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Anuário Brasileiro do Leite 2010
Anuário Brasileiro do
Leite
2010
Brazilian Dairy Yearbook 2010
Grupo Editorial
Sumário
De olha na base da pirâmide
De olho nos mais jovens
Mercado a ser explorado
Mudanças no ranking brasileiro
Vizinhos em ascensão
Leite na preparação de atletas
Uma tentativa de explicar o mercado em 2010
Mercado de leite no Brasil: após a tempestade novos desafios
Leite de cabra e derivados: as barreiras sanitárias
Queda no consumo do longa vida
Mais novilhas no rebanho, mais produção
O diferencial da qualidade
Consumo de leite cresce apesar da crise financeira
Projeções do Leite no Brasil – 2009/10 a 2019/20
Projeções para o mercado lácteo mundial
Produção se mantém estável
Água para sanidade
Por dentro da qualidade do leite Controle da indústria até a mesa
Summary
Aiming at the bottom of the pyramid
Keeping an eye on the youngest
Market which is about to be explored
Changes in Brazilian ranking
Neighbors on the rise
Milk in athletes preparation
An attempt to explain the market in 2010
Milk market in Brazil: after the storm new challenges
Goat Milk and dairy products: sanitary obstacles
Fall in UHT Milk consumption
More heifers in the herd, more production Quality differential
Milk consumption grows despite of financial crisis
Projections on Milk in Brazil – from 2009/10 to 2019/20
Projection for the world dairy market
Production remains stable
Water for health state
Becoming aware of Milk quality Control of the industry up to the table
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Múcio de Castro
1915
1981
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Filiado à
Leite
2010
Anuário Brasileiro do
Brazilian Dairy Yearbook 2010
Editora: Daiane Colla
Fotos: Rodrigo Deggerone
(Studio Arte) e Banco de
Imagens O Nacional
Projeto gráfico
e diagramação: Pablo Tavares
Tradução:
Regina Kátia Fritsch
Impressão:
Gráfica Editora Pallotti
De olha na
base da pirâmide
Indústrias de lácteos voltam
ações para classes mais baixas,
buscando ampliar mercados e
conquistar novos clientes
Enquanto muitos produtores lácteos estão olhando
para a classe média emergente em busca de crescimento, outros estão procurando novas oportunidades
de crescimento na base da “pirâmide de renda”, com
novos produtos e embalagens. Por exemplo, no México, onde 60% da população é de baixa renda, os produtores de lácteos constatam um crescimento maior
em produtos lácteos líquidos (LDP) de preço mais
baixo, como a “fórmula láctea” que combina o leite
branco com a gordura vegetal.
O preço de varejo da fórmula láctea UHT no México é 15% a 20% menor que do leite branco regular
UHT, tornando-se assim uma opção atraente. Hoje, o
preço reduzido do leite UHT representa 25% do mercado total de leite branco pronto para beber (RTD)
comercial, e está crescendo rapidamente através de
marcas diferentes como a Nutrileche, Mileche, Tamariz e Bonaleche.
Enquanto isso, na Indonésia, onde as pessoas vivem
com menos de US$2 por dia, os produtores lácteos
também estão voltados para os consumidores posicionados na parte inferior da pirâmide de renda. Neste
caso, muitos produtores estão tendo bons resultados
com as embalagens de 60- 125ml de bebidas lácteas,
que oferecem a combinação certa entre preço e qualidade.
Bert Jan Post, diretor executivo da Tetra Pak Indonésia e responsável pelo marketing e gerenciamento
de produtos no Sudeste Asiático, diz: “Na Indonésia, assim como em muitos outros mercados, tanto o
maior desafio como a maior oportunidade estão no
segmento inferior da pirâmide populacional. Encontrar o produto certo no preço certo para esta faixa de
renda é peça chave para o sucesso de um produto.”
Chris Kenneally comenta: “com uma população
cada vez maior e mais diversificada – alguns com mais
dinheiro e muitos com pouco dinheiro – a disponibilidade de recursos será o desafio e também a principal
oportunidade. Todavia, uma coisa é certa: com esta
crescente diversidade, o mercado lácteo se tornará
altamente segmentado, voltado a necessidades muito
específicas entre os diferentes grupos populacionais.”
Brazilian Dairy Yearbook 2010
Aiming at the
bottom of the
pyramid
Dairy industries take actions
towards lower classes, trying
to enlarge markets and new
customers
While many dairy producers are aiming at the emergent medium class searching for growth, others are
trying to find new growth opportunities on the bottom of the “income pyramid”, with new products and
packages. For instance, in Mexico, where 60% of the
population has low income, dairy producers verify larger growth in liquid dairy products (LDP) with lower
price, like the “dairy formula” that matches white Milk
with vegetable fat.
Retail price of dairy formula UHT in Mexico is from
15% to 20% lower than the regular white Milk UHT,
therefore, becoming an attractive option. Nowadays,
the reduced price of Milk UHT stands for 25% of the
total market of white Milk ready to drink (RTD) commercial, and it is increasing quickly through different
brands like Nutrileche, Mileche, Tamariz and Bonaleche.
In the meantime, in Indonesia, where people live
with less than US$2 per day, dairy producers are also
aiming at consumers that are on the bottom of the income pyramid. In this case, many producers are having
good results with packages of 60- 125ml dairy beverages that offer the right combination between price and
quality.
Bert Jan Post, executive director of Tetra Pak Indonesia and responsible for marketing and management
of products in the Asian Southeast, says: “In Indonesia, like in many other markets, the greater challenge
as well as the greater opportunity are on the inferior
segment of the population pyramid. Finding the right
product with the right price for this income range is
the key for the success of a product.”
Chris Kenneally comments: “with a population which is increasingly more diversified – some with more
Money and many with little money – the availability of
resources will be the challenge and also the main opportunity. Nevertheless, one thing is certain: with this
growing diversity, the dairy market will become highly
segmented, towards specific needs among different population groups.”
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Anuário Brasileiro do Leite 2010
Brazilian Dairy Yearbook 2010
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De olho nos mais jovens
Os laticínios enxergam o futuro em segmentos ainda não explorados.
Em muitos países em desenvolvimento, os laticínios estão determinados
atualmente a criar produtos especiais para as crianças e adolescentes
As altas taxas de fertilidade
significam que no futuro as populações dos países em desenvolvimento terão um percentual
alto de pessoas mais jovens. Por
exemplo, no Paquistão, o quarto
maior consumidor de produtos
lácteos do mundo, 53% estão
atualmente abaixo de 19 anos.
As pessoas no mundo em desenvolvimento também estão
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ficando mais velhas, mas não
tão rapidamente como nos países desenvolvidos. Hoje, elas
somam 9% da população total,
mas estima-se que este número
dobre até 2050 para 1,6 bilhões.
Os laticínios enxergam o futuro em segmentos ainda não
explorados. Em muitos países
em desenvolvimento, os produtos lácteos estão determinados
atualmente a criar produtos especiais para as crianças e adolescentes. Um exemplo é o Vietnã, onde o produto LDP não
faz parte de uma alimentação
tradicional mas está crescendo
rapidamente. A “FrieslandCampina Vietnam” criou produtos à
base de leite com sabor dentro
da marca “Dutch Lady” e “Vinamilk V-Fresh smoothies” de
chocolate, morango e outros sabores de frutas que agradam ao
paladar dos mais jovens.
Os produtores lácteos mexicanos estão seguindo a mesma estratégia com as misturas
de leite/suco, parecidas com
os iogurtes para beber, em sabores como manga e abacaxi.
Estes produtos fazem com que
os preços fiquem até 15% mais
altos que o do leite branco comum. Ao mesmo tempo, na
China, o leite para as crianças
está impulsionando todas as
vendas de leite devido ao seu
valor nutricional. As vendas
do “leite para crianças” – leite
branco com adição de vitaminas e nutrientes para crianças
em crescimento – dobrou de
volume em 2009. O “leite para
crianças” representa agora uma
fatia de mercado de 4% no total do segmento de leite branco, e está ajudando a aumentar
a popularidade do leite branco
com valor agregado na China.
As vendas estão agora em 365
milhões de litros por ano.
Os produtos lácteos em muitos países em desenvolvimento
ainda não começaram a focar
em certos grupos demográficos
porque as preocupações com a
existência de recursos, disponibilidade e distribuição são prioridades número 1. Por exemplo,
no Quênia – onde 41,6% da
população encontram-se abaixo de 14 anos – os produtores
estão voltados para questões de
oferta, demanda e infraestrutura,
e não em segmentação de mercado. Todavia, as oportunidades
futuras são claras. Helen Too,
diretora de marketing e gerente
de desenvolvimento de produto
da Tetra Pak Quênia comentou:
“Os jovens são muito ambiciosos. Ainda assim, a disponibilidade de recursos é uma questão
chave. Eles querem produtos
inovadores que atendem especificamente às suas necessidades e
são diferentes dos produtos para
adultos. No Quênia, os consumidores estão acostumados a
tomar leite fresco, não pasteurizado, diretamente de laticínios
locais. Estamos incentivando os
pequenos produtores a se reunirem e formarem ‘Dairy Hubs’
(Centros de Produtos Lácteos),
nos quais um ponto central de
coleta e armazenagem viabiliza
às empresas de processamento
do leite acessar o produto em
volumes mais consistentes para
o processamento e venda higiênicos. As oportunidades significativas e não exploradas para
atender aos nossos jovens, oferecendo mais produtos especialmente criados para a juventude,
consistem em nossa prioridade,
mas elas só podem acontecer
se atingirmos nosso objetivo de
colocar a maior parte do fornecimento de leite dentro da linha
de processamento oficial.”
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Keeping an eye
on the youngest
Dairy products see the future in segments which
have not been explored yet. In many countries in
development, dairy products are currently determined
to create special products for children and teenagers
Fertility rise taxes mean that in
the future the population of countries in development will have a
high percentage of younger people. For instance, in Paquistan, the
fourth largest consuming of dairy
products in the world, 53% are
below 19 years old currently. People in the world in development
are becoming older, but not as fast
as in developed countries. Nowadays, they sum up 9% of total
population, but it is estimated that
this number double until 2050 to
1.6 billion.
Dairy products see the future in segments which have
not been explored yet. In many
countries in development, dairy
products are determined to create special products for children
and teenagers. Vietnam is an
example, where product LDP
does not make part of a traditional food but it is growing fast.
“FrieslandCampina Vietnam”
created Milk-based products
with flavor inside brand “Dutch
Lady” and “Vinamilk V-Fresh
smoothies” chocolate, strawberry and other flavors of fruits that
please the taste of youngsters.
Mexican dairy producers are
following the same strategy with
mixtures of milk/juice, similar to
yogurts for drinking, with flavors like mango and pineapple.
These products make prices up
to 15% higher than white common Milk. At the same time, in
China, Milk for children is stiBrazilian Dairy Yearbook 2010
mulating all milk sales due to its
nutritional value. Sales of “Milk
for children” – White Milk with
the addition of vitamins and nutrients for children – doubled
the volume in 2009. “Milk for
children” represents now a slice
of 4% the market in total of the
segment of white milk, and it
is helping to increase milk popularity with value aggregated
in China. Sales are 365 million
liters per year now.
Dairy products in many countries in development have not
started to focus on certain demographic groups since of the
concerning about the existence
of resources, availability and distribution are number 1 priority.
For instance, in Kenya – where
41.6% of the population is found
below 14 years old – producers
are focusing on offer, demand
and infrastructure, and not in
market segmentation. Nevertheless, future opportunities
are clear. Helen Too, marketing
director and manager of product development of Tetra Pak
Kenya asserted: “youngsters are
very ambitious. Yet, resources
availability is a key issue. They
want innovative products which specifically meet their need
and are different from the products for adults. In Kenya, consumers are used to drink Milk,
not pasteurized, directly from
local dairy. We are encouraging
small producers to join and form
‘Dairy Hubs’ (Centers of Dairy
Products), in which a central
point of collection and storage
makes the access to product in
more consistent volumes easier
to milk processing companies
for hygienic processing and sales. The significant opportunities
and not explored to meet our
youth, by offering more products
especially created for them, are
our priority, but they can only
happen if we reach our goal of
putting the largest part of milk
supply inside the official line of
processing.”
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Mercado
a ser
explorado
A população acima de 60 anos
representa um potencial significativo
para os produtores lácteos que
conseguem atender às suas
necessidades e aspirações específicas
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A população mais velha
consome maior quantidade de
suplementos com vitaminas
e minerais. Após os 40 anos,
cerca de 30% dos consumidores consideram as vitaminas e
minerais muito importantes,
comparando-se com o que diz a
faixa etária entre 15 e 39 anos,
de acordo com a ‘GfK Roper
Reports Worldwide’. O uso
também aumenta com a idade.
Na verdade, no Japão, os suplementos para ajudar em tudo,
desde como antienvelhecimento até para ajudar as articulações
enfraquecidas, são muito populares há anos entre a população
acima de 60, de acordo com a
Tetra Pak Japão.
Quando se trata de alimentos
e bebidas, os consumidores acima de 60 também tendem a ver
os alimentos como um “presente” especial e a se preocupar com
a segurança dos alimentos. Por
exemplo, “ter algo gostoso para
comer ou beber” aparece como o
segundo motivo de prazer mais
comum entre pessoas acima de
60 e a terceira entre a população em geral, de acordo com
dados da “GfK Roper Reports
Worldwide.” Além disso, 59%
da população global acima de
60 se preocupa com a segurança
dos alimentos, comparados com
53% da população em geral.
“A população 60+ representa um potencial significativo para os produtores lácteos que conseguem atender
às necessidades e aspirações
específicas,”menciona Zacka.
“Isto inclui os produtos que
atendem a estilos de vida saudáveis, como o leite fortificado
com adição de cálcio, vitaminas
e minerais, e também produtos
que podem ser posicionados
como prazeres ocasionais.”
Prevenção de doenças
O produtor lácteo mexicano,
Alpura, tem como alvo a população acima de 40 com o seu
“40ytantos” Os produtores de
lácteos estão oferecendo produtos que se destinam àqueles
acima de 35, interessados em
tomar medidas preventivas em
relação a sua saúde conforme
envelhecem. Por exemplo, CalciPlus, do produtor lácteo grego
FrieslandCampina Hellas, se
destina àqueles que estão preocupados com a perda de densidade óssea, algo que tende a
atingir mais a população acima
de 35. Na Austrália, Indonésia
e Sudeste Asiático, a empresa
láctea
da Nova Zelândia, Fonterra, oferece AnleneTM, uma
linha de produtos formulados
especialmente para ajudar os
adultos a manter uma excelente resistência óssea. Estes produtos ajudam a oferecer para a
maioria dos adultos as exigências diárias de cálcio, vitamina
D e outros nutrientes, de acordo
com a Fonterra.
E no México, o sétimo maior
consumidor no mundo de produtos lácteos, a Alpura oferece
“40ytantos”, um leite fortificado
e classificado como um produto
de prevenção à saúde para pessoas acima de 40. Entre outros
benefícios, “40ytantos” oferece
ômega 3 para manter o coração
saudável e vários antioxidantes
que ajudam a evitar o envelhecimento precoce.
“Embora estes sejam ainda
produtos de um determinado
nicho de mercado e os volumes
ainda sejam pequenos, espera-se
que eles cresçam rapidamente
acompanhando os fatores demográficos”, disse Michel Zacka. “Por exemplo, no México,
de 2007 a 2009, os produtos de
leite branco com valor agregado
cresceram 30% apesar da recessão econômica. Todavia, estes
produtos ainda representam somente cerca de 5% do total do
mercado de leite branco comercial pronto para beber (conhecido como RTD) no México, o
que permite muito espaço para
crescimento.”
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Market which is
about to be explored
The population over 60 years old stands for a significant potential for
dairy producers that meet their need and specific expectations
The older population consumes greater quantity of supplements with vitamins and
minerals. After 40 years old,
nearly 30% of consumers consider vitamins and minerals very
important, when comparing to
what the age group 15 and 39
years old says, according to ‘GfK
Roper Reports Worldwide’. Use
increases with age as well. Actually, in Japan, the supplements
to help in everything, even as
anti-aging and as to help with
weaken joints have been very
popular for years among the population over 60, according to
Tetra Pak Japan.
When it comes to food and
beverage, consumers over 60
also tend to see food as a special “gifts” and worry with food
safety. For instance, “having
something delicious to eat or
drink” appears as the second
more common reason of pleasure among people over 60 and the
third among population in general, according to data of “GfK
Roper Reports Worldwide.” Besides, 59% of the world population over 60 is worried with food
safety, when compared with 53%
of the population in general.
“The population 60+ stands
for a significant potential for
dairy producers that meet the
need and specific expectations,”
says Zacka. “This includes products that meet healthy life
style, like the Milk strengthens
with the addition of calcium,
Brazilian Dairy Yearbook 2010
vitamins and minerals, and also
products that can be used as occasional pleasures.”
Prevention of diseases
Mexican dairy producer, Alpura, has as a target the population over 40 in his “40s or
else” Dairy producers are offering products that are directed
to those over 35, interested in
taking preventive measures in
relation with his or her health
as they become older. For instance, the CalciPlus, of Greek
dairy producer FrieslandCampina Hellas, is for those that are
concerned about the loss of bone
density, something that tends to
attack more, the population over
35. In Australia, Indonesia and
Southeast Asia, the dairy company from New Zeland, Fonterra, offers AnleneTM, a line
of products specially formulated
to help adults to keep an excellent bone resistance. These
products help to offer to the
majority of adults the daily demand for calcium,
vitamin D and other
nutrients, according to
Fonterra.
And in Mexico, the seventh
largest consumer
in the world
of dairy products, Alpura,
offers “40s”, strengthen
Milk and classified as a product to
health prevention for people over
40. Among other benefits, the
“40s” offers Omega-3 to keep the
heart healthy and many antioxidants that help to avoid early aging.
“Although these are still products of a determined niche
market and volumes are still
small, it is expected that they
grow quickly following demographic factors”, said Michel
Zacka. “For instance, in Mexico, from 2007 to 2009, Milk
white products, with aggregated value increased 30% in spite of the economic recession.
Nevertheless, these products
still stand for only around 5%
total commercial white Milk
market ready to drink (known
as RTD) in Mexico, what allows much space for growing.”
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Mudanças no
ranking brasileiro
DPA Nestlé segue como primeira em captação de leite
no país, na frente da Bom Gosto e da Itambé
O ranking, com 12 empresas
do setor, mostra a DPA/Nestlé novamente como primeira
na captação de leite no país. A
empresa recebeu 2,050 bilhões
de litros de leite em 2009, 7,9%
acima dos 1,9 bilhão do ano anterior. Em segundo lugar ficou
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a Bom Gosto, que no ano anterior ocupara a quarta colocação,
apresentando avanço na captação de 26,7% para 1,224 bilhão
de litros de leite. A empresa vem
crescendo por meio de aquisições com o apoio do BNDES.
A subida da Bom Gosto no
ranking tem duas razões: a
BRF (Brasil Foods), resultado
da união entre Perdigão e Sadia, não forneceu números para
o levantamento da Leite Brasil.
Além disso, a Bom Gosto se
fundiu com a Líder e comprou
duas empresas em 2008, o que
garantiu um aumento na captação no ano seguinte.
Segundo a Leite Brasil, a
Brasil Foods informou que
“está suspensa a divulgação ao
mercado dos números internos
da companhia”. Em solicitação
sobre o tema, feita pela reporAnuário Brasileiro do Leite 2010
tagem em março passado, a
BRF informou que sua captação de leite havia ficado estável em relação ao ano anterior,
quando somou 1,671 bilhão de
litros.
O relatório anual da própria
empresa, porém, mostra uma
queda de 11% na produção de
lácteos em 2009, para 1,103
milhão de toneladas. O número indicaria recuo semelhante
na captação de matéria-prima,
segundo analistas do setor. Ainda assim, a empresa, que não se
pronunciou, manteria a segunda
posição entre os maiores laticínios do país.
Em terceiro lugar no ranking,
a Itambé acabou mantendo a
posição, apesar de ter captado
menos leite do que em 2009. A
central de cooperativas mineira que negocia fusão com Centroleite, Confepar, Cemil e Minas
Leite - recebeu 1,125 bilhão de
litros de leite em 2009, uma redução de 9,3% no ano, segundo
a Leite Brasil.
O agravamento da crise da
Parmalat também está refletido
na pesquisa de 2009. A captação
da empresa controlada pela Laep
caiu 48,4%, para 470 milhões de
litros de leite. Apesar desse recuo, a Parmalat ficou em quarto
no ranking, também em decorrência da saída BRF. No quinto
lugar, ficou a Leitbom (Laticínios Morrinhos), cuja captação
Brazilian Dairy Yearbook 2010
de matéria-prima saiu de 402,5
milhões de litros em 2008 para
420,6 milhões em 2009.
Separadas no ranking em
2009, as captações da Parmalat
e da Leitbom devem ser unificadas este ano, já que os controladores Laep e GP Investiments,
respectivamente, fizeram, em
março passado, um acordo para
juntar as operações, que envolve
três fábricas da Laep e a Poços
de Caldas.
Além da BRF, outra que não
forneceu dados para a Leite
Brasil foi a Vigor, que estava no
ranking em 2008, com captação de 197 milhões de litros. A
empresa pertencia à Bertin, mas
passou ao controle da JBS quando esta incorporou a concorrente em setembro passado. A
Nilza, que está em recuperação
judicial, também não forneceu
dados. Em 2008, sua captação
fora de 412,5 milhões de litros.
Uma novata no levantamento
do ano passado foi o Laticínios
Bela Vista, que produz o leite
Piracanjuba. A empresa foi a
sétima no ranking, com 388 milhões de litros.
Razões para mudança
Wilson Zanatta, presidente da Bom Gosto, afirma que
o resultado de 2009 se deve
a operações feitas no ano anterior, quando a empresa se
fundiu com a Líder e adquiriu
a Santa Rita e a Coorlac. No
ano passado, a empresa fez
novas compras - a fábrica que
pertencia à Parmalat em Garanhuns (PE), uma planta da
Nestlé em Barra Mansa (RJ) e
a Cedrense em Santa Catarina.
Com todas essas aquisições,
a capacidade instalada da Bom
Gosto está hoje em 6 milhões
de litros por dia, mas o processamento efetivo é de 4 milhões de
litros de leite, segundo Zanatta.
Ele afirmou que novas compras
não são prioridade para empresa
atualmente, já que a Bom Gosto
pode crescer utilizando a capacidade hoje ociosa.
A Nestlé, primeira no
ranking de captação, atribui o
crescimento de 2009 a sua entrada no segmento de leite longa vida premium com as marcas Ninho e Molico. “A forte
aceitação dos produtos fez
com que a empresa investisse
rapidamente em duas novas
unidades produtivas ainda em
2009, em Carazinho (RS) e em
Araraquara (SP), e estendesse
o lançamento para outros Estados, o que exigiu maior produção”, diz a empresa em nota.
Após a queda na recepção de
leite em 2009, a Itambé aposta
na retomada este ano. “Em 2008,
nossa captação cresceu de forma
expressiva e em 2009 as exportações de lácteos caíram, por
isso reduzimos as compras no
spot”, explica Jacques Gontijo,
presidente da Itambé. Mantido
o nível de captação do primeiro
trimestre, Gontijo avalia que é
possível voltar aos números de
dois anos atrás. Mas, diz ele, o
que irá sustentar a demanda é o
mercado interno, já que as exportações ainda patinam.
O presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, afirma que
as mudanças no ranking em
2009 já eram esperadas, principalmente em função das
aquisições da Bom Gosto e
dos problemas da Parmalat.
Ele observa que os números
indicam também uma estabilização na produção de leite
no país no ano que passou. O
volume de leite inspecionado saiu de 19,285 bilhões em
2008 para 19,6 bilhões em
2009, crescimento de 1,6%
na produção. “Os números
mostram que o volume de leite não cresceu, mas que uma
empresa tomou mercado da
outra”, diz.
Segundo o presidente da Leite Brasil, se os preços do leite ao
produtor se firmarem na casa
dos R$ 0,80/litro - valor pago
atualmente -, a produção será
estimulada e crescerá a oferta
para a indústria. Abaixo disso,
porém, haverá desestímulo, pois
o custo de produção está entre
R$ 0,72 e R$ 0,75 por litro, dependendo da região do país.
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Changes in
Brazilian
ranking
DPA Nestlé follows as the first
in Milk capture in the country,
ahead of Bom Gosto and Itambé
The ranking with 12 companies of the sector shows DPA/
Nestlé as the first in Milk capture in the country. The company
received 2.050 billion liters in
2009, 7.9% over 1.9 billion last
year. Bom Gosto, which occupied the fourth position last
year, was in second position,
presenting advance in the capture of 26.7% for 1.224 billion
liters milk. The company has
grown by means of acquisitions
with the support of BNDES.
The rise of Bom Gosto in the
ranking has two reasons: BRF
(Brazil Foods), because of Perdigão and Sadia merged, did not
provide numbers for the Leite
Brasil survey. Moreover, Bom
Gosto joined the Leader and
purchased two companies in
2008, what guaranteed the increase in capture the next year.
According to Leite Brasil,
Brasil Foods informed that “the
broadcast of the campaign internal numbers to the market is
canceled”. Under requirement
about the theme, accomplished
by the report held last March,
BRF informed that its milk capture would have been stable in
relation with the previous year,
when it summed 1.671 billion
liters.
The yearly report of the own
company, therefore, shows fall
of 11% in the production of
dairy products in 2009, to 1.103
million tons. The number would
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indicate reduction similar to the
raw material selection, according
to analyst of the sector. Nevertheless, the company, which did
not make any comment, would
keep the second position among
the largest dairy producers in
the country.
In third position in the
ranking, Itambé ended up keeping the position, besides having
selected less Milk than in 2009.
The Central of mineira cooperatives – that negotiates merge
with Centroleite, Confepar, Cemil and Minas Leite - received
1.125 billion liters in 2009, a
reduction of 9.3% in the year,
according to Leite Brasil.
The deepening of Parmalat
crisis is also reflected in the research of 2009. The selection of the
company is controlled by Laep
fell 48.4%, to 470 million liters
of milk. Despite this reduction,
Parmalat was in fourth position
in the ranking, also because BRF
left. Leitbom (Laticínios Morrinhos) was in fifth position, which raw material capture started
from 402.5 million liters in 2008
to 420.6 million in 2009.
Separated in the ranking in
2009, the selection of Parmalat
and Leitbom must be unified
this year, since controllers Laep
and GP Investments, respectively, made an agreement, last
March, to merge the operations
which involve three factories of
Laep and Poços de Caldas.
Besides BRF, another one that
did not provide data for Leite Brasil was Vigor, which was
in the ranking in 2008, with
capture of 197 million liters.
The company belonged to Bertin, but pass the control of JBS
when this latter incorporated
the competitor last September.
Nilza, which is in legal recuperation, did not provide data either.
In 2008, its capture was 412.5
million liters.
Laticínios Bela Vista, which
produces Piracanjuba Milk, is
new in the search of last year. The
company was the seventh in the
ranking, with 388 million liters.
Reasons for changing
Wilson Zanatta, president
of Bom Gosto, asserted that
the result of 2009 is because of
operations accomplished in the
previous year, when the company merged with Líder and acquired Santa Rita and Coorlac.
Last year, the company achieved
new purchases – the factory that
belonged to Parmalat in Garanhuns (PE), a plant of Nestlé in
Barra Mansa (RJ) and Cedrensein Santa Catarina.
With all these acquisitions,
the capacity installed of Bom
Gosto is 6 million liters per Day,
but the effective processing is 4
million liters Milk, according
to Zanatta. He stated that new
purchases are not priority for the
company nowadays, since Bom
Gosto can grow by using the
capacity, which is idle nowadays.
Nestlé, first in the ranking of
capture, attributes the growth
in 2009 to its entrance in segment milk long life premium
with brands Ninho and Molico.
“The strong acceptance of the
products made the company to
invest quickly in two productive
units, still in 2009, in Carazinho
(RS) and in Araraquara (SP),
and extended the launching to
other states, what demanded
greater production”, said the
company in one note.
After the fall in the reception
of Milk in 2009, Itambé bets in
the restart this year. “In 2008,
our capture grew significantly,
and in 2009 dairy exportations
fell, that is why we reduced the
purchase spot”, explains Jacques
Gontijo, president of Itambé.
With the level of capture kept
Kept in the first semester, Gontijo evaluates that it is possible
to have the number of two years
ago. But, he says, what will support the demand is the internal
market, since exportations still
drag.
President of Leite Brasil,
Jorge Rubez, asserts that the
changes in the ranking in 2009
were already expected, mainly because of the acquisitions
of Bom Gosto and problems
of Parmalat. He observes that
the numbers indicate stabilization on milk production in the
country last year. The volume
of milk inspected started from
19.285 billion in 2008 to 19.6
billion in 2009, growth of 1.6%
in the production. “Numbers
show that the milk volume did
not increase, but that one company took the other’s market”,
he states.
According to president of Leite
Brasil, if Milk prices to producer
become firm, that is, around R$
0,80/liter – value paid currently
-, production will be encouraged
and the offer to industry will grow.
Below that, there will be discouragement, thus the production cost
is between R$ 0,72 and R$ 0,75
per liter, depending on the region
of the country.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Vizinhos em ascensão
Mesmo com queda em volume nas importações de lácteos no Brasil, valores
foram maiores que em 2009 e Argentina e Uruguai os principais fornecedores
As importações de leite e derivados no Brasil caíram em volumes, mas aumentaram em valor,
segundo o presidente da Leite
Brasil, Jorge Rubez. No período
de janeiro a julho de 2010, em
relação a igual período de 2009,
as importações aumentaram em
valor 28% e caíram 18% em volume. O fato de não haver tarifas nas importações de países do
Mercosul favoreceu as importações de lácteos. Argentina e
Uruguai participaram em 2010
com cerca de 85% das importações brasileiras. “A grande preocupação atual é o crescimento
das importações de soro de leite
que está nos deixando em estado de alerta para identificar suas
origens e destino, de forma que
não prejudique o produtor de
leite”, explica.
Rubez destaca que no ano
passado houve um esforço político da Leite Brasil, e outras
entidades ligadas aos produtores de leite, para convencer
o governo a adotar medidas de
proteção quando as importações
do Mercosul, em especial do
Uruguai, estavam sendo feitas
a preços abaixo do mercado internacional. Foi quando se implantou o regime de licenças de
importações não automáticas do
Uruguai e uma cota para importação no segundo semestre de
2009, já que não se dispuseram
a fazer um acordo. “Em relação
a Argentina foi feito um acordo
de cotas e preços que minimizou
o problema”, observa. Este ano
o Brasil renovou o acordo com
a Argentina, mas as medidas em
relação ao Uruguai foram revogadas facilitando a entrada de
produtos no Brasil.
Neighbors on the rise
Even with fall in volume in importations of dairy products in Brazil, values
were higher than in 2009 and Argentina and Uruguay the main suppliers
Milk importations and dairy
in products in Brazil fell in volumes, but increased in value,
according to president of Leite
Brasil, Jorge Rubez. In the period from January to July 2010,
in relation with equal period
in 2009, importations increased in value 28% and fell 18%
in volume. The fact of not having charges in importations of
countries of Mercosul favored
Brazilian Dairy Yearbook 2010
dairy importations. Argentina
and Uruguay contributed, in
2010, with around 85% of Brazilian importations. “The great concern is the sweet whey
importation growth that has
let us in alert to identify its
origins and destiny, in such a
manner that does not damage
milk producer”, he explains.
Rubez emphasizes that, last
year, Leite Brasil and other en-
tities linked to Milk producers
made a political effort in order
to convince the government to
adopt protection measures when
Mercosul importations, especially from Uruguay, were being
achieved at prices lower than
the international market. It was
when non-automatic importation licenses from Uruguay and
a quota for importation in the
second semester of 2009 were
implanted, since they were not
willing to make an agreement.
“In relation with Argentina, a
quota and price agreement that
minimized the problem was
made”, he observes. This year,
Brazil renewed the agreement
with Argentina, but the measures in relation with Uruguay
were revoked, making the entrance of products in Brazil easier.
15
Leite na preparação
de atletas
Sindilat inicia campanha de incentivo ao consumo de leite por
atletas, com os olhos voltados para as Olimpíadas e a Copa do Mundo
Cientistas estão defendendo uma crescente evidência de
que o leite pode ser tão bom, ou
ainda melhor, do que algumas
bebidas energéticas para atletas.
Em um estudo publicado em
junho no Jornal de Psicologia,
Fisiologia Aplicada, Nutrição e
Metabolismo, cientistas da Universidade de Northumbria University, da Inglaterra, descobriram que pessoas que consomem
leite após o exercício têm maior
resistência no próximo treino do
que aquelas que tomam outras
bebidas esportivas ou água.
Os benefícios do leite para a
16
16
saúde já são conhecidos há muito tempo. O líquido contém carboidratos, eletrólitos, cálcio e vitamina D, mas também contém
duas proteínas recomendadas
para reconstruir os músculos: a
caseína e as proteínas do soro.
Os músculos sofrem depois de
uma sessão aeróbica intensa,
como correr, jogar futebol ou
andar de bicicleta, e essas proteínas servem para regenerar os
músculos rapidamente. Ao final
de quase todas as sessões de treinamento físico, Matt Whitmore
toma um litro de leite. Ele começou a tomar leite desde quan-
do começou a treinar, aos dez
anos, quando não podia pagar
por bebidas ou suplementos de
proteína mais caros.
Glenys Jones, nutricionista
do Conselho Médico da GrãBretanha, disse que o teor de
proteína do leite torna-o a bebida ideal depois de um treino.
“O leite oferece os suplementos necessários para reconstruir
o músculo”, afirmou. A nutricionista disse que as bebidas
esportivas simplesmente substituem os carboidratos e eletrólitos perdidos, mas geralmente
não possuem os nutrientes para
regenerar músculos.
Além dessa, outras pesquisas
apontam a eficiência do leite
no desempenho dos atletas. De
olho na formação de novos atletas para as Olimpíadas e a Copa
do Mundo que serão disputadas no Brasil em 2016 e 2014,
o Sindilat iniciou campanha de
incentivo ao consumo de lácteos.
“O leite tem papel importante
na formação desses atletas, dessa nova geração que poderá nos
trazer alegrias. É um projeto que
começa a ser desenvolvido e que
será direcionado às escolas”, explica.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Milk in athletes
preparation
Sindilat commences campaign encouraging athletes to
consume Milk, aiming at the Olympics and World Cup
Scientists are defending
growing evidence that Milk
can be good or even better
than some energetic beverages for athletes. In one study published in June in the
Journal of Psychology, Applied Physiology, Nutrition
and Metabolism, scientists
of Northumbria University,
from England, found out that
people who consume milk after exercising have more resistance in the next training
than those that drink other
sport beverages or water.
Brazilian Dairy Yearbook 2010
Milk benefits for health are
known for a long time. The liquid contains carbohydrates,
electrolytes, calcium and vitamin D, but also contains two
proteins recommended to rebuild muscles: casein and whey
proteins. Muscles suffer after an
intense aerobic session, like running, playing soccer or riding a
bike, and these proteins are for
regenerate muscles quickly. At
the end of almost all training
physical sessions, Matt Whitmore drinks one liter of milk.
He started to drink Milk since
he began to train, when he was
10 years old, when he could not
pay for beverages or more expensive protein supplements.
Glenys Jones, nutritionist of
the Medical Council of Great
Britain, stated that the content of Milk protein makes the
beverage ideal after training.
“Milk offers the necessary supplements to rebuild muscle”,
he asserted. The nutritionist
said that sport beverages simply replace carbohydrates and
electrolytes lost but, generally,
do not have nutrients to rege-
nerate muscles.
Besides this research, other
ones point to the efficiency of
Milk in the athletes’ development. Aiming at forming new
athletes to the Olympics and
the World Cup that will hold in
Brazil in 2016 and 2014, Sindilat commenced the campaign to
encourage dairy consumption.
“Milk in the formation of these athletes, this new generation
might bring us joy. It is a project
that starts to be developed and
that will be directed to schools”,
he explains.
17
Uma tentativa de explicar
o mercado em 2010
Marcelo Pereira de Carvalho
Diretor executivo da AgriPoint
Temos um déficit crônico de
informações estatísticas no Brasil, em especial na agricultura.
Em função disso, muitas vezes
somos obrigados a “prever o passado” para poder explicar o que
ocorreu. O que dizer então de
prever os próximos meses?
Nesse artigo, o intuito é procurar explicar a elevação e queda
precoces dos preços dos lácteos,
conforme o gráfico 1 mostra:
após uma rápida escalada de
preços ao produtor, em maio,
antes do início oficial da tradicional entressafra, os preços começaram a retroceder, em um
comportamento distinto do verificado nos últimos 4 anos (aliás, parece haver uma antecipação
do pico de preços desde 2007).
A primeira tarefa dessa previsão do passado é calcular a disponibilidade per capita de leite
no primeiro semestre, ao menos
considerando o leite inspecionado. Ocorre que só temos os
dados do IBGE para o primeiro
trimestre: 5,7% de aumento sobre o mesmo período de 2009.
O que fizemos então foi utilizar a variação porcentual para o
segundo trimestre, obtida pelo
1
18
Cepea, e aplicar na quantidade
de leite informada pelo IBGE
no primeiro trimestre. É uma arbitrariedade, mas tem sua lógica.
Ao fazermos isso, considerando que o Cepea indicou uma
modesta queda de 6% - compatível com as boas expectativas de
preços nesse início de ano e com
a relação de troca favorável-, teremos que a produção oficial no
primeiro semestre teria sido de
10,11 bilhões de litros, o que daria significativos 9,6% acima da
produção de 2009.
Esta ordem de grandeza parece verossímil, se considerarmos
que i) o primeiro semestre de
2009 foi um período de retrocesso na produção; ii) os preços
não resistiram por muito tempo,
o que seria realmente de se esperar em função de um aumento
significativo da produção, aliada
ainda a importações maiores do
que as exportações, estas quase
nulas.
Utilizando esta estimativa de
produção, além de importações,
exportações e da população média no período, foi possível enfim calcular a disponibilidade
per capita de leite, isto é, quanto
cada habitante teve à sua disposição, teoricamente, de equivalente-leite (lembremos: apenas
2
do leite inspecionado). Esse
cálculo indicou um aumento
substancial em relação a vários
semestres anteriores, à exceção
do segundo semestre de 2009.
Seria essa disponibilidade per
capita suficiente para resultar
nas quedas drásticas verificadas
muito antes do normal?
Antes de concluir, é importante analisar a variável da demanda. Aqui, fizemos mais uma
estimativa arbitrária. Partindo
do crescimento do PIB de 7,3%
para 2010, um ano de forte recuperação na economia, e do aumento da população da ordem
de 0,93%, inferimos que a renda
per capita crescerá 6,32% em
2010, uma elevação significativa,
portanto.
Sabe-se que, a cada incremento porcentual da renda, há uma
elevação do consumo de lácteos.
É a chamada elasticidade-renda
da demanda. Utilizando os dados da Pesquisa do Orçamento
Familiar do IBGE, de 2002/03
(POF 2002/2003), que indicam uma elasticidade-renda de
0,49, ou seja, que a cada 1% de
aumento da renda em média o
consumo de lácteos aumenta
0,49%, calculamos o aumento
porcentual potencial do consumo de lácteos em 2010, que seria
da ordem de 3,10%, suficiente
para elevar o consumo de 148 kg
para 152,6 kg, um aumento de
mais de 4,5 kg por pessoa/ano.
Por fim, levando em conta que,
além do crescimento da renda há
o aumento da população, o mercado total, em volume, pode em
tese crescer 4,06% em 2010.
Claro que há estimativas consideráveis nesses cálculos, mas é
um ponto de partida. Também, é
preciso lembrar que nem todos
os lácteos apresentam a mesma
elasticidade-renda: queijos e iogurtes são bem mais elásticos do
que leite em pó e leite fluido, por
exemplo.
Agora que chegamos até aqui,
resolvemos ir um pouco mais
longe. Estimando a população
mês a mês, a produção mês a
mês (inclusive para os meses
faltantes), as importações e exportações mês a mês (idem),
e distribuindo o aumento potencial do consumo per capita
a cada mês, fazendo ainda uma
Anuário Brasileiro do Leite 2010
ponderação para as diferenças
de consumo entre os meses (ex:
fevereiro e julho com menor
consumo, etc), é possível calcular
déficit/superávit de leite a cada
mês e, obviamente, no acumulado do ano. É o que os gráficos 3
e 4 mostram.
A rigor, o que teríamos seria
um superávit decrescente nos
meses iniciais, substituído, a partir de abril, por um déficit, isto
é, consumo maior do que oferta.
Por esses dados, e supondo um
aumento de produção de apenas
2,4% no segundo semestre, fruto
do desestímulo ocasionado pela
queda nos preços, teríamos basicamente um ano em que em metade dos meses teríamos déficit
no consumo, em especial nesse
momento. Em suma, a pressão
agora seria altista, e não baixista
(ou estável em patamares significativamente mais baixos do
que os picos).
Mas não é o que está ocorrendo. Para nossa análise estar
equivocada, isto é, para que tenhamos uma oferta superior
à demanda nesse período, das
duas, uma: ou a oferta está bem
mais alta do que o estimado, isto
é, os 9,6% de aumento no primeiro semestre estariam subestimados - o que seria uma possibilidade pouco provável-, ou a
elasticidade-renda é ainda mais
baixa do que 0,49%, isto é, cada
% de aumento da renda geraria
um aumento ainda mais baixo
do consumo. Isto pode ser possível, considerando que nos baseamos na POF 2002/03 e, de lá
para cá, com o aumento da renda e com a redução da proporção
desta gasta com alimentação, a
tendência é mesmo a redução da
elasticidade-renda.
(observação: a outra possibilidade não considerada é a existência de estoques de passagem
significativos de 2009 para 2010,
o que é provável levando-se em
conta o salto na disponibilidade
per capita de leite no segundo
semestre de 2009. Com isso, o
ano teria iniciado com estoques
ainda mais elevados, o que explicaria o fato de não termos
um mercado comprador nesse
momento - mas, de qualquer
forma dificulta a compreensão a
respeito dos aumentos dos preços - veja a discussão nas cartas,
a partir da contribuição do Laércio Barbosa).
Há, ainda, uma terceira possibilidade: o comportamento
específico do leite UHT. Nos
últimos anos, tem sido o produto mais volátil em termos de
preços. Em 2009, as indústrias
que tinham estoque de UHT no
inverno tiveram resultado muito
positivo ao vender boa quantidade no momento de alta dos
preços. Este fato pode ter direcionado a estratégia comercial
do segmento: aumentar a captação no início do ano, visando
lucrar com preços mais elevados
no meio do ano. Uma estratégia lícita, por sinal, desde que as
condições do mercado a justificassem.
Ocorre que, com o aumento
da oferta de leite a taxas consi-
3
Brazilian Dairy Yearbook 2010
19
4
deráveis e, considerando que o
UHT tem baixa elasticidaderenda, a possível estratégia consensual não foi bem sucedida:
em algum momento, o mercado
falou mais alto e os preços retrocederam, puxando o restante do
mercado para baixo.
O gráfico 5 dá pistas nesse
sentido. Trata-se da variação dos
preços do UHT no varejo de Piracicaba/SP, confrontada com a
variação dos dias médios de fabricação. Nossa experiência tem
mostrado que os momentos de
preços mais altos coincidem com
maior giro do produto, refletido
em dias de fabricação mais baixos nas prateleiras. No entanto,
nesse ano ocorreu algo distinto. O
aumento de preços foi acompanhado pelo aumento nos dias de
fabricação, sugerindo que o setor
apostou em um comportamento
altista, que acabou não se sustentando. À medida que os preços
subiam, os estoques também cresciam e a data média de fabricação
aumentava. Há que se ter cuidado
em extrapolar a amostragem em
uma cidade para todo o país, mas
a julgar pelo que nossos contatos
no mercado nos informaram ao
longo do período, esse cenário parece correto.
Se nossa análise estiver correta, haveria espaço para ajustes
para cima dos preços dos lácteos no atacado e ao produtor, ao
menos nesse momento, e desde
que o balanço entre exportações
e importações não fique ainda
mais negativo mês a mês. Talvez
pelas imperfeições do mercado,
pelas particularidades de produtos específicos ou pela proximidade das chuvas, isso não venha
a ocorrer (ou, talvez, por erros
nas nossas estimativas, que partiram de vários pressupostos).
De qualquer forma, mais do
que procurar prever o que vai
ocorrer ou mesmo o que ocorreu, esse artigo tem o propósito
de procurar levantar pontos para
discussão, sejam eles relativos à
oferta, à demanda ou ao comportamento dos preços.
5
20
Anuário Brasileiro do Leite 2010
An attempt
to explain
the market
in 2010
Marcelo Pereira de Carvalho
Executive officer of AgriPoint
Brazilian Dairy Yearbook 2010
We have a chronic deficit of
statistic information in Brazil,
especially in agriculture. Because of this, many times we are
forced to “predict the past” in
order to explain what happened.
What do we have to say, then to
predict the next months?
In this paper, the intention is
to try to explain the early rise
and fall in dairy prices, according to graphic 1: after a fast
variation of prices to producer,
in May, before the official beginning of the traditional offseason, prices started to lower,
in a distinct behavior from the
verified in the last four years
(moreover, it seems to have an
anticipation of the peak of prices since 2007).
The first task of this prediction of the past is to calculate
the availability per capita of
Milk in the first semester, at least considering the milk inspected. What happens is that we
the data of IBGE for the first
trimester: 5.7% increase on the
same period of 2009. What we
have done then was to use the
percentage range to the second
trimester, obtained by Cepea,
and apply on the quantity of
Milk informed by IBGE in the
first trimester. It is arbitrary, but,
somehow, it has its sense.
When achieving this, considering that Cepea indicated
a light fall of 6% - compatible
with the good expectations of
prices the beginning of this year
and with the favorable change
relation-, we are afraid that the
official production in the first
semester would have been 10.11
billion liters, what would provide significant 9.6% over the production of 2009.
This magnitude order seems
plausible, if we consider that i)
the first semester of 2009 was a
period of regression in production; ii) prices did not resist for
so long, what could be really expected because of a significant
increase in production, allied
to importations greater than
exportations, the latter almost
zero.
By using this production estimation, besides importations,
exportations and average population in the period, it was possible to calculate the availability
per capita of Milk, that is, how
much each inhabitant had at
his or her disposal, theoretically,
equivalent-milk (we have to remember that: milk inspected
only). This calculation indicated
a substantial increase in relation
with many previous semesters,
except for the second semester
2009.
Would it be this per capita
availability enough to result in
drastic falls verified even before
the normal?
Before concluding, it is important to evaluate the variable
demand. Here, we have made an
arbitrary estimation. Based on
the PIB of 7.3% for 2010, a year
of recuperation in economy, and
21
increase in population, that is,
the order of 0.93%, we infer that
the income per capita will increase 6.32% in 2010, a significant
rise, though.
It is known that, at each income
percentage increment, there is one
rise of dairy consumption. This is
called income-elasticity of the demand. By using the data of the family Budget Research of IBGE, of
2002/03 (POF 2002/2003), which
indicate an income-elasticity of
0.49, that is, that at each 1% income
increase, in average, dairy consumption increases 0.49%, we calculated
the potential percentage increase of
dairy consumption in 2010, what
would be like 3.10%, enough to
rise the consumption from 148 kg
to 152.6 kg, an increase of more
than 4.5 kg per person/year. At last,
taking into account that, besides the
income growth there is increase in
population, the total market, in volume, can in thesis, increase 4.06%
in 2010.
Of course there are considerable estimates in these calculations,
but it is a starting point. Yet, it is
necessary to remember that not
even all dairy shows the same
income-elasticity: cheese and yogurt are even more elastic than
powder milk fluid, for instance.
Now that we are here, we have
decided to go farther. By estimating the population month by
month, the production month
by month (including for missing months), importations and
exportations month by month
(idem), and distributing the potential increase of the consumption per capita at each month, we
still consider the differences of
consumption among the months
(ex: February and July with less
consumption, etc), it is possible to
calculate deficit/surplus of Milk at
each month and, obviously, in the
accumulated of the year. This is
what graphics 3 and 4 show.
Indeed, what we would have
it would be a decreasing surplus
in initial months, substituted,
from April, for a deficit, that
is, consumption larger than the
offer. By considering these data,
and assuming an increase of the
production of 2.4% only, in the
22
Anuário Brasileiro do Leite 2010
second semester, because of the
discouragement resulting from
the fall of the prices, we would
basically have a year when there
would be a deficit in half of the
months in consumption, especially at this moment. In short,
pressure now would be high not
low (or stable in levels significantly lower than the peaks).
Therefore, this is not what has
occurred. For our evaluation to
be wrong, that is, so that we have
an offer superior to the demand
in this period: or the offer is
much higher than the estimated,
that is, 9.6% increase in the first
semester – what would be unlikely to happen-, or income-elasticity is even lower than 0.49%,
that is, each % income increase
would create an increase even
lower of consumption. That can
be possible, considering that we
base on the POF 2002/03 and,
from that time now, with the
income increase and with the
reduction of food expenses, the
tendency is indeed the reduction
Brazilian Dairy Yearbook 2010
of income-elasticity.
(Note: other possibility not
considered is the existence of significant stocks from 2009 to 2010,
what is likely to happen when
taking into account the leap in
the availability per capita of milk
in the second semester of 2009.
With that, the year would have
started with even higher stocks,
what would explain the fact that
we do not have a purchasing market at this moment - but, anyway,
it makes comprehension difficult
regarding the increase of the prices – see discussion in the letter,
from the contribution of Laércio
Barbosa).
There is still a third possibility: the specific behavior of Milk
UHT. In the last few years, it has
been the most volatile product as
for prices. In 2009, industries which had stock of UHT in the winter had a very positive result when
selling significant quantity at the
moment of rise in prices. That fact
might have directed the commercial strategy of the segment: in-
crease selection in the beginning
of the year, aiming at earning with
higher prices in the middle of the
year. A legal strategy, by the way,
since market conditions justify.
What happens is that, with
the increase of Milk offer and
considerable rates and, considering that UHT has low incomeelasticity, the possible strategy
was not well successful in some
moment, the market responded
significantly and prices lower,
then pushing the remaining of
the market down.
Graphic 5 provides clues in this
sense. It is about price range of
UHT in the retail of Piracicaba/
SP, against the range of medium
days manufacture. Our experience has shown that the moments
with higher prices coincide with
greater turning of the product,
reflecting in days of lower manufacture days. Therefore, this year
something distinct happen. The
increase in prices was followed by
the increase in manufacture days,
suggesting that the sector bet in
a positive behavior, which ended
up not being supported. As prices
rose, stocks also rose and the average date for manufacturing increased. Care is necessary in order
not to exceed sampling in a city
for the whole country, but considering our contacts in the market,
this scenario seems to be correct.
If our analysis is correct, there
would be space to adjust dairy
prices up in wholesale and to
producer, at least at this moment
and since the balance between
exportations and importations
does not become even more negative month by month. Maybe
because of market problems,
and specificities of the product
or rain imminence, that does not
happen (or, perhaps, because of
mistakes in our estimates, that
came from several assumptions).
Anyway, more than try to predict what is going to happen or
even occurred, the objective of
this paper is to try to bring points
for discussion, relative to offer or
demand or behavior of prices.
23
Mercado de leite no Brasil:
após a tempestade novos desafios
Glauco Rodrigues Carvalho
Economista e pesquisador da
Embrapa Gado de Leite [email protected]
Após um ano de 2009 difícil
para a economia global e para o
setor lácteo, os primeiros meses
de 2010 indicaram um cenário
mais favorável ao setor, seja ele
no Brasil ou no âmbito mundial. O sentimento de que a crise
financeira internacional estava perdendo força, juntamente
com melhorias nas projeções de
crescimento econômico global e
de consumo das famílias refletiu positivamente sobre o setor.
No âmbito de preços, o que se
verificou nos últimos anos foi
elevada volatilidade, com alta
expressiva das cotações em 2007,
queda em 2008 e nova alta em
meados de 2009, se estendendo
24
até o primeiro semestre de 2010.
No entanto, os últimos números disponíveis sinalizam para
queda de preços, o que nos leva
a pensar um pouco sobre como
será o segundo semestre para o
setor. Antes porém, vale analisar
o comportamento dos preços do
leite, custos de produção, captação, entre outras informações
que norteiam o cenário econômico conjuntural de leite e derivados.
Do ponto de vista do produtor, o movimento de alta nos
preços em 2010 foi antecipado,
com elevação ocorrendo já em
fevereiro de forma rápida e intensa. Essa alta foi puxada inicialmente pelo mercado spot,
aproveitando a necessidade dos
laticínios diante de uma demanda robusta e em expansão. Hou-
ve ainda uma forte elevação nos
preços do UHT, que possibilitou
repasse aos produtores.
Em fevereiro os preços subiram 3,6% ante janeiro e a alta
acelerou nos meses seguintes,
melhorando a rentabilidade das
fazendas e proporcionando uma
administração do fluxo de caixa
mais adequada. Mas essa melhoria de rentabilidade não veio
apenas dos preços do leite. Ao
longo dos primeiros meses de
2010 os custos de produção também trouxeram fatores positivos,
com redução principalmente dos
gastos com a alimentação do rebanho. A safra mundial de grãos
em 2009/2010 foi muito boa,
proporcionando a recomposição
do estoques. Houve incremento
na produção de soja nos países
da América do Sul (liderados
por Brasil, Argentina e Paraguai) e nos Estados Unidos. No
caso do milho, a safra também
foi alta e com boas indicações
para a produção dos Estados
Unidos no ciclo 2010/2011. O
resultado dessa elevação de safra
e recomposição de estoques foi
uma razão entre preços do leite
e preços da ração favorável para
a produção de leite ao longo do
primeiro semestre de 2010, possibilitando um fortalecimento
da estrutura produtiva.
Pela Figura 1 pode-se realizar uma análise mais detalhada
da situação do produtor de leite.
Neste caso, pode-se observar a
evolução do ICPLeite/Embrapa
(em valores reais deflacionados
pelo IGP-M), do índice de preço recebido pelos produtores de
leite no Estado de Minas Gerais
Anuário Brasileiro do Leite 2010
e do índice de relação de troca
(IRT), tendo como mês-base
abril/2006=100. O ICPLeite/
Embrapa é um índice que mede
a variação mensal nos custos de
produção de leite e é calculado
com base nos preços de uma cesta de insumos e serviços utilizados na produção.
O índice de relação de troca
(IRT) é obtido pela razão entre
o índice de preço recebido pelo
produtor e o índice de custo de
produção (ICPLeite). Neste
contexto, um IRT maior do que
100 mostra que o produtor de
leite encontra-se relativamente
em melhor situação e indica que
os preços recebidos pelo leite
crescem acima dos custos. A linha horizontal refere-se a paridade e estabelece o limite entre
a situação favorável/desfavorável para o produtor de leite em
relação a base, estabelecida em
abril/2006. Assim, sempre que
o IRT se situar acima da paridade, o produtor encontra-se em
situação favorável e sempre que
o IRT estiver abaixo da paridade
a situação é desfavorável.
De maneira geral pode-se
identificar um período bom para
o produtor ao longo de 2007 e
início de 2008. Já em 2009, a situação econômica das fazendas
piorou bastante, o que refletiu
na baixa oferta de leite no país.
Realmente foi um ano muito difícil e a situação econômica das
fazendas foi favorável em apenas
quatro meses dos doze existentes no ano. Finalmente, em 2010
o cenário tornou-se novamente
favorável, com elevação dos preços do leite e recuo nos custos. Mas o que essa relação de troca pode trazer de informação
para melhorar o processo decisório na cadeia produtiva? Na
realidade alterações na relação
de troca implicam alterações
na produção de leite, ou seja, na
base da cadeia produtiva. Em
economia, nos modelos de concorrência perfeita (em que não
há barreiras a entrada de novas
empresas) ou de concorrência
monopolística (em que há algumas barreiras, mas são baixas) a
melhora da rentabilidade setorial implica na atração de invesBrazilian Dairy Yearbook 2010
timentos para aquele setor, consequentemente ocorre aumento
da oferta e queda do preço, que
tem sua intensidade balanceada
pelo comportamento do consumo. Aplicando essa lógica no mercado de leite, o que sabemos é
que nos períodos em que ocorre aumento da rentabilidade, o
produtor de leite se ajusta rapidamente, melhorando sua estrutura produtiva. Por outro lado,
quando piora a rentabilidade ele
reduz os investimentos na atividade e a produção desacelera. De
fato, na euforia de 2007 e início
de 2008 a produção de leite foi
impulsionada por melhorias na
relação de troca (Figura 2). Por
outro lado, quando a relação de
troca se tornou desfavorável,
como ocorreu no final de 2008
e início de 2009, a captação de
leite também registrou queda na
comparação com o mesmo mês
do ano anterior. Já a partir de janeiro de 2010, houve novo crescimento da captação, na esteira
da melhoria da relação de troca.
A última estatística de captação,
publicada pelo Cepea, mostrou
um aumento de 7% em junho
de 2010 em relação a junho de
2009. Nos primeiros meses do
ano esse aumento ficou ligeiramente abaixo de 5%.
Mas, obviamente, o cenário
do segundo semestre engloba
variáveis que vão muito além
da simples comparação entre
relação de troca e captação. Essas variáveis, pelo contrário, são
resultados de uma série de outras e devem provocar grandes
emoções no mercado lácteo nos
próximos meses.
Pelo lado da demanda, a boa
notícia vem do consumo interno,
que se mantém forte, na esteira
do crescimento do produto interno bruto e da renda das famílias. No âmbito das exportações
de lácteos, não há nada previsto
no horizonte de curto prazo que
altere o cenário deficitário. Ou
seja, o saldo comercial deverá
continuar negativo nos próximos meses.
Pelo lado da oferta, o que
está ocorrendo no setor é baixa
rentabilidade na indústria de
laticínios, recuo de preços ao
produtor, incremento de custos
de produção (ração) e incertezas
climáticas (fenômeno La Niña).
Os preços do leite ao produtor
recuaram em junho, julho e devem continuar com essa tendência até pelo menos outubro (mas
com um ritmo de queda menor).
A dúvida que permanece é sobre
a intensidade de queda nos preços do leite ao produtor.
No âmbito do índice de relação de troca, deve-se verificar
uma piora ao longo do segundo
semestre, criando um ambiente
desfavorável a produção. A intensidade dessa piora no IRT
será determinante no comportamento da captação de leite. Em
princípio, acreditamos que ela
não será muito intensa devido
ao fato de que a demanda doméstica por leite e derivados está
forte e tende a criar um piso nos
preços do leite.
Já no front climático a preocupação é maior, não apenas sobre
as pastagens (oferta de leite) mas
também sobre a produção de
milho e soja (custos). O fenômeno climático El Niño que atuava
desde 2009 se enfraqueceu e, no
lugar de águas aquecidas, já se
observa o resfriamento das águas
sobre o Oceano Pacífico equatorial, o que representa o início da
instalação de um novo episódio
de La Niña nos próximos meses e que deve se estender pelo
menos até o verão de 2011. O
fenômeno tem características
opostas às do El Niño e se confirmado, as chuvas podem fazer
falta aos produtores.
O fenômeno La Niña tem
dois impactos bem caracterizados: (1) atrasa o retorno das
chuvas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil; (2) reduz a
incidência de chuvas e aumenta
o risco de estiagens regionalizadas no verão no Sul do Brasil e também no Mato Grosso
do Sul. Portanto, o retorno das
chuvas este ano poderá sofrer
atraso e ocorrer de forma irregular. Para piorar, as pastagens
estão muito ruins e em grande
parte do Brasil já não chove a
150 dias. Por fim, esse fenômeno
climático poderá ter reflexos im-
portantes sobre o mercado mundial de lácteos, caso afete países
exportadores, como a Argentina
e Uruguai, por exemplo. Ou seja,
se confirmado o La Niña e dependendo da intensidade, o cenário internacional poderá se alterar rapidamente. Infelizmente,
nesse mercado de clima o grau
de incerteza é elevado, não sendo possível assegurar o real impacto de certos fenômenos. De
todo modo, fica aí o alerta.
Mais recentemente, uma forte seca na França, Alemanha,
Ucrânia, Austrália e especialmente, Rússia, comprometeu a
safra de trigo de forma importante, levando a uma explosão
das cotações do cereal (45% em
um mês, entre início de julho e
início de agosto). A Rússia, segundo maior exportador mundial de trigo, decidiu proibir as
exportações, catalisando o movimento de alta no grão. Como
o trigo é muito usado na ração
bovina na Europa, o substituto
imediato foi o milho. Assim, a
alta do trigo foi parcialmente repassada para milho e em menor
intensidade, também para a soja.
Em resumo, para o segundo
semestre, do ponto de vista da
demanda as notícias são boas. Já
no caso da oferta, as incertezas
são elevadas e pairam sobre três
aspectos. O primeiro refere-se
ao impacto da queda dos preços sobre o comportamento dos
produtores (captação de leite).
O segundo é sobre a intensidade
do aumento nos custos de produção, que além das perdas econômicas, cria um efeito psicológico no meio rural. Por último, a
variável climática será determinante no cenário lácteo e poderá
gerar reflexos na produção de
leite (condição das pastagens),
nos custos (preços dos grãos)
e nas cotações internacionais
(impacto sobre países exportadores de leite). Dependendo da
combinação destas variáveis poderemos, surpreendentemente,
passar por momentos de dificuldade de oferta de leite ao longo
do segundo semestre. Portanto,
são esperadas grandes emoções
no mundo lácteo ao longo dos
próximos meses. 25
Milk market in Brazil:
after the storm new challenges
Glauco Rodrigues Carvalho
Economist and researcher of
Embrapa Gado de Leite [email protected]
After a difficult year in 2009
for the world economy and for
the dairy sector the first months
of 2010 indicated a more favorable scenario to the sector, in
Brazil or worldwide. The feeling
that the international financial
crisis was losing strength together with improvements, global
and consuming economic growth projections of families reflected positively on the sector.
Within the scope of prices, what
could be observed in the last few
years was the high volatility, with
the quotations expressive rise in
2007, fall in 2008 and new rise
in mid-2009, extending to the
first semester of 2010. However,
the last numbers available indicate the fall of the prices, what
leads us to think a little about
how the second semester will be
for the sector. First, therefore, it
is worth evaluating the behavior
of milk prices, production costs,
selection, among other information that direct the conjectural
economic scenario of milk and
dairy products.
From the producer’s point
of view, the rise movement in
prices in 2010 was anticipated
with the rise already happening
in February, in such fast and intense manner. This rise was initially pushed by the market spot,
taking advantage of the need
dairy products before a strong
and expanding demand. There
was a strong increase in UHT
prices, which made the passthrough to producers easier.
In February the prices rose
3.6% before January and the
rise accelerated in the following
months, improving profitability of farms and providing more
26
adequate flow cash management. But this profitability improvement did not come from
Milk prices only. Throughout
the first months of 2010 the
costs of production also brought
positive facts, with reduction in
the expenses with herd feeding
mainly. World grain crop in
2009/2010 was great, allowing
the stock replenishment. There
was improvement in soybean
production in the countries of
South America (led by Brazil,
Argentina and Paraguay) and
in the United States. As for the
maize, the crop was also high
and with good indications for
the production of the United
States in the cycle 2010/2011.
The result of this crop rise and
replenishment of stocks was a
reason among Milk prices and
prices of the favorable meal for
Milk production throughout the
first semester 2010, allowing a
strengthening of the productive
structure.
By Figure 1, a more detailed
analysis on the Milk producer’s
situation can be accomplished.
In this case, the evolution of
the ICPMilk/Embrapa can be
observed (in real values deflated
by the (IGP-M), from the price
index received by the producers
of milk in the state of Minas
Gerais and from the change relation index (CRI), where the
base month is April/2006=100.
The ICPMilk/Embrapa is an index that measures the monthly
range in Milk production costs
and it is calculated based on a
basket of inputs and services
used in production.
The relation change index
(RCI) is obtained by the ratio
between the price index received
by the producer and the production cost index (PCIMilk). In
this context, a CRI greater than
100 shows that the milk producer was found relatively in better
situation and indicates that the
prices received by milk grows
over the costs. The horizontal
line is related to parity and establishes the limit between the
favorable/unfavorable
situations to milk producer in relation with the base, established
in April/2006. Therefore, every
time the CRI is over parity, the
producer is found in favorable situation and, whenever the
CRI is lower parity the situation
is unfavorable.
Overall, a good period for the
producer throughout 2007 and
beginning of 2008 can be identified. But in 2009, the farms
economic situation became quite worse, what reflected in the
low of Milk offer in the country.
It has really been a very difficult
year and the farms economic
situation was favorable in only
four of the twelve months of the
year. Finally, in 2010 the scenario became favorable again, with
the milk price rise and the lower
of the costs. But what can this change relation bring as information to
improve the decisive process in
the productive chain? Actually,
alterations in the change relation mean alterations in Milk
production, that is, in the base
of the productive chain. In economy, in perfect competition
models (where there is no barrier to the entrance of new companies) or oligopoly competition
(where there are some barriers,
but they are low) the improvement of the sector profitability
shows investments for that sector, consequently, the increase
of the offer and fall of the price
occurs, which has its intensity
balanced by the behavior of the
consumption. Applying this logic in Milk
market, what we know is that in
periods where the increase of the
profitability happens, the producer of Milk fits quickly, improving its productive structure. On
the other hand, when profitability becomes worse it reduces
its investments in the activity
and the production decelerates.
In fact, during the euphoria of
2007 and the beginning of 2008
Milk production was encouraged by improvements in the
change relation (Figure 2). On
the contrary, when the change
relation became unfavorable, as
it occurred in the end of 2008
and beginning of 2009, milk selection also recorded fall when
compared to the same month
of the previous year. But from
January 2010, there was new selection growth, within the scope
of improvement of the change
relation. The last statistics of
selection, published by Cepea,
showed an increase of 7% in
June 2010 in relation with June
2009. In the first months of the
year, this increase became a little
lower than 5%.
But, obviously, the scenario of
the second semester includes variables that go beyond the simple comparison between change
relation and selection. These variables, on the contrary, are the
result of a series of others and
must provoke strong emotions
in the dairy market next months.
On the demand side, the good
news comes from the internal
consumption, which remains
strong, within the scope of growth of the gross domestic product
and families’ income. In the scope
of dairy exportations, there is no
expectation as for short term which changes the shortage scenario.
That is, the trade balance must remain negative next months.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
On the offer side, what has
happening in the sector is the
low profitability in the dairy
industry, lower of prices to producers, production costs increase
(food) and weather uncertainty
(phenomenon La Niña).
Milk prices to producer became lower in June, July and must
remain with the tendency until
at least October (but with a lower fall rhythm). The doubt that
remains is on the intensity of the
fall in milk prices to producer.
Within the scope of the change relation index, throughout
the second semester a worsening
must be verified, creating an
unfavorable ambient to production. The intensity of this worsening in CRI determines the
behavior of milk selection. First,
we believe that it will not be very
intense due to the fact that the
domestic demand for Milk and
dairy products is strong and tends to create a base on milk price.
But as for the weather the
concerning is greater, not only
on pastures (Milk offer) but also
Brazilian Dairy Yearbook 2010
on maize and soybean production (costs). Weather phenomenon El Niño which acted since
2009 has become weaker and, in
the place of warm water, water
cooling on the equatorial Pacific
Ocean is already observed, what
it is the beginning of the installation of a new episode of La
Niña next months, and must extend to at least until the summer
of 2011. The phenomenon has
characteristics opposed to the
El Niño ones and if confirmed,
producer may be run out of rain.
Phenomenon La Niña has
two well characterized impacts:
(1) it delays the return of rain in
the South, Southeast and Midwest of Brazil; (2) reduces the
incidence of rain and increase
the risk of dry seasons in the
South region of Brazil and also
in Mato Grosso do Sul. Therefore, rain this year, may be late
and happens irregularly. To become worse, pastures are very
bad and in great part of Brazil,
it has not rained for 150 days.
Finally, this weather phenome-
non might reflect on the dairy
world market, if it affects exporter countries like Argentina
and Uruguay, for instance. That
is, if La Niña being confirmed
and depending on the intensity,
the international scenario might
change quickly. Unfortunately,
in this weather market the degree of uncertainty is high, not
being possible to assure the real
impact of certain phenomenon.
Somehow, here it is the alert.
More recently, a severe drought in France, Germany, Ukraine, Australia and especially,
Russia, hardly compromised the
wheat crop, leading to an explosion of cereal quotations (45%
in one month, between the beginning of July and beginning
of August). Russia, the second
largest world exporter of wheat, decided to prohibit exportations, catalyzing the movement
of high prices for the grain. As
wheat is very used in cattle Europe, the immediate substitute
was maize. Thus, the rise in the
wheat was partially passed to
maize and in smaller intensity,
also for soybean.
In short, for the second semester, form the demand’s point
of view the news are good. But
in the case of the offer, uncertainties are high and stand for
three aspects. The first is regarding the impact on the price fall
on the producers’ behavior (Milk
selection). The second is on the
intensity of the increase in the
costs of production, which goes
beyond economic losses, creates
a psychological effect in the rural mean. At last, the weather variable will be determinant in the
dairy scenario and might create reflexes in Milk production
(pasture conditions), in the costs
(grain prices) and in international quotations (impact on milk
exporter countries). Depending
on the combination of these
variables we can, surprisingly,
live some difficult moments as
for Milk offer over the second
semester. However, strong emotions are expected in dairy market over the next months. 27
Leite de cabra e
derivados: as
barreiras sanitárias
Francisco Selmo
Fernandes Alves
Pesquisador da Embrapa Caprinos
A exploração de caprinos leiteiros desenvolve-se em quase
todos os municípios brasileiros,
apresentando grande perspectiva econômica, decorrente da
utilização da venda do leite,
como opção para alimentação
das populações, na fabricação de
queijos e produtos lácteos. O leite de cabra no Brasil é hoje uma
realidade, entretanto, a baixa
qualidade dele e seus derivados,
compromete o produto final. A
produção e o beneficiamento
exigem cuidados higiênico-sanitários e de manejo, para reduzir,
ao máximo, a contaminação microbiana e química.
O leite é extremamente susceptível à contaminação por
microrganismos, portanto, propenso a causar prejuízos tanto à
saúde do consumidor quanto ao
processamento industrial. O leite e seus derivados quando não
submetidos a temperaturas elevadas em seu processamento, representam mecanismos eficiente
para disseminação de microrganismos. As doenças transmissíveis de animal para animal e do
animal para o homem (zoonoses) podem causar sérios danos,
inclusive, financeiros aos produtores em virtude das barreiras
sanitárias impostas à comercialização dos produtos.
Essas barreiras, normatizadas
em tratados comerciais, merecem crescente atenção dos diversos elos da cadeia produtiva
do leite de cabra e derivados, o
que pode afetar o trânsito e a exportação destes produtos. O ressurgimento da Febre Aftosa em
bovinos na região sul do Brasil é
28
um exemplo eloqüente dos prejuízos que uma barreira sanitária impõe aos produtores e por
conseguinte a economia local e
nacional. Em caprinos, atualmente, alguns estados do Brasil,
não é permitida a comercialização desses pequenos ruminantes
devido também a Febre Aftosa.
As restrições, antes ligadas aos
aspectos comerciais e alfandegárias, cederam lugar à criação
de barreiras sanitárias, com foco
nos agentes patogênicos, bem
como nos hormônios e resíduos
de pesticidas agrícolas.
Os produtores de leite de cabra e derivados no Brasil visualizando a abertura do mercado, a presença de concorrentes
especializados e a exposição de
produtos importados de melhor
apresentação, como o leite de
cabra em pó, buscam produzir
atendendo aos padrões de qualidade. Cada vez mais assume
importância, os cuidados na disseminação de doenças através de
alimentos como a salmonelose,
a tuberculose, a brucelose, daí,
a implantação de boas práticas
de produção favorecendo o bem
estar animal, de processamento
(manipulação adequada) e da
comercialização do leite de cabra e seus derivados serem fundamentais, para que não ocorra
restrições aos produtos impostas
pelas barreiras sanitárias.
A incorporação de conhecimentos e de tecnologias na prevenção e no controle de doenças
na caprinocultura leiteira, poderá não só incrementar a produtividade e a saúde do rebanho,
mas assumir posição estratégica
no processo de comercialização
ao garantir a qualidade do leite
e seus produtos e oferecer segurança ao consumidor.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Goat Milk and
dairy products:
sanitary obstacles
Francisco Selmo
Fernandes Alves
Embrapa Goat Researcher
Exploration of dairy goats is developed in almost all
Brazilian towns, presenting
large economic perspective, resulting from the use of
Milk sales, as an option to
the population food, in cheese manufacturing and dairy
products. Goat Milk in Brazil
is nowadays reality, therefore,
its low quality and its dairy,
compromise the final product.
Production and processing
demand
hygiene-sanitary
care and handling to reduce,
at maximum, microbial and
chemical contamination.
Milk is extremely susceptible
to contamination by microorganisms, therefore, it is likely
to cause damage to consumer’s
health as for industrial processing. Milk and its dairy when
not submitted to high temperatures in its processing, represents efficient mechanisms
for dissemination of microorganisms. Diseases which are
contagious from animal to animal and from animal to men
(zoonoses) can cause serious
damages, including financial
damages to producers because
of sanitary obstacles imposed
to products commercialization.
These obstacles, standardized in commercial treats,
deserve growing attention of
several links of the goat Milk
productive chain and dairy,
what can affect the traffic and
exportation of these products.
The resurgence of Foot-andmouth disease in cattle in the
South region of Brazil is an
example of the damages that
Brazilian Dairy Yearbook 2010
a sanitary obstacle imposes
to producers and consequently, the local and national
economy. Currently, in some
states of Brazil, goat commercialization is not allowed
due to Foot-and-mouth disease as well. The restrictions,
previously linked to commercial and customs aspects,
gave way to the creation of
sanitary obstacles, as focus on
pathogenic agents, as well as
on hormones and rural herbicides waste.
Goat Milk producers and
dairy in Brazil, aiming at
the market opening, the presence of competitors specialized and the exposition
of imported products with
better appearance, like goat
powder Milk, try to produce
by meeting standard quality
patterns. The care with dissemination of diseases through salmonella, tuberculosis,
and brucellosis has increasingly had importance, that
is why the implantation of
good practices of production,
favoring the animal wellbeing, processing (adequate
manipulation) and goat milk
commercialization and its
dairy be fundamental so that
does not occur restrictions to
products imposed by sanitary
obstacles.
The incorporation of knowledge and Technologies in
the prevention and control of
diseases in dairy goat, might
not only improve productivity and herd health, but take
strategic position in the process of commercialization
when guaranteeing Milk quality and its products and offer
security to the consumer.
29
Queda no
consumo do
longa vida
Em 2009, recuo foi de 1%, quando indústria esperava
crescer menos de 3%. Até o final de 2010, aumento
no consumo deve ficar entre 3% e 5%
O consumo de leite longa
vida no Brasil em 2009 frustrou as expectativas das indústrias do setor e registrou um
recuo de 0,9%, saindo de 5,308
bilhões de litros para 5,262 bilhões de litros, estima a Associação Brasileira da Indústria
de Leite Longa Vida (ABLV ).
A expectativa da entidade era
de um avanço de ao menos 3%
sobre 2008.
“O ano que passou foi atípico para o leite de consumo”,
afirma Nilson Muniz, diretorexecutivo da ABLV, referindose ao leite consumido como
bebida. Segundo ele, o recuo
na oferta de matéria-prima nos
primeiros sete meses de 2009
levou à redução na produção
de longa vida.
“Nos estabelecimentos com
inspeção [federal] houve uma
queda de 4,5% no recebimento
de leite”, observa. A razão para
30
a oferta menor foi que os preços baixos da matéria-prima, no
segundo semestre 2008, desestimularam a produção de leite
pelos pecuaristas.
Além da produção menor e
consequente alta das cotações
do longa vida, a crise mundial
do segundo semestre de 2008
também acabou se refletindo na
demanda no começo de 2009, de
acordo com Muniz.
Ele explica que houve recuperação do recebimento de leite
pela indústria a partir de julho
de 2009 - a alta foi de 10% -,
mas o volume não foi suficiente
para sustentar o crescimento da
produção do longa vida. Nesse
segmento, leite produzido é leite
consumido.
Conforme a estimativa da
ABLV, a produção de leite com
inspeção cresceu 1,6% em 2009,
alcançando 19,597 bilhões de litros. Esse volume inclui a produ-
ção de longa vida, pasteurizado,
leite em pó e outros derivados.
O volume total de leite no país
(inspecionado e informal) foi de
27,440 bilhões de litros, queda
de 0,5% em relação a 2008.
Enquanto o consumo de longa vida recuou, o de leite em pó
subiu no ano passado no país 12,1%, para o equivalente a 2,6
bilhões de litros -, reflexo da
maior oferta no mercado doméstico por conta da queda das
exportações do produto.
O retrato para este ano, diz
Muniz, é diferente do ano passado. Há expectativa de um aumento da oferta total de matéria-prima, na casa dos 5%, após
uma melhora nos preços ao produtor a partir do fim de 2009 e
que ainda persiste.
De fato, preços mais valorizados estimulam os pecuaristas
a elevarem o investimento na
alimentação do gado leiteiro,
aumentando assim a produção.
Essa “gangorra” na oferta já é
tradicional no setor de leite, mas
Muniz espera “maior regularidade” este ano.
Para o consumo de leite longa vida, também há expectativa
de recuperação, com elevação de
3% a 5% no consumo. “A renda
está firme em 2010 e temos observado aumento de consumo”,
argumenta o diretor da ABLV.
Já o consumo de leite pasteurizado deve continuar com um
decréscimo lento este ano, estima a ABLV, enquanto a tendência para o leite em pó é de
“estagnação com viés de queda”.
O diretor da associação também chama a atenção para o
aumento do consumo da bebida
produzida informalmente em
2009, outro reflexo da crise econômica. No ano passado, foram
1,9 bilhão de litros, alta de 1,1%,
estima a ABLV.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
In 2009, reduction was 1%, when
the industry expected to grow
less than 3%. Until the end of
2010, increase in consumption
must be between 3% and 5%
Fall in
UHT Milk
consumption
Brazilian Dairy Yearbook 2010
Consumption of UHT Milk
in Brazil in 2009, frustrated
industry’s expectations and recorded a reduction of 0.9%, from
5.308 billion liters to 5.262 billion
liters, estimates the Brazilian Association of UHT Milk Industry
(ABLV). The expectation of the
entity was an advance of at least
less than 3% over 2008.
“Last year was atypical for Milk
consumption”, asserts Nilson Muniz, executive-director of ABLV,
when referring to milk consumed
as beverage. According to him, the
reduction in raw material offer in
the first seven months of 2009 led
to the reduction in UHT Milk
production.
“In the establishments with
inspection [federal], there was
fall of 4.5% in the reception of
milk”, he observes. The reason
for the small offer was that the
low prices of raw material in the
second semester 2008, discouraged rural producers from producing Milk.
Besides lower production and
consequent rise in UHT prices,
the world crisis in the second
semester of 2008 ended up reflecting on the demand in the
beginning of 2009, according to
Muniz.
He explains that there was recovery on Milk reception by the
industry from July 2009 - rise
was 10% -, but the volume was
not enough to support UHT
milk production growth. In that
segment, Milk that is produced
is milk consumed.
According to estimate of
ABLV, Milk production with
inspection increased 1.6% in
2009, reaching 19.597 billion liters. That volume includes UHT
Milk production, pasteurized,
powder milk and other dairy
products. Total volume of Milk
in the country (inspected and
informal) was 27.440 billion liters, fall of 0.5% with relation to
2008.
While UHT consumption reduced, powder Milk raised last
year in the country – 12.1%, for
the equivalent to 2.6 billion liters -, and reflex of the largest
offer in home market because of
the fall in product exportations.
The scenario for this year, says
Muniz, is different from last
year. There is an expectation of
an increase of total offer of raw
material, nearly 5%, after a improvement in prices to producer
from the end of 2009 and that
still remains.
Actually, better prices encourage rural producers to increase
investment in dairy cattle food,
then increasing production. That
“seesaw” in the offer is already
traditional in Milk sector, but
Muniz expects “better stability”
this year.
For UHT Milk consumption,
there is also expectation on recuperation, with rise from 3%
to 5% in consumption. “A renda
está firme em 2010 e temos observado aumento de consumo”,
argumenta o diretor da ABLV.
But consumption of pasteurized Milk must continue with a
slow reduction this year, estimates ABLV, whereas the tendency
towards powder Milk is “stagnation with projection to fall”.
The director of the association
also calls attention to the increase of beverage consumption produced informally in 2009, other
reflex of the economic crisis.
Last year, it was 1.9 billion liters,
rise of 1.1%, estimates ABLV.
31
Mais novilhas no
rebanho, mais produção
Para tornar viável uma boa taxa de reposição, é fundamental um alto
índice de natalidade, além de pouca mortalidade de bezerras. Para que
isso ocorra ações devem ser adotadas antes mesmo do nascimento
Para manter a produção estável, a taxa de reposição considerada ideal é de 25% ao ano. Isso
quer dizer que uma vaca permanecerá no rebanho por quatro
lactações até ser substituída por
uma novilha. No entanto, essa
taxa poderá ser maior se houver
interesse em se adotar uma pressão de seleção mais rigorosa para
aumentar a produção. Manter
ou elevar a produção depende
do número de novilhas que são
incorporadas ao rebanho, o que
pode ser obtido de duas maneiras: comprando novilhas ou fazendo a recria das fêmeas.
Adotar uma ou outra opção
dependerá do nível de especialização da atividade leiteira. O
pesquisador da Embrapa Gado
de Leite, José Luiz Bellini, diz
que o produtor de leite americano atingiu um alto nível de especialização e que a compra das
novilhas se tornou mais viável.
“Produzir leite e criar novilhas
são atividades que demandam
tratos e mão-de-obra específicas.
Na América do Norte a especialização é tamanha que se tornou
mais econômico para o produtor
terceirizar a recria”.
No Brasil, com raras exceções,
a plena especialização ainda está
longe de ser alcançada. Além de
haver poucas propriedades especializadas no fornecimento de
novilhas, o produtor brasileiro
prefere realizar o trabalho por
ter maior certeza da origem do
animal. Há outras vantagens em
realizar a recria: Para aqueles que
adotam a inseminação artificial,
pode-se obter animais melhores
do que aqueles comprados na região. A diminuição dos riscos de
32
se trazer doenças para o rebanho
e o melhor aproveitamento de
sobras de áreas, alimentos, instalações e mão-de-obra também
são aspectos positivos.
Bellini diz que é importante
dimensionar o número de fêmeas conforme a necessidade
do rebanho para evitar prejuízos.
A média nacional de descarte é
de 20%. Isto significa que, num
rebanho de 100 vacas, 20 novilhas são recriadas na propriedade ou compradas de terceiros. O
tempo certo de se substituir um
animal é uma decisão econômica. “Quando uma novilha for capaz de prover maior retorno que
vaca, será a hora de introduzi-la
ao rebanho”.
O pesquisador realça que a
vida útil de um animal dependerá de uma série de aspectos que
vão das condições de manejo e
criação até aspectos sobre raça.
Chegada a hora de substituir a
vaca, optar entre a compra ou a
recria é uma decisão individual.
“O produtor precisa saber quanto custa a recria em sua propriedade e comparar com os preços
de mercado”.
Para tornar viável uma boa
taxa de reposição, é fundamental um alto índice de natalidade,
além de pouca mortalidade de
bezerras, e os esforços para isso
começam antes de o bezerro
nascer. A Embrapa recomenda que a vaca gestante ganhe
de 600 g a 800 g/dia durante o
último terço da lactação e que
condições corporais extremas
(muito gorda ou muito magra)
precisam ser evitadas. As vacas
devem ser secas e conduzidas ao
pasto-maternidade entre 30 e
60 dias antes do parto. Além de
“descansar” a glândula mamária,
isto possibilitará a produção de
colostro de melhor qualidade.
Alguns cuidados são tomados
com o bezerro logo após o nascimento (ver quadro),
mas boa alimentação e higiene são
essenciais. Nos três
primeiros dias, a
bezerra deve ingerir
cerca de seis litros de colostro. Recomenda-se o aleitamento artificial, desde que as vacas
“desçam o leite” sem presença das
bezerras. O animal precisa receber cerca de quatro litros de
dieta líquida/dia (leite ou sucedâneos) no primeiro mês.
No segundo, dois litros/dia
são suficientes. Higienizar
bem mamadeiras, bibeirões e baldes é uma providência que ajuda a evitar
doenças.
Taxa de mortalidade
baixa depende também
de boas instalações. Os
bezerreiros de alvenaria
ou de madeira, comuns no
Brasil, são construções que
necessitam de investimentos
elevados e de difícil limpeza.
A Embrapa recomenda o uso
de abrigos individuais, feitos de
madeira ou bambu. Eles podem
ser mudados facilmente de posição e o local permanecerá sempre limpo e fresco. Embora alguns técnicos argumentem que
as bezerras não devam receber
água nas primeiras semanas de
idade, de 30 minutos a uma hora
após o aleitamento, elas precisam ter água limpa e fresca à
disposição.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
More heifers in the herd,
more production
In order to make feasible a good replacement rate, it is
important a high birth rate, besides the low heifers mortality.
So that this occurs, actions must be adopted before birth
Brazilian Dairy Yearbook 2010
In order to keep production
stable, the ideal replacement rate
is 25% per year. This means that
a cow will remain in the herb
for four lactations until it is replaced for a heifer. Therefore,
this rate can be higher if there
is interest in adopting a pressure on a more strict selection
to increase the production. Keeping or increasing production
depends on the number of
heifers that are incorporated to the herd, what
can be obtained in two
manners: purchasing
heifers or making
heifer breeding.
The adoption
of one or another action will
depend on the
level of specialization of dairy activity. The
researcher
of
Embrapa Dairy
Cattle, José Luiz
Bellini, says that
the American Milk
producer reached a
high level of specialization and that the
heifer purchase became
feasible. “Producing Milk
and breeding heifers are activities that do not demand specific treat and labor. In North
America, specialization is so
expressive that it has become
more economic to producers
outsource breeding”.
In Brazil, with rare exceptions,
the specialization is still far from
being reached. Besides having
few properties specialized in the
supply of heifers, the Brazilian
producer prefers to accomplish
the work because there is more
certainty about the animal origin. There are other advantages
in achieving breeding: for those
that adopt artificial insemination, better animals than those
purchased in the region can be
obtained. The reduction of the
risks of bringing in diseases to
the herd and better processing
of remaining areas, food, installations and labor are also positive aspects.
Bellini says that it is important to count the number of
heifers according to the herd’s
need in order to avoid loss.
The national discard average is
20%. This means that, one herd
of 100 cows, 20 heifers are bred
in the property or purchased
from others. The right time to
replace an animal is an economic decision. “When a heifer is
able to provide a return larger
than the cow does, it will be
the right time to include it to
the herd”.
The researcher emphasizes
that shelf life of an animal will
depend on a series of aspects
that go from the conditions of
handling and breeding to race
aspects. At the time of replacing
the cow, opting between purchases or breeding is an individual
decision. “The producer needs to
know how much is breeding in
his or her property and compare
it with market prices.
To make a good replacement
rate feasible, a high birth rate
is important, besides low mortality of heifers, and the efforts
for that commence before calves
born. Embrapa recommends
that the pregnant cow gain from
600 g to 800 g/Day during the
last third lactation, and extreme body conditions (very fat or
thin) need to be avoided. Cows
must be dried and led to pasture
between 30 and 60 days before the birth. Besides “rest” the
mammary gland, this will make
the production of better quality
colostrum possible.
Some care is taken with
calve, soon after its birth (see
picture), but good food and hygiene are essential. In the first
days, the heifer must ingest
around six liters colostrum. It
is recommended the artificial
feeding, since the cows “give
milk” without the presence of
calves. The animal needs to receive around four liters liquid
diet/day (Milk or substitutes)
in the first month. And in the
second month two liters/day
are enough. Sanitize well bottles, nipple pails and buckets
are steps that prevents from
diseases.
Low mortality rate depends
on good installations as well.
Calves of masonry blocks or
wood, common in Brazil, are
constructions which need high
investment and are also difficult
to clean. Embrapa recommends
the use of individual shelters,
made of Wood or bamboo. They
can be easily changed and the
local will always remain clean
and fresh. Although some technicians argue that calves must
not receive water in their first
weeks of life, from 30 minutes
to one hour after feeding, they
need to have clean water at their
disposal.
33
O diferencial
da qualidade
Nestlé/DPA utiliza sistema de precificação pela qualidade desde
2005, estimulando produtores a atingir padrões internacionais de
exigência, garantindo um leite de melhor qualidade e composição
Leite de qualidade, além de
ser uma exigência justa de todo
consumidor, é uma necessidade para que o Brasil se torne
competitivo no mercado lácteo
internacional. Para estimular a
busca pela qualidade, a Nestlé/
DPA (Dairy Partners Americas,
joint venture formada com a cooperativa neozelandesa Fonterra, maior exportadora de lácteos
do mundo) foi uma das pioneiras no Brasil a estabelecer um
programa diferenciado de pagamento através do Sistema de Valorização da Qualidade (SVQ).
Lançado em 2005 para fornecedores diretos, o SVQ é uma
iniciativa de sucesso que contribui para aumentar a qualidade
do leite – fator importante para
toda a cadeia láctea – e para remunerar melhor o produtor que
investe em qualidade. Desde que
a política de remuneração pela
qualidade do leite foi implantada é possível observar, segundo a
34
empresa, uma evolução de 296%
na qualidade do leite entregue a
Nestlé/DPA.
Para chegar a um sistema de
precificação diferenciada (SVQ)
a Nestlé/DPA construiu previamente condições para isso.
Entre elas, estabelecer o resfriamento do leite nas propriedades,
participar da montagem de uma
rede de laboratórios independentes (caso da Rede Brasileira da Qualidade do Leite do
MAPA), disseminar maciçamente a informação envolvendo boas práticas e qualidade,
e estimular o treinamento dos
fornecedores e da própria equipe. “Criadas essas condições a
Nestlé/DPA passou a utilizar,
com sucesso, o sistema de precificação diferenciada como forma
de estimular e valorizar as ações
adotadas pelos fornecedores na
busca pela qualidade”, informa a
Nestlé/DPA
Atualmente, 6,5 mil produ-
tores em todo o país produzem
leite com qualidade diferenciada. O pagamento ao produtor é
extratificado. “Ele é bonificado
ou penalizado por teor de proteína, gordura, contagem bacteriana total e contagem de células
somáticas”, explica.
A precificação diferenciada
define parâmetros de qualidade
e de composição. Em relação à
qualidade, os dois parâmetros
são Contagem Bacteriana Total
(CBT), que indica o padrão de
qualidade higiênica do leite, e
Contagem de Células Somáticas (CCS), que está relacionada
à saúde da glândula mamária e
às condições sanitárias do rebanho. Quanto à composição, os
parâmetros envolvem teores de
proteína e de gordura do leite,
considerados os componentes
nobres do leite por terem maior
importância nutricional, além de
apresentarem alto valor para a
indústria por se relacionarem ao
maior rendimento na produção
de derivados lácteos, principalmente leite em pó e queijo.
O pagamento diferenciado
valoriza com adicionais o leite
com baixa CBT e baixa CCS e
com teores elevados de proteína
e gordura, de acordo com tabelas que são de conhecimento
de todos fornecedores. Para aumentar o estímulo ao fornecedor
de leite, recentemente a Nestlé/
DPA alterou as tabelas do SVQ
para proteína e gordura. A empresa valorizou ainda mais esses
componentes e, com a mudança,
o produtor está ganhando mais
do que já ganhava. Sistemas diferenciados de pagamento são
utilizados há muito tempo em
outros países, principalmente
naqueles que participam com
destaque do comércio mundial
de lácteos e que precisam atender às justas exigências dos consumidores do mundo todo em
relação à qualidade.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Quality
differential
Nestlé/DPA has used pricing system for quality since 2005,
encouraging producers to reach international requirements
patterns, assuring a better quality and composition milk
Quality Milk, besides being a
fair requirement from every consumer, it is a need so that Brazil
becomes competitive in the international dairy market. In order
to encourage the search for quality, Nestlé/DPA (Dairy Partners
Americas, joint venture formed
with New Zealander cooperative
Fonterra, largest exporter of dairy
in the world) was one of the pioneers in Brazil to establish a differentiated program of payment
through Sistema de Valorização
da Qualidade (SVQ).
Launched in 2005 for direct
suppliers, SVQ is a successful
initiative that contributes to increase Milk quality – important
factor for all dairy chain – and to
better remunerate the producer
that invest in quality. Since politics of remuneration for Milk
quality was implanted it is pos-
Brazilian Dairy Yearbook 2010
sible to observe, according to the
company, a rise of 296% in milk
quality deliver to Nestlé/DPA.
In order to reach a differentiated pricing system, (SVQ) Nestlé/
DPA built, previously, conditions
for that. Among them, establishing Milk cooling in properties, participating in assembling of
an independent laboratory net (IF
Rede Brasileira da Qualidade do
Leite do MAPA), disseminating
information involving good practices and quality, and encouraging team and suppliers’ training.
“These conditions being created,
Nestlé/DPA began to use, successfully, the differentiated pricing
system as a manner to encourage
and use actions adopted by suppliers in the search for quality”,
informs Nestlé/DPA.
Currently, 6.5 thousand producers in the whole country
produce Milk with differentiate
quality. Payment to producer is
stratified. “He or she is subsidized or penalized for protein
content, fat, total bacterial counting and somatic cell counting”,
he explains.
Differentiated pricing defines quality and composition
levels. In relation with quality,
both levels are Total Bacterial
Counting (TBC), which indicates milk hygiene quality pattern, and Cells Somatic Counting (CSC), that is related to
mammary gland health and to
herd sanitary conditions. As for
composition, the levels involve
protein contents and Milk fat,
considered Milk noble components because theyhave more
nutritional importance, besides
presenting high value for the industry, since they are related to
greater yield in dairy production,
mainly, powder Milk and cheese.
Differentiated payment enriches, with additional, Milk with
low CBT and low CCS and with
high contents of protein and fat,
according to tables which are
known by all suppliers. To increase the encouragement to Milk
supplier, Nestlé/DPA changed
tables of SVQ to protein and fat
recently. The company enriched
these components even more
and, with the change, the producer is gaining more than He or
she was used to gain. Differentiated systems of payment have
been used for a long time in
other countries, mainly in those
that have an important participation in the world commerce
of dairy and that need to meet
consumers’ fair requirements in
relation to quality.
35
Consumo de leite
cresce apesar da
crise financeira
Aumento estimado do consumo
mundial de produtos lácteos líquidos
é de 2,4% entre 2009 a 2012. Os
produtos longa vida prontos para
beber impulsionam o crescimento
com a Ásia, África e América Latina
liderando o caminho
Estima-se que o consumo
mundial de leite e outros produtos lácteos líquidos (liquid dairy
products - LDP) cresça a uma
taxa CAGR de 2,4% de 2009 a
2012 ? atingindo 283,2 bilhões
de litros em 2012, de acordo
com as previsões da
Tetra Pak. Isto significa um
aumento de 0,2% comparado
com as previsões da empresa em
dezembro de 2009, que foram
menores devido às incertezas
decorrentes da crise financeira
mundial.
O consumo global de produtos RTD em embalagem longa
vida deve impulsionar muito
deste crescimento – acelerando
de uma taxa CAGR de 5% entre
2006 e 2009 para 5,4% CAGR
no período de 2009 a 2012.
Espera-se que o crescimento
mais intenso na categoria RTD
LDP em temperatura ambiente
aconteça na Ásia (8,7% CAGR),
África (6,9% CAGR) e América
Latina (7,1% CAGR).
36
O presidente e CEO da Tetra
Pak, Dennis Jönsson, comenta:
“O leite é um alimento acessível e nutritivo que continua a
exercer um papel importante
na alimentação saudável ao redor do mundo. Enquanto estimamos um crescimento estável
no consumo nos próximos três
anos, também esperamos ver a
indústria láctea aproveitando
destas novas oportunidades
para caminhar junto com as
mudanças demográficas que
ocorrem globalmente – a intensificação da urbanização, o
envelhecimento das populações e o crescimento da classe
média emergente em muitos
países em desenvolvimento.”
O consumo mundial de produtos LDP aumentou em 1,8%
de 2008 para 2009. O consumo
nos mercados em desenvolvimento cresceu 2,9% durante
esse período, enquanto o consumo nos mercados desenvolvidos
diminuiu em 0,4%.
No geral, o consumo de
produtos LDP foi estimulado por um consumo global
maior que o esperado do leite
branco, que cresceu 1,3% no
mundo, atingindo 201 bilhões
de litros no período de 2008
a 2009. O Leste Europeu e a
África lideraram o aumento do
consumo na categoria de leite
branco RTD em temperatura
ambiente, com um aumento de
um ano para o outro de 6,6% e
6,0%, respectivamente.
De 2009 para 2012, espera-se
que o consumo mundial de leite
branco, que representa 76,1% do
consumo total de LDP, continue
crescendo, atingindo uma taxa
CAGR de 1,5%. Isto representa
um aumento de 0,2% da previsão de dezembro de 2009 da
Tetra Pak.
Como se esperava, houve uma
diminuição do consumo de muitos produtos LDP de preço mais
elevado e com valor agregado
durante a crise. Por exemplo, de
2008 para 2009, o leite com sabor – tipicamente uma das categorias LDP de crescimento mais
intenso – cresceu somente 0,8%
em todo o mundo.
Dentro do segmento de leite com sabor, as variedades de
longa vida cresceram em 2,7%
no mundo entre 2008 e 2009,
enquanto que os produtos refrigerados diminuíram em 2,7%.
Estima-se que o consumo total
de leite com sabor irá
se recuperar após a crise, principalmente nos mercados com
populações mais jovens em rápido crescimento, a uma taxa
CAGR mundialmente projetada
de 3,3% no período de 2009 a
2012.
Produtos como o iogurte para
beber e o leite de soja também
devem crescer de forma estável após a crise financeira. Por
exemplo, de 2009 a 2012 a taxa
CAGR do iogurte para beber
deve atingir 5,8% e a do leite de
soja, 3,1%.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Milk consumption grows
despite of financial crisis
Estimated increase of the world consumption of liquid dairy products is
2.4% between 2009 and 2012. Long life products ready to drink stimulated
growth with Asia, Africa and Latin America leading the path
World Milk consumption
and other liquid dairy products
(liquid dairy products - LDP)
are estimated to grow at a rate
of CAGR de 2.4% from 2009
to 2012, reaching 283.2 billion
liters in 2012, according to predictions of Tetra Pak. This means an increase of 0.2% compared with predictions of the
company in December 2009,
which were lower due to uncertainties resulting from the world
financial crisis.
Global consumption of RTD
products in long life packages
must stimulate growth – increasing from a rate CAGR of 5%
between 2006 and 2009 to 5.4%
CAGR in the period from 2009
to 2012. It is expected that a
more intense growth in category
RTD LDP in room temperature
happens in Asia (8.7% CAGR),
Africa (6.9% CAGR) and Latin
America (7.1% CAGR).
The president and CEO of
Tetra Pak, Dennis Jönsson, argues: “Milk is an accessible and
nutritious food that continues to
Brazilian Dairy Yearbook 2010
play an important role in healthy
food worldwide. Therefore, we
estimate a stable growth in the
consumption within the next
three years. Yet, we expect to see
the dairy industry taking these
new opportunities to follow demographic changes that occur in
the world, to wit– urban intensification, population aging and
the growth of the medium class
in many countries in development.”
World consumption of LDP
products increased in 1.8% from
2008 to 2009. The consumption
in markets in development increased 2.9% over this period,
while consumption in developed
markets reduced 0.4%.
In general, consumption of
LDP products was encouraged
by a global consumption, which was larger than the expected
from white Milk, which increased 1.3% in the world, reaching
201 billion liters in the period
from 2008 to 2009. European
East and Africa lead the incre-
ase in the consumption in the
category of white Milk RTD
in room temperature, increasing
6.6% and 6.0% from one year to
another, respectively.
From 2009 to 2012, it is expected that a world consumption of
white Milk of 76.1% from total
consumption of LDP continues
to grow, reaching a rate CAGR
of 1.5%. This means an increase
of 0.2% in relation with the prediction made in December 2009
of Tetra Pak.
As it was expected, there was
a reduction in the consumption
of many products LDP with higher prices and with aggregated
value during the crisis. For instance, from 2008 to 2009, Milk
with flavor – typically one of
categories LDP of more intense
growth – increased 0.8% only, in
the world.
In segment Millk with flavor,
the varieties long life increase
2.7% in the world between 2008
and 2009, while other chilled
products reduced 2.7%. It is estimated that total consumption
of Milk with flavor will recover
after the crisis, mainly in markets with younger populations
in fast growing, a rate CAGR
3.3% worldwide projected in the
period from 2009 to 2012.
Products like yogurt soy Milk
must increase healthily after the
crisis. For instance, from 2009
to 2012 rate CAGR of yogurt
to drink must reach 5.8% and as
for soy milk 3.1%.
37
Projeções do Leite no Brasil –
2009/10 a 2019/20
José Garcia Gasques
Técnico de planejamento e
pesquisa do IPEA e Coordenador de
planejamento estratégico do MAPA
Este trabalho faz parte de um
estudo da AGE/MAPA (2010),
denominado
Projeções
do
Agronegócio, Brasil 2009/2010
a 2019/2020. As projeções são
obtidas a partir de uma base de
dados nacional e, em casos especiais, dados de instituições internacionais. São utilizados modelos econométricos específicos
para a realização das projeções
e no relatório da AGE/MAPA
(2010) há um detalhamento sobre os modelos e seu uso.
O leite foi considerado neste trabalho como um dos pro-
38
dutos que apresenta elevadas
possibilidades de crescimento.
A produção deverá crescer a
uma taxa anual de 1,95%. Isso
corresponde a uma produção
de 37,8 bilhões de litros de leite cru no final do período das
projeções. O consumo deverá
crescer a uma taxa de 1,98% ao
ano nos próximos anos. Essa
taxa é bem superior à observada para o crescimento da população brasileira.
Estimativas de consumo per
capita de leite e derivados realizadas pelo FAPRI – Food
and Agricultural Policy Research Institute (2009) mostram
grandes aumentos no consumo
nos próximos anos. As taxas de
Anuário Brasileiro do Leite 2010
crescimento anual para países
da Ásia são surpreendentes.
Entre estes pode-se destacar:
China, Filipinas, Tailândia,
Vietnam e outros. Também
em alguns países do Leste
Europeu, como a Ucrânia,
deve haver elevado aumento do consumo nos próximos
anos. Na América do Sul, a
Argentina, Peru e Uruguai
também apresentam taxas relativamente elevadas de consumo para os próximos anos.
Para o Brasil a taxa projetada
pelo FAPRI para o leite fluido
é de 2,96% a.a. nos próximos
anos. Veja que esta estimativa é superior à projetada (ver
tabela) pela AGE/MAPA, de
1,98% ao ano até 2019/2020.
O leite e seus derivados fazem parte de um conjunto de
produtos que apresenta elevada elasticidade renda do consumo. Esse coeficiente mostra
como se comporta o consumo
Brazilian Dairy Yearbook 2010
quando a renda dos consumidores varia. Os queijos,
prato e mozarela, o iogurte e
a manteiga, são os produtos
do leite que apresentam as
maiores elasticidades renda
do consumo. As estimativas
obtidas por Hoffmann (2007)
mostram os seguintes resultados: leite de vaca 0,34; leite
condensado 0,71; leite em pó
– 0,044; queijo 0,806; queijo
prato 0,852; queijo mozarela
0,90; iogurte 0,598; manteiga 0,432. Quanto maior esse
coeficiente, maior é o efeito
do aumento da renda sobre o
consumo. Por exemplo: quando a renda aumenta 10,0%, o
aumento do consumo de mozarela aumenta 9,0%; se a renda aumenta de 10,%, o consumo de iogurte deve aumentar
em 5,98%. Esses impactos
são considerados elevados se
comparados a outros grupos
de produtos agropecuários.
Projections on
Milk in Brazil –
from 2009/10
to 2019/20
José Garcia Gasques
Technician of planning and
research of IPEA and Coordinator
of strategic planning of MAPA
This study makes part of a study of AGE/MAPA (2010), denominated Projections of Agribusiness, Brazil from 2009/2010
to 2019/2020. Projections are
obtained from a national database and, in special cases, data
of international institutions.
Specific econometric models are
used for the accomplishment of
projections, and in the report of
AGE/MAPA (2010), there is a
detail on models and their use.
Milk was considered, in this
work, as one of the products that
presents high growth possibilities. Production must increase
with a rate of 1.95% per year.
That corresponds to a production of 37.8 billion liters Milk
in the end of projections period.
Consumption must grow at a
rate of 1.98% per year in the
years to come. This rate is quite
superior to the one observed for
Brazilian population growing.
Estimates of consumption per
capita Milk and dairy products
achieved by FAPRI – Food and
Agricultural Policy Research
Institute (2009) show great increase in the consumption next
years. The rates of yearly growth
for countries of Asia are amazing. Among them, it can be
highlighted: China, Philippines,
Thailand, Vietnam and others.
Also in some countries from
the European East, like Ukraine, high increase in consumption might happen next years.
In South America, Argentina,
Peru and Uruguay, relatively
high consumption rates are also
presented for the next years. For
Brazil the rate projected by FAPRI for fluid Milk is 2.96% a.a.
for the next years. See that this
estimate is superior to the one
projected (see table above) by
AGE/MAPA, of 1.98% per year
until 2019/2020.
Milk and its dairy make part
of a set of products that show
elasticity income of consumption. This coefficient shows how
consumption behaves when consumers’ income ranges. Cheese,
prato and mozzarella, yogurt
and butter, are Milk products
that show greater elasticity income of consumption. Estimates
obtained by Hoffmann (2007)
show the following results: Milk
0.34; condensed milk 0.71; powder milk – 0.044; cheese 0.806;
cheese prato 0.852; cheese mozzarella 0.90; yogurt 0.598; butter 0.432. The greater this coefficient the greater the effect of the
income increase of consumption. For instance: when income
increases 10.0%, the increase of
consumption of mozzarella increases 9.0%; if income increases
10.%, consumption of yogurt
must increase 5.98%. These impacts are considered as high as
compared to other groups of rural products.
39
Projeções para o
mercado lácteo mundial
Kennya Beatriz Siqueira
Pesquisadora da Embrapa Gado de
Leite
Marcos Franca de Almeida
Bolsista da Fapemig, estudante de
economia da UFJF
Foi divulgado esta semana o
relatório OECD/FAO Agricultural Outlook 2010-2019 onde
são apresentadas projeções para
os mercados agrícolas para os
próximos 10 anos. Neste documento o Brasil figura junto com
China, Rússia, Índia e Ucrânia
entre os maiores produtores
agrícolas da próxima década.
Porém, enquanto para o Brasil é
previsto um crescimento de mais
de 40% na produção agrícola até
2019, para os demais é estimado
um aumento de 20%.
Tanto na produção quanto
no consumo, as maiores taxas
de crescimento ocorrerão nos
produtos de origem animal. O
setor lácteo deve ter um dos
maiores crescimentos dentre as
commodities analisadas com o
incremento da popularidade dos
derivados lácteos entre os consumidores dos países em desenvolvimento e a expansão da demanda com o aumento da riqueza. A
retomada do crescimento econômico global e o aumento da
população devem impulsionar o
comércio internacional de produtos lácteos e os preços durante
o período analisado.
40
A produção mundial de
leite deve crescer 2,2% ao
ano até 2019, sendo grande
parte deste aumento devido
a países não pertencentes à
OECD. A previsão de crescimento da produção de derivados lácteos até 2019 é de:
31% para leite em pó integral,
28% para manteiga, 20% para
queijo e 9% para leite em pó
desnatado.
Os países da OECD devem
continuar sendo os maiores
consumidores de queijo (representando ¾ deste mercado). No entanto, a maior expansão do consumo de lácteos
ocorre principalmente para o
leite em pó e manteiga (38%)
e é liderada pelos países de
fora da OECD.
Embora as exportações de lácteos devam crescer rapidamente,
os países que não integram a
OECD ainda devem permanecer como grandes importadores
no período. No caso das exportações de lácteos, em 2019, os
países da OECD continuarão a
dominar as vendas externas de
manteiga (80%), queijo (63%),
leite em pó integral (66%) e leite
em pó desnatado (74%).
O relatório também indica que os preços dos produtos
lácteos estão abaixo dos seus
recordes de pico de 20072008. Mas é pouco provável
que caiam mais, aos níveis mé-
Figura 1 – Projeção dos preços médios de derivados lácteos
Fonte: OECD/FAO Agricultural Outlook 2010-2019.
Elaboração Embrapa Gado de Leite
dios da última década. Estimase que os preços médios dos
lácteos, em termos reais, sejam 16-45%mais elevados em
2010-2019 comparativamente
a 1997-2006, com os preços da
manteiga registrando os maiores ganhos, devido aos preços
da energia e óleos vegetais mais
elevados. O crescimento sustentável dos mercados emergentes é um fator determinante
do crescimento da demanda e
dos preços. A expectativa, portanto, é que os preços dos derivados lácteos cresçam cerca de
2-3% ao ano em média, a partir de 2012, impulsionado pela
crescente demanda.
Com relação à volatilidade
dos preços, o relatório afirma
que embora a volatilidade no
curto prazo esteja elevada,
ainda não se pode concluir se
isso mudará no longo prazo,
pois a extensão com que as
variações no preço mundial
são transmitidas aos mercados domésticos depende do
grau de integração do país
com o mercado internacional, da sua infraestrutura, da
sua participação no comércio
internacional e suas políticas
agrícolas. Diante disso, o relatório ressalta a importância
dos mercados futuros como
mecanismos de gerenciamento de risco na atividade
agropecuária. Este tipo de
ferramenta já tem facilitado
a comercialização agrícola em
países desenvolvidos e sua expansão para os países em desenvolvimento será benéfica
para estes mercados.
Para concluir, o relatório
prevê que mudanças estruturais serão necessárias para o
setor lácteo de um modo geral.
Produtores e laticínios terão
que ser mais proativos para se
adaptar às mudanças nos mercados de insumos, condições
de demanda, flutuações dos
preços e a crescente pressão
por segurança, qualidade e rastreabilidade de seus produtos.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Projection for the
world dairy market
Kennya Beatriz Siqueira
Researcher of Embrapa Dairy
Cattle
Marcos Franca de Almeida
Scholar of Fapemig, student of
Economy at UFJF
Report OECD/FAO Agricultural Outlook 2010-2019
has been broadcasted this week,
where projections for agricultural markets for the next 10 years
are presented. In this document,
Brazil figures together with
China, Russia, India and Ukraine among the largest rural producers of the next decade. Therefore, while Brazil is expected to
have a growth of more than 40%
in agriculture production until
2019, for the others an increase
of 20% is estimated.
In production as well as in
consumption, the greatest growth rates will happen in animal
origin products. Dairy sector
must have one of the largest
increases among commodities
evaluated with the popularity increase of dairy products among
consumers of countries in development and the demand expansion with the increase of wealth.
Resumption of global economic
growth and the population increase must push forward the
international commerce of dairy
products and prices during the
period assessed.
World production of Milk
must increase 2.2% per year until
2019, where great part of this increase is due to countries which
do not belong to OECD. Growth projection of dairy production until 2019 is: 31% for whole
powder milk, 28% for butter,
20% for cheese and 9% for dried
skim milk.
The countries of OECD must
continue to be the largest cheese consumers (representing ¾ of
Brazilian Dairy Yearbook 2010
this market). Therefore, the lar- politics. Before that, the report
gest increase of dairy consump- highlights the importance of
tion occurs mainly, for powder future markets as mechanisms
Milk and butter (38%) and it is of risk management in rural
led by countries which do not activity. This type of tool has
make part of OECD.
already made agricultural comAlthough dairy exportations mercialization in developed
must increase fast, countries countries easier, and its exwhich do not make part of pansion to countries in deveOECD must remain as great lopment will be beneficial for
importers in the period. In the these markets.
case of dairy exportations in
2019, the countries of OECD
will continue to domain external sales of butter (80%), cheese
(63%), whole powder milk (66%)
and dried skim milk (74%).
The report also indicates that
prices of dairy products are below their peak records in 20072008. But they are unlikely to
fall even more, instead of medium levels of the last decade.
Average prices of dairy products
are expected to be, in general
terms, 16-45% higher in 20102019 as compared to 1997-2006,
with butter prices recording
greater gain, due to higher prices of energy and vegetable oil.
Sustainable growth of emerging
markets is a determining factor
of prices and demand growth.
Expectation is, however, that
prices of dairy products grow
around 2-3% average per year,
from 2012, pushed forward by
growing demand. In relation with prices volatility, the report asserts that although volatility in short term
is high, it is not possible yet
to conclude whether this will
change in long term, thus the
extension with which variation
in world prices are led to domestic markets, depend on the
country’s degree of integration
with the international market,
of its infrastructure, participation in the international
business and their agricultural
To conclude, the report predicts that structural changes will
be necessary for the dairy sector in a general way. Producers
and dairy products will have to
be more proactive to adapt to
changes in input markets, conditions of demand, prices range
and growing pressure for safety,
quality and traceability of their
products.
41
Produção se
mantém estável
Segundo maior estado produtor de leite do país, Rio Grande
do Sul deve encerrar 2010 com mais de 3,6 bilhões de litros de
leite processados e capacidade ociosa de 70%
Depois de um ano com produção abaixo do esperado, conseqüência da forte estiagem que
atingiu o estado nos primeiros
meses de 2009, o Rio Grande
do Sul deve encerrar 2010 com
mais de 3,6 bilhões de litros de
leite processados, segundo estimativa do Sindilat.
De acordo com o levantamento mensal realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, o crescimento
deve ficar em torno de 3,56% em
comparação com 2009. A taxa é
bastante inferior àquela que o
estado tem registrado nos últimos três anos, que varia de 8%
a 10%.
Segundo Darlan
Palharini, secretário executivo
do Sindilat/
RS (Sindicato
das Indústrias
de Laticínios e
Produtos Derivados do Estado)
a capacidade instalada
atual, sem previsão de novas
indústrias grandes entrarem
em operação garantiram um
crescimento inferior aos outros
anos. “O Rio Grande do Sul
não consegue mais atingir os
patamares que vinha alcançando desde 2005 para cá. Quando
já se tem uma produção acima
de 3 bilhões de litros por ano,
crescer acima de 4% é muito
representativo”, destaca.
Trabalhando com uma ociosidade que varia entre 65%
e 70%, os laticínios gaúchos
42
teriam condições de suportar
um aumento representativo
na produção, mas o mercado impede esse crescimento.
“O mercado está desfavorável,
dificultando as exportações
e facilitando as importações.
Viramos facilmente alvos dos
países do Mercosul que conseguem enviar seus produtos a
preços abaixo do que ofertamos
no mercado interno”, explica.
Atualmente, 15,3 milhões de
litros de leite/dia são proces-
sados pelas 232 indústrias de
laticínio espalhadas pelo Rio
Grande Sul.
Para Palharini o grande desafio da cadeia leiteira gaúcha é
ter competitividade global. “O
mercado financeiro é um grande indicador nesse sentido e a
tendência é que a médio e longo
prazo o dólar não sofra grandes alterações”, observa. Diante
desse quadro, há necessidade
de aumento de produtividade,
segundo ele. “A cadeia precisa
encontrar maneiras de produzir
leite a um custo mundialmente
competitivo e para isso precisamos elevar a média de produtividade das vacas”, explica. Ele
afirma que em algumas regiões
do estado, como é o caso de Passo Fundo, não há possibilidade
de incremento significativo, mas
em outras é possível elevar consideravelmente as médias. Ele
defende a troca de um rebanho
mais antigo por outro com genética mais apurada.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Production
remains stable
Second largest Milk producer state in the country, Rio
Grande do Sul must end 2010 with more than 3.6 billion
liters Milk processed and idle capacity of 70%
After a year with production
below the expected, consequence of the strong drought that
occurs in the state in the first
months in 2009, Rio Grande do
Sul must finish 2010 with more
than 3.6 billion liters of milk
processed, according to estimate
of Sindilat.
According to monthly survey
accomplished by the Ministry
of Agriculture, growth must be
around 3.56% in comparison
with 2009. The rate is quite inferior to the one the state has
recorded in the last three years,
which ranges from 8% to 10%.
According to Darlan Palharini, executive secretary of Sindilat/RS (Sindicato das Indústrias
de Laticínios e Produtos Derivados do Estado) the current
capacity installed, without prediction that new large industries start running, guaranteed
growth inferior to other years.
“Rio Grande do Sul is no longer able to reach levels that it
had been reaching since 2005 so
far. When there is a production
which is over 3 billion liters per
year, growing over 4% is very
significant”, He emphasizes.
Working with idleness that
varies between 65% and 70%,
Brazilian Dairy Yearbook 2010
dairy gaúchos would have conditions to hold a significant
increase in production, but the
market prevents growth from
happening. “The market is unfavorable, making exportations
difficult and importations easier.
We became easy targets of the
countries from Mercosul that
manage to send their products
at prices below the prices we
offer in the internal market”, he
explains. Currently, 15.3 million
liters Milk/day are processed by
232 dairy industries spread in
Rio Grande Sul.
To Palharini the great challenge of the Milk chain gaúcha
is the global competitiveness.
“The financial market is a great
indicator in this sense and the
tendency is that at medium and
long term the dollar does not
have high changes”, he observes. Before this scenario, there
is a need of increasing productivity, according to him. “The
chain needs to find ways of
producing Milk at a competitive cost worldwide, and for that,
we need to raise this average of
cows productivity”, he explains.
He asserts that in some regions
of the state, as it is the case of
Passo Fundo, there is no possibility for significant increment,
but in others, it is possible to
raise the averages considerably.
He defends the change of an older herd for another with more
accurate genetics.
43
Água para
sanidade
Empresa de Selbach desenvolve
tecnologia de neutralização
microbiológica de águas
subterrâneas e superficiais que
podem ser amplamente utilizadas na
higienização de animas e instalações
Pesquisas publicadas apontam de forma contundente que
para se obter leite de qualidade
o setor produtivo enfrenta vários desafios, em especial àqueles
relacionados diretamente com
a qualidade da água utilizada
na higienização das instalações,
equipamentos de ordenha e em
todo processo de manipulação
pelo qual o produto passa.
Segundo Arno E Henn, gerente de Desenvolvimento da
Lics Super Água, de Selbach
(RS), a neutralização microbiológica de agentes contaminantes potenciais, previsivelmente
presentes na água não tratada,
além de minimizar os riscos de
contaminação do leite, assegura
a sanidade dos animais, maior
produtividade e qualidade do
produto com positiva repercussão econômica, beneficiando
tanto os produtores, a indústria
e os consumidores, além de aumentar a confiança do mercado
consumidor do leite e a competitividade dos derivados, tanto
no mercado nacional e internacional. “Frente às exigências
cada vez maiores do mercado
consumidor por qualidade, é
uma condicionante para se manter no setor, a modernização do
sistema produtivo de leite na
busca de maior produtividade
e sustentabilidade, a exemplo
de qualquer atividade da cadeia
44
produtiva”, explica.
Para auxiliar nesse processo e garantir uma água de boa
qualidade, a Lics Super Água
desenvolveu uma tecnologia de
neutralização microbiológica de
águas subterrâneas e superficiais,
sem o uso de energia elétrica.
O Gutwasser é uma estação de
tratamento de água de múltiplo
uso, cujo objetivo é neutralizar a
ação microbiológica de agentes
contaminantes, atribuindo ao
sistema de abastecimento a garantia de potabilidade da água
para qualquer consumo, podendo ser utilizado no tratamento
de águas para o consumo humano e dessedentação animal,
possibilitando o aproveitamento
de águas de baixa qualidade provenientes de lençóis superficiais
como, água de córregos, rios, represas, açudes e cisternas que armazenam águas das chuvas, bem
como, águas subterrâneas através
de poços tubulares profundos.
Em razão de não utilizar energia elétrica para seu funcionamento, o Gutwasser é também
recomendado em situações de
calamidades públicas, onde a
água não desinfetada pode representar risco à saúde, tornando o equipamento uma solução
pontual dado sua simplicidade,
praticidade e eficaz resolutividade, evitando a necessidade de
transporte de água por longas
distâncias.
O Gutwasser é simples, prático, funcional, compacto e não
requer manutenção, apenas a recarga de insumos para a cloração
da água, e pode ser instalado em
qualquer ponto da rede adutora,
ou seja, entre a captação e o reservatório de água, com eficiência dentro de parâmetros quantitativos de vazão de água entre
500 a 15.000 lt/h a uma pressão
ou desnível entre 0,5 Kgcm² e 12
Kgcm², além do que, o equipa-
mento não requer técnicos especializados para sua instalação
e não depende de manutenção
constante, bastando ser acoplado à rede de água, para funcionar. O mecanismo interno dosa
mecanicamente a quantidade
de cloro requerida, que pode ser
controlada pelo usuário através
de registros simplificados. O
Gutwasser chega ao mercado
no início de outubro de 2010, e
deverá custar entre R$ 1,5 mil e
R$ 2 mil.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Water for
health state
Company of Selbach
develops technology
of microbiological
neutralization of superficial
and groundwater that can
be widely used for animal
and installations hygiene
Researches published show
convincingly that in order to obtain Milk with quality the productive sector has several challenges in special those directly
related to water quality used in
hygiene of installations, milking
equipments and in all process
of manipulation through which
the product pass.
According to Arno E Henn,
manager of Development of Lics
Super Água, Selbach (RS), microbiological neutralization of potential contaminant agents, predictably present in non-treated water,
besides reducing the risks of Milk
contamination , guarantee animal
health state, greater productivity
and product quality with positive
economic repercussion, benefiting
producers, industry and consumers as well as increasing Milk
consumer market reliability and
competitiveness of dairy products,
in the national as well as in the
international market. “Before increasingly larger requirements of
the consumer market as for quality, it is a determinants to keep the
sector, modernization of the Milk
productive system searching for
greater productivity and sustainability, as example of any activity of
the productive chain”, he explains.
In order to help in this process
and guarantee good quality water, Lics Super Água developed
a technology of microbiological
neutralization of superficial and
groundwater, without the use
of electric energy. Gutwasser is
a station of multiple use water
treatment, which objective is
neutralize microbiologic action
of contaminant agents s, providing the supply system the guarantee of drinking water for any
Brazilian Dairy Yearbook 2010
consumption, being used in treatment of low quality water for
human consumption and water
for animals , making the use of
low quality water resulting from
superficial ground water table
like, water from streams, rivers,
ponds and dams, cisterns that
storage water from rain, as well
as ground waters through deep
wells, available.
Because Gutwasser does not
use electric energy for working,
it is also recommended in situation of calamities, where non
disinfected water can be risky to
health, making the equipment a
punctual solution given its simplicity, practicality and quality
assurance, avoiding the need for
transportation of water for long
distances.
Gutwasser is simple, practice,
functional, compact and does not
require maintenance, only recharge of inputs for water chlorinating, and it can be installed
in any local of main pipelines,
that is, between capture and water reservoir, with efficacy inside
quantitative levels of water flow
between 500 and 15.000 lt/h at
a pressure or gap between 0.5
Kgcm² and 12 Kgcm², beyond
what, the equipment does not
require specialized technicians
for its installations and does
not depend on constant maintenance, being coupled to water
net only to work. The internal
mechanism doses, mechanically,
the quantity of chlorine required that can be controlled by the
user through records simplified.
Gutwasser reaches the market in
the beginning of October 2010,
and must cost between R$ 1,5
thousand and R$ 2 thousand.
45
Por dentro
da qualidade
do leite
Responsável pela análise mensal de 140 mil
amostras de leite, o Sarle irá estreitar relação
entre produtores de leite e indústria láctea
através de um portal de transparência do leite
Já a partir de março de 2011,
os produtores de leite e indústrias de laticínios ligados ao
Sarle (Serviço de Análise de
Rebanhos Leiteiros) da Universidade de Passo Fundo terão a sua disposição uma nova
ferramenta. Um software foi
desenvolvido com a finalidade
de emitir alertas aos produtores cadastrados sempre que a
contagem bacteriana total e a
contagem de células somáticas
não se enquadrar no padrão
exigido. “O portal foi concebido para tentarmos criar um
mecanismo para disponibilizar
os resultados aos produtores de
leite de uma forma mais rápida
e clara”, explica o coordenador
do Sarle, Carlos Bondan.
O portal vertical com todas
as informações sobre a qualidade do leite analisado no Sarle ainda possibilitará um georeferenciamento da produção
de leite no Rio Grande do Sul.
O laboratório analisa mensalmente 140 mil amostras de
leite de 70 mil diferentes produtores. Ao se cadastrar no site
o produtor precisará informar
seus dados completos. “Toda
a vez que o produtor acessar
46
nosso site para obter os resultados da qualidade, ele vai ser
georreferenciado. Com o conhecimento das propriedades
podemos então concentrar forças em algumas regiões onde
determinados problemas são
mais freqüentes”, diz Bondan.
Segundo Bondan, o portal irá
possibilitar maior transparência
entre laboratório, produtores de
leite e indústria. Atualmente os
resultados das amostras coletadas pelas indústrias e enviadas ao laboratório chegam com
uma demora de sete a dez dias
ao produtor. Ao sair do laboratório, os resultados são enviados
ao Sistema de Inspeção Federal
do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e a
indústria. Ela que é responsável
por informar o produtor sobre a
qualidade do leite.
Na medida em que a amostra
chega ao laboratório ela passará a ser monitorada. Acessando
diariamente a página, o produtor
saberá onde está a sua amostra.
As informações são sigilosas e os
produtores terão apenas acesso
as suas amostras e as indústrias
as amostras de seus clientes. O
Mapa terá todas as informações.
Se o leite apresentar problemas
de qualidade, a cada novo acesso
será emitido um alerta. Ao clicar
sobre esse alerta, ele receberá os
resultados, o motivo pelo qual
seu leite foi reprovado, os fatores que podem ter ocasionado o
problema e também o que fazer
para saná-lo.
Conforme Bondan, o portal será uma ferramenta para o
Mapa na hora de cobrar da indústria de laticínios um maior
rigor na aquisição do leite e também para os órgãos públicos que
poderão identificar onde estão
os produtores com problemas
na qualidade do leite produzido.
“Como haverá um georreferenciamento desses produtores será
possível identificar problemas
semelhantes nas mesmas regiões
e garantir com que ações de reparo sejam feitas de forma mais
imediata”, observa.
Um recurso da Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia
garantiu o desenvolvimento do
portal e a aquisição do software.
Desde seu credenciamento com
o Mapa, o Sarle já foi auditado
três vezes e em todas elas, os resultados demonstraram excelência em equipamentos e pessoas.
Anuário Brasileiro do Leite 2010
Becoming
aware of
Milk quality
Responsible for the monthly analysis of 140
thousand samples of Milk, Sarle will strengthen
the relationship between Milk producers and dairy
industry by means of a Milk portal of transparency
From March de 2011, Milk
producers and dairy industries
linked to Sarle (Analysis Service
of Dairy Herds) of Passo Fundo
University will have a new tool
for you. Software was developed
in order to alert producers registered whenever the total bacterial counting of somatic cells do
not fit in the pattern required.
“The portal was created to try
achieving a mechanism to make
results to Milk producers available quickly and clearly”, explains
the coordinator of Sarle, Carlos
Bondan.
The vertical portal with all information on Milk quality evaluated at Sarle will still make a
geocoding of Milk production
in Rio Grande do Sul possible.
The laboratory evaluates, monthly, 140 thousand samples of
Milk from 70 thousand different producers. When registering on the site the producer
will need inform his or her data.
“Whenever producers access
our site to obtain results on quality, they will be geocoded. By
having knowledge about proBrazilian Dairy Yearbook 2010
perties we can then concentrate
strengths in some regions where
determined problems are more
frequent”, says Bondan.
According to Bondan, the
portal will provide more transparency among the laboratory,
Milk producers and industry.
Currently, the results of the
samples collected by industries
and sent to the laboratory take
seven or ten days long to get to
the producer. When leaving the
laboratory, the results are sent to
the Federal Inspection System
of the Ministry of Agriculture
and to the industry, which is responsible for informing the producer about Milk quality.
As the sample arrives at the laboratory it will start to be monitored. By accessing the Page daily, the producer will know where
his or her sample is. Information
is confidential and producers
will have access to their samples
only, and industries to samples
from their customers.The map
will have all information. If
Milk shows quality problems, at
each new access an alert will be
allowed. When indicating about
this alert, he or she will receive
the results, the reason why his or
her Milk was reproved, factors
that might have provoked this
problems and also what needs to
be done in order to save it.
According to Bondan, the
portal will be a tool for the Map
at the time of requiring from
dairy industries a greater rigor
for Milk acquisition and also for
public bodies which may identify
where producers with problems
in the quality of Milk produced
are. “As it will be a geocoding of
these products, it will be possible
to identify similar problems in
the same regions and guarantee
that corrective actions be made
more immediately”, he observes.
A resource of the Secretaria
Estadual da Ciência e Tecnologia guaranteed the development
of the portal and the software
acquisition. Since its registering
with the Map, Sarle has already
been audited three times and
in all them, the results showed
excellence in equipments and
people.
47
Controle da
indústria
até a mesa
A Tetra Pak Brasil disponibiliza desde 2009 um produto
que revoluciona os processos de
controle nas cadeias de processamento e envase das empresas
do setor de alimentos líquidos
e sólidos. Trata-se do sistema
Rastreabilidade Ativa Tetra Pak.
“A rastreabilidade na indústria
alimentícia visa o registro de
todo o histórico do processo de
produção de um alimento. Já a
Rastreabilidade Ativa Tetra Pak
vai além desse conceito, proporcionando à indústria o que há de
mais moderno em termos de registro automatizado de informações, acrescido do controle integrado do processo produtivo e a
disponibilidade das informações
ao consumidor”, explica Eduardo Eisler, diretor de Marketing
Estratégico da Tetra Pak.
A Rastreabilidade Ativa permite a coleta e o controle das informações de fabricação de um
alimento em todas as suas fases: recepção da matéria-prima,
processamento, envase, controle
de qualidade e distribuição. As
informações obtidas em tempo
real podem ser consolidadas e
cruzadas para gerar uma visão
completa de todo o fluxo de produção dos alimentos e aumentar
a agilidade da indústria no controle de eventuais problemas. “O sistema permite diagnosticar, solucionar e prevenir problemas com a utilização de uma
ferramenta online que expõe
minuciosamente as informações
e cruza dados ao longo de todos os processos”, explica Pedro
Gonçalves, gerente de Sistemas
48
Integrados Especiais da Tetra
Pak. “Ao acessar um hotsite, o
sistema fornece detalhes das etapas de processamento e envase,
proporcionando mais transparência, agilidade e confiabilidade, além de reforçar o controle
da produção. O próprio consumidor, por exemplo, poderá consultar as informações do produto
que comprou”, completa. Como funciona
A Rastreabilidade Ativa é
baseada em três ferramentas: o
Tetra PlantMaster TM da Tetra
Pak, um sistema de controle, supervisão e operação da produção
de alimentos; um sistema de gerenciamento da qualidade e uma
plataforma de comunicação via
Internet. O sistema é diretamente conectado a todos os equipamentos, sensores e laboratórios
da planta, além dos pontos de
controle de entrada de matéria
prima e saída do produto acabado. Os dados coletados em todos
esses pontos, como temperatura,
vazão, pressão, análise microbiológica e físico-química, limpeza, insumos, alarmes, tempo de
operação, entre outros, são consolidados em um único banco de
dados. A indústria tem o acesso
a todos os dados em tempo real,
por meio de relatórios, e ainda
pode disponibilizar informações, conforme seu critério, pela
Internet ao consumidor. Um código impresso em cada
embalagem no momento do envase é o que identifica um produto totalmente rastreado. “Com a
Rastreabilidade Ativa Tetra Pak
as informações são relacionadas
a cada unidade de produto, e não
a um lote. Ou seja, cada embalagem possui um código único
ao qual estão vinculadas todas as
informações sobre aquela unidade de produto específica, como
um RG. Tal sensibilidade proporciona a precisa localização
dos produtos porventura comprometidos (recall cirúrgico)”,
afirma Eduardo Eisler. Atendendo a indústria
brasileira de alimentos
A indústria de alimentos possui
um parque industrial bastante desenvolvido e se utiliza de modernas tecnologias de processamento
e envase a fim de disponibilizar
alimentos seguros ao consumidor brasileiro. A Rastreabilidade
Ativa Tetra Pak é uma resposta
à demanda dessa indústria para
atender não só o consumidor
brasileiro, que cada vez mais quer
conhecer e entender a origem dos
produtos que adquire, mas também atender o mercado externo,
onde a Rastreabilidade já é uma
exigência legal. A solução estabelece um mapeamento de todas as etapas e
ainda padrões de arquitetura
para o processo de produção,
possibilitando inclusive a otimização dos processos, tomada
de ações preventivas na área de
qualidade e, consequentemente,
a redução nos custos operacionais. “As informações transcritas contribuem para futuras
melhorias e agregando valor ao
produto final”, comenta Pedro
Gonçalves. Anuário Brasileiro do Leite 2010
Sistema desenvolvido pela Tetra
Pak traz total controle da cadeia de
processamento e envase de alimentos,
agregando segurança, transparência,
agilidade e confiabilidade
Brazilian Dairy Yearbook 2010
49
Control of the industry
up to the table
System developed by Tetra Pak brings total control of the processing chain
and storage of food, aggregating safety, transparency, agility and reliability
Tetra Pak Brazil has made a
product, which revolutionizes
control processes in processing
chains and storage of companies
of liquid and solid food sector,
available. It is about traceability
system Ativa Tetra Pak. “Traceability in food industry aims
at the Record of all production
process history of a food. But
Traceability Ativa Tetra Pak
goes beyond this concept, providing industry with more modern
in terms of information automated registration, plus integrated
control of the productive process
and availability of information
to consumer”, explains Eduardo
Eisler, Strategic Marketing director of Tetra Pak.
Traceability Ativa allows the
collection and control of information of food manufacture in
its all stages, to wit: reception of
raw material, processing, storage,
quality control and distribution.
Information obtained in real time
can be consolidated and crossed
to create a full vision of all food
production flow and increase the
industry’s agility in the control of
occasional problems. “The system allows diagnosing, solving and preventing
problems from happening by
using an online tool, which exposes information thoroughly,
and cross data over all processes”, explains Pedro Gonçalves,
manager of Special Integrated
Systems of Tetra Pak. “When
accessing a hotsite, the system
provides details of these stages
of processing and storage, providing more transparency, agility
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and reliability, besides strengthening the production control.
The consumer, for example, can
check information on the product was purchased”, argues. How it works
Traceability Ativa is based on
three tools: Tetra PlantMaster
TM of Tetra Pak, a control system, supervision and operation
of food production; a quality
management system and one
platform of communication
via Internet. The system is di-
rectly linked to all equipments,
sensors and plant laboratories,
besides control points of raw
material input and final product
output. The data collected in all
these points, like temperature,
flow, pressure, microbiological
and physic-chemical analysis,
cleaning, inputs, alarms, time
of running, among others, are
consolidated in one single data
base. The industry has access to
all data in real time, by means
of reports, and can still provide
information, according to its cri-
terion, by Internet to consumer. A printed code in each package at the moment of storage is
what identifies a product completely traced. “With Traceability Ativa Tetra Pak, information
is related to each product unit,
and not to a lot. That is, each
package has a single code which is linked all information on
that specific product unit, like
a RG. Such sensibility provides
the product precise local, which
is possibly damaged (surgical recall)”, asserts Eduardo Eisler. Atendendo a indústria
brasileira de alimentos
Food industry has a quite
developed industry park and
makes use of modern technologies of processing and storage, in
order to provide safe food to the
Brazilian consumer. Traceability
Ativa Tetra Pak is one answer
to the demand of this industry
to meet not only the Brazilian
consumer, Who wants to know
and understand the origin of the
products are acquired, but also
meet the external market, where
the traceability is already a legal
requirement. The solution establishes a mapping of all stages and patterns
of architecture for the process of
production, also providing optimization of processes, preventive actions in quality area and,
consequently, reduction in operating costs. “Information transcribed contribute for further improvements aggregating value to
final product”, comments Pedro
Gonçalves. Anuário Brasileiro do Leite 2010
Brazilian Dairy Yearbook 2010
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Anuário Brasileiro do Leite 2010