ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM MOTORES José Eduardo Mautone Barros José Guilherme Coelho Baêta JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 1 Perfil dos instrutores José Eduardo Mautone Barros • Doutor em Engenharia Mecânica Área de Motores de Combustão Interna – UFMG • Mestre em Engenharia Aeronáutica, Área de Propulsão – ITA • 23 anos de experiência em projetos de desenvolvimento na indústria aeroespacial e na academia • Desenvolvimento de motores foguetes (Lançador de satélite VLS, Míssil MAA-1.1 Piranha, Míssil MSS-1.2, Sistema ASTRO Avibras) • Desenvolvimento de pirotécnicos ( Airbag, Parafusos explosivos, Válvulas, Cordões de corte) • Ensaios de turbocompressores e simulações • Simulações de motores de combustão interna JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 2 Perfil dos instrutores José Guilherme Coelho Baêta • Doutorando em Engenharia Mecânica, Área de Motores de Combustão Interna – UFMG • Especialista em Engenharia Automotiva – PUC-MG • 10 anos de experiência em projetos de desenvolvimento na indústria automotiva (FIAT) • Desenvolvimento de técnicas de calibração experimental de centrais eletrônicas de motores de combustão interna • Desenvolvimento de motores multifuel sobrealimentados JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 3 Sumário Cap. 1 – Transferência de calor Cap. 2 – Balanço térmico do motor Cap. 3 – Dimensionamento do sistema de arrefecimento Cap. 4 – Análise da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 5 – Análise Computacional da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 6 – Modelagem dinâmica do sistema de arrefecimento JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 4 Modos de transferência de calor Importância A transferência de calor afeta o desempenho, a eficiência e as emissões dos motores através dos seguintes parâmetros: Temperatura e pressão dos gases de combustão (afeta potência útil) Consumo específico de combustível Detonação (troca de calor para os gases não queimados) que limita a taxa de compressão Aquecimento da válvula de exaustão (afeta a eficiência volumétrica de admissão) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 5 Modos de transferência de calor Importância A transferência de calor afeta o desempenho, a eficiência e as emissões dos motores através dos seguintes parâmetros: Emissões de CO e HC queimados na exaustão Temperatura dos gases de exaustão (EGT) que controla turbocompressores e recuperadores Aquecimento do óleo (maior atrito) Expansão térmica dos componentes (pistão, anéis, cilindro, cabeçote, etc.) Carrega o sistema de resfriamento e seus acessórios JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 6 Modos de transferência de calor Ordens de grandezas Temperatura máxima típica do gás queimado: 2200 ºC (2500 K) Temperatura máxima do material da parede do cilindro: Ferro fundido 400 ºC (673 K) Ligas de alumínio 300 ºC (573 K) Lubrificante 180 ºC (453 K) Pico de fluxo de calor para as paredes do cilindro: 0,5 a 10 MW/m2 JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 7 Modos de transferência de calor Condução Modo de transferência em sólidos e líquidos em repouso A intensidade é função do material e do gradiente de temperatura É o modo de transferência de calor no cabeçote, paredes do cilindro, pistão, bloco e coletores Q q CN kT A Q dT x q CN x k A dx onde, q = fluxo de calor (W/m2) k = condutibilidade térmica (W/m/K) A = área transversal de transferência (m2) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 8 Modos de transferência de calor Convecção Modo de transferência entre fluidos e uma superfície sólida A intensidade é função do fluido, do movimento relativo da diferença de temperaturas No motor a convecção é forçada, em regime turbulento, pois existe bombeamento dos fluidos Depende de relações empíricas específicas para cada tipo de escoamento e geometria É o modo de transferência de calor entre os gases e líquidos e as paredes dos componentes do motor JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 9 Modos de transferência de calor Convecção Q q CV h g Tg Tw,g A Q q CV h c Tw,c Tc A onde, h = coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m2/K) Tw = temperatura da superfície da parede sólida (K) T = temperatura média do fluido (K) Subscritos, g = gás c = fluido de resfriamento (água ou ar) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 10 Modos de transferência de calor Radiação Modo de transferência entre corpos quentes e frios por meio de emissão e absorção de ondas eletromagnéticas A intensidade é função da diferença de temperaturas Depende de parâmetros de forma, absorção e emissividade específicos para cada tipo material e geometria É um modo secundário de transferência de calor entre os gases quentes durante a queima e as paredes do cilindro É mais significativo em motores de ignição por compressão (ciclo Diesel) devido a presença de fuligem durante uma fase da queima do combustível no cilindro Existe radiação térmica proveniente do coletor de escape JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 11 Modos de transferência de calor Radiação onde, Q q R Ff ε σTg4 Tw,4 g A σ = constante de Stefan-Boltzmann = 5,67x10-8 W/m2/K4 ε = emissividade Ff = fator de forma Tw = temperatura da superfície da parede sólida (K) Tg = temperatura média do fluido (K) Subscrito g = gás JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 12 Modos de transferência de calor Mecanismo combinado de transferência de calor no cilindro q CV q R q CN q CV g c Regime transiente (aproximação quase-permanente) Escoamento turbulento Tridimensional (aproximação unidimensional) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 13 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Temperaturas no pistão Temperatura maior no centro do pistão Os pontos na figura são valores medidos e as isolinhas são calculadas em um motor ciclo Otto JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 14 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Pistão de motores ciclo Diesel são 50 ºC mais quentes JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 15 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Temperaturas na parede do cilindro em um motor ciclo Diesel O topo é mais quente devido a queima A carga térmica devido a fricção é significativa JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 16 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Altas temperaturas entre as válvulas do cabeçote (Otto) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 17 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Temperaturas na válvula de exaustão (ciclo Diesel) Em válvulas pequenas a base recebe a maior carga térmica Em válvulas grandes a sede recebe a maior carga térmica JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 18 Análise térmica do motor Efeito nos componentes do motor Fluxo de calor calculados em diversas regiões do pistão A carga térmica é mais elevada na cabeça do pistão Motores ciclo Diesel possuem canais de resfriamento entre a cabeça e a saia do pistão JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 19 Análise térmica do motor Efeito das variáveis do motor O parâmetro de calor total (100%) é a energia do combustível (massa de combustível injetada vezes o poder calorífico inferior) A perda de calor relativa a energia total diminui com o aumento da velocidade de rotação A perda de calor absoluta aumenta com o aumento da velocidade de rotação O fluxo de calor é máximo para lambda igual a 0,91 (mistura rica) para a gasolina A perda de calor relativa (28%) é maior para lambda igual a 1,0 (mistura estequiométrica) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 20 Análise térmica do motor Efeito das variáveis do motor O aumento da razão de compressão diminui a perda de calor relativa, mas aumenta o fluxo de calor total Aumentando o ângulo de avanço em relação ao ponto morto superior (PMS) reduz-se a perda de calor relativa O “swirl”(rotação) e o “squish”(estrangulamento) aumentam a perda de calor relativa devido ao aumento da velocidade do gás no interior do cilindro O aumento da temperatura do fluido de resfriamento aumenta diretamente a temperatura dos componentes internos do motor O aumento da temperatura de admissão aumenta a perda de calor relativa JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 21 Análise térmica do motor Efeito das variáveis do motor A ocorrência de detonação provoca um aumento da perda de calor relativa em função do aumento da temperatura e pressão de queima. O fluxo é aumentado em 3 a 4 vezes. Os materiais mais comuns da parede do cilindro são o ferro fundido e o alumínio, que restringem as temperaturas a faixa de 200 a 400 ºC O revestimento cerâmico permite aumentar a temperatura de trabalho dos gases, contudo o aumento da temperatura das paredes prejudica a admissão de mistura e facilita a detonação A carga térmica nos componentes é cíclica e provoca variações de temperatura de aproximadamente 20 K por ciclo JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 22 Análise dimensional Variáveis envolvidas Aplicada a convecção no interior do cilindro do motor que a maior parte do fluxo gerado f h c , q ch , D, L, y, T, k, μ, ρ, cp , v, N, θ 0 hc = coeficiente de transferência de calor por convecção qch = taxa de calor gerada por volume pela queima do combustível D = diâmetro do cilindro L = altura máxima do cilindro y = altura instantânea do cilindro k = condutibilidade térmica do fluido μ = viscosidade do fluido cp = calor específico do fluido ρ = densidade do fluido v = velocidade média do fluido N = velocidade de rotação θ = ângulo do virabrequim T = temperatura do fluido JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 23 Análise dimensional Grupos adimensionais Aplicando a técnica da análise dimensional (ver cap. 11 de Welty, Wilson et Wilcks, 1976 ) são gerados os seguintes grupos adimensionais, após algumas combinações de grupos: h c D ρ v D cp μ cp T N D L q ch y θ F , , , 2 , , , , , 0 k μ k v v D ρ cp N T D θf Nusselt, Reynolds, Prandtl, Mach ... JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 24 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção hc D Nu k ρvD Re μ Pr c pμ k Forma de relacionamento proposta para problemas de convecção forçada em dutos cilíndricos (a, m, n e z são constantes) z m n L Nu a Re Pr D JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 25 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção A viscosidade (μ) é devida a interações moleculares nos gases e líquidos. A movimentação entre as camadas gera uma força de cisalhamento ao longo do fluido. A difusividade é um parâmetro em um formato mais adequado ao modelo de transferência de quantidade de movimento. ν = μ/ρ = difusividade de quantidade de movimento (m2/s) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 26 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção No. de Reynolds Forcas de inércia / Forças viscosas As forças de inércia causam movimentos macroscópicos de porções do fluido que dissipam energia. vD Re ν JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 27 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção A condutibilidade térmica (k) é devida a interações moleculares nos gases e líquidos e ao movimento de elétrons nos sólidos que levam a uma alteração de temperatura local. A difusividade térmica (α) é um parâmetro derivado diretamente relacionado com (k) que possui um formato mais adequado ao modelo de transferência de calor (m2/s) k α ρ cp JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 28 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção No. de Prandtl Difusividade de quantidade de movimento / difusividade térmica μ k Pr ρ ρc p JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 29 Análise dimensional Grupos adimensionais para convecção hc D Nu k No. de Nusselt Condutibilidade por convecção do fluido / condutibilidade por condução JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 30 Análise dimensional Pontos importantes no uso das correlações Velocidade a ser usada no número de Reynolds Temperatura média do gás Temperatura de referência para os cálculos das propriedades Abrangência da correlação, ou seja, ela gera coeficientes de transferência de calor para fluxo instantâneo ou pra o fluxo médio em um ciclo JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 31 Trocadores de calor compactos Circuito principal de resfriamento Válvula termostática Radiador Motor Bomba centrífuga JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 32 Trocadores de calor compactos Circuito principal de resfriamento (exemplo) Motor FIRE 1.3 16V Líquido de arrefecimento: mistura de água + 30% de Paraflu Radiador com tubos e aletas em alumínio e caixa plástica Pressão de trabalho a quente: 1,4 bar Vazão = 6,5 m3/ h a 5000 rpm da bomba, pressão de 1 bar e temperatura do líquido de 90ºC, potência de 0,20 kW Válvula termostática instalada na região posterior do cabeçote (fechada para temperaturas menores que 87ºC ± 2ºC) Eletroventilador com duas velocidades e comandado diretamente pela ECU (centralina) de injeção eletrônica (1º velocidade = 97ºC e 2º velocidade = 101ºC) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 33 Trocadores de calor compactos Circuitos auxiliares de resfriamento Radiador de óleo “Intercooler” JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 34 Trocadores de calor compactos Circuitos auxiliares de resfriamento Radiador de óleo : tem a função de manter a temperatura do óleo entre 85 e 120 ºC quando o motor funciona frequentemente com cargas elevadas e em alta rotação “Intercooler” : tem a função de abaixar a temperatura do ar e admissão após a compressão (ex: FIRE FLEX 1.3 8V com turbo GT12, de 95 ºC para 60 ºC) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 35 Trocadores de calor compactos Tipos de radiadores Compactos são trocadores de calor gás-fluido com uma densidade de área de troca de calor superior a 700 m2/m3 O limite atual nos trocadores comerciais é de 3300 m2/m3 Tipos: Placas corrugadas; Placas e tubos; Regeneradores e Placas paralelas Os de placas e tubos são usados em veículos JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 36 Trocadores de calor compactos Tipos de radiadores Placas e Tubos (Ar ) (Água) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 37 Trocadores de calor compactos Tipos de radiadores Quanto ao sentido de circulação da água Vertical Horizontais JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 38 Trocadores de calor compactos Métodos de cálculo de equipamentos Os métodos a seguir são usados para dimensionar o tamanho do trocador ou calcular as temperaturas de operação (entrada e saída) para cada fluido Método da diferença de temperatura média logarítmica (DTML ou DTM ou MTD) Método da efetividade do trocador de calor (ε-NTU) (NUT ou NTU é o número de unidades de transferência de calor do trocador) Método modificado da efetividade (P-NTU) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 39 Trocadores de calor compactos Métodos de cálculo de equipamentos O coeficiente global de transferência de calor varia de 50 a 150 kcal/h/m2/ºC O coeficiente de perda de pressão é calculado usando o fator de atrito de Fanning em função do número de Reynolds e de parâmetros geométricos do trocador de calor Um fator de entupimento deve ser usado para radiadores sujos que deprecia a área de troca de calor JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 40 Propriedades dos fluidos de trabalho Levantamento de propriedades Gráficos e tabelas de livros e manuais (“handbooks”) de propriedades Relações matemáticas para estimativa das propriedades termodinâmicas e de transporte dos fluidos As simulações matemáticas exigem que as propriedades estejam convertidas em modelos matemáticos padrões JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 41 Propriedades dos fluidos de trabalho Equação dos gases ideais Relação constitutiva válida para gases até 30 bar (3x106Pa) (para pressões até 100 bar (1x107Pa) o erro é inferior a 1,5%) P ρRT R R constantedo gás M M peso molecular do gás (kg/kgmol) R 8314 J/kgmol/K constanteuniversal dos gases ideais JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 42 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações das propriedades de termodinâmicas Polinômios JANNAF para cada espécie química “i” (NASA SP-273) cpi R a1 a 2 T a 3 T 2 a 4 T 3 a 5 T 4 a3 2 a 4 3 a5 4 a6 h i0 a2 a1 T T T T RT 2 3 4 5 T a3 2 a4 3 a5 4 s i0 a1 ln T a 2 T T T T a7 R 2 3 4 JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 43 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações das propriedades de termodinâmicas Valores integrais para entalpia, entropia e energia livre de Gibbs (referência 298,15 K e 101325 Pa ) T h cpi d T h 0 i 0 i, T0 T0 T dT s cpi s i,0 T0 T T0 0 i g i h i T si JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 44 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações das propriedades de transporte Viscosidade e difusividade térmica (NASA TM-4513) b 2 b3 μi ln b1 ln T 2 b 4 -7 T T 1x10 kg m s c 2 c3 αi ln c1 ln T 2 c 4 -4 T T 1x10 W m K JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 45 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações das propriedades ligadas a compressibilidade Razão de calores específicos e número de Prandtl γf cp cv cp cp R 4 γf Pr 9 γf 5 Relação de Eucken JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 46 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações para misturas de gases mi ρi Ci m ρ fração mássica n i Ci M Xi n Mi fração molar (volumétrica) Mi N X i 1 i Mi R N N i 1 i 1 Ci R i Ci R Mi JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 47 Propriedades dos fluidos de trabalho Equações para misturas de gases N P s s 0 R ln R X i ln X i i 1 P0 μ X μ X N i 1 N i 1 i i i Mi Mi α N α i 1 N i X i 3 Mi X i 1 3 i Mi JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 48 Propriedades dos fluidos de trabalho Líquidos e misturas de duas fases As propriedades termodinâmicas e de transporte de um líquido podem seguir os polinômios propostos para os gases A faixa de temperatura correspondente a validade dos dados deve ser colocada com cuidado As regras de cálculo termodinâmico de duas fases devem ser respeitadas quando gás e líquido estiverem presentes JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 49 Propriedades dos fluidos de trabalho Regressão linear por mínimos quadrados Para os dados termodinâmicos pode-se usar as rotina prontas de regressão polinomial Para os dados de transporte deve-se resolver o seguinte sistema : 2 ln Ti ln T T ln T T2 ln T ln T T 1 T2 1 T3 1 T ln T T2 1 T3 1 T4 1 T2 ln T 1 T 1 T2 n pontos ln μ i ln T b 1 ln μ i b 2 T ln μ b3 i T2 b 4 ln μ i JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 50 Propriedades dos fluidos de trabalho Fluidos envolvidos Ar, deve ser tratado como uma mistura de N2, O2 e Ar Gases de combustão, devem ser tratados como uma mistura de gases de queima contendo no mínimo N2, O2, Ar, CO, CO2 e H2O, cuja composição foi calculada por um modelo de equilíbrio químico ou de cinética química Água e aditivos (líquido), o aditivo a base de monoetilenoglicol (40 a 50 % v/v) muda a temperatura de ebulição(+170 ºC) e solidificação(-35 ºC) Óleo lubrificante (líquido), usar valores de propriedades para uma composição base JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 51 Propriedades dos materiais do motor Ligas em contato com os fluidos Material Massa específica (kg/m3) Calor específico (J/kg/K) Condutibilidade térmica (W/m/K) Difusividade térmica (m2/s) Ferro fundido 7200 480 54 1,57x10-5 Alumínio 2750 915 155 6,2x10-5 Nitreto de silício 2500 710 10 2,8x10-6 Revestimento de Zirconia 5200 732 1,2 3,2x10-7 JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 52 Bibliografia Barros, J. E. M. Estudo de motores de combustão interna aplicando análise orientada a objetos. Belo Horizonte: Tese de Doutorado, Engenharia Mecânica, UFMG, 2003. Giacosa, D. Motori endotermici. Milano: Hoepli, 15ª ed., 2000. Gordon, S. et McBride, B. J. Computer program for calculation of complex chemical equilibrium composition, rocket performance, incident and reflected shocks, and Chapman-Jouguet detonations. NASA SP-273. Washington,D.C.: NASA, 1971. Heywood, J. B. Internal combustion engine fundamentals. New York: McGraw-Hill, 1988. Kreith, F. Princípios da transmissão de calor. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. McBride, B. J., Gordon S. et Reno M. A. Coefficients for calculating thermodynamic and transport properties of individual species. NASA Technical Memorandum 4513. Washington, D.C.: NASA, 1993. JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 53 Bibliografia Perry, R. H. et Chilton, C. H. Chemical engineers’ handbook. 5ª ed. Tokyo: McGraw-Hill, 1974. Shah, R. Compact heat exchangers. In: The CRC handbook of mechanical engineering. Kreith, F. et Goswami, D. Y. (ed.). Boca Raton: CRC Press, 2ª ed., 2005. Welty, J. R., Wilson, R. E. et Wilcks, C. E. Fundamentals of momentum heat and mass transfer. New York: John Wiley & Sons, 2ª ed., 1976. JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 54 ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM MOTORES José Eduardo Mautone Barros José Guilherme Coelho Baêta JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 1 Sumário Cap. 1 – Transferência de calor Cap. 2 – Balanço térmico do motor Cap. 3 – Dimensionamento do sistema de arrefecimento Cap. 4 – Análise da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 5 – Análise Computacional da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 6 – Modelagem dinâmica do sistema de arrefecimento JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 2 Descrição do sistema de arrefecimento Funcionamento e componentes Radiador de Óleo Eletroventilador Ar Radiador Válvula termostática Óleo Válvula de alívio de óleo Bomba de Óleo Motor Válv. de alívio de ar Ar Compressor Água Bomba centrífuga Intercooler Ar comprimido ECU JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 3 Dimensionamento Componentes principais (tipo) Radiador de água (trocador de calor compacto) Bomba de água (bomba centrífuga) Eletroventilador (ventilador) Válvula termostática (termostato) Intercooler (trocador de calor compacto) Radiador de óleo (trocador de calor compacto) Bomba de óleo (bomba de engrenagens) Válvula de alívio de óleo (pressostato) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 4 Dimensionamento Metodologia Especificar faixas de operação (normas, histórico, simulações e testes) Carros de Passeio Utilitários (Euro 3) Temperatura máxima na entrada do radiador (K) 80 65 Aumento admissível de temperatura do ar no radiador (K) 35 15 Avaliar as cargas térmicas, vazões e potências envolvidas Para cada componente: Especificar condições de operação Dimensionar Selecionar os componentes padrões mais próximos do especificado (superdimensionar) ou encomendar JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 5 novo projeto (otimização) Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Coeficiente global de troca de calor U [W/(m2 K)] U A T Q média UA 1 R térmicas 1 1 1 1 1 Rw h s A c hA c UA hA h h s A h JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 6 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Diferença de temperatura média logarítmica (DTML ou LMTD) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 7 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Fator de correção para a DTML em função do arranjo de fluxos do trocador de calor (F) Razão adimensional de diferenças de temperaturas (P1) Razão de capacidades térmicas (R1) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 8 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Fator de correção para a DTML em função do arranjo de fluxos do trocador de calor (F) para trocador de correntes cruzadas de fluidos não misturados e um único passe JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 9 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Capacidade térmica [W/K] do fluido mais quente Ch = mhcph Capacidade térmica do fluido mais frio Cc = mccpc Número de unidades de transmissão de calor (NUT ou NTU) = medida da eficiência termodinâmica do trocador JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 10 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Definições Efetividade do trocador de calor (ε) = quantidade real de calor transferida / quantidade máxima de calor possível de ser transferida JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 11 Dimensionamento Trocadores de calor compactos Metodologia Projeto Objetivo: cálculo das dimensões físicas do trocador Funcionamento Objetivo: cálculo da temperaturas de saída do trocador Procedimento iterativo assumindo as temperaturas de saída dos fluidos de trabalho e recalculando estas temperaturas pelo método da DTML ou pela efetividade JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 12 Bibliografia Barros, J. E. M. Estudo de motores de combustão interna aplicando análise orientada a objetos. Belo Horizonte: Tese de Doutorado, Engenharia Mecânica, UFMG, 2003. Basshuysen, R. e Shäfer, F. Internal combustion engine handbook. Warrendale: SAE International, 2004. Kreith, F. Princípios da transmissão de calor. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. Shah, R. Compact heat exchangers. In: The CRC handbook of mechanical engineering. Kreith, F. et Goswami, D. Y. (ed.). Boca Raton: CRC Press, 2ª ed., 2005. Welty, J. R., Wilson, R. E. et Wilcks, C. E. Fundamentals of momentum heat and mass transfer. New York: John Wiley & Sons, 2ª ed., 1976. JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 13 ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM MOTORES José Eduardo Mautone Barros José Guilherme Coelho Baêta JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 1 Sumário Cap. 1 – Transferência de calor Cap. 2 – Balanço térmico do motor Cap. 3 – Dimensionamento do sistema de arrefecimento Cap. 4 – Análise da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 5 – Análise Computacional da combustão e transferência de calor no cilindro Cap. 6 – Modelagem dinâmica do sistema de arrefecimento JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 2 Modelagem dinâmica do sistema de arrefecimento Objetivos Prever a resposta no tempo das temperaturas do sistema de arrefecimento e de lubrificação, ou seja, tempo de “warm-up” Prever as temperaturas estabilizadas de funcionamento do sistema de arrefecimento e de lubrificação para diferentes regimes de carga no motor e velocidade do veículo Prever alterações no desempenho do motor devido as alterações nas temperatura da camisa de água e do óleo Prever alterações nas condições de lubrificação devido a alterações na temperatura do óleo JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 3 Modelagem dinâmica do sistema de arrefecimento 1 1 MOTOR ALTERNATIVO A PISTÃO TReciprocatingEngine usa FLUIDO RESFRIANTE TCoolingFluid 1 1 1 1 1 ALETAS VENTOINHA RADIADOR B OMB A D'ÁGUA TFins TB lower TRadiator TB omb Modelagem SISTEMA DE RESFRIAMENTO 1 1 TIdealCoolingSystem RESFRIAMENTO A AR RESFRIAMENTO A ÁGUA TAirCoolingSystem TWaterCoolingSystem Usando a orientação a objetos (OOA) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 4 Modelagem do circuito de água Motor (gerador de potência e calor) Ar Bomba (consumidor de potência e cria fluxo de água) Eletroventilador (consumidor de potência e cria fluxo de ar) Válvula (limitador) Radiador (trocador de calor) Fluidos: Ar e água ou solução de glicois Radiador Modelos e parâmetros Eletroventilador Válvula termostática Motor Água Bomba centrífuga ECU JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 5 Modelagem do circuito de óleo Modelos e parâmetros Motor (gerador de potência e calor) Bomba (consumidor de potência e cria fluxo de óleo) Válvula (limitador) Radiador (trocador de calor) Fluidos: Ar e óleo lubrificante Ar Óleo Válvula de alívio de óleo Bomba de Óleo Motor ECU JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 6 Modelagem do circuito de ar Ar Eletroventilador Ar Radiador Válvula termostática Óleo Válvula de alívio de óleo Bomba de Óleo Motor Válv. de alívio de ar Ar Compressor Água Bomba centrífuga Intercooler Ar comprimido ECU JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 7 Modelagem do circuito de ar Modelos e parâmetros Velocidade do veículo (cria fluxo de ar) Ventilador (consumidor de potência e cria fluxo de ar) Válvula (limitador do turbo) Radiadores e intercooler (trocadores de calor) Fluidos: Ar Carros de Passeio Utilitários (Euro 3) Temperatura máxima na entrada do radiador (K) 80 65 Aumento admissível de temperatura do ar no radiador (K) 35 15 JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 8 Modelo de carga do motor Modelos e parâmetros Cargas aplicadas ao motor: MOTOR COM DUAS ZONAS TTwoZonesEngine CARGA TLoad Volante (filtro de rotação) Dinamômetro (rotação constante) Estrada ou trecho urbano (normas) Hélice (polar de hélice) 1 1 VOLANTE TFlywheel DINAMÔMETRO TDynamometer ESTRADA TRoadLoad HÉLICE TPropeller JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 9 Metodologia experimental para o sistema de arrefecimento Ensaios Prova estática (dinamômetro de rolo) Norma A.T.B. (Air To Boil) Medida de afastamento do ponto de ebulição do fluido (Tv) sob carga A.T.B. = Tv – Th +Ta Th = Temp. saída do motor para o fluido de arrefecimento Ta = temperatura ambiente Prova dinâmica (pista) Instrumentação: pressões, temperaturas e fluxo nos circuitos de arrefecimento e de lubrificação (óleo) JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 10 Bibliografia Barros, J. E. M. Estudo de motores de combustão interna aplicando análise orientada a objetos. Belo Horizonte: Tese de Doutorado, Engenharia Mecânica, UFMG, 2003. Basshuysen, R. e Shäfer, F. Internal combustion engine handbook. Warrendale: SAE International, 2004. Kreith, F. Princípios da transmissão de calor. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. Giacosa, D. Motori Endotermici. Milano: Hoepli, 15ª ed., 2000. Plint, M. et Martyr, A. Engine testing - theory and practice.Warrendale: SAE, 2ª ed., 1999. Shah, R. Compact heat exchangers. In: The CRC handbook of mechanical engineering. Kreith, F. et Goswami, D. Y. (ed.). Boca Raton: CRC Press, 2ª ed., 2005. JEMB & JGCB - Fevereiro de 2006 - Prancha 11