I Educom Sul
FACOS
qua r enta an os
Desafios e Perspectivas
Nossas práticas – Turno Integral – Escola e Centro Social Marista Santa Marta1
Luciana Almeida SEVERO2
Sérgio Adolfo da SILVEIRA3
Ana Paula Quevedo POSTAL4
Escola Marista de Ensino Fundamental Santa Marta, Santa Maria, RS
INTRODUÇÃO
O presente relato pretende apresentar a prática desenvolvida no turno integral
pela Escola e Centro Social Marista Santa Marta, localizada na região oeste de Santa
Maria, Rio Grande do Sul. Prática esta que considera o estudante como agente de sua
aprendizagem e protagonista do seu saber, oportunizando atividades significativas que
possibilitam o desenvolvimento de habilidades e competências referentes aos aspectos
físicos, cognitivos e socioafetivos do mesmo.
OBJETIVOS
O turno integral propõe-se a atender as crianças e adolescentes da comunidade
em situação de vulnerabilidade social ou de risco, sendo previamente selecionados pelos
professores a partir de visitas às famílias e entrevistas realizadas. No sistema de turno
integral, o estudante cumpre tanto as atividades curriculares no turno regular como as
atividades extracurriculares que buscam despertar sua atenção por tratarem de forma
lúdica o conteúdo das aulas e por oferecerem atividades que contribuam para o
desenvolvimento do estudante: oficina de música, coral e percussão, oficina de teatro,
apoio pedagógico, escolinhas de futebol e capoeira.
Esse conjunto de ações e atividades realizadas no turno integral pela Escola e
Centro Social Marista, através da metodologia de projetos, buscam proporcionar ao
1
Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Relato de Experiência do I EDUCOM SUL – Encontro de
Educomunicação da Região Sul
2
Coordenadora Pedagógica da Escola Marista Santa Marta, email: [email protected]
3
Professor da disciplina de Português da Escola Marista Santa Marta, email: [email protected]
4
Professora do 5º ano da Escola Marista Santa Marta, email: [email protected]
1
FACOS
qua r enta an os
I Educom Sul
Desafios e Perspectivas
estudante um trabalho mais significativo a partir de suas atitudes, comportamentos,
valores e decisões considerando as relações com o mundo e com os fatores sociais,
políticos, culturais e econômicos.
Tem-se como desafio constante inserir nessas ações, conteúdos comunicativos
que contemplem experiências culturais heterogêneas, de modo a construir situações
comunicativas abertas e democráticas, garantindo oportunidade de expressão para todos.
METODOLOGIA
Acreditando que a educação é um processo contínuo, que faz parte da vida social
do ser humano nos mais diversificados meios, podendo ser em espaços formais e não
formais, os ambientes escolares devem estar preparados e organizados para a
aprendizagem, por serem considerados esses espaços formais. Na escola, essa educação
vai além de conteúdos programáticos, mas uma educação sobre as potencialidades para
o desenvolvimento e a formação integral do ser humano.
A educação para nós é entendida como um processo que visa à formação integral
do ser humano, mediado pela sociedade, não podendo ser simplesmente transmitida de
uma pessoa que se julga com mais conhecimento para aqueles que “precisam” ser
educados. Freire (1987, p.68) enfatiza que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a
si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Há uma postura dialógica, na qual os conhecimentos dos educandos são
valorizados. Nesse sentido, Freire (1987) condena a “educação bancária”, na qual a
educação é um “ato de depositar”, os educandos depositários passivos de conhecimento
e os educadores como depositantes deste.
Educar significa propiciar momentos e situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de conviver com os
outros com atitudes básicas de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças
aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Nesse processo, a
educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e
conhecimentos das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas, na
perspectiva de contribuir para a formação de crianças mais saudáveis e felizes.
2
FACOS
qua r enta an os
I Educom Sul
Desafios e Perspectivas
Sendo assim, desde 1999 a Escola Marista adota a metodologia de projetos em
todos os níveis de ensino, na busca de um currículo que não seja fragmentado,
distanciado do que acontece na vida dos alunos, na busca de um “fazer pedagógico” que
leve em conta o que acontece externo à Escola.
O trabalho com a Pedagogia de Projetos na Escola Marista Santa Marta envolve
basicamente as
etapas de problematização, desenvolvimento e síntese. Na
problematização são levantados os temas de maior interesse dos alunos, seguido de
momentos de elaboração, defesa e votação dos temas pela turma. Em relação ao tema
eleito, os alunos elencam o que já sabem sobre o assunto (valorizando o seu
conhecimento prévio) e o que gostariam de saber sobre o mesmo. A partir do que os
alunos pretendem investigar, uma teia é construída e norteia o planejamento das
atividades desenvolvidas durante o projeto. O desenvolvimento do projeto constitui-se
na fase de investigação e criação, na qual os alunos utilizam as mais variadas fontes de
informação disponíveis para a coleta de dados relevantes para responder às questões
levantadas na fase de problematização. Os conteúdos trabalhados em aula devem
capacitar os alunos para esse fim, sendo focalizados de forma procedimental, além de
conceitual.
A síntese é a etapa final em que novos esquemas de pensamento são
consolidados a partir da construção de novos conhecimentos. Esse conhecimento possui
uma finalidade prática, ou seja, não produz apenas compreensão, mas intervenção na
realidade.
Durante o desenvolvimento do projeto são oportunizadas atividades que
transformem o processo de aprendizagem em algo dinâmico, funcional e significativo
durante sua realização, explorando os diferentes ambientes escolares. Esse trabalho
parte de um olhar diferenciado sobre a criança e sobre a maneira de ensinar, buscando
incluí-la ao máximo no processo.
Hernandez (1998) vem consolidar essa proposta quando afirma a necessidade de
embasar uma nova prática de estudo, sem perder a contextualização na qual se insere o
aluno e sua vida especial.
O trabalho com projetos amplia ainda as possibilidades de trabalhar com os
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, e a articulação das diferentes áreas
3
FACOS
qua r enta an os
I Educom Sul
Desafios e Perspectivas
do conhecimento, além de proporcionar o desenvolvimento das aprendizagens. Segundo
HERNÁNDEZ & VENTURA (1998, p.63)
“a organização dos Projetos de Trabalho se baseia fundamentalmente numa
concepção de globalização entendida como um processo muito mais interno do
que externo, no qual as relações entre conteúdos e áreas de conhecimento têm
lugar em função das necessidades que traz consigo o fato de resolver uma série
de problemas que subjazem na aprendizagem”
O trabalho com a metodologia de projetos está vinculado à perspectiva do
conhecimento globalizado e relacional como uma atividade diversificada, desenvolvida
a partir do conhecimento e do questionamento da realidade, gerando o aprendizado de
conceitos e valores. No contexto atual, tornam-se essenciais ações de reflexão e
intervenção na realidade.
Acreditamos que, com a adoção da metodologia de Projetos, a aprendizagem
deixa de ser baseada na preocupação excessiva com o treino de habilidades, da
memorização, da repetição e da imitação. Nessa prática, o conhecimento é considerado
uma construção constante e permanente, concordando com a visão socioconstrutivista,
que defende as relações entre o homem e o meio como condicionantes à construção da
inteligência.
O trabalho realizado pela Escola e Centro Social Marista Santa Marta apresenta
propósitos, meios e um programa de ações comprometidas com a formação plena dos
educandos, onde as unidades temáticas deverão despertar o interesse de todos,
auxiliando na formação de cidadãos para a construção de uma vida melhor.
“A aprendizagem deve ser significativa. Ela deve ser relevante para a vida do aluno e
articular-se com seus conhecimentos anteriores. Para tornar as aprendizagens
significativas, é preciso que o professor crie situações que articule os vários conceitos de
uma disciplina com os conhecimentos prévios dos alunos” (VIEIRA, 2002, p. 83)
A aprendizagem torna-se significativa à medida que o novo conteúdo é
incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a
partir da relação com seu conhecimento prévio partindo da realidade da criança.
RESULTADOS
O grande resultado desse nosso jeito de trabalhar é uma educação de qualidade a
todos os alunos, independente da classe social a qual pertença. Uma educação de
4
FACOS
qua r enta an os
I Educom Sul
Desafios e Perspectivas
qualidade a todos tem de se pautar pela organização, rigor e exigência em todos os
níveis dentro da escola. Felizmente pode-se observar isso em toda a Escola Marista
Santa Marta.
Com relação à educação integral, os alunos participam ativamente de todas as
atividades e isso resulta numa maior aprendizagem em sala de aula em todas as
disciplinas. Tudo isso, porque todos os alunos envolvem-se por inteiro em todas as
atividades proporcionadas pela escola. Mais do que isso, muitas atividades são os
próprios alunos que decidem por desenvolver através da Metodologia de Projetos.
CONCLUSÃO
Sempre que se fala em conclusão, vem a ideia de que se vai chegar a uma
resposta para o que está sendo discutido. Nosso jeito de trabalhar não esgota todas as
discussões com relação à metodologia perfeita a ser aplicada dentro de uma escola.
Porém, notamos e verificamos através de dados palpáveis que até o presente momento,
nosso jeito de desenvolver a educação está dando certo.
O que queremos deixar aqui é a impressão de um grupo de profissionais da
educação sobre uma metodologia que está colhendo bons resultados e, portanto,
contribuindo para um futuro melhor para todos os alunos que estudam na Escola
Marista Santa Marta, incluindo também as suas famílias que usufruem dessa qualidade
na educação.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1987.
HERNÁNDEZ, Fernando. VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos
de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
VIEIRA, Sofia Lerche. Gestão da Escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
5
Download

Turno Integral – Escola e Centro Social Marista Santa Marta