1 ACERCA DO TURISMO ÉTNICO INDÍGENA E O USO DA HISTÓRIA Autora: Me. Flávia Lac – Pesquisadora Autônoma Tendo em vista as dificuldades pertinentes ao turismo étnico indígena, pretendemos apresentar algumas questões presentes no pensamento pré-concebido de muitos não índios. Estudamos como os estereótipos presentes no senso comum podem interferir na visão do turista, bem como na do turismólogo. Defendemos que estas distorções ocorrem pela falta de conhecimento histórico seja por falta de espaços públicos onde estas comunidades tenham direito a voz ativa, o que torna o espaço turístico uma arena privilegiada. O objetivo deste trabalho é mostrar como a história, na sua acepção ocidental, pode servir na concepção de um produto de turismo étnico e no seu usufruto pelos turistas. Baseando-se no trabalho de campo e pesquisa teórica para a dissertação de Mestrado em Antropologia sobre o “Turismo na Terra Indígena de Iraí” junto a outras experiências de turismo étnico indígena, entendemos que estas distorções têm um profundo impacto no resultado final para o turista. Desta forma, defendemos que a contextualização histórica pode minimizar estes problemas, o que, defendemos ser importante neste tipo de produto. Utilizamos a bibliografia para explicar a história neste contexto tanto como recurso patrimonial, como para compor uma autenticidade a ser experimentada de forma mais plena. Encontramos que a questão da autenticidade se relaciona de forma especial com a história recente de povos indígenas. Embora esta possa ser uma questão controversa, apresenta-se aqui uma linha de pensamento para o planejamento de produtos turísticos étnicos indígenas, que acompanha as tendências do turismo pós-moderno no sentido que promove o conhecimento da formação do produto pelo turista. PALAVRAS CHAVE: Turismo étnico indígena, história indígena, patrimônio, autenticidade ABOUT INDIGENOUS ETHNIC TOURISM AND THE USE OF HISTORY Seeing the difficulties concerned to the indigenous ethnic tourism, some questions will be exposed that are still into the pre concept thought of many non Indians. Studying how the stereotypes presented in the common sense can interfere as much as in the view of the tourist as in the tourism planner, in fact in anyone that has little knowledge in this subject. We understand that these misunderstanding concepts happen by the lack of historical knowledge that can be happening by the omission of the state government or because there are a few public spaces where these communities can speak for themselves. Then the touristic arena can became just the perfect spot for it. The goal of this paper is to show how history, as the occidental view of it, can be useful in the construction of a ethnic tourism Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 2 product and its use. Based in the field work and theoric research of the work of a Anthropology Master titled “Tourism in Iraí Indigenous Land” and with some experiences of ethnic tourism as a consumer, we understood that these dissonant concepts have a deep impact in the final result for the tourist. Going from the point that minimizing the lack of historical knowledge can minimize these problems with we stand its important for these kind of products. We used the bibliography in order to explain the place of history in this kind of context as a heritage resource as a base to compose an authenticity to be experienced in a fulfillment way. Even this might be controversial, what we show here is a thought to plan ethnic touristic products that is with the tendencies of post modern tourism in the sense that promotes total knowledge of the product for the turist. KEY WORDS Indigenous ethic tourism, Indian history, heritage, authenticity INTRODUÇÃO O crescimento do turismo cultural tem sido apresentado há algum tempo como realidade e tendência (Santana Talavera, 2003 e 1998; Craik, 1997; Graburn, 1995). O que Valene Smith (apud Santana Talavera, 2003) tratava como um tipo de turismo, hoje influencia o turismo de forma geral. Muitos dos turistas que procuram atividades culturais as buscam por diferentes níveis de interesse. Segundo Silberberg (apud Craik, 1997) alguns acabam em atividades culturais por interesses adjuntos e outros, acidentalmente. Um exemplo disso foi encontrado no estudo do turismo na Terra Indígena de Iraí, situada ao norte do Estado do Rio Grande do Sul (Lac, 2005) vários tipos de turismo se inter-relacionavam em grande parte de seus visitantes. Por exemplo: o turista de saúde, relacionado às águas termais, acabava também, desenvolvendo interesse pelo contato índios que vendiam seu artesanato nos arredores, ou mesmo entrando em contato com o material de divulgação da prefeitura e, visitando a Terra Indígena assim conhecendo um pouco da cultura Kaingang. Tendo como base o estudo acima citado e um contato menor com outras experiências teóricas e práticas de turismo indígena queremos neste artigo discutir o papel da história no desenvolvimento de produtos de turismo indígena. Para este fim, exemplificaremos um pouco da história que afetou alguns povos indígenas e, estudaremos alguns conceitos presentes no senso comum para esclarecer certos tópicos específicos deste tema. Dessa forma, dialogar sobre o papel da história recente na construção do patrimônio e a autenticidade de produtos do turismo indígena. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 3 ACERCA DO TURISMO ÉTNICO INDÍGENA Relembrando a tipologia de Valene Smith, revisada por Santana Talavera (2003) seriam quatro os tipos de turismo: recreativo, ambiental, cultural e étnico. O turismo cultural é enquadrado como um turismo quase histórico, enquanto o turismo étnico seria cercado de atividades típicas e exóticas, onde a autenticidade e ancestralidade operariam um papel de destaque. O que Santana Talavera (2003) defende é que o turismo étnico tem um toque a mais de pitoresco, com certa excentricidade. Há fatores importantes, como se pretende defender aqui, que podem também classificar o turismo étnico sendo um turismo cultural se além do exótico, contextualizado historicamente. De outro modo, como defende Grünewald (2003) todo turismo é cultural desde que sempre existem duas culturas em jogo. O que se defendia anteriormente como “cultural” parece ter bastante a ver com a alta cultura (obras de arte, museus, etc). Hoje se inclui também a cultura popular. Mas para os antropólogos cultura é diferente destas repercussões externas, cultura são as regras pelas quais de um determinado povo vive, pensa, classifica e modifica o mundo. Assim, cultura é o que motiva o comportamento, não é consciente, portanto, não é passível de perda. Além do conceito de cultura, uma das molas propulsoras do turismo cultural é o que encontramos na literatura norte-americana é o conceito de “Nostalgia”, alvo de diversas interpretações. De acordo com Graburn (1995) nostalgia é uma saudade por coisas do passado, sendo a confecção de patrimônio uma de suas respostas. Nostalgia seria um sentimento de deslocamento temporal, a perda de algo passado. Este conceito pode se referir a objetos diversos, inclusive contemporâneos. Este conceito é um dos fatores que leva pessoas a se interessar, por exemplo, por visitar comunidades indígenas. O conceito de nostalgia remete ao romantismo exacerbado (Oliveira, 1999), forma que muitos viam e vêem as sociedades indígenas. É importante lembrar que os espaços em que aprendemos sobre os índios são deficitários como, por exemplo, em escolas e museus. Não se torna de toda forma espantoso que nossos elos conceituais com estas populações possam ser débeis ou mesmo Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 4 distorcidos. São poucos os pesquisadores da etnologia indígena (que é um ramo da antropologia voltado ao estudo das culturas indígenas) que divulgam amplamente seus trabalhos de forma a atingir a população em geral, não pela falta de esforço de muitos, mas pela falta de condições em função da ausência de interesse econômico. Também são poucos os espaços em que estas populações podem expor seu ponto de vista. Neste sentido, o turismo se torna uma arena fértil onde de um lado temos turistas que querem experimentar o diferente e de outro, temos os índios criando espaços políticos. Quando falamos de índios devemos ter em mente que este é um termo genérico que, segundo a Fundação Nacional de Assistência ao Índio (Funai, 2009), envolve pelo menos 225 sociedades distintas. São pelo menos 180 línguas diferentes, de três troncos lingüísticos e outras famílias. Seu contingente populacional geral se refere hoje, segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a mais de 500 mil indivíduos, população que está em constante crescimento. Estas culturas constituem uma grande fonte de recursos para o turismo. Não apenas na sua visitação nos seus locais de moradia, mas também na confecção de espaços que possam divulgá-las como museus e espaços culturais. É uma riqueza que tem sido muito pouco explorada, mais pelas dificuldades que o turismólogo se coloca em função da FUNAI (órgão competente), que pela própria vontade indígena. Não estamos falando aqui de desbravar caminhos a populações ainda não contactadas (que representam uma minoria dos povos indígenas) mas abrir espaços e dar voz àqueles índios que por vezes até não são entendidos como legítimos pelos seus vizinhos. A HISTÓRIA E O TURISMO ÉTNICO INDÍGENA Embora o contato interétnico seja parte da rotina de muitos povos indígenas, muito pouco é realmente esclarecido a população em geral a este respeito. Segundo Oliveira (1999) o entrelaçamento dos povos indígenas com a sociedade nacional resolve este lapso histórico desde a ocupação das Américas por outros povos e a formação da unidade nacional os dias atuais com uma fábula de um crescente embranquecimento. De acordo com esta ideologia, os povos indígenas têm um papel de destaque apenas na formação do Estado ou em um remoto passado. Os acontecimentos desde então são geralmente citados de forma genérica ou mesmo partidária. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 5 Na verdade, a história, do ponto de vista indígena ou mesmo daqueles que tiveram experiências próximas a eles, é dificilmente conhecida pelas pessoas que não têm um particular interesse no assunto. É claro que a história oficial relata o ponto de vista daqueles que a contam, e até mesmo por isso muitos fatos da história do contato interétnico sejam dificilmente discutidos. Existem, na história deste contato, acontecimentos documentados que revelam muitas explicações ou contextualizações para a realidade que encontramos atualmente. É impressionante como a história do contato é pouco divulgada. De certa forma o Turismo pode ser um dos poucos espaços em que isto possa ser alvo de diálogo, excetuando o campo da etnologia indígena. Muitas vezes é citado, como presenciei em Iraí, os quinhentos anos de exploração, entretanto sem detalhar esta parte da história. Embora a história mude de povo para povo coloco abaixo algumas considerações que podem ser comuns a muitos povos indígenas. Desde as primeiras ocupações são inúmeros relatos de guerras e constantes assaltos entre territórios. Se por um lado os não índios ocupavam territórios indígenas, estes os atacavam e consideravam seus espólios como parte de seu patrimônio. Estradas, e todo o tipo de ocupação dificilmente aconteciam sem guerras. Existem, portanto muitas notícias deste tipo em jornais do século XXII. Intervenções religiosas, algumas muito conhecidas e outras nem tanto, e mesmo alguns decretos que consideravam índios não-humanos de forma a justificar suas mortes ou escravismo. Foram diversas as tentativas de retirar as populações dos territórios que interessavam à colonização. Do uso de “bugreiros” (tanto índios como não índios) até a demarcação de territórios que foram sistematicamente reduzidos levando-se em conta a ignorância indígena sobre medidas e documentação. Estes conflitos acabaram culminando na criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1911 pelo Marechal Rondon. Embora este projeto tenha afetado muitas etnias ele é muito pouco conhecido por pessoas que não pesquisam o assunto. Pouco antes, para os Kaingang, por exemplo, existem documentados inúmeros casos de grandes líderes e seus bandos, verdadeiras sagas de sua história. O SPI, desde sua formação, baseava-se no pensamento do Marechal Rondon que os índios seriam mais primitivos que os povos europeus, mas seriam atualizados se expostos aos mesmos recursos e produtos. Na época este pensamento representava um avanço, onde Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 6 o indígena passa a ser considerado ser humano. Esta idéia de primitivismo, de que estes povos se assemelhariam a um passado remoto da humanidade de certa forma ainda perpassa o senso comum moderno. Neste caso estes povos deixam de ser co-agentes da atualidade para serem arquétipos, fósseis do nosso passado. Os contatos eram feitos justamente através da oferta de produtos com o fim de se estabelecer um clima pacífico e então passava a se ofertar aos índios uma sistemática carga destes bens e territórios mediante colaboração. Com o SPI e sua política de estipular contato, por um lado algumas guerras deixaram de acontecer, mas muitas necessidades foram criadas de produtos manufaturados e se intensificam os saques ambientais aos territórios antes reservados às populações aborígenes. Após intensiva colonização, tornou-se inviável o sustento de tantas promessas e, o SPI adotou uma linha mais desenvolvimentista. A escravidão passou a se tornar realidade a todos aqueles povos antes convidados ao contato. As lavouras coletivas ou comunitárias passam a ser exploradas com a mão-de-obra indígena para comércio externo em benefício dos chefes de posto indígenas. Chefes de posto, antes responsáveis em cuidar para que as demandas das comunidades fossem sanadas, chegaram a tornar de alguns índios, seus escravos pessoais. Nesta época, havia estruturas hierárquicas do exército ao que eram sujeitados povos, cujas nomenclaturas subsistem em algumas comunidades até os dias de hoje. Este tempo é tradicionalmente lembrado pelos Kaingang como o período do “panelão”, devido às refeições feitas em forma de ração nas panelas do exército e distribuída entre os indígenas que não veriam outro resultado do seu trabalho. Além disso, o alcoolismo passa a ser incentivado com a distribuição de bebidas de forma abundante com a finalidade de evitar revolta. Em 1968, o SPI se transforma em Funai, mas muito das mudanças ocorridas em territórios e comportamento já havia se tornado irreversíveis. A partir de então, os indígenas têm cada vez lutado mais por seus direitos, como o direito a terra e a educação diferenciada. Um processo sem dúvida bastante lento e árduo para os índios. A dívida histórica é hoje uma das bases do processo de demarcação pela Fundação Nacional de Assistência ao Índio (Funai). Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 7 Este é apenas um breve histórico, resultado da pesquisa relativa aos Kaingang (Lac, 2005). Muitos destes acontecimentos afetaram a outros povos indígenas. Não temos a pretensão de fazer aqui um estudo minucioso que possa englobar a história de todos os povos indígenas brasileiros, mas antes exemplificar a complexidade do conteúdo de algumas relações interétnicas. É claro que existem povos com histórias completamente diferentes, mas o ponto principal deste exemplo foi mostrar que antes de tentar compreende-los é necessário considerar sua história. Em se tratando de um país que tem sido colonizado há pelo menos 500 anos, muitos povos possuem sim uma história de contato interétnico. Atualmente são aproximadamente 500 terras indígenas espalhadas pelo país que refletem 12,41% do território nacional. Embora a maior parte deste território se situe na Amazônia, esta não é a realidade de muitos povos que são praticamente desconsiderados ou subestimados pela opinião geral ou senso comum. Hoje também existem muitos índios que habitam nas cidades, mantendo suas línguas, relações com os parentes e especificidades culturais. Sendo utilizados para se referir a eles: “aborígine” qualificando primitivo, “silvícola” referindo à floresta e “bugre” ao mundo animal. A cultura indígena é assim destacada por sua extrema simplicidade (próxima à natureza e pouco civilizada) ou por seu exotismo (crítica aos costumes tidos como extravagantes). A ignorância histórica demonstra que existem problemas inerentes ao turismo quando se tratam de povos indígenas. Embora Grünewald (2001; 2003) demonstre que o tema do desenvolvimento de “etnicidades voltadas para o turismo” seja um fator presente no turismo étnico indígena e, este fato decepciona o turista na busca desse estereótipo da “comunidade intacta”, vemos que existem fatores anteriores ao turismo que incidem de forma decisiva na experiência final. Atualmente o alvo do turismo étnico parece ser basicamente o indígena e sua capacidade de ser exótico. Neste aspecto parece que alguns antropólogos estariam corretos em sua visão do turismo indígena como uma forma de zoológico. E que defendemos é que esta não é a única forma de fazer turismo étnico indígena. Esta é uma forma de fazer esta atividade, provavelmente a menos sustentável. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 8 Notamos que, a própria busca pelo nativo muitas vezes exerce uma influência que determina a própria impossibilidade daquilo que se está buscando. Embora os turistas não queiram ver tourees (Van den Bergue; Keyes 1984. Atores que modificam seu comportamento de acordo com sua percepção do que é atrativo para o turista) talvez os turistas estejam preparados para entrar em contato com a realidade destas comunidades. A contextualização histórica destas comunidades, que vise mostrá-las como culturas contemporâneas, quiçá possa permitir que, ao invés cobrarmos dos indígenas, possamos melhor compreende-los. Apesar das dificuldades, muitos indígenas têm se mostrado dispostos a participar no turismo. No sul do Brasil, em um breve levantamento que fizemos (Lac, 2005), pelo menos seis terras indígenas já trabalhavam com a atividade turística. Sim, alguns costumes diferentes, língua, música, danças, gastronomia fazem e constituem parte do produto étnico indígena. Não defendemos que estas “atrações” sejam retiradas do produto, porém há algo mais que dificilmente os turistas têm condições de captar, um olhar culturalmente diferenciado para o mundo. Para este fim, não se trata de quanto mais diferente melhor. Por vezes coisas cotidianamente parecidas ou mesmo iguais, podem ter significados e valores muito distintos dependendo desta ou daquela cultura. Mas para compreender as semelhanças e diferenças, a história do contato é crucial. O problema de isolar a história e fazer destes produtos turísticos algo atemporal, é que o produto se torna frágil no confronto das expectativas com a realidade. Quando um povo indígena chega a fazer parte do turismo ou oferecer algum produto turístico, geralmente o faz em conseqüência do contato e das demandas provenientes deste contato. Demandas que podem ser ambientais ou mesmo de consumo. A questão é que este contato é histórico e, sem esta história, os povos se tornam alvos destes estereótipos, como podemos perceber em Iraí (Lac, 2005). Se, por um lado, os vizinhos rurais das terras indígenas vejam os índios como algo passado, o que serve para justificar terras serem deixadas fora do seu poder de cultivo, os citadinos idealizam os índios. Sem o amparo histórico restam para construir “o olhar do turista” (Urry, 1996) os romances que refletem o “bom selvagem” e a esperança de encontrar nas sociedades indígenas, maior coesão e menos conflitos. Este olhar romantizado também é encontrado do citadino com relação ao rural, mas o para o morador Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 9 rural muitas vezes se torna mais vantajoso explorar o bucolismo que contextualizar sua cultura. Trata-se de um turismo diferente, onde a questão étnica aparece mais como uma vantagem a mais que a pauta política. Quando estes estereótipos colidem com a realidade de sociedades contemporâneas, outro e não menos importante conceito que vigora entre os não índios sobre os Povos Indígenas é o de “aculturação”. Este é um conceito que foi criado por Darcy Ribeiro no seu livro “O Povo Brasileiro”. O que era o pensamento antropológico daquela época consistia em um fatalismo de que os povos indígenas estariam fadados a se miscigenar gradativamente à sociedade nacional. Ribeiro inclusive fez uma previsão de quando isto ocorreria e um levantamento de culturas que estariam se perdendo. O que tem sido percebido atualmente na antropologia é um quadro completamente contrário, onde povos antes dado como extintos reaparecem requerendo sua identidade indígena. Atualmente se entende que o conceito de “aculturação” remete à situação histórica de uma época, muitos indígenas se viram obrigados a camuflar sua cultura de forma a não serem perseguidos. Embora cada vez mais comunidades se declarem indígenas e comprovem tanto sua ancestralidade como suas especificidades étnicas, o que devido à história seja até mesmo heróico, o senso comum desacredita os índios contemporâneos. O que está sendo reforçado do ponto de vista da “aculturação” é que as culturas seriam estanques e as mudanças nestas culturas, afastariam de sua originalidade. A partir deste ponto, se requer das culturas indígenas um conceito de pureza que não é inversamente proporcional às outras culturas com as quais entram em contato. Embora muitos costumes tenham sido aprendidos pelos não índios com os índios, como o simples ato de fumar, outras culturas não são vistas mais ou menos puras em relação a isso. Ser indígena é colocado, como uma questão de grau, do que parece estar mais próximo ou mais distante do conceito primitivo ou pré-contato (Oliveira, 2006). Atualmente se considera que as culturas são dinâmicas, vigora o conceito de autoafirmação, onde é considerado índio “aquele que se considera e assim é considerado por aqueles da sua etnia”. Ser índio atualmente pode parecer vantajoso pelos moradores rurais, devido o direito a terra, mas com certeza é desafiador. Mas pode ser extenuante ser constantemente questionado quanto a sua ancestralidade, cultura e história, mesmo quando seus direitos são legitimamente adquiridos. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 10 A realidade de muitas Terras Indígenas é o conflito, algumas chegam a ser demarcadas em territórios ocupados atualmente por não índios que deixam com suas benfeitorias. As sociedades indígenas contemporâneas estão envoltas em um jogo de dependências e reciprocidades atravessadas por fluxos culturais e problemas de definição identitária (Oliveira 2006). Não se trata unicamente de enfocar as sociedades indígenas como coletividades inseridas em uma escala regional mais ampla senão de explorar o direito de uma definição de um território com uma chave analítica privilegiada para a compreensão dos modos de sociabilidade que apresentam. A abordagem em termos de um processo de territorialização permite descrever e interrelacionar as reordenações nos múltiplos níveis (Oliveira, p.132, 2006, tradução livre). De certa forma, o turista busca o impossível na sua concepção teórica, já que o selvagem e intacto não será nem tão selvagem nem tão intacto e pronto para uma visita turística. Este fato antes visto como algo relativo ao condicionamento exercido na arena turística, aqui colocamos como algo intrínseco e anterior e que apesar de ser inevitável, pode ser trabalhado com a contextualização histórica. Desta forma, se torna viável explorar o contexto turístico como parte de uma cultura contemporânea e não mais como um “elo perdido”. O que estamos propondo aqui é que ao incluir a história no turismo indígena o eixo principal, o nativo deixe de ser o produto, mas sua história e cultura. O turismo se torne menos desgastante para o nativo, tornando assim o produto mais real e menos sujeito a interpretação equivocada, o que de fato acontece. O turista pós-moderno de acordo com Graburn (1995) sabe que os circuitos turísticos são repletos de reproduções e autenticidades performatizadas. Mesmo assim sabem aproveitar esta hiper-realidade, gostam ao entendê-la. Apreciam este palco turístico e a autenticidade encenada. Embora Craik (1997) tenha apontado que o turista geralmente viaja cheio de estereótipos na sua bagagem cultural e, muitas vezes, está mais disposto a confirmar seus pré-conceitos que realmente remodelar sua visão, ela também nota a tendência onde o conhecimento e a formação pessoal, fazem parte do objetivo do processo no qual o turista se sujeita. Se pode ainda dizer que a tendência do ecologicamente e politicamente correto vem se ampliando cada dia mais. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 11 O que notamos é que, recuperar a história, além de mitos e outras questões culturais, vem de encontro às tendências atuais do turismo. Permite ao turista conhecer como se deu a elaboração do produto, ao que o turista atual parece já estar preparado. E, ainda, politicamente reafirmar estas culturas, dando a elas um lugar de onde se fala o que segundo Grünewald (2003) é um dos objetivos deste tipo de turismo. Contribui também para a formação social e cultural do visitante, reforçando a forma inserida em um contexto mais amplo destas culturas. A história do contato interétnico é parte do patrimônio cultural destas comunidades. Mas é claro que o patrimônio cultural só se legitima como construção social que deriva de um discurso prévio inventado, portanto sempre deve estar sujeito ao uso que estas comunidades querem fazer da sua história. A política cultural com respeito ao patrimônio, de acordo com Canclini (1999) tem por tarefa mais do que sua fidelidade ao passado, mas sua capacidade de permanecer culturalmente representativos. Para algumas comunidades, como os Pataxó estudados por Grünewald (2001), pode ser que a história seja menos atrativa que a idéia construída de “Índios do Descobrimento”. Mesmo assim os turistas podem estar sendo subestimados, e a contextualização histórica pode fazer do seu chamariz algo ao mesmo tempo mais crédulo e mais divertido. Para outros povos que não possuem alternativas de construção tão infame ou mesmo as condições para estar mais próximos do idealismo turístico, a história pode ser o que falta para mostrar suas culturas como o que realmente consideram: autênticas e diferenciadas. No caso do sul, como temos diversas Terras Indígenas de uma só etnia participando no turismo, esta pode ser uma alternativa para diferenciar seus produtos. A história funciona com um dos recursos do patrimônio. Os repertórios patrimoniais, segundo Pratz (1998), apenas são ativados por versões ideológicas da identidade. São lógicas ora de complementaridade, ora de oposição. O autor fala do turismo como um dos interesses comerciais do patrimônio, mas, ressalta o papel político como destacado. A autenticação do patrimônio se refere, “mais que ao objeto do patrimônio, seu conteúdo, sua expressão e seu contexto”. Há de se ter em conta que a participação da população envolvida é fundamental já que existe o risco, segundo Canclini (1999), de converter estas realidades locais em símbolos a serviço da identidade cultural hegemônica e assim diluí-las. De acordo com Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 12 Ashworth (1996) os recursos históricos passam por um processo de transformação, onde são interpretados, a fim de constituir o produto patrimônio. O patrimônio existe sempre em resposta a necessidades específicas e pode ser alvo de controvérsias desde sua criação. Mesmo no final existem dissonâncias entre o que se quer comunicar e o que é interpretado pelos atores externos. A comoditização cultural pode transformar as culturas, o que nem sempre é negativo. Com a contextualização histórica objetiva-se fazer destas adaptações ao turismo parte inserida de sua valorização. De acordo com Craik (1997) duas estratégias têm sido adotadas: moldar a cultura para o turismo e para os turistas ou moldar o turismo e os turistas para a cultura. No turismo étnico, muitas vezes se adota a primeira alternativa, o que parece devido ao que foi apresentado um movimento impossível já que as expectativas dos turistas são extremamente dissonantes da realidade. O que propomos é exatamente o segundo movimento, que parece dar conteúdo à voz política indígena, ser responsável e mais sustentável. Autenticidade parece ser um tópico sempre relevante quando se fala de turismo cultural ou étnico. A autenticidade para o turista se trata tanto de experimentar um mundo real como sendo realmente eles mesmos. A autenticidade pode também ser construída socialmente inclusive em arenas turísticas. Wang (1998) usa a divisão entre autenticidade objetiva, construída e existencial para a atividade turística. A autenticidade objetiva se é relativa sua relação com o original ou real. Do ponto de vista construtivista, é o simbólico e a experiência que valida, neste sentido toda experiência tem algo de autêntico. A existencial se refere à forma que se incorpora o que se experimenta. Dessa forma, a autenticidade se baseia mais nas bases das motivações dos turistas que na experiência real. Mas se a história das relações interétnicas de uma determinada população pode embasar a autenticidade objetiva, pode também dar uma base maior de referenciais para a construção e incorporação da experiência. Fornece ao turista mais informações para compreender o que vê e o prepara para uma experiência realmente única. De acordo com McCannell (2001) acreditamos que o turismo deve envolver a celebração de estratégias de sobrevivência e adaptações criativas de povos em um primeiro momento deslocados do movimento de capital global. Neste sentido, descobrir que o “outro” pode estar muitas vezes mais próximo do que se imagina. Isto se refere de fato a Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 13 conhecer o “outro” e não apenas sujeitá-lo a confirmar estereótipos pré-concebidos. Compreender mais que exotismos, as sutilidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acreditamos ter defendido que o turismo étnico indígena pode ser muito mais do que uma coleção de excentricidades, pode ser parte de um turismo cultural de povos contemporâneos. Diferentes sim, mas mais que justapostos a outros, interagindo com eles. Um produto mais complexo, com história e memória. Uma história que faz parte dos recursos patrimoniais destes povos e deve ser sujeitada ao uso de acordo com a vontade deles, mas que com certeza fazem do turismo mais que um campo de espetacularidades. Permitem que o turismo se torne um local de discussão e um dos poucos lugares onde estes povos podem ter uma voz que divulgue sua questão política. A história pode se tornar a cola que junta os pedacinhos das similaridades e diferenças, dando um amplo espectro de informações capazes de tornar este tipo de produto mais diferenciado, mais real, mais completo e mais humano. Um produto coerente com a realidade, ainda que frustrando as expectativas preconcebidas, possa agregar e tenha uma importância real na vida daqueles que entram em contato com ele. É importante que nós, profissionais do turismo, tenhamos em mente que não estamos imunes a estes estereótipos distorcidos da realidade. O que queremos aqui é elucidar algumas barreiras que tragicamente nos distancia do potencial cultural indígena, bem como pode distanciar os turistas de uma experiência mais plena. No turismo étnico indígena, podemos transformar nostalgia em conhecimento que se reflete em vida melhor para os outros. Menos preconceitos e mais compreensão. Transformar idéias românticas ou obsoletas em convivência real e experiência diferenciada. Oferecer um pouco da experiência antropológica, democratizando este conhecimento. Para isso temos que levar em consideração que os antropólogos também têm seus pré-conceitos. Ainda assim, é importante notar que a história pode ser um recurso e talvez o elo entre a antropologia e o turismo. Flávia Lac. Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 14 Neste sentido, as modificações que a comoditização ou transformação da cultura em produto pode deixar de ser algo a ser escondido por detrás dos bastidores e que não se deseje ser revelado, para ser parte integrante e até atrativo na confecção do produto final. REFERÊNCIAS ASHWORTH, G. The uses of heritage: The Past as a Political Resource. In: Tunbridge, J.E.; Ashworth, G. (org). 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Graduada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001), especialista em Turismo Rural pela Leader Ulixes (2001). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (2005). Possui experiência nas áreas de turismo e antropologia. Tem atuado no meio acadêmico nos seguintes temas: etnia kaingang, turismo rural, turismo étnico, fronteira cultural e invisibilidade. [email protected] 15 SANTANA TALAVERA, A. Turismo cultural, culturas turísticas. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 19, p.31-58, out. 2003. ___________. Patrimônio cultural y turismo reflexiones y dudas de um anfrition. Revista Ciência y Mar, 1998. URRY, J. O olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. Trad. Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Studio Nobel, 1996. 231p. VAN DEN BERGUE, P.; KEYES, C. Introduction: Tourism and Re-Created Ethnicity. Annals of Tourism Resaerch, n.11, p.343-352, 1984. WANG, N. 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