NOTA DE ABERTURA Fernando Rebelo ....................................................................................................................................... 3 19 Reequacionar o Conhecimento dos Riscos e das Catástrofes journal homepage: http://www.uc.pt/fluc/nicif/riscos/Territorium/numeros_publicados RISCOS A.P.R.P.S. NOTAS, NOTíCIAS E RECENSõES: CJoaquim Rebelo, Joaquim Leal Stress ou burnout dos profissionais de segurança. ........................................................................................221 Roberta Mariana Ferreira Mori Pinto, Vivian Castilho da Costa Ecoturismo e risco ambiental. ......................................................................................................................228 t e r r i t o r i u m 19 territorium 19, 2012, 161-168 t e r r i t o r i u m ARTIGOS Carmen Diego Gonçalves Desastres naturais. Vulnerabilidade, risco e resiliência. . .................................................................................... 5 António Duarte Amaro Segurança e socorro: novo paradigma. ..........................................................................................................15 António Lopes, Marcelo Fragoso A tempestade de 23 de dezembro de 2009. Causas meteorológicas e impactes na região oeste de Portugal continental . ................................................................................................................................................23 João Lima Sant’Anna Neto, Vicentina Socorro da Anunciação Andrade Extremo climático e riscos na cidade de Campo Grande-MS/BRASIL. ................................................................33 Anselmo Casimiro Ramos Gonçalves Impactes ambientais em áreas mineiras activas – o caso da ribeira do Bodelhão, minas da Panasqueira, Centro de Portugal........................................................................................................................................................43 Elsa Costa, Henrique Vicêncio, Patrícia Pires Estudo do risco sísmico e de tsunamis do Algarve (ERST). ..............................................................................51 Elvis Freitas Artiga, Elaine Nogueira Loubet, Vicentina Socorro da Anunciação Andrade Inundações e riscos na cidade de Aquidauana-MS. .........................................................................................55 Rafael Schadeck, Fernanda Bauzys, Diane Guzi, Antônio Edésio Jungles A experiência do CEPED UFSC no desastre natural de novembro de 2008 no Estado de Santa Catarina, Brasil . ...63 Sérgio Lana Morais, Vlamir Soares Fonseca, Dirley dos Santos Vaz Identificação e mapeamento de áreas de risco geotécnico na área urbana de Timóteo (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na qualidade de vida de seus moradores. ......................................................................................77 Salvador Carpi Jr, Antonio Cezar Leal, Eduardo Pizzolim Dibieso Mapeamento de riscos ambientais e planejamento participativo de bacias hidrográficas: o caso do manancial rio Santo Anastácio, SP - Brasil. ....................................................................................................................................85 Miguel Castillo S., Luis Correa J. Acciones para la disminución del peligro de incendios forestales en áreas de interfaz urbano-forestal. Estudio de caso. ............................................................................................................................................................95 Roberto Garfias S., et al. Caracterización socioeconómica de la población en áreas de riesgo de incendios forestales. Estudio de caso. Interfaz urbano-forestal, provincia de Valparaíso. Chile central. ...................................................................................101 Rui Figueira, António Leça Coelho, João Paulo C. Rodrigues Avaliação do risco de incêndio em centros urbanos antigos parte II – aplicação informática sobre o método de Arica. ...111 Emanuel Ferreira, João Paulo C. Rodrigues, Leça Coelho Risco de incêndio na sala de comando duma estação de tratamento de resíduos sólidos. .................................117 Bruno Azevedo, Paula Cristina Remoaldo, Helena Nogueira Riscos para a saúde das populações – estudo de caso do electromagnetismo no município de Guimarães. ........127 Karla Regina Mendes Cassiano, Reinaldo Corrêa Costa Análise geográfica de áreas de risco em bacias hidrográficas urbanizadas: a bacia do Mindu em Manaus (AM)...145 Adriana de Fátima Penteado, Sandro Henrique Petry, Jurandyr Luciano Sanches Ross Riscos associados ao sistema de controle de enchentes no vale do rio dos Sinos (RS – Brasil). .........................151 Magda Adelaide Lombardo, Larissa Lucciane Volpe, Amanda Ramalho Vasques A importância da análise dos riscos de contaminação na reabilitação de brownfields urbanos. ..........................159 Alberto Augusto Amazonas Ribeiro, Reinaldo Correa Costa Áreas de risco: um problema social urbano. Estudo de caso em Manaus . ......................................................169 Yolanda Teresa Hernández Peña, Germán Vargas Cuervo Imaginarios sobre amenazas y gestión del riesgo urbano en Bogotá, Colombia. ..............................................175 Petra Marques, António Surrador, Soraia Jamal, Maria José Fonseca, Daniela Freixo Influência das crenças e atitudes rodoviárias enquanto determinantes da sinistralidade . .................................191 Mário Talaia, Nuno Amaro Segurança rodoviária e os acidentes – estudo de caso. .................................................................................199 Mário Talaia, Joaquim Crastro A condução de viatura e o efeito de bebidas alcoólicas – o estudo que faltava!. ..............................................205 Víctor Quintanilla P., Luciano Lourenço, Susete Henrieque A regeneración de la vegetación y riesgos de erosion pos incendios forestales. Estudio de casos en paises mediterraneos!. ..........................................................................................................................................211 Revista da Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança 2012 RISCOS ASSOCIADOS AO SISTEMA DE CONTROLE DE ENCHENTES NO VALE DO RIO DOS SINOS (RS – BRASIL)* Adriana de Fátima Penteado Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo – USP [email protected] Sandro Henrique Petry Departamento de Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS [email protected] Jurandyr Luciano Sanches Ross Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo – USP [email protected] RESUMO Parte da planície inferior do rio dos Sinos (RS-Brasil) apresenta grande adensamento urbano-industrial em áreas naturalmente atingidas por cheias. Para prevenir contra este fenômeno iniciou-se em 1970 a execução do Sistema de Controle de Enchentes no Vale do Rio dos Sinos – SCEVRS. O objetivo deste trabalho é analisar os fatores de risco associados ao estado da parte instalada. Contextualizou-se o problema das enchentes e buscou-se a compreensão do funcionamento do Sistema. Depois, mediante relatos técnicos e observações de campo, analisaram-se os problemas. Palavras chave: Controle de enchentes, risco de inundação, pôlderes, Vale do Rio dos Sinos. RESUMEN Los riesgos asociados con el sistema de control de inundaciones en Valle del Río dos Sinos - Parte de la llanura baja del Rio dos Sinos (RS-Brasil) tiene una alta densidad de uso urbano/industrial en tierras naturalmente afectadas por inundaciones. Para prevenir contra este fenómeno fueron ejecutadas obras de retención y drenaje. El propósito de este estudio es analizar los factores de riesgo asociados al estado de la parte ya instalada del proyecto del Sistema de Control de Inundaciones del Valle del Río dos Sinos. Se ha problematizado el fenómeno de las inundaciones, fue estudiado el engeño de Control y a través de entrevistas y observaciones de campo se evaluaron los factores de riesgo. Palabras clave: Control de inundaciones, riesgo de inundaciones, pólderes, Valle del Río dos Sinos. RÉSUMÉ Risques associés au système de contrôle des débordements d’eau dans la Vallée de Rio dos Sinos - Partie de la plaine inférieure du Rio dos Sinos (RS-Brésil) présente une très haute densité d’occupation urbaine-industrielle naturellement touché par les débordements d’eau. Pour éviter ce phénomène, ouvrages de confinement et drainages ont eté réalisées. Le but de cette étude est d’analyser les risques associés à l’état de la partie installée du projet du Système. Le phénomène naturel a été problématisée, l’engin de Contrôle des débordements a été étudié, et par des rapports et observations les facteurs de risque ont été analysés. Mots-clés: Contrôle des débordements, risques d’inondation, polders, Vallée du Rio dos Sinos. ABSTRACT Risks associated with the system of flood control in the Valley of the Rio dos Sinos - Part of the lower plain of the Rio dos Sinos (RS-Brazil) presents a high density of urban-industrial occupancy in natural-flooding areas. To prevent this phenomenon, retention and drainage works were executed. The aim of this study is to analyze the risk factors associated with the state of the installed part of the project of the Rio dos Sinos Valley Flood Control System. The natural phenomenon was problematized at first, then the Control engine was considered, and by means of reports and field observations the risks were evaluated. Key words: Flood control, flood risk, polders, Rio dos Sinos Valley. * O texto deste artigo corresponde à comunicação apresentada ao II Congresso Internacional de Riscos e VI Encontro Nacional, tendo sido submetido para revisão em 02-05-2010, tendo sido aceite para publicação em 21-02-2011. Este artigo é parte integrante da Revista Territorium, n.º 19, 2012, © Riscos, ISBN: 0872- 8941. 161 RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança Introdução e problematização geral 162 As inundações se constituem em problema que atinge com freqüência algumas cidades brasileiras e a intensidade dos danos possui, geralmente, relação direta com o maior grau de adensamento urbano. Segundo estudos da PESQUISA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO – PNSB (2000), dos 4.327 municípios com serviço de drenagem urbana, 1.235 (28,5 %) soreram com as inundações entre os anos de 1998 e 2000. As áreas urbanizadas em relação às não urbanizadas possuem o escoamento superficial das águas 10 a 30% maior; a água subterrânea diminui entre 32 e 50% e, aproximadamente 43% das precipitações são evacuadas das áreas urbanas pelo sistema de drenagem (Pickett et al., 2001). Os sistemas de drenagem são classificados de acordo com suas dimensões, em sistemas de microdrenagem, também denominados de sistemas iniciais de drenagem, e de macrodrenagem. A microdrenagem inclui a coleta e afastamento das águas superficiais ou subterrâneas através de pequenas e médias galerias, fazendo ainda parte do sistema todos os componentes do projeto para que tal ocorra. A macrodrenagem inclui, além da microdrenagem, as galerias de grande porte (D > 1,5m) e os corpos receptores tais como canais e rios canalizados. Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas preventivos de inundações, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. É evidente que no campo da drenagem, os problemas agravam-se em função da urbanização desordenada (Fernandes, 2002). Os principais efeitos da urbanização sobre o ciclo hidrológico são (Tucci, 1993): aumento do escoamento superficial e redução do tempo de escoamento, que provocam aumento nas vazões máximas e antecipam os picos de cheias; redução do escoamento subterrâneo que causa rebaixamento do nível do lençol freático; redução nos processos de evapotranspiração; redução da infiltração da água no solo. Apesar dos inúmeros casos de inundações ao longo do tempo, trazendo prejuízos materiais e humanos, no Brasil não existe nenhum programa sistemático de controle deste fenômeno que envolva seus diferentes aspectos. O que se observa são ações isoladas por parte de algumas cidades (Rezende & Tucci, 1979). Atualmente as inundações são cada vez mais causadas pela combinação de fatores naturais e sociais. Tem origem natural porque estão associadas com a ocorrência de fenômenos atmosféricos, com dinâmica e extensão espacial própria. Observa-se, porém, que se registram cada vez mais eventos que foram induzidos, acelerados ou ampliados pela intervenção humana relacionados a processos como desmatamento, desestabilização de vertentes, degradação de ecossistemas, mudanças no padrão de uso do solo agrícola, crescimento urbano sem planejamento adequado e sem provisão de infraestrutura de drenagem. Assim, os lugares de grande concentração urbana apresentam, na atualidade, maior suscetibilidade a que ocorra este tipo de evento (Collischonn, 2009). As inundações na bacia hidrográfica do Rio dos Sinos Segundo Ramos (1975), no rio dos Sinos as cheias ocorrem principalmente no inverno e têm como causa principal o influxo das águas do corpo receptor (Guaíba). O regime do complexo fluvial provém de um conjunto de fatores, entre os quais, o de ter um dos maiores índices pluviométricos do Rio Grande do Sul no Planalto Meridional, aliado ao fato de receber praticamente todos os contribuintes da bacia do rio Jacuí. O escudo Sul Rio-Grandense e o litoral representam um obstáculo ao escoamento das águas até o oceano Atlântico, por isto elas são acumuladas no Guaíba. As conseqüências da urbanização sobre a hidrologia são mais diretas e referem-se ao crescimento das vazões máximas de cheias causando inundações e a redução das vazões mínimas no período de estiagem (Tucci, 1995). Segundo Bertê (2004), o agravamento das cheias periódicas, no rio dos Sinos e em todo o estado do Rio Grande do Sul, possui relação direta com a diminuição dos ambientes reguladores – as terras úmidas - e com o desmatamento na margem dos rios. O volume de água da precipitação, que antes ficava retido pela vegetação e era absorvido gradativamente pelos solos antes de chegar aos cursos de água, flui rapidamente para os rios, transportando, assim, sedimentos. No Brasil, principalmente no século XX, a adaptação da hidrografia aos sistemas de vias urbanas causaram drásticas intervenções, como a retificação de meandros dos rios. O objetivo de tais ações era o de recuperar terrenos impróprios para a ocupação, dando lugar à urbanização. Os fundos de vale se transformaram em locais passíveis de loteamentos ou áreas comercializáveis, abrigando também as vias marginais, comuns nas cidades (F elicio , 2009). A Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no período entre 1824 e 1983, registrou grandes inundações na Região Metropolitana de Porto Alegre ocorridos nos anos de 1833, 1873, 1897, 1905, 1912, 1914, 1921, 1926, 1928, 1936, 1937, 1941, 1954, 1956, 1964, 1965, 1967, 1970, 1976 e 1983. Os municípios de São Leopoldo e Novo Hamburgo, quase sempre eram os mais atingidos, principalmente nas inundações de 1941, 1965 e 1967, as maiores já registradas, com dezenas de milhares de desabrigados na região (METROPLAN, 2001 apud Altenhofen, 2005). territorium 19 Drenagem e contenção na planície de inundação Devido a esta susceptibilidade natural de ocorrência de inundações no Vale do rio dos Sinos, as quais atingem a área ocupada da planície inundável, foi elaborado, nos anos 1960, um projeto de obras civis para prevenir contra as enchentes. O Sistema de Controle de Enchentes no Vale do Rio dos Sinos – SCEVRS, em sua parte já instalada, constitui-se no objeto da pesquisa presente. Segundo documento apócrifo fornecido pelo órgão regional do Ministério da Integração Nacional, a prevenção contra o extravasamento do rio dos Sinos, causado pela elevação das águas do Guaíba, por vazões excessivas do próprio Sinos ou pela sobreposição de ambos os fatores, só pode ser assegurada com a construção de diques. O sinistro em algum ponto destes diques ocasiona danos muito mais gravosos do que aqueles que ocorrem quando a enchente não encontra a contenção artificial, pois no primeiro caso a inundação é rápida e violenta, principalmente se o sinistro ocorrer durante a enchente. Igualmente, a efetividade da proteção em cada pôlder depende de toda uma infra-estrutura (um pôlder é uma porção de terrenos baixos e planos que constituem uma entidade hidrológica artificial, incluída entre aterros conhecidos como diques, utilizados para a agricultura ou habitação. Para esgotamento das águas pluviais os pôlderes devem ser drenados por meio de canais com comportas e/ou de bombas, a fim de impedir a subida excessiva da água no interior da área ensecada pelos diques. Fonte: WIKIPÉDIA. Acessado em: 01/02/2010. Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/P%C3%B4lder), que inclui indispensavelmente bombas que fazem o recalque das águas para o canal principal da bacia quando, em função da elevação das águas no curso do rio, os tributários não deságuam por gravidade nos locais normais junto ao receptor. Nesse caso o influxo do receptor, por simples gravidade, deve ser impedido, começando o bombeamento. A operação do Sistema também depende dos serviços de manutenção contínua, na falha dos quais a população fica sujeita a eventos com conseqüências tão mais graves quanto mais ficam inesperados estes eventos, devido à situação de despreparação para a ocorrência, e da intensificação da urbanização nas áreas furtadas às inundações periódicas em conseqüência da proteção conferida pelo Sistema em funcionamento. Objetivo e Justificativa O objeto de pesquisa é a parte instalada do SCEVRS. Objetiva-se fazer uma análise dos fatores de risco relacionados ao estado de manutenção e conservação do Sistema, considerando a realidade encontrada pelos pesquisadores durante os levantamentos entre os meses de dezembro de 2009 e abril de 2010. Estudo desta natureza permite a análise comparada entre casos semelhantes, fornecendo subsídio para os processos de planejamento e gestão de sistemas de controle de enchentes em contextos similares àquele do objeto de estudo, ou seja, sob o efeito da possível escassez do aporte de recursos regulares para manutenção da parte instalada, e principalmente (como será demonstrado) daqueles em implantação ou operação em áreas densamente urbanizadas e convertidas em pôlderes, compreendendo a construção de aterros (menor custo do que os muros de contenção) com estrutura de corpo estradal fraca, mas ligando ocupações sem substituto rodoviário, e de canais de drenagem, com a formação de faixas de domínio, em cidades com grandes contrastes sociais (como é característico das metrópoles brasileiras), em cidades sob forte pressão da clandestinidade na ocupação de áreas públicas. Metodologia O encaminhamento metodológico se subdividiu em duas fases. Compreendeu inicialmente um levantamento bibliográfico geral a respeito do problema das inundações ribeirinhas em áreas ocupadas pelo homem, das formas de contenção das mesmas e de drenagem de áreas urbanas, seguida, então, de visita a órgãos gestores do SCEVRS tendo em vista a necessidade de compreensão do Sistema em operação na área de estudo. Foram obtidos dados e informações junto ao Gabinete de Defesa Civil da Prefeitura Municipal de São Leopoldo e de órgão regional do Ministério da Integração Nacional. O projeto institucional do Sistema é muito maior do que sua parte já instalada, sendo que o foco de pesquisa esteve na parte em operação e seus problemas atuais, dado o objetivo de pesquisa já exposto. Fez-se a análise do material disponibilizado pelos órgãos e realização de entrevistas com os operadores do Sistema. As informações históricas sobre o Sistema se concentraram na cooperação técnica Brasil-Alemanha, a qual culminou no projeto dos pôlderes I a VI, e na conclusão dos pôlderes IV e V, muito embora já estivessem em operação, antes destes, dois pôlderes do Sistema, mais próximos a Porto Alegre (Mathias Velho e Rio Branco). No segundo momento, realizaram-se as observações visuais da realidade atual dos principais elementos do Sistema. Foram vistoriadas algumas valas e comportas da macrodrenagem dos pôlderes VI e V, foi verificada a situação ao longo dos aterros-diques em operação nos municípios de Canoas e São Leopoldo, e dos muros ao longo do segmento canalizado do rio dos Sinos. Visitouse o município de Novo Hamburgo nas proximidades do dique projetado. Durante os campos foi realizado levantamento fotográfico terrestre e obtida coordenada geográfica de cada local 163 RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança fotografado. Durante estas mesmas saídas de campo, os pesquisadores interagiram com populares assentados nos locais visitados, o que contribuiu, também, no aspecto metodológico para a obtenção dos resultados finais. insumos ou componentes são largamente exportados. As indústrias metal-mecânica e eletrônica, também exportadoras, têm destaque na região e são fornecedoras do mercado interno. Verifica-se o adensamento urbano muito próximo ao rio dos Sinos (Fig. 2) , herança da colonização alemã, que teve seu início em 1824 na região do Vale do Sinos. Situada a nordeste do estado do Rio Grande do Sul O parcelamento oficial do solo nas áreas úmidas da (Fig.1), a bacia do rio dos Sinos abrange total ou bacia hidrográfica do Rio dos Sinos data, pelo menos, parcialmente 32 municípios. Possui uma área de 3.800 da época do desembarque dos colonos alemães, quando km² correspondendo a 4,5% da área total da bacia iniciou-se uma distribuição de lotes entre alemães e hidrográfica do Lago Guaíba e 1,5% da área total do açorianos. A questão envolvendo a propriedade dos Estado (FEPAM, 1991). lotes distribuídos aos colonos estrangeiros que iam MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS chegando, em levas sucessivas, a quem se oferecia estudados, o primeiro das para pontes ae imigração, afastamentos entre os diques acessoconsiderou a terrapossíveis como ampliações incentivo motivou esquerda e direita. A partir dos resultados obtidos optou-se pelo segundo modelo. a elaboração, segundo Moehlecke (1976), já por volta de 0 100000 200000 300000 400000 700000 6700000 6800000 RIO GRANDE DO SUL 6600000 6500000 6500000 6400000 -100000 0 300 KM 100000 200000 300000 1833, da primeira planta de loteamento da colônia, dos Santos. Nesta planta já se vê, perfeitamente delineado, O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através de valas, cursos fluviais retificados e canalizados. Também, casas de bombas 1), bemurbano como sifões a travessia das a estradas, entre outros itens.IVA alguns canais de o (Fot. traçado doparaque viriam ser os pôlderes e macrodrenagem estão associadas comportas que permitem a passagem da água por diferença de pressão (Fot.2): nas V, representados atualmente pelo assentamento sobre cheias as comportas se fecham, ao tempo em que a água excedente destes canais vai ser bombeada para o rio área inundável São Leopoldo. principal da bacia. As casas de bombas em possuem capacidade diferenciada. margem direita a descarga não absorvida pelo leito principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito composto feitada pelo da aCarta Geral, Miguel à jusante das pontes BR 116, Piloto transformando zona central da margem direitaGonçalves em ilha (Fig.3). 400000 500000 600000 700000 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS 6735000 510000 São Sebastião do Caí Dois Irmãos Ivoti Estância Velha Portão São Leopoldo Gramado Santa Maria do Herval Nova Hartz Sapiranga Campo Bom 540000 555000 570000 Canela Araricá Parobé Três Coroas São Francisco de Paula Rolante Igrejinha Riozinho Taquara 6705000 Capela do Santana 525000 6720000 6720000 495000 6735000 6705000 480000 6750000 6750000 465000 Base Cartográfica Analógica da bacia hidrográfica do rio dos Sinos Fonte: COMITESINOS - Comitê de Gerenciamento da bacia hidrográfica do rio dos Sinos. Fuso: 22 Datum Vertical: Marégrafo de Torres - RS Datum Horizontal: Carta Geral do Brasil. Elaboração: Adriana Penteado, 2007. Santo Antônio da Patrulha Novo Hamburgo Caraá Nova Santa Rita Sapucaia do Sul Canoas Gravataí Osório Cachoeirinha 25 465000 480000 495000 510000 525000 0 540000 25 Km 555000 6690000 Esteio 570000 N W E S DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS - RS Fig.FiG.101 MAPA – Situação e localização da bacia hidrográfica do enteado . Sinos. Autoria da Temática: Adriana Fig.Rio 1 - dos Situação e localização bacia hidrográfica doPRio dos Sinos Autoria Temática: Adriana Penteado. As características naturais que facilitaram a ocupação na planície propiciam também enchentes periódicas. Fonte: Google Earth. Elaboração: Adriana Penteado, 21/09/09. Fonte: Google Earth. ncentivados por políticas públicas de atração populacional do Brasil Imperial. A população é atualmente multiElaboração: Adriana Penteado, 21/09/09. sua estimada, foz atésegundo Campo Bom o em rio975.000 dos Sinos percorre osta em termos Da étnicos, FEPAM (1991), habitantes, com 90,6 % concentrada na Fig. 2 –Figura Vista2 –aérea dos e SCEVRS. V do SCEVRS. ovoamento do Vale do Rio dos Sinos, a influência principal é de movimentos migratórios germânicos do século Vista aérea dospôlderes pôlderes IV eIV V do uma urbana e 9,4 % em área depressão rural. da margem No segundo caso, as ampliações necessárias no leito do rio foram substituídas por um canal lateral que desvia para a 6300000 0 -200000 Alegre Lagoa Mirim DADOS TÉCNICOS: Origem da Quilometragem UTM "Equador e Meridiano 51º WGR acrescidas às constantes 10 000 e 500 km respectivamente Base Cartográfica Digital do Rio Grande do Sul Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1972. Datum Vertical : Imbituva, SC Datum Horizontal : SAD 69. Fuso : 22 300 # Porto 6600000 Lago Guaíba 6700000 6400000 600000 6800000 6300000 500000 6900000 6900000 -100000 7000000 -200000 6690000 164 7000000 Localização e caracterização da área de estudo LEGENDA: com largura variando entre 5 a 8 km. ARTIFICIAL Há registroCANAL histórico de grande inundação em 1833, CANAL NATURAL A declividade dessa área é de aproximadamente três e todas as cidades que compõem a região têm atuação no ramo coureiro-calçadista, o que a eleva a maior ILHA na mesma época da elaboração da Carta Geral (vide PONTES metros entre Campo Bomárea e de São140Leopoldo, e um omerado do mundo no ramo (ABICALÇADOS ). Uma Km² abriga mais de metro 1.700 indústrias relacionadas Introdução), o que faz ficar, assim, evidente que a e a foz. o calçado, cujo entre produtoeste acabado, insumos ou componentes são largamente exportados. As indústrias metaldinâmica hidrológica dos locais de assentamentos nica e eletrônica, também exportadoras, têm destaque na região e são fornecedoras do mercado interno. humanos não se constituía em óbice para a urbanização. No povoamento do Vale do Rio dos Sinos, a influência ca-se o adensamento urbano muito próximo ao rio dos Sinos (Fig. 2) , herança da colonização alemã, que teve A proximidade do local de fixação humana com os canais principal é de movimentos migratórios germânicos do nício em 1824 na região do Vale do Sinos. O parcelamento oficial do solo nas áreas úmidas da bacia hidrográfica oferecia, entre suas amenidades, a maior facilidade para século XIX, incentivados por políticas públicas de atração N o dos Sinos data, pelo menos, da época do desembarque dos colonos alemães, quando iniciou-se uma o abastecimento de água. No caso do canal principal, a Brasil Imperial. população é atualmente buição de lotes populacional entre alemães edo açorianos. A questão Aenvolvendo a propriedade dos lotes distribuídos aos proximidade com o rio facilitava a utilização do que, há multi-composta étnicos, segundo os estrangeiros que iam chegando, emem levastermos sucessivas, a quem seestimada, oferecia acesso a terra como incentivo para a apenas algumas décadas, ainda era o principal meio de ação, motivou a FEPAM elaboração, segundo M OEHLECKE (1976), já por volta de 1833, primeira%planta de loteamento (1991), em 975.000 habitantes, comda 90,6 Figura 3: Canal artificial no ponto de estrangulamento. Fonte: Google Earth, adaptação Adriana Penteado, 02/2010. olônia, feita pelo Piloto da Carta Geral, Miguel Gonçalves dos Santos. Nesta planta já se vê, perfeitamente transporte entre as cidades na região (fluvial). O rio dos concentrada na área urbana e 9,4 % em área rural. eado, o traçado urbano do que viriam a ser os pôlderes IV e V, representados atualmente pelo Sinos assentamento liga os assentamentos à capital do estado, Porto Quase todas as cidades que compõem a região têm área inundável em São Leopoldo. Alegre, sem turbulências expressivas ou quedas d’água, atuação no ramo coureiro-calçadista, o que a eleva a gistro histórico de grande inundação em 1833, na mesma época da elaboração da Carta Geral (videjáIntrodução), que, como dito, a declividade do terreno é reduzida. maior conglomerado mundodos nolocais ramo faz ficar, assim, evidente que a dinâmica do hidrológica de (ABICALÇADOS). assentamentos humanos não se constituía A convivência da população da planície aluvial do rio dos Uma área de 140 Km² abriga mais de 1.700 indústrias Sinos com as inundações existe desde os primórdios da relacionadas com o calçado, cujo produto acabado, territorium 19 ocupação, e somente após meados do século XX serão final da década de 1990, para a qual foi necessária a realizadas obras realmente consistentes para dar às realização de estudos adicionais em hidrologia tendo áreas inundáveis uma proteção mais efetiva do que os em vista o risco de comprometimento da efetividade da aterramentos (elevações de cota de terreno). O Sistema proteção conferida pelas obras projetadas no âmbito institucional que foi construído na planície de inundação do acordo de cooperação técnica. Atualmente está do curso principal inclui dois trechos sem conexão em construção mais uma ponte, esta ferroviária, com 165 funcional, implantados em momentos e circunstâncias moderna tecnologia (sem pilar central), o que diminui o estudados, o primeiro considerou possíveis ampliações das pontes e afastamentos entre os diques da marg distintas, nos municípios de Canoas e São Leopoldo.esquerda e direita. impacto dinâmica natural. Todas estas pontes estão A partir na dos resultados obtidos optou-se pelo segundo modelo. concentradas no trecho ). lateral que desvia par No segundo caso, as ampliações necessárias no leitode do maior rio foramestreitamento substituídas por um canal O Sistema de Controle de Enchentes no Vale do Riomargem dos direita a descarga não absorvida pelo leito principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito compo Em vista da criticidade desta área foram necessários à jusante das pontes da BR 116, transformando a zona central da margem direita em ilha (Fig.3). Sinos (SCEVRS) ensaios em modelo para simular situações e formas O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através de valas, cursos fluviais retificados e canalizados. També ótimas o ponto vista das técnico–hidráulico. A A alguns canais casas de bombas (Fot. 1), sob bem como sifões parade a travessia estradas, entre outros itens. Com o objetivo de amenizar os efeitos das inundações macrodrenagempartir estão associadas que permitem a passagem da água por diferença de desta comportas simulação foi também possível verificar a pressão (Fot.2): n no Vale do Rio dos Sinos foi elaborado o Plano Diretor cheias as comportas se fecham, ao tempo em que a água excedente destes canais vai ser bombeada para o relação da velocidade da água com a erosão do leito Hidrológico da área. O governo do Rio Grande doprincipal Sul da bacia. As casas de bombas possuem capacidade diferenciada. do canal, o que agrava o assoreamento a jusante, obteve assistência técnica do governo alemão com base intensificando as cheias. em acordo firmado em 30 de novembro de 1963, entre a Alemanha e o Brasil. Quando da assinatura deste acordo Para a execução do modelo, o Departamento Nacional de cooperação, já havia dois pôlderes em operação, de Obras e Saneamento (DNOS) contratou o Instituto bem próximos à capital do estado, feitos fora do âmbito de Pesquisas Hidráulicas – IPH da Universidade Federal da cooperação técnica, designados Mathias Velho e Rio do Rio Grande do Sul – UFRGS. Dois modelos reduzidos Branco, em alusão aos bairros de suas localizações. foram estudados, o primeiro considerou possíveis ampliações das pontes e afastamentos entre os diques Os estudos tiveram início em maio de 1967 e foram da margem esquerda e direita. A partir dos resultados concluídos após dois anos. Entre as entidades obtidos optou-se pelo segundo modelo. responsáveis estava uma firma de Consultoria Alemã, de Essen, com o apoio da Secretaria de Obras Públicas do No segundo caso, as ampliações necessárias no leito do estado do Rio Grande do Sul e da Faculdade de Economia rio foram substituídas por um canal lateral que desvia de São Leopoldo. para a margem direita a descarga não absorvida pelo leito principal e nas seções das pontes. Reintegrou-se o leito Antes do início das obras os principais estudos elaborados composto à jusante das pontes da BR 116, transformando Figura 2 – Vista aérea dos pôlderes IV e V do SCEVRS. foram: Plano Diretor Geral Hidrológico, Estudo Sócio– Fonte: Google Earth. Elaboração: Adriana Penteado, 21/09/09. a zona central da margem direita em ilha (Fig.3). Econômico, Plano Geral de Proteção Contra as Cheias e o Estudo de Viabilidade Econômica. As obras foram LEGENDA: CANAL ARTIFICIAL previstas para serem executadas entre os municípios de CANAL NATURAL Campo Bom até Canoas, no curso inferior da bacia. ILHA PONTES Em meados dos anos 1970 efetivou-se um contrato entre a União e o banco alemão KFW-Kreditanstalt für WIederaufbau, o qual se comprometeu a reembolsar 40% dos gastos que seriam realizados pelo Estado, os quais foram rateados em partes iguais entre unidade federada e União. Foi prevista a construção de seis pôlderes, sendo eleitos como prioritários os pôlderes IV e V pela maior importância sócio-econômica, pois abrigam maiores áreas com adensamento urbano-industrial. Fig. 3 – Canal no no ponto estrangulamento. Figura 3:artificial Canal artificial ponto de de estrangulamento. Fonte: Google adaptação Adriana Adriana Penteado, 02/2010. Fonte: Google Earth,Earth, adaptação Penteado , 02/2010. No local onde os diques estão paralelos ao rio, num trecho aproximado de 160 metros, a planície de inundação foi suprimida. Neste local ocorre um acentuado estrangulamento na seção transversal de escoamento das águas nas cheias. Duas pontes atravessavam o rio, reduzindo adicionalmente a seção transversal de escoamento (Na época do Projeto havia duas. A saturação do trânsito associada ao envelhecimento de uma das pontes que integram o sul e o norte de São Leopoldo motivou a construção de uma terceira (Ponte Henrique Luiz Roessler), no O SCEVRS compreende a drenagem dos pôlderes através de valas, cursos fluviais retificados e canalizados. Também, casas de bombas (Fot. 1), bem como sifões para a travessia das estradas, entre outros itens. A alguns canais de macrodrenagem estão associadas comportas que permitem a passagem da água por diferença de pressão (Fot.2), nas cheias as comportas se fecham, ao tempo em que a água excedente destes canais vai ser bombeada para o rio principal da bacia. As casas de bombas possuem capacidade diferenciada. N idealização de de sistema de controle deve focaraapenas a contenção si, aoem tempo em que artificializa idealização de sistema controle não devenão focar apenas contenção em si, aoem tempo que artificializa toda a toda a natural de uma bacia hidrográfica. dinâmicadinâmica natural de uma bacia hidrográfica. RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança E principalmente, concluímos que ado gestão do Sistema ser encarada como problema multi-complexo, E principalmente, concluímos que a gestão Sistema deve serdeve encarada como problema multi-complexo, já que já que não se calculam na entre relação entre a dinâmica natural alterada obras riscos deriscos falha de nãofalha se calculam somente somente na relação a dinâmica natural alterada por meiopor de meio obras de civis, de civis, um de um e as características das outro, mas também da dinâmica urbana dos homens. lado, e aslado, características técnicas técnicas das obras, deobras, outro,de mas também da dinâmica urbana dos homens. 166 Fot. 1 e 2 – Uma casa de bombas e uma comporta do sistema de macrodrenagem em São Leopoldo. Autoria: Adriana Penteado, 10/2009. Fotografias 1 ecasa 2: Uma casa de ebombas e uma comporta do de sistema de macrodrenagem em São Leopoldo. Fotografias 1 e 2: Uma de bombas uma comporta do sistema macrodrenagem em São Leopoldo. Adriana Penteado, Autoria: Autoria: Adriana Penteado, 10/2009.10/2009. Resultados Parte em implantação: efeito de planejamento de longo prazo em desenvolvimento ser retirada, pois suas raízes podem desestabilizar os taludes em épocas de cheia; erosões, tanto aquelas provocadas pelo tráfego de pedestres e animais, como as surgidas naturalmente, a exemplo das depressões na superfície plana que podem acumular água, devem ser objeto de manutenção contínua, somente sendo permitido, nos diques, o tráfego de veículos de pequeno porte, de duas rodas; não devem ser construídas casas e rampas nos maciços e nas bermas de equilíbrio dos diques, o que compromete a estabilidade da estrutura, e nem nas faixas de domínio dos diques e canais de macrodrenagem, tendo em vista a necessidade de acesso dos técnicos e operários para a manutenção. Em trabalho de campo para a identificação de falhas e danos no SCEVRS verificou-se a existência de todos Constatou-se que a maior parte das obras projetadas do os fatores de risco apontados (Canoas/São Leopoldo). SCEVRS está em franca implantação, embora seja notório idealização de sistema de controle não deve focar apenas contenção em si, que artificializa toda a toda a Ocorrência erosão aoaapenas longo deaoemtempo todo o em percurso idealização de sistema dede controle não deve focar a contenção si, aoem tempo que artificializa idealização de sistema de controle deve focar apenas a contenção em si, ao tempo em que artificializa toda a o desconhecimento geral quanto à função de contenção dinâmica natural de uma bacia hidrográfica. dinâmica natural de uma bacia não hidrográfica. dinâmicados natural diques de uma baciadevido hidrográfica. a passagem de pessoas e veículos, concluímos que a gestão Sistema deve serdeve encarada como problema multi-complexo, já que já que E principalmente, concluímos que a do gestão do Sistema ser encarada como problema multi-complexo, de enchentes que terá o corpo estradal de uma rodovia E principalmente, construção dea somente moradias irregulares em bermas riscos deriscos falha nãofalha seconcluímos calculam somente na relação a dinâmica natural alterada por problema meiopor de meio obras civis, dede um de de não se calculam na entre relação entre a ser dinâmica natural alterada de obras civis, E principalmente, que gestão do Sistema deve encarada como multi-complexo, já um que federal já em construção, BR 448 (chamada de Rodovia lado, e as características técnicas das obras, de outro, mas também da dinâmica urbana dos homens. e as características de outro, tambémnatural da dinâmica urbana homens. riscos delado, falha não se calculamtécnicas somentedas naobras, relação entre amas dinâmica alterada por dos meio de obras civis, de um equilíbrio (Fot.6), construção de rampas com corte do Parque), com de 22 quilômetros, ligando a lado, e as características técnicas das obras, de outro, mas também da dinâmica urbana dos homens. Fotografia 5: contenção Muroextensão de contenção de São Leopoldo (época de implantação). Fotografia 5: Muro de no centronodecentro São Leopoldo (época de implantação). Fonte: P– ROJETOS RIO .DOS SINOS. Fonte: PROJETOS RIO DOS –SINOS de talude (fot.7), com remoção de grande quantidade http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260. http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260. capital do Estado, Porto Alegre, às cidades ao sul. Esta de massa do corpo do dique, o que provoca seu rodovia pretende desafogar o tráfego extremamente enfraquecimento, e tráfego de carros e tratores. Em saturado da principal ligação entre os municípios do outro local (Fot. 3) observa-se um reparo, feito pela Vale do Sinos, a BR 116. O traçado da BR 448 coincide municipalidade, na parte danificada do dique por exatamente com aquele da parte projetada dos diques construção de rampa irregular de acesso, reparo este com base nos amplos estudos realizados há mais de que, foi demolido pelos utilizadores. Fotografias 1 logo e 2: Uma casa de bombas ebombas uma comporta do sistema macrodrenagem em São Leopoldo. Fotografias 1 edepois, 2: Uma casa de e uma comporta do de sistema de macrodrenagem em Vemos São Leopoldo. quarenta anos. Autoria: Autoria: Adriana Penteado, 10/2009.10/2009. Adriana Penteado, um trecho normalizado do dique (Fot.4). Fotografias 1 e 2: Uma casa de bombas e uma comporta do sistema de macrodrenagem em São Leopoldo. Autoria: Adriana Penteado, 10/2009. Em folder publicitário elaborado pelo extinto DNOS por volta de 1967 consta a informação de que “alguns dos diques foram projetados de tal forma que poderão no futuro ser utilizados como rodovias, originando assim benefícios secundários no escoamento do tráfego”. Este material não aponta quais seriam os diques. Fotografias 3 e 4:em Reparo dano por causado por construção rampa irregular dique e situação Fotografias 3 e 4: Reparo dano em causado construção de rampadeirregular ao dique ao e situação atual. atual. Fonte: Respectivamente, deCivil Defesa CivilLeopoldo, de São Leopoldo, Sandro Petry, 01/2010. Fonte: Respectivamente, GabineteGabinete de Defesa de São 09/2009,09/2009, e SandroePetry, 01/2010. Fot. 3 e 4 – Reparo em dano causado por construção de rampa irregular ao dique e situação atual. Fonte: Respectivamente, Gabinete de Defesa Civil de São Fotografias 3 e 4: Reparo em dano causado por construção de rampa irregular ao dique e situação atual. Leopoldo, 09/2009, e de Sandro Petry , 01/2010. Fonte: Respectivamente, Gabinete de Defesa Civil São Leopoldo, 09/2009, e Sandro Petry, 01/2010. Fotografias 3 e 4: Reparo danoem causado por construção de rampadeirregular ao diqueao e situação atual. atual. Fotografias 3 e 4:em Reparo dano causado por construção rampa irregular dique e situação Fonte: Respectivamente, GabineteGabinete de Defesa de São 09/2009,09/2009, e SandroePetry, Fonte: Respectivamente, deCivil Defesa CivilLeopoldo, de São Leopoldo, Sandro01/2010. Petry, 01/2010. Problemas constatados na parte implantada De forma geral, as obras de contenção (em operação) contra enchentes do vale do rio do Sinos, em Canoas e São Leopoldo, necessitam de constante manutenção para que não haja rompimento ou falhas que comprometam a proteção da população. Segundo TUCCI (1995), o controle das inundações urbanas é um processo permanente que deve ser mantido pelas comunidades, visando à redução do custo social e econômico dos impactos. Fotografia 5: Muro de contenção no centro São Leopoldo (época de implantação). Fotografia 5: Muro de contenção node centro de São Leopoldo (época de implantação). Fonte: PFonte: ROJETOSP–ROJETOS RIO DOS –SINOS . SINOS. RIO DOS http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260. http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260. Fot. 5 – Muro de contenção no centro de São Leopoldo (época de implantação). Fonte: PROJETOS – RIO DOS SINOS. http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?T roncoID=906480&SecaoID=707260 Fotografia 5: Muro de contenção no centro de São Leopoldo (época de implantação). Fonte: PROJETOS – RIO DOS SINOS. http://www.wittler.com.br/engenharia/site/default.asp?TroncoID=906480&SecaoID=707260. O Manual de Operação e Manutenção do Sistema de Proteção, elaborado pela Consultoria Alemã, alerta para alguns perigos da má conservação dos diques de terra e canais de macrodrenagem. Este manual destaca alguns pontos, que assim foram sintetizados pelos pesquisadores: o enleivamento (vegetação que cobre superfícies, oriunda de torrões originalmente transportados, que somam estabilidade à estrutura) dos taludes do maciço Fot. 6 e 7 – 6Edificação em berma de quilíbrio e rampa pesado. de e 7: Edificação deequilíbrio e rampa acesso irregular/tráfego FotografiasFotografias 6 e 7: Edificação em bermaem de berma quilíbrio rampa de acessode irregular/tráfego pesado. das bermas (seção inclinada do dique) deve ser mantido Autoria: Sandro Petry, 01/2010. Autoria: Sandro Petry, 01/2010. acesso irregular/tráfego pesado. Autoria: Sandro Petry, 01/2010. raso e homogêneo, devendo a vegetação arbustiva altaBibliografiaBibliografia Livros e teses Livros e teses , Rafael José- (2005) - Relações Ecológicas, Percepções e Representações de Populações ALTENHOFENA, LTENHOFEN Rafael José (2005) Relações Ecológicas, Percepções e Representações de Populações HumanasHumanas Ribeirinhas: Subsídios para Conservação de Áreas na Bacia Hidrográfica doSinos, Rio Dos Ribeirinhas: Subsídios para Conservação de Áreas Úmida na Úmida Bacia Hidrográfica do Rio Dos RS.Sinos, RS. CANHOLI , Aluísio Pardo (2005) - Drenagem urbana ede controle de enchentes. São Paulo,de Oficina de Textos. CANHOLI, Aluísio Pardo (2005) - Drenagem urbana e controle enchentes. São Paulo, Oficina Textos. territorium 19 Em alguns locais há também vegetação arbustiva alta, e no interior das áreas apropriadas pelos ocupantes irregulares encontramos vegetação de porte arbóreo. Casas estão construídas do lado interno do dique (lado correspondente ao rio), estas promovendo o aterro nas áreas onde estão localizadas. Segundo informação declaratória de um operador do SCEVRS, o surgimento desses fatores teria tido início com a extinção do DNOS, em 1989, ocasião em que houve uma paralisação de obras de manutenção. Segundo relatório técnico do SCEVRS (2005), a manutenção das Valas de Macrodrenagem, que vem sendo desenvolvida, encontra dificuldades de execução, pois em alguns trechos de valas já não é mais possível dragar devido à localização de casas irregulares nas faixas de domínio e nas áreas reservadas para o trânsito dos equipamentos ao longo de todo o Sistema de Proteção e, até mesmo, nos diques. A partir dessa situação, forçou-se o sistema de proteção a executar os serviços de dragagem utilizando-se o passeio interno e a berma de equilíbrio, para o trânsito dos Drag–Lines e para deposição resultante da dragagem, comprometendo a estabilidade dos diques. Quanto à manutenção dos equipamentos do SPCVRS, o Ministério das Cidades transferiu para o Ministério da Integração Nacional (que atualmente administra o órgão gestor do Sistemas) R$ 24 milhões. As prioridades serão as reformas das casas de bombas dos diques, sendo que a casa que se encontra em estado mais crítico está localizada no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo (JORNAL VALE DOS SINOS, 2009). Esta Casa possui sete bombas, sendo que, na cheia de 2009 , apenas uma bomba funcionou, inundando parte da área protegida e obrigando a Defesa Civil a prestar socorro às vítimas da inundação. Partes não-institucionais Como resultado preliminar, pode-se apontar a existência de elementos não institucionais que, em hipótese, teriam efeito relativo de controle de inundações. É o caso da Estrada dos Municípios, em Novo Hamburgo (bairro Canudos), a qual, segundo constatação de campo, se localiza próxima a assentamento humano, constituída também de aterro, marcando a transição entre, de um lado, a ocupação, e, de outro, área com características ecossistêmicas de terra úmida. O possível efeito de contenção de alguns elementos encontrados, efeito este não-reconhecido tecnicamente, é uma hipótese cuja confirmação depende de aprofundamento da presente pesquisa. Conclusão Medidas adotadas quase sempre apresentam caráter localizado. Os trechos dos canais ampliados reduzem os prejuízos das áreas afetadas, mas devido à transferência das vazões as inundações agravam-se para jusante e as planícies utilizadas pelas águas, suprimidas por obras, serão sempre requeridas à jusante (Canholi, 2005). As inundações ocorridas no Vale do rio dos Sinos em 1983, 1984, 1985, 1987 e 1989, atingiram cotas muito superiores ao que seria esperado pelo volume de água precipitado. Podemos incluir alguns dos últimos eventos hidrológicos na bacia, como enchentes ocorridas desde 2008, como de grande magnitude. O nível do rio, em 2009, chegou a atingir cota assustadora, menos de um metro inferior à altura do dique – conforme declaração de moradores do bairro Vicentina (São Leopoldo). Suas moradias estão instaladas a poucos metros do rio dos Sinos. Segundo SCEVRS a manutenção das obras com relativa segurança tem sido um trabalho difícil, pois constantemente ocorrem novas invasões, roubos e vandalismos nas obras do Sistema de Controle e isso pode acarretar em graves problemas de inundação no interior dos pôlderes. As obras de contenção de enchentes, com manutenção inadequada e danos significativos em sua estrutura, são, diante do sinistro, piores do que não ter obra alguma, pois, nesse caso, as inundações ocorrem gradativamente, ao contrário daquelas obras que possam romper provocando ondas de grandes dimensões. Diante dos prejuízos e entraves que as ocupações irregulares têm causado percebe-se que a remoção destas e o impedimento da instalação de novas moradias é um caso de segurança a toda a população residente próxima aos diques. É possível ainda especular quanto ao modelo de pensamento, e aos efeitos deste na configuração dos pôlderes, vigentes na época da idealização do Sistema, ocasião em que não havia o mesmo grau de esclarecimento e preocupação quanto ao valor natural e a necessidade de preservação de terras úmidas. O projeto do Sistema previa, inclusive, diques que décadas depois nem haviam sido implantados, muito embora, como já dito, a BR 448 (rodovia federal), em construção, com mais de 20 Km de extensão, siga o traçado planejado e exerça o efeito de contenção. Novos pôlderes entrarão em operação com a rodovia e seus efeitos não se resumem à proteção conferida, já que a idealização de sistema de controle não deve focar apenas a contenção em si, ao tempo em que artificializa toda a dinâmica natural de uma bacia hidrográfica. 167 RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança E principalmente, concluímos que a gestão do Sistema deve ser encarada como problema multi-complexo, já que riscos de falha não se calculam somente na relação entre a dinâmica natural alterada por meio de obras civis, de um lado, e as características técnicas das obras, de outro, mas também da dinâmica urbana dos homens. 168 Bibliografia Rezende, B. ; Tucci, C. E. M. (1979) - "Análise das Inundações em Estrela: relatório técnico". Estrela, Prefeitura Municipal de Estrela, 30p. Tucci, C.E.M. (1993) - “Controle de Enchentes”. In Tucci, C. (org). Hidrologia ciência e aplicação. Porto Alegre: Ed. da Universidade: ABRH cap 16, p621-658.: 952p. Tucci, C. E. 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