Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 REVISTA FEMA GESTÃO E CONTROLADORIA 1 CORPO EDITORIAL 1.1 COMISSÃO EDITORIAL Prof.ª Ms. Andréa Maria Cacenote Prof. Ms. Antonio Roberto Lausmann Ternes Prof. Dr. Ernani Ott Prof.ª Ms. Lidiane Ribeiro da Veiga Prof.ª Ms. Márcia Adriana Dias Kraemer Prof. Ms. Marcos Rogério Rodrigues Prof. Ms. Marcos Volnei dos Santos 1.2 CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Adriano Mendonça Souza – UFSM Prof. Dr. Francisco José Ferreira Silva – Universidade dos Açores /PT Prof. Dr. João Guilherme Casagrande – URI Prof. Dr. Mário Luiz Evangelista – UFSM Prof.ª. Dr.ª Liliana María Dieckow – Universidade Gastón Dachary/AR Prof.ª Dr.ª Marlei Salete Mecca – UCS Prof. Dr. Rodolfo Miranda de Barros – UEL Prof. Dr. Rudimar Antunes da Rocha – UFSC 1.3 PARECERISTAS Prof. Ms. José Noronha Rodrigues - Universidade dos Açores, DEG Prof. Ms. Marcelo Blume – UNIJUI Prof. Ms. Nery Alberto Dominguez Franco – URI 1.4 EDITORAÇÃO Prof.ª Ms. Márcia Adriana Dias Kraemer R454 Revista FEMA Gestão & Controladoria: revista de publicação científica./Faculdades Integradas Machado de Assis. – Santa Rosa, Nº. 2. Jul./Dez. 2011. ISSN: 2236-8698 Publicação Semestral 1. Administração. 2. Controladoria. 3.Artigos Acadêmicos. I.Faculdades Integradas Machado de Assis CDU: 658(05) Catalogação na Fonte: Kelly M. Bernini – CRB-10/1541 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 4 1 ANÁLISE DO PROCESSO DE MUDANÇA ESTRATÉGICA E ADAPTAÇÃO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO: O CASO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO BÁSICA FRANCISCO DE ASSIS ............................................................................................. 7 2 AS TECNOLOGIAS DO MARKETING PARA A ATRAÇÃO E RETENÇÃO DE CLIENTES ................................................................................................................ 31 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE NA FEMA: A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA . 44 4 EFEITO DA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL DO SETOR DE VENDAS SOBRE O FATURAMENTO ...................................................................................................... 66 5 INOVAÇÃO COM SUSTENTABILIDADE.............................................................. 89 6 MECANISMOS DE CONTROLE INTERNO......................................................... 108 7 PESQUISAS SOBRE A LINGUAGEM XBRL: ANÁLISE METODOLÓGICA EM PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS ............................................................................... 125 8 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING PARA EMPRESA DO RAMO METALÚRGICO .......................................................................................... 147 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 APRESENTAÇÃO As Faculdades Integradas Machado de Assis, por meio do Núcleo de Pesquisa, de Pós-Graduação e de Extensão – NPPGE, apresentam a nova edição eletrônica da Revista FEMA: GESTÃO E CONTROLADORIA, no intuito de compartilhar com seus leitores a produção dos saberes científicos e a sua popularização. Nessa perspectiva, a instituição entende que materializar discursivamente o conhecimento acadêmico, a partir da tessitura de eixos problematizadores os quais estão inseridos no Projeto Pedagógico Institucional – PDI/FEMA, permite concretizar o fio condutor da condição científica universitária que é produzir ensino, pesquisa e extensão. Propõe-se, então, transitar por delimitações temáticas que viabilizem refletir sobre a educação e as políticas sociais, o desenvolvimento regional sustentável, a gestão e o desenvolvimento das organizações, além da gestão da tecnologia da informação e da inovação tecnológica. No âmbito da educação e das políticas públicas, neste número, tem-se, como primeira contribuição, o texto Análise do processo de mudança estratégica e adaptação em uma instituição de ensino: o caso do Centro de Educação Básica Francisco De Assis, de Cristiele Tomm Deckert, Rúbia Beatriz Schwanke e Jorge Odeide Sausen. O artigo analisa o processo político-pedagógico da Escola Francisco de Assis, da cidade de Ijuí-RS, com o objetivo de verificar a sua adaptação organizacional, ao longo de quase duas décadas, a fim de expor e de interpretar os fatores significativos desse percurso. Inserido no eixo da gestão e do desenvolvimento de organizações, o segundo artigo, intitulado As tecnologias do marketing para a atração e retenção de clientes, dos autores Alisson Luis Basso, Marceli Martinelli, Nedisson Luis Gessi e Marcos Rogério Rodrigues, pretende discutir como as empresas estão organizadas no que se refere às tecnologias de fidelização de clientes. Com efeito, desenvolvem uma pesquisa de natureza qualitativa, com caráter de estudo de caso, em que procuram Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 identificar quais as ferramentas de gestão utilizadas em quatro empresas de vestuário da cidade de Porto Lucena-RS, no que diz respeito à temática proposta. Educação a distância on-line na FEMA: a primeira experiência é um artigo em que os autores, Mauro Lorençatto e Marie Jane Soares Carvalho, propõem o estudo sobre a progressão das tecnologias digitais nas atividades da educação, em específico a modalidade da Educação a Distância (EAD) on-line, subsidiada no paradigma da Tecnologia da Informação. Utilizam a Teoria da Distância Transacional, com o objetivo de fundamentar a análise e contribuir para o planejamento da utilização de recursos tecnológicos adequados ao estabelecimento da distância transacional apropriada a cada projeto EAD on-line das Faculdades Integradas Machado de Assis de Santa Rosa-RS. Tiago Machado de Sá e Andréa Maria Cacenote trabalham o texto Efeito da remuneração variável do setor de vendas sobre o faturamento, procurando investigar a relação e a possível interferência da remuneração variável do setor de vendas da Ketten Bebidas sobre o faturamento da empresa. Por meio do estudo dos dados coletados, integrando-se ao eixo da gestão e do desenvolvimento das organizações, os autores percebem a necessidade de uma proposta que consolide o novo plano de remuneração da instituição, sendo ponto de influência direta nos resultados, com ajustes calcados em análises e tendências de mercado. Inovação com sustentabilidade, de Rosmere Gregory da Rosa e João Antonio Cervi, destaca a importância das organizações inovarem seus produtos e seus processos, respeitando a sustentabilidade do contexto atual. Ao apresentar uma reflexão sobre as três dimensões que envolvem o desenvolvimento regional sustentável - a questão ambiental, a social e a econômica -, elaboram uma pesquisa com o intuito de observar o projeto inicial e as inovações incrementais implantadas por uma organização. Por meio do Setor de Pesquisa e de Desenvolvimento da instituição analisada, observam que há organizações preparadas para atuarem no mercado com uma postura voltada à inovação e à sustentabilidade, contando com o apoio dos consumidores que optam por seus produtos. No âmbito da gestão e do desenvolvimento das organizações, Deise Daiane Schöninger, Nívea Andréia Liesenfeld e Lidiane Ribeiro da Veiga desenvolvem, com Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Mecanismos de Controle Interno, um estudo sobre os mecanismos de controle interno e suas aplicações, bem como seus modelos de estrutura e sua forma de implantação nas empresas. Elas defendem que, independente do porte da instituição, ter controle é fundamental, permitindo a realização dos processos com maior segurança, padronização, transparência e informações confiáveis para a tomada de decisões. Jéferson de Souza Flores, no artigo Pesquisas sobre a linguagem XBRL: análise metodológica em publicações científicas, retrata as características metodológicas das publicações sobre a linguagem XBRL, intencionando identificar a tendência desse tipo de relatório de pesquisa. De acordo com o resultado, o pesquisador percebe a necessidade de reflexão sobre a pouca quantidade de produções, sendo predominantemente de caráter exploratório, o que pode caracterizar o fato de ser um tema recente, com falta de indicativos metodológicos aplicados aos artigos de alguns países. Por fim, Planejamento estratégico de marketing para empresa do ramo metalúrgico, escrito por Cátia Guadagnin Rossa e Luciano Frank, pretende fazer um estudo de uma empresa metalúrgica, localizada na cidade de Santa Rosa, RS. Os autores buscam informações, com a intenção de identificar as possíveis oportunidades que a empresa tem de expandir e de reduzir ou mesmo excluir os problemas. A partir do resultado dos dados obtidos, perceberam que o bom atendimento e a qualidade em serviços é imprescindível para que a organização consiga sempre atingir total satisfação de seus clientes. Diante das propostas apresentadas, a REVISTA FEMA: GESTÃO E CONTROLADORIA agradece e parabeniza a participação dos colaboradores que, tão apropriadamente, contribuem para que a instituição possa produzir ciência no ensino, na pesquisa e na extensão, ao concretizar experiências disciplinares e interdisciplinares, constituindo a centralidade do espaço de reflexão entre a academia e a comunidade. Márcia Adriana Dias Kraemer Coordenadora do Núcleo de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação - NPPGE/FEMA. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 ANÁLISE DO PROCESSO DE MUDANÇA ESTRATÉGICA E ADAPTAÇÃO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO: O CASO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO BÁSICA FRANCISCO DE ASSIS. Cristiele Tomm Deckert1 Rúbia Beatriz Schwanke2 Jorge Odeide Sausen3 Unijuí4 RESUMO Com o intuito de criar um modelo pedagógico libertador de potencialidades das crianças de dois a seis anos, a EFA começou a sua história na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil. De forma ousada, os primeiros profissionais da instituição propuseram para o município interiorano, colonizado por descentes de europeus, um Projeto Político Pedagógico diferente. Para consolidar este movimento pioneiro na região, a EFA precisou utilizar algumas estratégias de mudanças e, da mesma forma, necessitou adaptar-se aos novos ambientes. O objetivo deste trabalho é analisar como ocorreu esse processo de mudança e adaptação da Instituição, durante dezenove anos de sua história (1990 a 2009). Para isso, desenvolveu-se um estudo de caso singular, de natureza qualitativa. Usaram-se os estudos de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992) para entender como ocorreu esse processo de mudança organizacional, e desta forma, expor e interpretar os fatores significativos que causaram as mudanças dentro da EFA. O caso estudado trata-se de uma escola privada que, atualmente, é mantida pela Fidene também mantenedora da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a Unijuí. Palavras-Chave: Organizacional. 1 Direct research - Gestão Estratégia - Mudança Mestranda em Desenvolvimento pela Unijuí, Linha de Pesquisa: Administração Pública e Gestão Social. Bolsista pela Capes da Fundação Getúlio Vargas - FGV-RJ. Assessora de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado – Sinteep Noroeste RS. E-mail: [email protected]; 2 Mestranda em Desenvolvimento da Unijuí na linha de Pesquisa Gestão de Organizações para o Desenvolvimento. Publicitária da Coordenadoria de Marketing da Unijuí. E-mail: [email protected]; 3 Pós-Doutor em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas EBAPE, da Fundação Getúlio Vargas - FGV-RJ. Professor da disciplina de Estratégia e Mudança Organizacional no Mestrado em Desenvolvimento da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. E-mail: [email protected]; 4 Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Rua do Comércio, 3000, Bairro Universitário - Ijuí/RS - Telefone: (55) 3332-0200 – E-mail: [email protected] Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 ABSTRACT With intention to create a liberating pedagogical model of potentialities for the children of two to six years old EFA started its history in the city of Ijuí, Rio Grande Do Sul, Brazil. This challenging process from the first professionals of the institution had considered for the provincial city, colonized for descents of Europeans, a different project Pedagogical Politician. To consolidate this pioneering movement in the region the EFA needed to use some strategies of changes, and in the same way, it needed if to adapt to new environments. The objective of this work is to analyze as it occurred this process of change and adaptation of the Institution, during nineteen years of its history (1990 the 2009). For this, a study of singular case, qualitative nature was developed. The studies of Pettigrew, Ferlie and Mckee had been used (1992) to understand as this process of organizacional change occurred, and in such a way, to display and to interpret the significant factors that had inside caused the changes of the EFA. The studied case is about a private school that currently is kept by the also main management Fidene of the northwestern University of the State of the Rio Grande Do Sul, the Unijuí. Keywords: Direct Research - Management Strategy - Organizacional Change. INTRODUÇÃO Historicamente, a escola é um lugar legitimado para as ações de ensinoaprendizagem, pensando desta forma, a EFA propôs uma experiência inovadora tornando-se um grande marco na cidade de Ijuí. Primeiramente, trabalhou a educação permeada pela arte, pelas diferenças artísticas e, depois por um projeto de escola de Educação Fundamental que tinha ideias marcadas pela autoria de ideias, pela criação e pela ousadia. A EFA desde sua criação ofereceu para a região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul uma proposta diferenciada de trabalho. Mesmo com todo seu diferencial, com o tempo, precisou adotar outras estratégias para permanecer no mercado. As estratégias utilizadas pelas organizações para promover mudanças ocorrem através de decisões e ações tomadas pelos gestores, portanto, estas estratégias adotadas necessitarão de adequações na organização e também no ambiente em que está inserida, o que a torna de natureza complexa. Este trabalho pretende, por meio de uma pesquisa qualitativa, analisar a seguinte questão: como Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 ocorreu o processo de mudança estratégica e adaptação da EFA, durante o período de 1990 a 2009? A opção por este período considerou as mudanças pela qual a Instituição de Ensino passou, primeiramente, pela busca de sustentação financeira, depois a autossuficiência financeira e, por fim, a consolidação da Educação Profissional. O objeto de estudo desta pesquisa é o Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA) mantida pela Fidene. Este estudo é dividido em três partes: primeiramente expõe-se a metodologia aplicada, na seqüência, a análise do processo de mudança e adaptação estratégica organizada por eventos críticos e períodos estratégicos pelos quais a organização passou, considerando o modelo de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992). Por fim, apresenta-se uma análise teórica do estudo de caso através do método “direct research” proposto por Mintzberg (1979), e, as considerações finais. 1 METODOLOGIA A metodologia aqui descrita tem abordagem qualitativa baseada em um estudo de caso singular e interpretativo sobre as mudanças e adaptações estratégicas ocorridas na EFA. Minayo (2004) explica que a pesquisa qualitativa procura estabelecer níveis de realidade que não podem ser quantificados, pois trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes. Para expor e interpretar os fatores significativos que causaram as mudanças dentro da EFA utilizou-se a abordagem de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992), eles entendem que as mudanças estratégicas devem ser analisadas conforme o conteúdo (o que mudou), o processo (como mudou) e o seu contexto (por que mudou). O contexto pode ser considerado interno e externo, o primeiro se refere ao contexto nacional econômico, político e social, já o segundo, trata da estratégia, estrutura, cultura, gerenciamento e processo político. Os autores explicam que as mudanças não devem ser vistas como um fim em si mesmas, mas sim, como meios para um fim. Pettigrew argumenta que a pesquisa sobre mudança deve envolver a interação contínua entre as ideias a propósito do contexto da Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 mudança, o processo da mudança e o respectivo conteúdo, juntos com a habilidade regulam as relações entre os três. Para realizar a coleta de dados foram realizadas entrevistas em profundidade, pesquisa documental e bibliográfica. Inicialmente, optou-se por fazer a pesquisa bibliográfica para definir o período que seria analisado. Após foram feitas as entrevistas com duas professoras que participaram da administração da EFA em momentos marcantes na sua história, como na implantação do Ensino Médio e Ensino Técnico. Conforme Minayo (2004) nesta classificação de entrevista, o informante é convidado a falar livremente sobre um tema e as perguntas do investigador, quando são feitas, buscam dar mais profundidades às reflexões. Com base nas entrevistas iniciou-se ainda uma pesquisa dos documentos emitidos pela escola, como: relatórios anuais (guardados no Museu Antropológico Diretor Pestana) e em revistas publicadas em comemoração aos 30 e 40 anos da escola. A partir dos dados coletados e baseados nas mudanças estratégicas e adaptações que a EFA sofreu elaborou-se um quadro com os eventos críticos determinados importantes no período de 1990 a 2009. Depois de descritos os períodos estratégicos e eventos críticos realizou-se uma análise teórica do estudo de acordo com os procedimentos de análise indicados pela abordagem da “direct research” proposto por Mintzberg (1979), que são: a) coleta de dados; b) inferência dos períodos e estratégias de mudança; c) análise dos períodos de mudança; d) análise teórica do estudo. Mintzberg escreve que a “direct research” pode ser denominada por estratégias de pesquisas baseadas na descrição e indução, confiança em algo simples e, dimensão de muitos elementos em termos organizacionais reais, suportados por episódios (1983). 2 PERÍODOS ESTRATÉGICOS E EVENTOS MARCANTES NO PROCESSO DE MUDANÇA E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DA EFA A EFA, atualmente designada Centro de Educação Básica Francisco de Assis, é uma escola que tem sua origem marcada pela ideologia da Fidene/Unijuí, na qual a orientação comunitária sempre prevaleceu na busca por uma educação Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 diferenciada e de qualidade. Para fins de análise do processo de mudança e adaptação estratégica da EFA foram elencados três períodos estratégicos a partir do ano de 1990 a 2009, e nestes períodos, identificados doze eventos críticos que marcaram os principais acontecimentos estratégicos da escola, conforme listado na tabela a seguir. Mintzberg indica que fenômenos imensuráveis como a história, a ideologia, é na verdade os mais relevantes para o estudo da organização, (1979). Esse pensamento é reforçado por Salama(1994, p.34) quando afirma que “o estudo das histórias/biografias das organizações fornece ao pesquisador ricos insights teóricos sobre o desenvolvimento organizacional”. A EFA, desde sua origem em 1968, tem suas raízes no Instituto Psicopedagógico Infantil (IPPI), quando um grupo de profissionais, professores e psicólogos ligados à universidade passam a desenvolver trabalhos junto a crianças de 2 a 6 anos de idade. Desde sua constituição, a Escolinha de Arte do IPPI propõe um projeto alternativo, baseado na experimentação e na livre expressão da criança, princípios da arte-educação do Educador Augusto Rodrigues. No ano de 1976 a escolinha cresceu e, com a oferta de turmas do ensino fundamental, passa a se chamar Escola de 1º Grau Francisco de Assis. A partir da década de 80, dificuldades financeiras inviabilizaram alguns projetos. Também algumas turmas/séries foram desativadas. No ano de 1984 a escola consegue reestruturar-se novamente, e as turmas desativadas são novamente oferecidas. A escola dá continuidade ao seu projeto de crescimento, buscando reforçar seu diferencial na conscientização e vivência dos valores franciscanos. A partir disso, consegue aprovação para a implantação do 2º grau, concluindo seu projeto enquanto escola, concretizando todo o ciclo de ensino fundamental e médio. Ainda outra mudança na escola foi fundamental para o processo de autossustentação da EFA, que foi a implantação dos cursos técnicos, inicialmente e, posteriormente, os cursos de capacitação e pós-técnicos. Os eventos acontecidos a partir do ano de 1990 serão explicitados a seguir. Períodos Estratégicos Período 1 Eventos Críticos Relacionados I 1 Desvinculação - EFA passa a ser mantida da Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Busca de Sustentação Financeira (1990 a 1993) 990 I I 990 I II 991 I V I II Período 2 Autossuficiência Financeira (1994 a 2000) III X I II III Período 3 Consolidação da Educação Profissional (2000 a 2009) IV V VI VII VIII 992 V 992 V 993 V 993 V 994 I 995 X 996 X 996 X 998 X 001 X 001 X 002 X 007 X 009 X 009 Fidene – privatização da escola 1 Cobrança de mensalidades buscando autossustentação 1 Elaboração da campanha publicitária para divulgação da EFA à comunidade 1 Autorização para funcionamento do 2º grau – aprovação pelo CEE 1 Alteração do nome – passa a se chamar Escola de 1º e 2º graus Francisco de Assis 1 Primeira eleição para escolha de diretor da EFA e implantação do conselho de pais 1 Primeira turma de 2º grau 1 EFA começa a se autossustentar 1 Ano de déficit orçamentário 1 Compra de vagas pela 36º DE para o 2º grau 1 EFA recomeça a se autossustentar 1 Reconhecimento do Banco Mundial como escola inovadora a nível nacional 2 Orientação para cursos profissionalizantes – oferta de cursos técnicos (iniciando com técnico em enfermagem) 2 Criada a Unidade de Educação Profissional EFA Três Passos 2 Início da oferta de curso de qualificação 2 EFA passa a se chamar Centro de Educação Básica Francisco de Assis 2 Criação das unidades de educação profissional em Santa Rosa e Panambi 2 Parceria com Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificação Quadro 1:Períodos Estratégicos e Eventos Críticos da EFA. Fonte: Elaborado pelos autores. O quadro 1 traz as categorias analíticas proposta por Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992), as mudanças estratégicas devem ser analisadas conforme o conteúdo (o que mudou), o processo (como mudou) e o seu contexto (por que mudou). O conteúdo refere-se à área particular de transformação em estudo, o processo diz respeito as ações, reações e interações das várias partes interessadas no processo de negociação das propostas de mudanças, já o contexto divide-se em ambiente interno e externo à organização. O período proposto para análise determinou-se devido os eventos críticos que marcaram a história da escola. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 2.1 PERÍODOS ESTRATÉGICOS 2.1.1 Período Estratégico I: Busca de Sustentação Financeira. O período entre os anos de 1990 e 1993 é marcado por profundas transformações na escola, tanto no sentido pedagógico quanto em adequações financeiras visando à autossustentação da EFA. Desta forma, cita-se a existência de sete eventos críticos que marcaram as mudanças na escola: I - Desvinculação - EFA passa a ser mantida da Fidene – privatização da escola (1990) Em 1990 a Escola de 1º Grau Francisco de Assis, até então considerada um órgão suplementar do curso de Pedagogia da Unijuí, ganha status de mantida e passa a ser vinculada à Fidene. Ao assumir status de escola particular, a EFA parte do princípio da necessidade de se autossustentar. Naquele período, a escola prestava serviços públicos ao Estado. Existia um acordo entre a EFA e o Governo do Estado: o Estado cedia professores para trabalharem na escola, e a escola, em contrapartida, atendia alunos carentes enviados pelo Poder Público. Isso era chamado na escola de “compra de vagas pelo Estado”. Neste período, a EFA era responsável, inclusive, pela alimentação dos alunos. À medida que o Estado retira a parceria, a EFA passa a assumir os custos de manutenção dos alunos carentes e entra num período de significativo déficit orçamentário. II – Cobrança de mensalidades buscando autossustentação (1990) A partir deste fato, a EFA começa a cobrar mensalidade de seus alunos. É um período marcado por evasão daqueles que não tinham condições financeiras para pagar a mensalidade da escola. Também neste período foram feitas outras manobras internas visando à redução dos gastos e a viabilização da escola, como o Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 cancelamento de algumas turmas e a junção de alunos (atualmente chamamos de junção de turmas). III - Elaboração da campanha publicitária para divulgação da EFA à comunidade (1991) Outra constatação da EFA neste período é a da necessidade de mudar a “imagem” que a escola tinha junto à comunidade, visando ao aumento do número de alunos matriculados. Assim, a EFA parte do diferencial de ser referência na construção de tendências pedagógicas diferentes – do aprender vivendo a experiência do saber – e constrói uma campanha publicitária buscando mostrar a EFA como uma escola que proporciona o aprendizado a partir da experimentação. A campanha publicitária realizou-se em toda a região do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. IV - Autorização para funcionamento do 2º grau – aprovação pelo CEE (1992) Com o amadurecimento da escola que se sucedeu após sua privatização, inicia-se um processo de busca da continuidade do ensino. Professores e comissão representativa dos pais de alunos reuniram-se para aprimorar discussões sobre a implantação do segundo grau na escola e a formatação do projeto junto ao Conselho Estadual de Educação (CEE). A escola recebe a autorização para o funcionamento do 2º Grau no dia 02 de dezembro de 1992. Conforme a diretora Marisa Frizzo, a inclusão do segundo grau na EFA também visou aumentar o número de alunos, visto que eles não mais abandonariam a escola quando concluíssem o primeiro grau, mas permaneceriam por mais três anos ainda, para realizar o ensino médio, e esse fato também poderia atrair outros alunos, que desejassem realizar o 2º Grau em uma escola como a EFA. V - Alteração do nome – passa a se chamar Escola de 1º e 2º graus Francisco de Assis (1992) Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A partir da aprovação da oferta de 2º Grau na EFA, a mesma passa a se chamar Escola de 1º e 2º Graus Francisco de Assis, para estar em conformidade com o plano estabelecido pela escola. A grade curricular inicialmente composta é de 3.960 horas/aula, trabalhadas nos turnos da manhã e algumas tardes, utilizando laboratórios da Unijuí (química, biologia, matemática, física, computação) como suporte para o aprendizado. VI - Primeira eleição para escolha de diretor da EFA e implantação do Conselho de Pais (1993) Até este momento, a escolha dos diretores da EFA era feita por indicação a cargo da direção da Fidene. Em 1993, a escola abre um processo eleitoral para a escolha do novo diretor. Duas chapas concorrem à eleição: a primeira tem como candidata à diretora, a professora Rosane Becker e Joyce Tiellet com vice, e na segunda chapa concorrem Mariza Frizzo como diretora e Eliane Mai como vice. Assume a direção da EFA, a partir desta eleição, a professora Rosane Becker. A partir deste momento também se busca uma aproximação com os pais de alunos. Assim, é criado o Conselho de Pais, formado por dois representantes de turma desde a pré-escola até o segundo grau. No total 26 membros auxiliam a tomada de decisões estratégicas na escola. VII - Primeira turma de 2º grau (1993) O segundo grau na escola é consolidado no ano de 1993. A primeira turma de ensino médio da EFA é formada a partir dos alunos egressos da 8ª série do ensino fundamental e de outros alunos ingressantes na escola. 2.1.2 Período Estratégico II: Autossuficiência financeira. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Este período é marcado por eventos de busca de sustentação financeira. Destaca-se o início da oferta de cursos técnicos profissionalizantes, como uma alternativa para gerar novas receitas para a escola. VIII – EFA começa a se autossustentar (1994) A partir da consolidação do segundo grau na EFA, a escola recebe uma receita maior, que auxilia na autossustentação financeira. Outras melhorias são realizadas na escola em 1994, como a informatização da secretaria e também a alteração na base curricular, excluindo disciplinas técnicas e incluindo no 1º Grau a disciplina de informática. Ainda, as disciplinas de História, Geografia e Educação Artística têm sua carga horária aumentada. IX – Ano de déficit orçamentário (1995) Em 1995 a escola faz uma série de investimentos para ampliação do espaço físico ocupado na Sede Acadêmica, em virtude de estarem, a partir deste ano, implantadas as três turmas de ensino médio na EFA. São matriculados na escola 328 alunos, entre ensino fundamental e médio. Estes investimentos em infraestrutura determinam um ano de déficit para a escola. X – Compra de vagas pela 36ª DE para o 2º grau (1996) Assim como acontecia no primeiro grau, a DE realiza a compra de vagas para alunos carentes nas turmas de segundo grau da EFA. Esse fato aumenta o número de alunos e também da receita da escola. XI – EFA começa a se autossustentar A compra de vagas no 2º grau pela EFA auxilia a escola a equilibrar seu orçamento e a escola tem novo ciclo de autossustentação financeira. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 XII – Reconhecimento do Banco Mundial como escola inovadora a nível nacional (1998) Um acontecimento marcante para a escola, no ano de 1998, foi o reconhecimento pelo Banco Mundial, através de pesquisa feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), como uma das escolas que desenvolvem projeto educacional inovador em nível nacional. Esse prêmio veio como um reconhecimento aos esforços da escola em elaborar uma educação com filosofia diferenciada e, a partir da publicização desta informação em rádio e jornal, auxiliando na mudança de imagem da EFA junto à comunidade. XIII - Orientação para cursos profissionalizantes – oferta de cursos técnicos iniciando com Técnico em Enfermagem - (2001) A oferta de cursos técnicos na EFA veio atender uma demanda educacional local e regional. A escola buscava ser uma instituição formadora de trabalhadores de nível médio, além, é claro, de agregar mais um diferencial competitivo. O públicoalvo dos cursos da EFA é o trabalhador de nível médio, cuja renda não propicia o ingresso na universidade, mas que busca qualificação para ingressar no mercado de trabalho. O primeiro curso implantado em 2001 foi o Técnico em Enfermagem, buscando atender uma demanda de profissionais nesta área por parte dos Hospitais de Caridade, Unimed e Bom Pastor. A partir deste momento, outros cursos foram buscados nos anos seguintes, como: Técnico em Gestão e Promoção Turística, Técnico em Desenvolvimento Web e Hipermídia entre outros. 2.1.3 Período Estratégico III: Consolidação da Educação Profissional. No último período estratégico analisado constata-se a consolidação da Educação Profissional na Escola, como a principal fonte de arrecadação financeira e também de respaldo da EFA. Além da oferta de cursos em Ijuí e Três Passos, a Escola cria novas unidades de educação profissional em Santa Rosa e Panambi, e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 firma parceria com Coordenadorias de Saúde de outros municípios, visando à qualificação de profissionais da região. XIV - Criada a Unidade de Educação Profissional EFA Três Passos (2001) Com a implantação do curso Técnico em Enfermagem em 2001 em Ijuí, a EFA aproveita a estrutura que possui junto ao Campus da Unijuí em Três Passos e inaugura a Unidade de Educação Profissional EFA Três Passos. Desta forma, a escola passa a oferecer turmas de cursos técnicos também neste município. XV – Início da oferta de cursos de qualificação (2002) Outra demanda percebida pela direção da escola neste período foi à busca de qualificação por parte de profissionais que já estavam atuando na rede pública e também alunos da área da Saúde da Unijuí que estavam à procura de capacitação e currículo. Desta forma, a EFA inicia em 2002 a oferta de cursos de qualificação. O primeiro curso oferecido foi o de Administração de Medicamentos Injetáveis para acadêmicos do curso de Farmácia da Unijuí. Outros cursos foram oferecidos na sequência: Recreação Hospitalar, Unidade de Tratamento Intensivo, Atendimento de Urgência e Emergência Pré e Intra-Hospitalar, entre outros. Os cursos de qualificação tornaram-se mais uma fonte de renda para a Escola. XVI - EFA passa a se chamar Centro de Educação Básica Francisco de Assis (2007) Buscando ampliar ainda mais a área de atuação da escola, a EFA precisou realizar a troca do nome para Centro de Educação Básica Francisco de Assis, pois por lei, uma escola não poderia atuar em outros municípios, mas um centro de educação tem essa permissão. A troca de nome foi estratégica. A partir disso a EFA passou a concorrer com outras instituições, em outros municípios, pela oferta de cursos técnicos e de qualificação. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 XVII - Criação das unidades de educação profissional em Santa Rosa e Panambi (2009) Em 2009 mais uma decisão estratégica foi tomada pela escola. O conselho diretor da EFA aprovou a criação de mais duas unidades profissionais nos municípios de Santa Rosa e Panambi. Assim, Ijuí constituiu-se como o município sede, tendo em Três Passos, Santa Rosa e Panambi outras três unidades prestadoras de serviços. Conforme Rosane Becker, os convênios com o governo já existiam nesta data, mas valiam apenas para o município de Ijuí. Com a criação das unidades de educação profissional estes convênios foram expandidos aos demais municípios. XVIII - Parceria com Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificação (2009) Com a criação das unidades de educação profissional em outros municípios e a oferta constante de cursos técnicos e de qualificação, o Governo do Estado identifica a EFA como uma grande instituição formadora. A partir disso, todos os projetos que as coordenadorias elaboram através de condições como COJEBI, FIES vêm para a EFA, que passa a concorrer com outros Centros de Educação a partir de licitação. Surge, neste momento um grande nicho para a venda de cursos nas áreas de vigilância e saúde, saúde bucal, entre outros. Além disso, a escola passa a oferecer seus serviços nos municípios da região. Rosane Becker ressalta que cada coordenadoria tem pelo menos 20 municípios agregados, o que oferece para a EFA excelente oportunidade de negócio. A EFA passa a formar profissionais para, praticamente, toda a região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. 3 ANÁLISE TEÓRICA DO ESTUDO 3.1 PERÍODO ESTRATÉGICO I: BUSCA DE SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA (1990 A 1993). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 O primeiro período estratégico foi marcado pela busca da escola por sustentação financeira e adequações no Projeto Pedagógico com a implantação do Ensino Médio. Nesse período a EFA desvincula-se da Unijuí e torna mantida da Fidene, a partir desta estratégia sente-se a necessidade de buscar novas estratégias de mudança com o intuito de se autossustentar. O processo de mudança, conforme citado por Petigrew, refere-se a ações, reações e interações das várias partes interessadas quando elas negociam em torno de propostas para mudanças. A implantação do Ensino Médio veio como uma reação ao mercado e também como mais uma forma de aumentar a sua receita, fazendo com que, após terminar o Ensino Fundamental o adolescente não precisaria deixar a escola, pois teria a oportunidade de continuar sua formação até o ingresso no ensino superior. Desta forma, foi o mercado e não os gerentes que determinaram as escolhas da organização. Conforme Whittington “as estratégias mais apropriadas de um dado mercado emergem em decorrência dos processos competitivos, permitindo, desta forma, que os melhores competidores sobrevivam”, (2002, p.21). Meireles e Gonçalvez (2005) citam Porter ao explicar que estratégias dizem respeito às escolhas tomadas pela instituição na implantação de ações e decisões emolduradas por dois motivos, padrão ou orientação. Desta forma, a EFA implanta o Ensino Médio por motivo padrão, quando se esperava a estratégia devido à escola já possuir Ensino Fundamental. Para isso, utiliza-se de estratégias emergentes onde o “futuro é fruto de escolhas intencionais”, (MEIRELLES; GOLÇALVES, 2005, p.171). Acredita-se que a evolução ambiental possa ser prevista com razoável precisão, e que a intencionalidade das organizações individuais em planejar sua própria evolução possa ser bem sucedida. Neste sentido, o ambiente foi determinante para a escolha da estratégia de implantação do ensino médio. E é justamente este ambiente que determina outras ações da escola, que busca autossustentação. Neste período, a escola é vista pela comunidade como desorganizada, desregrada, sem capacidade de oferecer uma boa formação aos seus alunos, por possuir uma proposta de ensino diferenciada. O ambiente pode ser chamado, conforme tipologia de Emery e Trist (apud Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 BOWDITSCH; BUONO, 1997, p.149) como plácido aleatório, sendo relativamente estável. A partir desta análise da influência do ambiente na escola, e na tentativa de reverter a imagem negativa vinculada à EFA, a direção optou pela criação de uma campanha publicitária. Esta estratégia visa tornar a escola mais competitiva frente às demais escolas particulares que competiam por alunos. A estratégia, deste modo, cumpre a função de orientar a procura por oportunidades, mercados, enfim, a própria sobrevivência organizacional, conforme citam Meireles e Gonçalvez. Todas as ações acima listadas são, indiretamente, ações que refletem na busca de sustentação financeira da EFA. Neste período ainda evidencia-se a cobrança de mensalidades, em virtude da ruptura do contrato com a CEE de compra de vagas para alunos carentes do Ensino Fundamental. Foi uma estratégia reativa, visando equilibrar as despesas com as receitas da escola. Esse período de busca de sustentação financeira é marcado pela perspectiva clássica, a qual tem como objetivo principal a lucratividade e, o meio que utiliza para obtê-la é o planejamento racional. Como foi evidenciado por Alfred Sloan, através de sua experiência na presidência da General Motors, as organizações utilizam estratégias de mudança com o objetivo de obter retorno capital, caso contrário, estas estratégias devem ser mudadas ou então abandonadas. 3.2 PERÍODO ESTRATÉGICO II: AUTOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA (1994 A 2000). Os muitos esforços, citados no primeiro período estratégico, realizados pela EFA levaram a escola, no ano de 1994, a obter autossuficiência financeira. Neste segundo período estratégico, analisado a busca pela manutenção desta estabilidade financeira se consolida. A escola passa por alguns períodos de altos e baixos, mas a partir de inúmeras medidas, passa a sustentar-se sem o auxílio financeiro de sua mantida, a Fidene. No ano de 1995 a EFA passa por mais alguns contratempos e acaba o ano em déficit orçamentário. Procurando reverter novamente este quadro, em 1996 a Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Escola firma parceria com a 36a DE que “compra vagas” para alunos de comunidades carentes para que estes estudem no 2º grau da EFA. Desta forma, a escola beneficia-se economicamente com o aumento do número de alunos e, consequentemente, o aumento da arrecadação, e o Estado cumpre sua função de oferecer educação de qualidade a alunos de comunidades carentes, que haviam ficado marginalizados pela inexistência de vagas nas escolas públicas e municipais. Ainda sobre esta estratégia pode-se dizer que ela foi tomada levando-se em consideração uma abordagem sistêmica, segundo definição de Whittington (2002), pois a estratégia tomada pela Escola está diretamente vinculada à cultura e ao poder dos sistemas sociais do local onde ela se desenvolveu. A partir da decisão estratégica de ceder vagas no ensino médio para a DE, a EFA passa novamente a adquirir sua estabilidade financeira. Segundo Bowditch e Buono (1997) essa transação pode também ser chamada de Aliança Interorganizacional e tem como vantagem o aproveitamento das capacidades das organizações envolvidas na aliança. No ano de 1998 a EFA recebe uma condecoração que premia os esforços de todos os educadores da escola que sempre primaram por uma educação de qualidade, desenvolvida sobre as bases do desenvolvimento pessoal não mecanizado. A EFA é reconhecida pelo Banco Mundial como escola inovadora em nível nacional. A Teoria dos Recursos, conforme descrito por Vasconcelos e Cyrino (2000, p.25) mostra que “a vantagem competitiva se encontra, primariamente, nos recursos e nas competências desenvolvidas e controladas pela empresa”. O estilo inovador de educar desenvolvido pela EFA é fruto do estudo e do aprendizado dos educadores da Escola, sendo assim, não surge de um processo de imitação, mas sim, do aprendizado interno e da busca por novos caminhos para educar, não mecanizado e sim potencializando as descobertas e o desenvolvimento pessoal a partir da experiência. O reconhecimento do Banco Mundial sobre o estilo de educar da EFA auxilia a escola a se autoafirmar junto à comunidade ijuiense, derrubando alguns mitos sobre a escola que era vista pela população local como desorganizada e desregrada. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A partir do ano de 2001 a EFA, buscando expandir horizontes, ingressa no mercado formador de jovens para suprir as necessidades de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Ao analisar o mercado local, a Escola identifica um espaço potencial para a formação técnica de jovens, visando atender às necessidades dos hospitais da cidade que, constantemente, estavam em busca de profissionais qualificados. Essa estratégia é uma reação de adaptação ao mercado, explicada pelo Modelo da Ecologia Populacional, no qual a movimentação da empresa é ditada pelo ambiente. Segundo Bowditsch e Buono (1997, p.152) “mudanças no ambiente são fatores que exigem constante adaptação por parte das organizações para que estas sobrevivam”. Para Meirelles e Gonçalves (2005, p.9) “as organizações e os atores individuais pouco podem fazer senão esforçar-se por compreender tal ambiente e submeter-se a seus determinantes por meio de adequações”. Desta forma, a EFA, reagindo a escassez de profissionais técnicos no mercado de trabalho lança, a partir do ano de 2001, cursos técnicos voltados à área da saúde, iniciando com o Curso Técnico em Enfermagem. Esta estratégia de inserir-se na educação profissionalizante foi a principal responsável por afastar o fantasma do déficit financeiro da escola. Cabe ressaltar também que essa estratégia confere à EFA hoje, o status de única mantida da Fidene que gera lucro e possui autossuficiência financeira. 3.3 PERÍODO ESTRATÉGICO III: CONSOLIDAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (2000 A 2009). O último período é marcado por mudanças radicais definidas por estratégia de competição, frente às transformações que a escola sofreu, surge então, a necessidade de a organização adaptar-se ao novo ambiente. Foi um período marcado pela criação de oferta de cursos de qualificação, criação de três novas unidades da instituição de ensino, parceira com o Poder Público mas, principalmente, pela troca do nome que trouxe a organização um maior campo de competição, bem como, exigiu novas estratégias, principalmente de adaptação. Pettigrew (1992) explica que as mudanças ocorrem através de trocas sucessivas, Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 limitadas e negociadas, onde se encontra um padrão de mudança estratégica radical que pode indicar que importantes novos desenvolvimentos tiveram lugar na organização. Mintzberg argumenta que períodos distintos de estabilidade e de mudança podem ser identificados, e que mudanças maiores de reorientação estratégica acontecem raramente e em saltos quantum, particularmente em organizações grandes, estabelecidas, e de produção de massa. Com o objetivo de aumentar a abrangência do seu público-alvo, a EFA troca de nome e passa a se chamar de Centro de Educação Básica Francisco de Assis. Desta forma, começa a criar centros em outras cidades como: Panambi, Três Passos e Santa Rosa, onde há outros campus da Unijuí, instituição de ensino também mantida pela Fidene. Para explicar este momento de mudança que a instituição passou usa-se o modelo Perspectivas Genéricas sobre Estratégia utilizada por Whittington (2002), onde ele apresenta quatro abordagens de estratégia: clássica, evolucionária, sistêmica e processual. A EFA utilizou as abordagens clássica e sistêmica. Na primeira, a escola utilizou um planejamento racional através de cálculos e análises deliberadas para maximizar a vantagem em longo prazo; a segunda abordagem apresenta-se como relativista, mostrando que a estratégia está ligada, diretamente, às culturas e aos poderes dos sistemas sociais do local onde ela se desenvolve. A EFA passou a atuar nas demais cidades em que a Unijuí está inserida, desta forma ampliou seu trabalho para lugares que já possuía estrutura e conhecia a cultura e a política de adaptação do lugar. “[...] a estratégia reflete os sistemas sociais específicos dos quais ela participa, definindo os interesses segundo os quais ela age às regras de sobrevivência. A classe social e o país fazem diferença no que toca à estratégia”, (WHITTINGTIN, 2002, p. 5) Vasconcelos e Cyrino expõem a estrutura da indústria para definir o cenário da concorrência. Eles explicam que o desempenho das firmas depende das diversas estratégias usadas relacionadas a compradores e vendedores no tocante à fixação de preços, níveis de cooperação tácita e competição, políticas de pesquisa e desenvolvimento, publicidade, investimento, entre outros. “O comportamento das firmas é, por sua vez, definido pela estrutura da indústria em questão, caracterizada pelo número e pelo tamanho relativo de concorrentes, compradores e vendedores, Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 pelo grau de diferenciação de produtos, pela existência de barreiras de entrada de novas formas, pelo grau de integração vertical existente, etc.” (VASCONCELOS; CYRINO, 2000, p. 23). Os autores explicam que os processos de expansão das organizações são caracterizados tanto pelas oportunidades externas como pelas internas, decorridas do conjunto de recursos da firma. A implantação de novas Unidades de Educação, e também, a oferta de cursos de qualificação foi conduzida por estratégias de competitividade direcionadas à diferenciação, explicada por Porter (1991). A EFA pode usufruir da estrutura de laboratórios que a Unijuí oferece aos estudantes da graduação, e ainda, possui professores qualificados nas áreas que atuam e capacitados para trabalhar na docência, mas principalmente, a instituição possui todos os seus cursos, como o técnico em enfermagem, com aulas presenciais. Para Porter existem dois fatores que determinam a vantagem competitiva: as condições iniciais e a escolha dos dirigentes. O teórico usa o modelo de Mason e Bain, o qual consiste em posicionar a empresa dentro do ambiente, nesse sentido, o papel da estratégia é proteger a organização da ação das forças competitivas. “The goal of competitive strategy for a business unit in na industry is to find a position in the industry where the company can best defend itself against these competitive forces or can influence them in its favor [...]”, (PORTER, 1980, p.4). Em relação aos cursos de capacitação que a escola passa a oferecer, bem como, a criação dos Centros podem ser explicados também pelo Modelo Dependência de Recursos proposto por Hall no que tange as decisões tomadas no âmbito do contexto político proposto pela EFA, no interior da instituição de ensino. “Uma decisão é tomada entre um conjunto de alternativas tendo em vista a estratégia que a organização empregará em suas relações com o ambiente”, (HALL, 2004, p. 251). As estratégias são orientadas pela adaptação, baseadas nos estudos de Porter (1991, 1996) Vasconcelos e Cyrino (2000, p.24) explicam a adaptação estratégia em duas dimensões: Em primeiro lugar, há a noção de adaptação externa implícita na lógica do posicionamento da firma na indústria. É a partir da análise objetiva de seu ambiente que a firma será capaz de identificar a posição mais favorável. A escolha da estratégia correta permitirá à firma adaptar-se à Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 estrutura da indústria. Em segundo lugar, a estratégia deve ser internamente coerente, adaptando os elementos internos da firma a sua posição na indústria. As atividades da firma devem, dessa maneira, ser configuradas de maneira coerente, cada uma dando suporte e complementando a outra. É essa sinergia e coerência interna que tornam possível a execução de uma estratégia bem-sucedida. Hrebiniak e Joyce (1985) trabalham a adaptação organizacional no que diz respeito à escolha estratégica e o determinismo ambiental nas organizações através de uma matriz dividida em quatro quadrantes que “[...] ajudam a definir o domínio e o escopo do poder em um relacionamento entre organização e ambiente (DAHL, 1963) e a vulnerabilidade relativa de cada um em um cenário interativo (JACOBS, 1974; PFEFFER, 1981)”, (HREBINIAK; JOYCE, 1985). O estágio de adaptação que a EFA começa a passar está posicionado no quadrante II, este quadrante trabalha o foco, escolha diferenciada e adaptações com restrições. A escolha é considerada elevada, mas seletiva por causa do alto poder compensatório e excesso de recursos existentes no ambiente. Os autores trabalham que a adaptação é determinada de fora, à medida que o meio seleciona as organizações e permite apenas aqueles modelos com variações apropriadas para ficar. As organizações posicionadas no quadrante II são caracterizadas por serem grandes em indústria altamente reguladas, fechadas em diversas áreas como produtos característicos, representações de desempenho, requerimentos de capital, e restrições legais sobre os meios de conduzir negócios. Neste quadrante “[...] a escolha individual de estratégia é paradoxalmente alta devido aos fatores como tamanho, estrutura de mercado, múltiplos meios ou métodos de alcançar os resultados desejados e baixa dependência de fontes externas de recursos”, (HREBINIAK; JOYCE, 1985, p. 5). A parceria que a EFA concretiza com as Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificações propõe uma cooperação com o Ministério da Educação. Balestrin e Verschoore (2008, p.41) enfatizam que um dos principais desafios para as empresas contemporâneas é “[...] balancear as competências próprias e as de outras organizações, a fim de alcançar o equilíbrio entre a competitividade coletiva, obtida por meio da cooperação, e a competitividade individual, que torna a empresa real e valiosa entre as demais organizações que com ela cooperam”. Esta estratégia coletiva utilizada pela EFA ressalta que as Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 organizações podem coexistir em um mesmo ambiente, competindo e cooperando de forma racional com foco nos objetivos que ambas possuem. RESULTADOS CONCLUSIVOS Considerada uma escola que tem no seu Plano de Política Pedagógica como um dos principais fundamentos a educação permeada na ideia que a criança tem interesses e necessidades, a EFA durante muitos anos foi um referencial na educação em Ijuí. Atualmente, é referência no ensino profissionalizante, através de cursos técnicos e de capacitação, porém o grande diferencial que a instituição trabalha, desde o início de sua história, continua sendo ressaltado pela equipe de professores e colaboradores: o saber pensar. Esta pesquisa propôs analisar o processo de mudança e adaptação organizacional do Centro de Educação Profissional Francisco de Assis (EFA), no período de 1990 a 2009, sob as interpretações de uma ex-diretora e atual professora do Centro de Educação Profissional Francisco de Assis e, uma ex-professora. Ambas fizeram parte da equipe que trabalhou para implantar o Ensino Médio na escola. Buscou-se esclarecer quais as mudanças estratégicas, como elas ocorreram, quais os fatores externos e internos que influenciaram tais mudanças, e ainda, quais as adaptações estratégicas que a instituição de ensino utilizou para se adequar aos mais diversos ambientes pelos quais a escola passou. A história de instituição explicitou o conteúdo das mudanças estratégicas e o modo como elas foram desenvolvidas e foi complementado pela análise do contexto externo da EFA, que exerceu significativa influência nesse processo de mudança e adaptação estratégica. No primeiro período analisado, entre 1990 a 1993, é marcado pela busca da sustentação financeira. A EFA desvincula-se e torna-se uma mantida da Fidene, passa por esta mudança a fim de atuar como escola particular. Para isso, sente a necessidade de utilizar estratégias radicais e emergentes, para então, adaptar-se ao novo ambiente. Nesse período, a escola começa seus trabalhos voltados à comunicação com o intuito de aprimorar sua imagem perante a comunidade. A Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 escola acrescenta no seu currículo o 2º grau, esta mudança pode ser considerada como estratégia padrão Porter (1980), pois a escola já oferecia o ensino infantil e fundamental, o ensino médio era uma mudança prevista, pois o objetivo da escola era expandir. O segundo período é marcado pela conquista da autossuficiência financeira, inicialmente, a partir da estratégia de compra de vagas pela DE para o segundo grau e, posteriormente, pela grande estratégia que orientou as decisões da Escola nos anos seguintes, que foi a implementação da educação profissionalizante e a oferta de cursos técnicos. Já a estratégia de incluir o ensino técnico, preparando jovens para o mercado de trabalho foi uma estratégia de adaptação ao ambiente, conforme explicitado pelo Modelo da Ecologia Populacional. Foi uma ação de diferenciação que determinou a sobrevivência da Escola e também contribuiu fortemente para a autossustentação da mesma. Ainda neste período, o reconhecimento por parte do Banco Mundial que intitula a EFA como uma escola inovadora em nível nacional auxilia na reversão da imagem negativa da comunidade ijuiense, contribuindo para a autoafirmação da EFA, que atesta a sua vantagem competitiva frente às demais escolas do município de Ijuí. O último período analisado, 2001 a 2009, foi de extrema importância para a instituição. Pois foi através da troca do nome da organização para Centro de Educação Profissionalizante Francisco de Assis que a EFA teve a oportunidade de atuar em outras cidades. Para explicar este momento de mudança usa-se o modelo Perspectivas Genéricas sobre Estratégia utilizada por Whittington (2002). A criação das três Unidades de Ensino nas cidades de Três Passos, Panambi, Santa Rosa, e também, o oferecimento de cursos de capacitação foram conduzidos por estratégias de competitividade direcionadas à diferenciação, explicada por Porter (1991). Em 2009, a EFA firma parceiras com as Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificação a pessoas em situação de vulnerabilidade social, assim firma-se estratégias de cooperação (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008) enfatizando que através de estratégias coletivas as organizações podem coexistir em um mesmo ambiente, competindo e cooperando de forma racional com foco nos objetivos que ambas possuem. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Ao final deste estudo de caso, conclui-se que a EFA passou por períodos de intensas mudanças estratégicas. Algumas foram reações ao mercado, outras foram marcadas pela busca de diferenciação e sobrevivência financeira. Nem sempre as atitudes tomadas pelos diretores da Escola garantiram a autossuficiência financeira, mas é marcante neste caso a busca, sempre conjunta, de soluções para os problemas enfrentados pela EFA, sendo professores, pais, funcionários e alunos os grandes aliados da escola nesta caminhada. REFERÊNCIAS BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de cooperação empresarial – estratégias de gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008. BOWDITCH, J. L. & BUONO, A. F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 1997. HALL, Richard H. Organizações – Estruturas, Processos e Resultados. São Paulo: Prentice Hall, 2004. HREBINIAK, L. G. & JOICE, W. F. Organizational adaption: strategic choice and environmental determinism. Administrative Science Quarterly, v. 30, 1985. MEIRELLES, A. M.; GONÇALVES, C. A. Uma abordagem multiparadigmática para a disciplina de estratégia. II Encontro de Estudos Estratégicas – 3Es, 2005. Rio de Janeiro/RJ. Anais... 2005. 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Para alcançar o objetivo proposto desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com quatro empresas que atuam no segmento do vestuário na cidade de Porto Lucena/RS, procurou-se identificar quais as ferramentas de gestão utilizadas no que diz respeito à fidelização de clientes. Dentre os principais resultados foi possível identificar a falta do conhecimento tecnológico por parte das organizações pesquisadas e, a resistência de alguns gestores quanto à implantação da tecnologia da informação. Palavras - chave: cliente – fidelização – marketing – tecnologia ABSTRACT This paper aims to know how enterprises are organized in respect of the technologies of customer loyalty. For this, was approached the themes related to the importance of marketing for customers retention, moreover, tried to present the technologies of marketing by showing the tools that can assist in the processing of information and systems management of the customers. To achieve the proposed objective has developed a qualitative research with four enterprises that operate in the sector of the clothing in the city of Porto Lucena/RS, we tried to identify which the 4 Acadêmico do Curso de Administração - 4ºsemestre – Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]. 5 Acadêmico do Curso de Administração - 4ºsemestre – Faculdades Integradas Machado de [email protected]. 6 Mestrando em Ensino Científico e Tecnológico, Coordenador do Curso Superior em Gestão da Tecnologia da Informação - Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected] 7 Mestre em Administração, Orientador e Professor do Curso de Administração - Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected] Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 management tools used in respect to customer loyalty. Among the main results it was possible to identify the lack of technical knowledge on the part of the organizations studied, and the resistance of some managers and the deployment of information technology. Key words: customer - loyalty - marketing – technology. INTRODUÇÃO Hoje em dia, atrair clientes é um desafio para todos que estão no ramo dos negócios, desde os tipos menores de empresa até as mais gigantescas organizações. Todos os consumidores buscam produtos de boa qualidade e preço que satisfaçam seu bolso e, um excelente atendimento por parte dos colaboradores e gestores, é por isso que os programas de fidelização vêm ao encontro destes pedidos e satisfações, eles auxiliam para a atração do cliente e sua futura fidelização. Porém, para que isso aconteça as organizações devem preocupar-se com a realização das pesquisas de marketing e seus atuais benefícios, pois é de grande importância saber utilizar os programas e tecnologias que estão disponíveis no mercado, bem como manuseá-las de forma satisfatória. Desta forma, torna-se crucial conhecer o perfil de cada cliente, investir em quem traz lucro, manter os atuais consumidores e, dedicar-se em possuir um controle na organização da empresa para ser ágil e competente na hora de agradar o seu cliente. Além desta introdução, o presente artigo está organizado da seguinte forma: primeiramente, ressalta-se a importância do marketing para a retenção e atração de clientes, logo em seguida são apresentados os benefícios da tecnologia do marketing, na sequência são abordados os sistemas de gerenciamento de relacionamento com cliente. Logo após, tem-se a metodologia de pesquisa, análise e interpretação dos resultados e as conclusões do estudo. 1 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PARA A RETENÇÃO DE CLIENTES Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 O cliente é a principal chave de sucesso das empresas e, é através dele que as organizações sobressaem-se na alavancagem dos lucros. Na visão de Kotler e Keller (2006), existem Administradores que acreditam que o cliente é o único verdadeiro “centro de lucro” da empresa, a principal ferramenta de atenção da organização para conquistá-los. Porém, atualmente no cenário globalizado, onde a concorrência é cada vez maior fidelizá-los torna-se a premissa básica de sobrevivência das empresas, pois sabem que sem eles a conquista por melhores ganhos é praticamente impossível. Nesse sentido, Kotler e Keller (2006) ressaltam que os clientes de hoje são mais difíceis de agradar, são mais inteligentes, conscientes em relação aos preços, e exigentes aos produtos de boa qualidade, são abordados por mais concorrentes com ofertas iguais ou superiores, que atraem cada vez mais os consumidores. Diante das constantes variações do mercado, entende-se segundo Kotler e Keller (2006) que a melhor maneira de interpretar os desejos dos clientes e atendêlos de forma satisfatória é possível através do marketing, um método de alto valor para a organização. Pois entender o que se passa na mente dos clientes é primordial, principalmente quando os planos estabelecidos para a conquista das metas tornam-se um sucesso. Na visão de Kotler (2000), marketing é um processo social por meio do qual pessoas ou grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços. Relaciona-se em uma troca de prazeres, em satisfazer o cliente e receber um diagnóstico satisfatório da empresa. Como ressalta Las Casas (2009), um aspecto diferenciador é que muitos comerciantes consideram os consumidores como ponto de partida para os negócios, e isto deveria estar incorporado na empresa em todos os níveis organizacionais. No entanto, marketing, não se resume em apenas atrair e satisfazer, é necessário encantá-los, na visão de Moraginski (1993), o marketing é quem diz: vendemos ideias, temos os serviços que você precisa, e ainda resolvemos as suas ansiedades e seus problemas. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É crucial estar atentos às novidades que surgem a cada dia no mercado, pois parar no tempo significa perda, a tecnologia evolui constantemente, os produtos de alta qualidade que satisfazem as necessidades dos clientes são aperfeiçoados a cada momento, o marketing diante disto, estuda e entrega não só o produto mais divulgado, mas sim, o valor que é esperado do cliente, para Kotler e Keller (2006), fazer marketing significa satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores, com o dever de fornecer valor ao cliente mediante lucro, eles ressaltam ainda que a economia é extremamente competitiva, com compradores cada vez mais racionais diante da abundância de opções. Com as diversas escolhas que o mercado oferece para seus consumidores, as empresas devem ter seu diferencial e Kotler (2008), explica que o marketing resume-se em atingir as metas organizacionais, consiste em ser mais eficaz que os concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazendo as necessidades e os desejos dos mercados-alvo. Compreende-se então, que as empresas devem estar mais preparadas para enfrentar e atender as demandas do mercado, traçar um plano de metas que busca o aperfeiçoamento de todos os produtos ou serviços. De acordo com Kotler e Keller (2006), o processo de marketing começa antes da existência de um produto ou serviço e continua enquanto ele é desenvolvido e, depois de disponível no mercado, para que esse processo aconteça é necessário seguir alguns passos tais como: a) tempo zero de feedback do cliente: o feedback do cliente deve ser continuamente coletado após a compra, para aperfeiçoar-se o produto e o marketing; b) tempo zero de melhoria de produto: a empresa deve avaliar todas as sugestões de melhorias oferecidas por clientes e funcionários; c) tempo zero de compra: as empresas estabelecem acordos just-in-time com os fornecedores para receber as peças e os suprimentos necessários. Pode reduzir custos diminuindo estoque; d) tempo zero de ajuste: a empresa deve ser capaz de entregar qualquer um de seus produtos assim que encomendado, sem enfrentar altos custos; e) defeito zero: os produtos devem ser de alta qualidade. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Segundo os autores relacionados anteriormente, os clientes esperam que seus desejos sejam atendidos de forma satisfatória, entregar o produto certo e no valor esperado. Através de um acordo implantado e aceito por todos os colaboradores que desejam o sucesso da empresa e a atual satisfação do grupo. Diante de uma concorrência cada vez mais acirrada, os benefícios do marketing vêm ao encontro na resolução de muitas dúvidas dos empresários, ou seja, qual atitude tomar e como fazer acontecer. “Nenhuma empresa pode operar em todos os mercados e satisfazer a todas às necessidades.” (KOTLER, 2008, p.37). Conforme o autor, as empresas podem estabelecer seu principal público e investir, que o retorno será gratificante, elas trabalham melhor quando definem seu mercado de forma cuidadosa. Kotler (2008) ressalta a importância de satisfazer os consumidores alvos, ele diz que uma empresa decorre de dois grupos: consumidores novos e consumidores leais, no entanto, atrair um novo consumidor na sua visão pode custar cinco vezes mais do que agradar um consumidor leal, a retenção do consumidor é mais importante do que a atração, e a chave para a retenção é a sua satisfação. Como se pode notar, as estratégias do marketing são de grande importância para a conquista dos clientes, não basta apenas uma divulgação do produto, é preciso ter um diferencial dentro da empresa. Ser eficiente desde o primeiro contato com o cliente pode representar a satisfação e o sucesso organizacional. Além disso, para ser eficiente a organização não pode abrir mão de tecnologia, ela deve ser conhecedora e detentora de algumas ferramentas, tema que será abordado no item a seguir. 2 TECNOLOGIA DO MARKETING Como se observa no artigo, as ferramentas do marketing são indispensáveis para desenvolver técnicas atrativas para as empresas atrair e manter cada vez mais seus consumidores e, entendê-los é uma das maneiras das empresas manterem-se no mercado. O marketing, diante das inúmeras informações que são divulgadas, permite coletar o que é mais relevante, transfere para a empresa, interpretam seus Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 valores por meio da tecnologia da informação, e realizam suas metas de forma cuidadosa. Cardoso (2001) prende-se ao fato de que a informação pode auxiliar para reduzir a incerteza dentro da organização, centrando-se no seu aspecto semântico, é de grande importância deixar claras as dúvidas e as ações a serem tomadas no mundo dos negócios, para impedir a entrada de informações incorretas, na visão de Cardoso (2001), o conhecimento se adquire com a consciência da realidade, sendo que este aperfeiçoa-se através das informações adquiridas ao longo do tempo. Um instrumento que possibilita esse fluxo de informações verídicas dentro das organizações, com maior controle e eficácia é o Enterprise Resource Planing (ERP), ou Planejamento dos Recursos Empresariais, no entender de Batista (2006), é uma arquitetura de sistemas que facilita o fluxo de informações entre todas as atividades das empresas, uma forte integração de informações e simplificações de negócio. Segundo o autor o ERP é um banco de dados de informações que interage com todo ambiente organizacional, um software multimodular para auxiliar a organização nas fases de negócio, incluindo desenvolvimento de produto, compra de itens, manutenção de inventários, contato com fornecedores e atendimento ao cliente. O ERP permite um maior número de informações precisas, em todo o ambiente organizacional, é capaz de se comunicar com os vários colaboradores para que sejam ágeis em suas funções, principalmente na satisfação do cliente. Percebe-se, porém, que só encantá-los não basta, é preciso fidelizá-los. Outro programa que pode ser destacado para desenvolver as técnicas de fidelização com maior exatidão, é a gestão do relacionamento com o cliente (Customer Relationship Management – CRM). Para Batista (2006), o CRM caracteriza-se por uma cadeia de sistemas que combina os processos de negócio e tecnologias que visam entender os clientes com relação a quem é, o que fazem, o que gostam, além de entender o que se passa em suas mentes, no tópico a seguir procura-se aprofundar essa tecnologia. 3 SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DO CLIENTE Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Segundo o parecer de Garrafone et al (2005), antes de qualquer conceituação, é importante ressaltar que o CRM não é apenas um software, ou um programa de milhagem, muito menos uma atividade exclusiva de atendimento, mas é um processo holístico de antecipar e satisfazer as expectativas dos clientes. Já se sabe que o CRM é a ferramenta imprescindível na retenção de consumidores, pois segundo Kotler e keller (2006), o CRM identifica os clientes mais valiosos, estuda quais produtos seus clientes precisam hoje e futuramente, quais produtos ou serviços seus concorrentes oferecem hoje e amanhã, identifica quais produtos ou serviços que deveriam oferecer, estuda como entregar seus produtos ou serviços para os clientes, as tecnologias que precisam investir e as habilidades de atendimento que precisam desenvolver. Os autores citados anteriormente relacionam a forma de lidar com os funcionários, quais ferramentas são necessárias para que cultivem bom relacionamento com os clientes, identificam os sistemas de RH que precisam implementar para aumentar a satisfação do funcionário, e ainda o CRM identifica porque clientes partem e como reconquistá-los. A tecnologia é vasta de conhecimento, e ela está à disposição das organizações para responder todas essas questões relacionadas anteriormente. Kotler e Keller (2006), explicam que a tecnologia do CRM ajuda a analisar dados sobre receitas e custos com o cliente, para identificar em qual cliente investir; captura dados relevantes sobre o comportamento dos produtos e serviços; cria novos canais de distribuição; processa transações mais rapidamente; alinham incentivos e indicadores; monitoram índices de perda e retenção de clientes e os índices de satisfação do atendimento ao cliente. Como aborda Kotler e Keller (2006), o CRM juntamente com o ERP, são inteligentes programas para desenvolver as habilidades empresariais necessárias para o sucesso organizacional, possibilita maiores interações com todos os colaboradores conhecedores de suas tarefas a desenvolverem na organização. É de extrema importância para quem pensa em se destacar no mercado, pois obtendo Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 todas as informações dos clientes, a empresa saberá diferenciar quem traz lucro ou não, saberá impor métodos de cativá-los e aproximá-los para o seu negócio. 4 METODOLOGIA DA PESQUISA O uso da pesquisa é uma maneira de ampliar o conhecimento ou concretizar o pensamento teórico, no entender de Cervo e Bervian (2002), a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos, com o emprego do processo científico, ela parte de uma dúvida, e com o uso do método científico busca as respostas ou soluções. Grandes fatos relatados e confirmados se adquirem com uso de informações concretas em pesquisas elaboradas e estudadas cuidadosamente. Para obter maiores resultados e analisar detalhadamente os fatos, o presente estudo utilizou-se da pesquisa qualitativa por meio da técnica do estudo de caso. Segundo Vianna (2001) um estudo de caso objetiva realizar estudos detalhados e aprofundados de algum objeto ou situação, indivíduos ou grupos. Os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada, segundo Vianna (2006) na entrevista semiestruturada as perguntas são feitas a partir de um roteiro flexível preparado pelo entrevistador, possibilitando assim, o enriquecimento da pesquisa. Realizou-se o estudo na cidade de Porto Lucena, a amostra contou com quatro empresas de pequeno porte, do ramo de confecções, foram escolhidas por serem, no ponto de vista da população, como as mais divulgadas e conhecidas no ramo da moda naquele município. As entrevistas foram gravadas para maior entendimento e confiabilidade dos resultados, teve-se a preocupação de não divulgar os nomes das organizações, sendo então caracterizadas pelos nomes fictícios “A”, “B”, “C” e “D”. A entrevista contou com um questionário de nove perguntas relacionadas ao uso do gerenciamento e do conhecimento tecnológico das empresas. As entrevistas foram realizadas com os gestores das organizações com o intuito de conhecer se elas utilizam ferramenta de T.I no seu dia-a-dia. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 EMPRESAS N° DE FUNCIONÁRIOS TEMPO DE EXISTÊNCIA A B C D 11 1 3 2 37 anos 8 anos 30 anos 11 anos Quadro 1: empresas pesquisadas Fonte: dados da pesquisa 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir das entrevistas realizadas com as quatro empresas percebeu-se que quando entrevistado o empresário da organização “A”: se ele possuía a ferramenta tecnologia da informação, a resposta foi positiva, porém era usada apenas na forma de cadastro da venda. Já os empresários das empresas “B” e “D” não possuíam nenhuma ferramenta tecnológica, ressaltando, respectivamente estar estudando a implantação e, não ter a necessidade por possuir uma experiência de, praticamente, 50 anos de comércio “não pensamos em implantar a T.I até que não seja obrigatória, temos um próprio controle que é usado há muitos anos”. A única empresa que possuí a T.I. para o controle e gerenciamento é a empresa “C”, porém pouco usada, “penso em aumentar o conhecimento tecnológico de acordo com a evolução”. Quanto às empresas que possuem um programa de gerenciamento (ERP), a resposta foi negativa para as quatro organizações. O empresário da organização “A” destacou que “só temos o conhecimento do estoque” ao perguntar o porquê de não possuir um programa de maior controle, ele respondeu “não tem necessidade ainda pelo tamanho da empresa”. O empresário da organização “B” enfatizou que “não tenho programa, mas tenho um lugar onde controlo manualmente”. Já o gestor da empresa “C” tem e não é usado, e o empresário da empresa “D” apenas possui o controle da parte financeira, encarregada por um contador. Ao questionar se as empresas tinham um programa de gerenciamento de clientes (CRM) e, se conheciam o perfil de cada consumidor, obteve-se as seguintes respostas: a empresa “A” não possui nenhum programa de gerenciamento de Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 clientes, pelo fato do empresário conhecer o perfil de seus clientes visualmente e pelo tempo de comércio. O gestor da organização “B” diz que não possui “(...) justamente por isso quero implantar um computador para ter um maior controle (...) mais ou menos a gente conhece o perfil, só os clientes novos que não”. A empresa “D”, não possui nenhum gerenciamento porque o empresário conhece cada cliente um a um, usando uma tabela manualmente com poucos dados incompletos. Novamente foi o empresário da empresa “C” que possui um programa de gerenciamento de clientes, e conhece o perfil de cada consumidor com a ajuda de um programa em que cadastra seu cliente, segundo o empresário, nas diferentes regiões as pessoas têm uma maneira de consumir, e um perfil diferente, se tenho um mau pagador, jamais vou dizer isto, coloco a culpa no computador, que não consigo liberar outra venda por estar com a ficha bloqueada, porém, ele aceita diferentes formas de pagamentos, etc. Ao questionar se as empresas possuíam uma pesquisa de satisfação de clientes, as quatro organizações responderam que não, somente trabalham no sentido de agradar no atendimento. Quando entrevistadas se possuíam um plano ou uma pesquisa de marketing, a resposta foi negativa para todas as empresas novamente, e os empresários responderam que apenas utilizam propaganda em rádio e panfletos, para eles é o único canal de divulgação da cidade, alegando estarem muito tempo no mercado, sendo assim, todos os clientes conhecem o perfil da loja. Nenhuma organização investia em pesquisa de mercado, apenas tentavam evoluir com as tendências que a moda divulga. As maiores dificuldades encontradas por elas no que diz respeito ao uso da T.I, foi o alto custo, medo no aumento dos impostos, e a maioria por achar que não tem necessidade. É notável que grande parte das empresas entrevistadas, não possui um conhecimento do gerenciamento de produtos (ERP) e, nenhum programa de fidelização aprofundado como, por exemplo, o CRM, em muitos casos ressaltando que não há a necessidade destas tecnologias. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Muitas pessoas têm o conhecimento que a tecnologia impulsiona ganhos superiores para as organizações se sobressaírem em suas vendas, porém ainda existem certas resistências. Vários empresários que trabalham a anos no mercado, encontram-se em dificuldades quanto à implantação da T.I, ressaltando que desde sempre trabalharam com a ausência destes programas, e que não haveria o interesse em mudar de sistema. Percebeu-se entre os empresários que a conscientização do avanço tecnológico ainda é precária, a resistência quanto a sua utilização foi notável nas empresas pesquisadas. O que impressiona é que existem empresas que possuem estas tecnologias e não as utiliza, o custo para implantá-la não é baixo, requerem estudos e aperfeiçoamentos, eles têm uma grande ferramenta ao seu alcance, e acham mais fácil descartá-la. Constatou-se que todas as empresas trabalham com suas poucas ferramentas tecnológicas, ou até nenhuma, e mesmo assim estão no mercado, cabe ressaltar porém, que elas somente conseguem obter sucesso porque ainda são empresas conceituadas na cidade, oferecem um bom atendimento e preços relativamente agradáveis ao bolso dos clientes. CONCLUSÃO Atrair o cliente é a premissa básica de todas as empresas, uma forma encontrada, porém pouco conhecida por parte de algumas empresas é a tecnologia da informação, que gera resultados precisos e importantes para a conquista de um maior espaço no mercado. Em relação à pesquisa realizada com as quatro empresas, conclui-se que ainda existem organizações que não possuem todo esse conhecimento em tecnologias e, acham mais fácil trabalhar manualmente, como décadas atrás faziam os donos de armazéns, porém, esse método muito utilizado e já ultrapassado não tem poder algum diante das adversidades e alta competitividade do mercado. Conforme o estudo, a maioria das empresas entrevistadas não possui uma pesquisa de marketing para a satisfação de clientes, e nenhum programa de Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 fidelização aprofundado, apenas continua a trabalhar de maneira menos automatizada possível para conseguir vender seus produtos, utilizando somente estratégias empíricas de comércio. Alguns empresários, como destaca o presente trabalho, tentam acompanhar a evolução tecnológica, mas o sucesso acaba sendo desconhecido por não trabalharem de forma correta, possuir um programa de gerenciamento e inutilizá-lo é desperdiçar tempo e dinheiro. Conclui-se, que o marketing junto com suas inúmeras ferramentas que possui, é uma grande possibilidade de sucesso, é óbvio, se souberem utilizá-lo, apenas fazer com que conheçam seu produto não basta, precisa-se divulgá-lo, porém, divulgar não é o suficiente, é necessário que apreciem o produto para a compra. E ainda não acaba, é imprescindível ter segurança diante das inúmeras informações que surgem no mercado e estar cientes de todas as ferramentas que possui para incentivar a venda e encantar o cliente. Por fim, é importante salientar que os resultados aqui obtidos não podem ser generalizados a todas as pequenas e médias empresas de confecções do município de Porto Lucena, ou qualquer outro município, pois este tudo possui limitações, ou seja, foram estudadas apenas quatro organizações em uma cidade relativamente menor comparada com os grandes centros. REFERÊNCIA BATISTA, Emerson de O. Sistemas de informações: O uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2006. CARDOSO, João A. et al. Conceitos de Informação e conhecimento. In SILVA, Firmino; ALVES, Augusto José. ERP e CRM: Da empresa à e-empresa – soluções de informação reais para empresas globais. Portugal: Edições Centro Atlântico, 2000. CERVO, Amado L; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. GARRAFONE, Atilio Junior. et al. Customer Relationship Management (CRM) e o foco no cliente. In PIZZINATO, Nadia Kassouf. Marketing focado na cadeia de clientes: Atlas S.A, 2005. Cap. 7 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, Philip. Administração de Marketing.10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2000. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Análise, Implementação e Controle. 5. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2008. Planejamento, LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios e casos. 8. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2009) MORAGINSKI, Eclair Krüger. Os cinco sentidos do marketing. Santa Rosa: Kunde Indústrias Gráficas Ltda, 1993. VIANNA, Ilca Oliveira de A. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da produção cientifico. São Paulo: E.P.U., 2001. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE NA FEMA: A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA Mauro Lorençatto8 Marie Jane Soares Carvalho9 RESUMO O avanço maciço das tecnologias digitais nas atividades educacionais, a partir do paradigma da Tecnologia da Informação, aperfeiçoou a modalidade da Educação a Distância (EAD) on-line. Esta transformação levou ao estudo de teorizações sobre a modalidade. Dentre as teorias uma que se destaca é a Teoria da Distância Transacional que muda o foco de discussão da distância geográfica (espaçotemporal) para a distância psicológico-comunicacional entre professor e acadêmico na educação a distância on-line. O objetivo deste artigo é contribuir para o planejamento da utilização de recursos tecnológicos adequados ao estabelecimento da distância transacional apropriada a cada projeto EAD on-line das Faculdades Integradas Machado de Assis de Santa Rosa-RS. A metodologia utilizada baseia-se no estudo de caso: análise do questionário de avaliação aplicado aos acadêmicos que cursaram componente(s) curricular (es) optativo(s), na instituição, no período de férias de verão de 2010-2011, sendo a primeira experiência EAD on-line das faculdades. Palavras-chave: educação a distância - recursos tecnológicos - distância transacional. ABSTRACT The massif advance of digital technologies in educational activities, from the paradigm Information Technology, has perfected of the sport of distance education on-line. This transformation led to the study of theories about the sport. Among the theories is one that stands out the theory of Transactional Distance which shifts the focus of discussion of the geographical distance (space-time) for the psychological-distance communication between teacher and student in distance education on-line. The aim of this paper is to contribute to planning the use of appropriate technological resources to establish the transactional distance appropriate to each project EAD on-line Integrated Colleges Machado de Assis (FEMA), Santa Rosa-RS. The methodology is based on case study: analysis of the 8 Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bolsista CAPES. [email protected]. 9 Doutorada em Educação (UFRGS). Professora Adjunta da Faculdade de Educação – Programa de Pós-Graduação (UFRGS). [email protected] Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 evaluation questionnaire applied to academics who attended the component(s) curriculum(s) optional(s) in the institution, the summer holiday period of 2010-2011, and the first experience of on-line distance education FEMA. Keyword: Distance education distance. technological resources - transactional INTRODUÇÃO O desenvolvimento de novas Tecnologias de Informação e Comunicação, ou seja, as Tecnologias Digitais, no decorrer dos últimos dez anos, têm conduzido à difusão das oportunidades, no que concerne à aprendizagem, através da combinação de recursos tecnológicos e humanos. A sua presença no sistema educacional faz com que seja necessário refletir sobre pontos intrínsecos à educação, como: didática, metodologia, planejamento, avaliação, ambientes e programas. Os estudos sobre a Educação a Distância, em que o acadêmico não tem uma delimitação geográfica e nem uma sala de aula, têm crescido, pois a utilização das tecnologias digitais permitiu alargar o alcance e as possibilidades da EAD. Desta forma, torna-se importante refletir e discutir as diferentes visões da modalidade EAD, desde a utilização de teoria específica para a modalidade até a avaliação da prática educacional. As teorias sobre a Educação a Distância têm evoluído ao longo das últimas décadas, devido à pluralidade de atividades que se somaram a ela. Dentre elas está a Teoria da Distância Transacional (Moore) que muda o foco de discussão da distância geográfica (espaço-tempo) para a distância psicológico-comunicacional entre professores e acadêmicos na modalidade EAD on-line. O presente artigo propõe-se a analisar os dados de uma pesquisa (estudo de caso) sobre a utilização da Educação a Distância on-line, em quatro componentes curriculares optativos dos cursos de Administração e Ciências Contábeis das Faculdades Integradas Machado de Assis de Santa Rosa-RS para contribuir no processo de seleção e uso dos recursos tecnológicos apropriados para a adequação Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 da distância transacional que propicie a melhor dosagem de diálogo, estrutura e autonomia nas atividades on-line propostas pelas faculdades. 1 A PRESENÇA DA INFORMÁTICA NO COTIDIANO EDUCACIONAL A apropriação dos recursos da informática para o desenvolvimento da educação, principalmente como ciência, talvez seja o maior desafio contemporâneo para as instituições de ensino. O surgimento da informática e sua expansão em poucos anos, ao observar a história da humanidade, polemizou a Educação e problematizou (no sentido de levantar questões para debates) os processos de ensino-aprendizagem. A generalização do uso dos recursos da informática no cotidiano educacional promove outra fonte de informação (além das tradicionais: livros e professores) e novos meios de interação entre as pessoas e, por conseqüência, do uso cotidiano, influenciaram na metodologia de ensino-aprendizagem. Esses novos meios de comunicação se estabeleceram e proliferaram devido ao surgimento e maciço crescimento da internet (rede mundial de computadores interconectados). As Tecnologias Digitais, a partir da sua vocação para a comunicação, possibilitaram o desenvolvimento da comunicação assíncrona (não no mesmo momento) e síncrona (no mesmo momento). Desta forma, surgiu como uma categoria de Educação a Distância (EAD) a Educação a Distância on-line ancorada numa plataforma digital interativa. 1.1 O PARADIGMA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Para entender as tecnologias da informação (tecnologias digitais) como paradigma contemporâneo é importante salientar o significado de paradigma. O termo significa padrão, modelo, ou seja, uma estrutura bem organizada com uma dinâmica que a mantém ativa pela própria automanutenção diante dos fenômenos sociais. Para Marcondes (2002, p.15), “[...] um paradigma é um modelo, um tipo exemplar.” Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 De acordo com Kuhn (2003, p. 216), “[...] o paradigma é visto cientificamente e define-se como teoria ou sistema dominante, por um tempo, numa área científica particular.” O a u t o r a f i r m a que o paradigma é resultado da ciência de grande importância que envolve, no mesmo instante, uma teoria e algumas aplicações desta. Para Kuhn (2003) o paradigma caracteriza-se como a realização científica de abrangência significativa, com base teórica e metodológica bem definida, que é aceita e seguida pela maioria dos cientistas da área. Além da questão epistemológica, o Paradigma da Tecnologia da Informação (PTI), ajuda a organizar a essência da transformação social à medida que interage com a sociedade, a qual é dinamizada por seres humanos que interagem entre si por meios tecnológicos digitais, os quais utilizam a internet como meio (canal). Para Castells (1999) é relevante destacar os aspectos centrais do Paradigma da Tecnologia da Informação, para que sirvam de referência no processo de transformação social a partir da democratização, expansão e qualificação da educação nas suas diversas metodologias de ensino. O autor apresenta cinco características como aspectos centrais deste paradigma: a) A informação é sua matéria-prima. São desenvolvidas tecnologias digitais para agir sobre a informação que comunica algo e não mais apenas informações para agir sobre as tecnologias. Desta forma, as tecnologias digitais expandem-se pela constante aplicação de conhecimentos provenientes da ação do ser humano, através das tecnologias, sobre as informações; b) A penetrabilidade dos efeitos. Como a informação é parte integral de toda atividade humana, da mesma forma como a comunicação, todos os processos da existência individual e/ou coletiva são diretamente moldados (embora, não determinados) pelas tecnologias digitais. Toda informação que é comunicada pela internet ecoa por todo universo que a rede alcança; c) A lógica de redes. Em qualquer sistema ou conjunto de relações existe uma rede de conexões. A estrutura da rede adapta-se à crescente complexidade das interações e aos modelos imprevisíveis do Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 desenvolvimento derivado do poder criativo dessas interações. E essa lógica de redes, contudo, é necessária para estruturar o não-estruturado; d) O sistema de redes. O sistema é baseado na flexibilidade, não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser modificadas e, até mesmo, fundamentalmente alteradas pela reorganização de seus componentes no sistema. O que distingue a configuração das tecnologias digitais das anteriores é sua capacidade de reconfiguração - um aspecto decisivo em uma sociedade de transformações e fluidez organizacional; e) Convergência de tecnologias digitais específicas. O funcionamento de um sistema de redes altamente integrado passa pela constante convergência de tecnologias, na qual antigas trajetórias tecnológicas ficam literalmente impossíveis de se distinguir em separado. Assim, a microeletrônica, as telecomunicações e os computadores são todos integrados nos sistemas de redes, ou seja, todas essas tecnologias digitais formam um único canal para a transmissão das informações (comunicação). O atual processo de convergência entre diferentes campos tecnológicos digitais resulta da sua lógica de rede compartilhada e flexível na geração da informação e na comunicação dos resultados. Por isso, o PTI não evolui para seu fechamento como um sistema com fronteiras absolutas e imóveis, mas direciona-se rumo à abertura como uma rede de acessos múltiplos e de fronteiras desconhecidas. A atual Revolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação [Tecnologias Digitais] não é caracterizada pela centralidade de informações e de conhecimentos, mas pela aplicação das informações para a geração de conhecimentos que se tornam dispositivos do processamento da comunicação da informação num ciclo de realimentação acumulativo entre a inovação e seu uso. (CASTELLS, 1999, p. 93). Esse ciclo desenvolve-se de maneira que as tecnologias digitais não são, simplesmente, ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos pela inteligência humana. Desta forma, as tecnologias digitais deixam Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 de ser consideradas apenas um elemento no sistema produtivo da sociedade e torna-se uma força de produção social pelas mãos e pelos cérebros dos seres humanos. Há um fator que identifica, de forma evidente, a revolução que este paradigma proporciona quando comparado a outros. O valor social deste paradigma é evidente na rapidez da disseminação do uso da internet no mundo inteiro. A rapidez com que a internet alastrou-se pelo mundo inteiro foi um fenômeno surpreendente para todos. Para alcançar a número de 50 milhões de usuários ela precisou de apenas quatro anos. A eletricidade (1873), por exemplo, atingiu 50 milhões de usuários depois de 46 anos de existência. O telefone (1876) levou 35 anos para atingir esta mesma marca. O automóvel (1886), 55 anos. O rádio (1906), 22 anos. A televisão (1926), 26 anos. O forno de micro-ondas (1953), 30 anos. O microcomputador (1975), 16 anos. O celular (1983), 13 anos. A Internet (1995), por sua vez, levou apenas quatro anos para atingir 50 milhões de usuários no mundo e, atualmente, cerca de 694 milhões de pessoas usam a internet em todo o mundo. (BALDESSAR apud GESSI, GREGORY, GROSSMANN, 2011, p. 6). A internet é um dos maiores prodígios tecnológicos do ser humano e causou impactos de nível mundial, pois proporcionou uma nova forma de pensar e comunicar. Essa nova forma de pensar e comunicar facilitou a disseminação do conhecimento cultural e científico. Atualmente, o conhecimento é o maior investimento em si. Por conhecimento entende-se como o resultado da elaboração do confronto e/ou articulação de informações para um determinado problema. A seleção constante da melhor informação para a elaboração de um conhecimento desenvolve o intelecto do ser humano. Contudo, o conhecimento depende mais das atitudes dos seres humanos que dos recursos disponíveis. As tecnologias digitais influenciam os seres humanos, mas não os determinam. Em outras palavras, a evolução tecnológica está condicionada à evolução intelectual dos seres humanos, contudo, por outro lado, a evolução intelectual dos seres humanos está condicionada à interatividade com as tecnologias digitais. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A evolução tecnológica não se restringe aos novos usos de equipamentos e/ou produtos, mas aos comportamentos dos indivíduos que interferem nas sociedades [...]. Portanto, entendemos como tecnologias os produtos das relações estabelecidas entre sujeitos com as ferramentas tecnológicas que têm como resultado a produção e disseminação de informações e conhecimentos. (KENSKI, 2003, p. 26). A interatividade auxilia no desenvolvimento intelectual dos seres humanos. Ela é um dos principais recursos no processo ensino-aprendizagem da Educação a Distância nos ambientes virtuais. Nos últimos anos, também no Brasil, houve o crescimento da oferta de Educação a Distância on-line no Ensino Superior, ou seja, através de uma plataforma digital onde professores e acadêmicos interagem entre si e com seus pares em tempo síncrono e assíncrono. Contudo, a Educação a Distância (EAD) on-line teve um crescimento em larga escala no Brasil. Instituições Privadas de Ensino perceberam o nicho de mercado e ofereceram cursos em várias áreas e diversos níveis (qualificação, graduação, especialização) numa oferta maior que as Instituições Públicas. Há poucos anos (2005) o Governo Federal Brasileiro, através do Ministério da Educação, fez um investimento criando o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), através do qual oferece cursos de graduação em localidades com menos ou poucas oportunidades de escolha de cursos10. Outro investimento do Ministério da Educação foi a criação de Diretrizes e Parâmetros11 para a oferta e manutenção de cursos de graduação a distância on-line pelas instituições de Ensino Superior. Desta forma, nos últimos anos, por se tratar de uma modalidade relativamente nova na história da Educação, muito tem se discutido sobre o conceito de Educação a Distância. 1.2 O QUE É A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA? Todos os objetos de estudo podem ser observados e conceituados de diferentes formas, a partir de perspectivas diversas. Contudo, dependendo dos 10 Na cidade de Três de Maio-RS, vizinha de Santa Rosa-RS, está implantada uma unidade da UAB. 11 Ver Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 critérios adotados, a delimitação de um conceito é menos ou mais abrangente. Este estudo apresenta dois conceitos de Educação a Distância (EAD). O primeiro, encontra-se no Dicionário de Educação a Distância publicado pela Fundação Roberto Marinho que diz: A Educação a Distância inclui todas as formas de ensinoaprendizagem nas quais os alunos e/ou os professores se comunicam de qualquer maneira além das reuniões presenciais em sala de aula. Esta definição inclui casos tais como: alunos espalhados geograficamente e estudando sozinhos por grande parte do tempo, mas participando de reuniões de grupo regulares em centros de estudo ou telepostos, com ou sem a presença de um tutor ou facilitador, alunos e professores morando no mesmo local e frequentando a mesma instituição de ensino presencial que, por motivos de conveniência de horários e não problemas de distância geográfica comunicam-se por meio de redes de computadores. (ROMISZOWICS, 1998 p. 34). Esta definição, embora considerável, tem como base a comparação com a modalidade presencial tradicional de Educação, tomando-a como referência. Esse procedimento dificulta a percepção das particularidades da EAD como modalidade pedagógica, pois seu conjunto de características é considerado como um adorno12 à modalidade presencial. Desta forma, parece que as modalidades presenciais e a distância são contraditórias, como se a modalidade presencial e a modalidade a distância fossem excludentes e conflitantes entre si. Todavia, não é o que diz a legislação brasileira. No segundo conceito sobre a e d u ca çã o a d ist â n cia h á a p re o c u p a çã o d e e vi d e n cia r qu e e st a m o d a lid a d e é p o r si. No Decreto n.º 2.494, de 10/02/1998, está definida a Educação a Distância (EAD) da seguinte forma: Art. 1º - Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (MEC, 1998, s.p). 12 No sentido de ser um enfeite para a modalidade presencial; algo desnecessário ou supérfluo. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É importante evidenciar que o termo Educação a Distância não significa apenas ensino e aprendizagem pela internet. A rede mundial de computadores interconectada é uma estrutura “a distância”, porém, existem outras estruturas como o correio postal e mídias digitais off-line. A definição do MEC (1998) abre a perspectiva de ver a EAD realizar-se tanto na forma mais antiga – a correspondência escrita – quanto por rádio, televisão e, mais recentemente, pela internet como suporte de computadores interconectado pela rede mundial. Observa-se que o foco principal, nessa definição, encontra-se na “autoaprendizagem”, já que o acadêmico de educação a distância, na maioria do tempo, encontra-se sozinho (mas não isolado). O conceito também evidencia os diversos meios de comunicação, contudo, neste trabalho, busca-se evidenciar a Educação a Distância on-line, ou seja, os meios de comunicação são os recursos tecnológicos da internet: plataforma digital onde as atividades se desenvolvem. O Paradigma Tecnológico da Internet caracteriza a sociedade contemporânea pela sua fluidez na comunicação de informações para diversos propósitos, dentre eles, a educação no sentido de elaboração e aplicação de conhecimentos científicos. Desta maneira, procura-se conceber a Educação a Distância on-line como uma modalidade educacional com características próprias, tais como Oliveira (2007, p. 34) apresenta: a) Uma “extraterritorialidade” e a uma “temporalidade móvel” 13 (sujeitos que não obrigatoriamente compartilham o mesmo espaço-tempo, embora possam fazê-lo em momentos pré-determinados) e não um “afastamento” geográfico; b) Uma maior mediação tecnológica entre os sujeitos envolvidos, sem restrição de mídias comunicacionais, com uma tendência à predominância das tecnologias digitais pela facilidade e pela dinâmica; c) Uma intenção de desenvolver a autonomia do acadêmico, fazendo-o progredir do papel de “alvo do processo”, que pressupõe o foco em uma ação externa a ele direcionada, para “centro do processo” como forma de construir a própria aprendizagem; 13 Ambos os termos são propostos no Anuário: ABRAEAD (2005, p. 18). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 d) Uma intenção de dissolver as cisões e dicotomias entre “ensinantes” e “aprendentes”, valorizando o caráter coletivo e colaborativo das ferramentas de comunicação disponíveis. É no sentido de fortalecer a ideia de que a EAD on-line pode ser uma modalidade educacional autônoma e não apenas figurante da modalidade presencial que se apresenta a Teoria da Distância Transacional, a qual evidencia que a distância geográfica não é sinônimo de afastamento no processo de ensinoaprendizagem e que a dinâmica de interação via tecnologias digitais pode otimizar características de aprendizagem dos acadêmicos que a muito tempo a modalidade presencial não tem tido resultados significativos; é o caso da autonomia. 2 TEORIA DA DISTÂNCIA TRANSACIONAL Quando se fala ou se discute o termo “distância” a primeira ênfase que se dá é referente ao “espaço físico” e/ou “período temporal”. Esta é uma visão legítima e se prolonga desde a Grécia até o fim do século passado. E, na perspectiva da educação, a proximidade ou a distância é entre professor e acadêmico. Desde a Grécia antiga educação envolve proximidade física de docentes e discentes. A tendência para estabelecer dicotomias, reforçada pela hegemonia do modelo cartesiano-mecanicista que imperou do século XVIII a meados do século XX, quando ocorreu a universalização do acesso à escola, consagrou a proximidade física como requisito para a aprendizagem e, por outro lado, a distância como um déficit a ser superado. (GUADAGNIN; DUTRA; TAROUCO, 2003, p. 02). Contudo, no final do século passado e, de forma mais incisiva, no começo deste século, com a propagação da Educação a Distância, houve um esforço dos intelectuais que fazem ciência da Educação para reduzir tal distância que até então era sinônimo de afastamento entre docentes e discentes. De acordo com Peters (2001), as primeiras tentativas para estabelecer princípios didáticos específicos para a educação a distância, privilegiaram a busca de meios para reduzir, amenizar ou, até mesmo, anular a distância física. Michael G. Moore, com o intuito de diferenciar distância física de distância psicológica Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 (comunicacional) desenvolveu a Teoria da Distância Transacional (1972), a qual será identificada, neste artigo, também como DT. Esta foi uma das primeiras tentativas a estabelecer um marco teórico específico para Educação a Distância. O conceito de transação, segundo Moore (2002, p.02) tem origem em Dewey (1949), e quer dizer “[...] a interação entre o ambiente, os indivíduos e os padrões de comportamento numa dada situação.” Essa transação supera a distância física e temporal e estabelece a distância psicológica (comunicacional) que apresenta uma maneira diferente de ensinar e aprender. A transação a que denominados Educação a Distância ocorre entre professores e alunos num ambiente que possui como característica especial a separação entre alunos e professores, que se traduz por uma distância “física” e mesmo “temporal”. Esta separação conduz a padrões especiais de comportamento dos intervenientes, afetando profundamente tanto o ensino quanto a aprendizagem. Com a separação surge um espaço psicológico e comunicacional a ser transposto; um espaço de potenciais mal-entendidos entre as intervenções do instrutor e as do aluno, ou seja, surge um novo “espaço” pedagógico e psicológico, em que ocorre uma forma diferente de comunicação; uma nova “transação”. (MOORE, 2002, p. 03). Entretanto, a DT é variável e não absoluta, pois cada acadêmico, na relação com o professor, estabelece um padrão de comunicação que não é exatamente o mesmo para todos os acadêmicos. Desta forma, a Distância Transacional influencia os diversos comportamentos, assim como a comunicação dos agentes envolvidos no processo, conduzindo a padrões especiais de comportamento, diferentes dos padrões existentes na educação presencial. A aplicação da Distância Transacional num programa educacional deve levar em conta três variáveis: o diálogo educacional, a estrutura do programa e a autonomia do acadêmico. 2.1 O DIÁLOGO EDUCACIONAL O diálogo tem primazia no conjunto das três variáveis pois, é a partir dele e por ele que a estrutura do programa será avaliada e a autonomia do acadêmico se realizará: mais ou menos. Na teoria de Moore compreende-se por diálogo “toda Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 interação positiva”, mesmo reconhecendo que existe no processo de ensinoaprendizagem interação negativa. Um diálogo é intencional, construtivo e valorizado por cada parte. Cada parte num diálogo é um ouvinte respeitoso e ativo; cada uma elabora e adiciona algo à contribuição de outra parte ou partes. Pode haver interações negativas ou neutras; o termo "diálogo" é reservado para interações positivas, onde o valor incide sobre a natureza sinérgica da relação entre as partes envolvidas. O diálogo em uma relação educacional é direcionado para o aperfeiçoamento da compreensão por parte do aluno. (MOORE, 2002, p. 03). Um dos fatores mais importantes para a existência de diálogo na Educação a Distância on-line é o meio de comunicação, contudo, não é meio de comunicação – por mais atrativo que seja – o responsável pela interação positiva entre professor e acadêmico. É através do diálogo que haverá dinamização e aprofundamento sobre o conteúdo estudado. Dentre os fatores ambientais que influenciam o diálogo estão: a) a natureza do meio de comunicação - o tipo de suporte midiático para o diálogo; quanto mais interativo, maior tende a ser a participação do acadêmico; b) a personalidade do professor e do aluno - o professor pode decidir aproveitar pouco ou muito do potencial interativo do meio de comunicação do ambiente e o acadêmico pode escolher participar mais ou menos das propostas de interação do professor; c) o conteúdo – dependendo da temática abordada ocorreram mais diálogos que em outras temáticas diversas e o mesmo ocorre também na comparação de áreas dentro da mesma temática de estudo, pois envolve interesses pessoais e momento histórico. Quando o diálogo entre professor e acadêmico é ampliado, em qualquer situação, ocorre a redução da distância transacional, pois aproxima ambos mesmo que estejam longe física ou temporalmente. 2.2 A ESTRUTURA DO PROGRAMA Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A estrutura do programa é formada pelos elementos do projeto do curso e/ou da disciplina (Componente Curricular), isto é, a maneira de estruturar o processo de ensino-aprendizagem para um ambiente específico (plataforma digital para EAD online) com seus respectivos meios de comunicação. A diferenciação de qualidade de um programa está expressa na medida em que ele pode responder a cada necessidade individual dos acadêmicos. Assim como o diálogo, a estrutura é uma variável qualitativa, e, tal como o diálogo, a extensão da estrutura num programa é normalmente determinada pela natureza dos meios de comunicação empregados, e também pela filosofia e características emocionais dos professores, pelas personalidades e outras características dos alunos, e pelas restrições impostas pelas instituições educacionais. (MOORE, 2002, p. 05). Quanto mais rígido e engessado for o programa, menor será a atenção personalizada ao acadêmico e, por consequência, maior será a distância transacional. Por outro lado, se o programa for muito flexível não alcançará o diálogo por não demonstrar compromisso com o processo de ensino-aprendizagem que necessidade de limites e exigências. Desta forma, Moore (2002, p.06) afirma “[...] o sucesso do ensino a distância [on-line] depende da criação, por parte da instituição e do professor, de oportunidades adequadas para o diálogo entre professor e acadêmico, bem como de materiais didáticos adequadamente estruturados.” Entretanto, a produção ou mesmo a elaboração de materiais didáticos adequados a cada conteúdo demanda o trabalho de uma equipe multidisciplinar. É preciso muito tempo, criatividade e reflexão na confecção destes materiais, pois cada conjunto de fatores, tais como: público-alvo, contexto histórico, personalidade do professor e estrutura tecnológica de interação exige um foco, ou seja, uma linha de trabalho da equipe. Em educação a distância o ensino raramente é um ato individual, mas sim um processo colaborativo que reúne em equipes de planejamento e redes de distribuição a competência de um certo número de especialistas. O modelo típico é o da equipe pedagógica composta por especialistas em conteúdo, designers instrucionais e especialistas em meios, equipe esta que fornece materiais estruturados que são usados como base para o diálogo entre alunos, professores especializados e tutores. (MOORE, 2002, p. 06). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Estas muitas habilidades diferentes devem ser sistematicamente organizadas e aplicadas para possível avaliação e melhoramento dos projetos de cursos. Todo programa de Educação a Distância on-line deve ter sua estrutura bem definida para diminuir a DT entre professor e acadêmicos. A teoria da Distância Transacional, de acordo com Moore (2002) apresenta seis processos que devem ser estruturados em todo programa de EAD para diminuir a DT e assim, qualificar o processo educativo. a) Apresentação: exposição de informações, modelos, valores e habilidades através de textos, áudios, vídeos e materiais multimídia; b) Apoio à motivação do aluno: o professor, através do diálogo, incentiva o acadêmico a aprender e a desenvolver automotivação para estudar o que é proposto e além; c) Estímulo à análise e à crítica: estas são habilidades cognitivas que acadêmicos devem desenvolver para criar o senso de questionamento diante do que é tido como verdadeiro; d) Aconselhamento e assistência: o programa educacional deve oferecer orientação sobre o uso do material didático, das técnicas para estudo e de algum tipo de referência para o enfrentamento de problemas pedagógicos; e) Organização de aplicação e avaliação: dar ao acadêmico a oportunidade de aplicar aquilo que aprende no intuito de concretizar seus conhecimentos e, diante desta aplicação, o professor (ou mesmo o tutor) dá o feedback ao acadêmico; f) Organização para a construção do conhecimento por parte do aluno: o programa deve provocar o acadêmico a esclarecer o seu processo de construção de conhecimento no intuito de ser uma reflexão sobre suas habilidades cognitivas de aprendizagem e condensação intelectual do próprio conhecimento. Para oferecer programas de ensino eficazes na superação da DT é preciso selecionar o meio apropriado para cada processo de ensino-aprendizagem, sendo a Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 adequação dependente, em parte, de outras variáveis do ambiente, tais como: as características do acadêmico e do conteúdo. 2.3 A AUTONOMIA DO ALUNO A autonomia do acadêmico no Ensino a Distância on-line é um fator determinante no desempenho das atividades propostos pelo Projeto Pedagógico do Curso. Ser autônomo não significa ser individualista ou isolar-se na aprendizagem. A autonomia denota capacidade de escolha e confiança nas decisões do processo de aprendizagem. Em outras palavras é não depender sistematicamente do professor. A Distância Transacional tem relação direta com a autonomia do acadêmico. A autonomia do aluno é a medida pela qual, na relação ensino/aprendizagem, é o aluno e não o professor quem determina os objetivos, as experiências de aprendizagem e as decisões de avaliação do programa de aprendizagem. A autonomia do aluno é, desta forma, uma variável a considerar na distância transacional entre o professor e o aluno no processo de ensino/aprendizagem, em que, quanto maior for a distância maior deverá ser a autonomia do aluno. O ideal de um aluno autônomo é descrito como sendo um indivíduo que deve ser capaz de utilizar os materiais didáticos e os programas de ensino, segundo a sua própria metodologia e controle, de forma a atingir os seus objetivos. (MOORE apud GROF et al., 2011, p.11). Este ideal de autonomia é uma hipótese que precisa ser muito trabalhada para transformar-se em realidade à maioria dos acadêmicos do Ensino Superior. Não é fácil ser autônomo nos estudos de uma graduação se durante toda vida escolar o acadêmico foi treinado e condicionado a ser dependente do professor para aprender. Mesmo os adultos têm dificuldades para serem autônomos, pois, na maioria dos casos, além de terem sido treinados para a dependência do sistema escolar, estão sem ritmo de estudo por terem se afastado sete, dez, quinze anos ou mais do hábito de estudar. Este pensamento é confirmado por Knowles, quando escreve que “[...] os alunos são treinados para serem dependentes do sistema escolar; inclusive os adultos que, via de regra, não estão preparados para uma aprendizagem independente; precisam atravessar um processo de reorientação para aprenderem como adultos.” (KNOWELS apud MOORE, 2002, p. 09). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A autonomia é um componente a ser apoiado nos projetos EAD on-line na busca da dosagem da Distância Transacional. A autonomia no estudo está ligada à liberdade individual de escolha, porém, não significa que deva excluir a coletividade da aprendizagem que é um fator diferencial da modalidade a distância on-line. O estudo pode ser coletivo, até porque tem suas vantagens na colaboração recíproca e na amplitude da abrangência de experiências que podem (e devem) ser compartilhadas. A colaboração no estudo não elimina do acadêmico a liberdade individual de construir seu caminho de aprendizagem que representa sua autonomia. A autonomia está mais ligada à liberdade e autoregulação e estas características não são exclusivas do individuo e podem também ser exercidas em grupos, que podem surgir por indicação do professor ou também por iniciativa dos próprios participantes. (GUADAGNIN; DUTRA; TAROUCO, 2003, p. 07). A construção da autonomia no estudo é um desafio da EAD on-line já que os professores de hoje – além de necessitarem formação para modalidade EAD on-line são os estudantes que se formaram professores – na sua maioria – dependentes do sistema escolar, isto é, treinados para responder o que e quando o professor quiser e pouco para questionar ou contrapor o que lhe é apresentado. 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE NA FEMA As Faculdades Integradas Machado de Assis, Santa Rosa-RS, tendo como base legal a Portaria 4.059 de 10 de dezembro de 2004, do Ministério da Educação (MEC), no parágrafo 2: “Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput [cursos superiores reconhecidos], integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso”. A partir de 2010, com a criação do Setor de Projetos EAD, a Fundação Educacional Machado de Assis-FEMA, começou a sistematizar a implantação da modalidade a distância on-line para seus cursos superiores reconhecidos. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Até fim de 2010, os cursos superiores reconhecidos pelo Ministério da Educação eram os Cursos Superiores de Administração e de Ciências Contábeis14. Entretanto, no mês de junho de 2011, outros dois cursos superiores foram reconhecidos pelo MEC: Serviço Social e Direito. As faculdades também oferecem, a partir do primeiro semestre de 2011, dois cursos superiores de tecnologia: Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos e Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação (ambos autorizados pelo MEC, porém, ainda não reconhecidos). 3.1 IMPLANTAÇÃO DA MODALIDADE EAD ON-LINE Diante da abrangência de quatro cursos superiores em constante crescimento e dois novos cursos superiores, a FEMA, atenta às evoluções tecnológicas digitais da sociedade e, com o intuito de democratizar e dinamizar o acesso ao ensino superior disponibiliza mais uma opção de estudo através da modalidade a distância on-line15 para os acadêmicos matriculados nos cursos presenciais. Sendo assim, no período de férias de verão de 2010-2011 foram ofertados aos acadêmicos do 4º ao 8º semestres, dos cursos de Administração e Ciências Contábeis (reconhecidos até o momento), componentes curriculares na modalidade a distância. Contudo, antes da oferta dos quatro componentes curriculares foram ministrados dois cursos de curta duração para todos os docentes interessados na modalidade a distância on-line que tem como plataforma o Moodle16. No momento que as coordenações dos cursos aptas para ofertar vinte por cento (20%) da grade curricular a distância decidiram quais seriam os componentes curriculares ofertados na modalidade a distância on-line foi ministrado17 um curso 14 Além destes, os Cursos de Artes Visuais e de Desenho são reconhecidos, contudo, não há mais processo seletivo (vestibular) para formação de novas turmas, pois os dois cursos serão extintos, após a formação da última turma em curso. 15 Importante destacar que a modalidade a distância que a FEMA disponibiliza é on-line, isto é, por meio de uma plataforma digital com uso da internet e não por outros canais de ensino a distância como: correio, TV e rádio. 16 É um programa livre (software free) de apoio ao processo de ensino-aprendizagem acessível pela internet. 17 O curso foi elaborado e ministrado pelo coordenador de Projetos EAD da FEMA: Prof. Mauro Lorençatto. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 mais detalhado de formação docente para a utilização didática da plataforma digital da FEMA, conhecida como Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os componentes escolhidos foram: Empreendedorismo e Criatividade Empresarial – Profª. Marilei de Conti e Sociologia – Prof. Mauro Lorençatto para acadêmicos do curso de Administração e Contabilidade de Pequenas e Médias Empresas – Profª. Nívea Goldschmidt Follmann e Contabilidade Internacional – Prof. Claiton José Damke para acadêmicos do curso de Ciências Contábeis. 3.2 COLETA DE DADOS DA PESQUISA Após a realização dos quatro componentes curriculares, foi elaborado pelo coordenador de Projetos EAD da FEMA e pelos coordenadores dos cursos envolvidos uma pesquisa de avaliação em formato de questionário, composto por 12 questões: 10 objetivas e 02 descritivas. O questionário foi disponibilizado por 15 dias no AVA da instituição. Foram comunicadas as turmas dos colaboradores da importância da participação através de respostas conscientes para a melhoria da modalidade. A participação efetiva somou 47 questionários respondidos. No total dos quatro componentes curriculares 257 foram as matrículas. Como setenta e uno (71) acadêmicos fizeram mais de um componente curricular e responderam apenas uma vez o questionário (aqueles que responderam), a participação aumenta de dezoito por cento (18%) para, aproximadamente, vinte e cinco (25%). Para análise do resultado da pesquisa serão apresentadas apenas as respostas das dez (10) questões objetivas com o intuito de confrontar os resultados com a Teoria da Distância Transacional, tendo como referência de análise as três dimensões de um projeto de curso a distância on-line: diálogo, estrutura e autonomia. Para facilitar a visualização das respostas dos acadêmicos, as dez (10) questões objetivas foram tabuladas. A seguir, a ilustração com os percentuais das respostas. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 1) Você atingiu suas expectativas em relação ao Ensino a Distância no Componente Curricular? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 0,0 8,5 51,0 40,5 2) As atividades propostas pelo/a professor/a estavam claras e adequadas ao conteúdo? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 0,0 8,5 40,5 51,0 3) Como foi a interação com o professor/a? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 2,0 6,0 30,0 62,0 4) Como foi a interação com os colegas? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 2,0 23,0 43,0 32,0 5) A dinâmica do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ajuda no estudo? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 0,0 8,5 51,0 40,5 6) Você teve dificuldade para utilizar os recursos do AVA? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 0,0 10,0 38,0 52,0 7) Você sentiu solidão em relação a não-presencialidade corporal dos colegas e do professor/a no dia a dia do Componente Curricular? sim às vezes não 6,5 19,0 74,5 8) Como foram elaboradas as atividades on-line (exercícios)? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 2,0 6,0 54,0 38,0 9) Como foram elaboradas as avaliações presenciais? péssimo ruim regular bom ótimo 0,0 2,0 2,0 58,0 38,0 10) Você cursaria outro Componente Curricular na modalidade a distância na FEMA? não sim 4,0 96,0 Quadro 1: Questões objetivas da pesquisa Fonte: Lorençatto (2011, p. 08) 3.3 CLASSIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA As dez (10) questões podem ser categorizadas nas três dimensões de um projeto de curso de educação a distância que segundo Moore (2002) são: diálogo, estrutura e autonomia. Numa livre tentativa de sistematizar esta categorização foram classificadas como questões mais ligadas à dimensão do diálogo: 02, 03, 04 e 07 devido ao foco na interação entre professor-acadêmico e entre os próprios acadêmicos; mais ligadas à dimensão da estrutura: 05, 06, 08 e 09 por causa do foco no suporte das atividades desenvolvidas no ambiente e mais ligada à dimensão Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 da autonomia: 01 e 10 devido ao foco na realização pessoal (questão 01) e na liberdade de escolha (questão 10). Estas são características centrais de cada uma das três dimensões. Diante dos resultados das questões, a análise que se faz é que o projeto de implantação da modalidade de educação a distância on-line na FEMA foi positiva, tendo como destaque: a clareza e objetividade das atividades propostas pelos professores, a interação entre professor e acadêmico, a facilitada utilização dos recursos tecnológicos do ambiente virtual de aprendizagem, o baixo índice de “sensação de solidão” pela ausência da presença corporal do professor e dos colegas e pelo elevado percentual de aceno positivo à matrícula em outro componente curricular nesta modalidade na FEMA. Todos estes destaques configuram-se por terem alcançado, no nível “ótimo” o maior percentual, nas respectivas questões. Considerando que os níveis: “bom” e “ótimo” configuram uma avaliação positiva, e a soma destes varia entre 75% e 96%, o resultado definitivamente é positivo, já que está acima da média de avaliação das atividades de ensino da FEMA (70%). Entretanto, uma questão chama atenção para seu alto índice do nível “regular” que, não sendo positivo, preocupa. É a questão que trata da interação entre os colegas (questão 4). Enquanto as demais questões, no nível “regular” variam entre 2% e 10%, esta atinge o valor de 23% que requer atenção especial dos professores para possibilitar e motivar maior interação no ambiente entre colegas. CONCLUSÃO A Educação a Distância on-line é uma modalidade com características especificas de ensino-aprendizagem. Através dela, busca-se ampliar o acesso ao conhecimento, desde que a produção de conhecimento científico seja oriunda da reflexão sobre o conteúdo que o diálogo proporciona e não apenas o derramamento de informações na estrutura do ambiente de ensino-aprendizagem a distância online. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A Distância Transacional é um conceito importante na EAD on-line e para que se possam oferecer, nesta modalidade, cursos de alto padrão, é necessário buscar a dosagem ideal desta distância, oferecendo cursos bem estruturados que privilegiem o diálogo e a autonomia. Esta visão deve ser levada em consideração no planejamento e desenvolvimento de componentes curriculares e/ou cursos a distância on-line das Faculdades Integradas Machado de Assis levando em consideração, tanto o conteúdo a ser desenvolvido como os aspectos tecnológicos necessários para que se possa minimizar o nível de distância transacional. Desta maneira, torna-se necessário repensar, constantemente, a estratégia das propostas de atividades para que haja maior diálogo entre acadêmicos nos componentes curriculares e/ou cursos que a FEMA disponibilizará na modalidade a distância on-line aumentando o potencial de aprendizagem colaborativa - através do diálogo - e a autonomia dos acadêmicos. Sendo assim, é importante ou, até mesmo, imprescindível, a formação de uma equipe multidisciplinar para planejamento, execução e avaliação das atividades on-line das Faculdades Integradas Machado de Assis. REFERÊNCIAS ANUÁRIO BRASILEIRO ESTATÍSTICO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA (ABRAEAD). Disponível em: <www.abraead.com.br/anuario/anuario2005.pdf>. Acesso em: 18 set. 2011. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede a era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. GESSI, Nedisson Luis; GREGORY, Marcos; GROSSMANN, Helmuth. A internet muito além de um meio de comunicação. 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Também foi realizado um questionário direcionado ao proprietário da Empresa, em que ele justifica a mudança do plano de remuneração e suas consequências. É apresentado o atual plano de remuneração, com as faixas e possibilidades de enquadramento, e são feitas as devidas análises financeiras, através de dados coletados na empresa. Para fundamentar o trabalho, buscou-se a contribuição de vários autores em relação ao assunto abordado. O novo plano de remuneração, adotado em agosto de 2010, traz uma série de vantagens, das quais se destaca a horizontalização da venda do portfólio da marca, em relação ao adotado anteriormente. Dentro da proposta de um novo plano de remuneração, surgem alguns ajustes a serem feitos, baseados em análises e tendências de mercado. Concluiu-se assim, que a remuneração influencia diretamente no resultado da empresa e que a estrutura que remunera é capaz de redimensionar o alcance dos objetivos. Palavras-chave: Remuneração variável – Faturamento - Mudança. ABSTRACT The aim of this study was to investigate the relationship and the possible interference of the variable remuneration in the sector's sales Ketten Bebidas on the company's sales. We evaluated data collected through research, applied to the group of vendors, which sought to assess their perception of the methodology of pay and their satisfaction with the work, was also carried out a questionnaire given to the owner of the company, where he explains the change of the compensation plan and its consequences, is presented the current compensation plan, with all its tracks and possibilities, and are made the necessary financial analysis, using data collected in 18 Administrador. Egresso do Curso de Administração das Faculdades Integradas Machado de Assis – FEMA. e-mail: [email protected] 19 Administradora. Professora do Curso de Administração das Faculdades Integradas Machado de Assis – FEMA. e-mail: [email protected] Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 the company. To support the work, we sought input from numerous authors in relation to the subject matter. The new compensation plan, adopted in august 2010, brings a number of advantages, of which there is the flattening of the sale of the brand portfolio in relation to the previously adopted. Within the proposed new compensation plan, there are some adjustments to be made, based on analysis and market trends. It was concluded that the remuneration directly influences the bottom line, and have to ensure that the structure that pays is able to resize the achievement of objectives. Keywords: Variable remuneration - Sales - Change. INTRODUÇÃO No atual contexto organizacional, para que as empresas sobrevivam num mercado altamente competitivo, como é o mercado de bebidas, alguns preceitos precisam ser seguidos, como o da qualidade aliado à produtividade e à flexibilidade de gerenciamento do negócio e, consequentemente, a adequação da forma de remuneração da empresa, buscando adaptar-se aos novos tempos, de forma com que ocorra a retenção do capital intelectual. Assim, este trabalho tem como objetivo evidenciar a relação entre a motivação da equipe de vendas e o resultado final da empresa, estabelecendo uma ligação direta do faturamento em torno da remuneração variável da força de vendas. Este estudo justifica-se por verificar que políticas coerentes de remuneração são capazes de extrair os melhores resultados da equipe de vendas, diante da contribuição dos sistemas de remuneração variável e suas múltiplas possibilidades no desenvolvimento da empresa frente ao mercado competitivo, sem esquecer dos objetivos pessoais de seus colaboradores. O trabalho é composto pela metodologia adotada para a realização da pequisa; a gestão de pessoas nas organizações; o sistema de remuneração; o estudo prático, realizado na empresa Ketten Bebidas; e a conclusão. 1 METODOLOGIA DO ESTUDO Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A metodologia, segundo Lakatos e Marconi (1996), é o caminho a ser percorrido, demarcado, do começo ao fim, por fases ou etapas. Ela serve de guia para o estudo sistemático do enunciado, compreensão e busca de solução para o referido problema. O estudo classifica-se como uma pesquisa exploratória, descritiva e quantitativa; configurando-se também como um estudo de caso. De acordo com Piovesan (1995), define-se pesquisa exploratória como parte integrante da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer. Ou seja, estabelece-se qual ferramenta melhor atenderá aos objetivos. A pesquisa descritiva, de acordo com Minayo (1994) descreve os fatos sem manipulá-los e busca determinar os fenômenos relacionados à pesquisa, assumindo a forma de um levantamento. A pesquisa enquanto quantitativa busca traduzir em números as informações que serão posteriormente analisadas. Para Minayo (1994), a pesquisa requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desviopadrão, coeficiente de correlação, análise de regressão). A coleta de dados ocorreu por meio da análise de documentos da organização para compreender a sistemática de funcionamento do plano de remuneração. Ainda foi aplicada entrevista com o sócio/proprietário e pesquisa para conhecer a satisfação dos vendedores em relação à nova forma de remuneração. Como fontes secundárias utilizaram-se informações de bancos de dados, arquivos, livros e o histórico contábil da empresa. Estes dados foram importantes para identificar os resultados de dois dos objetivos propostos, um deles para conhecer o sistema de remuneração aplicado na organização Ketten Bebidas, e o outro para os comparativos financeiros dessa nova modalidade de remuneração. Para tanto, foi realizada uma entrevista com o sócio/proprietário. Para conhecer a satisfação dos vendedores em relação à nova forma de remuneração, aplicou-se um questionário. 2 A GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Os tempos mudaram, e nas organizações atuais, a globalização provocou grandes mudanças, modernização nas formas de produção, aumento da produtividade e da qualidade da produção e mudanças no estilo de gestão com as pessoas. “O contexto de gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro das organizações. E estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar o sucesso (CHIAVENATO, 2010, p.4).” Na maioria das vezes, o homem passa a maior parte do seu tempo dentro das organizações, pois ele depende dela para sua subsistência e para o alcance dos seus objetivos, como também a organização depende dele para a sua produção, não existindo empresa sem pessoas para lhe dirigir. Assim, o contexto em que se situa a Gestão de Pessoas é representado pelas organizações e pelas pessoas. Sem organizações e sem pessoas não haveria a Gestão de Pessoas. Em resumo, as organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. E para as pessoas, as organizações constituem o meio através do qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais, com um custo mínimo de tempo, esforço e de conflito. (CHIAVENATO, 2010, p.7). A gestão de pessoas deve desenvolver ferramentas, através das quais seja possível verificar qual o grau de contribuição de cada colaborador para o andamento do trabalho, para que, em contrapartida, a empresa possa retribuir de forma adequada a esse esforço. As organizações modernas já perceberam que investir em seus parceiros pode ser considerado uma estratégia para o alcance dos seus objetivos. Segundo Chiavenato (2010, p.11) “[...] as pessoas constituem o principal ativo da organização.” No mundo em constante mudança, onde tudo acontece rapidamente, a gestão de pessoas também passa por transformações. Segundo Dutra (2009, p.16): [...] o desenvolvimento da organização está diretamente relacionado à capacidade em desenvolver pessoas e ser desenvolvida por pessoas, originando dessa premissa uma série de reflexos teóricas e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 conceituais acerca da aprendizagem da organização e das pessoas e como elas estão inter-relacionadas[...]. Desta forma, entende-se que a gestão de pessoas deve buscar a satisfação mútua de colaboradores e empresa. Para que esses possam traçar metas em comum, a organização deve visualizar os colaboradores como parceiros do seu desenvolvimento, para que estes percebam o mesmo em relação à empresa e juntas consigam atingir os seus objetivos. 3 SISTEMAS DE REMUNERAÇÃO A remuneração, ou salário, não é simplesmente a troca do trabalho por dinheiro. “O salário é uma demonstração objetiva de quanto a empresa valoriza o trabalho de seu funcionário.” (PONTES, 2006, p.27). As formas de remuneração do capital humano estão sendo cada vez mais discutidas e aperfeiçoadas, e as empresas encontram-se em uma encruzilhada, adaptam-se a realidade de um mercado globalizado e altamente competitivo ou esperam o tempo passar e acabam fechando as suas portas. Para Paschoal (2006), o salário pode ser encarado como custo ou como fator de incremento nos negócios, dependendo da gestão da sistemática, assim como do envolvimento da direção da empresa. “A remuneração do pessoal é o prêmio pelo serviço prestado. Deve ser equitativa e, tanto quanto possível, satisfazer ao mesmo tempo ao pessoal e à empresa, ao empregador e ao empregado” (FAYOL, 1990, p.50). Diante de um ambiente altamente competitivo, as empresas são obrigadas a repensar as formas de gerenciamento da sua gestão de pessoas, adequando sua política salarial aos modelos utilizados por grandes corporações. A realidade brasileira apresenta empresas nos mais diferentes estágios quanto à forma de organização e de gestão; o espectro vai desde as que nunca tiveram intimidade com um plano de remuneração até as que já adotam estratégias ousadas e inusitadas. Cada empresa precisa ser atendida com as ferramentas apropriadas ao seu momento. (PACHOAL, 2006, p.10). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Para Flannery (1997), conciliar as constantes mudanças pelas quais passam as organizações e os sistemas tradicionais de remuneração tem gerado uma série de dificuldades, a partir da distância entre as descrições dos cargos e os critérios considerados pelos gestores para remunerar ou promover seus empregados. A remuneração, seja ela qual for a adotada em qualquer organização, deve atender a todos os requisitos capazes de satisfazer e motivar o empregado e também atender a todas as expectativas da empresa em relação ao resultado de seu trabalho. A remuneração enquanto investimento é quantificada pelo empregador através do retorno proporcionado pelo empregado. 3.1 REMUNERAÇÃO VARIÁVEL O novo modelo de remuneração, enquanto variável, busca atrelar a remuneração aos resultados da organização, comprometendo os profissionais envolvidos com os objetivos e estratégias das empresas. Ao longo das últimas décadas a remuneração variável vem se consolidando como o principal mecanismo para reconhecimento do desempenho dos empregados, reduzindo-se a ênfase dada aos aumentos no salário fixo. Isso não significa que as empresas estejam abandonando a política de promover o crescimento na remuneração fixa de seus empregados ao longo do tempo. (SOUZA, 2005, p. 96). Todo sistema de remuneração variável consiste em uma forma de incentivo em que a empresa se propõe a pagar um valor extra, complementando a remuneração básica, em cumprimento ou superação das metas estabelecidas. De acordo com Pontes (2006), a remuneração variável é o processo de remunerar os funcionários de forma a ter uma parte fixa e a outra variável. A parte fixa depende da definição de estruturas salariais e a parte variável de outros fatores definidos previamente, e que, geralmente levam em conta o desempenho do funcionário, da equipe de trabalho e, principalmente, o desempenho da empresa. São vários os modelos de remuneração variável, e os mais usuais em prática no Brasil, de acordo com Silva (2005), são: a) Bônus e gratificações; Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 b) Comissão; c) Incentivos e Campanhas; d) Remuneração indireta. Já a remuneração total, segundo Chiavenato (2010, p. 279), se divide em três pontos. a) Remuneração básica: salário mensal, ou salário por hora; b) Incentivos salariais: bônus, participações nos resultados, etc; c) Benefícios: seguro de vida, seguro de saúde, refeições subsidiadas, etc. Mas ainda há confusão na distinção entre remuneração variável e participação nos lucros ou resultados, mesmo os dois tendo origens motivacionais e objetivos distintos. 3.2 FATORES QUE INFLUENCIAM REMUNERAÇÃO A avaliação de desempenho de cada colaborador é uma importante ferramenta para a organização, ajuda a avaliar metas e influencia na remuneração, já que dificilmente algum empresário irá aumentar um salário sem as devidas informações sobre a atuação do funcionário. A Avaliação de Desempenho visa, então, de modo mais imediato, saber até que ponto a expectativa de resultados está sendo atendida. Permite, em consequência, dar uma resposta ao colaborador sobre sua atuação na empresa. Tem, porém, outras finalidades tão nobres quanto essas: identificar falhas nas condições de trabalho; detectar déficits de competência; direcionar os esforços de treinamento e desenvolvimento; mapear o quadro de talentos; apoiar o planejamento dos Recursos Humanos; subsidiar planos de carreira, decisões de promoções e de ajustes de salário. (PASCHOAL, 2006, p.81 e 82). As pessoas devem administrar bem suas carreiras, pois elas influenciam na remuneração. Segundo Robbins (2008), “todo mundo tem uma carreira, quer queira ou não.” Isso porque, a carreira é definida como um padrão de experiências profissionais que se estende por toda a vida de um indivíduo. O autodesenvolvimento é muito importante para todos os profissionais nos dias de hoje, as empresas cada vez mais precisam de profissionais melhores Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 qualificados e que busquem, constantemente, adquirir e aperfeiçoar suas competências, adequando-se a grande competitividade do mercado globalizado. 4 O SISTEMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL ADOTADO PELA EMPRESA KETTEN BEBIDAS A Kettenhuber Bebidas teve início suas atividades na cidade de Ijuí, no ano de 1992, atuava somente na cidade de Ijuí. No ano de 1995, a pedido da Vonpar Refrescos S/A, sua franqueadora, a Ketten Bebidas instalou-se na cidade de Três de Maio. Em 1997 passou a atender mais dois municípios da região, sendo eles Horizontina e Dr. Mauricio Cardoso. A empresa sempre priorizou pela qualidade no atendimento ao cliente e a excelência na prestação do serviço, proporcionando credibilidade, confiança e consequente fidelização de seus clientes. Visando melhorar e padronizar suas atividades, no ano de 2005, a franqueadora reestruturou todo o seu sistema de distribuição. Essas mudanças ocorreram com a finalidade do distribuidor dispor da mesma filosofia de trabalho da franqueadora e excelência na execução de suas atividades. Assim, a franqueadora desativou um distribuidor em Tuparendi, e outro em Santa Rosa, centralizando em um único distribuidor suas atividades, oportunizando a Kettenhuber instalar-se em Santa Rosa. Para conhecer o novo plano de remuneração da empresa, foi realizada uma entrevista com o proprietário, Sr. Hélio Gustavo Kettenhuber, no dia 13 de junho de 2011. O primeiro ponto levantado foi referente ao motivo que levou a empresa a trocar o plano de remuneração do setor de vendas; o proprietário destacou que esta mudança ocorreu em função de se buscar adequação aos moldes já utilizados no plano de remuneração da Vonpar, sendo que o ponto principal é a ligação direta da remuneração com o resultado, atendendo as metas impostas pela Vonpar, a organização a qual as distribui entre os colaboradores. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Relatou ainda que houve resistência por parte da equipe num primeiro momento, em função de adaptação à nova metodologia de trabalho, um pouco mais agressiva no sentido de alcance das metas propostas. De acordo com o Proprietário, o resultado desta mudança vem sendo considerado satisfatório, pois atingiu o objetivo de horizontalização na venda do portfólio de produtos, principalmente dos novos produtos, além do aumento da rentabilidade. Mas, apesar do resultado ter sido positivo, mudanças estão sendo planejadas para a nova metodologia (política) de remuneração, tanto no sentido de melhorar a ferramenta de composição das metas e de remuneração quanto pelo fato de adotar um plano de cargos e salários, ainda inexistente na Empresa. 4.1 O PLANO DE REMUNERAÇÃO Esta nova política de remuneração, adotada pela empresa em agosto de 2010, está estruturada conforme as seguintes etapas: primeiramente é remunerado o atingimento da meta sobre a venda de refrigerantes, somando-se todos os produtos que se enquadram nesta linha; logo após, remunera-se o atingimento da meta de venda de cerveja, também sobre um valor decorrente de toda a linha do produto. Na sequência, remunera-se sobre os produtos específicos, como os de hidratação, que são formados por produtos da linha de refrigerantes, águas e energéticos, assim como a remuneração sobre os não carbonatados, que envolve produtos da linha de sucos, chás e energéticos. Já a faixa de remuneração sobre a Ks, envolve um único produto da linha de refrigerantes, sendo a única faixa de remuneração que contempla somente um produto específico. Ainda tem-se a remuneração sobre a nota Red, através de pesquisa aplicada em alguns clientes da empresa; a faixa de remuneração sobre o preço médio com que o vendedor trabalha em produtos previamente selecionados; o mapa de cobertura, a venda individual e também das bebidas quentes. A Ilustração 1 destaca a base de cálculo do plano de remuneração, demonstrando todos os percentuais possíveis de serem alcançados, que foram Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 calculados sobre o valor do salário fixo. Como pode se constatar, o item de maior relevância na formação do salário é justamente o refrigerante, carro-chefe da empresa e responsável pela maior fatia do faturamento. Variável Refrigerante Vol. Excedentes 25% 10% Red 15% - Hidratação 12% 4% Cerveja 15% 5% Preço Médio 15% - Não Carbonatado 12% 4% Ks 12% 4% Cobertura 15% - Individuaisl 12% - 7% - Bebidas Quentes Ilustração 1. Base de cálculo de plano de remuneração. Fonte: Sá (2011). Os percentuais possíveis de serem alcançados pelos vendedores na venda de refrigerantes podem ser visualizados conforme Ilustração 2, através da qual verifica-se que, ao atingir uma meta de 85 a 89%, terá um percentual de 10% de remuneração variável, e o ponto máximo, se atingir 110% ou mais, terá o percentual de 35% sobre o salário fixo. Dentre todas as faixas de remuneração, a meta de refrigerantes é a que norteia a rotina de vendas e motiva os vendedores na busca por resultados, mas ao mesmo tempo é difícil de atendê-la, devido ao valor da meta mensal, que é desafiadora, assim como a presença constante de uma concorrência acirrada. Esta realidade exige que o vendedor demonstre sua capacidade de buscar seus objetivos e este resultado demonstrará o seu desempenho diante da equipe e supervisão. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 25% 10% 110% ou mais 35% 25% 5% de 105% a 109% 30% 25% de 100% a 104% 25% de 95% a 99% 20% de 90% a 94% 15% de 85% a 89% 10% Abaixo de 85% 0% Ilustração 2. Base de cálculo venda de refrigerante. Fonte: Sá (2011). Um fator importante a ser considerado é o comportamento do consumidor em relação ao produto que é oferecido, pois a venda depende diretamente da intenção de compra do cliente, assim como do produto que é oferecido. Por mais complexo que pareça o plano de remuneração adotado pela Empresa, na sua essência demonstra-se simples, no sentido de estar estruturado de forma objetiva, para que o vendedor não encontra dificuldade em compreendê-lo. E, todo acompanhamento quanto ao atingimento das metas é feito diariamente, em reunião matinal com toda a equipe comercial, momento em que todos os números são levantados e discutidos e cada vendedor recebe uma planilha com os seus resultados, de forma detalhada. Cada vendedor inicia seu dia de trabalho sabendo exatamente a sua meta diária, semanal e mensal de venda, a qual é atualizada diariamente. Sua única preocupação passa a ser a execução do trabalho. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 4.2 A SATISFAÇÃO DOS VENDEDORES EM RELAÇÃO AO TRABALHO E À REMUNERAÇÃO O objetivo específico de pesquisar a satisfação dos vendedores com relação ao novo sistema de remuneração desenvolveu-se a partir de uma pesquisa aplicada aos sete vendedores. Inicialmente, buscou-se conhecer o perfil dos vendedores. Quanto ao gênero, os 7 vendedores são do sexo masculino. Este perfil caracteriza-se em função do trabalho que é realizado, sendo que o deslocamento é feito de moto, em todas as rotas de venda, nos mais diferentes municípios atendidos, independente da situação climática, e também em função da clientela atendida pela empresa, tendo como clientes: restaurantes, supermercados, lojas de conveniência, padarias, minimercados, bares, clubes e locais de entretenimento. Quanto ao estado civil do quadro de vendedores, 5 são solteiros e 2 são casados. No que se refere à escolaridade, 2 vendedores possuem nível superior incompleto e 5, nível médio completo. Quanto à idade, 1 tem entre 16 e 20 anos, 3 têm entre 21 e 25 anos, 1 tem entre 26 e 30 anos, 1 tem entre 31 e 35 anos e 1 tem mais de 35 anos. E no que se refere ao tempo de trabalho na empresa, 3 vendedores estão a menos de 1 ano, 1 entre 1 e 2 anos, 2 entre 3 e 4 anos, 1 entre 4 e 5 anos, sendo que nenhum está mais de 5 anos de trabalho na empresa. A partir destes dados, pode-se descrever sobre o perfil da equipe de vendas. Observa-se que na sua maioria, é formado por jovens, todos com ensino médio completo e dois com nível superior incompleto, o que demonstra a busca pela qualificação e pela estabilidade. Destes, dois são casados e os demais solteiros. Outro ponto importante é o tempo de trabalho, em que três dos sete vendedores estão a menos de 1 ano desempenhando a função na empresa, demonstrando assim, a renovação de parte da equipe como forma de mudança estratégica. A partir do momento em que se conheceu a equipe, pode-se começar a avaliar sua percepção em relação à empresa e também em relação ao plano de remuneração adotado. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Ao questionar o conhecimento destes sobre o plano atual de remuneração da empresa, do total de 7 vendedores pesquisados, 6 responderam conhecer o atual plano de remuneração, sendo que apenas 1 disse desconhecer o atual plano. Constata-se que três dos sete vendedores estão a menos de um ano na empresa, o que talvez explique o fato de um dos vendedores desconhecer o plano de remuneração. Isto pode ter ocorrido pelo pouco tempo de trabalho ou por falta de uma explicação quanto ao funcionamento do plano, o que é um aspecto a ser analisado com maior atenção. Ressalta-se assim, a importância da integração de novos colaboradores com a equipe e, principalmente, com a empresa, familiarizando o funcionário o mais depressa possível com a organização, garantindo que as normas, bem como sua filosofia e seus padrões sejam respeitados e seguidos, colocando-o a seguir, a par de todo funcionamento do plano de remuneração, ponto básico para que o trabalho seja iniciado. No que concerne ao antigo plano de remuneração utilizado até julho de 2010, dos 7 vendedores, 5 afirmaram ter conhecimento e 2 responderam que não conheceram. O fato de dois vendedores desconhecerem o plano de remuneração antigo também se justifica pelo pouco tempo de trabalho, sendo que estes não fizeram parte do plano anterior. Ao questionar se a mudança do plano de remuneração foi benéfica, dos 7 vendedores pesquisados, 5 consideraram benéfica a troca, enquanto 2 não a consideraram benéfica. Como alguns ingressaram na empresa após a mudança, o pouco tempo de trabalho influenciou na resposta, uma vez que não há como avaliar algo que não se conhece. Aqueles que justificaram como benéfica a troca do plano de remuneração, relataram que tal procedimento possibilitou um maior ganho, atribuindo mais valor ao seu salário e mais motivação na busca de suas metas. Já aqueles que não gostaram da mudança do plano, relataram que esta forma atual desvaloriza o empenho quando a meta não é atingida. Cabe ressaltar que o atual plano de remuneração não remunera o empenho do funcionário e sim o resultado por ele gerado. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Ao questionar sobre a participação dos vendedores na definição das metas, 4 responderam que participam da definição de suas metas e 3 responderam que não participam. É importante avaliar o comportamento do vendedor em relação à formação de sua meta, sendo que, aqueles com mais tempo de trabalho, acabam se sentido mais à vontade em sugerir opiniões e posicionar-se em relação aos seus resultados, pois o tempo traz, além de segurança, maior embasamento para que os argumentos sejam mais relevantes e convincentes. A fixação de objetivos em comum acordo pressupõe que o indivíduo esteja comprometido com aquele objetivo. Quanto ao desejo de participar da definição de suas metas, houve unanimidade quanto à resposta, demonstrando o quanto é importante a participação da equipe na sua definição. Neste momento, eles podem externar todas suas angústias, limitações e também ajudar a projetar seu trabalho dentro de suas próprias possibilidades, e então verificar, junto ao seu gestor, a um número que vá de encontro com aquilo que irão conseguir, sem esquecer de atender às expectativas da Empresa. Já quanto à satisfação com o atual plano de remuneração, 6 vendedores responderam que estão satisfeitos com o atual plano, enquanto apenas 1 manifestou insatisfação quanto ao atual plano de remuneração. Esta insatisfação fica nítida a partir do momento em que os colaboradores não participam da definição das metas, e, por consequência, não as atinge, como se fosse algo que não condiz com a realidade. Mas, o aspecto psicológico interfere neste momento de forma impactante e decisiva no processo da venda, ou seja, se não participei da montagem das metas, também não serei capaz de atingi-las. Ao questionar sobre os fatores que são importantes na vida profissional, os vendedores destacaram em primeiro lugar o ambiente de trabalho e o bom relacionamento com a equipe como fatores importantes, seguido pelo salário, comprometimento e o plano de benefícios, sendo que nenhum dos pesquisados optou pela motivação e satisfação pessoal. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Estes dados demonstram, o quanto um ambiente de trabalho sadio e acolhedor interferem na vida profissional de uma pessoa, por mais que o salário, muitas vezes, seja visto como o mais importante. Outro questionamento relevante realizado foi sobre a influência do salário no comprometimento. Dos 7 vendedores entrevistados, 6 admitiram que o salário influencia diretamente no seu comprometimento, demonstrando a força da remuneração sobre o resultado de cada um e, consequentemente, sobre o resultado da organização. Constata-se que por mais que o ambiente de trabalho tenha sido avaliado como o fator mais importante na vida profissional, o salário influencia diretamente no comprometimento da equipe de vendas. Percebe-se então, que são relevantes para que se obtenha um bom ambiente de trabalho e uma remuneração justa e atendem as necessidades de cada vendedor. Ao questionar sobre a maior preocupação dos vendedores, 5 dos 7 entrevistados responderam que sua maior preocupação é a sua realização profissional e 2 demonstraram preocupação com a saúde, sendo que nenhum optou pela alimentação, segurança ou aceitação pessoal. A realização profissional desponta como maior preocupação da equipe, que tem perfil jovem e está em busca de qualificação. Como a maioria ainda está no início de sua jornada profissional, a incerteza e a instabilidade são temores constantes. Quanto ao sentimento de ser valorizado pela empresa, todos os vendedores responderam se sentir valorizados, isto demonstra que a postura adotada pela empresa está satisfazendo sua equipe. Com esta pesquisa, consegue-se identificar o quanto a equipe demonstra estar satisfeita em relação ao atual plano de remuneração e, consequentemente, em relação à empresa, onde todos sentem-se valorizados, motivados e em busca de realização profissional. Formar uma equipe com o perfil identificado e capaz de alcançar todos os desafios propostos depende de alguns atributos responsáveis pelo sucesso, bem Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 como uma comunicação clara, persuasiva e prestativa é fator determinante de um processo de venda vencedor. 4.3 COMPARATIVO FINANCEIRO Para realizar o comparativo financeiro buscaram-se dados para demonstrar os resultados da empresa ao longo dos períodos: de agosto de 2009 até janeiro de 2010 e de agosto de 2010 até janeiro de 2011. Como o ramo de comercialização de bebidas é sazonal e cíclico, foram observados dois períodos idênticos. A Ilustração 3 traz a margem de resultado sobre a venda com que a empresa operou no 1º período estudado, de agosto de 2009 até janeiro de 2010. Ilustração 3- Margem percentual de resultado sobre a venda 08/09 a 01/10. Fonte: Sá (2011). Neste período, percebe-se a oscilação entre 16,71%, alcançados nos meses de novembro e dezembro de 2009, e 18,46%, no mês de outubro de 2009. A ilustração 4 demonstra a margem de resultado sobre a venda no 2º período estudado, de agosto de 2010 até janeiro de 2011. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Ilustração 4- Margem percentual de resultado sobre a venda 08/10 a 01/11. Fonte: Sá (2011). Neste segundo período, percebe-se oscilação entre 15,95%, no mês de agosto de 2010, e 17,23%, alcançados em janeiro de 2011. Tanto no primeiro quanto no segundo período, percebe-se queda da margem nos meses de pico de vendas, principalmente, em novembro e dezembro. Esta queda na margem justifica-se pela grande quantidade de produtos vendidos, em que a empresa consegue seu resultado diminuindo a margem e vendendo em maior quantidade. O ideal seria trabalhar mantendo a margem e aumentando o volume, mas o que acontece em meses de pico é o compromentimento da margem para conseguir atender aos volumes exigidos pela Vonpar. Tais volumes são fundamentais na manutenção do share da linha trabalhada. Outro fator interessante a ser analisado é a queda da margem no mês de agosto de 2010, justificada pela troca do plano de remuneração, em que a busca pela meta foi diferenciada, obrigando a equipe a sacrificar a margem em alguns casos, em razão do volume a ser buscado, pois antes se remunerava a partir do atingimento de 80% da meta e assim gradativamente, sendo que o plano anterior acabava premiando a ineficiência da equipe. Na Ilustração 5 está o comparativo entre os períodos analisados, em que se percebe a diminuição da margem de resultado sobre a venda, do 2º período em relação ao 1º, sendo que no comparativo de outubro de 2010 a outubro de 2009, houve a maior diminuição, de -11,16%. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Ilustração 5- Comparativo de margem sobre a venda. Fonte: Sá (2011). Assim, como os vendedores têm metas a cumprir, a empresa também tem metas junto à Vonpar, e esta queda da margem demonstra o quanto foi comprometida em função do volume exigido de vendas. A Ilustração 6 demonstra o percentual de crescimento no faturamento do 2º período em relação ao 1º em todos os meses, sendo que no comparativo de agosto de 2010 em relação a agosto de 2009, o aumento no faturamento foi de 25,52%. Ilustração 6- Comparativo de crescimento do faturamento. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Fonte: Sá (2011). Neste comparativo, conforme Ilustração 6, observa-se que mesmo com a margem comrpometida do 2º período em relação ao 1º, o resultado final foi melhor. O crescimento no volume de vendas acabou compensando a diminuição da margem. No mês de agosto de 2010 aparece destoando dos demais. Conclui-se assim, que a troca do plano de remuneração neste mês, fez com que se faturasse 25,52% a mais do que no mesmo mês do ano anterior, o que ocorreu em função das novas regras, que obrigam a busca por melhores resultados. Na Ilustração 7 é feito comparativo utilizando-se das margens de resultado da venda sobre o faturamento da empresa. Ilustração 7- Comparativo de resultado sobre a venda. Fonte acadêmica: (SÁ, 2011) Percebe-se que, somente no comparativo de outubro de 2010 em relação a outubro de 2009 houve queda do resultado da empresa, sendo que nos demais meses o resultado foi positivo. Através destes comparativos financeiros, fica evidente o resultado da troca do plano de remuneração, demonstrando que metas mais agressivas, aliadas a Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 políticas de venda direcionadas e bem estruturadas, são capazes de fazer com que uma empresa alcance seus objetivos e a equipe de vendas seja, consequentemente, melhor remunerada. 5 ANÁLISE DOS DADOS Diante da complexidade e da importância do tema em questão se faz necessário que os gestores da empresa dediquem maior atenção ao preço médio do que?, aumentando o número de itens monitorados, estabelecendo um valor extra de remuneração para àqueles que atingirem mais de 110% das metas propostas, incluindo mais um mapa de cobertura, estabelecendo premiações trimestrais e anuais, definindo metas e implantando um plano de cargos e salários. A questão do aumento de itens de avaliação do preço médio, leva a empresa a um maior controle sobre sua rentabilidade, direcionando a equipe a vender dentro de uma perspectiva projetada com maior amplitude de alcance, passando dos atuais 10 itens para 20, e remunerando cada produto com 1% do salário fixo, se atingir o limite do preço médio pré-estabelecido. Se o total de remuneração no quesito preço médio era de 15%, passaria para 20% sobre o valor do salário fixo, proporcionando maior ganho ao vendedor. Já a inclusão de mais um mapa de cobertura viria acompanhar a venda em clientes de canais específicos, ao invés do acompanhamento de produtos específicos, como no mapa já utilizado. Como os clientes estão divididos em canais, tais como: restaurantes, bares, minimercados, padarias, etc; cada canal dispõe de suas próprias peculiaridades e diferentes perfis de consumo, cabendo a cada canal um trabalho diferenciado, com uma venda direcionada. Nesta nova modalidade, o vendedor seria remunerado ao alcançar a venda de um valor estipulado por canal, ou seja, cada faixa, composta por um canal específico, com um valor mínimo de venda determinado, totalizando 10 faixas ou canais, cada uma remunerando sobre 1% do salário fixo, totalizando 10% sobre o valor do salário fixo se atingir a meta das 10 faixas. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Outro aspecto relevante é a remuneração extra para aqueles que atingirem mais de 110% de todas as metas propostas, premiando assim a venda extra e, ao mesmo tempo, coibindo o vendedor de segurar vendas para o mês seguinte, quando há possiblidade de se vender dentro do mês corrente mais que a meta. Esta faixa de remuneração pagaria um valor de 30% sobre o valor do salário fixo ao vendedor. Uma questão de grande relevância, quando se trata de metas de vendas mensais, é o esforço da força de vendas quando se percebe que naquele mês não conseguirá atingir seus resultados; a venda simplesmente declina, como forma de garantir uma margem para o mês subsequente, esquecendo-se do resultado da empresa em prol de seus interesses individuais. Uma forma de se inibir tal prática é o acompanhamento e a decorrente remuneração de períodos maiores, como o trimestral, em que a constância no atingimento das metas é fator preponderante de uma premiação extra, assim como, no acompanhamento anual. CONCLUSÃO Conclui-se que o plano de remuneração variável da empresa Ketten Bebidas está bem estruturado, o que contribuiu para o aumento do faturamento, melhoria da rentabilidade e da remuneração dos colaboradores. A integração de novos colaboradores, que compõe a equipe a cada momento, é fator preponderante no processo de valorização do trabalho, dando visibilidade aos novos e valorizando os que já fazem parte da equipe. Estabelecer um acompanhamento diário quanto ao atendimento dos clientes, ou seja, relacionar os clientes para os quais não houve venda em uma rota específica, fazendo com que o vendedor justifique a não-realização da venda naquele dia. A definição das metas com ampla participação da equipe de vendas também deve ser considerada, conforme desejo expressado pela equipe na pesquisa. Estruturar um plano de cargos e salários, hoje inexistente, mas que a cada dia se faz mais necessário, em função tanto do crescimento da empresa quanto da expansão da área de atuação, passando a ser reconhecida regionalmente. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A atração de mão de obra qualificada e sua retenção dependem de políticas salariais justas, coerentes e modernas, pois os sistemas tradicionais já não se adaptam ao contexto atual da empresa, de pleno desenvolvimento. A remuneração assume a cada dia um papel mais estratégico, sendo capaz de contribuir decisivamente no desempenho empresarial; e processos adequados e alinhados são potenciais de sucesso nos negócios. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas: Modelo, Processos, Tendências e Perpectivas. São Paulo: Atlas, 2009. FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1990. FLANNERY, T. Pessoas, desempenho e salários: as mudanças na forma de remuneração nas empresas. São Paulo: Futura, 1997. 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Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 INOVAÇÃO COM SUSTENTABILIDADE Rosmere Gregory da Rosa20 João Antonio Cervi21 RESUMO O presente trabalho destaca a importância das organizações inovarem seus produtos e processos focando suas ações ligadas à sustentabilidade. Atualmente, a sustentabilidade está alicerçada sobre o que são chamadas suas três dimensões e que envolvem a questão ambiental, a social e a econômica. Para a elaboração do trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica em livros e na rede mundial de computadores, bem como entrevista e pesquisa, com o intuito de observar o projeto inicial e as inovações incrementais implantadas por uma organização, junto ao seu responsável pelo setor de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Observa-se que já há organizações estruturadas para uma atuação rotineira voltada à inovação e com o olhar voltado para a sustentabilidade e que, em vista disso, passam a contar com o apoio dos consumidores, optando por seus produtos. Palavras-chave: inovação - sustentabilidade - empreendedorismo ABSTRACT This study highlights the importance of organizations to innovate their products and processes by focusing its actions related to sustainability. Currently, sustainability is based on which are called its three dimensions and that involve environmental, social and economic issues. As regards to innovation, it can be seen that there is the concepts of radical and incremental innovation. For the development of this work was carried out literature in books and on the World Wide Web, as well as interviews and research, in order to observe the initial design and incremental innovations implemented by an organization, with its responsible for agricultural machinery industry R & D (Research and Development). It is observed that there are already organizations structured for a routinely performance oriented to innovation and looking back to sustainability and that, in view of this, come to count on the support of consumers opting for their products. Keywords: innovation - sustainability - entrepreneurship 20 Acadêmica do Curso de Administração – 6º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected] 21 Mestre em Engenharia de Produção. Orientador. Professor do Curso de Administração. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected] Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 INTRODUÇÃO A acelerada mutação do mercado, a busca pelo desenvolvimento ou mesmo pela sobrevivência, demonstra às organizações que o caminho para ter um diferencial competitivo é ser empreendedor e investir em implementos de inovação. Quando se fala em empresas que alcançam o sucesso ou que são empreendedoras, teoricamente não está se falando em empresas inovadoras, pois para isso precisam entrar com um produto ou serviço novo ou em um novo segmento do mercado, mas, por outro lado, podem estar inovando em sua forma de gerir ou no marketing. Na atualidade, além da inovação, outras palavras ou temas fazem parte do cotidiano mundial como sustentabilidade e empreendedorismo. A globalização tornou o mercado cada vez mais competitivo e, por isso, é cada vez maior a necessidade de ser um empreendedor, entrar no mercado como um agente inovador, onde um dos quesitos é trabalhar de forma sustentável. O processo de transformação tecnológica, social e comportamental do mundo moderno, de forma tão vertiginosa, enseja que as organizações busquem alternativas de inovação focadas na sustentabilidade econômica, social e ambiental, pois esta é uma exigência do mercado de consumo. A inovação e a sustentabilidade têm um vasto panorama de estudo, e este trabalho tem como finalidade evidenciar alguns conceitos de inovação e sustentabilidade, como também fazer uma sucinta exposição de como uma organização pode inovar, empreender e desenvolver a gestão de forma sustentável. O estudo ou pesquisa sobre um produto que se trata de uma inovação e que implemente modificações ou inovações incrementais, levando em consideração o triângulo da sustentabilidade considerando a parte econômica, social e ambiental, para cada vez mais trabalhar de forma sustentável, pode ser visto e analisado no estudo de caso do despendoador de milho, onde a organização através do setor de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), consegue apresentar dados de melhoria Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 contínua, apesar de seu produto já estar no mercado há certo tempo e seu desempenho ser considerado satisfatório. O procedimento utilizado para o desenvolvimento do trabalho compreendeu em leitura e estudos bibliográficos, além de pesquisa nos sítios relacionados, assim como entrevista, pesquisa e análise no projeto inicial e das inovações incrementais implantadas pela organização, levadas a efeito junto ao responsável pelo setor de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). A estrutura do trabalho compreende um estudo fundamentado sobre inovação e sustentabilidade, após é explanada a metodologia de trabalho, na sequência descreve-se um caso de uma empresa que desenvolveu um produto de forma inovadora e, após, manteve a busca pela inovação, além da permanência do olhar no chamado triângulo da sustentabilidade. Por fim, é tecida a conclusão sobre o conjunto do estudo. 1 INOVAÇÃO A inovação já faz parte do cotidiano das organizações, e seja ela qual for, em organizações públicas ou privadas, indústria ou comércio, instituições de ensino, governamentais etc. A globalização, a informatização e a comunicação rápida e aberta tornam o mundo mais intenso e arrojado. A competitividade é provocada e as empresas encaram todos os dias novos desafios para resistir e continuar vivas de forma sustentável no mercado, independente do ramo de atuação. O consumidor está cada vez mais exigente, onde a constante busca por produtos com maior qualidade e inovadores torna imperativa e urgente a necessidade de novos produtos e serviços e, para isso, as organizações precisam compreender o significado de inovação, antes da mudança em sua forma de ver e gerir. A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente. Ela pode ser apresentada como uma disciplina, ser aprendida e ser praticada. Os empreendedores precisam buscar, com propósito deliberado, as fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 que indicam oportunidades para que uma inovação tenha êxito. E os empreendedores precisam conhecer e pôr em prática os princípios da inovação bem sucedida. (DRUCKER, 2011, p. 25). Sob o olhar do autor, a inovação é a ferramenta de maior importância que o empreendedor deve adotar ao visualizar uma nova oportunidade e, para isso, precisa conhecer e analisar o mercado, assim como todas as formas de inovar. A criatividade faz parte nos processos de inovação e empreendedorismo, o que torna explícito que os dois objetos percorrem juntos os mesmos caminhos. Scherer (2010) coloca: “[...] é muito difícil, hoje, que o processo de transformar uma boa ideia em algo valioso fique restrito a apenas uma pessoa” e segue seu raciocínio colocando que: Inovação é a combinação da ciência com a arte. É ciência pelas regras, pelos processos e pelas ferramentas específicas. Porém, ela precisa de pessoas que pensem como artistas, que sejam criativas e que saibam utilizar o conhecimento para pensar o novo. (SCHERER, 2010, p.1). O autor coloca ainda que “[...] aquele que gera a ideia pode não ser a pessoa mais adequada para transformá-la em algo valioso para os clientes, para a sociedade e para a própria empresa”. Inovação é como uma arte, onde o indivíduo que tem a ideia precisa de um apoio técnico ou da ciência para colocar em prática ou transformar a teoria, ou seja, a ideia em realidade. A arte de inovar pode ter amplitudes diferenciadas como: A introdução de um novo produto (ou uma melhoria na qualidade de um produto já existente); a introdução de um novo método de produção (inovação no processo); a abertura de um novo mercado (em particular um novo mercado para exportação); uma nova fonte de fornecimento de matérias-primas ou de bens semi-manufaturados; uma nova forma de organização industrial. (SCHUMPETER, 1934, apud SARKAR, 2010, p.144). Sarkar cita uma definição de inovação de outro renomado autor do ano de 1934, e que, apesar de ter sido formada há décadas continua muito presente na atualidade e demonstra a ótica abrangente que a inovação sempre se colocou no mercado, sendo ela em novos produtos, processos, bens e serviços. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 O que constitui precisamente a inovação é, entretanto, difícil de definir e mais ainda de medir. Normalmente, pensa-se na inovação como na criação de um produto ou processo melhor. No entanto, ela poderia ser simplesmente a substituição de um material por outro mais barato em um produto existente, ou uma maneira melhor de comercializar, distribuir ou apoiar um produto ou serviço. (MATTOS; GUIMARÃES, 2005, p. 7). Segundo o autor, devido à definição sobre os conceitos de inovação ser tão abrangente, apresenta-se uma dificuldade de mensurá-la ou apresentá-la em indicadores que demonstrem seus resultados onde estão sendo aplicados, porém que pode ser vista na ótica de produtos novos, substituição de materiais, produtos ou marketing de comercialização. A inovação é apresentada e entendida com uma ótica diferenciada pelos diversos autores da literatura. O Manual de OSLO (OCDE, 2004, p.61), diz que “[...] as inovações podem ser implantadas tanto para as atividades principais de produção de uma empresa, quanto para as secundárias.” e que compreendem as inovações tecnológicas em TPP (produtos e processos), Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP) compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo). (OCDE, 2004, p. 54). Dentro de uma percepção mais ampla de como a inovação pode ser classificada, encontra-se: Inovação de produto: resulta em produto novo ou melhorado; Inovação de processo: acontece quando os processos de produção são alterados de forma que reduza os custos ou melhore a qualidade de um produto existente, ou quando são especificamente desenvolvidos novos processos para produzir um produto novo ou melhorado; Inovação de serviço: acontece quando são desenvolvidos novos modos de prestação de serviços. (MATTOS; GUIMARÃES, 2005, p. 23) Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Através da conceituação os autores abrem um pouco mais o leque, mas de forma bastante sucinta e simples, e seguem sua linha de pensamento dizendo que “a distinção entre os tipos de inovação nem sempre é clara e depende da perspectiva.” A perspectiva citada pelos autores é de que a inovação pode ser serviços para o cliente ou consumidor, de processo para quem oferece o serviço e de produto para a indústria que fabrica o equipamento. O processo de inovação tem uma vasta disposição desenvolvida. “Uma inovação particular pode ser classificada em diferentes categorias dependendo da análise adotada”. (MATTOS; GUIMARÃES, 2005, p.22). A classificação mais básica é e pode ser de produtos e serviços, novos ou aprimorados, ou seja, radical ou incremental, e são conceituados na literatura através da Ilustração 1. AUTOR INOVAÇÃO RADICAL É um produto cujas características tecnológicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. OCDE Tais inovações podem envolver (Manual de Oslo, tecnologias radicalmente novas, 2004, p.55-56) podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento. (OCDE - Manual de Oslo, p. 55) Acontece quando são feitas grandes melhorias em um produto. Essas mudanças, frequentemente, fazem com que os princípios de MATTOS; funcionamento do produto ou GUIMARÃES, 2005, processos de produção sejam P. 22-23 alterados, envolvendo uma tecnologia que torna obsoleta a que era anteriormente empregada e, às vezes, exige o desenvolvimento de novos canais de marketing. (p. 22) INOVAÇÃO INCREMENTAL É um produto existente cujo desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) através de componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser aprimorado através de modificações parciais em um dos subsistemas. (OCDE - Manual de Oslo, p. 56) Acontece quando são feitas grandes melhorias de um produto ou nos processos empregados na fabricação de um produto. Essas mudanças geralmente aperfeiçoam o desempenho funcional do produto - ou, pelo menos, a percepção que o seu usuário tem de seu desempenho -, reduzem seus custos ou aumentam a eficiência e qualidade dos respectivos processos de produção. (p.22-23) Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É considerada radical quando rompe as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica. A inovação radical geralmente é fruto de atividades de P&D e tem caráter descontínuo no tempo e nos setores. (2006, p. 74) Elas abrangem melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos , aperfeiçoamentos no layout e processos, novos arranjos logísticos e organizacionais e novas práticas de suprimentos e vendas. As inovações incrementais ocorrem de forma contínua em qualquer indústria, [...], sendo comumentemente resultantes do processo de aprendizado interno e da capacitação acumulada. (2006, p. 74) A inovação radical induz as grandes transformações nas regras competitivas, no processo produtivo, nos produtos e serviços ofertados, e nas preferências do consumidor. A inovação radical transforma as regras do jogo, altera o relacionamento com os SCHERER; fornecedores, distribuidores e CARLOMAGNO,2009 clientes, reestruturam a economia de determinados mercados, aposenta produtos vigentes e, eventualmente, cria categorias inteiramente novas de produtos. Inovações radicais envolvem mudanças significativas em produtos, processos e serviços [...].(2009, p.12) A Inovação incremental se caracteriza por um grau moderado de novidade e por ganhos significativos nos resultados. As inovações incrementais são impulsionadas pelo aumento da base de conhecimento e da competência tecnológica anteriores e pela sua aplicação na obtenção de saltos de competitividade. Em geral, uma inovação incremental resulta de um processo estruturado de gestão da inovação a partir de ideias geradas internamente ou de necessidades detectadas no mercado. (2009, p. 12) TIGRE,2006 Ilustração1: Conceitos de Inovação Radical e Incremental. Fonte: Adaptado por Da Rosa (2011). De acordo com as referências dos autores, para ser inovação radical, o mínimo é que o produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (não precisa ser novo no mundo), este procedimento compreende a melhoria de competências e habilidades reunidas nas rotinas das organizações, envolvem diretamente a pesquisa e o desenvolvimento, e tenha como consequência um resultado mensurável nas mudanças de relacionamento e mercado. O fato das inovações radicais estarem intimamente ligadas à pesquisa, o relacionamento entre organização, clientes e fornecedores é de maior importância. Já as inovações incrementais não envolvem tanto o setor de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), as pessoas que têm o maior campo de visão são as diretamente ligadas aos processos de fabricação ou trabalho, devido ao fato do acumulado de conhecimento e experiências. Sua priori é a melhoria que pode ser contínua e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 aplicada em todos os setores, produtos ou serviços com menor custo e que trazem maior eficiência e rentabilidade. 2 SUSTENTABILIDADE A inovação é essencial para alcançar o sucesso nas organizações e manterse no mercado e, para isso, as empresas inclinam-se a utilizar métodos e habilidades que a tempos atrás não eram empregados, desenvolvendo estruturas organizacionais maleáveis onde aliam a técnica com a percepção e o entendimento de que precisam atuar de forma inovadora mas também de forma sustentável e responsável, onde produzir reduzindo os custos mantendo a qualidade é uma consequência de suas ações. No relatório Nosso Futuro Comum, produzido pela Comissão Bruntdland, apresenta-se diversos conceitos de sustentabilidade como: Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. (CMMAD, 1991, p. 49). A partir deste contexto, os autores deixam claro que o desenvolvimento sustentável tem como principal finalidade atender as necessidades e anseios humanos, mostrando que o norte é transformar, explorar e desenvolver sem que se quebre a harmonia entre o presente e o futuro. Segundo Dias (2009), existe uma diversidade de opiniões sobre conceitos de desenvolvimento sustentável onde coloca: Para alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento econômico contínuo através de um manejo mais racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes. Para outros, o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político destinado a erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer as necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a apropriação e a apropriação e a transformação sustentável dos recursos naturais. (DIAS, 2009, p. 32-33). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 De acordo com o autor, algumas pessoas colocam o desenvolvimento sustentável apenas como o ajuste do meio ambiente com o aumento sucessivo do desenvolvimento da economia, onde conserva as condições que sustentam a exploração, e que utilizam a tecnologia menos agressiva ao meio ambiente. Já para outra grande parte sugerem novos fundamentos para uma construção de conceitos sociais e políticos onde há uma coesão entre as pessoas, a economia e o meio ambiente. Os princípios conceituais do desenvolvimento sustentável sugerem que nos desenvolvamos sem prejudicarmos o meio ambiente em que vivemos, ou seja, é necessário encontrarmos alternativas menos impactantes para que nossas atividades continuem sendo realizadas. (SZABO JUNIOR, s.d.; p.86). Segundo o autor, o princípio de sustentabilidade é a busca de novas escolhas para o desenvolvimento contínuo sem que estas agridam, de forma brutal, o meio ambiente, onde estas atividades possam ser realizadas no presente e no futuro. Com um olhar abrangente, Leff conceitua: O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político e que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização territorial da produção, assim como a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta. Neste sentido, oferece novos princípios aos processos de democratização da sociedade que induzem a participação direta das comunidades na apropriação e transformação de seus recursos ambientais. (LEFF, 2008, p. 57). Para o autor, o desenvolvimento sustentável é um conjunto de ações e projetos que engloba toda a estrutura organizacional, política e social onde todos são responsáveis pelos recursos naturais e melhor qualidade de vida. Sustentabilidade é um molde de gerir de mercados que balizem o retorno financeiro, e também que consideram os conflitos das intervenções na sociedade e no meio ambiente, resguardando os recursos ambientais e humanos. Desta forma, um empreendimento ou organização sustentável precisa contemplar três aspectos Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 fundamentais que compõem o triângulo da sustentabilidade que são: ambiental, social e econômico. Através dos tópicos abordados, a sustentabilidade é a busca de uma equidade eficaz e interativa, onde a afinidade na relação do homem com a natureza, da vida em suas múltiplas grandezas, sobretudo, as atitudes permanentes que causarão ao conceito uma particularidade que é legal. No quadro a seguir, são apresentadas as três dimensões do triângulo da sustentabilidade. · Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade prevê que as empresas têm que ser economicamente viáveis. Seu papel na sociedade deve ser ECONÔMICO cumprido levando em consideração esse aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento realizado pelo capital privado. · Em termos sociais, a empresa deve satisfazer aos requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados, procurando contemplar a diversidade cultural existente na sociedade em que atua além de SOCIAL propiciar oportunidade aos deficientes de modo geral. Além disso, seus dirigentes devem participar ativamente das atividades socioculturais de expressão da comunidade que vive no entorno da unidade produtiva. · Do ponto de vista ambiental, deve a organização pautar-se pela ecoeficiência dos seus processos produtivos, adotar a produção mais limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental, buscando a nãoAMBIENTAL contaminação de qualquer tipo do ambiente natural, e procurar participar de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades locais e regionais no que diz respeito ao ambiente natural. Ilustração 2: As dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental Fonte: adaptado de Dias (2009, p. 39-40) Para o autor, “O mais importante na abordagem das três dimensões é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente que devem ter [...]” (DIAS, 2009, p. 40), este equilíbrio entre os tópicos abordados, é o que dará a sustentabilidade do sistema como um todo. De uma forma ampla e globalizada Leff (2008, p.60) resume as três dimensões: O desenvolvimento sustentável converte-se num projeto destinado a erradicar a pobreza, satisfazer as necessidades básicas e melhorar a qualidade de vida da população. A gestão ambiental não se limita a regular o processo econômico mediante normas de ordenamento ecológico, métodos de avaliação de impacto ambiental e instrumentos econômicos para a valorização dos recursos naturais. Os princípios de racionalidade Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 ambiental oferecem novas bases para construir um novo paradigma produtivo alternativo, fundado no potencial ecológico, na inovação tecnológica e na gestão participativa dos recursos; uma nova racionalidade social que amalgama as bases democráticas e os meios de sustentabilidade do processo produtivo. Nesta síntese, o autor faz uma analogia entre desenvolvimento sustentável e gestão ambiental, onde se verificar que todos os princípios da gestão ambiental juntamente com as inovações tecnológicas aplicadas de forma coerente, e através de uma gestão de recursos, levam as organizações a ser e ter um desenvolvimento sustentável. Correa (2010) em seu artigo “O que é Sustentabilidade” cita o documento da Ciência & Tecnologia para o desenvolvimento sustentável, que foi elaborado através da solicitação do Ministério do Meio Ambiente, onde consideram: 1. Sustentabilidade social: ancorada no principio da equidade na distribuição de renda e de bens, no principio da igualdade de direitos a dignidade humana e no principio de solidariedade dos laços sociais. 2. Sustentabilidade ecológica: ancorada no principio da solidariedade com o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve. 3. Sustentabilidade econômica: avaliada a partir da sustentabilidade social propiciada pela organização da vida material. Levando em consideração a abordagem dos três tópicos levantados pelo autor, fica claro que o conceito de sustentabilidade social, ambiental e econômica tem uma relação de dependência entre ambos, onde todos os princípios levam à preocupação, enfatizam o futuro do homem. É tempo de buscar soluções não somente para o meio ambiente, mas também à humanidade em geral. Através de todos os parâmetros de sustentabilidade, é vista a necessidade de que todos os princípios de inovação precisam estar em sintonia com os princípios de sustentabilidade, onde o princípio da pesquisa e do trabalho é contínuo. 3 INOVAÇÃO COM SUSTENTABILIDADE UM NOVO OLHAR Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Inovar com sustentabilidade, um novo olhar. Esta nova concepção começou a se formar e disseminar junto com o questionamento do desenvolvimento seguido pelas organizações, quando sua ótica de mercado se abre e difunde ao novo modelo de gestão que lhe é imposto pelos consumidores ou clientes, pela própria organização e pela sociedade como um todo. Sarkar (2010) traz a roda da inovação como uma ferramenta que comporta uma visão globalizada das diversas fontes da inovação, um exame para abreviar os múltiplos conceitos de inovação e para comportar um diagnóstico holístico de como é realizado o processo de inovação e empreendedorismo. Ilustração 3: A roda de inovação Fonte: Sarkar (2010, p. 149). A Roda da inovação traz todos os conjuntos que constituem a inovação, pesquisa, capacidade empreendedora, gestão dos processos e recursos e, por fim, os itens que fazem com que esta inovação seja sustentável. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 O autor coloca ainda que “[...] há uma grande necessidade de um entendimento holístico da inovação, que faça a ligação entre os fatores do ambiente externo e as decisões estratégicas das organizações.” (SARKAR, 2010, p. 204). A partir deste contexto fica explícito que as organizações inovadoras necessitam trabalhar visando às necessidades propostas ou impostas pelo mercado externo, entre elas trabalhar com base na sustentabilidade econômica, social e ecológica. Sob a ótica de Bessant e Tidd (2009, p. 361) “[...] a inovação é, em geral, apontada como a mais importante contribuição para a degradação do meio ambiente, devido a sua associação com o aumento do crescimento econômico e do consumo”. No entanto, os autores também incluem a inovação como uma questão essencial para a solução de uma diversificada problemática das questões ambientais, incluindo: Produtos mais limpos – com um impacto ambiental menor ao longo de seu ciclo de vida; Processos mais eficientes – para minimizar ou tratar resíduos, reutilizá-los ou reciclá-los; Tecnologias alternativas – para reduzir emissões, fornecer energia renovável; Novos serviços – para substituir ou reduzir o consumo de produtos; Inovação sistêmica – para mensurar e monitorar o impacto ambiental, novos sistemas sociotécnicos. (BESSANT; TIDD, 2009, p. 361) A inovação tem papel importante para a sustentabilidade e para a gestão ambiental, e Porter (1999, p. 395) define que “o progresso ambiental exige que as empresas sejam inovadoras para aproveitar a produtividade dos recursos – e é exatamente neste ponto que se situam os novos desafios da competitividade global”. Segundo o autor, o progresso ambiental, ou novas políticas ambientais é um processo em que as organizações precisam se adaptar, e aí está o tema em questão, onde, para ser competitivo com o mercado globalizado fica implícita a necessidade de inovar, de forma estratégica, utilizando todos os recursos disponíveis. De forma bastante objetiva, Sarkar (2010) coloca as necessidades fundamentais para um negócio sobreviver de forma sustentável no presente, e para Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 sobreviver no futuro, implicando no aumento de seus resultados, sendo competitivo e tendo capacidade para concorrer no mercado globalizado com todas as suas instabilidades. Existem muitas formas de uma organização trabalhar a inovação de forma sustentável, seja qual o setor que se aplica. Scherer e Carlomagno (2009, p. 110113) apresentam o caso de uma empresa que trabalha neste sentido: [...] com ativos da biodiversidade brasileira de forma sustentável e por incentivar a venda de refil para diminuição do impacto ambiental na produção das embalagens. [...], o modelo de inovação é suportado pelas áreas de Marketing e Pesquisa e Desenvolvimento, [...] tem a missão de desenvolver e implementar processos de geração, aquisição e gestão de novas tecnologias. [...] A cadeia de fornecimento é baseada na extração de elementos da natureza que agreguem algum valor à autoestima dos consumidores sem que haja impacto na natureza. A inovação neste campo está centrada na gestão da cadeia de fornecimento quanto à sustentabilidade. O processo produtivo é gerenciado desde a extração até a reciclagem. [...] Apesar de a empresa focar a inovação na oferta de produtos, a cultura inovadora dissemina-se por toda a organização, gerando iniciativas inovadoras em diversas áreas. O que surpreende é que a estratégia inclui a participação da sociedade no desenvolvimento de novos projetos. Segundo os autores, a empresa citada apresenta-se como um modelo de empresa inovadora e que trabalha com seu foco na sustentabilidade, utilizando-se de recursos naturais existentes na biodiversidade brasileira, direcionando sua inovação aos novos produtos com suporte do Marketing e Pesquisa e Desenvolvimento, ao mesmo tempo, trabalha a questão ambiental onde propõe aos consumidores ou clientes a utilização de refil ao invés das embalagens completas, o que além de reduzir o custo de seus produtos elimina uma grande parte de lixo, diminuindo assim o impacto na natureza. 4 METODOLOGIA A partir do estudo teórico desenvolvido sobre inovação e sustentabilidade, objetivou-se observar como uma empresa que projeta e desenvolve produtos inovadores, consegue fazer a ligação da inovação com o triângulo da Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 sustentabilidade, ou seja, que a cada incremento na inovação, possam ser levadas também em conta a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Desse modo, optou-se por analisar as ações de uma empresa localizada na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a Ixon - Qualitec Indústria e Comércio Ltda., a qual projeta, desenvolve e comercializa o produto denominado Despendoador de Milho. Para observar os aspectos relacionados à inovação e à sustentabilidade, foi efetuada uma entrevista semiestruturada junto ao responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, o qual demonstrou os principais pontos inovadores do produto, destacando como cada ação poderia ser associada às três dimensões da sustentabilidade. A análise passa a ser descrita na sequência. 5 INOVAÇÃO INCREMENTAL EM PRODUTO AGRÍCOLA Focada em inovar, a empresa Ixon – Qualitec cria e lança no mercado o “Despendoador de Milho”, tratando-se de uma máquina utilizada para o transporte de pessoas na plantação de milho híbrido, especificamente na retirada do pendão do milho. Grandes empresas comercializam e utilizam esta máquina já há alguns anos, sendo que a mesma está consolidada no mercado nacional e está sendo investido também no mercado internacional. Com uma visão estratégica de cada vez mais atender às necessidades dos clientes e sua satisfação, onde o projeto se torne cada vez mais sustentável, a organização vê a necessidade de criar e implantar melhorias no projeto inicial e dedica parte da equipe de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), a pesquisar melhorias que, ao serem implantadas, possam alcançar os três níveis de sustentabilidade, quais sejam econômicas, sociais e ambientais. Com este foco, a equipe, ouvindo os clientes/consumidores, busca junto aos fornecedores o desenvolvimento de parcerias de pesquisas e consegue desenvolver inovações incrementais importantes, tornando o seu produto cada vez mais sustentável e com maior valorização econômica. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Através da ilustração 4, pode-se verificar algumas melhorias em alterações do projeto inicial. INOVAÇÃO INOVAÇÃO INCREMENTAL Motor 27 CV. Motor 35 CV. Sistema de tração por Adequação do sistema engrenagens e motor hidráulico, hidráulico e utilização de Redutor onde a roda era parafusada em Planetário. um conjunto soldado (flange e eixo). Com o desgaste poderia haver avarias durante o trabalho na lavoura/ despendoamento. Conexões JIC Conexões SEAL LOOCK Despendoamento do milharal por operadores Toldos de proteção solar posicionados em postos móveis, para motorista e cestos para os evitando o cansaço ao não ser operadores. necessário caminhar. Assentos com regulagem Assentos simples para de altura para o motorista e motorista assento para o fiscal ou supervisor. VANTAGENS Maior produtividade, menor ruído, menor consumo de combustível e maior dimensionamento evitando aquecimento. Maior segurança no manuseio, pois com o novo sistema a queda da pressão faz com que o sistema de segurança trave a máquina por completo, e ainda tem um menor custo de manutenção do equipamento. Melhor qualidade de vedação traz maior segurança, com menores riscos de vazamento e contaminação ambiental, assim como redução dos custos em reposição ou assistência em garantia. Maior rendimento dos colaboradores por trabalhar sem exposição direta ao sol. Menores riscos de problemas de saúde. Melhor acomodação ergonométrica para o motorista, em virtude do tempo de exposição ao trabalho. Ilustração 4: Inovação, Inovação incremental e vantagens Fonte: adaptado de Qualitec (2011). Visando o produto ser cada vez mais sustentável, a empresa implementou em seu projeto inicial diversas inovações incrementais, melhorias estas que se refletem nos três níveis da sustentabilidade, econômica, social e ambiental, conforme exposto a seguir: Econômica: a alteração do motor trouxe maior produtividade e menor consumo de combustível (óleo diesel). Com o novo sistema de tração das rodas, há um menor custo de manutenção. O incremento dos toldos para os colaboradores Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 trouxe maior rendimento ou produtividade. A troca de sistemas hidráulicos e conexões têm vantagens em custo x benefício (garantias) devido a vazamentos. Social: com a troca do motor por uma potência maior e com características específicas, faz com que o mesmo trabalhe com menos ruído e que tenha um menor consumo de combustível. O novo sistema de tração dá maior segurança aos colaboradores quando da operação, pois com o novo sistema a queda da pressão faz com que o sistema de segurança trave a máquina por completo, trazendo mais segurança aos colaboradores expostos. A implementação dos toldos para o motorista e demais trabalhadores dá a eles uma melhora nas condições de trabalho, onde farão suas atividades com menor exposição ao sol e com menor risco de futuros problemas de saúde. Os assentos com regulagem, além de maior conforto ao motorista, ainda dá a ele uma melhor acomodação, com uma ergonomia de acordo com a altura de cada um, evitando assim futuros problemas de coluna ou outros, pois trabalham por um tempo elevado na mesma posição. Ecológica ou ambiental: a troca do motor faz menor ruído e consome menos óleo combustível. Com o sistema de tração antigo por meio de engrenagens, sofria desgaste e precisavam ser trocadas, e estas se tornavam resíduos sólidos que, por sofrerem tratamento térmico de têmpera, dificilmente seriam reutilizadas. A troca do sistema hidráulico (conexões) diminui o risco de vazamento de óleo, o qual seria lançado diretamente ao solo. CONCLUSÃO A globalização é um fenômeno que instiga à competitividade acirrada, onde as organizações enfrentam desafios constantes de sobrevivência e, para despontar nesta nova realidade precisam buscar soluções criativas inovando a cada novo dia., e crescer, reduzir custos, mantendo a qualidade, aumentar a produtividade e ter lucros, torna o processo de inovar com sustentabilidade imperativo e inevitável. Os processos de inovação devem estar bem alinhados e definidos com equidade de importância nas três dimensões da sustentabilidade, utilizando produtos mais limpos, processos mais eficientes, tecnologias alternativas, novos serviços e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 inovação sistêmica onde o homem e a tecnologia trabalham juntos, pois estas são ações necessárias para o sucesso na inovação. Considerando a abordagem, fica clara a relação de dependência entre ambos, onde todos os princípios enfatizam o futuro do homem. É tempo de buscar soluções tecnológicas para o meio ambiente, e também à humanidade em geral. Conclui-se através do estudo de caso que a empresa Qualitec trabalha com foco em inovação, porém com uma visão estratégica busca manter seu produto no mercado de forma sustentável. A organização procura cada vez mais, a maior aceitação e satisfação de seus clientes, onde por meio dos setores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e marketing comercial procura desenvolver inovações incrementais ao produto de forma que acrescentem ao mesmo, maior qualidade e mais tecnologia. Ao mesmo tempo em que estas inovações originam maior valor agregado ao produto, elas ainda estão alicerçadas no triângulo da sustentabilidade, obtendo melhores resultados na parte econômica, social e ambiental tanto para a empresa como para o cliente final. A partir do contexto apresentado fica explícito que as organizações inovadoras necessitam trabalhar visando às necessidades propostas ou impostas pelo mercado externo, entre elas trabalhar com base na sustentabilidade econômica, social e ecológica. REFERÊNCIAS BESSANT, John; TIDD, Joe. Inovação e Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009. COMISSÃO MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CMMAD. Nosso Futuro Comum. 2.ed. 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Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 MECANISMOS DE CONTROLE INTERNO Deise Daiane Schöninger22 Nívea Andréia Liesenfeld23 Lidiane Ribeiro da Veiga24 RESUMO O controle interno está normalmente vinculado às áreas de controladoria e de auditoria das empresas as quais padronizam procedimentos e buscam sua implementação e uso em toda a organização. Ainda, em muitas empresas os mecanismos de controles internos não são muito divulgados e, às vezes passam despercebidos. Independente do porte da empresa, ter controle é fundamental. Os controles externos são exigidos pela própria legislação, porém para atendê-los de forma eficiente é preciso dar atenção aos controles internos. Essa é a visão do presente artigo, que tem por objetivo investigar, através de pesquisa bibliográfica, os mecanismos de controles internos, os conceitos, as definições, as aplicações, os modelos de estrutura, e, principalmente, a forma de implantação nas empresas, que exemplificam a importância desse mecanismo para a gestão do controle. Enfim, com este estudo foram identificadas as diversas abordagens relacionadas aos mecanismos de controle interno e a sua aplicabilidade nas organizações, os quais permitem a realização dos processos com maior segurança, padronização, transparência e informações confiáveis para a tomada de decisões. Palavras - chave: controles internos – gestão – controladoria. ABSTRACT Internal Control is usually linked to the areas of controllership and audit of companies which standardize procedures and seek the implementation and use throughout the organization. Yet, in many companies, internal control mechanisms are not well publicized and, sometimes, go unnoticed. Regardless of company size, having the control is essential. External controls are required by the legislation itself, however, in order to serve them efficiently it is necessary to give attention to internal 22 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis - 6° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. 23 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis - 6° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. 24 Pós-graduanda do MBA Controladoria e Finanças da FGV-RS. Graduada e Mestre em Ciências Contábeis. Orientadora. Professora do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas Machado de Assis. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 controls. This is the present article view, which aims at investigating, through bibliographic research, internal control mechanisms, concepts, definitions, applications, structure models and, mainly, implementation way in companies, which exemplifies the importance of these mechanisms for management control. Ultimately, with this study it was possible to identify many approaches related to internal control mechanisms and the applicability in companies, which allow process performance more safely, standardization, transparency and reliable information for decision making. Key-words: internal control – management - controlling INTRODUÇÃO No cenário contábil, o desenvolvimento dos processos e dos controles é cada vez mais constante. A própria legislação propõe o domínio mais detalhado das informações, o que se faz necessário para garantir o patrimônio das empresas e a sua conformidade perante a lei. A padronização de sistemas, as ferramentas eletrônicas e os avanços que vêm ocorrendo permitem a geração de dados que atendam as necessidades das empresas. A partir disso, é possível gerar relatórios com informações que atendam as exigências externas e internas, de forma rápida e prática, gerando informações confiáveis e tempestivas para a tomada de decisão. Dessa forma, a preocupação que antes era geral, tanto em relação ao tempo despendido para obter as informações, quanto em relação à precisão nos dados informados, voltou-se completamente para a análise das informações geradas, já que o sistema encarrega-se de estruturar lançamentos, demonstrações e balanços, entre outros relatórios. O tempo, que antes era dedicado a essa atividade, foi direcionado para a verificação das informações, o que contribuiu para o melhor entendimento em relação à classificação das informações, definindo a forma mais adequada de gerenciar e tomar as decisões, com o objetivo de atingir os melhores resultados. Assim, a visão contábil tornou-se mais gerencial, voltada para os processos internos, sem deixar de atender aos externos. Para obter resultados satisfatórios, a contabilidade das empresas necessita, cada vez mais, atender a todos os usuários e, para isso, precisa utilizar ferramentas que auxiliem no controle. Para os usuários Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 externos, o próprio governo dispõe de inúmeras ferramentas, como por exemplo: Sped Contábil, Nota Fiscal Eletrônica, Livros Digitais, Declarações Eletrônicas, entre outros. Porém, para a gestão interna são poucos os mecanimos utilizados. A busca por ferramentas que atendam esta necessidade motivou a elaboração do presente artigo e levou ao estudo dos mecanismos de controle interno. Para a realização deste trabalho utilizou-se pesquisa bibliográfica, sendo possível obter conhecimento sobre o que é controle interno, a área de atuação, os responsáveis pelas informações e os usuários das mesmas. Além disso, são abordados alguns modelos de controle e linhas de pensamento que são desenvolvidos em grandes empresas, assim como um passo a passo para implantação de controles internos, que pode ser aplicado nas empresas, de modo geral. Para atender ao objetivo proposto, o trabalho dividiu-se nos seguintes capítulos: Controle Interno, Sistema de Controle Interno, Modelo e Estrutura de Controle Interno, Utilização dos Mecanismos de Controle Interno e Implantação dos Controles Internos. 1 CONTROLE INTERNO As organizações cada vez mais buscam métodos para assegurar a segurança e a confiabilidade dos registros das suas informações, assim como o administrador busca ferramentas para auxiliar na tomada de decisão. Desta forma, surge o Controle Interno como uma ferramenta que busca a legitimidade dos dados contábeis, servindo de apoio ao administrador, para suprir suas necessidades. O controle interno é como uma ferramenta fundamental para assegurar a fidedignidade e integridade dos registros e demonstrações contábeis. Sua utilização torna-se indispensável para a segurança da empresa e também para resguardar o administrador na sua tomada de decisões. (RAMOS, 2011, p. 01). Na intenção de resguardar seus ativos, evitar fraudes, abuso de poder e assegurar a confiabilidade nos relatórios gerados, o autor relata ainda, que as organizações apoiam-se no Controle Interno, que serve como um facilitador para o Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 desenvolvimento eficiente dos processos do cotidiano operacional, uma vez que se observa o manual, seguindo o modelo pré-estabelecido pela empresa, na busca de maior eficiência nos processos contábeis e administrativos. A elaboração de controles internos serve para evitar o abuso de poder, o erro, a fraude e, principalmente, a ineficiência, são fundamentais para que as entidades resguardem os seus ativos, assegurem a fidelidade e integridade dos registros, demonstrações, informações e relatórios contábeis, conheçam efetivamente a realidade da entidade, estabeleçam e conheçam quais os seus compromissos com a gestão, orientem, estimulem a organização estrutural e funcional, comuniquem as diretrizes administrativas, onde o controle interno serve como facilitador para o trabalho do auditor. (RAMOS, 2011, p. 01). Segundo Araújo, Arruda e Barreto (2008, p.34), Controle Interno é o conjunto de procedimentos adotados para assegurar a proteção dos bens e valores, garantir a adequação e tempestividade das informações e promover a eficiência, eficácia e efetividade operacional. Seguindo a mesma linha de pensamento, Almeida (2008, p.63) descreve que Controle Interno é o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e auxiliar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa. São exemplos de controles contábeis: sistemas de conferência, aprovação e autorização; segregação de funções; controle físico sobre ativos e auditoria interna. São exemplos de controles administrativos: análises estatísticas de lucratividade por linha de produto; controle de qualidade; treinamento de pessoal; estudos de tempos e movimentos; análise das variações entre os valores orçados e os incorridos; controle dos compromissos assumidos, mas ainda não realizados economicamente. (ALMEIDA, 2008. p 63). Seguindo a mesma linha de pensamento, Almeida (2008, p.63) descreve que Controle Interno é o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com o objetivo de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e auxiliar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa. 2 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É na busca de proteger o patrimônio das organizações e de desenvolver suas atividades rotineiras, tanto administrativas quanto operacionais, que as empresas investem em Sistemas de Controle Interno para satisfazer suas necessidades e garantir maior segurança na apuração dos dados. O Sistema de Controle Interno, conforme as Normas de Auditoria compreende o plano de organização da entidade e o conjunto integrado de métodos e procedimentos por ela adotados na proteção do seu patrimônio, na promoção da confiabilidade e tempestividade dos seus registros e demonstrações contábeis, e da sua eficácia operacional. (BASSO, 2005, p. 162). Entende-se assim que, é através do Sistema de Controle Interno que a empresa acompanha com maior precisão o andamento das atividades cotidianas e seu gerenciamento de acordo com as normas pré-estabelecidas pela organização, bem como, o bom funcionamento das atividades da empresa como um todo. Busca-se por meio do Sistema de Controle Interno aumentar a exatidão e fidelidade dos relatórios contábeis e de outros dados administrativos e operacionais, promover e melhorar a eficiência em todos os aspectos das atividades da entidade, bem como comunicar as diretrizes administrativas, estimulando a observância das mesmas e das normas estabelecidas. (BASSO, 2005, p.162). Esses mecanismos de controle podem ser aplicados não somente no setor contábil, diante dos registros, mas também nos demais setores da empresa, auxiliando na tomada de decisão. Duas são as áreas de controles abrangidas por um Sistema de Controle Interno: a) Controles Administrativos – compreende o plano de organização e os procedimentos de registros relacionados com os processos decisórios, mediante os quais a administração autoriza as transações, embora não se limite a isso. b) Controles Contábeis – compreende o plano de organização contábil e os procedimentos de registros relacionados com a salvaguarda dos ativos e a fidedignidade dos registros financeiros. (BASSO, 2005, p.162). Ainda de acordo com esse autor (2005, p.164), o planejamento de um Sistema de Controle Interno deve satisfazer alguns objetivos, dentre os quais se destacam: Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 a) comprovação da veracidade das informações e relatórios contábeis, financeiros e operacionais gerados pela entidade; b) prevenção de fraudes e, em caso de ocorrência, possibilidade de descobri-las o mais rápido possível, para a determinação de sua extensão e responsabilidade; c) localização de erros e desperdícios, promovendo ao mesmo tempo, a uniformidade e a correção ao registrarem-se as ocorrências; d) estimular a eficiência do pessoal, mediante a vigilância que se exerce por meio de relatórios; e) salvaguardar os ativos e, de maneira geral, obter um controle eficiente sobre todos os aspectos vitais do negócio da entidade. De acordo com Basso (2005 p.165-166), alguns princípios devem ser observados na organização e funcionamento de um Sistema de Controle Interno, entre os quais se salientam: a) a responsabilidade que deve ser determinada; a contabilização e as operações propriamente ditas devem ser segregadas; b) devem ser utilizadas todas as provas disponíveis; c) nenhuma pessoa, individualmente, deve ter sob sua responsabilidade uma transação comercial, técnica e/ou administrativa completa; d) o pessoal deve ser cuidadosamente selecionado e treinado; e) se possível, deve haver rotatividade entre os funcionários; f) todas as instruções devem ser feitas por escrito; g) quando aplicável, os funcionários devem ter carta de fiança; não confiar em demasia na eficácia dos métodos e procedimentos contábeis, pois estes não substituem os controles internos; h) deve-se usar as contas de controle com maior amplitude possível; deve-se usar equipamentos mecânicos e eletrônicos sempre que viáveis, deve existir um sistema de revisão e avaliação independente das normas, operações e registros da entidade. Para que a entidade alcance os resultados propostos é importante a implantação correta do Sistema de Controles Internos, tendo definidas as normas e objetivos a serem cumpridos, almejando a eficácia operacional. O sistema de controle interno, passível de ser objeto de auditoria externa, é composto de controles internos – conjunto de procedimentos Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 para assegurar a eficácia operacional – e da auditoria interna – instrumento de controle interno para assegurar o fiel cumprimento das determinações da administração, precipuamente quanto à observância aos preceitos dos controles internos. (ARAUJO; ARRUDA; BARRETTO, 2008, p. 35). Tudo isso deve ser documentado e fazer parte do Manual de Controles Internos da organização é uma ferramenta que auxilia na visão de processo para o fluxo de atividades da empresa. Nele, são apresentados os objetivos, políticas, procedimentos, documentos, sistemas eletrônicos e demais itens que compõem o Controle Interno da empresa. Toda mudança, alteração ou inovação que ocorrer com os componentes do controle deve ser informado no Manual, para que esse esteja sempre atualizado e de acordo com a proposta da organização. (DIAS, 2010). A criação de um Manual de Controles Internos tem como finalidade tornar claro e público o que a empresa entende por comportamento ético na execução de seus procedimentos operacionais, administrativos, financeiros, apresentando parâmetros de atuação. (DIAS, 2010, p. 03). Assim, com as informações divulgadas a todas as áreas envolvidas, observase que para o sucesso da implantação de controles internos é preciso a colaboração de todos, ou seja, da gerência, dos empregados, dos parceiros, dos fornecedores, entre outros. Conforme Bordin e Saraiva (2005, p. 212), os responsáveis pelo bom funcionamento dos controles internos são todos os colaboradores e a alta administração, portanto, eles precisam ter conhecimento sobre os conceitos e objetivos da empresa, para adequar suas atividades a estes. Entende-se que para isso é preciso haver um equilíbrio, em que a empresa seja capaz de conquistar seu colaborador a trabalhar conforme sua proposta, dentro das normas estabelecidas, sem tolir suas ideias. O grande desafio em relação ao planejamento estratégico de uma empresa é integrar os lados humanos e empresariais através da motivação de seus colaboradores de tal forma que a organização obtenha ganhos e se desenvolva com os esforços de seus colaboradores. (BORDIN; SARAIVA, 2005, p. 216). Verifica-se desta forma, que toda e qualquer ação feita por qualquer colaborador causará impactos nos resultados do negócio e poderá refletir nas Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 demonstrações contábeis, portanto, comprometimento e alinhamento são fundamentais na execução das tarefas. Se não houver o controle das pessoas, consequentemente, não haverá o controle dos processos, então, para que tudo funcione de forma adequada é preciso alcançar a satisfação dos colaboradores e da empresa. 3 MODELO E ESTRUTURA DE CONTROLE INTERNO As empresas precisam, cada vez mais, verificar os seus processos internos e buscar implantar um sistema de controle. Como as estruturas divergem, os sistemas de controle também não será exatamente igual para todas as organizações, cada uma terá que entender e atender suas necessidades: A estrutura dos controles internos varia de empresa para empresa, em razão das características do segmento econômico de cada uma. Por isso, inexiste modelo preconcebido que se adapte às peculiaridades das organizações. Consequentemente, cada uma deve desenhar sua estrutura de controles em consonância às necessidades específicas de sua administração. (NETO; GALHARDO; CRESTO, 2007, p.01). Porém, mesmo que cada empresa tenha suas peculiaridades, é possível seguir um modelo já existente e somente adaptar o que diverge. Existem linhas de pensamento e organizações especializadas e conceituadas em processos de controle interno que orientam e assessoram os usuários. De acordo com Dias (2010, p. 28), uma referência mundial para aplicação do controle interno nas empresas é baseado em uma publicação do COSO – The Comitee of Sponsoring Organizations, que em português significa Comitê das Organizações Patrocinadas, que teve seu inicio em 1985 nos Estados Unidos. Nessa publicação, conhecida como “Internal Control – Integrated Framework”, ou seja, Controles Internos – Um Modelo Integrado de 1992 é apresentado um modelo de controle interno que traz definições e possui toda uma metodologia de aplicação, baseado em estudos realizados pelos membros desse comitê. Conforme Dias (2010, p.29), o COSO trabalha o controle interno como um processo constituído de elementos inter-relacionados, que são: Ambiente de Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 controle; Avaliação e gerenciamento dos riscos; Atividade de Controle; Informação e comunicação; Monitoramento. Em cada elemento é tratado um ponto do processo que influencia os demais. O ambiente de controle é a cultura de controle da entidade, ou seja, são as normas, políticas, procedimentos, valores adotados pela empresa e que deverão ser seguidos pelos seus colaboradores, o que deve estar bem claro para os mesmos. Para Dias (2010, p.29), o ambiente de controle é efetivo, quando as pessoas da entidade sabem quais são suas responsabilidades, os limites de sua autoridade e têm consciência, competência e compromisso de fazerem o correto de maneira correta. Quando estabelecidos objetivos e metas, surgem riscos que podem vir a comprometer ou impedir seu alcance. É importante identificá-los e analisá-los para reduzi-los e, posteriormente, eliminá-los. Dias (2010, p.30) descreve que avaliação de riscos é a identificação e análise dos riscos associados ao não-cumprimento das metas e dos objetivos operacionais, de informação e de conformidade. Portanto, gerenciar os mesmos antes que possam acontecer, evita surpresas desagradáveis. No elemento: atividade de controle estão as atividades que podem ser desenvolvidas para reduzir os riscos identificados. Segundo Dias (2010, p.31), essas atividades podem ser de prevenção ou detecção, ou ainda de ambas. Por exemplo, quando são delimitados valores máximos de pagamento, atividades que necessitam autorização de gerentes e supervisores e as funções de determinados processos são segregadas, está se praticando atividades de prevenção de riscos futuros. Quando é feito conciliação, comparando-se informações iguais em bases diferentes, se tem uma atividade de detecção. Nesse grupo, encaixa-se ainda a revisão de desempenho, que é o acompanhamento de certa atividade para verificação do cumprimento das metas e objetivos, ou seja, procura-se detectar se os mesmos estão sendo alcançados. Dias (2010, p.32) ainda informa que existem atividades de controle que são de prevenção e detecção, como a segurança física dos sistemas informatizados. A segurança física é preventiva porque compreende controle de acessos, entradas e saídas de funcionários e matérias, senhas eletrônicas, entre outros; e serve de detecção no momento da contagem do Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 inventário para verificar se a informação no sistema e no físico é igual. No mesmo sentido, os sistemas informatizados permitem uma segurança em relação aos dados eletrônicos e, ao mesmo tempo, a validação das informações nos programas utilizados. Previnem na questão de segurança e detectam na validação. As atividades de controle devem ser implementadas de maneira ponderada, consciente e consistente. Nada adianta implementar um procedimento de controle, se esse for executado de maneira mecânica, sem foco nas condições e problemas que motivaram a sua implantação. Também é essencial que as situações adversas identificadas pelas atividades de controles sejam investigadas, adotando-se tempestivamente as ações corretivas apropriadas. (DIAS, 2010, p. 32 – 33). Cabe destacar como elemento do COSO a informação e a comunicação. Conforme citado por Dias (2010, p.33), a comunicação é o fluxo de informações dentro de uma organização. Assim, entende-se que ela deve ocorrer entre todos os níveis hierárquicos. Pode ser feita de maneira formal ou informal e quem a recebe deve fazer um filtro por questão de segurança e confiabilidade. Para finalizar os elementos e comprovar a teoria do COSO deve ser feito um monitoramento através de avaliações, revisões e auditoria com a finalidade de verificar se o processo é efetivo e adequado. Controles adequados são aqueles em que os cinco elementos do controle (ambiente, avaliação de riscos, atividade de controle, informação & comunicação e monitoramento) estão presentes e funcionando conforme o planejado. Controles são eficientes quando a alta administração tem razoável certeza: Do grau de atingimento dos objetivos operacionais propostos. De que as informações fornecidas pelos relatórios e sistemas corporativos são confiáveis. De que leis, regulamentos e normas pertinentes estão sendo cumpridos. (DIAS, 2010, p 33 – 34). Normalmente, rigorosos sistemas de controle são aplicados a empresas de grande porte, mas nada impede de serem adotados em pequenas e médias empresas. Essas também devem ter controle para melhorar seus resultados, porém entende-se que desenvolvem os mesmos de maneira mais simples, através de requisições, formulários, relatórios e um manual, em que se documentam tais procedimentos. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 As empresas, mesmo as pequenas e médias, devem definir suas rotinas internas através do manual de organização das rotinas, nas quais compreendem formulários internos e externos, pois estes darão maior agilidade aos controles internos da empresa, facilitando o controle das operações realizadas nos seus diversos setores. (ROLIM, 2010, p. 40). Atualmente, algumas empresas promovem cursos nessa área com o objetivo de orientar e ensinar métodos de controle que podem ser aplicados nas empresas. É importante ressaltar que o controle interno não é necessariamente um complexo sistema de rotinas e procedimentos burocráticos que necessite ser implementado exatamente como indicado nos livros e normas, para que funcione de modo satisfatório. A filosofia do administrador irá determinar a capacidade de implantar sistemas de controle que apresentem condições favoráveis para a empresa, atendendo suas particularidades. (BORDIN; SARAIVA, 2005, p. 202). As bibliografias e cursos servem de base, de fundamentação para que gestores possam abrir caminho e buscar as melhores práticas para a execução das atividades da sua empresa. Nada impede que as teorias sejam implementadas e aprimoradas da maneira que apresentem melhores resultados. 4 UTILIZAÇÃO DOS MECANISMOS DE CONTROLE INTERNO As ferramentas utilizadas no processo de implantação de um sistema de controle podem ser consideradas mecanismos de controle interno. Almeida (2008, p. 72) ao tratar do levantamento do sistema interno aborda a leitura de manuais internos. Relata que estes mecanismos, ao manter manual e procedimentos por escrito das tarefas e operações do dia a dia, garantem uma informação padrão e uma circulação segura, sem que alguns itens caiam no esquecimento. Nesse grupo também se encaixam os questionamentos com os funcionários e adoção de uma lista de verificação para ser seguida no decorrer do trabalho, permitindo o controle e verificação do andamento de todo o processo. No momento em que as técnicas de controle interno são adotadas na organização, os empregados, desde que bem informados, passam a avaliar seu próprio desempenho e entender o que suas tarefas impactam no processo. Para Dias (2010, p. 07): Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A partir do momento em que a empresa documente seus processos, divulgue e treine seus colaboradores na execução dos procedimentos envolvidos, é também disseminada a importância de cada participação em relação aos objetivos e resultados esperados.Cada colaborador compreende que ele representa, no todo do processo, o grande objetivo envolvido em sua execução, e tem total conhecimento dos resultados possíveis, considerando sua performance neste contexto. Dias (2010, p. 32) cita também como mecanismo de controle interno a segurança física (controle de acesso e processos de inventário) e a segregação de funções, em que atividades como pagamentos, autorizações e fiscalização são divididos entre os funcionários e não são realizadas somente por um colaborador. Dessa forma, tem-se um fluxo de processos e, a partir daí, quando se tem conhecimento total do processo, é possível fazer um desenho do controle através de fluxogramas e gráficos, que Almeida (2008, p.73) denomina de mecanismo de controle interno, o que facilita a visão e o entendimento do fluxo, colaborando para a fiscalização do mesmo. As ferramentas de controle interno podem ser utilizadas nas empresas de pequeno, médio e grande porte. Enfim, o controle interno pode ser aplicado a toda e qualquer empresa, independente do seu ramo ou porte. 5 IMPLANTAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS Nesta etapa realizou-se entrevista com Analista de Controle Interno de uma empresa de grande porte, através do qual foram obtidas as informações pertinentes a implantação de controles internos. Como foi visto na parte bibliográfica existem sistemas de controle internos e ferramentas sofisticadas, assim como mecanismos simples que servem para se ter o controle das operações internas. A utilização varia conforme a estrutura de cada negócio e também da necessidade estabelecida pelos gestores. Dessa forma, baseado nos modelos, métodos e mecanismos apresentados no presente artigo, buscou-se fazer um passo a passo da implantação de controles Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 internos que pode ser usado por organizações em geral, que serve para servir de base para um futuro aprimoramento no seu local de uso. Em sua obra, Bordin e Saraiva (2005, p. 211) relatam que os próprios autores divergem quanto às fases do controle, alguns consideram três fases, outros quatro. Para o trabalho em questão, serão consideradas três fases, tendo como base as bibliografias pesquisadas. Considerando que, no passo a passo para as empresas em geral adotou-se a diretriz de que três fases apresentam um resultado satisfatório. Para melhor exemplificar e organizar as fases de implantação cabe observar as fases, conforme Quadro 1. Fase 1 Identificar o negócio / atividade da empresa Fase 2 Mapeamento de Processo Fase 3 Teste / Auditoria QUADRO 1:Fases de Implantação de Controles Internos. Como não se tem definido o ramo da empresa, não foi elaborado um cronograma em cima de dias para a execução de cada fase, mas isso é possível e deve ser feito para poder estimar um tempo máximo para o término da implantação. A Fase 1 consiste em identificar a atividade da empresa, que pode ser realizada através de entrevistas, para conhecer o ramo de negócio, as unidades envolvidas, os riscos inerentes ao negócio, etc. Risco diversificável: aquele risco que pode (e deve) ser evitado, seja através de ações direcionadas, planos de ação ou estratégias diferenciadas. É o risco inerente ao próprio negócio. Problemas com fornecedores, questões de prazo de pagamento que podem afetar o capital de giro são alguns exemplos. (PEREIRA, 2008, p. 01). Conforme os elementos do COSO, se o risco foi identificado é preciso analisar uma atividade que reduza ou elimine-o. Portanto, para os riscos inerentes também é necessário criar controle interno, mesmo que sejam riscos externos como climas, fornecedores e prazos. Para certos riscos não será possível criar um controle interno, como a questão do clima, mas é preciso verificar o impacto. Para outros, como por exemplo, o risco de não-recebimento de contas de clientes, pode ser mensurado e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 estabelecido controle interno através do lançamento na conta devedores duvidosos, no Balanço Patrimonial. Se os controles internos forem implantados em empresas que tenham demonstrações contábeis é interessante analisar as contas mais relevantes dentro do balanço patrimonial e verificar quais processos fazem parte e impactam no resultado dessas contas. O ideal é analisar as contas do balanço e demais demonstrações, mas se isso não for possível, no mínimo as com resultados mais relevantes precisam ser verificadas e identificados os riscos, pois só isso possibilita a criação de controles internos e posterior verificação da eficiência e eficácia do processo e negócio. Depois de concluída a fase 1, inicia-se a fase 2, que é o mapeamento dos processos, fase que exige maior trabalho. Primeiramente, é preciso desenhar o fluxograma dos processos, ou seja, se a empresa tem por atividade a Venda, por exemplo, terá de desenhar o fluxograma do processo de vendas; se Compra, terá de desenhar o fluxograma do processo de compras, e assim sucessivamente. Como a maioria das empresas realiza vários processos, a fase de mapeamento de processos é demorada por isso, pois cada processo precisa ser desenhado. Em seguida, com os fluxos prontos, é preciso analisar e mensurar todos os riscos que podem vir a ocorrer em cada departamento que compõe o processo e em cima desse dado criar os controles internos que podem ser feitos para evitá-los. Mapear, portanto, os processos de uma organização é muito mais do que um simples retrato da lógica de entradas e saídas entre pessoas, cargos, departamentos, gerências ou áreas. É um exercício de reflexão e debates cujo objetivo é retratar fielmente, através de fluxogramas ou qualquer outra ferramenta visual existente, como ocorrem os trâmites internos, quais são os seus pontos fracos, onde estão as incongruências pontuais, como ocorrem os fluxos de informações (em meio eletrônico e físico), quais são as responsabilidades por cada etapa, e, principalmente, quais são as entregas efetivas que constituem os produtos dos clientes internos das organizações. (SCUCUGLIA, 2011, p. 01). Para verificar se o desenho e os riscos foram identificados adequadamente, para cada atividade ilustrada no fluxo será necessário um comprovante de execução. Por exemplo, no mapeamento do processo de vendas é faturada a Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 mercadoria através de uma nota fiscal, essa nota deve ser gerada por um sistema ou preenchida à mão em um formulário e deve ser anexada no processo de criação de controle interno como comprovante da veracidade da informação. Se a execução da atividade é feita em documentos físicos, os documentos devem ser anexos como comprovantes, se a execução é no sistema, a imagem da tela, em que é feito o procedimento serve de comprovação. Para finalizar a implantação, a fase 3 é, na verdade, um monitoramento do que foi realizado nas fases 1 e 2. É a verificação, o teste, a auditoria que validará se os mecanismos foram implantados com sucesso e de forma eficiente. Dentro dos processos existem os procedimentos que serão executados várias vezes ao dia, alguns, uma vez ao dia, ou na semana, no mês. Então, para realizar os testes, sugere-se a utilização de amostras de procedimentos, lembrando que o ideal é cem por cento, mas se tratando de empresas que realizam inúmeros processos diariamente, uma amostragem ajudará para uma visão e aprovação da implantação. Essa validação é feita depois de um tempo da implantação da Fase 2 e serve para verificar se ainda existem pontos a melhorar, pois se detectado que algum controle interno não foi executado é necessário analisar se o mecanismo não foi criado de forma adequada, se ele realmente tem como ser executado ou se o problema está na execução errônea ou, até mesmo, falta da execução. Segue planilha de teste: TABELA 1 Frequencia Mais que uma vez ao dia Uma vez o dia Uma vez por semana Uma vez por mês Anual ou trimestral Fase 3 - Teste / Auditoria Nº Amostra Controles Internos Controles internos executados Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É nessa fase que alguns autores continuam o processo de implantação, no sentido de que se algum controle não está sendo aplicado deveria se ter uma medida corretiva para tal e então consideram a Fase 4. Independente do número de fases usadas é importante lembrar que a questão de monitoramento e validação deve ser feita periodicamente e, em períodos de encerramentos de atividades e com passar dos anos devem ser redobradas as verificações. CONCLUSÃO Os estudos realizados para a elaboração do trabalho permitiram adquirir informações e conhecimentos a respeito do controle interno das organizações e possibilitou a percepção de que se trata de um requisito importante para a gestão das empresas, porém, nem sempre aplicado. Talvez por desconhecimento ou uma visão distorcida, os gestores não se preocupam com a adoção de um sistema de controle interno, mas a verdade é que o mesmo é uma ferramenta fundamental para o conhecimento dos processos e um aliado na busca por eficiência e eficácia nas rotinas do dia a dia. Todo e qualquer negócio exige certo controle para que o resultado seja satisfatório e a forma de geri-lo não é igual para todos. Como se verificou no decorrer do artigo existem modelos, métodos e mecanismos que, muitas vezes, são simples, mas que auxiliam na gestão, basta adequá-los às necessidades e peculiaridades de cada negócio. A implantação correta de um sistema de controle e uma boa comunicação com todos os membros da entidade proporciona, além do sucesso da empresa, o envolvimento dos colaboradores no desempenho das atividades. Quando estes entendem o valor da sua função e a influência no processo, estes buscam executar da melhor forma o seu trabalho. Portanto, os mecanismos de controle interno são ferramentas viáveis e merecem uma visão mais significativa por parte dos gestores, pois atendem necessidades internas e facilitam ao atendimento das externas. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Enfim, a competitividade no mercado está cada vez maior e a instituição que desenvolver melhores controles sob seu negócio terá maiores chances de alcançar os seus objetivos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 6. ed. 2008. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes; BARRETTO, Pedro HumbertoTeixeira. Auditoria Contábil: Enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008. BASSO, Irani Paulo. Iniciação à auditoria. Ijuí: Unijuí, 3. ed. 2005. BORDIN, Patrícia; SARAIVA, Cristiane Jardim. O controle interno como ferramenta fundamental para a fidedignidade das informações contábeis. Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências Contábeis UFSM. Ed. Especial: Julho, 2005. DIAS, Sergio Vidal dos Santos. Manual de controles Internos. São Paulo: Atlas, 2010 NETO, Beraldo Crisante; GALHARDO, Luiz Carlos; CRESTO, Vicente. Importância da auditoria na avaliação dos controles internos da empresa. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/499940/controles-internos>, Acesso em: 15 out. 2011. PEREIRA, Ricardo. Risco, planejamento e sucesso do próprio negócio! Disponível em: <http://dinheirama.com/blog/2008/03/07/risco-planejamento-esucesso-do-proprio-negocio/ >, Acesso em: 9 dez. 2011 RAMOS, João F. Controle interno como ferramenta fundamental. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/artigos/Controle-Interno-como-FerramentaFundamental.asp>, Acesso em: 20 set. 2011. ROLIM, Julio Wagner Nascimento. O controle interno nas pequenas e médias empresas. Fortaleza: Faculdade Lourenço Filho, 2010. Monografia (Bacharel em Ciências Contábeis). Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:XzFV2geMnC8J:www.flf.e du.br/revista-flf/monografias-contabeis/monografia-julio-wagner-nascimento.pdf >, Acesso em: 15 out. 2011. SCUCUGLIA, Rafael. Como mapear seus processos. Disponível <http://www.gaussconsulting.com.br/si/site/11042>, Acesso em: 9 dez. 2011. em: Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 PESQUISAS SOBRE A LINGUAGEM XBRL: ANÁLISE METODOLÓGICA EM PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS. Jéferson de Souza Flores25 RESUMO Este artigo retrata as características metodológicas das publicações sobre a linguagem XBRL. Tem como objetivo identificar a tendência metodológica das pesquisas sobre XBRL através da análise de publicações sobre o tema. Para isso realizou-se uma revisão bibliográfica retratando a temática XBRL (eXtensible Business Report Language) e, posteriormente, o conjunto de metodologias possíveis aplicáveis a este tipo de estudo. Por fim, foi aplicada uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório com análise em artigos publicados e selecionados através de uma plataforma de pesquisa denominada EBSCOhost. A pesquisa revelou uma produção de pouca quantidade e de caráter, predominantemente, exploratório denotando ser um tema recente e teve como limitação a falta de indicativos metodológicos aplicados aos artigos de alguns países. Palavras-chave: XBRL- Metodologia Científica. ABSTRACT This article portrays the methodological characteristics of the publications on the XBRL language. Aims to identify the trend of methodological research on XBRL through the analysis of publications on the subject. For this literature review was made a theme depicting the XBRL (eXtensible Business Report Language) and then the set of possible methodologies applicable to this type of study. Finally a literature search was applied exploratory analysis with selected articles published by a research platform called EBSCOhost. The survey revealed a small amount of production and exploratory character denoting predominantly be a recent theme and had a limitation to the lack of indicators methodological articles applied to some countries Keywords: XBRL - scientific methodology. INTRODUÇÃO Mestre em Ciências Contábeis/UNISINOS. Docente do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. email: [email protected] 25 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Em um ambiente globalizado, as informações precisam ter a mesma dinâmica com que fluem as informações do mercado financeiro, e também precisam ser confiáveis para que possam ser utilizadas pelos agentes, além de harmonizadas para que se permita a comparabilidade entre as informações das diversas entidades. A internet, pelo alcance global, modificou a forma como as pessoas e as organizações se comunicam. Pelas suas características e baixo custo, pode ser utilizada por qualquer instituição tanto privada quanto pública. Da confluência de tecnologias existentes surgiu a linguagem XBRL — eXtensible Business Report Language, uma nova linguagem tecnológica para o cenário econômico-financeiro voltado à divulgação de relatórios com informações harmoniosas. Nesse contexto, tenta-se responder o seguinte questionamento: como essa nova linguagem de divulgação de informações financeiras pela internet está sendo abordada nas pesquisas científicas no que tange a sua metodologia? Buscando responder o problema de pesquisa, estabeleceu-se o objetivo deste estudo, que é descobrir a tendência metodológica das pesquisas sobre XBRL através da análise de publicações sobre o tema. Inicia-se o artigo apresentando um referencial teórico sobre a linguagem XBRL, em que são abordados alguns conceitos, componentes, vantagens e desvantagens da XBRL. Na sequência é também apresentada a base teórica da metodologia científica pesquisada na amostra. Após, apresenta-se a metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo. Em seguida, são mostrados os resultados da pesquisa e sua análise. Para finalizar, o artigo apresenta as considerações finais e as referências. Assim, o estudo justifica-se de duas formas distintas. Primeiramente, pelo tema, pouco explorado e, em seguida, pela contribuição que o presente estudo pode trazer aos pesquisadores da metodologia científica nas ciências sociais. Por se tratar de um tema pouco explorado, a pesquisa traz artigos científicos de diversas partes do mundo com formas diferentes de pensar o desenvolvimento da nova tecnologia o que acarreta conflitos entre pensamentos de grupos de Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 pesquisa diferentes e, por consequência, o crescimento do conhecimento sobre a matéria. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nessa seção serão abordadas noções, conceitos e definições que irão nortear a pesquisa apresentada neste trabalho. Inicialmente serão expostas noções introdutórias sobre o tema XBRL e, posteriormente, conceitos e definições sobre metodologia científica. 2.1 A LINGUAGEM XBRL Segundo Riccio et. al. (2006, p.169), a linguagem XBRL é uma das variantes da XML (linguagem de programação em formato de texto com tags de marcação e outras informações), com o propósito de se tornar uma linguagem-padrão para a divulgação das demonstrações financeiras pela internet. Essa linguagem gera benefícios relevantes na elaboração, análise e divulgação dessas informações, pois as empresas podem usar a XBRL para reduzir custos e agilizar seus processos de comunicação de informações financeiras. Assim, os usuários das informações financeiras, incluindo os investidores, analistas de instituições financeiras, órgãos reguladores, governos, etc. podem receber e analisar os dados de forma muito mais rápida e eficiente. Outra funcionalidade importante da XBRL é a possibilidade de realizar comparações entre as demonstrações financeiras de diversas organizações, em que, por exemplo, o analista tem a opção de escolher as organizações, o tipo de relatório e o elemento financeiro que quer comparar (VANTI; BLEIL; MAUSS, 2009). Essa nova linguagem está sendo desenvolvida por um consórcio internacional, sem fins lucrativos, com cerca de 550 grandes empresas, organizações e agências governamentais (CORRÊA et. al, 2009). O objetivo do consórcio, segundo a XBRL International (2009b) é pesquisar, desenvolver e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 incentivar o desenvolvimento e manutenção das taxonomias para adoção do XBRL nos países. 1.1.1 Componentes da XBRL Segundo Moreira (2005), a XBRL possui três componentes fundamentais: a taxonomia, o Instance Document e o Style Sheet. Eles serão usados simultaneamente, para extrair suas informações no formato padronizado. “A taxonomia define os termos que serão utilizados nos demonstrativos, assim como os tipos de dados que serão abrigados por cada um destes termos, que serão dados pelas especificações de cada item, e ainda as relações entre cada um destes termos, que resultarão em um relatório final” (RICCIO et. al, 2006, p.171). Para Riccio et. al., (2006, p.173), no Instance Document são representados os fatos financeiros reais que aconteceram no período nas organizações, expressos em termos XML, utilizando a taxonomia XBRL definida previamente. Será informado à aplicação, qual o valor que esses elementos possuem em determinado momento. O Style Sheet permite transformar as informações para qualquer formato desejado, como outro arquivo XML ou PDF (Portable Document Format), arquivo HTML, arquivos impressos, ou qualquer outro tipo de saída. Possibilita formatar a visualização dos relatórios oriundos dos dois primeiros componentes (RICCIO et. al., 2006). Os estudos sobre esta linguagem, portanto, são recentes e publicados em pouca quantidade em periódicos científicos. Assim, este trabalho busca as tendências na metodologia utilizada para realização das pesquisas científicas sobre XBRL, que em determinados casos, pode ajudar a disseminar os seus conceitos e facilitar a implantação no meio empresarial. 1.2 METODOLOGIA CIENTÍFICA Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Segundo Cooper e Schindler (2003) a pesquisa nas ciências administrativas é uma investigação sistemática que fornece informações para orientar a tomada de decisão do meio empresarial. Em decorrência deste entendimento, assume-se o pressuposto de que a pesquisa científica desenvolvida no âmbito acadêmico deve ser voltada a atender demandas organizacionais visando resolver problemas gerenciais. Entretanto, para que estas demandas efetivamente sejam atendidas, a pesquisa necessita que se estruture o método científico a ser aplicado à pesquisa, de tal forma que esta organização metodológica gere segurança e validade aos resultados encontrados. 1.2.1 Tipologia da pesquisa quanto aos objetivos Quanto aos objetivos Hair Jr. et. al. (2005) separa as pesquisas em administração em três tipos: exploratória, descritiva ou causal, que para Collis e Hussey (2005) ainda podem ser separadas em pesquisas explanatórias e preditivas. Para Hair Jr. et. al. (2005), a pesquisa exploratória é útil quando o responsável pela pesquisa dispõe de pouquíssimas informações, ou seja, quando o pesquisador não conhece detalhadamente o assunto pesquisado. São orientados para a descoberta e são planos metodológicos que não têm a intenção de testar hipóteses específicas de pesquisa. Cooper e Schindler (2003, p.131) complementam que “a exploração se torna valorosa quando os pesquisadores não têm uma ideia clara dos problemas que vão enfrentar durante o estudo”. E que no decorrer da exploração, “os pesquisadores desenvolvem conceitos de forma mais clara, estabelecem prioridades, desenvolvem definições operacionais e melhoram o planejamento final da pesquisa”. Para Collis e Hussey (2005, p.24), “técnicas típicas usadas em pesquisa exploratória incluem estudos de caso, observação e análise histórica, que podem fornecer dados quantitativos e qualitativos”. Ainda, os autores completam que “o método para a pesquisa geralmente é muito aberto e concentra-se em reunir uma ampla gama de dados e impressões”. Assim, a pesquisa exploratória dificilmente irá Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 fornecer respostas conclusivas para problemas ou questões, mas indica qual pesquisa futura deve ser realizada, no caso de haver alguma. Com relação à pesquisa descritiva, Collis e Hussey (2005) dizem que os dados coletados são normalmente quantitativos e tratados com técnicas estatísticas para resumir as informações. A pesquisa descritiva vai além da pesquisa exploratória ao examinar um problema, uma vez que avalia e descreve as características das questões pertinentes. Hair Jr. et. al. (2005, p.86), afirmam que “os planos de pesquisa descritiva em geral são estruturados e, especificamente, criados para medir as características descritas em uma questão de pesquisa”. Assim, as hipóteses, normalmente servem para guiar o processo de pesquisa e fornece uma lista do que precisa ser avaliado. Os mesmos autores enfatizam que os estudos descritivos podem dar ao usuário um panorama ou uma descrição dos elementos administrativos em um determinado momento. Este tipo de estudo forneceria, portanto, dados transversais que, após coletados em um único ponto do tempo, seriam sintetizados estatisticamente (HAIR JR. et. al., 2005). Os estudos causais testam se um evento é a causa de outro evento ou não. (X causa Y?). Mais precisamente, uma relação causal significa que uma mudança em um evento provoca uma mudança correspondente em outro evento. Portanto, a causalidade significa que uma mudança em X (a causa) faz com que ocorra uma mudança em Y (o efeito) (HAIR JR. et. al., 2005). Para Collis e Hussey (2005, p.24) “a pesquisa analítica ou explanatória é uma continuação da pesquisa descritiva. O pesquisador vai além da descrição das características, analisando e explicando por que ou como os fatos estão acontecendo”. Assim, a pesquisa analítica objetiva entender fenômenos, descobrindo e mensurando relações causais entre eles. Na mesma linha, seguem os autores dizendo que a pesquisa preditiva vai ainda mais além da pesquisa explanatória. “Esta oferece uma explicação para o que está acontecendo em determinada situação, enquanto a primeira, prediz a probabilidade de uma situação semelhante acontecer em outro lugar” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.25). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Hair Jr. et. al. (2005, p.152) sintetizam afirmando que [...] o tipo e a quantidade de dados a serem coletados dependem da natureza do estudo e dos objetivos da pesquisa. Se o estudo é exploratório, é provável que o pesquisador colete dados narrativos através do uso de grupos de foco, entrevistas pessoais ou observação de comportamentos ou eventos. [...] Tais estudos normalmente envolvem o uso de amostras menores ou estudos de caso. Se o estudo for de natureza descritiva ou causal, o pesquisador provavelmente exigirá uma quantidade relativamente grande de dados obtidos através de surveys de grande escala ou pelo acesso de banco de dados existentes. 1.2.2 Tipologia da pesquisa quanto aos procedimentos Quanto à pesquisa bibliográfica, Furasté (2008, p.33) diz que ela “[...] baseiase fundamentalmente no manuseio de obras literárias, quer impressa, quer capturada via internet e é o tipo mais largamente utilizado.” Jung (2004) complementa afirmando que o estudo bibliográfico tem por finalidade conhecer as diversas formas de contribuição científicas existentes que foram realizadas sobre determinado assunto ou fenômeno. Martins (2006) explica que a pesquisa documental se assemelha à pesquisa bibliográfica, todavia não levanta material tratado cientificamente (livros, periódicos, etc.), mas este tipo de pesquisa busca material que não foi editado como cartas, memorandos, correspondências de outros tipos, avisos, agendas, propostas, relatórios, estudos, avaliações, entre outros. Para Hair Jr. et. al. (2005, p.157), outro procedimento de coleta de dados é a Survey que é um procedimento [...] para coleta de dados primários a partir de indivíduos. [...] As Surveys são usadas quando o projeto de pesquisa envolve a coleta de informações de uma grande amostra de indivíduos. [...] Os métodos de coleta de dados de Survey recaem em duas categorias amplas: administração de questionários para que o próprio respondente responda e entrevista. Collis e Hussey (2005) complementam afirmando que uma Survey é uma metodologia positivista, na qual uma amostra de sujeitos é retirada de uma população e estudada para se fazerem inferências sobre essa população. Assim, Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 quando a população total é pequena, é normal coletar dados sobre cada membro dela. Quando é grande, é demorado e caro demais coletar dados sobre cada membro, o que faz com que apenas uma amostra da população seja usada. Com relação ao Estudo de Caso, os mesmos autores afirmam que este se trata de um exame extensivo de um único exemplo de um fenômeno de interesse. Contrariamente ao modelo tradicional de pesquisa, em que se tem uma etapa bem delimitada para a análise dos resultados, no Estudo de Caso, análises e reflexões estão presentes durante os vários estágios da pesquisa, particularmente quando do levantamento das informações, em situações em que resultados parciais sugerem alterações, correções de rumo, bem como exigem consultas adicionais a outras obras de referências bibliográficas. (MARTINS, 2006, p.10). Portanto, o estudo de caso trata pesquisas empíricas, onde o fenômeno em particular faz parte de um contexto da vida real vivenciada nas organizações e não estando esse contexto e os limites da pesquisa bem definidos (YIN, 2001). Com relação à pesquisa de campo, Furasté (2008) indica que se trata de uma pesquisa que busca conhecer aspectos importantes e peculiares do comportamento humano em sociedade. A vantagem desse tipo de pesquisa é que traz elementos sempre atuais e inovações, o que dá ao trabalho um referencial social e humano do contexto pesquisado. Jung (2004, p.160) complementa que “[...] a pesquisa de campo tem por finalidade, em muitos casos, coletar dados que estejam necessariamente sob a ação das variáveis presentes no local.” Assim, o pesquisador deve levar em conta, quando realiza uma atividade de campo, a existência destas variáveis e, no mínimo, identificar e registrar quais são as mais relevantes que estão atuando no experimento. Conclui o autor que “[...] o ambiente do campo é um local onde existem múltiplas variáveis não controláveis. É aquele que representa com a máxima fidelidade as condições reais onde ocorrem os fenômenos.” (JUNG, 2004, p.160). 1.2.3 Tipologia da pesquisa quanto à abordagem do problema Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Quanto à abordagem Collis e Hussey (2005) afirmam que alguns autores preferem um método quantitativo por ser objetivo por natureza e que foca a mensuração de fenômenos. Consequentemente, este método envolve coletar e analisar dados numéricos e aplicar testes estatísticos. Outros preferem um método qualitativo, que é mais subjetivo e o pesquisador examina e reflete as percepções sobre o tema para obter um entendimento de atividades sociais e humanas. Hair Jr. et. al. (2005, p.100) sintetizam esta explicação afirmando que “[...] os dados quantitativos são mensurações em que números são usados diretamente para representar as propriedades de algo.” Como são expressos em formato de números, os dados estão postos de uma maneira que se presta para a análise estatística, já os dados qualitativos representam descrições de coisas sem a atribuição direta de números. Os mesmos autores complementam afirmando que alguns pesquisadores debatem a superioridade da pesquisa qualitativa em relação à pesquisa quantitativa e vice-versa. No entanto, esse tipo de avaliação acaba por sugerir que as duas abordagens são complementares, pois, os dados qualitativos explicam, de forma mais aprofundada, os resultados encontrados no método quantitativo, por exemplo. Assim, as técnicas qualitativas são mais frequentes em projetos exploratórios, pois, uma aliança muito importante entre as duas é a de que os estudos qualitativos podem desenvolver ideias passíveis de serem testadas com algum tipo de abordagem quantitativa. A decisão eficiente quase sempre exige tanto os dados quantitativos quanto os qualitativos (HAIR JR et. al., 2005). Collis e Hussey (2005, p.81) complementam “[...] que é perfeitamente possível, e até vantajoso, usar o método qualitativo e o método quantitativo para coletar dados de forma complementar.” 1.2.4 Tipologia da pesquisa quanto aos instrumentos de pesquisa Os dados observacionais são coletados com o registro sistemático da observação de pessoas, eventos ou objetos e podem ser obtidos pela observação humana, mecânica ou eletrônica. Uma abordagem observacional resulta em dados Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 narrativos ou numéricos. Se forem coletados dados narrativos, estes aparecem na forma de descrições de comportamento por escrito ou em registros de áudio ou vídeo. Se houver envolvimento de dados numéricos, estes dados serão obtidos pelo registro de eventos feito por um observador treinado com o uso de um instrumento de coleta que conte ou mapeie ações específicas (HAIR JR. et. al., 2005). Quanto à observação, Cooper e Schindler (2003, p.304) salientam que [...] a observação inclui todo o âmbito de atividades e condições de monitoramento comportamental e não comportamental. Observação não comportamental é uma forma geral de observação, em pesquisa, é a análise de registro. Isso pode envolver registros históricos ou atuais e registros públicos e privados. Observação comportamental pode ser classificada em estudo do comportamento não-verbal e o comportamento linguístico entre outros. Para Martins (2006), o observador deve ter competência para observar e obter dados e informações com imparcialidade, sem que o seu conhecimento e experiência possam contaminá-los com suas próprias opiniões e interpretações. Analisando as limitações e problemas associados às técnicas de observação Collis e Hussey (2005) chamam a atenção para vários problemas associados. Um deles é que o pesquisador não pode controlar as variáveis em um ambiente natural, mas, observando o comportamento em dois ambientes diferentes este mesmo pesquisador pode fazer comparações. Outro problema é o viés do observador que pode surgir quando um observador interpreta uma ação de modo diferente de um colega. Hair Jr. et. al. (2005, p.159) apontam o questionário como outro instrumento de coleta, que funciona com um “[...] conjunto predeterminado de perguntas criadas para coletar dados dos respondentes. É um instrumento cientificamente desenvolvido para medir características importantes de indivíduos, empresas, eventos e outros fenômenos.” Collis e Hussey (2005, p.166) afirmam “[...] que os questionários são um método popular para coletar dados. Uma Survey por questionário é mais barata e menos demorada do que conduzir entrevistas, permitindo usar amostras muito grandes.” Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Em relação às entrevistas, Hair Jr. et. al. (2005) apontam que ela ocorre quando o pesquisador “fala” diretamente com o respondente, fazendo perguntas e registrando as respostas. As entrevistas são especialmente úteis na coleta de dados quando se lida com questões complexas e/ou delicadas e quando se utilizam perguntas abertas para a coleta de dados. As entrevistas podem variar de nãoestruturadas a altamente estruturadas. As entrevistas não-estruturadas geralmente são realizadas de um modo muito aberto. Por outro lado, o entrevistador controla as entrevistas estruturadas de maneira coerente e ordenada. Para Collis e Hussey (2005, p.160-161), [...] um aspecto importante das entrevistas semiestruturadas ou nãoestruturadas é que os assuntos discutidos, as perguntas levantadas e os tópicos explorados mudam de uma entrevista para a seguinte, à medida que novos aspectos são revelados. Esse processo de descoberta é a força dessas entrevistas, mas é importante reconhecer que a ênfase e o equilíbrio das questões emergentes dependem da ordem em que você entrevista seus participantes. Com relação à entrevista pessoal, ou seja, a entrevista face a face, Cooper e Schindler (2003) indicam que é uma conversação bidirecional iniciada por um entrevistador para obter informações de um respondente onde as diferenças nos papéis de entrevistador e respondente são acentuadas e, normalmente, ambos não se conhecem e o entrevistador, em geral, controla o assunto e o modelo de discussão. 1.2.5 Tipologia da pesquisa quanto ao tempo Quanto ao tempo, as pesquisas podem ser classificadas em transversais e longitudinais, Hair Jr. et. al. (2005) diz que os estudos longitudinais usam uma amostra para descrever elementos administrativos. Em vez de descrevê-los em um único ponto no tempo, os dados longitudinais descrevem eventos ao longo do tempo, assim, os estudos longitudinais são adequados quando as questões de pesquisa e as hipóteses são afetadas pela variação das coisas com o decorrer do tempo. Diferentes dos estudos transversais, os estudos longitudinais exigem que os Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 dados sejam coletados das mesmas unidades de amostra em diversos pontos no tempo. Em complemento, Collis e Hussey (2005, p.66) afirmam que os estudos de corte transversal são “[...] uma metodologia positivista projetada para obter informações sobre variáveis em diferentes contextos, mas simultaneamente. Estudos de corte transversal são realizados quando há limites de tempo ou de recursos.” Neste tipo de estudo, os dados são coletados apenas uma vez, em um período de tempo curto, antes de serem analisados e relatados. Quanto ao método longitudinal, os autores esclarecem que o objetivo é pesquisar a dinâmica do problema investigando a mesma situação (ou pessoas) várias vezes (ou continuamente), durante o período em que o problema acontece (COLLIS; HUSSEY, 2005). 1.2.6 Tipologia da pesquisa quanto à natureza Quanto a sua natureza, a pesquisa básica tem por objeto a aquisição de conhecimentos fundamentais a partir do estudo dos fenômenos. “Uma pesquisa que utiliza conhecimentos básicos, tecnologias existentes, conhecimentos tecnológicos, e que tenha como objeto um novo produto ou processo é caracterizada como aplicada ou tecnológica.” (JUNG, 2004, p.147). Para Collis e Hussey (2005) a pesquisa aplicada é aquela que foi projetada para aplicar suas descobertas a um problema específico pré-existente. Em contraponto, quando o problema de pesquisa é de natureza menos específica, e se a pesquisa está sendo conduzida basicamente para aumentar nosso entendimento de questões gerais, sem ênfase em sua aplicação imediata, ela é classificada como pesquisa básica. 1.2.7 Tipologia da pesquisa quanto à análise e interpretação dos dados Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Com relação à análise e interpretação dos dados coletados, a pesquisa científica pode utilizar a análise descritiva, documental e de conteúdo. Para Beuren (2004) a análise descritiva é utilizada, de forma geral, em pesquisas quantitativas. Continua a autora dizendo que [...] a análise descritiva se preocupará fundamentalmente em investigar o que é, ou seja, em descobrir as características de um fenômeno. Para tanto, vale-se de técnicas estatísticas como cálculo do percentual, média, desviopadrão, coeficiente de correlação, análise de regressão e outras, para analisar os dados de forma a dar suporte às inferências do pesquisador. (BEUREN, 2004, p.139). “A análise documental configura-se com uma notável técnica para abordar dados qualitativos e quantitativos. Utiliza como suporte subsidiário a construção do diagnóstico de uma pesquisa, informações coletadas em documentos materiais escritos.” (BEUREN, 2004, p.140). Por fim, no momento de analisar os dados coletados se pode utilizar a Análise de Conteúdo que para Hair Jr. et. al. (2005), é realizada através da observação e análise do conteúdo ou mensagem de texto escrito. Por meio da análise sistemática e da observação, o pesquisador examina a frequência com que palavras e temas principais ocorrem (análise léxica) e identifica o conteúdo e as características de informações presentes no texto. O resultado final é, muitas vezes, usado para quantificar os dados qualitativos. Para Martins (2006, p.36), [...] enquanto o objeto de estudo da linguística é a língua, isto é, o aspecto coletivo e virtual da linguagem, o objeto de estudo da Análise de Conteúdo é a palavra, em seus aspectos individual e atual. A linguística está interessada no estudo da palavra de maneira isolada, enquanto a Análise de Conteúdo preocupa-se com o contexto em que a palavra é usada. Cooper (2003, p. 346) conclui dizendo que a análise de conteúdo é aplicada para medir o conteúdo semântico ou o aspecto “o quê” da mensagem. Sua amplitude faz dela uma ferramenta flexível e vasta, que pode ser usada como uma metodologia ou como uma técnica para um problema específico. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 2 METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa quanto à natureza, pode ser caracterizada como aplicada, pois conforme Collis e Hussey (2005, p.27) “a pesquisa aplicada é aquela que foi projetada para aplicar as suas descobertas a um problema específico” que no caso, é a falta de histórico sobre o tema XBRL. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória com abordagem predominantemente qualitativa. Segundo Beuren (2004) a pesquisa exploratória visa conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa. No que concerne ao tempo, pode-se afirmar que o estudo é longitudinal, pois levou em consideração os artigos publicados desde o período em que se iniciou os estudos sobre a linguagem XBRL até os dias atuais. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica através da plataforma de pesquisa EBSCOhost (plataforma que reúne milhares de publicações e concentra grande parte dos estudos de qualidade da área pesquisada) onde se procurou textos completos, em revistas acadêmicas e que continham as referências disponíveis e atendiam o chamado da sigla XBRL. Encontraram -se 108 (cento e oito) artigos. Estes artigos foram analisados e filtrados gerando uma amostra de 18 artigos que tratam de forma mais efetiva do tema pesquisado. Tabela 1 Seleção dos artigos da amostra FILTRO Tratam do tema Fora dos parâmetros Não é artigo científico Apenas cita o tema TOTAL Fonte: o autor Nº ARTIGOS 18 1 28 61 108 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Os 18 (dezoito) artigos selecionados foram analisados em função de sua metodologia e classificados em função do objetivo, procedimentos, abordagem, instrumentos, tempo, natureza e análise e interpretação dos dados conforme descrito a seguir: QUANTO AOS OBJETIVOS QUANTO À ABORDAGEM QUANTO AOS PROCEDIMENTOS QUANTO AOS INSTRUMENTOS QUANTO AO TEMPO QUANTO À NATUREZA QUANTO À ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO Exploratória Descritiva Explanatória Preditiva Causal Quantitativo Qualitativo Quali-quanti Bibliográfica Documental Survey (Levantamento) Estudo de Caso Pesquisa de Campo Observação Questionário Entrevista Longitudinal Transversal Básica Aplicada Análise de Conteúdo Análise Descritiva Análise Documental Quadro 1: Classificação dos Artigos Fonte: o autor Para a análise e interpretação destes artigos efetuou-se a análise documental visando identificar as informações pertinentes nos trabalhos estudados com base nas classificações previamente estipuladas, e após a análise destes itens chegou-se ao resultado deste estudo que será apresentado a seguir. 3 RESULTADOS Nessa seção pretende-se analisar a metodologia aplicada aos artigos selecionados conforme pesquisa descrita e transcrever os resultados encontrados. 3.1 ARTIGOS ANALISADOS Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 A tabela 2, conforme anexo, apresenta algumas características de cada artigo no que tange à data e periódico em que foi publicado, o país de origem (aqui se procurou descobrir o país de origem do [s] autor [es]) além do título do estudo e o nome de seus autores. 3.2 CARACTERÍSTICAS METODOLÓGICAS Quanto às características metodológicas os artigos foram classificados de acordo com o seu objetivo, quanto aos procedimentos de pesquisa, quanto à abordagem do problema, quanto aos instrumentos de coleta de dados, quanto ao tempo de pesquisa, quanto à natureza e quanto à forma de análise dos dados e ficaram assim distribuídos: Tabela 3 Quanto aos objetivos OBJETIVOS Exploratória Descritiva Explanatória Preditiva Causal TOTAL Nº ARTIGOS 12 5 1 0 0 18 Fonte: o autor Quanto aos objetivos pode-se afirmar que os artigos têm uma característica predominantemente Exploratória por se tratar de um tema novo que ainda conta com pouca literatura e necessita de maior nível de conhecimento. Tabela 4 Quanto aos procedimentos de pesquisa Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 PROCEDIMENTOS Bibliográfica Documental Survey Estudo de Caso Pesquisa de Campo Não Identificado TOTAL Nº ARTIGOS 7 2 5 2 1 1 18 Fonte: o autor Quanto aos procedimentos de pesquisa, predominantemente possuem tendências a serem utilizadas pesquisas bibliográficas e levantamentos (Survey). A pesquisa bibliográfica toma como base, principalmente, literaturas voltadas aos sistemas de informação. Tabela 5 Quanto à abordagem do problema e quanto aos instrumentos de coleta INSTRUMENTOS Observação Questionário Entrevista Não Identificado TOTAL Nº ARTIGOS 13 4 0 1 18 ABORDAGEM Quantitativo Qualitativo Quali-quanti TOTAL Nº ARTIGOS 6 12 0 18 Fonte: o autor Quanto à abordagem e os instrumentos de coleta, as pesquisas mostraram uma quantidade maior de estudos qualitativos e, predominantemente, através de coleta de dados e observação não-comportamental. Tabela 6 Quanto ao tempo e quanto à natureza TEMPO Longitudinal Transversal TOTAL Nº ARTIGOS 0 18 18 NATUREZA Básica Aplicada TOTAL Fonte: o autor Nº ARTIGOS 7 11 18 Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Quanto ao tempo, todos os estudos foram transversais, mostrando o tema recente, sem base histórica de comparação. Quanto à natureza, nota-se uma tendência à pesquisa aplicada, com um foco definido. Tabela 7 Quanto à análise e interpretação dos dados ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO Análise de Conteúdo Análise Descritiva Análise Documental Não Identificado TOTAL Nº ARTIGOS 0 6 8 4 18 Fonte: o autor A análise dos dados aconteceu de forma, tanto de análise descritiva quanto documental. A análise documental prevaleceu em virtude da relação com os estudos bibliográficos de natureza qualitativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do presente estudo pode-se desenvolver uma visão mais crítica acerca da metodologia utilizada, pois este artigo retratou as características metodológicas das publicações sobre a linguagem XBRL no mundo. Conclui-se, portanto, que o tema é recente, e ainda tem pouca literatura. Por isso, os artigos pesquisados acabam por ressaltar metodologias com tendências a serem estudos exploratórios, com caráter qualitativo (poucos estudos empíricos e muitos bibliográficos), teve grande parte da coleta de dados feitas através de observação não-comportamental e desenvolvido de forma transversal dada a pequena faixa de tempo para estudos longitudinais. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 As pesquisas exploratórias justificam-se por tentar aprofundar mais o assunto pouco explorado. O caráter qualitativo pode ser explicado muito em função da, ainda escassa, aplicação organizacional, o que limita a aplicação de estudos empíricos. Outro fato encontrado é a observação não comportamental como sendo a forma de coleta mais utilizada. A justificativa disto pode estar relacionada à tentativa de desenvolvimento da linguagem XBRL em centros específicos onde os registros históricos são fontes ricas para estudos da evolução da linguagem. Para a academia, fica o registro de artigos que estudam o assunto XBRL como fonte de consulta, pois tratam de trabalhos acadêmicos com estrutura metodológica capaz de embasar trabalhos científicos e também um estudo sobre as metodologias aplicáveis a este tipo de tema. Para pesquisas futuras, sugere-se a análise dos artigos selecionados dando ênfase ao seu conteúdo e posterior comparação a sua metodologia para estabelecer relações de tipo metodológico e tema abordado. REFERÊNCIAS BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em Administração: Um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Métodos de Pesquisa em Administração. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. CORRÊA, Ricardo; CALDANA, Daniella F.; SANTELICES, Daniel C. e ROBOLLEDO, Omar M. Diccionario de Conceptos, Términos y Acrónimos Relacionados con XBRL. Instituto de Auditoría Interna y Gobierno Corporativo de Chile A.G. GRUPO DE ESTUDIOS XBRL. 126p. Maio 2009. FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: Elaboração e Formatação. 14. ed. Porto Alegre: [s.n.], 2008. HAIR JR., Joseph F.; BABIN, Barry; MONEY, Arthur H.; e SAMOUEL, Phillip. Fundamentos de Métodos de Pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 JUNG, Carlos Fernando. Metodologia para Pesquisa & Desenvolvimento: Aplicada a Novas Tecnologias, produtos e processos. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004. MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de Caso: Uma estratégia de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006. MAUSS, César V., BLEIL, Claudecir, VANTI, Adolfo A.. XBRL na gestão pública com businness intelligence (BI). São Leopoldo, Revista BASE, v. 6, n. 1, p. 5-18, jan/abr., 2009. MOREIRA, Orandi. 2005. O XBRL no Brasil: Um estudo empírico com as empresas de capital aberto. São Paulo, SP. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA – USP, 136 p. RICCIO, Edson; SAKATA, Marici; MOREIRA, Orandi and QUONIAM, Luc. Introdução ao XBRL: nova linguagem para a divulgação de informações empresariais pela internet. Ci. Inf. [online]. 2006, vol.35, n.3, pp. 166-182. XBRL INTERNATIONAL b. New York, 2009. Disponível http://www.xbrl.org/AboutTheOrganisation/. Acesso em: 05 de agosto de 2009. em: YIN, R. K. Estudo de Caso, Planejamento e Métodos. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2001. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 ANEXO – Tabela 2 : Artigos da amostra. Título do Estudo Origem Autores Ano Fonte Customized Financial Reporting, Networked Databases, and Distributed File Sharing USA / Reino Unido Jensen R; Xiao J. 2001 American Accounting Association Twenty-First Century Assurance USA Elliott R. 2002 Auditing: a Journal of Practice & Theory Continuous Auditing: Building Automated Auditing Capability USA Rezaee Z; Sharbatoghlie A; Elam R; McMickle 2002 P. Auditing: a Journal of Practice & Theory Does the Year 2000 XBRL Taxonomy Accommodate Current Business Financial-Reporting Practice? USA Bovee M; Ettredge M; Srivastava R; Vasarhelyi M. 2002 Journal of Information Systems Using XBRL for data reporting Austrália Branson M. 2002 Statistical Journal of the United Nations Kunzler U. 2002 Statistical Journal of the United Nations Electronic data reporting (EDR), Luxemburg metadata, standards and the o European statistical system (ESS) Seeing the whole elephant: A proposed experiment on measuring the activities of multinational enterprises Canada Barnabé R. 2003 Statistical Journal of the United Nations Does Search-Facilitating Technology Improve the Transparency of Financial Reporting? USA Hodge F; Kennedy J; Maines L. 2004 The Accounting Review Financial Reporting and Auditing Agent with Net Knowledge (FRAANK) and extensible Business Reporting Language (XBRL) USA Bovee M; Rutgers A; Nelson K; Srivastava R; 2005 Vasarhelyi M. Journal of Information Systems Financial Reporting in XBRL on the SEC’s EDGAR System: A Critique and Evaluation USA Debreceny R; Chandra A; Cheh J; GuithuesAmrhein D; Hannon N; Hutchison P; Janvrin D; Jones R; Lamberton B; Lymer A; Mascha 2005 M; Nehmer R; Roohani S; Srivastava R; Trabelsi S; Tribunella T; Trites G, Vasarhelyi M. Journal of Information Systems An Introduction to XBRL through the Use of Research and Technical Assignments USA Farewell S. 2006 Journal of Information Systems The Use of Financial Reporting Standards-Based Accounting for the Preparation of Tax Returns Reino Unido / Nova Zelandia Alley C; James S. 2006 International Tax Journal EDGAR Extraction System: An Automated Approach to Analyze Employee Stock Option Disclosures USA Grant G; Conlon S. 2006 Journal of Information Systems XBRL: An (Open) Source of Enlightenment or Disillusion? Nova Zelandia Locke J; Lowe A. 2007 European Accounting Review Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 2008 American Accounting Association Wright A, Botosan C; Colson R; Eining M; Hopkins P; Plumlee R; Plumlee M; Rebele J; 2008 Reckers P; Scholz S; St. Pierre K; Vincent L. American Accounting Association Assurance on XBRL for Financial Reporting USA Response to the Progress Report of the SEC Advisory Committee on Improvements to Financial Reporting USA Co-operatively Re-engineering a Financial Services Information Supply Chain: A Case Study Irlanda / Austrália Fahy M; Feller J; Finnegan P; Murphy C. Assurance on XBRL-Related Documents: The Case of United Technologies Corporation USA / Canada Boritz J; No W. Plumlee R; Plumlee M. Fonte: EBSCOhost (2009) Canadian Journal 2009 of Administrative Sciences 2009 Journal of Information Systems Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING PARA EMPRESA DO RAMO METALÚRGICO Cátia Guadagnin Rossa26 Luciano Frank27 RESUMO Este estudo teve como objetivo conhecer o planejamento estratégico de Marketing para uma empresa do ramo metalúrgico, localizada na cidade de Santa Rosa, RS. Através da pesquisa exploratória e descritiva buscaram-se informações, para identificar as possíveis oportunidades que a empresa tem e reduzir ou excluir os problemas. Foi realizada a pesquisa com o diretor da empresa, conhecendo um pouco mais da organização e também com alguns de seus clientes, identificando as necessidades e o grau de satisfação de cada um. Dentre os principais resultados obtidos pode-se enfatizar que a empresa aposta no bom atendimento e qualidade em seus serviços, porém deve destacar-se que ainda existe muita coisa que a empresa pode mudar, para que se consiga sempre atingir total satisfação de seus clientes. Palavras-chave: marketing – qualidade – planejamento estratégico. ABSTRACT This study was to meet strategic marketing planning for a company of metallurgical branch, located in the city of Santa Rosa, RS. Trough exploratory and descriptive search attempted information to identify potential opportunities that the company has and reduce or exclude the problems. The survey was conducted with the Director of the company, knowing a little more organization and also with some of its customers, identifying the needs and satisfaction of each one. Among the main results obtained can be emphasized that the company invests in the proper care and quality in its services, but it should be pointed out that there is still much that the company can change so it can always achieve total customer satisfaction. Keywords: marketing – quality – strategic planning. 26 Mestranda em Desenvolvimento pela UNIJUI, professora da FEMA, [email protected]. 27 Bacharel em Administração pela FEMA, [email protected]. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 INTRODUÇÃO Vive-se em uma organização que nada mais é do que o dia-a-dia de todos, onde constantemente ocorrem mudanças, sendo necessário agir ou reagir. Muitas vezes, são essas mudanças drásticas, frutos talvez de uma decisão do passado, que poderão definir o presente e o futuro dessa organização. O objetivo é ser sempre a primeira, a melhor, e para isso ocupa-se parte ou todo o tempo possível. No entanto, não é só uma questão de luxo, e sim, uma necessidade, um ato de sobrevivência da organização. Muito mais do que elaborar novos produtos, criar campanhas, estudar o público-alvo, cabe ao profissional de Marketing planejar, estrategicamente, suas ações, direcionar a empresa para o rumo correto e permitir que todos os componentes da organização estejam sincronizados e em perfeita harmonia, desde o conceito do produto até o ponto de feedback dos consumidores. Contudo, nem todas as organizações que têm esse objetivo são capazes de alcançá-lo, é necessário muito esforço, muita seriedade e dedicação de toda a equipe, pois somente aquelas que tiverem uma definição clara de seus objetivos, terão a chance de incluírem-se entre as primeiras e as melhores. É necessário que estes objetivos sejam traçados, coordenados e controlados. Ter uma visão clara do futuro, do que se deseja alcançar, preparar toda a equipe usando estratégias de motivações, treinamento e qualificações. O presente estudo possui como objetivos: identificar a importância de um plano de Marketing na expansão dos negócios de uma empresa no ramo metalúrgico, em específico, a Quadry Inox Indústria e Comércio de Artigos de Metal Ltda., localizada em Santa Rosa, RS; conhecer a ferramenta de marketing praticada atualmente pela empresa, e avaliar a satisfação dos clientes no que se refere às ferramentas de marketing praticadas. Este artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmente, apresenta-se a metodologia do estudo; conceitos de marketing e planejamento estratégico; análises da pesquisa; e por fim, a conclusão e as referências bibliográficas. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 1 METODOLOGIA Utilizou-se para a realização do estudo a pesquisa exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória refere-se ao levantamento das informações necessárias e disponíveis na empresa Quadry Inox Indústria e Comércio de Artigos de Metal Ltda, as quais poderão contribuir para seu crescimento. Nesse contexto, explica Vianna (2001, p.130), que a pesquisa exploratória “possibilita uma explicação maior e um aprofundamento de estudos sobre um determinado assunto ou área, com vistas ao seu entendimento mais qualificado ou à descoberta de novas relações”. Por outro viés, através da pesquisa descritiva obtiveram-se informações na empresa através de uma coleta de dados dos clientes, juntamente com pesquisas bibliográficas. Junto à empresa foram analisadas as atuais estratégias empregadas, que a empresa usa, avaliadas através de um questionário com respostas abertas ao gerente, onde a empresa pôde mostrar mais abertamente as ferramentas que utiliza. Já aos clientes, foram realizados questionários, respondidos após cada obra executada, avaliando questões como atendimento, qualidade e o grau de satisfação. 2 MARKETING O Marketing pode ser considerado como uma função empresarial que cria continuamente valor ao cliente, através da distribuição e venda de mercadorias. São necessárias novas ideias, sendo que o Marketing identifica a necessidade e cria a oportunidade, cabendo à organização usufruir destas ferramentas e tornar seu produto satisfatório ao consumidor. Atualmente, o marketing é considerado como um esforço em conseguir atingir os resultados de forma lucrativa e que atenda às necessidades dos clientes. Para Cobra (2001, p. 10) “desenvolver de forma inusitada produtos e serviços que realizem desejos consumidores”. explícitos e ocultos dos clientes distribuidores e seus Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Marketing como ferramenta consiste, primeiramente, dar valor ao cliente, ao mercado e, só depois, levar em consideração as necessidades internas que a empresa possui. Deve-se focar nas necessidades externas para garantir a sobrevivência no mercado. O conceito de marketing fundamenta-se em quatro pilares: mercado-alvo, necessidades dos consumidores, marketing integrado e rentabilidade [...] o conceito, parte de uma perspectiva de fora para dentro, começa com um mercado bem definido, focaliza as necessidades dos consumidores, integra todas as atividades que os afetarão e produz lucro através da satisfação dos mesmos. (KOTLER, 1998, p. 37). Não existe uma regra geral do modo de utilização desta ferramenta, o que se fornecem são apenas dicas, pois cada organização, cada administrador é quem deve tentar adequar-se, da melhor maneira possível, fazendo com que seu produto consiga atingir o topo e satisfaça todas as necessidades de seus clientes. Marketing está ligado diretamente à necessidade pessoal de cada um. É correto afirmar que toda venda, ou toda compra são impulsionadas pelo Marketing. Para isso, é de extrema importância que a empresa faça o uso de ferramentas, podendo, o marketing ser considerado o mais importante. Nesta área, destaca-se como elemento principal a comunicação da organização com o mercado. Essa comunicação é feita através da venda pessoal, logística de distribuição e publicação através dos meios convenientes. Também se pode chamar esse elemento de promoção, pois promove o produto ao mercadoalvo. Como técnica, cita-se a venda pessoal como a melhor forma de se fazer marketing. Sendo que, um vendedor bem preparado pode passar diretamente aos clientes ou possíveis clientes, todas as vantagens de seus produtos. E, como é ele quem fecha a venda, pode-se dizer que ele faz um dos papéis mais importantes na organização. O Marketing busca satisfazer as necessidades dos consumidores, que se apresenta através da mídia, por meio de propaganda ou, até mesmo, pelo próprio atendimento, relacionamento, cliente com a empresa. Por isso, afirma-se dizer que o Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Marketing deve ser encarado pela empresa como filosofia de conduta, sendo quase impossível obter sucesso sem um bom planejamento. Da mesma forma que pode ser responsável pelo estrondoso sucesso de uma empresa, marca ou produto, a propaganda também pode ser absolutamente inútil ou, o que é pior – mas acontece – até acabar trabalhando contra. (SAMPAIO, 1999, p. 23). Sabe-se que a propaganda é considerada a alma do negócio e, por isso, ela deve ser muito bem planejada. É necessário muito tempo, muita dedicação e, principalmente, um amplo conhecimento do mercado e da concorrência. O mercado e a economia são muito imprevisíveis, um erro no planejamento de Marketing pode ser fatal para a organização. São necessárias pessoas capacitadas e um produto que consiga adequar e adaptar-se a estas evoluções. Uma estratégia de sucesso é a criação de um slogan associado à marca, que cria um posicionamento da marca na mente do cliente sempre que ele ouvir falar em determinada frase ou presenciar determinado gesto. Marcas mundialmente conhecidas como o Banco Itaú, Bombril ou, até mesmo a NIKE, que através de apenas um símbolo, ou pessoa no caso do garoto propaganda do Bombril garantem a marca, o produto, sendo inconfundível na mente de cada um. Praticamente a totalidade da população urbana brasileira sabe quem é o “garoto propaganda do Bombril” e tem por ele grande empatia, quase que como se fosse um velho conhecido. Tanto que mesmo quando os comerciais e anúncios não estão sendo veiculados, a propaganda do Bom bril continua a ser uma das mais lembradas pela população. ( SAMPAIO, 1999, p. 16). As formas de se investir em marketing são diversas, pode ser através da propaganda na mídia, jornais, revistas ou através de patrocínios como em times de futebol, mas considera-se um dos principais, o investimento na qualidade. Sabe-se que um produto de qualidade atinge um alto nível de satisfação que, na maioria das vezes, é passado a outros clientes, garantindo o sucesso da organização. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Planejamento estratégico é um método que pode ser utilizado para definir estratégias as quais serão utilizadas para atingir determinado resultado, na maioria das vezes sendo ele considerado em longo prazo. Para Serra (2004, p. 28) “Planejamento estratégico é o processo pelo qual se procura determinar como a organização deve atuar em relação ao ambiente, definindo-se os objetivos e as estratégias para alcançá-los”. É considerado como um processo gerencial que visa buscar e formular novos métodos de gestão, avaliando as necessidades e dando ênfase nas soluções. Visa contribuir para aumentar a participação de mercado dos produtos atuais que a empresa possui, assim como também garantir o sucesso de um novo a ser lançado. O planejamento estratégico é um conjunto de tomada deliberada e sistemática de decisões envolvendo empreendimentos que afetam ou deveriam afetar toda empresa por longos períodos de tempo. É um planejamento mais abrangente e é desenvolvido nos níveis hierárquicos mais elevados da empresa, isto é, no nível institucional. (CHIAVENATO, 1994, p. 186). Consegue-se com o planejamento estratégico obter uma melhor visão do futuro, preparando-se para tomar melhores decisões. Sendo que, para garantir a sobrevivência da empresa, necessita-se estar preparado, vive-se em um ambiente de constantes mudanças e, para isso, necessita-se saber qual o produto, a quem será oferecido e por quanto tempo. A empresa precisa definir estratégias e traçar os objetivos que quer alcançar, o fundamental é aperfeiçoar-se e inovar constantemente. Objetivos são resultados futuros que se pretende atingir. São alvos escolhidos que se pretende alcançar dentro de certo espaço de tempo, aplicando determinados recursos disponíveis ou possíveis. Assim, os objetivos são pretensões futuras que, uma vez alcançadas, deixam de ser objetivos para se tornarem realidade. (CHIAVENATO, 2004, p. 168). Um planejamento estratégico visa, dependendo das oportunidades e ameaça de cada empresa, identificá-las, compreender os recursos necessários para geri-los, Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 conhecer a disponibilidade e capacidade de se obter estes recursos, podendo desta forma melhorar os resultados da empresa. Para garantir o sucesso de um planejamento estratégico é preciso transformar os objetivos em metas que possam ser vislumbradas e atingidas. A adoção de estratégias no mundo dos negócios não beneficia apenas as empresas que atuam em ambientes competitivos, nem apenas as grandes organizações, mas toda e qualquer atividade independente de tipo e tamanho. Para planejar estratégias de sucesso é preciso identificar oportunidades com a mesma competência que se define o negócio da empresa e se posiciona os produtos em seus respectivos segmentos de mercados. (COBRA, 1997, p. 89). Para realizar-se um planejamento estratégico dentro de uma organização é necessária a mobilização de todos os recursos disponíveis, capitais e intelectuais, visando atingir objetivos definidos previamente. Isso resulta em um plano estratégico que servirá como uma bússola, um guia para os membros da instituição, os quais saberão a direção que a empresa deve seguir. Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona na sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. (OLIVEIRA, 2005, p.47). O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e suas equipes uma ferramenta que os municie de informações para a tomada de decisão, ajudando-os a atuar, de forma pró-ativa, antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em que atuam. Trabalhado dessa forma dentro da organização, conseguir-se-á identificar as oportunidades e, através de muito trabalho, dedicação e criatividade obter os lucros que a empresa necessita e deseja. 2.1 MATRIZ FOFA (FORÇAS, OPORTUNIDADES, FRAQUEZAS, AMEAÇAS). Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 É considerado um método gerencial, uma estratégia empresarial que permite a empresa estabelecer o caminho que vai seguir, interagindo com o ambiente Interno e Externo. Como objetivo, a organização conhecerá o ambiente que são as oportunidades e as ameaças; a empresa, que são os pontos fortes e fracos, para então definir suas estratégias e ações. Objetivos da empresa Análise Ambiental Análise Organizacional Oportunidades, ameaças, restrições, coações e contingências Pontos fortes e pontos fracos, recursos disponíveis, capacidade e habilidades. Estratégia Empresarial Ilustração 1 Fonte: Chiavenato,(2000, p. 115) Na elaboração de um Planejamento Estratégico é necessário definir os pontos fortes, as oportunidades e as fraquezas, sendo este o significado da Matriz Fofa, também conhecida como Análise PFOA. É a essência de qualquer esforço de planejamento estratégico por que exige que os gerentes avaliem as potencialidades (pontos fortes), fragilidades (pontos fracos), oportunidades e ameaças para poder identificar um nicho que a organização possa explorar. (STEPHEN, 2000, p. 122). Pontos fortes são todas as situações ou ações pelas quais a organização pode tirar algum proveito, sendo uma oportunidade para expandir. Já os pontos fracos são as ameaças que a organização pode sofrer. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Os pontos fortes e fracos compõem a análise interna da empresa, enquanto as oportunidades e ameaças compõem sua análise externa. Os pontos fortes e fracos representam as variáveis controláveis, enquanto as oportunidades e as ameaças representam as variáveis não controláveis pela empresa. Fica evidente que o problema maior são as variáveis sobre as quais não se tem controle. (OLIVEIRA, 2005, p. 90). É uma ferramenta que permite ter uma visão ampla do andamento da empresa, onde são avaliados os fatores internos e externos da organização. Avalia pontos como o propósito e o objetivo da empresa os quais mostram aonde a empresa quer chegar e quanto ao atingimento de metas, indica onde a empresa está no momento, analisa os concorrentes e dá uma ação corretiva. A análise dos fatores internos externos é uma ferramenta útil para atender a situação global da organização. Esta abordagem tenta equilibrar os pontos fortes e fracos internos de uma organização com as oportunidades e riscos que o ambiente externo apresenta. (CERTO, 1993. p, 112). Devem ser levados em conta os pontos fortes e fracos que a organização ou mercado tem, avaliando o que se torna viável para o momento e o que se deve deixar para um segundo momento que são as oportunidades e riscos que a empresa corre. 3 ENTREVISTA REALIZADA COM O DIRETOR COMERCIAL DA EMPRESA A entrevista realizada no dia 15/10/2010 com o diretor comercial da empresa Quadry Inox, teve como objetivo identificar as ferramentas de marketing que a empresa utiliza atualmente. Em um primeiro momento buscou-se saber quais estratégias de marketing a empresa utiliza no momento e, conforme o diretor da empresa ficou bem claro que a empresa, assim como toda sua equipe de trabalho zelam pelo bom atendimento e qualidade nos produtos e serviços prestados, sendo que uma boa venda gera a outra. Para divulgar seus produtos e torná-la conhecida e competitiva, a empresa possui anúncios em revistas, jornais, internet e rádio, e para a venda direta e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 divulgação do produto são utilizados folders os quais apresentam fotos de trabalhos já executados. Para o diretor, a melhor forma de divulgar seu produto é através de uma obra já executada. Em todas as obras são tiradas fotos e essas servem de propaganda para uma nova obra. Estes critérios que a empresa utiliza garantem o sucesso da organização, a busca incessante de satisfazer seu público-alvo faz com que a empresa consiga estar à frente das demais. Para Cobra (2001, p. 111), “[...] cliente é uma pessoa que nos traz seus desejos. Nosso trabalho é proporcionar-lhes tantas satisfações quantas forem possíveis, proporcionando a ele e a nós próprios.” Hoje, a qualidade já não é mais um critério que a empresa deve utilizar para satisfazer suas necessidades. Uma organização sem qualidade está fora do mercado, ela é considerada como um requisito, o que importa atualmente é qual o seu diferencial. Quando questionando quanto aos produtos que a empresa produz, o diretor relatou que a empresa iniciou suas tarefas com a produção de artigos de inox, com muitas variedades, partindo do seu carro chefe que hoje, é a linha de guarda-corpo e corrimões, tanto para escadas, sacadas e mezaninos. Além destes, também letreiros, puxadores de portas, móveis de loja, cascatas de piscinas, mesas, e mais uma vasta linha de acessórios, todos feitos de aço Inox. Argumentou que o mercado, ou a construção civil está em alta. O poder aquisitivo da população está aumentando, abrindo então espaço para produtos como o aço Inox. Destacou que, embora tenha maior valor agregado, em relação a outros materiais, garantem a satisfação deste público, através de seu conceito de durabilidade e, principalmente, a estética, garantindo por si só a qualidade. O mercado é baseado em oportunidades, pessoas que possuem a mente aberta, criativa e um espírito empreendedor, conseguem usufruir destas oportunidades. Com base em uma oportunidade a empresa deve adaptar-se a ela e, na maioria das vezes, ela surge da necessidade do mercado. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Em vez de tentar levar para o mercado o que nos é mais fácil fazer, devemos descobrir muito mais sobre o que o consumidor está disposto a adquirir... Devemos aplicar nossa criatividade de uma forma mais inteligente quanto às pessoas e suas necessidades e desejos, do que quanto aos produtos. (KOTLER, 1980, p. 97). Porém, deve-se estar atento ao mercado, uma oportunidade, na maioria das vezes, não dura para sempre, aquela oportunidade que beneficia hoje pode ser ameaça amanhã. Sabe-se que é fundamental ter um planejamento estratégico para estar preparado para o futuro da organização, saber entender o ambiente em que vive, e tentar adequar-se quanto às mudanças. Para Serra (2004, p. 28) “Planejamento estratégico é o processo pelo qual se procura determinar como a organização deve atuar em relação ao ambiente, definindo-se os objetivos e as estratégias para alcançá-los”. Estratégias são metas, toda organização necessita delas, é preciso traçar objetivos, os quais deverão ser buscados e alcançados. A adoção de estratégias no mundo dos negócios não beneficia apenas as empresas que atuam em ambientes competitivos, nem apenas as grandes organizações, mas toda e qualquer atividade independente de tipo e tamanho. Para planejar estratégias de sucesso é preciso identificar oportunidades com a mesma competência que se define o negócio da empresa e se posiciona os produtos em seus respectivos segmentos de mercados. (COBRA, 1997, p. 89). No que se refere aos fornecedores, o gerente relatou que os materiais para fabricação como tubos, chapas, conexões, dentre outros produtos são adquiridos de diversos fornecedores, São Paulo, Porto Alegre e outras localidades. Os materiais são comprados mediante cotação, onde se avaliam preço e prazo de entrega. Ainda acrescentou que o produto é adquirido sem nenhum tipo de acabamento, ele passa para o processo de industrialização. No caso dos corrimões e guarda-corpos, geralmente são pré-fabricados na empresa, onde é feito um prépolimento, porém, 90% são feitos no local da obra, onde é montado e produzido o acabamento. Na empresa são confeccionadas peças que seguem um padrão, como letreiros, puxadores de porta, cascatas para piscinas e outros mais. Para o cliente isso é considerado um diferencial, no caso dos corrimões, é um Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 produto exclusivo, feito sob medida para cada situação, não existe um padrão e o que é o melhor, o cliente pode acompanhar toda a execução. Sendo considerado um trabalho manual, cada obra é executada de uma forma artística e única. Sabe-se que, em todas as empresas existem dificuldades e, por se tratar de uma empresa jovem questionou-se a respeito de problemas que enfrenta, ou enfrentou, e o que faz para contorná-los. O gerente respondeu que a empresa enfrentou e talvez ainda enfrente diversos problemas, principalmente, em termos financeiros, acha que isso é de se esperar de uma empresa jovem, que precisa conquistar o mercado e, consequentemente, o capital. Vive-se em uma época onde a construção civil está em alta, e isso acaba por fortalecer praticamente todas as indústrias, a Quadry Inox foi uma delas, em fase de abertura já passou e ainda está passando por uma etapa de crescimento, talvez até superior a possível, em vista do pouco capital e da falta de mão de obra que se tem. Para isso, a empresa tende a reinvestir todo ou praticamente todo o lucro obtido, já que como empresa jovem, não tem muitas chances de obter financiamentos. Na regra, a empresa passa a ser bem vista para estes termos só depois de dois anos de atuação, sendo que hoje a empresa possui nove meses. Entende-se que a empresa iniciou suas atividades sem muito planejamento, pois estava focada na oportunidade, e isso nem sempre é ruim, mas é arriscado. Sem muito capital possui um limite de crescimento, e isso não envolve somente o capital, mas também a mão de obra qualificada cabe dizer, é necessário tempo, capital e muita experiência. Questionado quanto ao público-alvo, que são seus clientes obteve-se que eles estão espalhados em um raio de 300 km, sendo em alguns casos até superior, graças a seu foco, que é a qualidade em seus serviços e no bom atendimento, hoje a empresa não possui nenhum vendedor externo direto, tendo apenas algumas parcerias que, por indicações foram surgindo e espalhando-se. Atribui-se que seu produto atinge, na maioria das vezes, um público de classe média e alta, por si só um público mais exigente. Não possui nenhum cliente fixo, uma vez que na maioria das vezes são clientes novos que devem ser conquistados os quais adquirem o produto e por um longo período não o necessitam novamente. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Porém, temos uma variedade muito grande de produtos e isso faz com que aumente a possibilidade de um atual cliente adquirir um novo produto em um curto período. Como parceiros têm-se engenheiros e arquitetos que passam a ser clientes potenciais, sendo eles que os indicam para novas obras. É importante que a empresa tenha e mantenha parcerias. Em tempos difíceis podem ser fatores que garantem a sobrevivência da organização. Ao perguntar se a empresa já perdeu algum cliente, conforme posição do gerente é impossível dizer que não se perdeu nenhuma venda, sendo que isso acontece constantemente em todas as empresas. Porém, existe o pensamento de buscar sempre o motivo da perca para que isso não ocorra novamente. Em toda a venda nos tornamos verdadeiros amigos de cada cliente, cuidamos desde a negociação até a instalação, podendo em cada venda avaliar o grau de satisfação do cliente. Caso perde-se uma venda, é por que talvez exista falha no atender ou no executar. Embora não se tenha nenhuma pesquisa ainda que comprove a satisfação, acredita-se que em todas as nossas obras dificilmente fica algum cliente insatisfeito na hora da instalação. A empresa tem por lema que a obra só está pronta, quando ela estiver boa para o cliente, e isso influencia diretamente na satisfação de cada cliente. Temos controle direto de cada cliente e isso garante que o cliente retorne para a empresa, seja para adquirir um novo produto ou para indicar um novo cliente. É fundamental que a empresa saiba os motivos de uma perda de venda. É visto que não se pode ganhar todas, mas é preciso tentar ao menos, e para isso, a empresa busca através do atendimento e acompanhamento de cada cliente garantir a satisfação. No que diz respeito a conquistar e fidelizar cliente, o gerente relata que é um aspecto que se deve ter muita atenção e sabedoria, para garantir que um cliente seja conquistado e continue retornando para a empresa, aposta no bom atendimento e qualidade total, mesmo sabendo que, praticamente, toda venda é única para cada cliente. Porém, sempre existe a possibilidade de indicação de um atual cliente para um novo, e isso faz a diferença. A empresa aposta no bom atendimento e na qualidade em seus serviços e Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 busca a satisfação constante de seus clientes, tornando seus eventuais clientes em clientes fiéis. Fidelizar quer dizer aumentar a taxa de retenção de clientes e aumentar o valor total de negócios com cada um deles. É manter clientes com a sua empresa por mais tempo que anteriormente. É conquistar uma parceria maior de negócios com cada cliente. (DUFFY, 2002, p. 6). Sabendo que o inox é um produto de maior valor agregado, questionou-se ao gerente quanto às dificuldades que a empresa enfrenta na hora da venda: conforme informou é certo afirmar que o aço inox ainda é considerado um produto de valor maior para a maioria das pessoas em relação a outros materiais, como ferro, alumínio ou madeira. Cabe, portanto, ao vendedor a tarefa de trabalhar a parte custo benefício, tendo como fator principal que o próprio não exige manutenção posterior, além de tornar o ambiente com aparência de limpeza, leveza e muita sofisticação. Percebeu-se no primeiro momento que a empresa precisou definir seu público-alvo, saber para quem ela quer vender e o que, tendo a necessidade surge a oportunidade. Segundo Vasconcellos (2001, p. 29) “Neste mundo de mudanças rápidas e constantes, vencem as empresas prontas a responder e a antecipar as mudanças”. No que se refere aos seus concorrentes, questionou-se se a empresa tem conhecimento de quem são eles. Neste sentido, o gerente relatou que atuando no ramo de inox e no mesmo segmento, são poucas e, as maiores que existiam, mudaram de ramo, dando total apoio e indicação da nossa empresa para novos clientes. Constantemente surgem novas empresas, mas que não permanecem por muito tempo no mercado, fecham ou mudam de ramo. Procuram estar atentos, porém não baseados apenas nos concorrentes. Considera-se uma empresa jovem, que busca a inovação constantemente e, no decorrer de cada dia, busca um diferencial. É preciso estar preparado, mas afinal, existe mercado para todo mundo que quer investir em qualidade e satisfação do cliente, e todo aquele que tem isso em seu poder, dificilmente perderá mercado. É muito importante que a empresa esteja atenta para as tendências do mercado e, para que não haja nenhuma perda de mercado a empresa precisa Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 diferenciar-se das demais constantemente. Perguntou-se ainda o que a empresa faria se entrasse um novo concorrente no mercado? O gerente argumentou com os mesmos princípios que manter-se-ia firme em seus conceitos, de que o diferencial é tudo, continuaria evoluindo tentando ser da melhor forma possível o melhor. Questionou-se também quanto às necessidades que a empresa tem, e que no momento não pode atender. O gerente da empresa salientou que um dos principais problemas que vem enfrentando é a falta de mão de obra qualificada, e isso faz com que muitas vezes a empresa deixe de contratar funcionários, mesmo tendo uma demanda superior a sua capacidade. Tal fato afeta, muitas vezes, a pontualidade que a empresa tanto zela e busca. Tenta amenizar-se a situação e, em caso de atraso, mantém-se contato direto com o cliente explicando a situação. E, por fim, questionou-se o que a empresa espera do futuro. Como resposta o gerente salientou que quanto ao futuro da empresa e do país mostra-se bem confiante, sabendo que tem muita coisa a conquistar e novos produtos para criar. Muitas mudanças já ocorreram, muitas melhorias foram feitas, sendo que começou com quatro sócios, hoje são apenas dois e 6 funcionários. A empresa cresceu e espera que este crescimento continue. O país está em crescimento e nada melhor que aproveitar esta situação para crescer junto. É muito importante que a empresa continue com essas ideias e princípios, pois possui consciência que tem muita coisa a aprender e a fazer, estes pensamentos, na maioria das vezes, são a chave do sucesso. 4 PESQUISA COM OS CLIENTES DA QUADRY INOX A pesquisa com os clientes teve como principal finalidade analisar e identificar quais estratégias de marketing realmente são importantes para o cliente e qual seu grau de satisfação, O questionário foi aplicado em 25 clientes, no período de 01.11.2010 a 15.11.2010, sendo que por esse fator não é possível dizer que o resultado representa o pensamento da totalidade dos clientes, mas apenas dos pesquisados. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Primeiramente, buscou-se saber quais estratégias de marketing o cliente considera mais eficiente. Deles, 20% preferem a revista como ferramenta de divulgação, quanto aos jornais, não houve participação, ficando com 12% a rádio, 40% a Televisão e 28% os folders. É possível registrar que a maioria do público considera mais importante os meios nos quais se pode ver o produto, a maioria considera a televisão como um dos meios mais populares para se apostar no Marketing. Um ponto considerado muito importante é que a empresa ainda não tem a divulgação por meio da Televisão, talvez em virtude do alto custo. Quando questionados sobre os meios que trouxeram o cliente até a empresa, eles responderam que 12% deles vieram pela propaganda da rádio, 28% receberam a visita de um vendedor, 12% vieram por indicação, 32% através da revista e quanto ao jornal não houve participação. A empresa possui divulgação em apenas uma revista, e através deste resultado ficou claro que é um dos principais meios que traz clientes novos, ficando até superior a da visita do vendedor. No que se refere à satisfação dos clientes quanto ao atendimento, registrouse que: como ruim não foi obtido nenhum percentual, como satisfatório teve 20% e o restante dos 80% acharam que o atendimento está excelente. Dessa forma, fica claro para a empresa que ela está numa boa posição, sendo que 80% de seus clientes acham que o atendimento está excelente, e que não tem nenhum que está totalmente insatisfeito, mas fica o alerta dos 20% que acham que foi satisfatório, tem muita coisa que, pelo visto, ainda pode e deve ser melhorada. Outra questão abordada foi: como os clientes avaliam a qualidade do produto? 92% de seus clientes avaliaram a qualidade como sendo excelente, apenas 8% acharam que foi satisfatório, e ninguém entendeu como ruim o serviço. Ponto que pode se considerar é que a empresa está conseguindo satisfazer quase a totalidade dos seus clientes, garantindo o sucesso da organização. Segundo Kotler (2003, p. 477), “[...] à medida que a satisfação aumenta, também aumenta a fidelidade.” Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 Em relação à pontualidade da instalação dos produtos, 8% dos clientes acharam que está ruim, 84% acharam que foi satisfatório e 8% entenderam como excelente. Neste momento existem os pontos fracos, a mesma quantidade de clientes que acha que a pontualidade está excelente, também considera ruim, é de nosso conhecimento que um cliente insatisfeito fala dez vezes mais que um cliente satisfeito. Quando questionados se cliente retornaria a adquirir da empresa em outra oportunidade, o resultado foi de 80% voltariam com certeza, 20% talvez e 0% os que jamais indicariam. Percebe-se que existe uma pequena quantia de clientes, 20%, que tendem ainda a procurar o concorrente, que não estão totalmente satisfeitos. Isso pode envolver todos os fatores desta pesquisa, como pontualidade, preço e qualidade. Portanto, devem ser usadas destas ferramentas para atingir o objetivo total de satisfação. De acordo com a pesquisa, 80% dos clientes indicariam a empresa para um amigo, e 20% talvez indicariam. Os dados obtidos são os mesmos que na pergunta anterior, comprovando que tudo que o cliente acha bom para ele, ele irá indicar adiante. Perguntou-se quanto à satisfação ao preço praticado pela empresa, destes 84% acharam que o preço está bom e 16% acharam que está muito bom. Dificilmente o cliente vai concordar que o preço está muito bom, pois sempre terá que ter a possibilidade de baixar. Por isso, considera-se que o fato de 16% acharem que ele está muito bom pode ser um sinal de que a empresa está trabalhando com os preços abaixo dos praticados no mercado, tendo a possibilidade de aumentar. E, por fim, questionou-se sobre o que os clientes acham das condições de pagamento, sendo que 20% acharam que está regular e 80% consideraram boas. Ao contrário dos preços, em relação ao prazo de pagamento, o cliente abre a necessidade de crédito, talvez por ser um produto de maior valor o cliente necessite Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 de maior prazo e a empresa por ser jovem no mercado, não tem condições nem capital suficiente. CONCLUSÃO Com a realização deste estudo pode-se avaliar um pouco mais a realidade da empresa, conhecer seus métodos, suas ferramentas, suas estratégias e até suas falhas. Conforme entrevista realizada com o diretor da empresa ficou evidente que a empresa preocupa-se com o futuro da organização, busca incessantemente pela satisfação de seus clientes e, consequentemente, a melhoria contínua de seus produtos. Segundo a pesquisa com os clientes, constatou-se que as práticas utilizadas pela empresa dão resultado, sendo que a maioria, em alguns pontos, considera-se satisfeita, que o produto tem um ótimo acabamento e que a mesma possui excelente atendimento. No entanto, percebe-se que mesmo a qualidade sendo considerada boa existe uma falha na parte da pontualidade, a empresa está atrasando as instalações, ocasionando neste ponto um cliente insatisfeito. E isso pode ser prejudicial para o sucesso da organização. Quanto a sua estratégia de marketing, embora faça uso de diversos métodos de divulgação da marca, ou produto, constatou-se que pontos na mídia, como a televisão, são bastante requisitados na hora de conhecer uma empresa. Talvez com esse meio a empresa consiga alcançar o que tanto espera, ser conhecida e reconhecida por todos. Finalmente, conclui-se que este estudo proporcionou aos autores um maior conhecimento sobre as ferramentas de marketing necessárias para que uma organização possa ter sucesso em um mercado cada vez mais competitivo. Revista FEMA Gestão e Controladoria Ano 01, nº 02 Julho/Dezembro 2011 ISSN: 2236-8698 REFERÊNCIAS COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. ____. Vendas. Ed. Ibero-Americana. 3. ed. São Paulo, 2001. CERTO, Samuel C.: PETER, J.Paul. Administração Estratégica. São Paulo: McGraw-Hill, 1993. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. ____. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000. ____. Iniciação à administração geral. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. DUFFY, Dennis. Guia Prático para fidelização de clientes. São Paulo: Prentice Hall, 2002. KOTLER, Philip. 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