GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS NOS LABORATÓRIOS DO
SEMAE - SÃO LEOPOLDO
Organização e Gestão dos Serviços de Saneamento: Recursos Humanos,
Políticas Públicas e Educação
Juliana Chaves
Maristela Pessolano Paim
Rui Leodegar Matte Neto
Sinclair Soares
Responsável pela apresentação
Rui Leodegar Matte Neto:
Graduando em Biologia (UNISINOS), Técnico em Tratamento de Resíduos
Industriais (SENAI) do Departamento de Controle Analítico da Qualidade –
SEMAE/SL.
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS NOS LABORATÓRIOS DO
SEMAE - SÃO LEOPOLDO
Introdução
Os resíduos gerados nos laboratórios de química, microbiologia e
hidrobiologia podem ser considerados perigosos e necessitam tratamento adequado
para sua passivação e disposição final. A partir disso, o Serviço Municipal de Água e
Esgotos de São Leopoldo, vem colocando em prática o Programa de Gerenciamento
de Resíduos de Laboratório, caracterizado pela responsabilidade objetiva. O gerador
torna-se responsável pelos resíduos e pelos danos causados quando esses forem
descartados no ambiente.
Pequenos geradores de resíduos, tais como nossos laboratórios, geralmente
são considerados pelos órgãos fiscalizadores como atividades pouco ou não
impactantes. Levando-se em conta o crescente número de unidades geradoras de
resíduo “não perigoso”, e que nossos resíduos são de natureza variada, faz-se
necessário um planejamento de tratamento e disposição de resíduos.
O Programa de Gerenciamento de Resíduos busca evitar, minimizar, reduzir,
classificar, tratar, armazenar, transportar e destinar. Visa à educação ambiental, à
diminuição de riscos ao operador e à conscientização do gerador.
Desenvolvimento
De acordo com a resolução nº. 358/2005 do CONAMA, os resíduos dividemse em cinco grupos: biológicos, químicos, radioativos, comuns e perfurocortantes.
Em seu artigo nº. 24: “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
lançados direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta
Resolução.”.
Primeiramente procedeu-se a quantificação dos resíduos em escala mensal e
ordenados por tipo de análise. Conforme tabela:
Tabela 1
Volume de resíduos gerados no laboratório central (média trimestral):
Análise
Cloretos
Cobre
Zinco
Alumínio
Manganês
Ferro
Nitrito
Bario
Fosforo
Nitrato
Sulfato
Cromo
Chumbo
Cádmio
Fosfato
Dureza
Matéria Orgânica
THM
TOTAL trimestral
TOTAL mensal
Volume (mL) Volume (sec)
1000
700
1020
1900
2100
2100
700
1160
700
1150
1150
700
950
2800
2800
950
2500
1500
1650
800
28330
9443,33
Volume de resíduos gerados nos laboratórios de rotina (média mensal):
Análise
Cloro
Alcalinidade
Fluoreto
Matéria Orgânica
Dureza
Alumina Residual
TOTAL mensal
Volume (mL) Volume (sec)
7200
18000
1160
560
360
500
2400
905400
Volume de resíduos gerados em análise de insumos (mensal):
Análise
Hipoclorito
Sulfato - resíduo ins.
Sulfato - ferro
Sulfato - alumínio
Sulfato - ac./bas.
Ác. Fluossilícico
TOTAL mensal
Volume (mL)
864
7200
1600
4352
3992
156
18164
TOTAL mensal Laboratórios Química
933007,3 mililitros
Volume de resíduos gerados no laboratório de bacteriologia (mensal):
Análise
Presença/Ausência
Bact. Heterotróficas
NMP
TOTAL mensal
Volume (mL)
50000
2000
5000
57000
TOTAL GERAL MENSAL:
990 litros
Quantidade de resíduos sólidos gerados no laboratório central:
Resíduos
Luvas
Pilows
Papel filtro
Unidade
120/mês
250/mês
20/mês
Quantidade de resíduos sólidos gerados no laboratório de bacteriologia:
Resíduos
Aquatest
Pillows de DPD
Fita de pH
Cartelas NMP
Unidade
550/mês
1200/mês
3/Ano
25/mês
Após a classificação dos resíduos ativos e passivos, procedeu-se a
caracterização dos primeiros.
Parte dos resíduos pôde ser classificada como não perigosos, tendo a
permissão de serem descartados diretamente na pia ou no lixo. Para tanto, devem
atender as seguintes características: compostos solúveis em água, diluídos cem
vezes, descartados em água corrente. Para os orgânicos é preciso que também
sejam facilmente biodegradáveis. Compostos insolúveis ou pouco solúveis em água,
com apenas 2% de concentração, puderam ser descartados diretamente assim
como os anteriores.
Consideramos também a toxicidade, inflamabilidade e reatividade. Além
disso, observamos o caráter ácido ou base do resíduo, e para estes, efetuamos a
neutralização se necessário.
Contudo, alguns de nossos resíduos não se classificam como não tóxicos ou
perigosos. Para estes, avaliamo-os quanto à compatibilidade química e procedemos
a disposição destes em separado. Adotamos a separação em grandes áreas:
orgânicos e inorgânicos. Aos primeiros, utilizamos as sub-áreas: não-halogenados,
halogenados e peróxidos orgânicos. Para os últimos: soluções aquosas de metais
pesados, ácido/base, sulfeto, cianeto, mercúrio metálico e sais de prata. Todos os
frascos foram devidamente rotulados e identificados, separados por compatibilidade
em um local adequado.
Em
nosso
depósito
de
resíduos,
somente
são
aceitos
frascos
apropriadamente rotulados, e, assim que completamente cheios em laboratório,
destinados ao depósito. Tomamos cuidados em utilizar frascos adequados para
cada tipo de resíduo, evitando possíveis reações indesejadas e acidentes de
trabalho.
Usamos frascos de polietileno de alta densidade para os resíduos. Na falta
destes, servimo-nos de frascos vazios de reagentes/solventes, que também podem
ser utilizados, após tríplice enxágüe com água ou solvente apropriado, sempre
tomando cuidado com possíveis incompatibilidades entre embalagem e resíduos.
Nos laboratórios são armazenados temporariamente os resíduos que
necessitam posterior tratamento ou neutralização. Contudo, não acumulamos
grandes quantidades de resíduo: apenas um frasco em uso para cada tipo de
resíduo estocado em laboratório.
Ainda, foi realizada uma série de ações buscando a minimização dos
resíduos, tais como: troca de metodologia e técnica, adaptação de análises,
diminuição de volume de amostras e remanejo do número de análise de acordo com
o exigido pela legislação vigente.
Visando a redução do volume total de resíduos obtidos com as análises do
Laboratório Central, modificamos o cronograma mensal e trimestral. Antes,
realizávamos mensalmente as análises de Ferro, Manganês, Cobre, Fósforo,
Sulfatos, Bário, Nitratos, Nitritos, Cromo hexavalente, Alumínio. Trimestralmente:
Cádmio, Chumbo, THM, Zinco, Fósforo e Fosfatos. Faz-se necessário salientar que
a freqüência de todas as análises supracitadas, de acordo com a legislação vigente
(Portaria 518), é semestral. Portanto, a modificação foi possível e continuamos
atendendo as normas estipuladas. Segue o novo cronograma de análises,
lembrando que as amostras são: água tratada (ETA 001), água tratada (ETA 002),
água bruta, e mais dois Pontos de Controle de Qualidade da Rede de Distribuição:
Tabela 2 – Cronograma Mensal de Análises – Laboratório Central
Mês
Análises
Janeiro
Ferro, Manganês, Cádmio, Cloretos, Bário, Sulfatos
Fevereiro
Ferro, Manganês, Chumbo, Alumínio, THM, Cromo Hexa, Nitritos
Março
Ferro, Manganês, Zinco, Fósforo, Fosfato, Cobre, Nitratos
Abril
Ferro, Manganês, Cádmio, Cloretos, Bário, Sulfatos
Maio
Ferro, Manganês, Chumbo, Alumínio, THM, Cromo Hexa, Nitritos
Junho
Ferro, Manganês, Zinco, Fósforo, Fosfato, Cobre, Nitratos
Julho
Ferro, Manganês, Cádmio, Cloretos, Bário, Sulfatos
Agosto
Ferro, Manganês, Chumbo, Alumínio, THM, Cromo Hexa, Nitritos
Setembro
Ferro, Manganês, Zinco, Fósforo, Fosfato, Cobre, Nitratos
Outubro
Ferro, Manganês, Cádmio, Cloretos, Bário, Sulfatos
Novembro
Ferro, Manganês, Chumbo, Alumínio, THM, Cromo Hexa, Nitritos
Dezembro
Ferro, Manganês, Zinco, Fósforo, Fosfato, Cobre, Nitratos
As análises de Chumbo e Cádmio geram resíduos com alto teor de cianeto e
de solventes orgânicos. Cloretos geram resíduos de prata e cromo. A ciclohexanona
é utilizada na determinação de Zinco.
Ainda no tocante às análises realizadas pelo pessoal do Laboratório Central,
foi modificada a técnica de determinação de Ferro total solúvel em água, referente
ao conjunto de análises do controle de qualidade do Sulfato de Alumínio Ferroso
Líquido – principal insumo no processo de tratamento de água –, em que o resíduo
obtido tem traços de mercúrio precipitado, de modo a diminuir o volume de amostra
e de reagentes utilizados, logo, de resíduo precipitado. A técnica de determinação
diária de Oxigênio Dissolvido, antes feita pelo método de Winkler (modificação
azida), passou a ser potenciométrica, não gerando resíduo. A freqüência das
análises de dureza no processo de tratamento de água foi modificada para duas
vezes por semana, visto que a concentração não é controlada com a adição de
insumos, respeitando a legislação. As determinações de matéria orgânica passaram
a ser feitas somente nos três pontos mais relevantes: água tratada, água filtrada e
água bruta.
As cartelas utilizadas no Laboratório de Bacteriologia para a determinação de
NMP são esterilizadas após a leitura e descartadas no lixo comum.
Por fim, contratamos uma empresa terceirizada, responsável pelo transporte e
destinação final de nossos resíduos (aqueles que o tratamento prévio não foi
possível em nossos laboratórios, e o descarte na pia tornou-se inadequado).
Quanto aos resíduos sólidos, separamo-los de acordo com sua origem: luvas,
papéis de filtro e precipitados, frascos de reagentes em vidro, frascos de reagentes
em plástico, embalagens metalizadas de reagentes em pequena quantidade. Os
frascos de vidro são previamente lavados e enviados à reciclagem. Todos os outros
resíduos são enviados à empresa contratada terceirizada.
Resultados
O projeto em questão está em processo corrente. Os resultados
momentâneos estão incluídos
no desenvolvimento,
como a
quantificação,
qualificação, caracterização, minimização e disposição final de nossos resíduos
produzidos.
Para a execução deste projeto, foi e é necessário o engajamento total de
todas as pessoas que trabalham nos laboratórios: operadores de sistema,
laboratoristas, chefes, gerentes e direção. Somente assim conseguimos chegar aos
resultados preliminares e estamos esperançosos pela execução completa e
sustentável do programa.
Bibliografia Consultada
Cartilha para a implementação de um Programa de Gerenciamento de
Resíduos Químicos (PGRQ). Disponível em http://lqa.iqm.unicamp.br/serv.html
[ 2001]
MENDHAM, J. et al. Vogel - Análise química quantitativa. 6ª. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2002.
Resolução CONAMA 20, de 18 de junho de 1986. Classificação de águas doces,
salobras
e
salinas
no
Território
Nacional.
http://mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html.
Disponível
em
Download

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS NOS