Coevolução e Mutualismo Introdução O caso do Coelho/vírus myxoma: Coelhos não são nativos da Austrália; poucos coelhos foram introduzidos em um rancho em Victoria, Austrália-1859 Dentro de poucos anos, centenas de milhões de coelhos espalharam-se pelo continente, destruindo áreas de pasto e ameaçando a produção de lã O vírus myxoma, introduzido em 1950 e espalhado por mosquitos, provou ser um agente eficaz de controle biológico, matando 99,8% dos coelhos infectados Posteriores infestações do vírus foram menos efetivas, por quê? Evolução da Resistência em Coelhos O declínio da letalidade do vírus myxoma na Austrália, resultou das respostas evolucionárias em ambas as populações de coelho e de vírus: Fatores genéticos conferem resistência às doenças existentes na população dos coelhos antes da introdução do vírus myxoma: A epidemia do vírus myxoma exerceu forte pressão seletiva para resistência Eventualmente, a maioria da população de coelhos sobreviventes consistia de animais resistentes Evolução da Hipovirulência no Vírus Myxoma O declínio da letalidade do vírus myxoma na Austrália, resultou das respostas evolucionárias em ambas as populações de coelho e de vírus: As cepas menos virulentas do vírus tornaram-se as mais prevalentes, seguindo a introdução inicial do vírus na Austrália: • As cepas do vírus que não mataram seus hospedeiros foram mais prontamente dispersas para novos hospedeiros (mosquitos picam somente coelhos vivos) O Sistema Coelho-Myxoma hoje em dia... Deixado de lado, o sistema coelho-myxoma na Austrália provavelmente evoluiria para um estado de equilíbrio benígno, isto é, doenças endêmicas, como na América do Sul: Especialistas em manejo de pestes continuam a introduzir novas cepas virulentas para controlar a população de coelhos Doenças contagiosas que se espalham através da atmosfera ou água são menos prováveis de desenvolver hipovirulência, porque elas não são dependentes dos seus hospedeiros para dispersar Coevolução Quando populações de duas ou mais espécies interagem, cada uma poderia evoluir em resposta às características dos outros que afetam sua própria aptidão evolucionária. Este processo é chamado de coevolução: plantas e animais empregam estruturas e comportamentos para obter comida e evitar serem comidos ou parasitados: Muito dessa diversidade é resultado da coevolução: seleção natural no sentido de obtenção de alimento e fuga Coevolução é mediada pelos agentes biológicos Os efeitos evolucionários dos agentes biológicos são diferentes daqueles fatores físicos de duas maneiras importantes: Fatores biológicos estimulam respostas evolucionárias mútuas; adaptações dos organismos em resposta às mudanças no ambiente físico não têm efeito sobre aquele meio ambiente Agentes biológicos favorecem uma diversidade de adaptações melhor do que promovem similaridade Convergência Em resposta aos fatores bilógicos, organismos tendem a diversificar: organismos se especializam, no acesso à alimentação, fuga de predadores e na organização de benefícios mútuos de maneiras únicas Em contraste, organismos que respondem aos estresses físicos similares no ambiente tendem a desenvolver adaptações similares: Este processo é conhecido como convergência Identificando Respostas Coevolucionárias Coevolução refere-se estritamente à evolução recíproca entre populações que interagem: A evolução de mandíbulas e músculos fortes pelas hienas para quebrar ossos das suas presas não é coevolucionária, porque os ossos das presas não evoluíram para resistir a serem comidos A evolução da habilidade de um herbívoro de desintoxicar substâncias produzidas por uma planta especialmente para deter esse herbívoro é coevolucionária Antagonistas evoluem em resposta de um ao outro Charles Mode cunhou o termo coevolução em 1958 em um artigo na revista “Evolution”: A ênfase de Charles Mode foi sobre o desenvolvimento de modelos matemáticos para entender mecanismos de evolução contínua de hospedeiro e patógeno com relação às mudanças evolucionárias um no outro: Respostas de cada organismo a um outro resultam em um ciclo contínuo de patógenos virulentos/não virulentos e hospedeiros suscetíveis/resistentes A Contribuição de Ehrlich e Raven Em 1964 um artigo na revista “Evolution”, Paul Ehrlich e Peter Raven colocaram a coevolução em um contexto mais ecológico: Eles enfatizaram padrões empíricos, observando que grupos aparentados de borboletas tendem a se alimentar em espécies aparentadas de trepadeiras, sendo indicativo de uma longa história evolucionária conjunta: Coevolução potencializou as habilidades das borboletas para tolerar as defesas químicas particulares dos seus hospedeiros Coevolução revela interações do tipo genótipo-genótipo Coevolução pressupõe que cada população contém variação genética para traços que influenciam suas interações: Estudos de coevolução entre o trigo e os patógenos do trigo (fungo que causa ferrugem) revelaram interações genótipo-genótipo afetando o bom estado de hospedeiro e patógeno As variações genéticas paralelas em populações locais de cochonilhas (inseto) e de indivíduos hospedeiros (pinheiro) podem também representar uma interação do tipo genótipo-genótipo Consumidores e recursos podem alcançar um equilíbrio evolucionário Um simples modelo relaciona a taxa de evolução do consumidor e do recurso à eficiência com a qual o consumidor explora o recurso: O consumidor tem uma função na diminuição da taxa evolucionária com o aumento da exploração: Como a população da presa é reduzida, o valor seletivo de posteriores aumentos na eficiência do predador é também reduzido O recurso tem uma função no aumento da taxa evolucionária com o aumento da exploração: O valor seletivo das adaptações para evitar predação aumenta Equilíbrio Evolucionário O simples modelo de mudar as taxas de evolução do consumidor e recurso sugere um equilíbrio estável em que as taxas da mudança evolucionária do consumidor e do recurso são iguais e a taxa de exploração permanece constante: Esta situação é essencialmente uma “paralisação” no processo evolucionário Habilidade Competitiva Apresenta Variação Genética Habilidade Competitiva deveria ser dependente da mudança evolucionária Habilidade competitiva não pode ser detectada pelo exame de traços de indivíduos, mas podem ser deduzidas como consequência da competição experimentos conduzidos por Ayala demonstraram claramente a evolução da habilidade competitiva em populações de moscas de frutos que se desenvolveram sob situações de competição Habilidade Competitiva Interespecífica evolui rapidamente em baixa densidade Populações esparsas podem desenvolver habilidade competitiva interespecífica mais rapidamente do que populações densas. Por quê? Talvez adaptações diferentes e conflitantes determinem os efeitos da competição intra e interespecífica Se é assim, a seleção para o aumento da habilidade competitiva interespecífica será mais forte e mais rara para os dois competidores Como mostrado pelos experimentos conduzidos por Ayala e Pimental, este processo pode resultar em uma repentina inversão na superioridade competitiva Traços das populações que competem podem divergir Se a competição é uma potencial força evolucionária, competidores deveriam ter formado adaptações de uns para os outros: Contudo, observações de que espécies aparentadas vivendo juntas diferem em seus usos do recurso não é suficiente evidência para a evolução de tais diferenças como resultado da competição contrário a esta objeção é comparar espécies onde elas vivem separadas (populações alopátricas) e juntas (populações simpátricas) Deslocamento de Caráter Se os caracteres de duas espécies muito aparentadas diferem mais nas regiões simpátricas do que nas regiões alopátricas, este padrão poderia ter surgido a partir de uma forte pressão seletiva para divergência em simpatria, um processo chamado de deslocamento de caráter: Ecólogos discordam sobre a prevalência do deslocamento de caráter na natureza Padrões consistentes com o processo do deslocamento de caráter têm sido observado entre os tentilhões de Darwin da Ilha de Galápagos Mutualistas têm funções complementares Interações entre espécies que beneficiam ambos os participantes, chamadas mutualismo, pode também levar à coevolução: Cada participante é especializado em desenvolver uma função complementar para o outro Um mutualismo altamente coevoluído é visto em líquens, parceria entre algas e fungos: Tais associações particulares, nas quais os membros formam uma entidade distinta, são exemplos de simbioses Mutualismo Trófico Mutualismo trófico comumente envolve padrões especializados para obtenção de energia e nutrientes: Tipicamente cada parceiro supre um nutriente limitante ou fonte de energia que o outro não pode obter por si só exemplos incluem: Rhizobium e raízes de plantas que formam nódulos de raízes fixadores de nitrogênio Bactérias digestoras de celulose no rúmem das vacas Mutualismo Defensivo Mutualismo defensivo envolve espécies que recebem alimento ou abrigo dos seus parceiros em troca de uma função defensiva: A função defensiva pode proteger o parceiro contra herbívoros, predadores ou parasitas Exemplos incluem peixes-limpadores e camarões em ecossistemas marinhos Limpadores removem parasitas do outro peixe e se beneficiam do valor nutritivo dos parasitas removidos Mutualismo Dispersivo Mutualismo dispersivo envolve animais que: transportam pólen em troca de recompensas, tais como néctar: Esses mutualismos tendem a ser mais restritivos (especializados) porque é do “interesse” da planta que o pólen seja transferido para outra planta da mesma espécie transporte e dispersão de sementes em troca do valor nutricional das frutas ou outras estruturas associadas às sementes: Esses mutualismos tendem a não ser restritivos, com dispersores comumente consumindo uma variedade de frutas e um tipo de fruta sendo comido por muitos dispersores Coevolução envolve respostas evolucionárias mútuas Coevolução se aplica somente às respostas evolucionárias recíprocas entre pares de populações O termo coevolução às vêzes tem sido usado amplamente para descrever as associações estreitas de certas espécies e grupos de espécies em comunidades biológicas. São as associações estreitas coevolucionárias? Pares de espécies passam por evolução recíproca ou traços “coevoluídos”, que surgem como respostas das populações às pressões seletivas exercidas por uma variedade de espécies, seguidas por uma escolha ecológica? São as espécies organizadas em conjuntos interativos baseados nas suas adaptações, coevoluídas ou não? Coevolução em formigas e pulgões? Considere o mutualismo (em uma herbácea) no qual várias espécies de formigas protegem pulgões e recebem “honeydew” em troca: Formigas pequenas (Tapinoma) tendem a proteger pulgões Este mutualismo coevoluiu? Coevolução em formigas e pulgões? O mutualismo formigas-pulgões tem todos os elementos esperados da coevolução Podemos ter certeza de que as adaptações dos parceiros evoluíram em resposta de um ao outro? Não podemos ter certeza que isto é uma situação coevolucionária, porque existem explicações alternativas para as várias características deste mutualismo... Coevolução em formigas e pulgões? A maioria dos insetos que sugam seiva de plantas produzem grandes quantidades de excrementos nutritivos Formigas são generalistas vorazes que provavelmente atacam qualquer inseto que eles encontram A associação de diferentes gêneros de formigas com diferentes fontes de “honeydew” poderia simplesmente refletir tamanhos diferentes e níveis diferentes de agressão, evoluídos em resposta aos outros fatores ambientais quaisquer. Formigas poderiam falhar em atacar pulgões, porque formigas evoluíram para proteger outras fontes de nectar, tais como flores e nectários especializados A Mariposa da Planta Yucca e a Planta Yucca As plantas yucca (gêneroYucca) e as mariposas da planta yucca (gêneroTegeticula) são envolvidas em mutualismo obrigatório que tem sido estudo cuidadosamente: O enfoque da reconstrução filogenética tem sido utilizado para endereçar questões coevolucionárias acerca deste mutualismo Detalhes do Mutualismo da Planta Yucca/Mariposa da PlantaYucca O relacionamento entre a planta yucca e a mariposa da planta yucca é obrigatório (as larvas da mariposa não tem outra fonte de alimento e as plantas yucca não tem outro polinizador): Mariposas fêmeas adultas carregam bolas de pólen entre as flores da planta yucca através de estruturas bucais especializadas Durante a polinização, as fêmeas da mariposa depositam os ovos no ovário da flor da planta yucca Depois que os ovos eclodem, as larvas alimentam-se de algumas sementes da planta yucca, não excedendo 30% da safra de sementes As plantas yucca exercem pressão seletiva sobre as mariposas (através do aborto massivo de frutas infestadas) para limitar outros tipos de mariposas (genótipos) predispostos a depositar grande quantidade de ovos, espécies oportunistas É o Mutualismo Plantas Yucca/Mariposas da Planta Yucca Coevolucionário? Muitos aspectos do mutualismo estão presentes na linhagem filogenética das mariposas nãomutualísticas dentre os quais o gêneroTegeticula evoluiu: Muitas das adaptações (tais como a especialização do hospedeiro e acasalamento na planta hospedeiro) parecem ter estado presentes na linhagem da mariposa antes do estabelecimento do mutualismo propriamente dito, evidência de preadaptação O que parece ser traços coevoluídos poderia ter sido preadaptações que foram críticas para o estabelecimento do mutualismo em primeiro lugar Sumário 1 Interações entre espécies são as maiores fontes de seleção e resposta evolucionária Coevolução é a evolução interdependente de espécies que interagem ecologicamente Evidências de mudanças evolucionárias no sistema consumidor-recurso é proveniente dos estudos das interações de hospedeiroparasitóides Estudos de patógenos das safras de plantas têm revelado a base genética para a virulência e resistência Sumário 2 Predadores e presas podem alcançar um equilíbrio evolucionário Competição pode exercer forte pressão seletiva sobre os competidores. Uma consequência de tal seleção poderia ser o deslocamento de caráter Mutualismos são relacionamentos entre espécies que se beneficiam Mutualismos podem ser trófico, defensivo ou dispersivo Sumário 3 Análise filogenética permite inferir sobre a história evolucionária das interações interespecíficas Um estudo de caso cuidadoso de um mutualismo obrigatório envolve as plantas yucca e seus polinizadores, as mariposas especializadas na planta yucca A identificação de relações coevoluídas é difícil e préadaptações podem complicar interpretações evolucionárias