Universidade Federal do Rio Grande ÉLIDA AMARAL DA SILVEIRA E GISLAINE MORAES DA SILVA A importância de uma análise aprofundada na edificação antes de optar por um aparelho de climatização Rio Grande, 06 de Julho de 2011 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 3 RESUMO .................................................................................................................................. 4 ABSTRACT .............................................................................................................................. 5 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 6 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 7 1.1 Aspectos Arquitetônicos ........................................................................................... 8 1.2 Aspectos Climáticos.................................................................................................. 8 1.3 Aspectos Humanos ................................................................................................... 9 2. CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA ...................................................................................... 11 2.1 Estratégias Bioclimáticas ........................................................................................ 16 2.1.1 ZONA DE CONFORTO...................................................................................... 16 2.1.2 VENTILAÇÃO ................................................................................................... 16 2.1.3 RESFRIAMENTO EVAPORATIVO .................................................................... 17 2.1.4 INÉRCIA TÉRMICA PARA RESFRIAMENTO ................................................... 17 2.1.5. RESFRIAMENTO ARTIFICIAL ......................................................................... 18 2.1.6. UMIDIFICAÇÃO ............................................................................................... 18 2.1.7. INÉRCIA TÉRMICA E AQUECIMENTO SOLAR............................................... 19 2.1.8. AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO.................................................................. 19 2.1.9. AQUECIMENTO ARTIFICIAL ........................................................................... 20 3. MÉTODOS E RESULTADOS ............................................................................................. 21 CONCLUSÕES....................................................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 22 APÊNDICE ............................................................................................................................. 23 2 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Atividade física e respectivo metabolismo Figura 2. As três fases da transmissão de calor nos fechamentos opacos Figura 3. Variáveis da abertura Figura 4. Zona de conforto Figura 5. Ventilação Figura 6. Resfriamento evaporativo Figura 7. Massa térmica para resfriamento Figura 8. Ar condicionado Figura 9. Umidificação Figura 10. Massa térmica e aquecimento solar Figura 11. Aquecimento solar passivo Figura 12. Aquecimento artificial 3 RESUMO Normalmente tende-se a optar por um aparelho de climatização, quando se percebe um nível de desconforto térmico um pouco incômodo. Porém, não é feito uma análise aprofundada dos fatores incidentes na edificação, que podem ser aproveitados consideravelmente, sem que haja até mesmo a necessidade de adquirir o aparelho. A ausência desta análise ocasiona muitas vezes em uma aquisição errônea, resultando em um aumento significante no gasto de energia elétrica, afetando o desempenho energético da edificação. O decorrido artigo tem por fim demonstrar detalhadamente o cálculo da carga térmica, que analisa a quantidade de calor que deve ser retirada ou inserida no ambiente, abrangendo todos os conceitos envolventes neste cálculo, para um melhor entendimento de sua importância. Palavras-chave: carga térmica, análise e climatização. 4 ABSTRACT It is usually tended to opt for a climatization apparel, when it is noticed a level of thermal desconforto a little uncomfortable. Even so, it is not made a deepened analysis of the incident factors in the construction, that you/they can be taken advantage of considerably, without there is even the need of acquiring the apparel. The absence of this analysis causes many times in an erroneous acquisition, resulting in a significant increase in the expense of electric energy, affecting the energy acting of the construction. Elapsed him article has to demonstrate the calculation of the thermal load finally in full detail, that analyzes the amount of heat that should be removed or inserted in the atmosphere, embracing all the concepts envolventes in this calculation, for a better understanding of its importance. Keywords: thermal load, analysis and climatization. INTRODUÇÃO O homem é um ser homeotérmico, ou seja, a temperatura interna do organismo tende a permanecer constante independentemente das condições do clima. Com o uso do oxigênio, o organismo promove as queimas das calorias existentes nos alimentos (processo conhecido como metabolismo), 5 transformando-as em energia. Assim é gerado o calor interno do corpo. Entretanto, sempre existem trocas térmicas entre o corpo humano e o meio. E se o balanço de todas estas trocas de calor à que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto térmico. No entanto, dependendo da região em que esta localizada, uma edificação dificilmente consegue proporcionar aos seus usuários, um nível de conforto térmico adequado sem o uso de sistemas artificiais de climatização. Atualmente, os profissionais na área da construção civil, estão cada vez mais voltados para o quesito sustentabilidade, buscando construir edificações Com desempenho energético mais eficiente, sem afetar no conforto térmico. Entretanto, as edificações já existentes necessitam se encaixar neste quesito também. Umas das causas que mais influenciam no gasto de energia elétrica em edificações são os sistemas de climatização. Muitas vezes ao optar por um aparelho de climatização, é levado em conta apenas o desejo de melhora de conforto térmico, ficando em segundo plano a necessidade real, deixando de ser analisados alguns fatores já existentes, como a posição das aberturas quanto ao sol e aos ventos, se há incidência de vegetação no entorno da edificação, a atividade que é realizada, os tipos de aparelhos já existentes no local, o clima da região, dentre outros, que podem ser aproveitados para melhorar o conforto térmico. Isso implica na escolha errada do aparelho de climatização e, conseqüentemente, afeta o consumo energético da edificação. Em 1982, o Comitê Técnico da Organização Mundial da Saúde definiu a síndrome do edifício doente (SED), onde, foram analisados os níveis de conforto ambiental de trabalhadores expostos a ambientes fechados, ou seja, com ventilação e iluminação artificiais. Na qual se concluiu que esses edifícios tornaram-se dependentes de um amplo consumo de energia para o seu sistema de ventilação mecânica e iluminação artificial, criando uma demanda por novas fontes e transferindo aos consumidores o excesso de gasto com energia. Tentativas de minimizar os custos levam a um aumento na proporção de ar reciclado e diminuição da troca de filtros e limpeza de ductos de ventilação, levando a aumento da poluição do ambiente interno e o aparecimento de microorganismos que passam a se desenvolver em quantidade no sistema de refrigeração e umidificação, conseqüentemente, causando danos à saúde dos trabalhadores. Calcular a carga térmica de um determinado local implica em conhecer todos os principais fatores ou fontes térmicas incidentes na edificação. 6 Resultando na quantidade de calor que deve ser retirada ou inserida ao ar do ambiente para se poder mantê-lo em condições necessárias de temperatura e umidade. 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Com o passar dos anos, a sociedade começou a cada vez mais poluir o meio em que vive. Em relação à construção civil não foi diferente. Com o avante da industrialização, de novas tecnologias e as descobertas em diversos campos do conhecimento, houve um aumento no consumo de energia, água e de recursos não renováveis, com o objetivo de obter mais conforto e demonstrar mais poder aquisitivo. Atualmente, os indivíduos se voltaram para a sustentabilidade e a reciclagem de produtos, para assim minimizar a poluição e os resíduos gerados, não sendo diferente na construção civil. Em relação, ao conforto nas edificações, houve novos pensamentos e métodos de se obtê-lo sem prejudicar o meio em que se vive. Segundo a ASHRAE (American Society of Heating Refrigeration and Air Conditionning Engineers), conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolva a pessoa. Quando as trocas de calor entre o corpo e o meio ambiente são prejudicadas causa o estresse térmico. No estresse térmico, o excesso de calor, umidade, vento, ruído, etc., afetam a saúde e o bem-estar das pessoas. O calor em excesso pode, por exemplo, afetar o desempenho das pessoas, causando inquietação e perda de concentração. A umidade provoca desconforto, sonolência, aumento de suor. O ruído em excesso causa a perda do sossego, a concentração, etc. Essas e outras perturbações que ocorrem, muitas vezes, sem que você perceba, causam o estresse e depois de certo tempo, provocam doenças mais complexas, como diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, etc. Por isso, o conceito de conforto térmico deve estar presente no projeto da edificação, onde o profissional responsável por projetar, precisa conhecer todos os conceitos relativos ao desempenho energético de edificações para tornar possível e eficiente a multidisciplinaridade do seu projeto. Onde é necessário levar em conta os aspectos arquitetônicos, climáticos e humanos. 1.1 Aspectos Arquitetônicos 7 No aspecto arquitetônico, os materiais de construção têm forte influência sobre as condições de conforto do ambiente interior. A especificação dos materiais exige o entendimento de suas propriedades e de sua adequação as características plásticas do projeto. A forma arquitetônica, também tem grande influência no conforto ambiental em uma edificação e no seu consumo de energia, visto que interfere diretamente sobre os fluxos de ar no interior e no exterior, e na quantidade de luz e calor solar recebidos pelo edifício. Por tanto, a função arquitetônica interage com a forma e com a eficiência energética de um edifício. Por tanto, o uso de isolamento térmico ou proteção solar em paredes, janelas e telhados, o tipo de telha e o tipo de vidro empregado nas janelas devem ser estudados a fim de se evitar ganhos térmicos excessivos e obter melhorias nas condições de conforto no interior. Na questão climática e humana, segundo os arquitetos Ricardo Muratóri e Ricardo Sabóia, o efeito conjugado da produção de calor metabólico e do nível de fatores ambientais é que define o grau de conforto ou desconforto térmico sentido pelas pessoas. Os parâmetros mais importantes do conforto térmico são de classes individuais e ambientais. 1.2 Aspectos climáticos O clima é a condição média das condições atmosféricas de uma determinada região em um longo período de tempo. Os elementos que influenciam variações climáticas são: proximidade da água, altitude, barreiras de montanhas e correntes oceânicas. Com relação ao clima deve-se analisar e buscar aproveitar a radiação solar, temperatura, ventos e umidade, no intuito de obter o conforto térmico. A radiação solar é a principal fonte de energia do planeta. Tanto como forma de calor quanto como fonte de luz, o Sol é um elemento de extrema importância no estudo da eficiência energética na arquitetura. A radiação solar pode ser dividida em direta ou difusa, pois após sua penetração na atmosfera, a radiação começa a sofrer interferências no seu trajeto em direção à superfície terrestre. A parcela que atinge diretamente a Terra é chamada de radiação direta e sua intensidade depende da altitude solar e do ângulo de incidência dos raios solares em relação à superfície receptora, e dependem de três fatores, a lei do cosseno, a dissipação atmosférica e a duração da luz do dia. A parcela difusa é quando uma parte da radiação global incidente na atmosfera sofre um espalhamento, tendo sua direção alterada. Os dados relativos à 8 intensidade da radiação solar incidente sobre as superfícies podem ser calculadas por meio de formulas, sendo função da latitude, da data, da altitude, da nebulosidade, da poluição do ar e também do plano de incidência. Esses dados podem ser apresentados sob a forma de tabelas e de gráficos. A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande importância para a higiene em geral e para o conforto térmico de verão em regiões de clima temperado e de clima quente e úmido. A renovação do ar dos ambientes proporciona a dissipação de calor e a desconcentração de vapores, fumaça, poeiras, poluentes. A ventilação pode ser feita de forma natural ou por meios mecânicos. Um melhor aproveitamento do clima pode ser obtido pelo planejamento apropriado de detalhes da edificação. O paisagismo, a orientação e a escolha da tipologia arquitetônica são fundamentais na adequação do edifício ao clima. A localização adequada das aberturas, por exemplo, pode melhorar a ventilação cruzada de um ambiente e o ganho de calor solar no inverno. Os dispositivos de sombreamento devem ser usados de maneira a evitar a penetração de radiação solar durante o verão, e permitir a entrada de radiação, aquecendo passivamente o ambiente, nos períodos frios. 1.3 Aspectos humanos O organismo do ser humano possui por si próprio, um mecanismo chamado de termo-regulação, que é a manutenção da temperatura interna do organismo relativamente constante, em ambientes cujas condições termohigrométricas são as mais variadas possíveis. Isso se faz por intermédio de seu aparelho termo-regulador, que comanda a redução ou o aumento das perdas de calor através de alguns mecanismos de controle. A termo-regulação pode ser dividida em respostas comportamentais (voluntárias) e fisiológicas (involuntárias) aos estímulos externos, como o movimento, a postura, a ingestão e a construção de abrigos entre outros. As reações fisiológicas ao estresse térmico incluem mudanças no metabolismo, dilatação e contração de vasos sanguíneos, aumento ou diminuição da pulsação cardíaca, suor, entre outros. A pele é o principal órgão termo-regulador do organismo humano, e é através dela que se realizam as trocas de calor. A temperatura da pele é regulada pelo fluxo sanguíneo que a percorre. Ao sentir desconforto térmico o primeiro mecanismo fisiológico a ser ativado é a regulagem vasomotora do fluxo sanguíneo da camada periférica do corpo, a camada subcutânea através 9 da vasodilatação ou vasoconstrição, reduz ou aumenta a resistência térmica dessa camada subcutânea. Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração ativa, que tem inicio quando as perdas por convecção e radiação, somadas às perdas por perspiração insensível, são inferiores às perdas necessárias a termo-regulação. A transpiração ativa se faz por meio das glândulas sudoríparas. Os limites da transpiração são as perdas de sais minerais e a fadiga destas glândulas sudoríparas. Portanto, no aspecto humano, devem ser analisadas as atividades que serão realizadas no ambiente, pois quanto maior for à atividade física, tanto maior será o calor gerado por metabolismo. Na figura abaixo são representados os valores de metabolismo para algumas atividades físicas segundo a norma ISO 7730. Figura 1. Atividade física e respectivo metabolismo Em conseqüência da atividade física, é necessário também analisar a vestimenta, que se relaciona a uma resistência térmica interposta entre o corpo e o meio ambiente e, também, à permeabilidade ao vapor d'água. A quantidade de calor trocada depende da diferença entre a temperatura superficial e o meio, esta diminui à medida que aumenta a resistência térmica. Portanto, quanto mais espessas, menos condutivas e menos permeáveis forem às roupas, maior dificuldade terá o organismo para trocar calor com o meio ambiente. Já que a vestimenta reduz a perda de calor. A mesma pode ser classificada de acordo com o seu valor de isolação, e a unidade usada é o Clo (clothing). Ainda dentro do aspecto humano, temos o conforto visual, que é o principal determinante da necessidade de iluminação de um edifício, e é 10 entendido como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual, com o menor esforço, com o menor risco de prejuízo à vista e com reduzidos riscos de acidentes. Portanto, se um ambiente tem iluminância suficiente e bem distribuída, ausência de ofuscamento, contrastes adequados e bom padrão e direção de sombras, pode-se dizer que um indivíduo tem os requisitos necessários para a ocorrência tranqüila do processo visual. 2. CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA Após o conhecimento dos três aspectos, o arquitetônico, o climático e o humano, é possível fazer um levantamento de todos os dados necessários para se calcular a carga térmica de um determinado ambiente, resultando no conhecimento da quantidade de calor total que deve ser extraída ou fornecida ao ar desse ambiente para se poder mantê-lo em condições desejáveis de temperatura e umidade. Para começar a construção dos cálculos, é necessário um entendimento dos conceitos de transmissão de calor e comportamento térmico dos fechamentos. Em um fechamento opaco, a transmissão de calor acontece quando há uma diferença de temperatura entre as suas superfícies superior e interior. O sentido do fluxo de calor será sempre da superfície mais quente para a mais fria. Figura 2. As três fases da transmissão de calor nos fechamentos opacos Essa transmissão acontece primeiramente pela troca de calor com o meio exterior, onde a principal determinante é a sua cor superficial. Após essa troca, ocorre a condução pelo fechamento, na qual ocorrerá uma troca de calor por condução e a intensidade do fluxo pelo material dependerá da 11 condutividade térmica, propriedade que depende da densidade do material e representa sua capacidade de conduzir maior ou menor quantidade de calor por unidade de tempo. Outro ponto importante a ser analisado é a espessura do fechamento, pois através da espessura se calcula o valor de sua resistência térmica. Podem-se reduzir consideravelmente as trocas de calor em um fechamento opaco empregando materiais com condutividades mais baixas ou até construindo fechamentos com múltiplas camadas, podendo uma das quais ser uma camada de ar. Por último, ocorre a troca de calor com o meio interior, na qual as trocas voltam a ser por convecção e por radiação. Nesse último processo, consegue-se obter o valor da transmitância térmica do fechamento, que é o ponto mais importante, pois através deste valor pode-se avaliar o comportamento de um fechamento opaco frente à transmissão de calor. Ressaltando que todos estes dados e os demais, são obtidos por tabelas padronizadas. Após estes três processos, o fluxo de calor por um fechamento opaco, no inverno, pode ser equacionado por: q = U (te – ti) Onde: q= fluxo total de calor (W/m²) U= transmitância térmica (W/m² K) te= temperatura exterior ti= temperatura interior E o verão, pode ser equacionado por: qfo = U (α I Rse + te – ti) Onde: α = absortividade da superfície externa do fechamento I = radiação solar (W/m²) Rse = resistência superficial externa Usando estas fórmulas, se obtém o fluxo de calor que passa pelo fechamento a cada m², portanto, é necessário multiplicar estes resultados pela área total do ambiente. 12 Em um fechamento transparente, os três tipos básicos de trocas térmicas: convecção, condução e radiação. Com relação às duas primeiras, o comportamento é semelhante ao dos fechamentos opacos, acrescentando aos transparentes a possibilidade do controle das trocas de ar entre interior e exterior, basicamente ao abri-los ou fechá-los. . A radiação é que se torna o principal fator devido à sua parcela diretamente transmitida para o interior (inexistente nos fechamentos opacos), que depende da transmissividade do vidro. No projeto arquitetônico, as principais variáveis que podem alterar o aporte de calor pela abertura são: a orientação e o tamanho da abertura, o tipo de vidro e o uso de proteções solares internas e externas. Figura 3. Variáveis da abertura A orientação e o tamanho da abertura ira determinar sua exposição ao sol. Quanto maior a abertura, maior a quantidade de calor que pode entrar ou sair do ambiente. O tipo de vidro controla a radiação solar, admitindo ou bloqueando a luz natural, o calor solar, as perdas de calor do interior e permite o contato visual entre o interior e o exterior. Os vidros têm alta transmitância térmica, sendo bons condutores de calor e são os únicos materiais da construção civil, com capacidade de controlar a forma racional da radiação solar. A radiação solar incidente em um fechamento transparente pode ser absorvida, refletida ou transmitida para o interior, dependendo da absortividade, refletividade e transmissividade do vidro. Podem-se classificar os tipos de vidros em simples, verde, películas e absorventes, reflexivos e plásticos. O vidro simples é altamente transparente, tem boa visibilidade, porem alta transmissividade da radiação solar para o interior, são poucos reflexivos e causa o efeito estufa. O 13 vidro verde ou absorvente é levemente pigmentado para diminuir a transmissão da onda curta com somente um pequeno aumento na absorção da parte visível. As películas e vidros absorventes diminuem a transmissão da onda curta. Isto é feito com o aumento da absorção nesse comprimento de onda que diminui bastante a transmissividade visível (visibilidade), gerando gastos de energia elétrica com o uso de iluminação artificial. As películas e vidros reflexivos, que são compostos por uma camada metálica em um substrato transparente, produzindo uma aparência de espelho. Nesse tipo de película ou vidro, há a redução do ingresso de calor ao interior e reduz as perdas de calor para o exterior, e também possui a redução na sua capacidade de transmitir a radiação visível. Os plásticos, como o policarbonato e o acrílico, são altamente transparentes, reduzindo o efeito estufa e aumentando as perdas de calor para o exterior. O uso de proteções solares em uma abertura é um recurso importante para reduzir os ganhos térmicos. As proteções solares internas são basicamente as cortinas e as persianas, sendo flexíveis na sua operação de abrir ou fechar. Porém, as proteções internas não evitam o efeito estufa, pois o calor solar que as atinge se transforma em radiação de onda longa, permanecendo na sua maior parte no ambiente interior. A opção por uma proteção externa pode ser mais adequada se houver um dimensionamento que garanta a redução da incidência da radiação solar, quando necessária, sem interferir na luz natural. A proteção tipo light shelf tem esse objetivo. A proteção externa bloqueia a radiação direta antes de esta penetrar no vidro, evitando o efeito estufa. Para saber a quantidade de calor que penetra em um ambiente através de uma janela ou sistema de abertura, é importante conhecer o conceito de fator solar, que pode ser entendido como a razão entre a quantidade de energia solar que atravessa a janela pelo que nela incide. Este valor é característico para cada tipo de abertura e varia com o ângulo de incidência da radiação solar. Com base nestas análises, pode-se equacionar o fluxo térmico que atravessa a abertura por condução, assim: qa = U (te – ti) E o ganho solar pelo vidro: qs = Fs x I 14 Multiplicando os resultados obtidos através do uso destas fórmulas pela área total do ambiente. E após, somando-se os dois valores tem-se o ganho total de calor pela abertura. Após calcular a transmissão de calor pelos fechamentos, analisa-se a quantidade de pessoas vão usar o local. Segundo a ISO 7730, uma pessoa em atividade leve, normalmente exercida em ambientes de escritório, por exemplo, produz aproximadamente 150 W de calor. Para se obter o ganho de calor por ocupantes, multiplica-se o calor gerado individualmente pelo numero de ocupante. Agora, parte-se para a análise do ganho de calor por iluminação artificial e por equipamentos existentes no local. Nesta fase analisa-se o tipo e a quantidade de lâmpadas existente no local. Mas deve-se considerar além do calor dissipado pelas lâmpadas, o calor perdido pelos reatores. Conforme o tipo e a potência das lâmpadas serão os reatores. Então se somam o calor perdido pelos reatores com o calor dissipado pelas lâmpadas. E quanto aos equipamentos, depende do tipo e da quantidade. Agora, parte-se para o ganho de calor por infiltração de ar, normalmente adota-se um número de trocas de ar para o ambiente, que depende da estanquiedade das aberturas ao ar. É importante compreender que esta infiltração acontecerá pelas frestas e se traduzirá em dois tipos distintos de ganhos de calor para efeitos de cálculos de carga térmica: calor sensível e calor latente. O calor sensível esta relacionado basicamente à diferença de temperatura entre interior e exterior, ou seja, é a quantidade calor recebida ou cedida por um corpo ao sofrer uma variação de temperatura e, o calor latente, incorpora o conceito de troca de estado da água contida no ar do ambiente. Portanto, ele é um pouco mais difícil de calcular, pois ele indica a quantidade de energia que deverá ser gasta para alterar a temperatura e a umidade do ar que infiltra no ambiente a partir do exterior de forma a deixá-lo em condições iguais ao ar interior. Este cálculo exige conhecimentos mais aprofundados da carta psicométrica. A seguir, estão descritos todas as zonas da carta psicométrica. 2.1 Estratégias Bioclimáticas 15 Estas estratégias, se usadas corretamente, durante a concepção do projeto da edificação, pode proporcionar melhores condições de conforto térmico e redução no consumo de energia. 2.1.1 Zona de conforto Para as condições climáticas desta região, existe uma grande probalidade das pessoas perceberem a sensação de conforto térmico. Percebe-se que o organismo humano pode estar em conforto mesmo em diversos limites de umidade relativa (entre 20% e 80%) e de temperatura (entre 18°C e 29°C), em países em desenvolvimento, segundo Givoni. Figura 4. Zona de Conforto 2.1.2 Ventilação A ventilação corresponde a uma estratégia de resfriamento natural do ambiente construído através da substituição do ar interno: (mais quente) pelo externo (mais frio). As soluções arquitetônicas comumente utilizadas são a ventilação cruzada, a ventilação da cobertura e a ventilação do piso sob a edificação. Figura 5. Ventilação 16 2.1.3 Resfriamento evaporativo O resfriamento evaporativo é uma estratégia utilizada para aumentar a umidade relativa do ar e diminuir a sua temperatura. O resfriamento evaporativo pode ser obtido de forma direta ou indireta. O uso de vegetação, de fontes d'água ou de outros recursos que resultem na evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar constitui-se em formas diretas de resfriamento evaporativo. Uma forma indireta pode ser obtida através de tanques d'água sombreados executados sobre a laje de cobertura. Figura 6. Resfriamento evaporativo 2.1.4 Inércia térmica para resfriamento A utilização de componentes construtivos com inércia térmica superior faz com que a amplitude da temperatura interior diminua em relação a exterior, ou seja, os picos de temperatura não serão percebidos internamente. Componentes construtivos com elevada capacidade térmica são indicados para clima quente e seco onde a temperatura atinge valores muito altos durante o dia e extremamente baixos durante a noite. Nestes casos, a capacidade térmica do componente permite o atraso da onda de calor fazendo com que este calor incida no ambiente interno apenas no período da noite, quando existe a necessidade de aquecimento. 17 Figura 7. Massa térmica para resfriamento 2.1.5 Resfriamento artificial O resfriamento artificial deve ser utilizado quando as estratégias de ventilação, resfriamento evaporativo e massa térmica não proporcionam as condições de conforto desejadas. Figura 8. Ar condicionado 2.1.6 Umidificação A estratégia de umidificação é recomendada quando a temperatura do ar apresentar-se menor que 27°C e a umidade relativa abaixo de 20% (EVANS & SCHILLER,1988). Recursos simples, como recipientes com água colocados no ambiente interno podem aumentar a umidade relativa do ar. Da mesma forma, aberturas herméticas podem manter esta umidade, além do vapor d'água gerado por atividades domésticas ou produzido por plantas. 18 Figura 9. Umidificação 2.1.7 Inércia térmica e aquecimento solar Adotam-se componentes construtivos com maior inércia térmica, além de aquecimento solar passivo e isolamento térmico, para evitar perdas de calor, pois esta zona situa-se entre temperaturas de 14 a 20°C. Figura 10. Massa térmica e aquecimento solar 2.1.8 Aquecimento solar passivo Esta zona deve ser adotada para os casos com baixa temperatura do ar. Recomenda-se que a edificação tenha superfícies envidraçadas orientadas para o sol e aberturas reduzidas nas fachadas que não recebem insolação para evitar perdas de calor. Esta estratégia pode ser conseguida através de orientação adequada da edificação e de cores que maximizem os ganhos de calor, através das aberturas zenitais, de coletores de calor colocados no telhado e de isolamento para reduzir as perdas térmicas. 19 Figura 11. Aquecimento solar passivo 2.1.9 Aquecimento artificial Este tipo de estratégia deve ser utilizado apenas em locais extremamente frios, com temperaturas inferiores a 10,5°C, em que a estratégia de aquecimento solar passivo não seja suficiente para produzir sensação de conforto. Deve-se usar isolamento nas paredes e coberturas dos ambientes aquecidos para evitar perdas de calor para o ambiente externo. Figura 12. Aquecimento artificial Através da análise da carta psicométrica, obtém-se a diferença entálpica entre o ar interno e o externo e multiplica-se pelo volume de ar trocado no ambiente a cada segundo e pela densidade do ar. Dessa fórmula, obtém-se o calor latente. Após todos estes cálculos, somando a condução pelo fechamento opaco, a condução pela abertura, o ganho solar pelo vidro, o ganho solar por ocupantes, o ganho de calor por iluminação artificial, o ganho de calor por equipamentos e o ganho de calor por infiltração de ar (calor latente e sensível), obtém-se a carga térmica para o ambiente. 20 Deve-se dizer que, embora este seja o valor de pico, é o que se utiliza para dimensionamento de aparelhos de climatização. É importante ressaltar que o procedimento aqui descrito é extremamente simplificado, serve apenas para um melhor entendimento do funcionamento do cálculo da carga térmica em edificações. Para avaliações mais precisas deve-se utilizar um programa mais sofisticado como, por exemplo, o DOE 2.1E, BLAST ou o Energy Plus. 3. MÉTODOS E RESULTADOS Juntamente, com a revisão bibliográfica, para uma melhor compreensão deste cálculo, foi criado um programa, cujo script segue no apêndice A, no MATLAB 6.5, que faz este cálculo simplificadamente. Onde através das informações solicitadas ao usuário, na qual algumas são solicitadas com a escolha em determinadas tabelas, de acordo com o material, localização, dentre outros, e outras informadas pelo usuário, o programa calcula a carga térmica de um ambiente de acordo com todas as formulas citadas anteriormente. CONCLUSÕES Este trabalho permitiu constatar que muitos dos problemas de saúde dos moradores de uma edificação são ocasionados pelo desconforto térmico proporcionado. Por isso, o conceito de conforto térmico deve estar sempre presente no projeto, onde o profissional responsável, ao projetar necessita conhecer todos os fatores ou fontes térmicas que incidem numa edificação, além dos aspectos arquitetônicos, climáticos e humanos que envolvem o edifício em questão. Com o cálculo da carga térmica, que leva em consideração, a condução pelo fechamento opaco e pela abertura, o ganho solar pelo vidro, o ganho de calor pelos ocupantes, pela iluminação artificial, pelos equipamentos e pela infiltração de ar, o calor sensível e o latente, pode-se com o resultado obtido, determinar a quantidade de calor que se deve extrair ou fornecer ao ambiente proporcionando assim o devido conforto térmico aos seus usuários e consequentemente a redução do consumo de energia elétrica da edificação. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; RUTTKAY, Fernando Oscar. Eficiência energética na arquitetura. São Paulo: PW, 1997. 192p. LAMBERTS, Roberto; CARLO, Joyce. C. Desempenho térmico de edificações. 2005. 42f. Trabalho de Pós-graduação. Disciplina: ECV 5161. Departamento de Engenharia Civil. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, Florianópolis, 2005. 22 APÊNDICE APÊNDICE A – SCRIPT DO PROGRAMA DO MATLAB 6.5 QUE FAZ O CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA. format short g; clear; clc; disp('CALCULO DA CARGA TERMICA'); pause; % Calculo do fluxo termico do fechamento opaco % Calor penetrando no ambiente para cada metro quadrado disp('CONDUCAO PELO FECHAMENTO OPACO'); pause; tabela=[2.39;2.08;2.49;2.59;4.04;3.57;2.45;5.79]; opcao=menu('A parede e composta por:','tijolo 6 furos 12,5 cm','tijolo 6 furos 17 cm','tijolo 8 furos rebocado 12,5 cm','tijolo 4 furos rebocado 12,5 cm','tijolo macico aparente 9 cm','tijolo macico rebocado 12 cm','tijolo macico rebocado 26 cm','vidro comum 3mm'); u=tabela(opcao) tabela1=[0.8;0.6;0.3]; opcao1=menu('A parte externa da parede e de cor:','escuras','medias','claras'); alfa=tabela1(opcao1) disp('Calcula-se a radiacao solar no horario mais critico de acordo com a latitude e a localizacao'); tabela2=[143;50;50;50;50;456;715;586]; opcao2=menu('O edificio fica localizado:','Sul','Sudeste','Leste','Nordeste','Norte','Noroeste','Oeste','Sudoeste'); i=tabela2(opcao2); rse=0.04; te=input('Digite o valor da temperatura externa:'); ti=input('Digite o valor da temperatura interna:'); tabela3=[1;2]; opcao3=menu('Escolha a estaçao','inverno','verao'); if opcao3==1 qfo=(u*(te-ti)); else qfo=(u*(alfa*i*rse+(te-ti))); end disp(qfo); disp(['O calor penetrando no fechamento por m² eh:' num2str(qfo) 'w']); pause; % Calor penetrando na area total do fechamento 23 altura(1,1)=input('Digite a altura do fechamento:'); altura(1,2)=input('Digite a altura da abertura:'); comprimento(1,1)=input('Digite o comprimento do fechamento:'); comprimento(1,2)=input('Digite o comprimento da abertura:'); areafechamento=(altura(1,1)*comprimento(1,1)); areaabertura=(altura(1,2)*comprimento(1,2)); tarea=(areafechamento-areaabertura); tqfo=(qfo*8); disp(tqfo); disp(['O calor total penetrando no fechamento eh:' num2str(tqfo) 'w']); pause; % O fluxo de calor que atravessa a abertura disp('CONDUCAO PELA ABERTURA'); pause; opcao4=menu('Para transmitancia termica, escolha o material:','tijolo 6 furos 12,5 cm','tijolo 6 furos 17 cm','tijolo 8 furos rebocado 12,5 cm','tijolo 4 furos rebocado 12,5 cm','tijolo macico aparente 9 cm','tijolo macico rebocado 12 cm','tijolo macico rebocado 26 cm','vidro comum 3mm'); u2=tabela(opcao4); qa=u2*(te-ti); tqa=(qa*areaabertura); disp(tqa); disp(['O calor que atravessa a abertura eh:' num2str(tqa) 'w']); pause; % Ganho solar pelo vidro disp('GANHO SOLAR PELO VIDRO'); pause; tabela3=[0.87;0.83;0.75;0.72;0.60;0.72;0.60;0.32;0.38;0.45;0.85;0.64;0.18;0.85;0.64;0.70;0.40; 0.56]; opcao5=menu('Escolha o tipo de superficies separadoras','vidro transparente 3mm','vidro transparente 6mm','vidro transparente duplo 3mm','vidro cinza fume 3mm','vidro cinza fume 6mm','vidro verde 3mm','vidro verde 6mm','vidro reflexivo 3mm','pelicula reflexiva','pelicula absorvente','acrilico claro','acrilico cinza ou bronze','acrilico refletido','policarbonato claro','policarbonato cinza ou bronze','domos claro','domos translucido','tijolo de vidro'); fs=tabela3(opcao5) qs=(fs*i); tqs=(qs*areaabertura); disp(tqs); disp(['O ganho solar pelo vidro eh:' num2str(tqs) 'w']); pause; %ganho de calor dos ocupantes disp('GANHO DE CALOR POR OCUPANTES'); pause; ocupantes=input('Digite quantas pessoas ocupam o local:'); calor=150 24 qo=(calor*ocupantes); disp(qo); disp(['O ganho total de calor pelos ocupantes eh:' num2str(qo) 'w']); pause; % ganho de calor por iluminaçao artificial disp('GANHO DE CALOR POR ILUMINACAO ARTIFICIAL'); pause; disp('PERDA DE CALOR POR REATORES'); pause; a=input('Digite a quantidade de reatores:'); b=input('Digite de acordo com o tipo de reator, a quantidade de calor perdida por eles:'); qr=(a*b); disp(qr); disp(['A quantidade total de calor perdido pelos reatores eh:' num2str(qr) 'w']); pause; c=input('Digite a quantidade de lampadas existentes no local:'); d=input('Digite o calor dissipado por cada lampada:'); ql=(c*d); disp(ql); disp(['A quantidade total de calor dissipado pels lampadas eh:' num2str(ql) 'w']); pause; qi=(qr+ql); disp(qi); disp(['O ganho de calor total por iluminaçao artificial eh:' num2str(qi) 'w']); pause; %ganho de calor por equipamentos disp('GANHO DE CALOR POR EQUIPAMENTOS'); pause; qe=input('Digite o valor do ganho de calor pelo equipamento existente no local:'); disp(qe); disp(['O ganho de calor total por equipamento eh:' num2str(qe) 'w']); pause; %Ganho de calor por infiltraçao de ar disp('GANHO DE CALOR POR INFILTRACAO DE AR:'); pause; %calor sensivel disp('Calor sensivel'); pause; disp('Para calcular o volume de ar trocado no ambiente a cada segundo'); tabela6=[0.1;0.2;0.3;0.4;0.5;0.6;0.7;0.8;0.9;1.0]; opcao7=menu('Escolha a % de infiltraçao adotada','De 0% a 10%','De 11% a 20%','De 21% a 30%','De 31% a 40%','De 41% a 50%','De 51% a 60%','De 61% a 70%','De 71% a 80%','De 81% a 90%','De 91% a 100%'); dens=1.2; 25 c=1000; inf=tabela6(opcao7); comp=input('Digite o comprimento da sala:'); hora=3600; v=((inf*comp*altura(1,1)*comprimento(1,1))/hora); delta=(te-ti); qse=(dens*c*v*delta); disp(qse); disp(['O calor sensivel sera:' num2str(qse) 'w']); pause; %calor latente disp('CALOR LATENTE'); pause; te1=input('Digite a entalpia do ar externo:'); te2=input('Digite a entalpia do ar interno:'); dif=((te1-te2)*1000); qla=dif*v*dens; disp(qla); disp(['O calor latente sera:' num2str(qla) 'w']); pause; %total de calor que entra no ambiente por infiltraçao qia=qse+qla; disp(qia); disp(['O total de calor que entra por infiltraçao de ar sera:' num2str(qia) 'w']); pause; %carga termica ct=tqfo+tqa+tqs+qo+qi+qe+qia; disp(ct); disp(['A carga termica para o ambiente sera entao:' num2str(ct) 'w']); 26