Estudo de caso de um aluno com Trissomia 21 Trabalho realizado por: Elisa de Castro Carvalho Aluna n.º 22667 Curso Esp. Educação Especial Universidade Portucalense Porto, 14 de Junho de 2008 “Nunca se pode concordar em rastejar Quando se sente ímpeto de voar…” Hellen Keller Índice Introdução.....................................................................................................................3 Identificação da Problemática .......................................................................................3 A Trissomia 21 ..............................................................................................................4 O que é a Trissomia 21? ...............................................................................................4 Quantos tipos de Trissomia 21 existem?.......................................................................4 Características físicas ...................................................................................................5 Distúrbios mais comuns ................................................................................................5 Estudo de caso: Percurso escolar do aluno ..................................................................6 Anamnese.....................................................................................................................7 Antecedentes relevantes...........................................................................................7 Dados familiares .......................................................................................................8 História Clínica ..........................................................................................................8 Outras referências consideradas de interesse...........................................................9 CARACTERIZAÇÃO DO ALUNO................................................................................10 Potencialidades / Dificuldades.................................................................................10 Medidas adoptadas anteriormente e Grau de eficácia ................................................17 Áreas Curriculares a contemplar .................................................................................17 Estratégias e Recursos ...............................................................................................24 Processo e Critérios de Avaliação...............................................................................24 Conclusão ...................................................................................................................25 Referências Bibliográficas...........................................................................................26 2 Introdução O presente estudo foi realizado na EB1 n.º 1 – Quinta da Veiga situada na freguesia de S. Vicente em Braga. Trata-se de uma escola sede de agrupamento cujo edifício escolar é composto por dois pisos. Possui dez salas de aula, sendo sete destinadas para o 1º ciclo e três para o Jardim-de-Infância. Os alunos têm ao seu dispor uma biblioteca e duas instalações sanitárias, uma em cada piso (masculino e feminino). Existem duas salas de professores/educadores e respectivas instalações sanitárias, uma cozinha, duas despensas, um salão polivalente e uma sala de apoio. Relativamente ao espaço exterior não há uma área coberta mas os alunos podem desfrutar de pequenos espaços relvados, um ringue desportivo, um parque infantil e algumas mesas e bancos em madeira. Contactos da escola: EB1 n.º 1 – Quinta da Veiga, Rua Luís de Campos, S. Vicente, 4710-394 Braga Tel.: 253 279 022 - E-mail: [email protected] Ao longo deste trabalho vamos referir-nos a esta criança como o “David”, no sentido de preservar a sua identidade e de respeitar o seu anonimato e o da respectiva família. Identificação da Problemática O nosso estudo centrou-se numa criança com Trissomia 21 por translocação (15-21). Além desta problemática, a criança sofre ainda de Cardiopatia Congénita, Fenda Palatina e Lábio Leporino. Trata-se de uma criança do sexo masculino nascida em 18 de Abril de 2000; tem actualmente oito anos de idade. 3 A Trissomia 21 Foi em 1866 que John Longdon Down constatou que alguns dos seus pacientes apresentavam características físicas muito parecidas, semelhantes às do povo mongol, dando origem ao termo “mongolismo”. Em 1959, com o trabalho de Jerôme Lejeune demonstrou-se que o mongolismo estava associado à presença de um cromossoma 21 extra. Actualmente, o uso do termo Trissomia 21 é considerado o mais adequado por estar relacionado directamente com a patologia (Alambre & Gonçalves, 2002). O que é a Trissomia 21? É o resultado de uma alteração cromossómica e é uma doença não progressiva, ou seja, não há um agravamento da perturbação do desenvolvimento. Encontra-se presente no bebé desde o momento da concepção (Ibidem). Quantos tipos de Trissomia 21 existem? Existem três tipos: - A T21 livre (cerca de 95% dos casos apresentam um cromossoma a mais, ou seja, têm 47 células em vez de 46); - A Translocação (cerca de 3 a 5% dos casos. Um dos cromossomas 21 sofre uma quebra, unindo-se a outro cromossoma que também sofreu um processo de quebra, originando um rearranjo cromossómico); - O Mosaicismo (cerca de 1% dos casos. Numa mesma pessoa existem dois tipos de células, umas que apresentam T21 e outras com 46 cromossomas) (Idem, p. 8). 4 Características físicas A criança com T21 pode apresentar as seguintes características: - Face: poderá ser bastante arredondada; - Pescoço: o recém-nascido pode apresentar excesso de pele na parte posterior do pescoço; as crianças mais velhas tendem a ter um pescoço curto e largo; - Cabeça: é menor do que a média e a parte posterior mais plana (braquicefalia); - Boca: a cavidade bucal é mais pequena o que pode fazer com que a língua do bebé pareça maior; - Olhos: podem apresentar uma prega de pele junto ao canto interior dos olhos (epicanto) e podem aparecer alguns pontos brancos na íris (“manchas de Brushfield”); - Orelhas: habitualmente pequenas e implantadas mais abaixo do que na maioria das crianças; - Cabelo: normalmente fino e macio; - Mãos: tendem a ser “quadradas” com dedos curtos; - Braços e pernas: podem ser curtos em relação ao comprimento do tronco; - Pés: tendem a ser largos e com um espaço alargado entre o dedo grande e os restantes; - Tónus: hipotonia generalizada (tónus muscular baixo) (Idem, pp. 12, 13). Distúrbios mais comuns De entre os problemas que ocorrem com mais frequência salientamos: - Doença cardíaca estrutural (desenvolvimento anormal das válvulas cardíacas ou defeito no septo ventricular ou auricular); - Infecções (frequentes infecções respiratórias ou de ouvidos); 5 - Distúrbios visuais (miopia ou astigmatismo, estrabismo, cataratas, obstrução do canal lacrimal); - Distúrbios auditivos (défice auditivo leve a moderado); - Disfunção da glândula tiróide (hipertiroidismo ou hipotiroidismo); - Instabilidade atlanto-axial (distância entre os dois primeiros ossos do pescoço por causa dos ligamentos articulares estarem mais frouxos e relaxados); - Pele seca (têm habitualmente a pele muito seca) (Idem, pp. 18, 19). Estudo de caso: Percurso escolar do aluno O David esteve em casa com a mãe até cerca dos dois anos de idade. Durante esse tempo teve apoio de uma educadora do Centro Regional de Segurança Social, em casa, duas vezes por semana. Depois esteve cerca de ano e meio com uma ama da Segurança Social. A mãe refere que ele nunca se adaptou bem à ama pois não queria ficar com ela. Segundo ela, a ama diferenciava-o das outras crianças devido à sua problemática e praticamente não o deixava brincar para o proteger. O David começou a frequentar o Jardim-de-infância no ano lectivo de 2003/2004. O David frequentou a pré durante dois anos. No presente ano lectivo foi pedido um segundo adiamento mas o mesmo não foi concedido. Presentemente o David frequenta pela primeira vez o 1º ano do ensino básico numa turma com 21 alunos. Quanto ao horário lectivo, as aulas decorrem durante a manhã até às 13 horas. O David tem 3 horas de apoio semanais com uma professora do Ensino Especial. As aulas de apoio têm lugar numa sala da pré, na qual existem mais recursos e materiais do que na sala do ensino regular. A distribuição das 3 horas durante a semana é feita da seguinte forma: Segunda-feira: 1 hora (das 12h00 até às 13h00); Quarta-feira: 1 hora (das 12h00 até às 13h00); Sexta-feira: 1 hora (das 12h00 até às 13h00). 6 Para além do apoio da professora do Ensino Especial, o David conta ainda com a ajuda de uma tarefeira às terças e quintas, disponibilizada pela DREN para o auxiliar em tarefas como pintar, recortar, na leitura dos enunciados, entre outras. Nestes dias, o David e a tarefeira sentam-se ao fundo da sala para estarem mais à vontade e não perturbarem o decorrer da aula. Nos restantes dias, o David fica sentado na mesa da frente juntamente com uma colega. Esta distribuição não foi feita ao acaso, e isto porque a colega em questão é filha de uma professora do Ensino Especial. Segundo a professora da turma, esta aluna está já bastante sensibilizada para a problemática da deficiência e tem a noção de que o David é “especial”. Esta colega tem, durante as aulas, a função de auxiliar o David nas actividades. Trata-se de uma ajuda preciosa, sobretudo porque torna-se muito complicado trabalhar numa turma com 21 alunos na qual o David tem necessidades educativas tal como o resto dos colegas, com a diferença de que as suas necessidades educativas são especiais. Globalmente, as principais dificuldades do David manifestam-se ao nível da motricidade fina e da noção de lateralidade. Além disso, o David tem uma fenda do palato, o que lhe dificulta a expressão oral. No entanto, quem lida habitualmente com ele, acaba por entender a fala e o que pretende transmitir. Durante as nossas visitas, o David mostrou-se uma criança afável e simpática, e segundo a professora “está sempre bem-disposto”. Anamnese Antecedentes relevantes O David é o quarto filho de um casal com antecedentes familiares com trissomia 21. A mãe teve um irmão com T21 que faleceu aos 2 anos de idade e tem um primo de 20 anos com a mesma problemática. O pai do David tem também um primo com T21. A primeira filha do casal faleceu cerca de meia hora depois de nascer e nunca souberam a causa da morte. 7 Dados familiares O David vive com a mãe, uma irmã e dois irmãos (um deles mais novo que ele) num apartamento T3. Os irmãos têm também dificuldades de aprendizagem. O pai não está presente na educação dos filhos nem contribui de qualquer modo para o seu sustento. Idade da mãe: 38 anos Idade do pai: 41 anos As habilitações literárias do pai e da mãe são o 6º ano. História Clínica Antes de engravidar do David, a mãe teve três filhos. A filha mais velha faleceu cerca de meia hora depois de nascer. A mãe diz que não chegou a saber a causa, embora refira que esteve muito tempo na sala de partos à espera que a criança nascesse e que esta já nasceu “roxa”. A seguir nasceram mais um menino e uma menina, ambos normais. A quarta gravidez foi a do David. A mãe diz que informou o médico do que aconteceu na primeira gravidez e dos antecedentes familiares. Segundo a mãe, a gravidez do David foi considerada uma gravidez de risco e por isso foi seguida por médicos do hospital e fazia análises de 15 em 15 dias e ecografias mensais. Foi seguida pelo Dr. Pimenta Machado. A última ecografia foi feita pelo Dr. Matos Cruz. Foi dito sempre à mãe que estava tudo bem. O parto foi eutócico e espontâneo e ocorreu às 39 semanas de gravidez no Hospital de S. Marcos. A criança pesava 3 quilos e 900 gramas e media 49,50 cm. O índice de Apgar foi de 9/10 e não necessitou de reanimação. Após o nascimento, os médicos só se aperceberam dos problemas do lábio leporino e da fenda palatina. Três dias depois de nascer foi observado por uma médica (Dr.ª Maria José Costeira) que se apercebeu de que a criança era portadora de T21 através da observação das mãos e dos olhos. Depois de terem sido feitos testes chegaram à conclusão de que se tratava de T21 por translocação (1521). O David nasceu também com um problema cardíaco que, segundo a mãe, 8 os médicos nunca detectaram antes do nascimento. Depois do nascimento, esteve internado 8 dias em Neonatologia. Aos dois meses foi internado novamente no Hospital de S. Marcos para ser operado ao lábio. Até aos 8 meses foi internado várias vezes por gastroenterite e bronquiolite. Por volta dos 8 meses (30 de Novembro de 2000) foi operado ao coração no Hospital de S. João. A nível de doenças cardíacas foram-lhe diagnosticadas Comunicação interventricular 1(CIV) e Persistência do canal arterial (PDA). Segundo a mãe, o David “ficou durante oito dias sem fecharem a abertura que fizeram para operar”, entubado e ligado ao ventilador. Posteriormente, os médicos foram desligando lentamente e a criança começou a reagir muito bem. A mãe esteve sempre com o David durante o internamento. A partir desta altura, o David tem de ir uma vez por ano ao Hospital de S. João para ser observado pelo cardiologista que o operou. Depois de ter sido operado o David começou a crescer e a aumentar de peso e a fazer muitos progressos a todos os níveis. O David teve varicela por volta dos 2 anos de idade. No que diz respeito à alimentação, a mãe refere que o David nunca mamou nem usou biberão. Foi alimentado à colher desde bebé com “Nutribem”. O David deu os primeiros passos por volta dos 18 meses, adquiriu o controlo da cabeça por volta dos 10 meses e por volta dos 2 anos começou a levar a colher à boca. Outras referências consideradas de interesse O David tem como médico assistente a Dr.ª Silvana Saldana do Centro de Saúde Braga III – Infias. Uma semana antes das férias do Natal, o David foi submetido a uma intervenção cirúrgica, designadamente aos dentes. Esta cirurgia já havia sido adiada devido a uma anemia persistente. De referir também que o David anda constantemente constipado e doente, o que lhe dificulta a respiração. 1 Defeito no septo interventricular em forma de um orifício, de tamanho variável (de pequeno a grande), que põe em comunicação os dois ventrículos, permitindo uma fuga do sangue do VE (com pressões mais elevadas) para o VD (com pressões mais baixas). 9 Fora da escola, o David tem apenas o apoio de uma instituição, o CERELPE (Centro de Reabilitação de Linguagem Psicologia Educativa Lda.), paga com muitas dificuldades pela mãe. A mãe foi alertada para a importância do David frequentar sessões de terapia da fala; no entanto, foi-lhe dito que só seria conveniente iniciar a terapia depois de ser operado à fenda palatina. O pedido de terapia da fala foi indeferido em virtude do pai não ter os descontos em ordem na Segurança Social. Foi pedido um 2º adiamento mas não foi concedido apesar de a criança apresentar um atraso global muito grande no seu desenvolvimento associado a problemas de saúde também muito graves. Relativamente à atitude da família perante a criança e o seu problema, a mãe está consciente dos problemas que o filho tem vindo a enfrentar desde o nascimento. No entanto, considera que o David tem vindo lentamente a superar alguns problemas e está confiante que ele “poderá vir a evoluir muito”. Mas, para isso acontecer, a mãe é da opinião que o David “deve ser tratado como as outras crianças”. CARACTERIZAÇÃO DO ALUNO Potencialidades / Dificuldades O David é uma criança muito dependente da ajuda dos outros. AUTONOMIA É uma criança com autonomia relativa em relação à higiene pessoal e à alimentação, já que necessita sempre da supervisão de um adulto pois caso contrário molha-se e molha o chão do WC. Suja-se bastante ao comer e não limpa a boca por iniciativa própria. Tem necessidade de um adulto para realizar actividades com determinados objectos, caso contrário limita-se a manipulá-los mecanicamente sem qualquer finalidade. 10 Com pares: O David é uma criança simpática e está sempre bem-disposto. Na turma relaciona-se bem com os colegas e estes têm a noção de que o colega é “especial”. Brinca com os colegas e no geral comporta-se de maneira aceitável perante os outros. No entanto, não é capaz de esperar pela sua vez e não segue as indicações colectivas. As actividades em sala de aula são realizadas em situação individual, o que faz com que o David não participe em actividades de grupo. Depois da operação ao palato, a dificuldade de concentração do David agravou-se. Vai realizando mecanicamente alguns jogos (puzzles, jogos de encaixe, associação de imagens…) mas normalmente tem dificuldade em colaborar olhando para tudo o que se passa à sua volta, deixando-se escorregar na cadeira e não prestando atenção. Tal como já dissemos, o David tem um bom relacionamento com os colegas mas por vezes as outras crianças acabam por ignorá-lo quando ele não acompanha as SOCIALIZAÇÃO brincadeiras. São as outras crianças que iniciam interacção com ele, pois devido às suas dificuldades de comunicação se elas não o fizerem acaba por brincar sozinho. Com adultos: O David não é capaz de se dirigir a uma pessoa utilizando o seu nome, devido às dificuldades que apresenta em termos de oralidade. Quando se quer dirigir à professora diz: “Olha”. Por outro lado, a professora tem de insistir bastante com ele no sentido de obter a sua atenção. Por exemplo, se a professora quiser que o David olhe para ela, tem de repetir várias vezes a frase “Olha para mim”. O David tem um bom relacionamento com os adultos mas por vezes apresenta alguma teimosia antes de realizar o que lhe é pedido. Para cumprir as regras, é necessário lembrar-lhe com frequência o que deve fazer pois distrai-se com facilidade. O David tem uma boa relação com a mãe. Gosta muito dos irmãos embora brinque mais com a irmã. Despede-se da irmã com um beijo (por iniciativa própria) e diz “xau”. Em relação a outros familiares gosta muito da avó materna. Em casa, o David gosta de ajudar a por a mesa (põe talheres e guardanapos) e ajuda a mãe a por a roupa a secar (dá-lhe as molas). 11 Fina: A motricidade fina é o aspecto em que o David apresenta maiores dificuldades. Pintar ou recortar não são tarefas fáceis para o David; no entanto, tem vindo a melhorar desde o início do ano lectivo. No caso da pintura, o David ainda pinta fora do risco mas se tiver a ajuda de alguém consegue realizar a tarefa de um modo satisfatório. Quanto às cores, o David sabe identificá-las e sabe, por exemplo, que o Pai Natal deve ser pintado de vermelho. Apesar disso, houve uma bastou a professora não lhe dar a atenção total no decorrer da tarefa. No caso dos Motricidade PSICOMOTRICIDADE situação em que pintou o gorro do Pai Natal de vermelho e de verde, e para isso recortes, a utilização da tesoura também é algo de complicado. O David não é capaz de recortar, por exemplo, quadrados mais ou menos perfeitos, ou seja, não consegue seguir a linha. A motricidade fina continua com muitas limitações. Tem dificuldade em pintar dentro de contornos e picotar sobre uma linha definida. Não consegue recortar. Ampla: Motricidade global: é capaz de fazer grandes percursos a pé acompanhando o ritmo das outras crianças. Apresenta alguns problemas de equilíbrio pelo que caminha de mão dada com o adulto sempre que se desloca em locais irregulares e ao subir e descer escadas. 12 Conhecimento de si e dos outros: Quando a professora mostra a fotografia do David e lhe pergunta quem é, ele responde: “David”. Já quando a professora pergunta “Quem é o David”, ele não é capaz de responder algo do género “Sou eu”. A professora insiste, perguntando e apontando: “Sou eu? É ele? [colega de turma]”, mas o David não responde. Um outro tipo de questão à qual o David também não consegue responder é, por exemplo: “Quem fez o exercício?”, cuja resposta deveria ser “Fui eu”. O David consegue dizer o seu nome mas com alguma ajuda. Quanto à sua idade, sabe dizer que tem oito anos depois de contar pelos dedos. Perante duas imagens, o David é também capaz de identificar o “menino” e a “menina”. A professora pergunta: “Onde está o menino?” e o David aponta a respectiva imagem. Perante uma imagem representativa de uma família, o David é capaz de identificar, apontando, o “pai”, a “mãe” e a “irmã”. Esquema corporal: O David é capaz de localizar em si as principais partes do corpo. Esta localização é feita através do apontar. Já em relação a nomear as partes do corpo não é capaz de o fazer, assim como representá-las graficamente. Sobre este último aspecto, limita-se a pintar as imagens. Lateralidade: Relativamente à noção de lateralidade, este é um dos aspectos em que o David também apresenta grandes dificuldades. Inicialmente pensamos que o David era esquerdino, uma vez que durante as primeiras observações realizava as actividades com a mão esquerda. No entanto, após uma observação mais cuidadosa, verificamos que ora utiliza a mão direita ora utiliza a mão esquerda para realizar as tarefas. A professora do Ensino Especial tem incentivado o David a escrever com a mão direita, uma vez que ela não apresenta tendência para escrever mais com a esquerda. 13 Atenção, Concentração, Tempo gasto na tarefa: Em termos de comportamentos mais frequentes em sala de aula, o David tem muita dificuldade em manter-se atento, estando quase sempre alheado de tudo. Tem dificuldade em aderir à generalidade das actividades propostas, sendo sempre necessária a ajuda da professora. Quando a professora fala para a turma, o David não olha para ela e não presta atenção. Por vezes olha para o ar ou então para algo e começa a rir-se. No decorrer das actividades tem muita dificuldade em concentrar-se e distrai-se facilmente com qualquer coisa. Para a realização das tarefas, o David necessita sempre de mais tempo relativamente aos colegas mas acaba por concretizálas, sempre com ajuda. Importa referir que durante a realização das actividades, o David está quase sempre com a cabeça deitada em cima da mesa, aparentando algum cansaço. As actividades são, a maior parte das vezes, diferentes daquelas realizadas COGNIÇÃO pelos restantes colegas da turma; no entanto, o David também já foi capaz de realizar determinadas tarefas comuns a toda a turma. O sucesso do David em relação à concretização das actividades está completamente dependente das ajudas que lhe são disponibilizadas, da diversidade de tarefas e ainda dos métodos e estratégias utilizados pela professora. A maior parte das vezes, o David mostra-se pouco motivado, sobretudo se o exercício não for apelativo em termos de imagens. Uma actividade que o David aprecia bastante é explorar CD-ROM’s interactivos, nomeadamente “Os Jogos da Mimocas”. O computador é assim um precioso auxiliar no processo de ensino-aprendizagem do David e facilita bastante o trabalho das professoras. Memória (a curto e a longo prazo): A memória visual será, porventura, o factor mais importante nas aprendizagens que o David já teve desde o início do ano lectivo. Os exercícios realizados baseiam-se na aquisição de modelos, e nos quais a imagem adquire um papel preponderante. O David tem vindo a trabalhar, desde o início do ano lectivo, em exercícios que se repetem praticamente todas as semanas. 14 Realizações académicas (leitura, escrita, matemática): No que diz respeito à realização das actividades no geral, o David completa-as e termina-as quase sempre. As actividades são realizadas sempre com a ajuda da professora ou então da colega do lado. O trabalho realizado com o David é sempre individual, e ele próprio prefere e gosta mais quando a professora está sozinha com ele. COGNIÇÃO Relativamente à leitura, o David conhece as vogais. É capaz de ler palavras mas sempre associadas a imagens. No que diz respeito à escrita, e visto que a lateralidade não está bem desenvolvida, o David ainda não escreve palavras/frases. É apenas capaz de identificar palavras escritas associadas a imagens, tal como já foi referido. Acerca deste aspecto, o David tem realizado inúmeras actividades de grafismos. Quanto à matemática, o David está a acompanhar muito bem as aulas. Conhece os números até dez, é capaz de associar o número à quantidade e de estabelecer relações de ordem entre os números. 15 Expressiva (Espontânea, Provocada, Discurso): Tal como já foi referido, o David tem uma fenda do palato o que lhe dificulta a expressão oral. Apesar disso, acaba por se entender sempre a fala após a convivência com ele. Em termos de espontaneidade, o David é uma criança que comunica apenas quando é interpelada. Aliás, se a professora não se dirigir a ele, é capaz de estar a aula toda sentado no lugar sem dizer nada. Exceptua-se o caso em que quer ir ao W.C. dizendo apenas à professora “xixi”. Tirando esta situação, o David não solicita LINGUAGEM qualquer tipo de ajuda nem participa em qualquer tipo de conversa. Compreensiva (Compreensão e execução de ordens simples/complexas): Todos os dias, no início da aula, é ao David que cabe a tarefa de distribuir os cadernos pelos colegas. Trata-se de uma ordem dada pela professora e à qual o David corresponde. Esta foi uma forma que a professora encontrou para o David aprender os nomes dos colegas através de frases como: “Vai entregar o caderno a este ou àquele colega”. 16 Medidas adoptadas anteriormente e Grau de eficácia Relativamente às medidas educativas aplicadas anteriormente elas consistiram em adaptações curriculares, adequação na organização de classes ou turmas e condições especiais de matrícula (o aluno beneficiou de adiamento). As estratégias utilizadas consistiram na utilização do reforço social; na realização de uma rotina diária consistente, no ensino cooperativo, na repetição de actividades diárias e na introdução de novas actividades de forma gradual. As opções tomadas foram eficazes porque constatou-se que a criança repete diariamente algumas actividades com grande satisfação e alguma segurança, o que lhe tem permitido assimilar alguns conhecimentos e aumentar a sua auto-estima. A criança já aceita a “ordem” do adulto e vai colaborando na realização das actividades diariamente. É de salientar o facto de a criança ter um bom relacionamento com as outras crianças e com os adultos, e de ter melhorado a linguagem compreensiva e expressiva, embora ainda continue deficitária. Apesar de algumas limitações, a criança melhorou a sua autonomia. Áreas Curriculares a contemplar − Autonomia − Socialização − Língua portuguesa • Linguagem Compreensiva • Linguagem Expressiva • Leitura • Escrita − Matemática − Estudo do meio 17 AUTONOMIA COMPETÊNCIAS GERAIS - Desenvolver a autonomia. COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ESTRATÉGIAS/ACTIVIDADES - Comer o lanche sozinho sem se - Lanche; sujar; - - Ida à casa de banho; Arranjar-se convenientemente - Arrumação de material escolar; quando vai à casa de banho; - Lavar as mãos - Actividades propostas dentro e antes das fora da sala de aulas. refeições e depois de utilizar o WC; - Realizar até ao fim as actividades que lhe são propostas; - Organizar/arrumar os seus materiais. SOCIALIZAÇÃO COMPETÊNCIAS GERAIS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ESTRATÉGIAS/ACTIVIDADES - Desenvolver relações - Brincar com os colegas; - Jogos; interpessoais; - Seguir regras de um jogo; - Recreio; - Partilhar objectos; - Trabalho de pares/grupo; - Ser capaz de esperar a sua vez; - Histórias; - Pedir ajuda quando necessita; - Canções; - Integrar-se nas actividades de - Conversas sobre situações do grupo; dia-a-dia; - Seguir ordens dos adultos; - Visitas de estudo; - Compreender ganhar/perder; - Saídas ao meio; - Comportar-se adequadamente em - Festas. locais públicos; - Reagir adequadamente contacto com ao alguém desconhecido; - Comportar-se adequadamente em acontecimentos pouco habituais. 18 LÍNGUA PORTUGUESA COMPETÊNCIAS GERAIS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS - Desenvolver a linguagem - Dar ou mostrar coisas a pedido; compreensiva; - Apontar objectos ESTRATÉGIAS/ACTIVIDADES - Utilização de diferentes materiais quando existentes na sala tais como: lápis, designados; borracha, aguças, mesas, cadeiras - Apontar partes do seu corpo; etc.; - Apontar figuras num livro quando - Utilização de imagens e livros de designadas; histórias; - Escutar histórias curtas; - Executar ordens relativas à posição dos objectos; - Compreender explicações sobre situações concretas; - Compreender noções temporais: - Utilização de quadro de ontem, hoje, amanhã, dia, noite, presenças com dias da semana e manhã, tarde; - Fazer dias do mês; correspondência ou - Jogos de associação de imagens; associação de imagens iguais; - Seleccionar entre várias imagens aquela que se nomeia; - Desenvolver expressiva; a linguagem - Nomear as partes principais do - Puzzle do corpo humano; corpo; - Utilização de imagens coloridas; - Nomear objectos de uso comum; - Nomear animais domésticos; - Pronunciar correctamente as - Utilização de livros de histórias; palavras que emprega; - Canções; - Dizer o seu nome completo; - Lengalengas; - Fazer leitura de imagens; - Construir frases simples; - Dizer para que servem os - objectos de uso comum; - Organizar sequências Utilização de sequências de imagens para formar histórias; de - Dialogar com a criança sobre imagens; aspectos da sua rotina diária; - Narrar experiências do dia-a-dia; 19 - Utilizar a leitura e a escrita com - Reconhecer o seu nome próprio - Utilizar um cartão com a sua finalidades diversas. em letra de imprensa e manuscrita; fotografia e o seu nome em letra de - Ler globalmente palavras e frases imprensa e manuscrita; simples relacionadas com o seu - Utilizar cartões com imagens e quotidiano (mãe, irmã…) e sempre respectiva palavra (iguais dois a associadas a imagens; dois); - Construir palavras a partir de um - Correspondência de imagens modelo, com fonemas e sílabas (emparelhar imagens iguais); móveis, tendo presente a imagem - Correspondência representativa; palavra- imagem; - Executar grafismos; - Correspondência palavra / palavra / - Reproduzir desenhos e formas imagem (junto de cada imagem simples; colocar a respectiva palavra; - Executar grafismos de fonemas - Correspondência palavra / palavra (cobrir o tracejado); (emparelhar palavras iguais); - Desenhar fonemas; - Loto de palavra / imagens (colocar - Escrever o seu nome próprio. a imagem em cima da respectiva palavra); - Discriminação de palavras (num conjunto de palavras encontrar palavras iguais ao modelo); - Composição modelo de (imagens frases e com respectiva legenda); - Composição de frases com fonemas ou sílabas móveis; - Exercícios de grafismos; - Encontrar diferenças desenhos semelhantes; - Completar imagens. 20 em MATEMÁTICA COMPETÊNCIAS GERAIS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ESTRATÉGIAS/ACTIVIDADES - Desenvolver noções de tamanho, - Manipular objectos; - Fazer jogos; espessura, cor, etc.; - Identificar as cores; - Desenhar; - Descobrir objectos iguais; - Recortar e colar; - Classificar objectos pela cor, - Manipular, agrupar de acordo com tamanho, espessura e função; características comuns, quantificar objectos; - Desenvolver noções espaciais - Situar-se no espaço em relação - Falar livremente sobre situações aos outros e aos objectos; vividas dentro e fora da sala de - Conhecer e utilizar o vocabulário: aula; direita / esquerda; dentro / fora: em cima / em baixo: perto / longe; primeiro / último; - Reconhecer linhas abertas e linhas fechadas; - Seguir um percurso assinalado; - Desenvolver matemáticas no competências - Identificar quantidades; domínio números; dos - Efectuar contagens; - Formar conjuntos; - Itinerários simples; - Formação de conjuntos - Leitura e escrita de números - Contagens crescentes / - Identificar e escrever os números decrescentes - Desenvolver geometria. noções até 10; - Jogos de associação algarismo / - Associar número a quantidade; quantidade de - Reconhecer figuras geométricas; - Traçar figuras geométricas. - Utilizar o geoplano e o Tangram na composição de figuras com figuras geométricas - Composição geométricas 21 ESTUDO DO MEIO COMPETÊNCIAS GERAIS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ESTRATÉGIAS/ACTIVIDADES - Levar a criança à descoberta de si - Conhecer o seu nome completo - Representar o seu corpo através mesma; de desenhos, pinturas, modelagem. - Conhecer o sexo e a idade - Reconhecer partes constituintes - Pinturas do seu corpo correspondem - Comparar-se com os colegas (menino); de gravuras ao que seu sexo - Reconhecer e aplicar normas de - Puzzle do corpo humano; - Comparação física entre colegas higiene do corpo - Conhecer normas de higiene (mais alto / mais baixo; loiro / moreno …); alimentar - Reconhecer a importância de - Exploração oral de imagens; posturas correctas, do exercício - Pintura de imagens alusivas ao físico e do repouso (estar bem tema; sentado. Brincar ao ar livre, deitar cedo …) - Estabelecer relações de parentesco (pai, mão, irmãos, avós, tios …) outros e das instituições; a sua família (pinturas, desenhos …); - Conhecer o nome dos colegas da - Levar a criança à descoberta dos escola, da professora, da tarefeira. Representar Apontar para as pessoas de algumas enunciadas; - Conhecer o modo de vida das - Reconhecimento pessoas do seu ambiente mais profissões e das suas funções com próximo (pais, tios, avós, vizinhos a ajuda de imagens; …) - Participar nos trabalhos de grupo e na arrumação do material - Participar na elaboração das regras de funcionamento da sua sala. 22 - Levar a criança à descoberta das inter-relações entre espaços; Reconhecer os diferentes - Representar a sua casa espaços da casa (sala, quartos, (desenhos, pinturas …); - Pintura de imagens alusivas ao cozinha, WC …); - Reconhecer as funções desses tema; - espaços; - Reconhecer os Recorte de gravuras que diferentes representam as divisões da casa e espaços da sua escola (salas de objectos característicos; aula, cantina, recreio …); - Puzzle da associação de imagens - Reconhecer as funções desses (objectos pertencentes a cada espaço); espaços; - Recolha de imagens ou fotografias sobre os espaços da escola; - Representar a sua escola (desenho, pintura …); - Levar a criança à descoberta dos - Realizar experiências com alguns - Participar em experiências com materiais e objectos; materiais de uso corrente; - Conhecer ao ligar água, sal, açúcar, barro …; alguns - Uso de materiais como a tesoura, cuidados a ter na utilização e furador, cola …; conservação de objectos; - Pintura de gravuras com actividades correctas; - Levar a criança à descoberta do - Identificar algumas plantas e - Exploração oral de gravuras; ambiente natural. animais existentes no ambiente - Recorte de gravuras; próximo; - Registo de condições - Reconhecer alguns cuidados a ter atmosféricas com símbolos. com as plantas e os animais; Conhecer o tempo que faz. 23 Estratégias e Recursos Realização de actividades promotoras da aquisição das competências pretendidas. Utilização do Reforço Social (elogio, sorriso, etc.) logo a seguir ao comportamento desejado. Proporcionar um ambiente seguro e previsível. Criar situações de ensino cooperativo elogiando os colegas quando colaboram. O ensino deve ser apoiado, sempre que possível, por informação apresentada visualmente e ter em atenção os interesses da criança. Utilizar uma linguagem clara, precisa e directa. Falar devagar e num tom calmo. Não satisfazer as necessidades da criança sem que ela tente verbalizar primeiro aquilo que deseja. Proporcionar à criança um apoio individualizado, ajudas verbais e físicas, informação estruturada, tarefas de curta duração, experiências multissensoriais diversificadas e sequencializadas. Os recursos a utilizar serão os disponíveis na sala e todos os que forem necessários para a realização das actividades. Serão elaborados diferentes materiais pelos professores envolvidos no trabalho com a criança, e função das produções e aquisições desta. Compreenderão jogos, fichas, livros, software informático, materiais de expressão plástica (plasticina, barro, cola, tinta, tesouras…). Os recursos humanos serão a professora titular, a docente de ensino especial, a tarefeira e outras auxiliares da escola. Processo e Critérios de Avaliação A avaliação será essencialmente formativa com carácter contínuo, de modo a regular o processo de ensino / aprendizagem. O aluno será avaliado através da observação directa e análise dos seus produtos de trabalho no dia-a-dia. Serão preenchidas as fichas de informação ao encarregado de educação no final de cada período, tal como acontece com as restantes crianças do grupo. Será feito um relatório de avaliação no final do ano lectivo. 24 Conclusão Quando nos foi proposto levar a cabo um trabalho deste género, a principal dificuldade que sentimos foi o facto de arranjarmos um caso para o estudo. Se por um lado os colegas de trabalho nos ajudaram nesse sentido, por outro lado, houve uma grande resistência por parte dos pais que, na maior parte, afirmaram não querer expor determinados factos da vida pessoal e do seu filho. Felizmente nem todas as portas se fecharam, e acabamos por conseguir realizar o nosso estudo. Como reflexão final, não posso deixar de referir que o trabalho em campo e o contacto com estas realidades é de facto uma maisvalia, e que no meu caso contribuiu significativamente para alargar os meus poucos conhecimentos nesta área. Em termos pessoais, penso que trabalhos deste género e o próprio curso em si contribuem para um grande crescimento pessoal. Penso que reflectir em relação a estas realidades e problemáticas torna-nos menos egoístas, e de certo modo passamos a encarar os nossos problemas (que para nós são tão grandes!) como algo de muito pequenino… A deficiência parece que é algo que (ainda) passa muito ao lado do comum dos mortais. Dizemos constantemente que é preciso mudar mentalidades, mas mais importante do que isso é saber o que é que cada um de nós pode fazer para alterar esta realidade. Por último, gostaria de agradecer a amabilidade com que fui recebida pelo Coordenador da escola, o Professor José Alberto Leite, e o apoio disponibilizado pela Professora Clarice Fonte do Ensino Regular, e pela Professora Alzira Sousa do Ensino Especial. Sem eles, não teria sido possível realizar este trabalho! 25 Referências Bibliográficas ALAMBRE, Rita; GONÇALVES, Sofia (2002). Acima de tudo, um bebé. Informação aos pais. Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21. BARBOSA, Jorge N. (2005). Guia para Elaboração Do Programa Educativo Individualizado. DREN - Gabinete de Educação Especial e Apoio SócioEducativo. CRESPO, Alexandra; CORREIA, Carmo; CAVACA, Fátima; CROCA, Fernanda; BREIA, Graça; MICAELO, Manuela (Org.). (2008). Educação Especial. Manual de apoio à prática. Lisboa: Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (2003). Organização Mundial da Saúde. Direcção Geral da Saúde. Decreto-Lei 319/91 de 23 de Agosto de 1991. Decreto-Lei 3/2008 de 7 de Janeiro de 2008. Anexos - Exemplos de exercícios realizados com a criança; - Questionário para os pais; - Questionário para o(a) Professor(a) do ensino regular; - Apresentação em PowerPoint. 26