GIORGE LUIZ RIBEIRO KELIAN RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS URINÁRIOS DA 6-SULFATOXIMELATONINA E OS ASPECTOS CLÍNICOS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Medicina Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Prof. Dr. Charles Peter Tilbery Co-Orientador: Prof. Dr. Mario Fernando Pietro Peres São Paulo 2006 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Kelian, Giorge Luiz Ribeiro Relação entre os níveis urinários da 6-sulfatoximelatonina e os aspectos clínicos da esclerose múltipla./ Giorge Luiz Ribeiro Kelian. São Paulo, 2006. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de pós-graduação em Medicina. Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Charles Peter Tilbery Co-Orientador: Mario Fernando Pietro Peres 1. Metalonina/urina 2. Esclerose múltipla BC-FCMSCSP/83-2006 3 Aos pacientes, pela oportunidade de poder ampliar meus conhecimentos através de seu sofrimento, minha profunda gratidão e respeito. Aos meus pais, que me deram à vida e os ensinamentos éticos e morais; fonte de inspiração para caminhar, o meu profundo amor, admiração e respeito. À minha esposa, Andréa e à minha filha, Giulia, pelo incentivo, paciência e renúncia, todo meu carinho e amor. Ao meu Tio Jose Ivan estudioso, dedicado e conhecedor da neurologia, me ensinou os primeiros passos da especialidade, minha eterna admiração e gratidão. 4 À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pela oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos médicos junto ao corpo docente. Ao Doutor Antonio Yoiti Sakotani, meu primeiro mestre e incentivador responsável pela escolha da neurologia como doutrina, minha eterna admiração e respeito. Ao Professor Doutor Charles Peter Tilbery, orientador dedicado, amigo e profundo conhecedor da neurologia, disponibilizou seus conhecimentos fazendo-os instrumento para que eu pudesse concluir meu aperfeiçoamento maior dentro da especialidade, uma referência a ser seguida, minha eterna gratidão. Ao Professor Doutor Mario Fernando Prieto Peres, pela dedicação, apoio e oportunidade de compartilhar de seus conhecimentos, indispensáveis para a conclusão deste estudo. Aos amigos do setor de Neurologia da Santa Casa de Mogi de Cruzes, Doutores Mario de Oliveira Mattosinho, Antonio Taveira, Doutoras. Vânia Cristina G. Fidalgo, Marli C. Oliveira e Alécia C. Araújo, pelo apoio e colaboração durante minha ausência nas atividades médicas. Aos membros da equipe de Neurologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em especial do Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose Múltipla (CATEM), pela carinhosa acolhida e privilégio de ter participado de uma equipe de alto padrão científico. Aos funcionários da Santa Casa de Mogi das Cruzes que participaram da elaboração do grupo controle e da coleta de material, indispensável na realização deste estudo. Às funcionárias da Secretaria da Pós-Graduação, em especial as Sras. Rita de Cássia Santos Oliveira e Celina Casagrande Federico, pela dedicação, paciência e compreensão, colaborando decisivamente para no meu desempenho didático. Ao Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP) do Hospital Albert Einstein pelo crédito à pesquisa e apoio científico–laboratorial fundamental para a conclusão deste estudo clínico. À FUNDAÇÃO CAPES pelo incentivo a pesquisa clínica, propiciando multiplicação de conhecimentos para o entendimento dos mecanismos da doença. 5 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 01 1.1. Epidemiologia............................................................................................. 02 1.2. Quadro clínico............................................................................................ 03 1.3. Formas clínicas.......................................................................................... 06 1.3.1. Forma remitente-recorrente............................................................... 06 1.3.2. Forma secundária-progressiva.......................................................... 06 1.3.3. Forma primária-progressiva............................................................... 07 1.4. Imunologia.................................................................................................. 07 1.5. Genética..................................................................................................... 08 1.6. Melatonina.................................................................................................. 09 1.7. Melatonina e a esclerose múltipla.............................................................. 15 2. OBJETIVOS....................................................................................................... 16 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS............................................................................... 18 3.1. Pacientes................................................................................................... 19 3.1.1. Critérios de inclusão.......................................................................... 19 3.1.2. Critérios de exclusão......................................................................... 19 3.2. Grupo controle............................................................................................ 20 3.2.1. Critérios de inclusão.......................................................................... 20 3.2.2. Critérios de exclusão......................................................................... 20 3.3. Pesquisa de melatonina............................................................................. 20 4. RESULTADOS................................................................................................... 23 4.1. Grupo de pacientes.................................................................................... 24 4.2. Grupo controle............................................................................................ 26 4.3. Análise Estatística...................................................................................... 28 5. DISCUSSÃO....................................................................................................... 31 6. CONCLUSÕES................................................................................................... 36 7. ANEXOS............................................................................................................. 38 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 47 RESUMO............................................................................................................. 57 ABSTRACT......................................................................................................... 60 APÊNDICE.......................................................................................................... 62 1 1. INTRODUÇÃO 2 A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória desmielinizante do sistema nervoso central (SNC) caracterizada por déficit neurológico de intensidade variável e recorrente(1). Clinicamente se manifesta por sinais e sintomas neurológicos repetitivos conforme topografia da lesão, caracterizando a disseminação no espaço. A evolução da doença é variável, em geral evolutiva, decorrente do dano axonal provocado pelo acúmulo sucessivo de lesões na substância branca(2), demonstrando a disseminação das lesões no tempo. As manifestações neurológicas ocorrem mais frequentemente entre 20 e 40 anos de idade(3), afetando mais as mulheres(1,3). No Brasil, Tilbery et al(4) encontraram 3,1 mulheres para cada homem, Callegaro et al(5) 1,6:1 e Lana et al(6) 2,3:1. A EM é uma doença conhecida desde o século XIX, sendo Jean Martin Charcot o primeiro autor a descrevê-la em 1868, demonstrando suas manifestações clínicas(7). É conhecido que Robert Carswell e Jean Cruveilhier já haviam descrito em suas necropsias lesões em placa alguns anos antes(8). 1.1. Epidemiologia O estudo epidemiológico dos pacientes com EM tem demonstrado uma população de risco. Charles Davenport (1922)(9) realizou o primeiro estudo epidemiológico da EM descrevendo uma alta prevalência dos descendentes de escandinavos e finlandeses quando comparados com outros grupos étnicos. Áreas geográficas com alta prevalência da doença (200/100.000 habitantes) são encontradas em regiões distantes da linha do Equador (paralelos 44º e 64º N), provavelmente devido a uma herança genética da população residente nestas localidades(10). Por outro lado, Poser(11) descreveu uma grande variação da prevalência da EM comparando indivíduos vivendo na mesma latitude. Ulett, em 1946(13), confirmou os achados de Davenport sobre a alta prevalência da EM nas elevadas latitudes norte e acrescentou em seus relatos o predomínio da doença nos países de clima temperado. Os estudos nas populações migrantes de áreas de prevalência e incidência variáveis sugerem um fator ambiental envolvido na doença. A migração de indivíduos moradores em áreas de alta prevalência para áreas de baixa prevalência da doença apresentou comportamentos distintos. Se a migração ocorresse antes da puberdade, o indivíduo teria a mesma chance de desenvolver a doença da região para a qual se transferiu, por outro lado se migrasse após a 3 puberdade manteria consigo a mesma prevalência e incidência da região de origem. Na África do Sul, Dean et al, em 1967(12,14), demonstraram tal fato e determinaram uma idade limite de 15 anos para que houvesse uma mudança na prevalência e na incidência dos migrantes. Destes fatos, conclui–se que possivelmente exista um fator regional (partícula infecciosa ou antigênica) responsável pela manifestação da doença, em indivíduos com exposição ambiental prolongada. Um estudo de Kurtzke(15), nas Ilhas Faroe em 1970, investigou a causa de uma epidemia de EM ocorrida entre 1944 a 1949. Ele acreditava em um possível agente infeccioso. Antes de 1943 não havia descrição da doença naquela região. Na ocasião, houve ocupação das tropas inglesas durante a Segunda Guerra Mundial. Kurtzke acreditava em um fator ambiental e/ou infeccioso e desmerecia os fatores genéticos. Os estudos de prevalência no Brasil basearam-se na pesquisa do DNA nas diversas regiões do país(16). A população brasileira é heterogênica e oriunda de ameríndios, africanos e europeus, não existindo um padrão racial diferentemente do que ocorre nos países Europeus. O projeto Atlântico Sul, o primeiro estudo multicêntrico realizado no Brasil, demonstrou que a EM é mais freqüente nas regiões sul e sudeste em relação ao norte(18). Na cidade de São Paulo, Callegaro et al(5) descreveram uma prevalência de 15/100.000 habitantes no ano de 2001. 1.2. Quadro clínico A EM apresenta sinais e sintomas variados decorrentes da topografia da lesão na substância branca, que tem predomínio pelas regiões periventricular, periaquedutal, nervo óptico e medula espinhal. A doença pode iniciar com manifestação clínica isolada (monossintomática) ou associada (polissintomática)(1,2). Sintomas sensitivos, sinais motores, fadiga ou neurite óptica isolada podem ocorrer no início da doença. Geralmente a EM evolui com episódios neurológicos deficitários com remissão espontânea, principalmente no início da doença e intercalado por um período de tempo variável sem queixas clínicas. A recorrência em surtos polissintomáticos é a forma clínica mais freqüente(3) sendo denominada recorrenteremitente (EM-RR). O surto é caracterizado por manifestação neurológica aguda objetiva ou subjetiva (anamnética) ou mesmo pela piora de um sinal ou sintoma previamente existente, com duração superior a 24 horas e na ausência de distúrbio infeccioso e/ou metabólico(17). Kurtzke et al(15) encontraram sintomas motores 4 presentes em 54%, 42% no tronco cerebral e 43% com alterações sensitivas como manifestação inicial da EM. Bauer et al(2) demonstraram alterações piramidais em 43%, sintomas sensitivos em 41% e ópticos em 36% dos pacientes no início da doença. Os estudos comparativos brasileiros mostraram resultados semelhantes. Sintomas motores iniciais foram encontrados em 47% dos pacientes, sintomas no tronco e cerebelo em 32%; ópticos em 27% e sensitivos em 27%(19,20). Os distúrbios motores ocorrem em 80% dos pacientes no decurso da doença e nas formas progressivas (secundária progressiva – EM SP) a paraparesia incide em quase 100% dos pacientes(1,2). O comprometimento medular instala-se de forma subaguda diferenciando-se dos quadros vasculares que tem manifestação súbita. Pacientes que apresentam distúrbios sensitivos isolados no início da doença podem causar dificuldade no diagnóstico. Neste caso é importante a pesquisa de sinais objetivos para diferenciar das doenças psiquiátricas(1,2,3). São manifestações sensitivas comuns a dormência, o aperto, a sensação de frio e calor, diminuição da sensibilidade tátil e disestesias(2,20). As alterações cerebelares tais como ataxia de marcha, dismetria, disdiadococinesia e tremor cinético são manifestações pouco freqüentes no início da doença, e são mais evidentes na forma EM-SP e associadas à paraparesia(3,20). Nas fases mais avançadas pode ocorrer disartria, fala escandida e explosiva. Distúrbios oculomotores como a diplopia para a visão binocular podem ocorrer em 5 a 43% dos casos, sendo mais freqüente esta manifestação como apresentação de surto inicial(3,20). O comprometimento isolado de um nervo oculomotor ocorre em 3% dos casos de EM, sendo o III nervo craniano o mais acometido(2,30). É muito mais freqüente o acometimento dos movimentos oculares conjugados, pela lesão do fascículo longitudinal medial produzindo a oftalmoplegia internuclear(2,3) O nistagmo associado a alterações cerebelares ocorre em 65% dos casos(2,20). A neurite óptica (NO) desmielinizante ou idiopática é a causa mais freqüente de perda da visão no adulto jovem causada pela EM. A sua ocorrência não deve ser acompanhada de doença sistêmica. Ela pode aparecer isoladamente (síndrome clínica isolada) em torno de 23% dos pacientes ou durante o decurso da EM(21,22). É 5 um os sintomas mais freqüentes da doença manifestando-se por dor ocular seguida de perda visual de intensidade variável. É mais comum o comprometimento unilateral da visão (70% dos casos)(21,22). Os fatores de risco para conversão da neurite óptica (NO) em EM são idade jovem, sexo feminino, presença de antígenos de histocompatibilidade HLA-DR-DQ haplotipo Dw2 em caucasianos, ocorrência de neurite bilateral ou recorrente, presença de lesões cerebrais na ressonância nuclear magnética (RNM) e bandas oligoclonais no líquido cefalorraqueano (LCR). A taxa de conversão no Brasil foi de 13,9% para mulheres e 7,7 para os homens após período de 4,9 anos(21,22). Nos estados Unidos e Inglaterra a taxa de conversão em 15 anos é de 74% para os homens e 34% para as mulheres(23). A disfunção vesical isolada é uma alteração freqüente durante a evolução da doença e complicada por infecção do trato urinário de repetição, que pode piorar a espasticidade nos membros inferiores(24). Ela pode manifestar-se pela urgência miccional, retenção vesical com ou sem necessidade de cateterização ou incontinência urinária. A fadiga, definida pela sensação subjetiva da perda da energia física e/ou mental, é percebida pelo paciente ou por familiares e interfere em suas atividades diárias (fadiga primária da EM). Várias outras patologias podem ter a fadiga tais como neoplasia, processos inflamatórios ou infecciosos, doenças auto-imunes e também acometer indivíduos sadios. A fadiga ocorre em 75% dos pacientes com EM, sendo um dos sintomas mais incapacitantes(25,26). Sua intensidade é variável sendo pior no final da tarde e nas temperaturas elevadas(25,26). Estudos Brasileiros demonstraram a fadiga em 67,4% dos pacientes na forma remitente recorrente da doença(27). Outras manifestações como espasmos tônicos em membros e/ou tronco, nevralgia do trigêmio, sintomas paroxísticos sensitivos ou dolorosos, sinal de Lhermitte (sensação de choque à flexão da coluna cervical) e sintomas psiquiátricos como distúrbio de humor, depressão e ansiedade(31,32,33), também podem acompanhar esta síndrome clínica. 6 1.3. Formas clínicas A EM é caracterizada por apresentar três formas clínicas distintas. 1.3.1. Forma remitente-recorrente A forma remitente–recorrente (EM-RR) é a mais freqüente das formas clínicas. Nas séries de Berurdi et al(28), Lauer et al(4) e Tilbery et al(4,28) foram descritas respectivamente em 53,7%, 44,6% e 82% dos casos. Os pacientes evoluem com surtos e remissões variáveis no tempo e na intensidade. As manifestações neurológicas tendem a remitir principalmente no início da doença. Com a evolução da doença e repetição dos surtos aumentam as chances de seqüela neurológica. 1.3.2. Forma secundária-progressiva A forma secundária progressiva (SP) caracteriza-se por início da doença com surtos e remissões e após período variável, ao redor de cinco a dez anos, os pacientes apresentavam piora progressiva das manifestações neurológicas(29). Outro critério utilizado para progressão é o aumento de um ponto na escala de incapacidade – EDSS (Expanded Disability Status Scale), evidenciados por dois exames neurológicos distintos e separados por período mínimo de seis meses(34). No nosso meio Tilbery et al encontraram 13,6% dos pacientes na forma SP e Callegaro et al 4,2% dos casos(20). A escala de incapacidade expandida (EDSS) proposta por Kurtzke (1983)(30) é uma escala que afere a incapacidade funcional dos pacientes com EM. Ela apresenta pontuações que variam de zero a dez (Anexo 1). Quanto maior o escore do paciente maior será sua incapacidade. O exame neurológico fornecerá dados sobre os sistemas funcionais necessários para o preenchimento e pontuação da escala de incapacidade (sistema funcional piramidal, cerebelar, sensitivo, tronco cerebral, esfincteriano vesical e intestinal, visual, mental e outros). 7 1.3.3. Forma primária-progressiva A forma primária progressiva (PP) é caracterizada pela piora lenta e progressiva dos sinais e sintomas neurológicos desde o início da doença. Não há surtos ou remissões. É a forma menos freqüente(20) acometendo indivíduos na faixa etária dos 40 anos(3,20). Os exames de imagem (RNM) demonstram um predomínio das lesões desmielinizantes na medula espinhal e conseqüente rápida progressão do EDSS(29). Nesta forma clínica Tilbery et al(4) encontraram 13,6%, e Arruda et al(35) 8% dos casos. 1.4. Imunologia Apesar da etiologia da EM ainda permanecer desconhecida, acredita-se que para um indivíduo desenvolver a doença seja necessário à associação de fatores genéticos e ambientais. A hipótese de agentes infecciosos, representados principalmente pelos vírus, serem causadores da EM tem sido mencionada desde o início do século passado por Bullock (1913). Foram identificados no líquor de pacientes com EM o vírus do sarampo, HTLV-1, Herpes simples tipo 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), Herpes zoster (HVZ), Epstein-barr (EBV), Herpes vírus tipo 6 (HHV-6)(36). Estes estudos foram realizados através de técnicas como PCR e pesquisa de anticorpos virais no líquor, porém os resultados não foram conclusivos. Algumas seqüências de peptídeos encontradas nos vírus EBV, HHV-6 e influenza tipo A parecem assemelhar-se à proteína básica da mielina, que poderia provocar a ativação das células T(13). Existem fortes evidências que um mecanismo auto-imune esteja envolvido na etiologia da EM. Estas evidências apontam para uma doença predominantemente imunológica e mediada pelas células T com destruição da bainha de mielina em indivíduos com predisposição genética(37,38). Isto pode ser comprovado a partir de estudos com animais realizados inicialmente por Rivers e Schwentker (1935)(7,12) através da inoculação de tecido neural em macacos, que produziu a Encefalite Alérgica Experimental (EAE) que se assemelha à EM. A rede de citoquinas tem sido intensamente estudada na EAE e em humanos na EM, incluindo interações neuroimunoendocrinas nas doenças inflamatórias(43). A similaridade entre EM e a EAE tem sido utilizada como modelo para estudo dos mecanismos de resistência da EM. Alguns animais de laboratório são resistentes a 8 desenvolver a EAE induzida e não são considerados imunodeficientes, demonstrando uma resistência natural em desenvolver a doença(43). Outras evidências imunológicas foram encontradas por Karchwer et al (1957)(7) que demonstraram a elevação da gamaglobulina no LCR de pacientes com EM através da técnica da eletroforese de proteínas. No Brasil, dois estudos de Tilbery et al, em 1984(39), e outro em 1994(40) demonstram respectivamente queda do valor relativo dos linfócitos T supressores e aumento dos receptores solúveis de interleucina-2 (IL2) no sangue periférico de 50% dos pacientes com EM em surto. É provável que existam indivíduos susceptíveis geneticamente à doença e a associação a fatores exógenos possa desencadeá-la(41,42,49). As citoquinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF- α), interferon gama (IFN- γ) e interleucina – 2 (IL-2) são secretadas pela ativação das células T auxiliadoras (Th) tipo CD4+ e fenótipo Th1, que atua citotoxicamente no oligodendrócito(43,44,45,46). Pacientes com EM apresentam elevação na produção celular de TNF-α durante o surto(45,46), A incapacidade física também foi correlacionada com a elevação de TNF-α no líquor(45,46). O efeito anti-inflamatório é atribuído a citoquinas secretadas pelas células do tipo Th2, incluindo interleucina (IL) 4 e 10(43). Na EM ocorre um desequilíbrio na complexa rede de citoquinas (43) neuroendócrina, como nos níveis de melatonina e também na regulação . Atualmente o marcador humoral mais sensível para o diagnóstico de EM é a pesquisa das bandas oligoclonais no líquor, através da focalização isoelétrica presentes em até 95% dos pacientes com EM(48). Nas lesões ativas de pacientes com EM ocorre infiltração de células T e macrófagos na substância branca. Há evidências da participação de mediadores na resposta imune ou inflamatória na patogênese da desmielinização(38,51,52). 1.5. Genética A EM não apresenta um padrão de hereditariedade conforme os estudos epidemiológicos, porém é fato que exista uma predisposição genética acometendo indivíduos caucasianos do norte da Europa(41,42) e protegendo os negros africanos, que apresentam uma baixa prevalência da doença(11). A colaboração genética na fisiopatogenia da EM, uma doença de etiologia multifatorial, pode ser estudada em gêmeos. Sadonik et al(50) demonstraram que pacientes gêmeos monozigóticos apresentaram concordância de 30,8% e dizigóticos do mesmo sexo concordância 9 entre 2,4% a 4,7%. Estes dados sugerem uma susceptibilidade genética para a EM e que provavelmente exista um grande número de genes não identificados fazendo parte da etiopatogenia da doença. Eles atuariam influenciando a resposta imune ou codificariam proteínas estruturais da mielina(38,41,42). A primeira correlação entre antígeno leucocitário de histocompatibilidade humana (HLA) e a EM foi proposta por Jersild et al (1972)(53). Este fato reforçou a colaboração genética para a doença. A não identificação de um componente HLA específico para desencadear a EM, sugere que a susceptibilidade para a doença é encontrada em diversos genes codificados dentro e fora do sistema HLA. A EM é uma doença poligênica e multifatorial. O estudo multicêntrico denominado de GAMES (Genetic Analisys of Multiple Sclerosis in Europeans) foi proposto com o objetivo de avaliar a participação de vários “loci” envolvidos na susceptibilidade da EM. Os resultados demonstram associação positiva em regiões cromossômicas 1p, 5q, 6p, 11p, 17q e 19q e especialmente no complexo de histocompatibilidade HLA-DR2 formados pelos alelos HLA-DRB1*1501-DQB1*0602-DQA1* 0102(54). No Brasil são escassos os estudos de perfil HLA. Um estudo realizado por AlvesLeon(55) e Caballero et al(56) com pacientes afro-descendentes e portadores de EM, não encontrou associação do haplotipo DR2 neste grupo étnico. A associação positiva encontrada foi com alelos HLA-DQB1*0602. 1.6. Melatonina As mudanças comportamentais que ocorrem de acordo com o ritmo de 24 horas é uma das características mais proeminentes dos seres vivos. O sistema nervoso, tanto em organismos simples quanto complexos, se desenvolveu ao longo dos milênios para atender às demandas de variações tempo dependentes relacionadas ao ciclo claro-escuro. Diversas biológicos doenças (94,98,104) . As neurológicas doenças do sofrem ritmo influência biológico são clínica dos ritmos denominadas de dissincronoses e podem estar relacionadas a fatores externos e ambientais, tais como a síndrome dos trabalhadores de turno trocado, “jet lag” (deslocamento rápido de fuso horário) e má adaptação das mudanças de horário (horário de verão). Os fatores endógenos incluem doenças como a síndrome do atraso e avanço da fase 10 de sono, os distúrbios de ritmos em cegos e a síndrome de Smith-Magenis. Outras doenças como a depressão sazonal, depressão bipolar, esclerose múltipla, síndrome pré-menstrual, enxaqueca e cefaléia em salvas apresentam marcado componente cronobiológico, com uma variação nítida de seus sinais e sintomas de acordo com ritmos circadianos ou circanuais(57). Doenças que se comportam de maneira cíclica, com algum componente tempo-dependente podem, potencialmente, estar relacionada à secreção de melatonina. A secreção de Melatonina (MEL) diminui com a idade, e uma série de eventos ligados ao envelhecimento pode estar relacionada a este fato. Outros aspectos importantes incluem o seu efeito oncostático, sua interação com o sistema imune e gonadotrófico, seu potente efeito antioxidante, sua modulação do sistema dopaminérgico e seratoninérgico, sua potencialização da analgesia opióide e neurotrasmissor de GABA, sua implicação na produção do óxido nítrico e controle neurovascular(58). A glândula pineal, um órgão de 8 mm localizado na linha média e logo abaixo do esplênio do corpo caloso(59), foi primeiramente descrita por Herophilus de Alexandria em 330 a.C. e recebendo a denominação “Konareion” devido a sua estrutura em formato de cone de pinha. A glândula pineal dos mamíferos tem a função de transformar impulsos nervosos em hormônio(60), a MEL (do grego, melas: escuro e tonos: trabalho) uma indoleamina, isolada por Lerner et al (1958)(61) e produzida somente durante a ausência da luz; a sua presença exerce efeito inverso, inibindo sua secreção(62). A melatonina (MEL) produzida pela glândula pineal tem papel fundamental no mecanismo adaptativo entre o organismo e o meio ambiente. Sua deficiência pode estar envolvida em processos patológicos, incluindo as doenças neurológicas. A melatonina funciona como um transdutor neuroendócrino, transformando às informações referentes ao ciclo dia e noite em sinais bioquímicos que modulam a organização tempo-dependente de funções neuroendócrinas e comportamentais(63). A retina recebe a informação fotosensória pelas células ganglionares e a transmite através do quiasma óptico, compondo o trato retino-hipotalâmico, que chega até os núcleos supraquiasmático e paraventriculares. Daí atinge a porção 11 superior da medula espinhal, através do fascículo prosencefálico medial, fazendo sinapses na coluna intermediolateral e atingindo o gânglio cervical superior pelas fibras simpáticas pré ganglionares. Finalmente as fibras simpáticas adrenérgicas chegam à pineal através do nervo conário. Seu suprimento arterial é dado pelas artérias coroidais(59,64). Este órgão faz parte da via final do sistema visual. Histologicamente distinguem-se dois tipos celulares na glândula pineal de um mamífero adulto: células parenquimais (pinealócito) e as células intersticiais ou de sustentação. Os pinealócitos constituem 90% das células que compõem a pineal e somados a estes, fibroblastos, mastócitos, células pigmentares, células sanguíneas e, ocasionalmente células nervosas(65). Em sua estrutura observam-se células especializadas na função secretória, incluindo vesículas claras, granulares e de núcleo denso(66). Em alguns animais, a MEL é produzida na retina e na pineal, mas nos seres humanos a produção principal é na pineal, já que indivíduos pinealectomizados não apresentam níveis detectáveis de MEL circulante(65,67) A síntese de MEL depende de condições ambientais de luz(68,69), sendo estimulada por fibras simpáticas pós-ganglionares provenientes do gânglio cervical superior, cuja atividade está sincronizada com a fase escura do ciclo dia/noite. O aminoácido triptofano precursor da MEL é capturado da corrente sanguínea pelo pinealócito e hidroxilado, formará o 5-hidroxitriptano que sofre ação da descarboxilase transformando-se em 5-hidroxitriptamina (serotonina). A serotonina é acetilada pela N acetiltransferase (NAT) e em seguida metilada pela 5-metoxindol O metiltransferase (HIOMT) e transformando-se na 5-metoxi N acetiltriptamina ou melatonina (Fig. 1). A serotonina apresenta uma alta concentração diurna na pineal e queda rápida no início da noite, obedecendo a uma variação circadiana típica, e coincidindo com aumento na síntese de MEL(70,71). A ativação da NAT aumenta em quase 300 vezes numa proporção aproximadamente duas vezes a cada 15 minutos, levando a produção de MEL a um ponto máximo em três a quatro horas após a mudança claroescuro do ciclo de iluminação ambiental. Quando a neurotransmissão simpática cessa, a atividade da NAT cai, com uma meia-vida de três minutos(72). A NAT é uma 12 enzima limitante da biossíntese de MEL. A HIOMT, enzima seguinte na cadeia, mantém sua atividade constante durante todo o dia(73) e sua regulação ocorrerá em longo prazo, dependendo da idade(74), da fotoestimulação ao longo dos dias seguidos e, principalmente, de hormônios secretados no organismo(75,76,77,78). Outras substâncias modulam a biossíntese de MEL, tais como o neuropeptídeo Y, peptídeo intestinal vasoativo, acetilcolina, dopamina, ácido gama amino-butílico (GABA), prostaglandina, ATP, peptídeo delta indutor do sono, petridinas e outros(79). Em cegos, podem-se observar, em alguns casos, ritmos anormais de MEL como o livre curso ou a secreção durante o dia(80,81). Figura 1: Síntese de melatonina. (Quay WD et al. The pineal gland. Filadelphia: CRC Press; 1981. p. 173-8). A MEL é rapidamente liberada na circulação devido a sua alta (82) . Sua lipossolubilidade, é carreada ligada a proteínas, principalmente a albumina meia-vida é de 46 minutos (65) . A MEL é encontrada em diversos tecidos como 13 sangue, líquor, linfa, urina, saliva, glândula pineal, líquido amniótico, retina e nervo ciático(83,84). Após metabolização hepática a MEL transforma-se nas 6-sulfatoximelatonina (6-SM) e excretada na urina(82). O perfil urinário da MEL e da 6-SM acompanha fielmente o perfil da MEL plasmática(120). Vários estudos mostram um claro ritmo circadiano com valores de pico na fase escura, tanto para homens como para mulheres(85). Este perfil secretório rítmico da MEL ocorre tanto no sangue como na urina, com altos valores noturnos e baixos diurnos(86). O estudo da MEL pela dosagem urinária tem a grande vantagem de não ser um método invasivo. Existe uma correlação já estabelecida entre os níveis de melatonina plasmáticos noturnos e a dosagem de 6-sulfatoximelatonina urinária noturna (Fig. 2). Figura 2: Curvas de melatonina e seus metabólitos em diversos sítios. (Bojkowski CJ et al., Clin Chem 1987; 33:343-8.) Os efeitos da MEL influenciam o sono(86,95,100), sistema reprodutor, crescimento, envelhecimento(58,96,105,106,107,108), sistema imunológico, analgesia e câncer(87,88,93,102,109,110); assim como esta relacionada às doenças neurológicas 14 (epilepsia, Parkinson, esclerose lateral amiotrófica e enxaqueca)(94,97,98,99,103,104,105) e distúrbios psiquiátricos e estresse(101-111). É fato que a MEL exerce efeito sobre o sistema imunológico. Ela aumenta a produção de interferon gama e interleucina-2 pelos linfócitos e exibe efeito estimulatório nas (87,88,89,90) autoimune células Th–1, um importante fator no descontrole . Também exerce efeito antagonista sobre os imunossupressores corticosteróides(91), uma função determinante na doença imunológica e desmielinizante. Um estudo recente demonstrou a relação entre a MEL e a produção de IL-12 e oxido reumatóide(112,113). nítrico pelos macrófagos, em pacientes com artrite A calcificação da glândula pineal pode estar relacionado à hipermelatoninemia, uma característica freqüente da EM(92). A MEL influencia a periodicidade da resposta imune e utilizada atualmente como terapia coadjuvante no tratamento do câncer(93). Existe uma correlação inversa entre a melatonina e a pigmentação da pele. A exposição solar é um forte indutor da produção da pigmentação da pele, denominado melanina e também um potente supressor da secreção da melatonina. Geograficamente, regiões de alta latitude apresentam menor exposição à luz solar, e nestas localizações, a prevalência da EM é maior(9). É fato também, que a doença seja rara nos negros africanos(11), que apresentam alta concentração de melanina na pele. É possível que indivíduos com mais melanina decorrente de carga genética e/ou conseqüente à reação adaptativa à exposição solar, tenham influência na desmielinação autoimune(43). A melanina tem a função de absorver a radiação ultra-violeta protegendo a pele do efeito oxidativo danoso às células. Os radicais livres têm sido implicados na patogênese da EAE e da EM(114,115). Os fatores neurohormonais que controlam a produção de melanina exercem efeito significativo no sistema imune e na ativação linfocitária, influenciando a melanogênese e, facilitando ou dificultando a desmielinização(43). O hormônio estimulador do melanócito (MSH) tem relação com a estimulação da pigmentação da pele. Ele possui efeito estimulatório sobre a inativação dos linfócitos(116,117). O MSH também exerce efeito sobre a interleucina 1 (IL-1) um ativador das células T implicado na etiopatogenia da EAE e da EM(118). 15 1.7. Melatonina e a esclerose múltipla Não há uma relação nitidamente estabelecida entre a melatonina e a esclerose múltipla. É fato que a MEL exerce um efeito imunológico sobre a rede de citoquinas(43,44) e que a EM seja uma doença imunomediada(37,39). Também é possível relacionar à prevalência aumentada da doença nas elevadas latitudes(9,11), onde a secreção da MEL deve variar mais intensamente ao longo do ano, em decorrência da intensidade luminosa destas regiões. 16 2. OBJETIVOS 17 1º) Analisar os níveis de 6-sulfatoximelatonina em pacientes portadores de esclerose múltipla e compará-los com o grupo controle. 2º) Verificar a relação entre os níveis de 6-sulfatoximelatonina e o surto da doença. 3º) Avaliar a correlação entre os níveis de 6-sulfatoximelatonina e os aspectos clínicos da EM através do comprometimento dos sistemas funcionais. 18 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS 19 3.1. Pacientes Foram selecionados 43 pacientes portadores de EM conforme os critérios diagnósticos de McDonald(17), provenientes do ambulatório do Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose Múltipla do Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (CATEM), Hospital Albert Einstein, Hospital Luzia Pinho de Melo/UNIFESP e da clínica privada. 3.1.1. Critérios de inclusão - idade entre 18 a 59 anos; - ambos os sexos e qualquer raça; - formas clínicas: RR e SP; - uso ou não de imunossupressores, medicamentos imunomoduladores, antidepressivos, anticonvulsivantes, corticóides, relaxantes musculares ou ansiolíticos; - não havia restrição quanto ao escore da escala de incapacidade (EDSS); - em surto (comprometimento das funções neurológicas até 30 dias do início dos sinais e sintomas) ou remissão clínica; - assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. 3.1.2. Critérios de exclusão - quadro clínico não definido; - dificuldade de compreensão do protocolo; - não assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; - necessidade de cateterização para coleta urinária; - uso ou abuso de droga e álcool; 20 - disfunção hepática, renal, tireoidiana e hematológica evidenciadas pelo exame clinico e laboratorial (hemograma, transaminases, creatinina e T4L e TSH). 3.2. Grupo controle O grupo controle foi formado a partir de colaboradores e familiares de pacientes selecionados de modo que possibilitasse o pareamento por sexo e idade com o grupo de pacientes. 3.2.1. Critérios de inclusão - idade variando 18 a 60 anos; - ambos os sexos; - assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. 3.2.2. Critérios de exclusão - uso ou abuso de álcool ou drogas; - portadores de disfunção neurológica (epilepsia, Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, insônia e enxaqueca), hepática, renal, tireoidiana, distúrbios psiquiátricos ou histórico de neoplasia, afastadas pela anamnese e exame físico; - não assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. 3.3. Pesquisa da melatonina A pesquisa da melatonina foi realizada através da dosagem urinária da 6-SM nos pacientes com diagnóstico de EM e no grupo controle. Os pacientes que decidiram participar voluntariamente do estudo e que preencheram os critérios de inclusão acima, receberam um frasco coletor de urina e foram orientados a coletar toda a diurese do período noturno, quando a secreção da melatonina atinge seu pico(82). A coleta era iniciada às 20h e seu término às 8h da manhã seguinte. Antes 21 do início da coleta, os pacientes deveriam esvaziar todo o conteúdo vesical. Esta etapa deveria ocorrer às 19h e preceder o início da coleta. Os pacientes não poderiam estar na vigência de infecção urinária (sintomas clínicos) e as mulheres não poderiam estar no período menstrual. Na manhã seguinte ao início da coleta a urina era entregue ao laboratório de análise clínica. O material era centrifugado na velocidade de 2000 rpm (rotações por minuto) por um período de 5 minutos, e na etapa seguinte pipetava-se 1000 microlitros do sobrenadante e este conteúdo era despejado em dois frascos de microlitro. Os microfrascos foram armazenados em ambiente refrigerado para posterior dosagem da 6–SM. Na data da entrega do frasco coletor de urina os pacientes eram entrevistados pelo pesquisador. Dados como idade, raça, sexo, forma clínica da doença (remitente–recorrente, secundariamente progressiva e primariamente progressiva), em surto ou em remissão, data do último surto, EDSS atual, eventual comprometimento dos sistemas funcionais (piramidal, sensitivo, cerebelar, tronco cerebral, mielite, distúrbio esfincteriano, sinal de Lhermite), medicações em uso (corticóides, imunomoduladores, imunossupressores, antidepressivos e outros). Estes dados foram anotados na ficha de identificação clínica (Anexo 2). A coleta urinária teve início em 03 de junho de 2005 e seu término em 21 de dezembro do mesmo ano. A determinação da MEL foi realizada pelo método ELISA que proporciona a determinação direta e quantitativa da 6-SM urinária em humanos(119,120). Foi utilizado o kit laboratorial da Buhlmann ® (6-Sulfatoximelatonina - ELISA / código: EK-M6S / lote: 0913.1/ exp: 30/11/2005). O armazenamento das amostras de urina e o seu processamento foi realizado no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP) do Hospital Albert Einsteim. O método ELISA 6-SM é baseado na imunoanálise competitivo que utiliza a técnica da captura de anticorpos. Um anticorpo policlonal específico de coelho recobre a placa de microtitulação. Durante três horas de incubação a 6-SM presente nas amostras de urina pré-diluídas (1:200), controles e nos calibradores competem com a 6-SM ligada à biotina por sítios de união de um anticorpo anti 6-SM de coelho altamente específico formando o complexo anticorpo 6-SM (ligado a biotina). Este complexo é capturado por um segundo anticorpo que recobre a placa de microtitulação. Após lavagem da placa adiciona-se um marcador 22 de enzima, a estreptavidina conjugada com peroxidase, o qual se une durante um segundo passo de incubação de 30 minutos ao complexo anticorpo 6-SM / biotina capturados nas selas de microtitulação. Depois se elimina o marcador de enzima através de uma segunda lavagem e adiciona-se o substrato de tetrametilbenzidina na placa de microtitulação. Após nova incubação de 30 minutos, ocorrerá a formação de um produto colorido em proporção inversa à quantidade de 6-SM presente originalmente na amostra. A tonalidade de cor azulada transforma-se em amarelada após adição de uma solução ácida de interrupção da reação. A dosagem da 6-SM será feita através da colorimetria medidas em 450nm e os valores expressos em absorbância e transformados em nanogramas por mililitro (ng/ml). 23 4. RESULTADOS 24 4.1. Grupo de pacientes O grupo de pacientes com EM foi composto por 43 indivíduos que foram selecionados aleatoriamente e que preencheram os critérios de inclusão, 27 deles eram do sexo feminino (62,89%) e 16 do sexo masculino (37,21%). Quanto à distribuição racial, 40 dos indivíduos eram brancos (93,02%) e três eram negros (6,98%). A idade dos participantes variou dos 18 aos 59 anos de idade (Anexo 3). As formas clínicas encontradas foram a remitente-recorrente (RR) em 35 pacientes (81,40%) e a secundariamente progressiva (SP) em oito pacientes (18,60%) e o EDSS variou do escore zero até sete (Tab. 1). Em relação aos aspectos clínicos, foi observado o acometimento do sistema piramidal em 34 pacientes (79,06%), sensitivo em 23 pacientes (53,48%), cerebelar em 12 pacientes (27,90%), tronco cerebral em 12 pacientes (27,90%), nervo óptico em quatro pacientes (9,30%), medula espinhal em dez pacientes (23,25%) e disfunção esfincteriana em dez pacientes (23,25%) (Tab. 1). Os resultados obtidos na coleta da 6-SM urinária variaram entre 4,60 a 120,25ng/ml (Tab. 1). Também foi observado que dos 43 participantes, três deles encontravam-se em surto no momento da coleta (amostras 9, 34 e 36) e durante o período de coleta urinária, seis pacientes que já haviam coletado a urina, apresentaram surto da doença, o que possibilitou repeti-la para posterior comparação (Tab. 2 e Fig. 3). Quanto ao uso de medicamentos, observamos que 16 pacientes utilizavam fluoxetina (37,21%), 16 pacientes (37,21%) faziam uso de interferon beta 1a e cinco pacientes (11,62%) de interferon beta 1b, nove pacientes (20,93%) utilizavam acetato de glatirâmer e um único paciente (2,32%) o metotrexate. 25 Tabela 1: Dosagens urinárias da 6-SM, escore do EDSS, formas clínicas e acometimento dos sistemas funcionais nos pacientes com EM. N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 EDSS 6,00 2,00 4,00 1,50 2,50 2,00 3,50 7,00 2,50 1,00 1,50 5,00 1,50 4,50 2,00 6,00 2,00 3,00 6,50 3,50 6,00 7,00 6,50 2,00 3,50 1,50 2,50 2,00 1,50 1,00 1,00 0,00 1,00 3,00 6,50 3,00 1,00 2,00 1,00 1,50 1,50 0,00 0,00 6-SM 4,60 9,04 18,27 10,76 26,33 26,46 11,61 37,22 23,58 7,51 18,19 7,04 39,05 53,30 16,28 49,10 53,30 7,10 50,90 33,48 25,95 19,73 22,41 30,71 56,81 65,31 70,87 120,25 23,69 92,76 29,27 104,60 13,43 68,20 35,30 64,68 33,81 45,11 16,28 22,61 55,73 67,87 110,81 FC SP RR SP RR RR RR RR SP SP RR RR RR RR SP RR SP RR RR SP RR RR SP RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR RR P + + + + + + + + + SE + + + + + C + TC + + + + + + + + + + + + + + + M + + DE + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + NO + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + N: número da amostra, EDSS: escore da escala de incapacidade, 6-SM: dosagens urinárias da 6sulfatoximelatonina em ng/ml, FC: forma clínica, RR: remitente-recorrente, SP: secundariamente-progressiva, +: acometimento correspondente do sistema funcional, P: piramidal, SE: sensitivo, C: cerebelar, TC: tronco cerebral, NO: neurite óptica, M: mielite e DE: distúrbio esfincteriano. 26 Tabela 2: Resultados obtidos nas dosagens urinárias da 6-SM nos nove pacientes em surto da doença: seis pacientes que recoletaram as amostras após surto (N = 4, 7, 11, 27, 40 e 43) e três pacientes que encontravam-se em surto no dia da coleta (N = 9, 34 e 36). N 4 7 9 11 27 34 36 40 43 6-SM pré 10,76 11,61 18,18 56,81 33,80 16,28 6-SM pós 105,61 26,20 23,58 33,48 95,47 104,60 68,20 92,75 20,60 N: número da amostra, 6-SM pré: dosagens urinárias da 6-sulfatoximelatonina antes do surto em ng/ml e 6-SM pós: dosagens urinárias da 6-SM após o surto em ng/ml. 120 100 80 60 40 20 0 pré surto em surto Figura 3: Representação comparativa dos seis pacientes que apresentaram surto e recoletaram as amostras de urina (ng/ml) 4.2. Grupo controle O grupo controle era composto por 43 voluntários com a mesma distribuição por sexo e raça para o pareamento das amostras conforme a proposta inicial do trabalho (27 do sexo feminino e 16 do sexo masculino com 40 dos indivíduos brancos e três negros). A idade dos pacientes variou dos 18 aos 49 anos (Anexo 4). Os resultados obtidos na coleta da 6-SM urinária variaram entre 4,35 a 96,85 ng/ml (Tab. 3). 27 Tabela 3: Resultados obtidos nas dosagens urinárias da 6-SM no grupo controle. N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 6-SM 5,13 4,35 8,93 9,59 32,90 16,30 16,70 19,30 10,10 9,45 10,93 27,32 15,15 10,51 26,46 27,61 28,30 46,90 10,81 21,72 59,40 20,37 N 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 6-SM 21,93 9,76 5,26 37,21 24,61 38,83 11,90 56,30 31,60 26,15 34,13 31,30 68,70 9,62 78,02 96,85 57,91 24,12 48,00 42,30 71,50 N: número da amostra e 6-SM: dosagem da 6-sulfatoximelatonina em ng/ml Para facilidade da interpretação estatística os níveis da 6-SM foram divididos em quatro grupos. A 1ª parte (Q1) representava as dosagens da 6-SM menores que 13,4 ng/ml, na 2ª parte (Q2) as dosagens maiores ou iguais a 13,4 ng/ml e menores que 26,9 ng/ml; na 3ª parte (Q3) as dosagens maiores ou iguais a 26,9 ng/ml e menores que 49,1 ng/ml e na 4ª parte (Q4) as dosagens maiores ou iguais a 49,1 ng/ml. Na analise caso-controle observou-se uma diferença estatisticamente significativa quando a melatonina atingiu um nível superior a 49,1 ng/ml (p=0,040). Houve uma tendência cinco vezes maior dos pacientes com EM pertencerem a este grupo (Q4) (Tab. 4). 28 Tabela 4: Dosagens da 6-SM pacientes x controles. Melatonina Casos (6-SM em ng/ml) (n=43) Q1: % Controles (n=43) % OR CI95% P < 13,4 7 16,3 14 32,6 1,0(ref.) Q2: ≥ 13,4 e < 26.9 13 30,2 9 20,9 3,196 0,775 17,425 0,127 Q3: ≥ 26,9 e < 49.1 8 18,6 3 7,0 1,252 0,213 7,578 1,000 Q4: 15 34,9 17 39,5 5,945 1,066 47,865 0,040 ≥ 49,1 OR: risco relativo e CI: intervalo de confiança. 4.3. Análise Estatística A análise estatística e as correlações foram feitas através de testes de pelo teste “T” de Student para distribuição paramétrica e Mann Witney rank sum test para distribuição não paramétrica. Todas as análises estatísticas foram executadas pareando os 43 casos e 43 controles. A regressão logística condicional foi empregada para avaliar se o nível da melatonina correlacionava-se com o surto da doença ou progressão. O emparelhamento dos casos e controles para idade e sexo utilizou a regressão logística condicional exata ajustada para estas variáveis. Esta análise necessitou do software de LogXact (versão 6, Cytel, Cambridge, MA, USA)(121). Relações de vantagens e intervalo de confiança de 95% foram observados no modelo de regressão logística condicional exata(122), apoiados no menor valor de p e no intervalo de confiança. O estudo comparativo entre os níveis da 6-SM urinária dos pacientes com EM e mostrou um aumento em relação ao grupo controle, evidenciado pelo Test “T” de Student: controles = 27,17ng\ml (±21,43) e pacientes = 40,16ng\ml (±29,91) com p = 0,026 (Tab. 5). 29 Tabela 5: Comparação entre a média das dosagens da 6-SM nos pacientes x controles (p = 0,026) EM CO 6-SM 40,16 27,17 DP 21,43 29,91 EM: pacientes, CO: controles, 6-SM: dosagens da 6-sulfatoximelatonina em ng/ml e DP: desvio padrão Não houve diferença estatisticamente significante comparando-se o valor do EDSS com os níveis da 6-SM urinária. O escore de três na escala de EDSS determina o início da incapacidade. Pacientes com EDSS maiores ou iguais a três: 36,94ng/ml (±24,47) e pacientes com EDSS menores que três: 46,36ng/ml (±35,00) e p=0,149 (Test “T” student) (Tab. 1). A comparação entre os níveis urinários da 6-SM e as formas clínicas RR e SP não demonstrou correlação estatisticamente significante, RR = 44,31ng/ml (±32,72) e SP = 33,30ng/ml (±19,18) com p=0,156 (Test “T” Student) (Tab. 1). A comparação estatística entre os seis pacientes que repetiram a coleta urinária após o surto, apresentou resultado significativo pelo método de Wilcoxon Signed Rank Test. A 6-SM variou de 10,76 a 56,81 (mediana = 17,23) antes do surto e 20,6 a 105,6 (mediana = 63,1) após o surto com p=0,036 (amostras 4, 7, 11, 27, 40 e 43 da Tab. 2). Na análise comparativa entre os níveis de 6-SM e a sua correlação com os sistemas funcionais (piramidal, sensitivo, cerebelo, tronco cerebral, nervo óptico, medula espinhal e disfunção esfincteriana), pelo teste de Mann-Whitney Test, observou-se significância de 5% na mediana da dosagem de 6-SM urinária entre o grupo de pacientes que apresentavam sinais deficitários ou de liberação piramidal em comparação ao grupo de pacientes sem acometimento. Piramidal (n=34 e mediana=27,86) e não piramidal (n: 9 e mediana = 70,87) e p = 0,0132. (Tab. 1). Não foi encontrada correlação estatisticamente significante a comparação com os outros sistemas funcionais. Alguns pacientes utilizavam fluoxetina no período da coleta urinária (37,21%) o que poderia alterar as dosagens da 6-SM. Os níveis urinários da 6-SM nos 30 pacientes em uso de fluoxetina comparando-se aos que não utilizavam a fluoxetina, não mostrou correlação estatística significante (p=0,361). O mesmo verifico-se quando comparados pacientes em uso ou não de interferon beta (p=218). 31 5. DISCUSSÃO 32 O presente estudo analisou os níveis urinários da 6-SM em pacientes portadores de EM, baseando-se na hipótese de que a melatonina possa desempenhar um papel na fisiopatogenia da doença. Os resultados do nosso estudo mostraram que os níveis da 6-SM urinária são significativamente maiores nos pacientes em relação ao grupo controle e além disso, verificou-se que os pacientes que recoletaram a urina após o surto da doença, apresentaram um aumento consistente dos níveis da 6-SM em comparação com a coleta urinária anterior ao surto. Os níveis da 6-SM também se mostraram mais elevados significativamente nos pacientes com sinais piramidais (déficit motor, espasticidade, sinais de Hoffmann, Babinski e/ou clônus) quando comparados com os que não apresentaram sinais piramidais no exame físico. É possível que a disfunção causada pela alteração piramidal possa interferir secundariamente na secreção de melatonina. Além disso, as lesões causadas pelo processo de desmielinização podem afetar a rede de controle neural da secreção de melatonina. Embora não tenha verificada uma relação estatística entre os níveis da sido 6-SM urinária e o comprometimento de sistemas funcionais como neurite óptica, mielite cervical e lesões no tronco cerebral, estruturas estas ligadas anatomicamente ao trajeto percorrido pelo estímulo luminoso que chega à retina, caminhando pelo nervo óptico até os núcleos supraquiasmático e paraventriculares, porção superior da medula espinhal, gânglio cervical superior e chegando até a glândula pineal. Lesões nestas topografias poderiam alterar mais intensamente a via de controle neural responsável pela regulação na secreção da melatonina. É possível que a amostra seja pequena para avaliar esta diferença (erro beta). É importante ressaltar que não há descrito na literatura níveis urinários normais da 6-SM como descrito em outras dosagens hormonais. Os ensaios clínicos confrontam os resultados de pacientes com indivíduos saudáveis. Até o momento o papel da melatonina na esclerose múltipla não foi adequadamente estabelecido e as publicações literárias também são escassas. Constantinescu et al (1995)(43), destacaram a possível influência da secreção de melatonina na esclerose múltipla pela sua ação na auto-imunidade, pelo seu papel na adaptação de fatores externos com o meio interno, pela melanina e a possível via do hormônio estimulante do melanócito (melanocyte stimulating hormone, MSH). A 33 melatonina também foi correlacionada com outras doenças imunológicas, como a artrite reumatóide e outras colagenoses destacadas por Cutolo et al(113). Haase et al(123) estudaram os níveis plasmáticos matutinos de melatonina e as alterações neuropsiquiátricas em pacientes com EM, mostrando uma correlação positiva dos níveis de melatonina e depressão, porém não houve diferença em outros padrões neuropsiquiátricos. Este estudo não incluiu nenhum paciente na forma primária progressiva, pois estes pacientes apresentam na sua grande maioria comprometimento da função esfincteriana, necessitando de cateterização urinária e risco aumentado de infecção urinária (critérios de exclusão). Tentamos uniformizar a coleta de urina no mesmo período do ano, para que não tivéssemos a influência sazonal relacionada às estações do ano, e conseqüentemente uma mudança na secreção de melatonina. Não foi encontrado nenhum estudo brasileiro relacionado a tal fato. Acreditamos que estas variações sejam mais significativas nas elevadas latitudes, onde a variação de intensidade luminosa e da secreção da melatonina varia mais intensamente. O diagnóstico da EM ainda é presumido através de critérios clínicoslaboratoriais e de imagem(17). Os métodos laboratoriais mais conhecidos e não específicos para auxílio diagnóstico incluem a dosagem das imunoglobulinas IgG e IgM no líquor, a pesquisa da proteína básica de mielina e da proteína Tau, anticorpo anti-mielina e a pesquisa das bandas oligoclonais, através da focalização isoelétrica presentes em até 95% dos pacientes com EM(48); sendo este último o método humoral mais sensível no diagnóstico da EM. Não há marcador biológico específico para o diagnóstico da doença, de surto ou progressão. Este estudo abre uma perspectiva de ser a melatonina um marcador biológico de surto da doença. Outra possibilidade seria a relação com a progressão da doença, porém não houve correlação estatisticamente significante quando comparados os níveis de 6-SM urinária com a pontuação da escala de incapacidade (escore do EDSS) ou a forma clínica (RR ou SP). Estes dados sugerem uma maior relação entre a 6-SM e o surto do que com a progressão da doença. È possível que ocorra um recrutamento do sistema melatoninérgico no organismo em resposta à doença e ao surto, ou que primariamente um aumento anormal de melatonina leve a uma hiperprodução de 34 interleucinas proinflamatorias. A modulação e a liberação de interleucinas próinflamatórias mediadas pela MEL, também são descritas em outras doenças imunológicas(113). Todos os pacientes em surto da doença foram tratados com metilpredinisolona (1g/dia por 3 dias consecutivos). A coleta urinária nestes pacientes ocorreu no primeiro dia de pulsoterapia, apesar disto, é possível que haja um efeito de aumento dos níveis de MEL secundários ao pulso, porém na literatura não há evidencias de que a pulsoterapia aumente os níveis de MEL. Uma das implicações fisiopatológicas da doença é o fato da influência da latitude e as variações no ciclo claro-escuro, comuns nestas regiões. É possível que a explicação para o aumento da prevalência da EM nas elevadas latitudes esteja relacionada a alterações na secreção de melatonina, quer seja pelo aumento dos seus níveis em dias mais longos de inverno, ou mesmo pela sua variabilidade ao longo do ano. O estudo não analisou a insônia nos pacientes com EM. É possível que a MEL possa estar alterada nos pacientes que apresentem este distúrbio. Ensaios futuros poderão responder tal questão. Baseado nos achados preliminares deste estudo e na avaliação crítica da literatura, observamos que se poderia realizar em estudos futuros: 1) avaliação longitudinal e sazonal dos níveis de melatonina nos pacientes com a forma remitente recorrente, ampliando a amostra de pacientes com a comparação dos valores em surto versus remissão; 2) avaliação em outras doenças desmielinizantes; 3) correlação com sintomas da doença como fadiga, depressão, dor, distúrbios do sono; 4) correlação com outros marcadores laboratoriais (líquor, interleucinas, bandas oligoclonais) e de neuroimagem (número e localização de lesões, atrofia cerebral), correlação com as variáveis de sono observadas na polissonografia / teste de latências múltiplas do sono; 5) estudo do efeito terapêutico de agonistas/antagonistas de melatonina e de agentes cronobióticos (light therapy) na EM; 6) avaliação do perfil plasmático diurno e noturno da melatonina nos pacientes com EM, coleta no surto anterior ao pulsoterapia. 35 Esta linha de pesquisa nos parece muito promissora, sendo necessários os passos descritos acima com futuras pesquisas para esclarecer o papel da melatonina na esclerose múltipla. 36 6. CONCLUSÕES 37 1º) Houve aumento da 6-SM em pacientes com esclerose múltipla em comparação ao grupo controle. 2º) Houve aumento da 6-sulfatoximelatonina nos pacientes em surto da esclerose múltipla. 3º) Níveis mais elevados de 6-sulfatoximelatonina forma detectados em pacientes com comprometimento da função piramidal. 38 7. ANEXOS 39 ANEXO 1. Determinação do escore da escala de incapacidade. Escala Expandida do Estado de Incapacidade – EDSS – Kurtzke 1983 Sistemas Funcionais (SF): 1) Funções Piramidais: 0: exame neurológico normal 1: sinais anormais e sem incapacidade 2: incapacidade mínima 3: discreta ou moderada paraparesia ou hemiparesia; monoparesia grave 4: Paraparesia ou hemiparesia acentuada; quadriparesia moderada 5: paraplegia, hemiplegia ou acentuada quadraparesia 6: quadriplegia V: desconhecido 2) Funções Cerebelares: 0: normal 1: sinais anormais e sem incapacidade 2: ataxia discreta em qualquer membro 3: ataxia moderada de tronco ou de membros 4: incapaz de realizar movimentos coordenados devido à ataxia V: desconhecido 3) Funções do Tronco Cerebral: 0: normal 1: somente sinais anormais 2: nistagmo moderado ou outra incapacidade leve 3:nistagmo grave, acentuada paresia extraocular ou incapacidade moderada de outros nervos cranianos 4: disartria acentuada ou outra incapacidade acentuada 5: incapacidade de deglutir ou falar V: desconhecido 40 4) Funções Sensitivas: 0: normal 1: diminuição da sensibilidade vibratória ou estereognosia em 1 ou 2 membros. 2: diminuição discreta do tato ou dor, ou da sensibilidade posicional, e/ou diminuição moderada da vibratória ou estereognosia em 1 ou 2 membros; ou diminuição somente da sensibilidade vibratória em 3 ou 4 membros 3: diminuição moderada do tato ou dor ou posicional e/ou perda da sensibilidade vibratória em 1 ou 2 membros; diminuição discreta de tato ou dor e/ou diminuição moderada de toda a propriocepção em 3 ou 4 membros 4: Diminuição acentuada do tato ou dor; ou perda da propriocepção em 1 ou 2 membros, ou diminuição moderada de tato ou dor e/ou diminuição acentuada da propriocepção em mais de 2 membros 5: perda da sensibilidade de 1 ou 2 membros; ou moderada diminuição tato ou dor e/ou perda da propriocepção na maior parte do corpo abaixo da cabeça 6: anestesia da cabeça para baixo V: desconhecido 5) Funções Vesicais: 0: normal 1: sintomas urinários sem incontinência 2: incontinência menor ou igual a uma vez por semana 3: incontinência maior ou igual a uma vez por semana 4: incontinência diária ou mais de uma vez por dia 5: cateterização constante 6: grau 5 para bexiga e grau 5 para intestino V: desconhecido 41 6) Funções Intestinais: 0: normal 1: obstipação não diária sem incontinência 2: obstipação diária sem incontinência 3: incontinência menor ou igual a uma vez por semana 4: incontinência maior ou igual a uma vez por semana e não diária 5: sem controle esfincteriano 6: grau 5 para bexiga e grau 5 para intestino V: desconhecido 7) Funções Visuais: 0: normal 1: escotomas com acuidade visual (AV) igual ou melhor que 20/30 2: pior olho com escotomas e AV de 20/30 a 20/59 3: pior olho com grande escotoma ou diminuição moderada dos campos visuais, mas com AV de 20/60 e 20/99 4: pior olho com diminuição acentuada dos campos visuais e AV 20/100 a 20/200, ou grau 3 dcom AV do melhor olho igual ou menor 20/60 5: pior olho com AV menor que 20/200, ou grau 4 com AV do melhor olho igual ou menor 20/60 6: grau 5 com AV do melhor olho igual ou menor que 20/60 V: desconhecido 8) Funções Mentais: 0: normal 1: alteração apenas do humor 2: diminuição discreta da memória 3: diminuição moderada da memória 4: diminuição acentuada da memória 5: demência ou grave síndrome cerebral crônica V: desconhecido 42 9) Outras Funções: 0: nenhuma 1: qualquer outro achado devido à EM V: desconhecido Escore do EDSS: 0: Exame neurológico normal 1,0: Sem incapacidade (1 SF grau 1) 1,5: Sem incapacidade (2 SF grau 1) 2,0: Incapacidade mínima em 1 SF (1 SF grau 2, outros grau 0 ou 1) 2,5: Incapacidade mínima em 2 SF (2 SF grau 2, outros grau 0 ou 1) 3,0: Incapacidade moderada em 1 SF (1 SF grau 3, outros grau 0 ou 1) ou incapacidade discreta em 3 ou 4 SF (3/4 SF grau 2, outros grau 0 ou 1). Deambula plenamente 3,5: Deambulação plena, com incapacidade moderada em 1 SF (1 SF grau 3) e 1 ou 2 SF grau 2; ou 2 SF grau3; ou 5 SF grau 2 (outros 0 ou 1) 4,0: Deambulação plena até 500m sem ajuda ou descanso (1 SF grau 4, outros 0 ou 1) 4,5: Deambulação plena até 300m sem ajuda ou descanso. Com alguma limitação da atividade ou requer assitência mínima (1 SF grau 4, outros 0 ou 1) 5,0: Deambulação até 200m sem ajuda ou descanso. Limitação nas atividades diárias (equivalentes são 1 SF grau 5, outros 0 ou 1; ou combinações de graus menores excedendo o escore 4,0) 5,5: Deambulação até 100m sem ajuda ou descanso. Incapacidade impedindo atividades plenas diárias (equivalentes são 1 SF grau 5, outros 0 ou 1; ou combinações de graus menores excedendo o escore 4,0) 6,0: Assistência intermitente ou com auxílio unilateral constante de bengala, muleta ou suporte (equivalentes são mais que 2 SF graus 3) 6,5: Assistência bilateral (equivalentes são mais que 2 SF graus 3) 43 7,0: Não anda 5m mesmo com ajuda. Restrito à cadeira de rodas. Transfere da cadeira de rodas para cama (equivalentes são combinações com mais que 1 SF graus 4, ou piramidal grau 5 isoladamente) 7,5: Consegue apenas dar poucos passos. Restrito à cadeira de rodas. Necessita ajuda para transferir-se para o leito (equivalentes são combinações com mais que 1 SF graus 4) 8,0: Restrito ao leito, mas pode ficar fora da cama. Retém funções de autocuidado; bom uso dos braços (equivalentes são combinações de vários graus 4) 8,5: Restrito ao leito constantemente. Retém algumas funções de autocuidado e dos braços (equivalentes são combinações de vários graus 4) 9,0: paciente incapacitado no leito. Pode comunicar e comer (equivalente é a maioria de SF grau 4) 9,5: paciente totalmente incapacitado no leito. Não comunica, não come, não deglute (equivalente é a maioria de SF graus 4)\ 10: Morte por esclerose múltipla 44 ANEXO 2. Ficha de Identificação clínica. Nome:______________________________________ Número da amostra: _______ Volume urinário:______________________________ Horário da coleta: _________ 1) idade: ___________ 2) sexo: M ( ) F( ) 3) raça: B ( ) N( ) 4) forma clínica: RR ( ) A( ) SP ( ) 5) surto ( ) ou remissão ( ) 6) data 1º- surto: _____/_____/_____ 7) data do último surto: _____/_____/_____ 8) EDSS início: _____/_____/_____ 9) EDSS atual: _____/_____/_____ 10) Tipos de surto: • • • • • • • • piramidal sensitivo cerebelar tronco neurite óptica mielite dist. Esfincteriano fadiga ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) 11) medicações em uso: • • • • • • • • • • interferon beta 1ª interferon beta 1b acetato de glatirâmer imunoglobulina humana metilprednisolona metilprednisona azatioprina metotrexate fluoxetina outros 12) dosagem da 6-SM: _______________ ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 45 ANEXO 3. Identificação do grupo de pacientes com EM, segundo a idade, sexo e raça. N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Identificação WRG LFO CF MP VL SF VCCB MÊS AJSJ ATS JO CSS AR AL MS JNIO JSA MBFC EMP TSV DAS PMR JBNO TJS VA TLM JBNO SRA WRG MFS AIS IRV IRV MBVO JMN DMP PCF JJA CCMV FLG RLF JSA DAS Idade 52 27 49 49 42 45 37 53 28 26 27 39 27 39 31 43 19 53 51 52 38 45 44 52 24 22 47 23 49 23 33 23 37 49 59 26 20 49 44 18 37 20 19 Sexo M F F F F F F F M M M F F M F M F F F F M M M F F M F F M F F M M F M F F M F F F F M N: número da amostra, M: masculino, F: feminino, B: branca; N: negra Raça B B B B B B N B N N B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B 46 ANEXO 4: Identificação do grupo controle, segundo a idade, sexo e raça. N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Identificação MMR RSS DM MJD LIS ACIP FPMA TSCM GEJG RK TPAF JJPN LCT TVP JHI MKK ACS MLLF IAC IAC MAF VLSC NFS MISM MLJ CMSS MSS MAFPV MESE MDSM MSS MAS ISM MAC EJS MSS PT TS CP ES GLS MNS PP Idade 27 30 28 44 59 42 39 45 39 40 45 19 19 19 18 18 18 24 23 20 39 37 39 31 44 36 27 39 31 49 32 38 35 33 38 34 26 22 21 46 45 43 30 Sexo M M M F M M F M F F F F F F F M M F F F F M F F F F F F M F F F M M M M F M F F F M F N: número da amostra, M: masculino, F: feminino, B: branca; N: negra Raça B N N B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B N B B B B B B B B B B B B B B B B B 47 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 1. Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weisnhenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med 2002; 343:938–52. 2. Paty DW, Noseworthy JH, Ebers GC. Diagnosis of multiple sclerosis. Philadelphia: FA Davis Company; 1998. p. 48-123. 3. Whitaker JM, Michell GW. 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Muitas doenças neurológicas são influenciadas pela melatonina como a enxaqueca, a cefaléia em salva, epilepsia e a esclerose múltipla. A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal que apresenta muitos efeitos biológicos, principalmente regulamentares do ritmo circadiano. É liberado na circulação sanguínea três a quatro horas após o pôr do sol, sendo metabolizada pelo fígado e transformado-se na 6-sulfatoximelatonina e eliminada pela urina. Os níveis mais elevados de 6-sulfatoximelatonina são encontrados à noite, de acordo com níveis sanguíneos. Alguns autores relacionam à melatonina com alterações imunológicas importantes como o aumento do interferon gama e da interleucina 2 pelos linfócitos (Th1) e conseqüentemente um efeito pro-inflamatório; além disso, apresenta antagonismo sobre os corticóides imunossupressores, que desempenham um papel relevante no processo de desmielinização do sistema nervoso central. Nosso estudo incluiu 43 pacientes registrados no CATEM - Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose Múltipla da Santa Casa de São Paulo -, Hospital Albert Einstein e Hospital Luzia Pinho de Melo. Analisamos 43 pacientes pareados com 43 controles voluntários. Critérios de inclusão: diagnóstico conforme critérios de McDonald; idade entre 18 e 59 anos de idade; ambos os sexo e raça; forma clínica remitenterecorrente ou secundária-progressiva; uso ou não da terapia imunomoduladora ou de medicações sintomáticas; qualquer escore do EDSS; em surto ou remissão da doença; assinaram o termo de consentimento para a pesquisa. Critérios de exclusão: quadro clínico não definido; dificuldade de compreensão do protocolo; não assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; necessidade de cateterização para coleta urinária; uso ou abuso de droga e álcool; disfunção hepática, renal, tireoidiana e hematológica evidenciadas pelo exame clinico e laboratorial (hemograma, transaminases, creatinina e T4L e TSH). Nós coletamos amostras de urina de 12 horas do período das 20:00h às 8:00h e realizada posteriormente as dosagens da 6-sulfatoximelatonina pelo método ELISA. A entrevista clínica foi feita no mesmo dia da entrega da amostra de urina nos pacientes e controles, e registro de alguns parâmetros como idade, raça, sexo, forma clínica da doença (remitente–recorrente, secundariamente progressiva e primariamente progressiva), em surto ou em remissão, data do último surto, EDSS atual, eventual comprometimento dos sistemas funcionais (piramidal, sensitivo, 59 cerebelar, tronco cerebral, mielite, distúrbio esfincteriano, sinal de Lhermite), medicações em uso (corticóides, imunomoduladores, imunossupressores, antidepressivos e outros). Os pacientes foram divididos em 4 grupos (G1 ao G4) de acordo com os níveis 6-sulfatoximelatonina urinária e análise estatística aplicando o teste do t-Estudante, Rank de Mann-Mann-Whitney, Wilcox no teste rank (software de LogXact, versão 6, Cytel, Cambridge, miliampère, USA). Os pacientes com esclerose múltipla (EM) mostraram um aumento nos níveis urinários de 6sulfatoximelatonina comparados com o grupo controles, principalmente em níveis mais elevados da 6-sulfatoximelatonina; os pacientes com EM e acometimento piramidal mostraram um aumento nos níveis 6-sulfatoximelatonina urinària comparados com os pacientes sem acometimento piramidal; os pacientes com EM mostraram que um aumento em níveis urinários da 6-sulfatoximelatonina após um surto e nós concluímos que o melatonina pode desempenhar um papel importante no patogênese da EM. 60 ABSTRACT 61 Kelian GLR. Relation between urinary levels of 6-sulfatoximelatonin and clinical aspects in multiple sclerosis. Thesis. 2006. Many neurological diseases are influenced by melatonin, like migraine, cluster headache and Multiple Sclerosis (MS). Melatonin is a pineal hormone and has many biological effects, mainly regulation of circadian rhythm. It is release by pineal gland in bloody circulation three or four hours after sundown, has a first liver metabolism to 6-sulfatoximelatonin (6-SM) and so is eliminated in urine. The higher levels of 6sulfatoximelatonin are found at night, according to bloody levels. Some authors have postulated its important relations with immunological system, raising interferon gamma and interleukin 2 by lymphocytes, increasing pro inflammatory Th1 response, beyond its antagonism on immunossupressors corticosteroids, playing an important role in demyelination of central nervous system. Our study it included 43 MS patients registered at CATEM - Multiple Sclerosis Treatment Center - Santa Casa Sao Paulo, Albert Einstein Hospital and Luzia Pinho de Melo Hospital were analyzed. Forty three voluntary controls matched with patients. Inclusion criteria: accordance with McDonald (2001) criteria; age between 18 and 59 years old; both genders; relapsingremitting and secondary progressive clinical forms; use or not of immunomodulatory therapy or symptomatic medications; any EDSS score; relapse or remission; patients permission to the study assigned. Exclusion criteria: undefined clinical demyelinating disease; patients not permission; neurogenic bladder; use of alcohol or illicit drugs; clinical disorder of liver, kidneys, thyroid or bone marrow. We collected urine samples of 12 hours at night, 20:00h pm to 8:00h am, to 6-sulfatoximelatonin dosage, by ELISA. Clinical interview was made at the same day of the urine sample delivery by patients and controls, and some parameters were registered: gender, age, MS clinical form, EIFS, EDSS, relapse date, current therapy. We divided patients and controls in 4 groups (G1 to G4) according to 6-SM urinary levels found, and statistical analyzes were performed using t-Student test, Mann-Whitney Rank, Wilcox on Signed Rank Test (LogXact Software, version 6, Cytel, Cambridge, MA, USA). MS patients showed an increase in 6-sulfatoximelatonin urinary levels compared with normal subjects, mainly in high levels of 6-SM; MS patients with pyramidal impairment showed an increase in 6-SM urinary levels compared with patients without pyramidal impairment; MS patients showed an increase in 6- sulfatoximelatonin urinary levels after a relapse and we concluded that melatonin may be an important role in MS pathogenesis. 62 APÊNDICE 63 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo