diferente. Administrar empresa industrial, comercial ou de
serviços difere de administrar uma empresa de educação superior pela
importância social, econômica e ambiental que a educação representa.
Além disso, estamos formando cidadãos para o exercício de uma
carreira profissional, preparando-os para construir um país melhor
para as gerações futuras.
A importância da CPA é indiscutível, considerando-se que nenhum
planejamento pode ser posto em prática sem avaliação periódica para
se comparar o planejado com o que está sendo executado. Assim, a
avaliação interna feita pela CPA é de grande valia para a tomada de
decisão.
Houve, realmente, uma evolução positiva. Antes do “provão” não
havia mecanismo eficaz de avaliação das IES. Mas, por outro lado, o
ENADE, apesar da sua importância, tem se tornado um instrumento
de grande preocupação nas IES, tendo as mesmas que sacrificarem
seus procedimentos metodológicos de avaliação em prol da adaptação
à prova do ENADE. É evidente que se trata de processo evolutivo o
qual poderá ser aperfeiçoado ao longo do tempo. ( ENTREVISTA
COM O PROFESSOR SEBASTIÃO GETÚLIO DE BRITO,
DIRETOR EXECUTIVO DA FACULDADE DE RONDÔNIA –
FARO, 2013)
Fazendo uma análise sobre a fala do gestor e os resultados dos relatórios,
observamos uma instituição em crescente investimento, porém a preocupação com a
eficácia dos resultados da avaliação, demonstram um fator preocupante quanto aos
espaços vividos no âmbito institucional. As avaliações externas fortalecem a força
acadêmica em utilizar-se da mesma para atribuir julgamento e sentença, que ao tirarem
conceito baixo no ENADE, logo tem seus objetivos alcançados, a penalidade que o
acadêmico almeja na IES, ele consegue contretizar quando o MEC pune essa IES com
base nos resultados do ENADE. Neste caso Luckesi ( 2011) afirma:
Finalmente, vivemos a vida econômica e profissional dentro dessa
sociedade na qual vivemos. Não há como compreender e desempenhar
razoavelmente uma atividade produtiva sem um mínimo de
compreensão dos complexos processos de produção dentro dos quais
vivemos. Sem esse nível de entendimento, não há nem mesmo como
exirgir os próprios direitos, pois nem ele, nem mesmo esses direitos
chegam a formular-se ao nível da consciência das pessoas, (
LUCKESI, 2011, p.96)
.
12
Nas avaliações externas da IES, é necessário rupturas de mudanças no sistema,
caso contrátio, as IES continuarão a mercê da vingança, do julgamento acadêmico e o
verdadeiro objetivo da avaliação, perde espaço para a frustação de acadêmicos
insatisfeitos com suas médias ou rendimento acadêmico.
Verificamos uma preocupação do gestor quanto à avaliação externa, o mesmo
demonstra entendimento do processo, porém expressa sua preocupação com a
metodologia utilizada. Nesse aspecto, entendemos que o aceitar do esforço realizado
carrega simbolismo de preocupação em detrimento da realidade existente na IES e
evidenciada no relatório analisado. Se essa preocupação com a forma de avaliar do
ENADE é aceita sem condições para intervenção, a mesma é obrigatória, entendemos
uma imposição necessária de mudanças culturais, esta mudança perpassa pelo
entendimento de construção da avaliação como diagnóstico de intervenção e não
medida de maior ou menor no processo avaliativo, nestas práticas (TUAN, 1980) traz
conceito do espaço estudado.
“frente” e “trás” não tem o mesmo valor social. Em certas
culturas, é impróprio voltar às costas para outra pessoa,
especialmente se ela tem dignidade superior. As reuniões
de
pessoas
são
frequentemente
organizadas
hierarquicamente. Uma característica comum é que as
personagens importantes sentem-se na frente, enquanto as
anônimas são passadas para trás (TUAN, 1980, p.31).
Logo podemos ver que este atrás, é presente no aceitar da ação pelo sujeito
praticante, entendendo o pensamento, é possível verificar o grau de desvantagem da IES
construído nas espacialidades que são formadas no interior das salas de aula, locais de
estudo do acadêmico e outros. Ainda buscamos na pesquisa o entendimento acadêmico
sobre o processo de avaliar. Os resultados apresentados confirmam os estudos
realizados.:
Gráfico 01: Sentimentos ao ser avaliado
Quais são seus sentimentos em fazer uma
prova?
4%
medo de reprovar
26%
48%
ansioso
feliz
22%
outros
Porto Velho.CPA, 2013
Na amostra apresentada, a maneira como a avaliação acontece, causa medo do
avaliador, ainda é visível na amostragem, um entendimento sobre avaliação de medida e
imposição. Ora, se nossa avaliação causa medo em nosso aluno, é possível que em
13
alguns dos avaliados esse medo torne-se arma para combater o inimigo, neste caso
invocamos novamente Luckesi ( 2011) quando afirma:
Ora, como na imensa maioria de nossas localidades geográficas e
sociais, as condições de atividades educacionais são desprivilegiadas,
o espaço aberto pela lei, que deveria ser a exceção, tornou-se a regra.
A realidade educacional do país revela bem isso” ( LUCKESI, 2011,
p. 98).
Refletirmos nestas análises, que, acadêmicos, docentes, gestores, corpo técnico
cada um destes, são constituídos de um conjunto de relações internas, mais numerosas e
mais complexas, pessoais e impessoais, já que realizam ao seu modo um tipo de
organização que existe fora dela e que tende a ultrapassá-la. A transformação do grupo
corresponde a um remanejamento profundo de seu pensamento. É como um novo ponto
de partida. O espaço produzido faz parte das modificações e transformações sociais
realizadas pelos humanos, por isso Soja (1993) afirma que,
[…] o espaço em si pode ser primordialmente dado, mas a organização
e o sentido do espaço são produtos da translação, da transformação e
da experiência social.[…] O espaço socialmente produzido é uma
estrutura criada, comparável a outras construções sociais resultantes
da transformação de determinadas condições inerentes ao estar vivo
(SOJA, 1993: p. 101-102).
O espaço não se reduz, para nós as relações geométricas , que determinamos
como se nós mesmos limitados ao simples papel de curiosos observadores científicos ,
nos encontremos externos a ele. “Vivemos e agimos no espaço, e no espaço se dá tanto
nossa vida pessoal como a vida coletiva da humanidade” ( BOLLNOW, 2008, p.17).
Ainda concordando com o autor (TUAN, 1980, p. 199) confirma: “O estilo de vida de
um povo é a soma de suas atividades econômicas, sociais e ultraterrenas. Estas
atividades geram padrões espaciais; requerem formas arquitetônicas e ambientais
materiais que por sua vez, depois de terminados influenciam o padrão das atividades”.
Logo, toda herança existente no processo avaliativo, carrega na história características
de imposição e medida, embora na amostra dos resultados predomina ações possíveis
de mensuração, existe fenômenos complexos de mensurar, a exemplo a própria atitude
do aluno ao fazer uma prova do ENADE apenas assinando sua participação. Se esta
atitude é punitiva à IES, logo o mesmo vê na ação, possibilidade de vingar sua nota
bimestral ou reprovação na disciplina onde não alcançou o resultado esperado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao pesquisarmos sobre qual o espaço da avaliação institucional na instituição
de ensino superior, o estudo se constituiu de aprofundamento de questões teóricas e
metodológicas que contribuíram a partir das análises em relatório do espaço vivido
estudado, as discussões neste prisma, se tornam essências de debates em torno da
problemática no contexto espaço avaliado, já que nos estudos sobre avaliação, o termo
utilizado é sempre discente, ou aluno até mesmo as pessoas, dificilmente espaço vivido.
O termo espaço foi entendido a partir de estudos na área da Geografia Cultural, que
estuda as espacialidades existentes em cada espaço representados pelas relações sociais
constituídas, assim foi possível mesclar avaliação com espaço vivido, entendendo toda
dinâmica de construção social que acompanha o processo avaliativo nas instituições de
ensino superior brasileiro.
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No desenvolvimento da pesquisa, verificamos que a Faculdade de Rondônia
FARO, é uma entre tantas faculdades que sofre com o mesmo dilema, cultura sobre
avaliação X avaliação interna e externa nas IES. Embora todo esforço e
empreendimento tenha se voltado para o contexto, ainda é bem presente no âmbito da
educação superior o estigma de Autoavaliação como forma de medir e punir a quem é
avaliado.
Na trajetória desta pesquisa verificamos que as questões da nota da IES, foram
atribuídas a partir das avaliações internas e externas, mesmo entendendo o processo
legalmente constituído sobre este fator, percebemos que os acadêmicos reproduzem
aquilo que vivenciam em sala de aula. Verificamos ainda que o gestor da instituição
pesquisada entende o processo avaliativo, tem vasta experiência, mas demonstra
preocupação, já que fatores de penalidades estão além de suas possibilidades
interventivas. Sendo o espaço da IES constituído a partir de representações de
resultados da avaliação interna e externa, resta pouca alternativa para o gestor da
instituição intervir no processo, já que todo processo de mudança é lento e neste caso
específico, a CPA tem apenas 07 ( sete) anos, uma idéia ainda em desenvolvimento para
um resultado necessário de urgência institucional.
A compreensão da espacialidade constituída pelos processos avaliativos
institucionais nos diversos segmentos da instituição, representa o desafio da IES para
alcance de melhores resultados, nestes estão presentes as questões internas de
diferenciação de vida, ações, reações e estímulos de cada pessoa, compreendida no
segmento avaliado na IES. Corpo técnico, docente e discente, os quais formaram o eixo
do debate que construímos ao vivenciarmos fatores tão subjetivos peculiares da
realidade do processo avaliativo interno na Faculdade de Rondônia FARO.
Avaliar a aprendizagem de formação de valores com o mesmo interesse que os
conteúdos conceituais é uma decisão que só pode assumir realmente se aceitar que a
educação na sua integralidade não é só ensinar conhecimentos, mas também atitudes
que propiciem: a investigar, levar aos debates, de respeitar posições divergentes, de
organizar-se, de tomar decisões coletivamente, capacidade de estabelecer relações, de
administrar seu tempo e seu espaço, de criticar e intervir na realidade de forma reflexiva
e criativa, de adotar estratégias de resolução de problemas. Assim concebida, a
avaliação se torna coerente com a concepção de avaliação aqui defendida.
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15
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ZABALA, Antoni.A Pratica Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2010.
16
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1 Qual o Espaço da Avaliação Institucional na Instituição de