Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline Oliveira, NA Adesivos Dentinários SISTEMAS ADESIVOS: CONCEITOS ATUAIS E APLICAÇÕES CLÍNICAS Dental Adhesives: new concepts and clinical applications Naiara Araújo de Oliveira1 Lilian Shitomi Matsunaga Diniz2 Nádia da Rocha Svizero3 Paulo Henrique Perlatti D’Alpino4 Cássia Aparecida Covre Coimbra Pegoraro5 Resumo O objetivo desta revisão de literatura foi realizar um levantamento bibliográfico a respeito dos sistemas adesivos existentes atualmente no mercado, buscando compreender seu mecanismo de ação nos diferentes substratos dentários e a correta forma de aplicação clínica. O surgimento de novos sistemas adesivos que buscam a simplificação de passos, nem sempre vem acompanhado de qualidade adesiva e longevidade clínica, constituindo-se ainda um grande desafio a ser superado. Contudo, novas técnicas de adesão têm sido estudadas e sugeridas para melhorar a durabilidade da interface adesiva. Esta revisão teve o intuito de ajudar o cirurgião-dentista a atuar em clínica com maior conhecimento quanto à forma de utilização correta dos agentes de união, utilizando subsídios para que o procedimento adesivo apresente durabilidade e sucesso clínico em longo prazo. Palavras chave: agentes de união à dentina, união dental, sistemas adesivos. Abstract The aim of this paper is to review the literature regarding the current dental adhesives present on the market, their mechanism of adhesion on dental tissues and their clinical application. The development of new adhesive systems with simplified clinical steps represents a great challenge for researchers since these materials have not prove dental adhesion and longevity over time. However, new bonding techniques have been proposed to improve the durability of adhesive interface. This review had also the purpose of improve the clinician’s knowledge about the correct use of dental adhesives to make the adhesion durable and successful. Keywords: dentin-bonding agents, dental bonding, adhesive systems. Introdução A evolução da Odontologia tem proporcionado o surgimento de novas técnicas restauradoras e materiais inovadores. Com o desenvolvimento e aprimoramento dos materiais restauradores estéticos, os sistemas adesivos tornaram-se elementos fundamentais em diversas aplicações clínicas, sendo responsáveis pela união do material restaurador às estruturas dentárias (CARVALHO, et al.2004). Enquanto a adesão ao esmalte é duradoura e efetiva (FRANKENBERGER, KRAMER, PETSCHELT, 2000), a união resina-dentina constitui-se um desafio para os pesquisadores, uma vez que este substrato é intrinsecamente úmido, tornando o procedimento adesivo altamente sensível (HALLER, 2000, CECCHIN, et al.2008). Desta forma, a união adesiva só será confiável quando executada sob rigoroso controle e um protocolo bem definido e executado (HILGERT, et al.,2008). Diversos tipos de sistemas adesivos encontramse disponíveis no mercado, o que torna difícil selecionar o material “ideal” frente aos diferentes passos clínicos e cuidados a serem observados durante a sua utilização. Com o objetivo de simplificar as técnicas de aplicação, as formulações dos sistemas adesivos foram sendo modificadas de modo que se tornassem altamente 1 hidrofílicas e compatíveis com o substrato dentinário úmido. A crescente tendência de simplificação reflete o desejo do profissional por eficiência e redução de tempo clínico, porém não tem vindo acompanhada de uma genuína evolução tecnológica (CARVALHO, et al. 2004), uma vez que tem induzido a piores resultados em termos de durabilidade das ligações adesivas (PEUMANS, et al. 2005). Os procedimentos adesivos implicam na aplicação de substâncias (ácidos, solventes, monômeros) que modificam a morfologia e fisiologia do esmalte e da dentina (CARVALHO et al., 2004). A composição dos diferentes sistemas adesivos, seu mecanismo de ação nos substratos dentários, a forma de aplicação clínica e suas implicações frente à incorreta utilização e aos desafios existentes no ambiente bucal, constituem-se tópicos essenciais para o sucesso e durabilidade das ligações adesivas. Recentemente, novas técnicas de adesão têm sido sugeridas com o intuito de prolongar a longevidade das restaurações adesivas. O objetivo desta revisão de literatura é oferecer ao clínico subsídios para o melhor conhecimento sobre os sistemas adesivos e seus mecanismos de união com os substratos dentários, visando a obtenção de melhores resultados e a escolha de materiais mais adequados que supram as suas necessidades clínicas. Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline Adesão aos substratos dentários Adesão é a propriedade pela qual átomos ou moléculas de duas superfícies semelhantes ou diferentes se unem, mantendo-se em íntimo contato devido às forças intermoleculares existentes (FONSECA, 2008 ). O mecanismo básico de união dos materiais restauradores estéticos ao esmalte e à dentina ocorre essencialmente por um processo de troca, o qual envolve a substituição dos minerais removidos dos tecidos dentais duros por monômeros resinosos, que se infiltram e são polimerizados nas porosidades criadas, promovendo uma adesão micromecânica (NAGEM FILHO, et al., 2000; NAKABAYASHI, et al., 1982). No entanto, o sucesso clínico das restaurações depende da efetividade e durabilidade dessa interface de união, o que torna necessário o conhecimento sobre os substratos dentários nos quais os sistemas adesivos serão aplicados (MARTINS et al., 2008) e o mecanismo pelo qual ocorre esta união. Adesão ao esmalte O esmalte é um substrato altamente mineralizado, constituído por 96% de mineral e 4% de substância orgânica e água. O conteúdo inorgânico do esmalte é composto principalmente de cristais de hidroxiapatita e a matéria orgânica forma uma fina rede que aparece entre os cristais (TEN CATE, R. 2001b). A adesão ao esmalte é conseguida através do condicionamento deste substrato com ácido fosfórico em concentrações que variam entre 30 a 37%, durante um tempo de aplicação de 15 a 30 segundos. Este procedimento aumenta as porosidades da superfície exposta mediante a desmineralização seletiva dos prismas de esmalte, criando microporosidades onde o sistema adesivo se infiltrará e será fotopolimerizado (TEN CATE, 2001b; NAGEM FILHO, et al., 2000; CARVALHO, 1998). O aumento da concentração e do tempo de aplicação do agente condicionador promove a formação de microporosidades mais evidentes, no entanto isso não influencia de forma significante com a adesão dos compósitos à superfície do esmalte (NEVES, et al, 1999). Uma vez que o esmalte é um substrato homogêneo, a adesão fundamenta-se no preparo mecânico e químico da superfície, o que a torna duradoura e confiável (FRANKENBERGER, KRAMER, PETSCHELT, 2000). Adesão à dentina: A dentina é um tecido duro, elástico e avascular que envolve a câmara pulpar. É composta por aproximadamente 70% de material inorgânico, 20% de material orgânico e 10% de água, o que a caracteriza como um substrato heterogêneo (CECCHIN, et al.2008; HALLER, 2000; CARVALHO, 1998; PASHLEY, 1997), com alterações fisiológicas e patológicas que tornam o mecanismo de adesão mais complexo. Seu componente inorgânico consiste, principalmente, de cristais de hidroxiapatita e a fase orgânica é constituída pelas fibrilas de colágeno (TEN CATE, 2001a). Além disso, a dentina caracteriza-se pela presença de múltiplos túbulos Oliveira, NA Adesivos Dentinários dentinários, preenchidos pelo fluido dentinário, dispostos muito próximos e que se estendem desde a junção amelodentinária até a polpa, tornando-a um substrato naturalmente úmido (HALLER, 2000). Diante disso, a dentina requer uma técnica úmida de adesão, o que favoreceu o desenvolvimento de sistemas adesivos com formulações cada vez mais hidrofílicas possibilitando a retenção dos compósitos de resina à dentina e garantindo o sucesso imediato do procedimento adesivo neste substrato, o que até então não havia sido alcançado (CARVALHO, 2004; KANCA, 1992). Porém, em médio e longo prazo muitas das restaurações perdem a capacidade de selar e proteger os tecidos dentários íntegros, levando à microinfiltração marginal e à recorrência de cárie, o que caracteriza o insucesso das restaurações adesivas (CHERSONI, et al., 2004). Apesar da constante evolução dos sistemas adesivos, a heterogeneidade da estrutura dentinária e a presença natural de umidade neste substrato dificultam o procedimento adesivo, constituindo-se ainda um desafio clínico a ser superado. Adesão à dentina afetada por cárie A dentina acometida por cárie apresenta alterações em sua estrutura morfológica e histológica decorrentes do processo de desmineralização (FONSECA, 2008). Os componentes minerais de fosfato e carbonato de cálcio diminuem na região da dentina afetada por cárie quando comparada à dentina normal devido ao ciclo de des-remineralização. Estas diferenças de estrutura e composição encontradas não interferem apenas no procedimento de condicionamento ácido, mas também na penetração dos monômeros resinosos na dentina desmineralizada, o que induz a grandes diferenças na interface adesiva quando comparada à encontrada em dentina sadia (WANG et al.; 2007). Alguns estudos mostraram que a força de união dos sistemas adesivos à dentina cariada é menor quando comparada à dentina normal (SAY, 2005; PASHLEY, 1997). A dentina afetada por cárie apresenta maior permeabilidade na dentina intertubular e baixa permeabilidade na dentina intratubular. A melhor permeabilidade da dentina intertubular está associada ao fato de que o condicionamento ácido ataca mais profundamente este substrato, o qual já está parcialmente desmineralizado (devido à ação do processo carioso de des - remineralização) e é mais poroso que a dentina normal (PASHLEY, 1997), levando a uma maior infiltração do sistema de união. Já a infiltração do adesivo na dentina intratubular é dificultada pela presença de depósitos de minerais nos túbulos dentinários, que são resistentes ao ataque ácido (WANG, et al; 2007; SAY, 2005), atuando como uma barreira que diminui a infiltração do ácido e do sistema adesivo (OMAR,et al. 2007). O uso do ácido fosfórico é muito agressivo para a dentina afetada por cárie, a qual já se encontra parcialmente desmineralizada. Entretanto, ácidos fortes ou longos períodos de condicionamento foram sugeridos 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 7 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline para solubilizar os depósitos de minerais presentes na luz dos túbulos dentinários, permitindo assim a formação dos tags de resina, o que aumentaria a força de união dentinaresina. Mas, mesmo após longos períodos de exposição, observou-se que os cristais ainda são resistentes à dissolução. O longo período de condicionamento apenas produz uma camada desmineralizada mais profunda na dentina intertubular. Assim, alguns autores relataram que a união à dentina afetada por cárie requer tratamentos específicos de condicionamento ácido que não foram ainda bem definidos (WANG, et al.; 2007). Adesão à dentina esclerótica A dentina esclerótica é um substrato alterado fisiologicamente e patologicamente por estímulos do próprio organismo, por mecanismos naturais de defesa e, em parte, como conseqüência da colonização da microflora bucal, tornando-se cristalina e translúcida (TAY e PASHLEY, 2004), geralmente encontrada nas lesões cervicais não cariosas. É caracterizada pela obliteração parcial ou completa dos túbulos dentinários (TAY e PASHLEY, 2004), a qual ocorre pela produção de dentina peritubular ou pela presença de uma camada hipermineralizada (dentina esclerótica), o que compromete a formação dos tags de resina. Conseqüentemente, estes obstáculos de superfície impedem a infiltração do sistema adesivo na dentina subjacente (KWONG, et al., 2002), tornando a força de união dos adesivos a este substrato cerca de 30% inferior à dentina normal (PASHLEY, 1997). KWONG, et al (2002) sugeriram que a união à dentina esclerótica pode ser melhorada removendo-se a camada de superfície hipermineralizada com pequenas brocas esféricas que irão promover uma retenção mecânica, ou pelo uso de ácidos fortes. A remoção desta camada de superfície hipermineralizada pode ser benéfica para a obtenção de um condicionamento mais uniforme e para a infiltração da resina na dentina intratubular. Outra Oliveira, NA Adesivos Dentinários opção seria a utilização do cimento de ionômero de vidro sobre esta camada hipermineralizada, o qual propicia maiores forças de união à dentina esclerótica por apresentar adesão química e mecânica à estrutura dentária (DE MUNCK, et al, 2005). Sistemas adesivos Os sistemas adesivos são os materiais responsáveis por produzir a adesão do material restaurador às estruturas dentais. São a combinação de monômeros resinosos de diferentes pesos moleculares e viscosidades, diluentes resinosos e solventes orgânicos (acetona, etanol ou água) (CARVALHO, 2004). Os monômeros resinosos podem ser hidrofílicos, os quais permitem que o adesivo seja compatível com a umidade natural do substrato dentinário, ou hidrofóbicos, que apresentam maior peso molecular, são mais viscosos e conferem maior resistência mecânica e estabilidade ao material (CARVALHO, 2004). O surgimento dos sistemas de união na Odontologia possibilitou o desenvolvimento de inúmeras técnicas clínicas objetivando a maior conservação da estrutura dental hígida, sem necessidades de se confeccionar preparos cavitários com grande desgaste dos tecidos mineralizados (LAXE et al., 2007). Atualmente, os sistemas adesivos são indicados para restaurações estéticas de lesões cariosas, alteração de forma, cor e tamanho dos dentes, colagem de fragmentos, adesão de restaurações indiretas, selantes de fóssulas e fissuras, fixação de braquetes ortodônticos, reparo de restaurações, reconstrução de núcleo para coroas, cimentação de pinos intra-radiculares e para dessensibilização de raízes expostas (REIS et al., 2006). De acordo com a classificação, os sistemas adesivos podem ser divididos em convencionais e autocondicionantes. Tabela 1- Sistemas adesivos existentes no mercado (amostragem) Adesivos convencionais de três passos Nomes comerciais/ fabricante Scothbond Multi uso (3M ESPE) All Bond 3 (Bisco) All Bond 2 (Bisco) Adesivos convencionais de dois passos Single Bond 2 (3M ESPE) Prime &Bond 2.1 (Dentsply) XP Bond (3M ESPE) Clearfil New Bond (Kuraray) Magic Bond DE (Vigodent) One Coat Bond SL (Coltene) Tetric N Bond (Ivoclar/ Vivadent) One Step (Bisco) One Step Plus (Bisco) Multi Bond Uno (DFL) Adesivos autocondicionantes de dois passos Adpter SE Plus (3M ESPE) Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray) Clearfil SE Bond (Kuraray) AdheSE DC (Ivoclar/Vivadent) Adesivos autocondicionantes de passo único Clearfil S3 Bond (Kuraray) Clearfil DC Bond (Kuraray) Adesivo GO! (SDI) Ace All Bond SE (Bisco) All Bond SE (Bisco) 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 8 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline Sistemas adesivos convencionais Adesivos convencionais são os sistemas que empregam o passo operatório de condicionamento ácido da superfície do esmalte ou dentina separadamente dos outros passos clínicos. Podem ser de dois passos (condicionamento ácido e combinação de primer e agente adesivo em um único frasco) ou três passos (condicionamento ácido, primer e agente adesivo em frascos separados). Estes adesivos consistem na remoção completa da smear layer e desmineralização da subsuperfície dentinária intacta através da utilização do condicionamento ácido (TAY e PASHLEY, 2001). PRIMER: solução de monômeros resinosos diluídos em solventes orgânicos. Corresponde à função hidrofílica do material. ADESIVO: função hidrofóbica, não contém solventes orgânicos nem água em sua formulação. É composto por monômeros mais viscosos do que aqueles presentes nos primers, porém com baixa viscosidade, garantindo fluidez suficiente para que o adesivo possa penetrar na superfície preparada pelo primer. Procedimento Adesivo 1° passo- condicionamento ácido do esmalte e dentina Concomitante ao condicionamento ácido do esmalte (30 segundos), para uma adequada adesão à dentina, a mesma deve ser condicionada com ácido fosfórico em concentrações entre 30% e 37% durante 15 segundos, o qual irá solubilizar a smear layer e desmineralizar a matriz de dentina subjacente, expondo as fibrilas de colágeno. 2º passo- Lavagem e secagem O ácido deve ser lavado pelo menos pelo dobro do tempo de condicionamento para assegurar a completa remoção dos subprodutos de reação e do mineral solubilizado na superfície (CARVALHO, 2004). Para que ocorra uma eficiente hibridização do tecido dentinário é fundamental que, após a desmineralização com ácidos, as fibrilas de colágeno expostas se mantenham expandidas pela presença de água, preservando os espaços interfibrilares para a posterior infiltração do agente adesivo (CARVALHO, 2004; PASHLEY 1994). Para isso, a remoção do excesso de água não deve ser realizada com jatos de ar da seringa tríplice, o que pode ocasionar o ressecamento demasiado da estrutura dentinária levando a um colapso da rede colágena. Com o intuito de deixar a superfície levemente úmida e prevenir o colapso das fibrilas de colágeno (PASHLEY, 1997), devem ser utilizadas bolinhas de algodão hidrófilas ou pedaços de papel absorvente colocados nas margens do preparo. O passo de secagem do substrato dentinário requer ainda alguns cuidados clínicos, levando em consideração o sistema de união a ser utilizado. Para Oliveira, NA Adesivos Dentinários adesivos que contêm água na sua composição, a superfície da dentina deve ser mantida ligeiramente mais seca, sem que se perceba a presença de uma lâmina de água sobre ela (sem brilho). Mas caso a secagem seja excessiva e haja colapso das fibrilas de colágeno, a água presente no adesivo se encarregará de re-expandir as fibrilas aumentando o tamanho dos espaços entre as mesmas e devolvendo a condição ideal para a infiltração dos monômeros resinosos (CARVALHO, 2004; PASHLEY, 1997). Para adesivos que não contêm água na sua composição, a superfície dentinária deve ser mantida visivelmente úmida, com a presença de uma lâmina de água sobre a mesma (com brilho). Caso a secagem seja excessiva e haja o colapso das fibrilas de colágeno, não haverá fonte de água para re-expansão, pois o solvente anidro presente não é capaz de re-expandir a dentina colapsada (CARVALHO, 2004). 3°passo- aplicação do primer (convencional 3 passos) ou primer/adesivo (convencional 2 passos) A água presente nos espaços interfibrilares deverá ser removida para que ocorra a infiltração dos monômeros resinosos. A remoção da água presente no substrato dentinário ocorre por um processo de desidratação química, liderada pelos solventes anidros contidos nos sistemas adesivos. Quando aplicados sobre a superfície úmida da dentina, os solventes (etanol, acetona) rapidamente se misturam com a água e carregam para a intimidade da matriz os monômeros hidrofílicos. Após a saturação da superfície, a mistura de solventes com água será eliminada por evaporação (CARVALHO, 2004). A eliminação da água e dos solventes residuais é fundamental para garantir adequada polimerização e conseqüente desempenho do material e isso é válido para todos os sistemas adesivos. Desta forma, quanto maior o tempo de espera para a fotoativação, maior quantidade de solvente e água irá evaporar e melhor será a qualidade de união (HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004). Após a aplicação do primer (convencional 3 passos) ou primer/adesivo (convencional 2 passos), recomenda-se esperar 30 segundos antes da fotoativação, para permitir a evaporação da água e do solvente, e durante este tempo, pode-se aplicar um leve jato de ar, com aproximadamente 10-20 cm de distância do preparo, o que favorece a circulação de ar na área e a evaporação. Após 30 segundos, verificar a presença de brilho no preparo, o que indica a camada de adesivo existente, porém, caso esteja opaca, deve-se aplicar uma nova camada e aguardar mais 30 segundos previamente à fotoativação (HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004). Para os sistemas convencionais de 3 passos, devese ainda realizar a aplicação do adesivo (hidrofóbico), o qual não contém solventes orgânicos nem água em sua formulação. É composto por monômeros mais viscosos do que aqueles presentes nos primers, mas ainda assim sua baixa viscosidade garante fluidez suficiente para que o adesivo possa penetrar na superfície preparada pelo primer. Deve ser fotoativado por 20 segundos. Deve-se considerar que os adesivos que contém água na sua formulação e que, conseqüentemente, se evaporam mais lentamente, devem ser aplicados de forma 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 9 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline ativa, de modo a favorecer a evaporação da água já no momento da aplicação, realizando movimentos suaves de espalhamento do adesivo sobre as paredes cavitárias. Estes apresentam menor sensibilidade em relação à umidade de superfície e modo de aplicação (CARVALHO, 2004). Já os adesivos que não contém água e que, normalmente, contém solventes altamente voláteis como a acetona ou o etanol, não devem ser aplicados de forma ativa. Se esses adesivos forem aplicados de forma ativa, corre-se o risco de que os solventes se evaporem precocemente e não exerçam sua função de deslocar a água residual presente entre as fibrilas, comprometendo a infiltração dos monômeros resinosos. Esses adesivos devem ser simplesmente dispensados sobre a superfície, sem espalhamento (HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004). Com aplicação do adesivo, tem-se o procedimento conhecido como hibridização, ou seja, formação de uma “camada híbrida” (DE MUNCK, 2005), a qual pode ser definida como a impregnação de um monômero à superfície dentinária desmineralizada, formando uma camada ácido-resistente de dentina reforçada por resina (NAKABAYASHI, et al. 1982). Atualmente, os sistemas de união de 3 passos à base de água e etanol são considerados os melhores padrões em termos de durabilidade de união, especialmente em preparos cavitários que apresentam margens em dentina (DE MUNCK, et al., 2005.) Considerações clínicas Quando o adesivo é aplicado no preparo cavitário em excesso e tenta-se espalhá-lo com a aplicação de jatos de ar para diminuir a espessura da sua camada, tal procedimento resulta na incorporação de oxigênio, o que pode comprometer a sua polimerização e, conseqüentemente, a adesão. Adicionalmente, a espessura de adesivo não será uniforme, havendo acúmulo de material nos ângulos internos do preparo e extravasamento de adesivo para além dos limites cavitários (CARVALHO, 2004). Se o sistema adesivo for aplicado e prontamente fotoativado, sem aguardar um tempo suficiente para sua correta evaporação, o mesmo não irá polimerizar adequadamente, podendo trazer conseqüências negativas que comprometam a união, com efeitos na resistência adesiva e selamento, sensibilidade pós-operatória e degradação precoce da interface adesiva (HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004; PASHLEY, 1997). Problemas associados aos sistemas adesivos convencionais A finalidade do procedimento adesivo é a completa infiltração e recobrimento das fibrilas de colágeno pela resina de união, protegendo-as da degradação (BRESCHI, et al., 2008). Idealmente, o adesivo deveria penetrar toda a extensão da dentina desmineralizada pelo condicionamento ácido, formando uma zona de interdifusão entre dentina e resina, conhecida como camada híbrida (HILGERT, 2008; Oliveira, NA Adesivos Dentinários PASHLEY, 1997). No entanto, quando a profundidade de desmineralização da dentina é maior que a infiltração dos monômeros resinosos, as fibrilas de colágeno desmineralizadas e não envoltas por resina, ou seja, expostas, tenderão a sofrer uma lenta hidrólise pela penetração de fluidos externos ou dentinários, comprometendo a durabilidade da união (PASHLEY, 1994). Alguns autores têm mostrado que a extensão do tempo de aplicação do ácido fosfórico na dentina (acima de 15 s) também pode resultar em fibrilas de colágeno mais expostas e desmineralizadas, o que leva a uma reduzida impregnação da resina adesiva, aumentando as chances de degradação da interface adesiva (BRESCHI et al.,2008). Clinicamente, a degradação desta interface pode enfraquecer a adesão e conduzir à formação de fendas entre o dente e o material restaurador (AMARAL et al., 2007). Outro fato a ser considerado é que os solventes orgânicos (etanol ou acetona) têm a função de promover a desidratação química (evaporação da água) da dentina desmineralizada para que os monômeros resinosos possam ocupar os espaços entre as fibrilas de colágeno, previamente preenchidos pela água (CARVALHO, 1998). Portanto, outra preocupação relacionada aos atuais adesivos hidrófilos é que, à medida que a mistura de solvente e água evapora, ocorre um aumento proporcional da concentração de monômeros resinosos na mistura, reduzindo a capacidade de evaporação tanto dos solventes como da água, em função da gradativa redução na pressão de vapor desses fluidos (PASHLEY, et al., 1998 e 2007). Conseqüentemente, resíduos de água e do solvente podem permanecer no interior da dentina desmineralizada, comprometendo a conversão dos monômeros e contribuindo com a formação de polímeros frágeis e permeáveis (YIU et al. 2005; ITO et al., 2005; TAY et al., 2002,), com restrita capacidade de selar e proteger a dentina sadia remanescente (CARRILHO et al., 2007; CHERESONI et al., 2004; BOUILLAGUET et al., 2000). A retenção de água na matriz da dentina desmineralizada pode, ainda, impedir a completa infiltração dos monômeros resinosos nos espaços interfibrilares localizados nas regiões mais profundas da matriz desmineralizada (SPENCER e SWAFFORD, 1999). Como visto, a água desempenha papel fundamental na obtenção da adesão, mas também estabelece as situações que determinam os mecanismos de degradação da interface adesiva (CARVALHO, 2004). Sistemas Adesivos Autocondicionantes Uma das principais causas de falhas no processo de adesão ao substrato dentinário é a discrepância entre a área desmineralizada e a área infiltrada pelo agente de união (PASHLEY, 1994). Na tentativa de se eliminar este inconveniente foi proposta uma técnica adesiva com sistemas de união denominados de autocondicionantes, os quais não requerem a aplicação isolada de um ácido para produzir porosidades no substrato. Embora os sistemas autocondicionantes apresentem como vantagem a ausência do passo 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 10 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline operatório de condicionamento ácido, tal fato não é totalmente verdadeiro quando se trata de adesão ao esmalte (especialmente do esmalte não instrumentado). Diversos trabalhos (HILGERT, et al, 2008; WATANABE, et al, 2008) mostraram que o condicionamento ácido somente do esmalte, previamente à aplicação destes tipos de adesivos, está indicado para melhorar seu desempenho clínico neste substrato. Desta forma, recomenda-se o condicionamento do esmalte com ácido fosfórico por 15 segundos, lavagem, secagem com jatos de ar e aplicação do sistema autocondicionante. A incorporação de monômeros resinosos ácidos na sua formulação permite a dissolução da camada de detritos, a desmineralização da porção mais superficial da dentina subjacente (SWIFT, 2002) e, simultaneamente, a infiltração da resina adesiva nos tecidos dentais, ou seja, a smear layer é incorporada na interface de união (CARVALHO, 1998). TAY et al. (2000) verificaram que os primers autocondicionantes utilizados (Clearfil SE Bond e Clearfil Liner Bond 2V) penetravam de 3 a 4 µm pela smear layer e foram capazes de desmineralizar a dentina intertubular a uma profundidade de 0,4 a 0,5 µm. Nesses sistemas ocorreu a difusão do agente resinoso por entre as fibrilas de colágeno na porção mais superficial da dentina (0,1 a 0,2 µm), formando uma camada híbrida pouco espessa. No entanto, apesar da pequena espessura desta camada, geralmente abaixo de 2 µm, alta resistência adesiva inicial foi obtida. Os sistemas adesivos autocondicionantes podem ser de dois passos, onde o agente condicionador e o primer estão combinados em um mesmo frasco e o adesivo é aplicado separadamente; ou de passo único, que combina ácido, primer e adesivo em uma mesma aplicação. Alguns autores relataram que esses materiais são menos sensíveis às questões de umidade superficial da dentina, evitando a sensibilidade pós-operatória quando comparados aos sistemas convencionais (LAXE et al., 2007). Isto ocorre porque o primer é acidificado, ou seja, ao mesmo tempo em que condiciona a estrutura dentária, promove junto com o adesivo, um embricamento micromecânico, o que elimina uma etapa, o condicionamento com ácido fosfórico e sua posterior lavagem e secagem, resultando em uma área de menor desmineralização da estrutura dentária (AHID, et al.; 2009) e significativa redução da sensibilidade pósoperatória (CUNHA, et al., 2007). Estes primers ácidos apresentam capacidade tampão, com um pH entre 1.5 e 4.5 na superfície dentinária um minuto após a aplicação, o que preserva o ataque da dentina mineralizada sadia subjacente (PASHLEY, 1997). Procedimento adesivo: Adesivos autocondicionantes de dois passos (primer autocondicionante) 1°passo- aplicação do primer ácido (caráter ácido e fluido, responsável pela formação da camada híbrida com os tecidos dentais). O primer autocondicionante é aplicado em todo o preparo (esmalte 1 Oliveira, NA e dentina) de forma ativa por 20 a 30 segundos, seguida de leves jatos de ar. 2°passo- aplicação do adesivo (resina de baixa viscosidade, com características hidrofóbicas e que não contém solventes ou água, garantindo resistência e estabilidade). Aplica-se uma camada uniforme do adesivo, seguida de leves jatos de ar e fotoativação por 20 segundos. Adesivos autocondicionantes de passo único (adesivo autocondicionante) Uma única solução contém monômeros ácidos, solventes, diluentes e água, que são aplicados diretamente sobre o substrato dental não condicionado e desempenha a função de desmineralização, infiltração e posterior ligação com o material restaurador. A simplificação dos passos operatórios determinou maior complexidade da formulação e o comprometimento da eficiência desses adesivos. Este sistema adesivo é aplicado de forma ativa por, no mínimo, 15 segundos em todo o preparo cavitário, seguido de leves jatos de ar. Uma nova camada é aplicada, seguida de novos jatos de ar, e a fotopolimerização realizada por 40 segundos (o tempo precisa ser longo devido ao caráter hidrofílico do sistema adesivo). Para seu melhor desempenho, alguns trabalhos (HILGERT et al., 2008; BRESCHI et al., 2008) recomendam a aplicação de uma camada de resina adesiva hidrofóbica sobre os sistemas autocondicionantes de passo único, o que os transformaria em autocondicionantes de dois passos. Implicações clínicas dos Sistemas Adesivos Adesivos simplificados funcionam como membranas permeáveis Estudos realizados in vitro e in vivo mostraram que os adesivos convencionais de dois passos e os autocondicionantes de passo único, tornam-se membranas semi-permeáveis após a polimerização, pois são susceptíveis à sorção de água e se degradam mais rapidamente que os adesivos que apresentam o passo de aplicação da resina hidrofóbica (convencional 3 passos e autocondicionantes de 2 passos). Com a aplicação de uma camada de resina hidrofóbica, esta membrana semipermeável é neutralizada (BRESCHI, et al., 2008; DE MUNCK 2005). A capacidade da água em permear tais sistemas adesivos após a polimerização está diretamente relacionada à sua característica hidrofílica, permitindo o rápido fluxo de água da dentina hidratada através da camada de adesivo polimerizada. Na presença de monômeros hidrofílicos, solvente e água residual presentes após a polimerização, a água do meio externo é absorvida com facilidade e migra para áreas de porosidade interna e sítios do polímero onde se localizam as moléculas hidrofílicas. Imediatamente após a polimerização, a exposição dos adesivos ao meio aquoso inicia o processo de absorção de água. A água exerce de imediato um efeito plastificador das moléculas, Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 Adesivos Dentinários 11 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline determinando alterações imediatas em algumas das propriedades mecânicas do material (HILGERT et al., 2008; BRESCHI et al., 2008; CARVALHO, 2004). Assim, estudos laboratoriais permitem especular que o comprometimento da interface de união dentina/resina composta é, em parte, o resultado da degradação de seus componentes resinosos que gradualmente absorvem água (ITO et al., 2006; MALACARNE, et al., 2006), tornando-se cada vez mais permeáveis e susceptíveis à hidrólise (FERRACANE, et al., 2006; CARRILHO et al., 2005 e 2004; YIU et al., 2004; SIDERIDOU, et al., 2003; SANTERRE, et al., 2001; TANAKA, et al., 1999). Oliveira, NA Adesivos Dentinários Os adesivos convencionais apresentam etapas críticas durante a realização da técnica, como o sobrecondicionamento ácido e a secagem excessiva após a lavagem, acarretando o colapso da rede colágena, impedindo a completa difusão dos monômeros por entre as fibrilas e, conseqüentemente, levando a falhas na hibridização. Essa sensibilidade de técnica inerente desses sistemas adesivos está intimamente relacionada à sensibilidade pós-operatória devido ao comprometimento da qualidade da camada híbrida formada (CUNHA et al., 2007), o que proporciona um aumento da microinfiltração e irritação pulpar. Tendências atuais Sensibilidade pós-operatória A sensibilidade pós-operatória pode ser considerada um sintoma complexo, a qual pode ocorrer por diversos fatores (CUNHA et al., 2007). Fisiologicamente, a dentina normal não desencadeia sensibilidade, porém os estímulos táteis, térmicos e químicos que chegam à polpa são percebidos como dor. Desta forma, todas as agressões geradas pelos procedimentos operatórios devem ser evitadas ou minimizadas, como o desenvolvimento de calor gerado pelos instrumentos rotatórios, falhas na hibridização, contração de polimerização das resinas compostas e citotoxicidade dos agentes adesivos. Um dos maiores desafios tem sido minimizar a sensibilidade pós-operatória pela correta utilização do sistema adesivo, o que implica na necessidade de conhecimento, por parte dos profissionais, a respeito dos princípios biológicos e da execução criteriosa das técnicas restauradoras. Assim, as restaurações adesivas requerem cuidados fundamentais, pois sabe-se que muitos problemas, como a sensibilidade pós-operatória, advém da técnica incorreta de aplicação dos sistemas adesivos, podendo resultar em colapso das fibrilas colágenas e em conseqüente impedimento da difusão do primer por entre as mesmas (HILGERT et al., 2008; CUNHA et al., 2007). Durante o preparo cavitário há uma exposição de grande número de túbulos dentinários, aumentando sua permeabilidade, principalmente nas áreas mais próximas à polpa, onde o diâmetro e a densidade tubular são maiores. Isso pode favorecer a ocorrência de danos à polpa pelos produtos tóxicos produzidos pelas bactérias e pelos materiais restauradores que podem causar irritação (CUNHA et al., 2007; PASHLEY, 1997). Assim, quanto mais próximo à polpa, maiores as chances do paciente apresentar sensibilidade pós-operatória. Sendo assim, recomenda-se a utilização de agentes forradores para proteger o complexo-dentino pulpar e favorecer a adesão em cavidades profundas, previamente à aplicação do adesivo. Além disso, a ocorrência de sensibilidade pósoperatória pode-se dar pela força da contração de polimerização da resina composta que excede a resistência de união do sistema adesivo à estrutura dentária, fato que pode ser minimizado pela utilização da técnica incremental de inserção do compósito (CUNHA et al., 2007). Uso da Clorexidina A clorexidina é preconizada como agente de limpeza cavitária, sendo efetiva em penetrar no interior dos túbulos dentinários para remover os resíduos existentes (BRESCHI et al., 2008; FRANCO et al., 2007). Atualmente, vem sendo indicada pelo efeito benéfico na preservação da força de união dentina-resina, pela inibição das MMPs (metaloproteinases). Suspeita-se que a ativação das MMPs, presentes na dentina ou na saliva, esteja envolvida na degradação das fibrilas de colágeno expostas devido à incompleta infiltração da resina adesiva previamente condicionada com ácido, o que explica a progressiva diminuição da camada híbrida observada tanto in vitro como in vivo ao longo do tempo (KOMORI et al., 2009; BRESSCHI et al., 2008; HASHIMOTO et al., 2002 ). Após o condicionamento ácido e lavagem da cavidade tem sido indicado à aplicação do digluconato de clorexidina a 2%, por 60 segundos, não seguido de lavagem, pois este tem o potencial de inibir as MMPs e, conseqüentemente, inibe a degradação da camada híbrida e das fibrilas de colágeno expostas existentes (KOMORI, et al, 2009; BRESCHI, et al, 2008; AMARAL, et al, 2007; CARRILHO, et al., 2007). Este procedimento tem mostrado melhorar a força de união dentina-resina (KOMORI, et al, 2009; CARRILHO, et al., 2007). Para STANISLAWCZUK et al. (2009) a adição de digluconato de clorexidina a 2% ao ácido é outra excelente ferramenta para aumentar a estabilidade das fibrilas de colágeno contra hospedeiros derivados das MMPs, sem a necessidade de um passo adicional ao protocolo de união. Técnica de adesão com etanol (etanol bond) Acredita-se que as restaurações adesivas podem se tornar relativamente estáveis se forem constituídas por sistemas de união mais hidrófobos e, portanto, menos susceptíveis à sorção de fluidos intra e extra-orais. Com isso, alguns estudos clínicos e laboratoriais têm avaliado a viabilidade do uso da técnica de adesão à dentina úmida com etanol, como forma de viabilizar a infiltração de monômeros hidrófobos na dentina desmineralizada. Estudos recentes têm demonstrado que uma forma conveniente de desidratar a dentina sem provocar o colapso excessivo das fibrilas de colágeno expostas pelo 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 12 Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010. ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline condicionamento ácido é tratando a matriz de dentina com solventes anidros que sejam capazes de manter tal substrato expandido e ao mesmo tempo livre de água (AGEE, et al., 2006; CARVALHO, et al., 2003; EDDLESTON, et al.,2003), apto portanto a ser infiltrado pelos monômeros resinosos do sistema de união. Dos solventes avaliados (acetona, metanol, etanol, butanol, etileno glicol), o metanol e o etanol foram os solventes que melhor se comportaram, mantendo a matriz de dentina desmineralizada tão expandida ou apenas ligeiramente menos expandida do que quando comparada com a expansão produzida pela presença de água. Estudos mostraram que os espaços interfibrilares da camada híbrida apresentaram-se melhor preenchidos pela resina do adesivo nos casos em que a matriz de dentina desmineralizada foi saturada com etanol (TAY, et al. 2007; NISHITANI, et al., 2006; CARVALHO, et al., 2003). Torna-se, portanto, necessário investigar se a infiltração de monômeros hidrófobos em tempo clínico viável na dentina desmineralizada e saturada com etanol é capaz de proporcionar o adequado selamento das fibrilas de colágeno, formando camadas híbridas coesas, sem remanescimento de colágeno exposto à degradação. Conclusão Devido à importância dos procedimentos adesivos no dia-a-dia da prática odontológica parece ser mais sensato e prudente a utilização de sistemas adesivos não simplificados, capazes de promover uma interface adesiva mais confiável e duradoura. No entanto, os protocolos de aplicação clínica devem ser rigorosamente seguidos para o sucesso e durabilidade das ligações adesivas. Referências Bibliográficas 1. AGEE, K.A., et al. Net expansion of dried demineralized dentin matrix produced by monomer/alcohol saturation and solvent evaporation. J. Biomed. Mater. Res. A., v.79, n.2, p.349-358, nov. 2006. 2. AHID, F.J.M., et al. Avaliação in vitro da resistência adesiva de dois sistemas adesivos: convencional e autocondicionante.Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., v.63, n.2, p.112-115, jan.2009. 3. AMARAL, F.L.B., et al. Assessment of in vitro methods used to promote adhesive interface degradation: a critical review. J. Esthet. Restor. Dent., v.19,n.6, p.340-354, 2007. 4. 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Contato com o autor: [email protected] 1 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP 3 Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 4 Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP 5 Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 2 14