NOTA DE ABERTURA
Fernando Rebelo ....................................................................................................................................... 3
19
Reequacionar o Conhecimento
dos Riscos e das Catástrofes
journal homepage: http://www.uc.pt/fluc/nicif/riscos/Territorium/numeros_publicados
RISCOS A.P.R.P.S.
NOTAS, NOTíCIAS E RECENSõES:
CJoaquim Rebelo, Joaquim Leal
Stress ou burnout dos profissionais de segurança. ........................................................................................221
Roberta Mariana Ferreira Mori Pinto, Vivian Castilho da Costa
Ecoturismo e risco ambiental. ......................................................................................................................228
t e r r i t o r i u m
19
territorium 19, 2012, 161-168
t e r r i t o r i u m
ARTIGOS
Carmen Diego Gonçalves
Desastres naturais. Vulnerabilidade, risco e resiliência. . .................................................................................... 5
António Duarte Amaro
Segurança e socorro: novo paradigma. ..........................................................................................................15
António Lopes, Marcelo Fragoso
A tempestade de 23 de dezembro de 2009. Causas meteorológicas e impactes na região oeste de Portugal
continental . ................................................................................................................................................23
João Lima Sant’Anna Neto, Vicentina Socorro da Anunciação Andrade
Extremo climático e riscos na cidade de Campo Grande-MS/BRASIL. ................................................................33
Anselmo Casimiro Ramos Gonçalves
Impactes ambientais em áreas mineiras activas – o caso da ribeira do Bodelhão, minas da Panasqueira, Centro de
Portugal........................................................................................................................................................43
Elsa Costa, Henrique Vicêncio, Patrícia Pires
Estudo do risco sísmico e de tsunamis do Algarve (ERST). ..............................................................................51
Elvis Freitas Artiga, Elaine Nogueira Loubet, Vicentina Socorro da Anunciação Andrade
Inundações e riscos na cidade de Aquidauana-MS. .........................................................................................55
Rafael Schadeck, Fernanda Bauzys, Diane Guzi, Antônio Edésio Jungles
A experiência do CEPED UFSC no desastre natural de novembro de 2008 no Estado de Santa Catarina, Brasil . ...63
Sérgio Lana Morais, Vlamir Soares Fonseca, Dirley dos Santos Vaz
Identificação e mapeamento de áreas de risco geotécnico na área urbana de Timóteo (MG, sudeste do Brasil) e suas
implicações na qualidade de vida de seus moradores. ......................................................................................77
Salvador Carpi Jr, Antonio Cezar Leal, Eduardo Pizzolim Dibieso
Mapeamento de riscos ambientais e planejamento participativo de bacias hidrográficas: o caso do manancial rio Santo
Anastácio, SP - Brasil. ....................................................................................................................................85
Miguel Castillo S., Luis Correa J.
Acciones para la disminución del peligro de incendios forestales en áreas de interfaz urbano-forestal. Estudio de
caso. ............................................................................................................................................................95
Roberto Garfias S., et al.
Caracterización socioeconómica de la población en áreas de riesgo de incendios forestales. Estudio de caso. Interfaz
urbano-forestal, provincia de Valparaíso. Chile central. ...................................................................................101
Rui Figueira, António Leça Coelho, João Paulo C. Rodrigues
Avaliação do risco de incêndio em centros urbanos antigos parte II – aplicação informática sobre o método de Arica. ...111
Emanuel Ferreira, João Paulo C. Rodrigues, Leça Coelho
Risco de incêndio na sala de comando duma estação de tratamento de resíduos sólidos. .................................117
Bruno Azevedo, Paula Cristina Remoaldo, Helena Nogueira
Riscos para a saúde das populações – estudo de caso do electromagnetismo no município de Guimarães. ........127
Karla Regina Mendes Cassiano, Reinaldo Corrêa Costa
Análise geográfica de áreas de risco em bacias hidrográficas urbanizadas: a bacia do Mindu em Manaus (AM)...145
Adriana de Fátima Penteado, Sandro Henrique Petry, Jurandyr Luciano Sanches Ross
Riscos associados ao sistema de controle de enchentes no vale do rio dos Sinos (RS – Brasil). .........................151
Magda Adelaide Lombardo, Larissa Lucciane Volpe, Amanda Ramalho Vasques
A importância da análise dos riscos de contaminação na reabilitação de brownfields urbanos. ..........................159
Alberto Augusto Amazonas Ribeiro, Reinaldo Correa Costa
Áreas de risco: um problema social urbano. Estudo de caso em Manaus . ......................................................169
Yolanda Teresa Hernández Peña, Germán Vargas Cuervo
Imaginarios sobre amenazas y gestión del riesgo urbano en Bogotá, Colombia. ..............................................175
Petra Marques, António Surrador, Soraia Jamal, Maria José Fonseca, Daniela Freixo
Influência das crenças e atitudes rodoviárias enquanto determinantes da sinistralidade . .................................191
Mário Talaia, Nuno Amaro
Segurança rodoviária e os acidentes – estudo de caso. .................................................................................199
Mário Talaia, Joaquim Crastro
A condução de viatura e o efeito de bebidas alcoólicas – o estudo que faltava!. ..............................................205
Víctor Quintanilla P., Luciano Lourenço, Susete Henrieque
A regeneración de la vegetación y riesgos de erosion pos incendios forestales. Estudio de casos en paises
mediterraneos!. ..........................................................................................................................................211
Revista da Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança
2012
RISCOS ASSOCIADOS AO SISTEMA DE CONTROLE DE ENCHENTES NO VALE DO RIO DOS SINOS (RS – BRASIL)*
Adriana de Fátima Penteado
Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo – USP
[email protected]
Sandro Henrique Petry
Departamento de Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
[email protected]
Jurandyr Luciano Sanches Ross
Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo – USP
[email protected]
RESUMO
Parte da planície inferior do rio dos Sinos (RS-Brasil) apresenta grande adensamento urbano-industrial em áreas
naturalmente atingidas por cheias. Para prevenir contra este fenômeno iniciou-se em 1970 a execução do Sistema
de Controle de Enchentes no Vale do Rio dos Sinos – SCEVRS. O objetivo deste trabalho é analisar os fatores de risco
associados ao estado da parte instalada. Contextualizou-se o problema das enchentes e buscou-se a compreensão do
funcionamento do Sistema. Depois, mediante relatos técnicos e observações de campo, analisaram-se os problemas.
Palavras chave: Controle de enchentes, risco de inundação, pôlderes, Vale do Rio dos Sinos.
RESUMEN
Los riesgos asociados con el sistema de control de inundaciones en Valle del Río dos Sinos - Parte de la llanura baja del Rio dos
Sinos (RS-Brasil) tiene una alta densidad de uso urbano/industrial en tierras naturalmente afectadas por inundaciones. Para
prevenir contra este fenómeno fueron ejecutadas obras de retención y drenaje. El propósito de este estudio es analizar los
factores de riesgo asociados al estado de la parte ya instalada del proyecto del Sistema de Control de Inundaciones del Valle
del Río dos Sinos. Se ha problematizado el fenómeno de las inundaciones, fue estudiado el engeño de Control y a través de
entrevistas y observaciones de campo se evaluaron los factores de riesgo.
Palabras clave: Control de inundaciones, riesgo de inundaciones, pólderes, Valle del Río dos Sinos.
RÉSUMÉ
Risques associés au système de contrôle des débordements d’eau dans la Vallée de Rio dos Sinos - Partie de la plaine inférieure
du Rio dos Sinos (RS-Brésil) présente une très haute densité d’occupation urbaine-industrielle naturellement touché par les
débordements d’eau. Pour éviter ce phénomène, ouvrages de confinement et drainages ont eté réalisées. Le but de cette
étude est d’analyser les risques associés à l’état de la partie installée du projet du Système. Le phénomène naturel a été
problématisée, l’engin de Contrôle des débordements a été étudié, et par des rapports et observations les facteurs de risque
ont été analysés.
Mots-clés: Contrôle des débordements, risques d’inondation, polders, Vallée du Rio dos Sinos.
ABSTRACT
Risks associated with the system of flood control in the Valley of the Rio dos Sinos - Part of the lower plain of the Rio dos
Sinos (RS-Brazil) presents a high density of urban-industrial occupancy in natural-flooding areas. To prevent this phenomenon,
retention and drainage works were executed. The aim of this study is to analyze the risk factors associated with the state of
the installed part of the project of the Rio dos Sinos Valley Flood Control System. The natural phenomenon was problematized
at first, then the Control engine was considered, and by means of reports and field observations the risks were evaluated.
Key words: Flood control, flood risk, polders, Rio dos Sinos Valley.
* O texto deste artigo corresponde à comunicação apresentada ao II Congresso Internacional de Riscos e VI Encontro
Nacional, tendo sido submetido para revisão em 02-05-2010, tendo sido aceite para publicação em 21-02-2011.
Este artigo é parte integrante da Revista Territorium, n.º 19, 2012, © Riscos, ISBN: 0872- 8941.
161
RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança
Introdução e problematização geral
162
As inundações se constituem em problema que atinge com
freqüência algumas cidades brasileiras e a intensidade
dos danos possui, geralmente, relação direta com o
maior grau de adensamento urbano. Segundo estudos
da PESQUISA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO – PNSB
(2000), dos 4.327 municípios com serviço de drenagem
urbana, 1.235 (28,5 %) soreram com as inundações entre
os anos de 1998 e 2000.
As áreas urbanizadas em relação às não urbanizadas
possuem o escoamento superficial das águas 10 a 30%
maior; a água subterrânea diminui entre 32 e 50% e,
aproximadamente 43% das precipitações são evacuadas
das áreas urbanas pelo sistema de drenagem (Pickett et al.,
2001). Os sistemas de drenagem são classificados de acordo
com suas dimensões, em sistemas de microdrenagem,
também denominados de sistemas iniciais de drenagem,
e de macrodrenagem. A microdrenagem inclui a coleta
e afastamento das águas superficiais ou subterrâneas
através de pequenas e médias galerias, fazendo ainda
parte do sistema todos os componentes do projeto
para que tal ocorra. A macrodrenagem inclui, além da
microdrenagem, as galerias de grande porte (D > 1,5m) e
os corpos receptores tais como canais e rios canalizados.
Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente
sistemas preventivos de inundações, principalmente
nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a
alagamentos ou marginais de cursos naturais de água.
É evidente que no campo da drenagem, os problemas
agravam-se em função da urbanização desordenada
(Fernandes, 2002).
Os principais efeitos da urbanização sobre o ciclo
hidrológico são (Tucci, 1993): aumento do escoamento
superficial e redução do tempo de escoamento, que
provocam aumento nas vazões máximas e antecipam
os picos de cheias; redução do escoamento subterrâneo
que causa rebaixamento do nível do lençol freático;
redução nos processos de evapotranspiração; redução da
infiltração da água no solo.
Apesar dos inúmeros casos de inundações ao longo do
tempo, trazendo prejuízos materiais e humanos, no
Brasil não existe nenhum programa sistemático de
controle deste fenômeno que envolva seus diferentes
aspectos. O que se observa são ações isoladas por parte
de algumas cidades (Rezende & Tucci, 1979).
Atualmente as inundações são cada vez mais causadas
pela combinação de fatores naturais e sociais. Tem
origem natural porque estão associadas com a ocorrência
de fenômenos atmosféricos, com dinâmica e extensão
espacial própria. Observa-se, porém, que se registram
cada vez mais eventos que foram induzidos, acelerados
ou ampliados pela intervenção humana relacionados a
processos como desmatamento, desestabilização de
vertentes, degradação de ecossistemas, mudanças no
padrão de uso do solo agrícola, crescimento urbano
sem planejamento adequado e sem provisão de infraestrutura de drenagem. Assim, os lugares de grande
concentração urbana apresentam, na atualidade,
maior suscetibilidade a que ocorra este tipo de evento
(Collischonn, 2009).
As inundações na bacia hidrográfica do Rio dos Sinos
Segundo Ramos (1975), no rio dos Sinos as cheias ocorrem
principalmente no inverno e têm como causa principal
o influxo das águas do corpo receptor (Guaíba). O
regime do complexo fluvial provém de um conjunto
de fatores, entre os quais, o de ter um dos maiores
índices pluviométricos do Rio Grande do Sul no Planalto
Meridional, aliado ao fato de receber praticamente
todos os contribuintes da bacia do rio Jacuí. O escudo
Sul Rio-Grandense e o litoral representam um obstáculo
ao escoamento das águas até o oceano Atlântico, por isto
elas são acumuladas no Guaíba.
As conseqüências da urbanização sobre a hidrologia são
mais diretas e referem-se ao crescimento das vazões
máximas de cheias causando inundações e a redução das
vazões mínimas no período de estiagem (Tucci, 1995).
Segundo Bertê (2004), o agravamento das cheias
periódicas, no rio dos Sinos e em todo o estado do Rio
Grande do Sul, possui relação direta com a diminuição
dos ambientes reguladores – as terras úmidas - e com o
desmatamento na margem dos rios. O volume de água
da precipitação, que antes ficava retido pela vegetação
e era absorvido gradativamente pelos solos antes de
chegar aos cursos de água, flui rapidamente para os rios,
transportando, assim, sedimentos.
No Brasil, principalmente no século XX, a
adaptação da hidrografia aos sistemas de vias
urbanas causaram drásticas intervenções, como a
retificação de meandros dos rios. O objetivo de tais
ações era o de recuperar terrenos impróprios para
a ocupação, dando lugar à urbanização. Os fundos
de vale se transformaram em locais passíveis de
loteamentos ou áreas comercializáveis, abrigando
também as vias marginais, comuns nas cidades
(F elicio , 2009).
A Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no período entre
1824 e 1983, registrou grandes inundações na Região
Metropolitana de Porto Alegre ocorridos nos anos de 1833,
1873, 1897, 1905, 1912, 1914, 1921, 1926, 1928, 1936,
1937, 1941, 1954, 1956, 1964, 1965, 1967, 1970, 1976 e
1983. Os municípios de São Leopoldo e Novo Hamburgo,
quase sempre eram os mais atingidos, principalmente
nas inundações de 1941, 1965 e 1967, as maiores já
registradas, com dezenas de milhares de desabrigados
na região (METROPLAN, 2001 apud Altenhofen, 2005).
territorium 19
Drenagem e contenção na planície de inundação
Devido a esta susceptibilidade natural de ocorrência de
inundações no Vale do rio dos Sinos, as quais atingem a
área ocupada da planície inundável, foi elaborado, nos
anos 1960, um projeto de obras civis para prevenir contra
as enchentes. O Sistema de Controle de Enchentes no
Vale do Rio dos Sinos – SCEVRS, em sua parte já instalada,
constitui-se no objeto da pesquisa presente. Segundo
documento apócrifo fornecido pelo órgão regional do
Ministério da Integração Nacional, a prevenção contra o
extravasamento do rio dos Sinos, causado pela elevação
das águas do Guaíba, por vazões excessivas do próprio
Sinos ou pela sobreposição de ambos os fatores, só pode
ser assegurada com a construção de diques.
O sinistro em algum ponto destes diques ocasiona
danos muito mais gravosos do que aqueles que
ocorrem quando a enchente não encontra a contenção
artificial, pois no primeiro caso a inundação é rápida e
violenta, principalmente se o sinistro ocorrer durante
a enchente. Igualmente, a efetividade da proteção em
cada pôlder depende de toda uma infra-estrutura (um
pôlder é uma porção de terrenos baixos e planos que
constituem uma entidade hidrológica artificial, incluída
entre aterros conhecidos como diques, utilizados para
a agricultura ou habitação. Para esgotamento das
águas pluviais os pôlderes devem ser drenados por
meio de canais com comportas e/ou de bombas, a fim
de impedir a subida excessiva da água no interior da
área ensecada pelos diques. Fonte: WIKIPÉDIA. Acessado
em: 01/02/2010. Disponível em: http://pt.wikipedia.
org/wiki/P%C3%B4lder), que inclui indispensavelmente
bombas que fazem o recalque das águas para o canal
principal da bacia quando, em função da elevação das
águas no curso do rio, os tributários não deságuam por
gravidade nos locais normais junto ao receptor. Nesse
caso o influxo do receptor, por simples gravidade, deve
ser impedido, começando o bombeamento. A operação
do Sistema também depende dos serviços de manutenção
contínua, na falha dos quais a população fica sujeita a
eventos com conseqüências tão mais graves quanto mais
ficam inesperados estes eventos, devido à situação de
despreparação para a ocorrência, e da intensificação da
urbanização nas áreas furtadas às inundações periódicas
em conseqüência da proteção conferida pelo Sistema em
funcionamento.
Objetivo e Justificativa
O objeto de pesquisa é a parte instalada do SCEVRS.
Objetiva-se fazer uma análise dos fatores de risco
relacionados ao estado de manutenção e conservação
do Sistema, considerando a realidade encontrada pelos
pesquisadores durante os levantamentos entre os meses
de dezembro de 2009 e abril de 2010.
Estudo desta natureza permite a análise comparada
entre casos semelhantes, fornecendo subsídio para
os processos de planejamento e gestão de sistemas
de controle de enchentes em contextos similares
àquele do objeto de estudo, ou seja, sob o efeito da
possível escassez do aporte de recursos regulares para
manutenção da parte instalada, e principalmente (como
será demonstrado) daqueles em implantação ou operação
em áreas densamente urbanizadas e convertidas em
pôlderes, compreendendo a construção de aterros
(menor custo do que os muros de contenção) com
estrutura de corpo estradal fraca, mas ligando ocupações
sem substituto rodoviário, e de canais de drenagem,
com a formação de faixas de domínio, em cidades com
grandes contrastes sociais (como é característico das
metrópoles brasileiras), em cidades sob forte pressão da
clandestinidade na ocupação de áreas públicas.
Metodologia
O encaminhamento metodológico se subdividiu em duas
fases. Compreendeu inicialmente um levantamento
bibliográfico geral a respeito do problema das inundações
ribeirinhas em áreas ocupadas pelo homem, das formas
de contenção das mesmas e de drenagem de áreas
urbanas, seguida, então, de visita a órgãos gestores do
SCEVRS tendo em vista a necessidade de compreensão do
Sistema em operação na área de estudo. Foram obtidos
dados e informações junto ao Gabinete de Defesa Civil
da Prefeitura Municipal de São Leopoldo e de órgão
regional do Ministério da Integração Nacional.
O projeto institucional do Sistema é muito maior do que
sua parte já instalada, sendo que o foco de pesquisa
esteve na parte em operação e seus problemas atuais,
dado o objetivo de pesquisa já exposto. Fez-se a análise
do material disponibilizado pelos órgãos e realização
de entrevistas com os operadores do Sistema. As
informações históricas sobre o Sistema se concentraram
na cooperação técnica Brasil-Alemanha, a qual culminou
no projeto dos pôlderes I a VI, e na conclusão dos pôlderes
IV e V, muito embora já estivessem em operação, antes
destes, dois pôlderes do Sistema, mais próximos a Porto
Alegre (Mathias Velho e Rio Branco).
No segundo momento, realizaram-se as observações
visuais da realidade atual dos principais elementos do
Sistema. Foram vistoriadas algumas valas e comportas
da macrodrenagem dos pôlderes VI e V, foi verificada a
situação ao longo dos aterros-diques em operação nos
municípios de Canoas e São Leopoldo, e dos muros ao
longo do segmento canalizado do rio dos Sinos. Visitouse o município de Novo Hamburgo nas proximidades do
dique projetado.
Durante os campos foi realizado levantamento fotográfico
terrestre e obtida coordenada geográfica de cada local
163
RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança
fotografado. Durante estas mesmas saídas de campo, os
pesquisadores interagiram com populares assentados nos
locais visitados, o que contribuiu, também, no aspecto
metodológico para a obtenção dos resultados finais.
insumos ou componentes são largamente exportados.
As indústrias metal-mecânica e eletrônica, também
exportadoras, têm destaque na região e são fornecedoras
do mercado interno.
Verifica-se o adensamento urbano muito próximo ao
rio dos Sinos (Fig. 2) , herança da colonização alemã,
que teve seu início em 1824 na região do Vale do Sinos.
Situada a nordeste do estado do Rio Grande do Sul
O parcelamento oficial do solo nas áreas úmidas da
(Fig.1), a bacia do rio dos Sinos abrange total ou
bacia hidrográfica do Rio dos Sinos data, pelo menos,
parcialmente 32 municípios. Possui uma área de 3.800
da época do desembarque dos colonos alemães, quando
km² correspondendo a 4,5% da área total da bacia
iniciou-se uma distribuição de lotes entre alemães e
hidrográfica do Lago Guaíba e 1,5% da área total do
açorianos. A questão envolvendo a propriedade dos
Estado (FEPAM, 1991).
lotes distribuídos aos colonos estrangeiros que iam
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS
chegando, em levas sucessivas, a quem se oferecia
estudados, o primeiro
das para
pontes ae imigração,
afastamentos entre
os diques
acessoconsiderou
a terrapossíveis
como ampliações
incentivo
motivou
esquerda e direita. A partir dos resultados obtidos optou-se pelo segundo modelo.
a elaboração, segundo Moehlecke (1976), já por volta de
0
100000
200000
300000
400000
700000
6700000
6800000
RIO GRANDE
DO SUL
6600000
6500000
6500000
6400000
-100000
0
300 KM
100000
200000
300000
1833, da primeira planta de loteamento da colônia,
dos
Santos. Nesta planta já se vê, perfeitamente delineado,
O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através de valas, cursos fluviais retificados e canalizados. Também,
casas de bombas
1), bemurbano
como sifões
a travessia
das a
estradas,
entre
outros itens.IVA alguns
canais de
o (Fot.
traçado
doparaque
viriam
ser os
pôlderes
e
macrodrenagem estão associadas comportas que permitem a passagem da água por diferença de pressão (Fot.2): nas
V, representados atualmente pelo assentamento sobre
cheias as comportas se fecham, ao tempo em que a água excedente destes canais vai ser bombeada para o rio
área
inundável
São
Leopoldo.
principal da bacia.
As casas
de bombas em
possuem
capacidade
diferenciada.
margem direita a descarga não absorvida pelo leito principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito composto
feitada pelo
da aCarta
Geral,
Miguel
à jusante das pontes
BR 116, Piloto
transformando
zona central
da margem
direitaGonçalves
em ilha (Fig.3).
400000
500000
600000
700000
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS
6735000
510000
São Sebastião
do Caí
Dois
Irmãos
Ivoti
Estância
Velha
Portão
São
Leopoldo
Gramado
Santa Maria
do Herval
Nova
Hartz
Sapiranga
Campo
Bom
540000
555000
570000
Canela
Araricá
Parobé
Três
Coroas
São Francisco
de Paula
Rolante
Igrejinha
Riozinho
Taquara
6705000
Capela do
Santana
525000
6720000
6720000
495000
6735000
6705000
480000
6750000
6750000
465000
Base Cartográfica Analógica da bacia
hidrográfica do rio dos Sinos
Fonte: COMITESINOS - Comitê de
Gerenciamento da bacia hidrográfica
do rio dos Sinos. Fuso: 22
Datum Vertical: Marégrafo de Torres - RS
Datum Horizontal: Carta Geral do Brasil.
Elaboração: Adriana Penteado, 2007.
Santo Antônio
da Patrulha
Novo
Hamburgo
Caraá
Nova Santa
Rita
Sapucaia
do Sul
Canoas
Gravataí
Osório
Cachoeirinha
25
465000
480000
495000
510000
525000
0
540000
25 Km
555000
6690000
Esteio
570000
N
W
E
S
DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS
Fig.FiG.101 MAPA
– Situação
e localização da bacia hidrográfica do
enteado
.
Sinos.
Autoria da
Temática:
Adriana
Fig.Rio
1 - dos
Situação
e localização
bacia hidrográfica
doPRio
dos Sinos
Autoria Temática: Adriana Penteado.
As características naturais que facilitaram a ocupação
na planície propiciam também enchentes periódicas.
Fonte: Google Earth.
Elaboração:
Adriana
Penteado, 21/09/09.
Fonte:
Google
Earth.
ncentivados por políticas públicas de atração populacional do Brasil Imperial. A população é atualmente multiElaboração: Adriana Penteado, 21/09/09.
sua estimada,
foz atésegundo
Campo
Bom
o em
rio975.000
dos Sinos
percorre
osta em termos Da
étnicos,
FEPAM
(1991),
habitantes,
com 90,6 % concentrada na
Fig.
2 –Figura
Vista2 –aérea
dos
e SCEVRS.
V do SCEVRS.
ovoamento do Vale do Rio dos Sinos, a influência principal é de movimentos migratórios germânicos do
século
Vista aérea
dospôlderes
pôlderes IV eIV
V do
uma
urbana e 9,4 % em
área depressão
rural.
da margem
No segundo caso, as ampliações necessárias no leito do rio foram substituídas por um canal lateral que desvia para a
6300000
0
-200000
Alegre
Lagoa
Mirim
DADOS TÉCNICOS:
Origem da Quilometragem UTM "Equador e Meridiano 51º WGR
acrescidas às constantes 10 000 e 500 km respectivamente
Base Cartográfica Digital do Rio Grande do Sul
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1972.
Datum Vertical : Imbituva, SC
Datum Horizontal : SAD 69. Fuso : 22
300
# Porto
6600000
Lago
Guaíba
6700000
6400000
600000
6800000
6300000
500000
6900000
6900000
-100000
7000000
-200000
6690000
164
7000000
Localização e caracterização da área de estudo
LEGENDA:
com largura variando entre 5 a 8 km.
ARTIFICIAL
Há registroCANAL
histórico
de grande inundação em 1833,
CANAL NATURAL
A declividade dessa área é de aproximadamente três
e todas as cidades que compõem a região têm atuação no ramo coureiro-calçadista, o que a eleva
a maior ILHA
na mesma
época da elaboração da Carta Geral (vide
PONTES
metros
entre
Campo
Bomárea
e de
São140Leopoldo,
e um
omerado do mundo
no ramo
(ABICALÇADOS
). Uma
Km² abriga mais
de metro
1.700 indústrias relacionadas
Introdução), o que faz ficar, assim, evidente que a
e a foz.
o calçado, cujo entre
produtoeste
acabado,
insumos ou componentes são largamente exportados. As indústrias metaldinâmica hidrológica dos locais de assentamentos
nica e eletrônica, também exportadoras, têm destaque na região e são fornecedoras do mercado interno.
humanos não se constituía em óbice para a urbanização.
No povoamento do Vale do Rio dos Sinos, a influência
ca-se o adensamento urbano muito próximo ao rio dos Sinos (Fig. 2) , herança da colonização alemã, que teve
A proximidade do local de fixação humana com os canais
principal é de movimentos migratórios germânicos do
nício em 1824 na região do Vale do Sinos. O parcelamento oficial do solo nas áreas úmidas da bacia hidrográfica
oferecia, entre suas amenidades, a maior facilidade
para
século XIX, incentivados por políticas públicas de atração
N
o dos Sinos data, pelo menos, da época do desembarque dos colonos alemães, quando iniciou-se uma
o
abastecimento
de
água.
No
caso
do
canal
principal,
a
Brasil Imperial.
população
é atualmente
buição de lotes populacional
entre alemães edo
açorianos.
A questão Aenvolvendo
a propriedade
dos lotes distribuídos aos
proximidade
com
o
rio
facilitava
a
utilização
do
que,
há
multi-composta
étnicos,
segundo
os estrangeiros que
iam chegando, emem
levastermos
sucessivas,
a quem seestimada,
oferecia acesso
a terra como incentivo para a
apenas
algumas
décadas, ainda era o principal meio de
ação, motivou a FEPAM
elaboração,
segundo M
OEHLECKE
(1976), já
por volta de 1833,
primeira%planta de
loteamento
(1991),
em
975.000
habitantes,
comda 90,6
Figura 3: Canal artificial no ponto de estrangulamento.
Fonte: Google Earth, adaptação Adriana Penteado, 02/2010.
olônia, feita pelo
Piloto
da
Carta
Geral,
Miguel
Gonçalves
dos
Santos.
Nesta
planta
já
se
vê,
perfeitamente
transporte
entre
as cidades na região (fluvial). O rio dos
concentrada na área urbana e 9,4 % em área rural.
eado, o traçado urbano do que viriam a ser os pôlderes IV e V, representados atualmente pelo Sinos
assentamento
liga os assentamentos à capital do estado, Porto
Quase
todas as cidades que compõem a região têm
área inundável em
São Leopoldo.
Alegre, sem turbulências expressivas ou quedas d’água,
atuação no ramo coureiro-calçadista, o que a eleva a
gistro histórico de grande inundação em 1833, na mesma época da elaboração da Carta Geral (videjáIntrodução),
que, como dito, a declividade do terreno é reduzida.
maior
conglomerado
mundodos
nolocais
ramo
faz ficar, assim,
evidente
que a dinâmica do
hidrológica
de (ABICALÇADOS).
assentamentos humanos não se constituía
A convivência da população da planície aluvial do rio dos
Uma área de 140 Km² abriga mais de 1.700 indústrias
Sinos com as inundações existe desde os primórdios da
relacionadas com o calçado, cujo produto acabado,
territorium 19
ocupação, e somente após meados do século XX serão
final da década de 1990, para a qual foi necessária a
realizadas obras realmente consistentes para dar às
realização de estudos adicionais em hidrologia tendo
áreas inundáveis uma proteção mais efetiva do que os
em vista o risco de comprometimento da efetividade da
aterramentos (elevações de cota de terreno). O Sistema
proteção conferida pelas obras projetadas no âmbito
institucional que foi construído na planície de inundação
do acordo de cooperação técnica. Atualmente está
do curso principal inclui dois trechos sem conexão
em construção mais uma ponte, esta ferroviária, com
165
funcional, implantados em momentos e circunstâncias
moderna tecnologia (sem pilar central), o que diminui o
estudados, o primeiro considerou possíveis ampliações das pontes e afastamentos entre os diques da marg
distintas, nos municípios de Canoas e São Leopoldo.esquerda e direita.
impacto
dinâmica
natural.
Todas
estas
pontes estão
A partir na
dos resultados
obtidos
optou-se pelo
segundo
modelo.
concentradas
no trecho
). lateral que desvia par
No segundo caso,
as ampliações necessárias
no leitode
do maior
rio foramestreitamento
substituídas por um canal
O Sistema de Controle de Enchentes no Vale do Riomargem
dos direita a descarga não absorvida pelo leito principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito compo
Em vista da criticidade desta área foram necessários
à jusante das pontes da BR 116, transformando a zona central da margem direita em ilha (Fig.3).
Sinos (SCEVRS)
ensaios em modelo para simular situações e formas
O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através de valas, cursos fluviais retificados e canalizados. També
ótimas
o ponto
vista das
técnico–hidráulico.
A A alguns canais
casas de bombas
(Fot. 1), sob
bem como
sifões parade
a travessia
estradas, entre outros itens.
Com o objetivo de amenizar os efeitos das inundações
macrodrenagempartir
estão associadas
que permitem
a passagem
da água por
diferença de
desta comportas
simulação
foi também
possível
verificar
a pressão (Fot.2): n
no Vale do Rio dos Sinos foi elaborado o Plano Diretor
cheias as comportas se fecham, ao tempo em que a água excedente destes canais vai ser bombeada para o
relação da velocidade da água com a erosão do leito
Hidrológico da área. O governo do Rio Grande doprincipal
Sul da bacia. As casas de bombas possuem capacidade diferenciada.
do canal, o que agrava o assoreamento a jusante,
obteve assistência técnica do governo alemão com base
intensificando as cheias.
em acordo firmado em 30 de novembro de 1963, entre a
Alemanha e o Brasil. Quando da assinatura deste acordo
Para a execução do modelo, o Departamento Nacional
de cooperação, já havia dois pôlderes em operação,
de Obras e Saneamento (DNOS) contratou o Instituto
bem próximos à capital do estado, feitos fora do âmbito
de Pesquisas Hidráulicas – IPH da Universidade Federal
da cooperação técnica, designados Mathias Velho e Rio
do Rio Grande do Sul – UFRGS. Dois modelos reduzidos
Branco, em alusão aos bairros de suas localizações.
foram estudados, o primeiro considerou possíveis
ampliações das pontes e afastamentos entre os diques
Os estudos tiveram início em maio de 1967 e foram
da margem esquerda e direita. A partir dos resultados
concluídos após dois anos. Entre as entidades
obtidos optou-se pelo segundo modelo.
responsáveis estava uma firma de Consultoria Alemã, de
Essen, com o apoio da Secretaria de Obras Públicas do
No segundo caso, as ampliações necessárias no leito do
estado do Rio Grande do Sul e da Faculdade de Economia
rio foram substituídas por um canal lateral que desvia
de São Leopoldo.
para a margem direita a descarga não absorvida pelo leito
principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito
Antes do início das obras os principais estudos elaborados
composto à jusante das pontes da BR 116, transformando
Figura 2 – Vista aérea dos pôlderes IV e V do SCEVRS.
foram: Plano Diretor Geral Hidrológico, Estudo Sócio–
Fonte: Google
Earth. Elaboração:
Adriana
Penteado,
21/09/09.
a zona central
da margem
direita
em ilha
(Fig.3).
Econômico, Plano Geral de Proteção Contra as Cheias
e o Estudo de Viabilidade Econômica. As obras foram
LEGENDA:
CANAL ARTIFICIAL
previstas para serem executadas entre os municípios de
CANAL NATURAL
Campo Bom até Canoas, no curso inferior da bacia.
ILHA
PONTES
Em meados dos anos 1970 efetivou-se um contrato
entre a União e o banco alemão KFW-Kreditanstalt für
WIederaufbau, o qual se comprometeu a reembolsar 40%
dos gastos que seriam realizados pelo Estado, os quais
foram rateados em partes iguais entre unidade federada
e União. Foi prevista a construção de seis pôlderes,
sendo eleitos como prioritários os pôlderes IV e V pela
maior importância sócio-econômica, pois abrigam
maiores áreas com adensamento urbano-industrial.
Fig. 3 – Canal
no no
ponto
estrangulamento.
Figura 3:artificial
Canal artificial
ponto de
de estrangulamento.
Fonte: Google
adaptação Adriana
Adriana Penteado,
02/2010.
Fonte: Google
Earth,Earth,
adaptação
Penteado
, 02/2010.
No local onde os diques estão paralelos ao rio, num
trecho aproximado de 160 metros, a planície de
inundação foi suprimida. Neste local ocorre um
acentuado estrangulamento na seção transversal
de escoamento das águas nas cheias. Duas pontes
atravessavam o rio, reduzindo adicionalmente a seção
transversal de escoamento (Na época do Projeto
havia duas. A saturação do trânsito associada ao
envelhecimento de uma das pontes que integram o
sul e o norte de São Leopoldo motivou a construção
de uma terceira (Ponte Henrique Luiz Roessler), no
O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através
de valas, cursos fluviais retificados e canalizados.
Também, casas de bombas (Fot. 1), bem como sifões
para a travessia das estradas, entre outros itens. A alguns
canais de macrodrenagem estão associadas comportas
que permitem a passagem da água por diferença de
pressão (Fot.2), nas cheias as comportas se fecham,
ao tempo em que a água excedente destes canais vai
ser bombeada para o rio principal da bacia. As casas de
bombas possuem capacidade diferenciada.
N
idealização
de de
sistema
de controle
deve
focaraapenas
a contenção
si, aoem
tempo
em que artificializa
idealização
de sistema
controle
não devenão
focar
apenas
contenção
em si, aoem
tempo
que artificializa
toda a toda a
natural
de uma
bacia hidrográfica.
dinâmicadinâmica
natural de
uma bacia
hidrográfica.
RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança
E principalmente,
concluímos
que ado
gestão
do Sistema
ser encarada
como problema
multi-complexo,
E principalmente,
concluímos
que a gestão
Sistema
deve serdeve
encarada
como problema
multi-complexo,
já que já que
não se calculam
na entre
relação
entre a dinâmica
natural alterada
obras
riscos deriscos
falha de
nãofalha
se calculam
somente somente
na relação
a dinâmica
natural alterada
por meiopor
de meio
obras de
civis,
de civis,
um de um
e as características
das
outro,
mas também
da dinâmica
urbana
dos homens.
lado, e aslado,
características
técnicas técnicas
das obras,
deobras,
outro,de
mas
também
da dinâmica
urbana dos
homens.
166
Fot. 1 e 2 – Uma casa de bombas e uma comporta do
sistema de macrodrenagem em São Leopoldo.
Autoria: Adriana Penteado, 10/2009.
Fotografias
1 ecasa
2: Uma
casa de ebombas
e uma comporta
do de
sistema
de macrodrenagem
em São Leopoldo.
Fotografias
1 e 2: Uma
de bombas
uma comporta
do sistema
macrodrenagem
em São Leopoldo.
Adriana Penteado,
Autoria: Autoria:
Adriana Penteado,
10/2009.10/2009.
Resultados
Parte em implantação: efeito de planejamento de longo
prazo
em desenvolvimento ser retirada, pois suas raízes podem
desestabilizar os taludes em épocas de cheia; erosões,
tanto aquelas provocadas pelo tráfego de pedestres e
animais, como as surgidas naturalmente, a exemplo das
depressões na superfície plana que podem acumular
água, devem ser objeto de manutenção contínua,
somente sendo permitido, nos diques, o tráfego de
veículos de pequeno porte, de duas rodas; não devem ser
construídas casas e rampas nos maciços e nas bermas de
equilíbrio dos diques, o que compromete a estabilidade
da estrutura, e nem nas faixas de domínio dos diques e
canais de macrodrenagem, tendo em vista a necessidade
de acesso dos técnicos e operários para a manutenção.
Em trabalho de campo para a identificação de falhas
e danos no SCEVRS verificou-se a existência de todos
Constatou-se que a maior parte das obras projetadas do
os fatores de risco apontados (Canoas/São Leopoldo).
SCEVRS está em franca implantação, embora seja notório
idealização
de sistema
de controle
não deve
focar
apenas
contenção
em si,
que
artificializa
toda a toda a
Ocorrência
erosão
aoaapenas
longo
deaoemtempo
todo
o em
percurso
idealização
de sistema
dede
controle
não
deve
focar
a contenção
si, aoem
tempo
que artificializa
idealização
de sistema
de
controle
deve focar apenas a contenção em si, ao tempo em que artificializa toda a
o desconhecimento geral quanto à função de contenção dinâmica
natural
de
uma bacia
hidrográfica.
dinâmica
natural
de uma
bacia não
hidrográfica.
dinâmicados
natural diques
de uma baciadevido
hidrográfica. a passagem de pessoas e veículos,
concluímos
que a gestão
Sistema
deve serdeve
encarada
como problema
multi-complexo,
já que já que
E principalmente,
concluímos
que a do
gestão
do Sistema
ser encarada
como problema
multi-complexo,
de enchentes que terá o corpo estradal de uma rodovia E principalmente,
construção
dea somente
moradias
irregulares
em
bermas
riscos
deriscos
falha
nãofalha
seconcluímos
calculam
somente
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relação
a dinâmica
natural
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por problema
meiopor
de meio
obras
civis,
dede
um de
de
não se calculam
na entre
relação
entre
a ser
dinâmica
natural
alterada
de
obras
civis,
E principalmente,
que
gestão
do
Sistema
deve
encarada
como
multi-complexo,
já um
que
federal já em construção, BR 448 (chamada de Rodovia lado,
e
as
características
técnicas
das
obras,
de
outro,
mas
também
da
dinâmica
urbana
dos
homens.
e as
características
de outro,
tambémnatural
da dinâmica
urbana
homens.
riscos delado,
falha
não
se calculamtécnicas
somentedas
naobras,
relação
entre amas
dinâmica
alterada
por dos
meio
de obras civis, de um
equilíbrio
(Fot.6),
construção
de rampas
com
corte
do Parque),
com
de
22
quilômetros,
ligando a lado, e as características técnicas das obras, de outro, mas também da dinâmica urbana dos homens.
Fotografia
5: contenção
Muroextensão
de contenção
de São
Leopoldo
(época
de implantação).
Fotografia
5: Muro
de
no centronodecentro
São Leopoldo
(época de
implantação).
Fonte: P– ROJETOS
RIO .DOS SINOS.
Fonte: PROJETOS
RIO DOS –SINOS
de talude (fot.7), com remoção de grande quantidade
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260.
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260.
capital
do Estado, Porto Alegre, às cidades ao sul. Esta
de massa do corpo do dique, o que provoca seu
rodovia pretende desafogar o tráfego extremamente
enfraquecimento, e tráfego de carros e tratores. Em
saturado da principal ligação entre os municípios do
outro local (Fot. 3) observa-se um reparo, feito pela
Vale do Sinos, a BR 116. O traçado da BR 448 coincide
municipalidade, na parte danificada do dique por
exatamente com aquele da parte projetada dos diques
construção de rampa irregular de acesso, reparo este
com base nos amplos estudos realizados há mais de
que,
foi
demolido
pelos
utilizadores.
Fotografias
1 logo
e 2: Uma
casa
de bombas
ebombas
uma
comporta
do sistema
macrodrenagem
em São Leopoldo.
Fotografias
1 edepois,
2: Uma
casa de
e uma comporta
do de
sistema
de macrodrenagem
em Vemos
São Leopoldo.
quarenta anos.
Autoria: Autoria:
Adriana Penteado,
10/2009.10/2009.
Adriana Penteado,
um trecho normalizado do dique (Fot.4).
Fotografias 1 e 2: Uma casa de bombas e uma comporta do sistema de macrodrenagem em São Leopoldo.
Autoria: Adriana Penteado, 10/2009.
Em folder publicitário elaborado pelo extinto DNOS por
volta de 1967 consta a informação de que “alguns dos
diques foram projetados de tal forma que poderão no
futuro ser utilizados como rodovias, originando assim
benefícios secundários no escoamento do tráfego”. Este
material não aponta quais seriam os diques.
Fotografias
3 e 4:em
Reparo
dano por
causado
por construção
rampa irregular
dique e situação
Fotografias
3 e 4: Reparo
dano em
causado
construção
de rampadeirregular
ao dique ao
e situação
atual. atual.
Fonte: Respectivamente,
deCivil
Defesa
CivilLeopoldo,
de São Leopoldo,
Sandro
Petry, 01/2010.
Fonte: Respectivamente,
GabineteGabinete
de Defesa
de São
09/2009,09/2009,
e SandroePetry,
01/2010.
Fot. 3 e 4 – Reparo em dano causado por construção de
rampa irregular ao dique e situação atual.
Fonte: Respectivamente, Gabinete de Defesa Civil de São
Fotografias 3 e 4: Reparo em dano causado por construção de rampa irregular ao dique e situação atual.
Leopoldo,
09/2009,
e de
Sandro
Petry
, 01/2010.
Fonte: Respectivamente,
Gabinete
de Defesa Civil
São Leopoldo,
09/2009,
e Sandro Petry, 01/2010.
Fotografias
3 e 4: Reparo
danoem
causado
por construção
de rampadeirregular
ao diqueao
e situação
atual. atual.
Fotografias
3 e 4:em
Reparo
dano causado
por construção
rampa irregular
dique e situação
Fonte: Respectivamente,
GabineteGabinete
de Defesa
de São
09/2009,09/2009,
e SandroePetry,
Fonte: Respectivamente,
deCivil
Defesa
CivilLeopoldo,
de São Leopoldo,
Sandro01/2010.
Petry, 01/2010.
Problemas constatados na parte implantada
De forma geral, as obras de contenção (em operação)
contra enchentes do vale do rio do Sinos, em Canoas e
São Leopoldo, necessitam de constante manutenção para
que não haja rompimento ou falhas que comprometam a
proteção da população. Segundo TUCCI (1995), o controle
das inundações urbanas é um processo permanente que
deve ser mantido pelas comunidades, visando à redução
do custo social e econômico dos impactos.
Fotografia
5: Muro de
contenção
no centro
São Leopoldo
(época de
implantação).
Fotografia
5: Muro
de contenção
node
centro
de São Leopoldo
(época
de implantação).
Fonte: PFonte:
ROJETOSP–ROJETOS
RIO DOS –SINOS
. SINOS.
RIO DOS
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260.
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260.
Fot. 5 – Muro de contenção no centro de São Leopoldo
(época de implantação).
Fonte: PROJETOS – RIO DOS SINOS.
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?T
roncoID=906480&SecaoID=707260
Fotografia 5: Muro de contenção no centro de São Leopoldo (época de implantação).
Fonte: PROJETOS – RIO DOS SINOS.
http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260.
O Manual de Operação e Manutenção do Sistema de
Proteção, elaborado pela Consultoria Alemã, alerta para
alguns perigos da má conservação dos diques de terra e
canais de macrodrenagem. Este manual destaca alguns
pontos, que assim foram sintetizados pelos pesquisadores:
o enleivamento (vegetação que cobre superfícies,
oriunda de torrões originalmente transportados, que
somam estabilidade à estrutura) dos taludes do maciço
Fot. 6 e 7 – 6Edificação
em berma
de
quilíbrio
e rampa pesado.
de
e 7: Edificação
deequilíbrio
e rampa
acesso irregular/tráfego
FotografiasFotografias
6 e 7: Edificação
em bermaem
de berma
quilíbrio
rampa de
acessode
irregular/tráfego
pesado.
das bermas (seção inclinada do dique) deve ser mantido
Autoria:
Sandro
Petry, 01/2010.
Autoria:
Sandro
Petry,
01/2010.
acesso
irregular/tráfego
pesado.
Autoria: Sandro Petry, 01/2010.
raso e homogêneo, devendo a vegetação arbustiva altaBibliografiaBibliografia
Livros e teses
Livros e teses
, Rafael
José- (2005)
- Relações
Ecológicas,
Percepções
e Representações
de Populações
ALTENHOFENA, LTENHOFEN
Rafael José
(2005)
Relações
Ecológicas,
Percepções
e Representações
de Populações
HumanasHumanas
Ribeirinhas:
Subsídios
para Conservação
de Áreas
na Bacia Hidrográfica
doSinos,
Rio Dos
Ribeirinhas:
Subsídios para
Conservação
de Áreas Úmida
na Úmida
Bacia Hidrográfica
do Rio Dos
RS.Sinos, RS.
CANHOLI
, Aluísio
Pardo
(2005) - Drenagem
urbana ede
controle
de enchentes.
São
Paulo,de
Oficina
de Textos.
CANHOLI, Aluísio
Pardo
(2005)
- Drenagem
urbana e controle
enchentes.
São Paulo,
Oficina
Textos.
territorium 19
Em alguns locais há também vegetação arbustiva alta,
e no interior das áreas apropriadas pelos ocupantes
irregulares encontramos vegetação de porte arbóreo.
Casas estão construídas do lado interno do dique (lado
correspondente ao rio), estas promovendo o aterro
nas áreas onde estão localizadas. Segundo informação
declaratória de um operador do SCEVRS, o surgimento
desses fatores teria tido início com a extinção do DNOS,
em 1989, ocasião em que houve uma paralisação de
obras de manutenção.
Segundo relatório técnico do SCEVRS (2005), a
manutenção das Valas de Macrodrenagem, que vem
sendo desenvolvida, encontra dificuldades de execução,
pois em alguns trechos de valas já não é mais possível
dragar devido à localização de casas irregulares nas
faixas de domínio e nas áreas reservadas para o trânsito
dos equipamentos ao longo de todo o Sistema de Proteção
e, até mesmo, nos diques.
A partir dessa situação, forçou-se o sistema de proteção
a executar os serviços de dragagem utilizando-se o
passeio interno e a berma de equilíbrio, para o trânsito
dos Drag–Lines e para deposição resultante da dragagem,
comprometendo a estabilidade dos diques.
Quanto à manutenção dos equipamentos do SPCVRS, o
Ministério das Cidades transferiu para o Ministério da
Integração Nacional (que atualmente administra o órgão
gestor do Sistemas) R$ 24 milhões. As prioridades serão
as reformas das casas de bombas dos diques, sendo
que a casa que se encontra em estado mais crítico está
localizada no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo
(JORNAL VALE DOS SINOS, 2009). Esta Casa possui sete
bombas, sendo que, na cheia de 2009 , apenas uma
bomba funcionou, inundando parte da área protegida e
obrigando a Defesa Civil a prestar socorro às vítimas da
inundação.
Partes não-institucionais
Como resultado preliminar, pode-se apontar a existência
de elementos não institucionais que, em hipótese,
teriam efeito relativo de controle de inundações. É
o caso da Estrada dos Municípios, em Novo Hamburgo
(bairro Canudos), a qual, segundo constatação de
campo, se localiza próxima a assentamento humano,
constituída também de aterro, marcando a transição
entre, de um lado, a ocupação, e, de outro, área com
características ecossistêmicas de terra úmida. O possível
efeito de contenção de alguns elementos encontrados,
efeito este não-reconhecido tecnicamente, é uma
hipótese cuja confirmação depende de aprofundamento
da presente pesquisa.
Conclusão
Medidas adotadas quase sempre apresentam caráter
localizado. Os trechos dos canais ampliados reduzem
os prejuízos das áreas afetadas, mas devido à
transferência das vazões as inundações agravam-se
para jusante e as planícies utilizadas pelas águas,
suprimidas por obras, serão sempre requeridas à
jusante (Canholi, 2005).
As inundações ocorridas no Vale do rio dos Sinos em
1983, 1984, 1985, 1987 e 1989, atingiram cotas muito
superiores ao que seria esperado pelo volume de
água precipitado. Podemos incluir alguns dos últimos
eventos hidrológicos na bacia, como enchentes
ocorridas desde 2008, como de grande magnitude.
O nível do rio, em 2009, chegou a atingir cota
assustadora, menos de um metro inferior à altura
do dique – conforme declaração de moradores do
bairro Vicentina (São Leopoldo). Suas moradias estão
instaladas a poucos metros do rio dos Sinos.
Segundo SCEVRS a manutenção das obras com
relativa segurança tem sido um trabalho difícil, pois
constantemente ocorrem novas invasões, roubos e
vandalismos nas obras do Sistema de Controle e isso
pode acarretar em graves problemas de inundação no
interior dos pôlderes.
As obras de contenção de enchentes, com manutenção
inadequada e danos significativos em sua estrutura,
são, diante do sinistro, piores do que não ter obra
alguma, pois, nesse caso, as inundações ocorrem
gradativamente, ao contrário daquelas obras que
possam romper provocando ondas de grandes
dimensões. Diante dos prejuízos e entraves que as
ocupações irregulares têm causado percebe-se que a
remoção destas e o impedimento da instalação de novas
moradias é um caso de segurança a toda a população
residente próxima aos diques.
É possível ainda especular quanto ao modelo de
pensamento, e aos efeitos deste na configuração
dos pôlderes, vigentes na época da idealização do
Sistema, ocasião em que não havia o mesmo grau
de esclarecimento e preocupação quanto ao valor
natural e a necessidade de preservação de terras
úmidas. O projeto do Sistema previa, inclusive,
diques que décadas depois nem haviam sido
implantados, muito embora, como já dito, a BR 448
(rodovia federal), em construção, com mais de 20
Km de extensão, siga o traçado planejado e exerça
o efeito de contenção. Novos pôlderes entrarão
em operação com a rodovia e seus efeitos não se
resumem à proteção conferida, já que a idealização
de sistema de controle não deve focar apenas a
contenção em si, ao tempo em que artificializa toda
a dinâmica natural de uma bacia hidrográfica.
167
RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança
E principalmente, concluímos que a gestão do Sistema
deve ser encarada como problema multi-complexo, já
que riscos de falha não se calculam somente na relação
entre a dinâmica natural alterada por meio de obras
civis, de um lado, e as características técnicas das obras,
de outro, mas também da dinâmica urbana dos homens.
168
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Inundações em Estrela: relatório técnico".
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Livros e teses
Altenhofen, Rafael José (2005) - "Relações Ecológicas,
Percepções e Representações de Populações
Humanas
Ribeirinhas:
Subsídios
para
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Riscos associados ao sistema de controle de enchentes no vale do